Buscar

Curso - Educacao Inclusiva

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Introdução - Histórico 
A escola historicamente se caracterizou pela visão da educação que 
delimita a escolarização como privilégio de um grupo, uma exclusão que 
foi legitimada nas políticas e práticas educacionais reprodutoras da ordem 
social. A partir do processo de democratização da educação, se evidencia 
o paradoxo inclusão/exclusão, quando os sistemas de ensino 
universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos 
considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola. Assim, sob 
formas distintas, a exclusão tem apresentado características comuns nos 
processos de segregação e integração que pressupõem a seleção, 
naturalizando o fracasso escolar. 
A partir da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania 
fundamentado no reconhecimento das diferenças e na participação dos 
sujeitos, decorre uma identificação dos mecanismos e processos de 
hierarquização que operam na regulação e produção das desigualdades. 
Essa problematização explicita os processos normativos de distinção dos 
alunos em razão de características intelectuais, físicas, culturais, sociais 
e linguísticas, entre outras, estruturantes do modelo tradicional de 
educação escolar. 
A educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento 
educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando 
diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram à 
criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes 
especiais. Essa organização, fundamentada no conceito de 
normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico 
terapêuticos fortemente ancorados nos testes psicométricos que definem, 
por meio de diagnósticos, as práticas escolares para os alunos com 
deficiência. No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve 
início na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial 
Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant 
– IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional 
da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. 
No início do século XX, é fundado o Instituto Pestalozzi (1926) – 
instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência 
mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos 
Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento 
educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade 
Pestalozzi, por Helena Antipoff. Em 1961, o atendimento educacional às 
pessoas com deficiência passa ser fundamentado pelas disposições da 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº. 4.024/61, que 
aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro 
do sistema geral de ensino. A Lei nº. 5.692/71, que altera a LDBEN de 
1961, ao definir ‘tratamento especial’ para os alunos com deficiências 
físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à 
idade regular de matrícula e os superdotados, não promove a organização 
de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais 
especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as 
classes e escolas especiais. 
Em 1973, é criado no MEC o Centro Nacional de Educação Especial – 
CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, 
sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às 
pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação; ainda 
configuradas por campanhas assistenciais e ações isoladas do Estado. 
Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à 
educação, permanecendo a concepção de ‘políticas especiais’ para tratar 
da temática da educação de alunos com deficiência e, no que se refere 
aos alunos com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não 
é organizado um atendimento especializado que considere as 
singularidades de aprendizagem desses alunos. 
A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos 
fundamentais, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º 
inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, 
garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania 
e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a 
“igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, como um 
dos princípios para o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta 
do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede 
regular de ensino (art. 208). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, artigo 55, 
reforça os dispositivos legais supracitados, ao determinar que “os pais ou 
responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede 
regular de ensino”. Também, nessa década, documentos como a 
Declaração Mundial de Educação para Todos(1990) e a Declaração de 
Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das políticas 
públicas da educação inclusiva. Em 1994, é publicada a Política Nacional 
de Educação Especial, orientando o processo de ‘integração instrucional’ 
que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles 
que possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades 
curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os 
alunos ditos normais. Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir 
de padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não 
provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que 
sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino 
comum, mantendo a responsabilidade da educação desses alunos 
exclusivamente no âmbito da educação especial. 
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, 
no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos 
alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para 
atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica 
àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino 
fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos 
aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, 
dentre as normas para a organização da educação básica, a 
“possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do 
aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais 
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, 
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). 
Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor 
sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência, define a educação especial como uma modalidade 
transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a 
atuação complementar da educação especial ao ensino regular. 
Acompanhando o processo de mudanças, as Diretrizes Nacionais para a 
Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, 
no artigo 2º, determinam que: 
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às 
escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com 
necessidades educacionais especiais, assegurando as condições 
necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/ SEESP, 
2001). As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar 
o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar 
a escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino 
regular, não potencializa a adoção deuma política de educação inclusiva 
na rede pública de ensino prevista no seu artigo 2º. 
O Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que o 
grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a 
construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à 
diversidade humana. Ao estabelecer objetivose metas para que os 
sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades 
educacionais especiais dos alunos, aponta um déficit referente à oferta 
de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino 
regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento 
educacional especializado. 
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto 
nº 3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos 
direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, 
definindo como discriminação com base na deficiência, toda diferenciação 
ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos 
e de suas liberdades fundamentais. Esse Decreto tem importante 
repercussão na educação, exigindo uma reinterpretação da educação 
especial, compreendida no contexto da diferenciação adotada para 
promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à 
escolarização. 
Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº1/2002, 
que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de 
Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino 
superior devem prever em sua organização curricular formação docente 
voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos 
sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais 
especiais. 
A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio 
legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas 
formas institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a 
inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos 
cursos de formação de professores e de fonoaudiólogos. 
A Portaria nº 2.678/02 aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a 
produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de 
ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braile para a Língua 
Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território 
nacional. 
Em 2003, o Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: 
direito à diversidade, com o objetivo de transformar os sistemas de ensino 
em sistemas educacionais inclusivos, que promove um amplo processo 
de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a 
garantia do direito de acesso de todos à escolarização, a organização do 
atendimento educacional especializado e à promoção da acessibilidade. 
Em 2004, o Ministério Público Federal divulga o documento O Acesso de 
Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, 
com o objetivo dedisseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a 
inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de alunos 
com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular. 
Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto nº 5.296/04 
regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas 
e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência 
ou com mobilidade reduzida. Nesse contexto, o Programa Brasil 
Acessível é implementado com o objetivo de promover e apoiar o 
desenvolvimento de ações que garantam a acessibilidade. 
O Decreto nº 5.626/05, que regulamenta a Lei nº 10.436/2002, visando à 
inclusão dos alunos surdos, dispõe sobre a inclusão da Libras como 
disciplina curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e 
tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como 
segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue 
no ensino regular. Em 2005, com a implantação dos Núcleos de Atividade 
das Altas Habilidades/ Superdotação – NAAH/S, em todos os estados e 
no Distrito Federal são formados centros de referência para o atendimento 
educacional especializado aos alunos com altas 
habilidades/superdotação, orientação às famílias e formação continuada 
aos professores. 
Nacionalmente, são disseminados referenciais e orientações para 
organização da política de educação inclusiva nesta área, de forma a 
garantir esse atendimento aos alunos da rede pública de ensino. A 
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada 
pela ONU em 2006, da qual o Brasil é signatário, estabelece que os 
Estados devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os 
níveis de ensino, em ambientes que maximizem o desenvolvimento 
acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena, adotando 
medidas para garantir que: 
As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional 
geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não 
sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob 
alegação de deficiência; as pessoas com deficiência possam ter acesso 
ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade 
de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem (Art. 
24). 
Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da 
Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional 
de Educação em Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações, 
fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às 
pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem 
inclusão, acesso e permanência na educação superior. 
Em 2007, no contexto com o Plano de Aceleração do Crescimento - PAC, 
é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, reafirmado 
pela Agenda Social de Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo 
como eixos a acessibilidadearquitetônica dos prédios escolares, a 
implantação de salas de recursos e a formação docente para o 
atendimento educacional especializado. No documento Plano de 
Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas, 
publicado pelo Ministério da Educação, é reafirmada a visão sistêmica da 
educação que busca superar a oposição entre educação regular e 
educação especial. 
O Decreto nº 6.094/2007 estabelece dentre as diretrizes do Compromisso 
Todos pela Educação, a garantia do acesso e permanência no ensino 
regular e o atendimento às necessidades educacionais especiais dos 
alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas. 
A Educação Inclusiva no Brasil 
A defesa da educação inclusiva é uma luta mundial contra a 
discriminação e a marginalização e em prol do direito de qualquer 
estudante de participar do ensino regular. A educação inclusiva no 
Brasil tem desfrutado de uma série de conquistas na última década, 
mas também enfrentado vários desafios e retrocessos. 
A educação inclusiva defende o direito de acesso de todas e todos a uma 
educação de qualidade, incluindo pessoas com deficiências ou com 
dificuldade de aprendizado. Nessa perspectiva, é preciso criar uma 
modalidade de ensino que seja, de fato, adequada para todos os 
indivíduos, em vez de segregadora. 
A educação inclusiva no Brasil já foi alvo de polêmicas e de retrocessos, 
mas também conta com muitos defensores e com várias conquistas nos 
últimos anos. Entenda melhor como a educação inclusiva se insere na 
realidade brasileira. 
Por que o sistema de educação precisa mudar? 
Para a educação inclusiva, as escolas devem se adaptar às necessidades 
especiais de diferentes alunos, para que todos possam aprender juntos, 
pois isso é benéfico para a formação de todos os estudantes. Afinal, as 
diferenças não são um problema; a diversidade agrega. 
Apesar de haver uma ilusão de homogeneidade no ensino regular, a 
verdade é que as experiências de aprendizado são sempre plurais e as 
escolas e educadores precisam se adequar a essa pluralidade – não 
segregar os casos que mais se destoam da aparente homogeneidade. 
Segundo Maria Teresa Mantoan, professora da Universidade Estadual de 
Campinas (Unicamp) e autora do livro Inclusão Escolar: O que é? Por 
quê? Como fazer?, a realidade brasileira é marcada pela evasão de uma 
grande parte dos estudantes. A escola falha em ensinar muitosde seus 
alunos e, em seguida, culpa e exclui aqueles que não foram capazes de 
aprender dentro desse sistema falho. 
Avanços da educação inclusiva no Brasil 
A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 
realizada em 2006, foi essencial para os avanços no Brasil rumo a uma 
educação mais inclusiva, embora a constituição brasileira já contivesse 
as bases para o seu desenvolvimento desde 1988. Em 2008, a legislação 
do Brasil incorporou diretrizes da convenção das Nações Unidas, 
incluindo normas como: 
• A não exclusão de crianças com deficiência do ensino primário 
gratuito e compulsório ou do ensino secundário. 
• Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais. 
• Medidas de apoio individualizadas. 
Para promover o apoio necessário a indivíduos com deficiência, foi criado 
o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que tem como objetivo 
ajudar a garantir um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, 
sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades. 
O AEE fornece atividades e recursos complementares à formação de 
estudantes com deficiência e/ou transtornos globais do desenvolvimento: 
alunos com deficiência física, intelectual, visual, auditiva, múltiplas e 
transtornos do espectro autista (TEA). O serviço também tem como 
objetivo fornecer atividades e recursos suplementares à formação de 
estudantes com altas habilidades ou superdotação. 
Outras conquistas da educação inclusiva nos últimos anos foram o Plano 
Nacional de Educação (PNE), de 2014, e a Lei Brasileira de Inclusão, de 
2015. Apesar desses avanços, contudo, a situação atual da educação 
inclusiva no Brasil não é tão favorável. 
Desafios e retrocessos 
Um grande desafio encontrado pela educação inclusiva é a resistência à 
inclusão por parte de educadores e pais de alunos sem deficiências. 
Muitos educadores não se sentem preparados; muitos pais acreditam que 
a educação perderá qualidade. 
Como afirma o Instituto Itard, o fim das escolas especiais, ocorrido por 
exemplo na Itália, não é possível no Brasil. A maioria das escolas 
brasileiras ainda não está, de fato, preparada para receber e educar 
alunos com deficiências, seja por problemas de infraestrutura, seja por 
falta de formação profissional dos funcionários. 
A transição da educação especial para a inclusiva precisará passar, 
portanto, por um forte investimento nessa transformação, por um auxílio 
das equipes de escolas especiais às escolas de ensino regular, assim 
como pela formação contínua de profissionais da rede regular. 
Em 2018, apenas 40,4% das crianças e adolescentes de 4 a 17 anos com 
deficiências ou dificuldades de aprendizado no sistema regular de 
educação desfrutavam de atendimento especializado, uma porcentagem 
bastante distante da meta de 100% estabelecida pelo Plano Nacional de 
Educação (PNE) para 2024. 
Com o fim da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, 
Diversidade e Inclusão no MEC em 2019, e a sua substituição pela 
Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, que tem como 
foco a educação especial sem a inclusão no ensino regular, a educação 
inclusiva deve se tornar uma realidade ainda mais distante nos próximos 
anos. 
Educação especial 
EDUCAÇÃO ESPECIAL É UMA MODALIDADE DE ENSINO QUE VISA 
PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DAS POTENCIALIDADES DE 
PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS, 
CONDUTAS TÍPICAS OU ALTAS HABILIDADES E, QUE ABRANGE OS 
DIFERENTES NÍVEIS E GRAUS DO SISTEMA DE ENSINO. 
FUNDAMENTA-SE EM REFERENCIAIS TEÓRICOS E PRÁTICOS 
COMPATÍVEIS COM AS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DE SEU 
ALUNADO. 
A educação especial se trata de uma educação voltada para os 
portadores de deficiências, como deficiências auditivas, visuais, 
intelectual, física, sensorial, surdocegueira e as múltiplas deficiências. 
Para que esses educandos tão especiais possam ser educados e 
reabilitados, é de extrema importância a participação deles em escolas e 
instituições especializadas. E que eles disponham de tudo o que for 
necessário para o seu desenvolvimento cognitivo. A mesma autora nos 
apresenta uma visão sobre um ambiente mais apropriado às crianças com 
necessidades educativas especiais. 
A CLASSE ESPECIAL É UMA SALA DE AULA PREFERENCIALMENTE 
DISTRIBUÍDA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL, 
ORGANIZADA DE FORMA A SE CONSTITUIR EM AMBIENTE 
PRÓPRIO E ADEQUADO AO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM 
DO EDUCANDO PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS 
ESPECIAIS. 
Na Classe Especial tentamos encontrar caminhos e meios facilitadores 
para a aprendizagem dos educandos com necessidades educacionais 
especiais, através de uma política de ação pedagógica, recursos 
educacionais mais individualizados e conta com o professor 
especializado. A educação especial faz parte de “um todo” que é a 
educação, e ter o seu valor reconhecido é de fundamental importância 
para que os educandos tenham seu crescimento e desempenho 
educacional satisfatório. 
Educação inclusiva 
A educação inclusiva é uma educação voltada de TODOS PARA TODOS 
onde os ditos “normais” e os portadores de algum tipo de deficiência 
poderão aprender uns com os outros. Uma depende da outra para que 
realmente exista uma educação de qualidade. A educação inclusiva no 
Brasil é um desafio a todos os profissionais de educação. 
O CONCEITO DE INCLUSÃO É: 
• atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na 
vizinhança da sua residência. 
• propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes regular. 
• propiciar aos professores da classe regular um suporte técnico. 
• perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo 
objetivos e processos diferentes. 
• levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as 
crianças portadoras de deficiência. 
• propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum do 
ensino regular. 
O CONCEITO DE INCLUSÃO NÃO É: 
• levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do professor 
especializado. 
• ignorar as necessidades específicas da criança. 
• fazer as crianças seguirem um processo único de desenvolvimento, ao 
mesmo tempo e para todas as idades. 
• extinguir o atendimento de educação especial antes do tempo. 
• esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças 
portadoras de necessidades especiais sem um suporte técnico. 
A educação inclusiva tem de atender esses educandos com qualidade, 
mas tem que dar condições e especializações aos profissionais, para que 
os objetivos e o desenvolvimento aconteçam. Percebemos ao longo da 
história e, também na atualidade, que a maioria dos profissionais 
envolvidos na educação não sabem ou desconhecem a importância e a 
diferença da educação especial e educação inclusiva. 
Primeiramente, quando descobrimos uma determinada deficiência em 
uma pessoa ela deveria ser encaminhada aos profissionais 
especializados: psicólogos, neuropediatras, fonoaudiólogos, 
fisioterapeutas e pedagogos especializados, entre outros. Isso é de 
extrema importância para o desenvolvimento físico e também cognitivo 
desse educando tão especial. Mudando a postura e as concepções por 
parte de nós educadores e pesquisadores, consideramos as diferenças 
como sendo atributos naturais da humanidade. 
Conceitos e Fundamentos da Educação Inclusiva 
O conceito de educação inclusiva é amplo e complexo. Ele se expressa 
em diferentes formas de concepção e contextos. Para uma melhor 
compreensão deste estudo é necessário levar em conta a questão dos 
direitos humanos e das diferenças individuais. Sabemos que a inclusão 
de todos nas escolas brasileiras, ainda, não é uma realidade de fato. 
Muitos educadores que se dedicam a pesquisas sobre esse assunto 
revelam que para haver inclusão escolar na realidade das escolas 
regulares de ensino há a necessidade de mudanças de paradigmas 
educacionais e afirmam que, infelizmente, existe uma cultura que persiste 
em conservar práticasexcludentes no cenário das escolas. Neste sentido, 
a presente reflexão, poderá contribuir com algumas questões sobre o 
desenvolvimento do processo de educação inclusiva. Elas ressaltam a 
importância de valorizar as diferenças e oportunizar a todos os alunos, o 
acesso ao espaço escolar e ao conhecimento científico com igualdade de 
oportunidades. 
Antes de abordar algumas reflexões sobre o paradigma da educação 
inclusiva, considera-se pertinente analisar os conceitos de educadores 
que se dedicaram e ou dedicam a pesquisar sobre esse processo 
educacional. Educadores e pessoas que direta ou indiretamente, 
defendem o direito de todos na escola com as mesmas oportunidades de 
acesso e permanência e aprendizagem de qualidade. Nas ideias de 
Stainback (1999), a educação inclusiva é a prática da inclusão escolar de 
todos os alunos, independentemente, de seu talento, deficiência, origem 
socioeconômica ou origem cultural onde todos possam se apropriar, 
igualmente, de todos os benefícios que a escola pode oferecer. A inclusão 
é um valor. Ela é o que fazemos com todas as crianças. Ela é o que 
desejamos para nós mesmos. Nesse modelo de educação todos os 
alunos juntos têm o direito à mesma preparação para a vida na 
comunidade. Baseado neste conceito pode-se afirmar que esse tipo de 
educação requer uma transformação dos sistemas de ensino no país. 
As escolas brasileiras se configuram, ao longo da história de educação 
brasileira até os dias de hoje, no retrato de uma educação para uma 
parcela da sociedade. As mudanças ocorrem de forma lenta com relação 
ao processo de inclusão de todos no espaço educacional escolar. Basta 
verificar o índice de evasão, repetência e insucesso no processo de 
aprendizagem dos alunos. 
Na visão de Mitler (2003), a educação inclusiva se baseia num sistema 
de valores que faz com que todos os alunos se sintam bem vindos à 
escola e esta celebra a diversidade que tem como base o gênero, a 
nacionalidade, a raça, a linguagem de origem, o nível de aquisição 
educacional e cultural, ou a deficiência. Esse modelo de inclusão, porém, 
implica em uma reforma radical nas escolas em termos de currículo, 
avaliação, pedagogia e agrupamento dos alunos nas atividades de sala 
de aula. Implica, também, no preparo apropriado dos professores 
mediante uma formação de uma educação e desenvolvimento 
profissional contínuo durante a vida profissional. 
A ideia acima revela que o processo para uma educação inclusiva 
caminha como expressão de luta para o alcance dos direitos humanos, 
tendo, portanto, a necessidade de amplas transformações. 
Mantoan(2003), destaca que a educação inclusiva implica em mudança 
de paradigma educacional. É a nossa capacidade de entender e 
reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar 
com pessoas diferentes de nós. 
A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. Esse 
processo prevê a inserção de todos os alunos de forma radical, completa 
e sistemática. A inclusão escolar é produto de uma educação plural, 
democrática e transgressora que provoca uma crise de identidade 
institucional, que por sua vez, abala a identidade dos professores, pois 
parte dos mesmos buscam alunos de modelos ideais, permanentes e 
essenciais. 
A ideia de aluno ideal pode nos levar a refletir sobre a cultura da 
homogeneidade, muitas vezes, desejada por educadores que temem 
mudanças, utilizam de práticas imutáveis e rotineiras e desvalorizam as 
diferenças individuais. O conceito de educação inclusiva nas palavras de 
Ferreira e Guimarães (2003) se refere ao acesso à escola de todos os 
alunos, indistintamente, independentemente, do fato de apresentarem 
dificuldades e ou deficiências. 
Nesse modelo de educação é preciso criar alternativas técnico-
pedagógicas, psicopedagógicas e sociais que possam contribuir para o 
processo de aprendizagem de todas as crianças, e isto requer mudança 
de antigos para novos paradigmas. E é a partir da compreensão de 
inúmeros aspectos ligados aos conceitos de igualdade e de diferença, é 
que se pode investir em seres humanos melhores e mais fraternos. E 
assim sendo, haverá significativa contribuição para profundas 
modificações na área educacional. 
De acordo com Guimarães (2003), a inclusão escolar que funciona se 
baseia na ideia de que incluir é mais do que criar condições para os 
deficientes, é um desafio que implica em mudança da escola como um 
todo, partindo do projeto pedagógico, à postura do professor diante dos 
alunos. Na educação inclusiva não se espera que o aluno com deficiência 
se integre à escola, mas que esta se transforme de maneira a possibilitar 
a inserção total dele. 
Considerando a ideia acima, vale a pena chamar a atenção pelo fato de 
que a escola precisa de transformação para receber qualquer tipo de 
aluno, mesmo aqueles com deficiência. Valendo-se disso, uma questão 
merece ser refletida: Há interesse e vontade política por parte de todos os 
profissionais das escolas em mudar, radicalmente, atitudes, práticas e 
conceitos? Nas últimas décadas, o tema inclusão tem sido palco de 
debate para educadores, pais de alunos com deficiências e pessoas 
diretamente ligadas a instituições que lutam pela inclusão e valorização 
das pessoas que portam alguma deficiência ou dificuldades de 
aprendizagem. Pensar a educação numa lógica inclusiva é pensá-la em 
novas perspectivas educacionais, é caminhar para a busca dos direitos, 
bem como, levantar a bandeira da igualdade no cenário educativo. 
Da Integração ao Processo de Inclusão 
Para uma maior compreensão das polêmicas que envolvem a ideia dos 
processos de integração ao processo de inclusão, Mantoan (2003, p. 22) 
sugere importantes reflexões que podem favorecer uma melhor 
compreensão desses paradigmas educacionais. A discussão sobre 
integração e inclusão provoca dúvidas devido aos significados 
semelhantes, porém, ambos se referem à situações de inserção no ensino 
regular de maneiras diferentes e se divergem nos fundamentos teórico-
metodológicos. Para iniciar a discussão ela faz o seguinte registro sobre 
o processo de integração escolar: 
Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiência surgiu 
nos Países Nórdicos, em 1969, quando se questionaram as práticas 
sociais e escolares de segregação. Sua noção de base é o princípio de 
normalização, que não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto 
de manifestações e atividades humanas e todas as etapas da vida das 
pessoas, sejam elas afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade 
ou inadaptação. 
No processo de integração escolar o aluno participa das atividades 
escolares na sala de aula do ensino regular e também do ensino de 
escolas especiais. Assim sendo, esse aluno transita no sistema escolar 
regular e especial, em todos os tipos de atendimento, ou seja, classes 
especiais em escolas comuns, ensino itinerante, sala de recursos, classes 
hospitalares, ensino domiciliar e outros. 
Neste sentido, o aluno é submetido a um processo parcial de inserção, 
pois o sistema segrega quando oferece serviços educacionais de forma 
diferenciada para alguns em lugares especiais, ou seja, a escola não 
muda como um todo, mas os alunos precisam se deslocar, e mudar para 
se adaptarem às exigências de um sistema que prima pela 
homogeneização e nivelamento da aprendizagem. Assim sendo, o 
processo de integração tem por objetivo inserir um aluno ou um grupo de 
alunos, que já foi anteriormente excluído. 
O sistema de integração na escola denota situações de seleção e 
discriminação, pois nem todos os alunos com deficiência cabem nas 
turmas de ensino regular. Há, infelizmente, resistências por parte de 
algumas escolas em aceitar a presença de pessoas que possuem 
características marcantes, sejam elas físicas ou mentais. E a situação é 
mais constrangedora, ainda, quando a escola nem se quer avalia as reais 
condições do aluno de participardas atividades cotidianas do espaço 
educativo. Considerando esta situação, percebe-se que a escola não 
muda, não avalia suas estruturas, não mexe no sistema que já se 
encontra enraizado em ideias inflexíveis e rigidamente registradas num 
modelo cultural que parece se apresentar resistente a mudanças. 
Em situações onde a integração escolar é o único caminho que a escola 
adota, concebe-se uma proposta de trabalho menos holística, pois os 
objetivos educacionais são reduzidos para compensar as dificuldades de 
aprendizagem, os currículos são adaptados e as avaliações são especiais 
limitando a capacidade de transgressão dos limites individuais, ou seja, é 
predeterminada a quantidade de conhecimentos que o aluno consegue 
aprender. Com base nesta afirmação, pode-se entender que num sistema 
de ensino no qual não se acredita na capacidade do ser humano de ser 
mais e de aprender sempre fica clara a situação de exclusão. 
A integração escolar pode ser entendida como o “especial na educação”, 
ou seja, a justaposição do ensino especial ao regular, ocasionando um 
inchaço, desta modalidade, pelo deslocamento de profissionais, recursos, 
métodos e técnicas da educação especial às escolas regulares. 
(MANTOAN, 2003, p. 23) 
A ideia acima revela que o objetivo da integração escolar se limita a inserir 
o aluno na escola regular sem mudanças e abolição dos serviços 
segregados da educação especial. Além disso, essa modalidade exige 
que o aluno é que se adapte às exigências do sistema que já encontra 
alojado. 
No caso da inclusão escolar, o tratamento das diferenças tem uma política 
de organização que se baseia no princípio da igualdade. Esta no sentido 
de favorecer o direito a ter direitos iguais. Pois a Constituição Federal 
prescreve no seu Art. 5º que todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade. 
O registro deste artigo é claro e objetivo no que se refere aos direitos de 
qualquer cidadão ter os mesmos direitos. Neste sentido, caberia a 
qualquer escola investir na organização de seu sistema de ensino 
pautado na ideia de inclusão. Sobre a questão da inclusão escolar, 
Mantoan (2003) também sugere uma importante contribuição para as 
escolas brasileiras, no momento em que discute conceitos, alternativas 
de melhoria da qualidade do ensino e favorece um novo olhar sobre a 
questão da valorização das diferenças individuais no espaço da sala de 
aula e na escola. Ela enfatiza que para a escola ser inclusiva precisa partir 
de um bom projeto pedagógico que começa pela reflexão. 
Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores 
da turma. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, 
de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com 
deficiência ou não. O processo de educação inclusiva exige de fato 
mudança de paradigma educacional. Exige que chegue ao fim a 
subdivisão do ensino especial e ensino regular. Pois é direito de qualquer 
pessoa, ocupar um espaço na escola pública, e ou, na sociedade, seja 
em qualquer tempo ou espaço, considerando as normativas instituídas 
em lei. 
A partir do momento que se instaura a educação inclusiva no meio 
educativo haverá obstáculos reais a serem transpostos, pois os impactos 
da inclusão numa cultura já instalada podem provocar insegurança, 
insatisfação, medo e aversãoao processo. Além disso, essa nova visão 
inclusiva de trabalho vai abalar a rotina da massificação dos programas 
prontos e indiscutíveis e das classes especiais nas escolas que passarão 
a não existir mais. Assim sendo, todas as turmas da escola inclusiva se 
constituirão em espaços da diversidade. Espaço para as trocas culturais, 
para o respeito à capacidade de cada aluno para aprender dentro do seu 
tempo. 
Tais afirmações podem gerar insegurança e até mesmo descrédito de 
alguns professores que não acreditam neste modelo de educação. A 
educação inclusiva vai, com certeza, mexer com conceitos, paradigmas e 
culturas cristalizadas de que não é possível trabalhar na perspectiva da 
igualdade. Mitler (2003) apud Cláudia Werneck que salienta com 
propriedade a seguinte contribuição “Traga dúvidas e incertezas, doses 
de ansiedade, construa e desconstrua hipóteses, pois aí reside a base do 
pensamento científico do novo século. Um século cansado de verdades, 
mas sedento de caminhos.” Nessa reflexão presencia-se a emergência 
de mudanças, de posturas científicas e complexas. O sujeito dessa 
sociedade atual não pode mais conviver com verdades prontas e 
incontestáveis. É preciso caminhar para frente em busca de novas ideias 
e resolução para os problemas que afligem. 
A realidade atual requer mudança de antigos para novos paradigmas. A 
transição do processo de integração e inclusão passa por momentos de 
desafios, incertezas, conflitos, medos e acima de tudo insegurança de se 
lançar ao novo. Neste sentido, Mitler (2003) apud Morin (2000), que 
sugere com pertinência a seguinte ideia que poderia servir de relação com 
essa transição de processos: 
Estamos numa época em que temos um velho paradigma, um velho 
princípio que nos obriga a disjuntar, a simplificar, a reduzir, a formalizar 
sem poder comunicar aquilo que está disjunto e sem poder conceber os 
conjuntos ou a complexidade do real. Estamos num período “entre dois 
mundos”: um que está prestes a morrer, mas que não morreu ainda, e 
outro, que quer nascer, mas que não nasceu ainda. Estamos numa 
grande confusão, num desses períodos angustiantes, de nascimentos 
que se assemelham aos períodos de agonia, de mortes. 
A atualidade da era do conhecimento, da globalização e da complexidade 
imprime muitos desafios para a escola. Sem contar a questão da 
diversidade cultural que a cada dia evolui com as novas ideias, com as 
experiências e com as transformações que ocorrem na sociedade de 
maneira muito rápida. Toda essa mudança tende a provocar certa 
angústia nos professores que se sentem como se estivessem sempre 
defasados diante da sala de aula. Mantoan (2003) apud Mitler (2000), 
salienta que os professores do ensino regular se consideram 
despreparados e incompetentes para lidar com as diferenças nas salas 
de aula, especialmente, ao atendimento de alunos com deficiência, pois 
seus colegas especializados sempre se distinguiram por realizar 
unicamente esses atendimentos e exageraram essa capacidade de fazê-
lo aos olhos de todos. 
De acordo com a autora pode-se analisar que há por parte dos 
professores certa insegurança para lidar com situações que fogem da 
normalidade da prática comum do cotidiano. O fato dos colegas 
especializados exagerar na excelência da sua prática acaba favorecendo 
aos professores da escola regular de ensino o sentimento de 
incompetência. 
Vale a pena lembrar que mesmo a partir de alguns acontecimentos como 
seminários e congressos destinados a discutir a educação inclusiva 
percebe-se que a prática da inclusão total e irrestrita é incipiente nas 
escolas regulares. Muitas tentativas de inclusão escolar se tornam 
experiências frustrantes devido a ações que não encontram novas 
alternativas de mudanças que favoreçam uma real educação inclusiva. 
A importância central em torno desta discussão está no fato de que a 
exclusão e a discriminação devem ser extintas da escola. Todos os alunos 
devem ter as mesmas chances de acesso aos conhecimentos e às 
atividades realizadas pela escola. É preciso que se reconheça que a 
igualdade é direito de todos. Que a inclusão é dever da escola e que os 
profissionais que atuam no espaço educativo reconheçam que as 
diferenças existem e que elas devem ser incluídas dentro da escola para 
favorecer a riqueza da multiplicidade cultural e dos princípios éticos da 
valorização humana. 
A Valorização das Diferençascomo Fator de Inclusão 
Se quisermos que cada pessoa seja um membro respeitado de nossas 
comunidades, não podemos separar algumas crianças de seus pares 
durante sua vida escolar. Susan Stainback 
Abordar a questão das diferenças individuais é uma tarefa um tanto 
complexa. Porque ao mesmo tempo em que falamos em diferenças, 
falamos de semelhanças. A presente discussão não irá abordar a questão 
das diferenças de uma maneira peculiar. O contexto de discussão vai 
além das características físicas ou opções pessoais por determinadas 
preferências por coisas ou objetos. As diferenças individuais aqui 
colocadas são mais profundas, se referem à essência da pessoa, por isso, 
é de fundamental importância que sejam enaltecidas e valorizadas pela 
escola. 
É preciso reconhecer que cada ser humano possui suas especificidades 
e habilidades naturais. São seres humanos diferentes por natureza, 
pertencem a grupos variados, convivem e desenvolvem-se em culturas 
distintas. São diferentes por direito. Infelizmente, existem culturas que 
insistem em diferenciar pessoas por condições intelectuais, sociais, 
físicas, dentre outras. É preciso pensar que tratar pessoas 
diferentemente, enfatizando suas diferenças de maneira a inferiorizá-las, 
é criar estigmas, é excluir. 
Conviver reconhecendo e valorizando as diferenças é uma experiência 
essencial à nossa existência, desde que definamos a natureza dessa 
relação, distinguindo o estar com o outro do estar junto ao outro. Estar 
juntoao outro tem a ver com o que o outro é – é um ser que não é como 
eu sou, que não sou eu. Essa relação estabelece uma identidade imposta, 
forjada e rotulada pelo outro. Estar com o outro, tem a ver com quem é 
esse outro, esse desconhecido, um enigma que tenho de decifrar e que 
vai sendo desvelado à medida que se constrói entre nós um vínculo pelo 
qual nos confrontamos, nos identificamos e nos constituímos como seres 
singulares e mutantes. (MANTOAN(2004/2205, p. 13 apud SILVA, 2000). 
A escola como instituição formadora de ideias, não pode destruir as 
diferenças no seu meio. Deve acima de tudo extinguir a tentativa de 
assegurar homogeneidade das turmas escolares e acolher a diversidade 
cultural existente nos vários pensamentos e vivências pessoais num 
mesmo espaço. 
Numa entrevista à revista Pátio, Stainback (2004/2005) respondendo à 
pergunta se as escolas deveriam estar equipadas para atender a qualquer 
tipo de criança com necessidade especial ou seria melhor se patologias 
específicas fossem atendidas somente em educação especial, ela 
ressaltou que: se quisermos que cada pessoa seja um membro respeitado 
em qualquer lugar, não se pode separar algumas crianças de seus pares 
durante a trajetória de vida escolar. Não há justificativa para a segregação 
nas escolas e nem na sociedade. 
Todos os indivíduos têm direito de ser parte integrante de qualquer 
espaço na sociedade. Não acredito que apenas algumas pessoas têm o 
direito de ser parte de todo o grupo, enquanto outras precisam provar o 
seu valor porque são consideradas diferentes. Quando as crianças não 
aprendem juntas e não se compreendem mutuamente, enraíza-se o 
fenômeno do “nós e eles”. É preciso acreditar que toda criança tem algo 
a oferecer, e seus talentos não serão aproveitados pelos pares se 
segregarmos aquelas percebidas por “nós como eles”. 
A ideia acima ilustra uma das maiores dificuldades que precisam ser 
repensadas e discutidas nas escolas. A construção de novos paradigmas 
de inclusão deve partir da ideia da valorização das diferenças e do direito 
a igualdade. Na atualidade, não é possível negar a política e a 
organização das diferenças. 
A sociedade de hoje vive numa época em que se assiste de maneira 
acelerada o abalo das certezas. Emerge o paradigma da lógica includente 
da complexidade. Morin (2002) concebe que a contribuição da cultura das 
humanidades para o estudo da condição humana é fundamental. O 
estudo da linguagem sob a forma mais consumada que é a forma natural, 
literária e poética é criada na essência de cada um. 
No momento em que a escola conceder espaço para que todos se 
manifestem, independentemente de crença, etnia, condição física, 
deficiência, estará criando um conjunto de estruturas para o êxito da 
inclusão. Na educação inclusiva, as informações devem se transformar 
em conhecimento. E esse conhecimento precisa ser transformado em 
sabedoria para que haja compreensão humana. A compreensão humana 
chega às pessoas quando se sente e se concebe os humanos como 
sujeitos. Ela torna as pessoas abertas ao sofrimento e a alegria. E é a 
partir da compreensão humana que se pode lutar contra o ódio e a 
exclusão. Considerando as palavras desse autor, percebe-se que as 
maiores dificuldades da escola em trabalhar com a inclusão ocorre por 
falta de sabedoria de como lidar com a diversidade humana. 
Enfrentar essa dificuldade exige o trabalho de uma pedagogia criativa que 
dialogue com a incerteza humana, que prepare as pessoas para situações 
inesperadas, que conscientize as pessoas de que sua própria vida é uma 
aventura da humanidade. A diversidade humana apresenta-se assim, 
como algo vivido e a viver. É um caminho sem volta. Querendo ou não, 
todos fazem parte dessa diversidade humana. É preciso, portanto, lutar 
para adquirir respeito e o direito de ser diferente. Baseado nesta reflexão, 
Ferreira e Guimarães (2003, p. 41), registraram a seguinte ideia: 
A sociedade está se tornando mais complexa a cada dia: a diversidade 
aumenta de forma acelerada. Com isso, imperceptivelmente, muda 
também a forma de compreender o mundo e os próprios semelhantes. É 
este o novo paradigma que está nascendo: “viver a igualdade na 
diferença”, “integrar na diversidade” – eis o apelo dos líderes dos 
movimentos em conflito. O diferente fica cada vez mais comum. 
Partindo desta reflexão, qual é o papel da escola a desempenhar para 
valorizar todas as pessoas que ocupam um espaço no seu interior? A 
escola de hoje tem que assumir uma função diferente das quais assumiu 
no passado. Hoje a demanda social, política e humana exige um novo 
modelo de educação. A escola atual tem uma função mais complexa. O 
seu processo de formação deve estar pautado no despertar da reflexão 
crítica e sistemática sobre a natureza humana, na importância das 
diferenças individuais, na valorização da capacidade criadora de cada ser 
humano, na consciência da incompletude e da necessidade de ser mais 
a cada dia. 
Não se pode negar que falta um longo caminho para que as escolas 
brasileiras incorporem na sua estrutura organizacional todos estes 
requisitos mencionados. Mas não se pode negar, também, que há 
tentativas de avanço no aprofundamento de valores e atitudes 
compatíveis com os ideais de igualdade, diferença, diversidade e 
deficiência. 
Segundo Ferreira e Guimarães (2003), é necessário repensar o 
significado da prática pedagógica na escola regular, para poder assim 
evitar os erros do passado, quando os alunos com deficiência eram 
deixados á margem. Neste sentido, cabe a escola se tornar uma ambiente 
de ensino e aprendizagem de qualidade, garantindo aos alunos, sem 
distinção, o apoio e incentivo para que sejam sujeitos ativos nesse novo 
tipo de sociedade. 
Pode-se concluir, portanto, que é urgente repensar sobre a questão das 
diferenças individuais e construir novos paradigmas de convivência 
humana. Não se pode negar a beleza da diversidade humana. É preciso 
percebê-la como algo positivo e importante para a compreensão humana. 
Quem são as Pessoas com Deficiência? 
A deficiência é tão antiga quanto a humanidade. Ao longo dos tempos, 
desde a pré-história até hoje, as pessoas sempre tiveram que decidir qual 
atitude adotar em relação aos membros mais vulneráveis da comunidade 
que precisavam de ajuda para obter alimento, abrigo e segurança, como 
as crianças, os velhos e as pessoas com deficiência. 
Quando pensamos em quemsão as pessoas com deficiência, 
imediatamente pensamos naquilo que as torna diferentes das demais, isto 
é, obviamente, a própria deficiência. É, portanto, a partir do conceito que 
a deficiência tem para nós que vamos nos posicionar frente às pessoas 
com deficiência. Se você considerar a deficiência como uma desgraça, 
provavelmente vai sentir pena de uma pessoa com deficiência. Mas, você 
pode pensar diferente se considerar a deficiência como uma característica 
como outra qualquer e considerar que as dificuldades que ela enfrenta 
são o resultado do ambiente despreparado para recebê-la. A tecnologia 
moderna é uma prova de que isto é verdade. 
Uma pessoa com deficiência pode não conseguir subir uma escada, mas, 
se houver um elevador ou uma rampa, ela vai estar em pé de igualdade 
com as outras pessoas, não é mesmo? No Brasil, há definições médicas 
sobre o que é a deficiência. É importante que você as conheça, para saber 
como lidar com estes alunos: 
Deficiência física: Alteração completa ou parcial dos membros 
superiores (braços) e/ou inferiores (pernas), acarretando o 
comprometimento da função física. Ter uma deficiência física não significa 
ter um rebaixamento intelectual. Muitas pessoas fazem esta confusão. É 
importante saber fazer esta diferença para não ignorar o potencial deste 
aluno. Geralmente, com algumas adaptações ele conseguirá acompanhar 
os colegas. 
Deficiência auditiva: Perda parcial ou total das possibilidades auditivas 
sonoras, variando em graus e níveis, desde uma perda leve até a perda 
total da audição. Pode-se trabalhar com os resíduos auditivos nas 
atividades educacionais, através do uso de aparelhos auditivos, que 
amplificam o som da sala de aula. 
Deficiência visual: abrange desde a cegueira até a visão subnormal (ou 
baixa visão), que é uma diminuição significativa da capacidade de 
enxergar, com redução importante do campo visual e da sensibilidade aos 
contrastes e limitação de outras capacidades. Logo que a deficiência é 
constatada, existem técnicas para trabalhar o resíduo visual nas 
atividades educacionais, na vida cotidiana e no lazer. Usando auxílios 
ópticos (como óculos, lupas etc) as pessoas com baixa visão distinguem 
vultos, a claridade, ou objetos a pouca distância. A visão se apresenta 
embaçada, diminuída, restrita em seu campo visual ou prejudicada de 
algum modo. 
Deficiência mental: Segundo a definição adotada pela AAMR (American 
Association of Mental Retardation - Associação Americana de Deficiência 
Mental), a deficiência mental é um funcionamento intelectual 
significativamente abaixo da média, coexistindocom limitações relativas a 
duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: 
comunicação, auto-cuidado, habilidades sociais, participação familiar e 
comunitária, autonomia, saúde e segurança, funcionalidade acadêmica, 
de lazer e trabalho. Manifesta-se antes dos dezoito anos de idade. 
O aluno com deficiência mental tem um potencial que pode ser estimulado 
na sala de aula e através do convívio com outros alunos. Muitas pessoas 
confundem a deficiência mental com a doença mental (esquizofrenia, 
paranóias e outras), o que não é correto. São fenômenos completamente 
diferentes. A pessoa com deficiência mental não tem surtos, não tem 
ataques e não tem convulsões. 
Deficiência múltipla: É a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou 
mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), com 
comprometimentos que acarretam consequências no seu 
desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa. 
Surdocegueira: É uma deficiência única que apresenta as deficiências 
auditiva e visual juntas em diferentes graus. A pessoa surdocega pode 
desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e interagir 
com as pessoas, com o meio ambiente e ter acesso a informações e a 
uma vida social com qualidade. Para sua autonomia, a pessoa surdocega 
precisa de um guia-intérprete para sua orientação e mobilidade, educação 
e trabalho. A surdocegueira não significa, necessariamente, que a pessoa 
seja totalmente cega ou surda. Podem existir resíduos visuais (baixa 
visão) e resíduos auditivos funcionais, suficientes para escutar uma 
conversação, especialmente quando é usado um aparelho auditivo. 
Existem duas formas de classificar a surdocegueira: 
• Surdocego pré-linguístico: crianças que nascem surdocegas ou 
adquirem a surdocegueira nos primeiros anos de vida, antes da aquisição 
de uma língua; 
• Surdocego pós-linguístico: crianças, jovens ou adultos que apresentam 
uma deficiência sensorial primária (auditiva ou visual) e adquirem a outra 
após a aquisição de uma língua (Português ou Língua de sinais), ou 
quando ocorre a aquisição da surdocegueira sem outros precedentes. 
 
Até os anos setenta do século passado, a escola seguia o modelo da 
Integração, ou seja, aceitava somente os alunos que tivessem condições 
de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da 
maioria dos alunos. Considerava-se que a deficiência era um problema 
que estava na pessoa e, portanto, era a pessoa que precisava ser 
modificada (habilitada, reabilitada, educada) para tornar-se apta a 
satisfazer os padrões aceitos no meio social (família, escola, emprego, 
ambiente). Quem não estivesse pronto para ingressar imediatamente na 
escola, precisava ser “preparado”, por uma classe especial ou Escola 
Especial, até ser considerado aceitável. A partir dos anos oitenta, esse 
modelo começou a ser questionado. 
Já nos anos noventa, estava consolidado o novo conceito proposto: o da 
Inclusão. Por esse modelo, a deficiência não é um problema da pessoa, 
mas, sim, o resultado da incapacidade da sociedade em atender às 
necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, pelo modelo da inclusão, 
é a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes 
físicos etc.) que precisa se tornar capaz de acolher todas as pessoas. 
Você deve ter ouvido muita gente falar que a Educação Inclusiva é uma 
ilusão e que ela nunca vai funcionar. 
Você deve ter ouvido muitos professores dizendo que uma boa classe 
especial ou Escola Especial é melhor para as pessoas com deficiência do 
que uma Escola Inclusiva ruim. O que você pode dizer a essas pessoas 
é que esse é um falso dilema. As pessoas com deficiência têm direito a 
uma educação de qualidade e inclusiva. As duas coisas não são e não 
podem ser consideradas excludentes. Esse é um direito intransferível de 
todas as crianças e ninguém pode negar isso a elas. 
A Sociedade para Todos está em processo de construção. Hoje, vivemos 
um momento de transição entre modelos e ideias, por isso ainda estamos 
convivendo comclasses especiais e Escolas Especiais. Mas, a Escola 
Inclusiva e o modelo da Inclusão vieram para ficar porque se baseiam em 
conceitos teóricos e práticos desenvolvidos pelos melhores educadores 
em todo o mundo e refletem o nosso momento histórico. Esse momento 
de transição é inevitável porque adotar um novo modelo nunca é fácil. Um 
modelo de pensamento é uma espécie de filtro através do qual o mundo 
pode ser interpretado. Isto significa que, ao analisarmos um modelo, não 
o fazemos apenas racionalmente mas, também, e sobretudo, o fazemos 
emocionalmente. 
O modelo da Inclusão exige que abandonemos preconceitos e 
estereótipos em relação à Educação e às pessoas com deficiência. É 
difícil mudar nossas opiniões, ideias e valores. Temos dúvidas e 
perguntas, e muitas vezes não sabemos como fazer de forma diferente. 
Como Perceber Sinais de Deficiências 
Muitas vezes, é o professor que consegue perceber que a criança tem 
alguma dificuldade. 
Sua função é avisar a família, orientando-a para procurar ajuda 
especializada. Mas isso não é um diagnóstico, cabe somente ao 
profissional especializado realizá-lo. 
Deficiência visual 
Possíveis sinais de deficiência visual: 
• Irritação constante nos olhos; 
• Aproximar muito o rosto do papel, quando escreve e lê;• Dificuldade para copiar material da lousa à distância; 
• Olhos franzidos para ler o que está escrito na lousa; 
• Cabeça inclinada para ler ou escrever, como se procurasse um ângulo 
melhor para enxergar; 
• Tropeços frequentes por não enxergar pequenos obstáculos no chão; 
• Nistagmo (olho trêmulo); 
• Estrabismo (vesgo); 
• Dificuldade para enxergar em ambientes muito claros ou escuros. 
O que você pode fazer? 
• Orientar os pais para que procurem um médico especialista em visão 
(oftalmologista). 
• Nunca usar colírio ou outros medicamentos sem recomendação médica. 
Sugestões para a convivência com pessoas cegas ou com 
deficiência visual 
• Se a pessoa cega não estiver prestando atenção em você, toque em seu 
braço para indicar que você está falando com ela. Avise quando for 
embora, para que ela não fique falando sozinha; 
• Se sua ajuda for aceita, nunca puxe a pessoa cega pelo braço. Ofereça 
seu cotovelo ou o ombro (caso você seja muito mais baixo do que ela). 
Geralmente, apenas com um leve toque a pessoa cega poderá seguir 
você com segurança e conforto; 
• Num local estreito, como uma porta ou corredor por onde só passe uma 
pessoa por vez, coloque o seu braço para trás ou ofereça o ombro, para 
que a pessoa cega continue a seguir você; 
•Algumas pessoas, sem perceber, aumentam o tom de voz para falar com 
pessoas cegas. Use tom normal de voz; 
•Não modifique a posição dos móveis sem avisar a pessoa cega e cuide 
para objetos não fiquem no seu caminho. Avise se houver objetos 
cortantes ou cinzeiros perto dela; 
• Conserve as portas fechadas ou encostadas à parede; 
• Para indicar uma cadeira, coloque a mão da pessoa cega sobre o 
encosto e informe se a cadeira tem braço ou não. Deixe que a pessoa se 
sente sozinha; 
• Seja preciso ao indicar direções. Informe as distâncias em metros ou 
passos. 
Se houver alunos com deficiência visual na sua sala 
Esperamos que estas sugestões contribuam para o aproveitamento do 
aluno; pode ser proveitoso incorporá-las em sua rotina. Com o tempo, 
você descobrirá outras maneiras de receber estes alunos na sala. 
• Leia ou peça para alguém ler o que está escrito na lousa; 
• Sempre que possível, passe a mesma lição que foi dada para a classe; 
• Procure o apoio do professor especializado, que ensinará à criança o 
sistema braile e acompanhará o processo de aprendizagem; 
• Busca de recursos pedagógicos para o aluno com deficiência é um 
direito dele; 
• Disponibilize com antecedência os textos e livros para o curso; 
• Se possível, o material de estudo deve ser fornecido sob a forma de 
textos ampliados, textos em braile, textos e aulas gravadas em áudio ou 
em disquete, de acordo com as necessidades do aluno e a possibilidade 
da escola. O aluno poderá, ainda, precisar utilizar auxílios ópticos e 
computadores com programas adaptados, assim como apoio para 
trabalho de laboratório e do pessoal da biblioteca; 
• Durante as aulas, é útil identificar os conteúdos de uma figura e 
descrever a imagem e a sua posição; 
• Substitua os gráficos e tabelas por outras questões ou utilize gráficos 
simples em relevo; 
• Transcreva para braile as provas e outros materiais; 
• Possibilite usar formas alternativas nas provas: o aluno pode ler o que 
escreveu em braile; fazer gravação em fita K-7(ou outro equipamento que 
faça gravação, como celulares, computador etc.) ou escrever com tipos 
ampliados; 
• Amplie o tempo disponível para a realização das provas; 
• Evite dar um exame diferente, pois isso pode ser considerado 
discriminatório e dificulta a avaliação comparativa com os outros 
estudantes; 
• Ajude só na medida do necessário; 
• Tenha um comportamento o mais natural possível, sem super proteção, 
ou pelo contrário, ignorá-lo. 
O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 
símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos 
dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a 
representação tanto de letras, como algarismos e sinais de pontuação. 
Ele é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita 
da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo 
tempo. 
O código foi criado pelo francês Louis Braille (1809 - 1852), que perdeu a 
visão aos 3 anos e criou o sistema aos 16. Ele teve o olho perfurado por 
uma ferramenta na oficina do pai, que trabalhava com couro. Após o 
incidente, o menino teve uma infecção grave, resultando em cegueira nos 
dois olhos. 
Como o aluno com deficiência visual pode aprender matemática? 
Ele tem as mesmas condições para aprender matemática que uma 
criança não deficiente. Porém, é preciso que você adapte as 
representações gráficas e os recursos didáticos que vai utilizar. Para 
ensinar matemática, o instrumento mais utilizado é o ábaco (ou soroban) 
que é de origem japonesa. Seu manuseio é fácil e pode ajudar também 
os alunos que enxergam, pois ele concretiza as operações matemáticas. 
Outra técnica complementar que pode ser utilizada com bons resultados 
é o cálculo mental, que deve ser estimulado desde o início da 
aprendizagem e que será útil, posteriormente, quando o aluno estudar 
álgebra. É importante ressaltar que, ao adaptar recursos didáticos para 
facilitar o aprendizado de alunos com deficiência, o professor acaba 
beneficiando todos os alunos, pois recorre a materiais concretos, que 
facilitam a compreensão dos conceitos. 
Deficiência auditiva 
Sinais de deficiência auditiva: 
• As primeiras palavras aparecem tarde (3 a 4 anos); 
• Não responde ao ser chamado em voz normal; 
• Quando está de costas, não atende ao ser chamado; 
• Fala em voz muito alta ou muito baixa; 
• Vira a cabeça para ouvir melhor; 
• Olha para os lábios de quem fala e não para os olhos; 
• Troca e omite fonemas na fala e na escrita. 
O que você pode fazer? 
Orientar os pais a procurar profissional especializado (médico 
otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo). 
Sugestões para a convivência com pessoas surdas ou com 
deficiência auditiva 
• Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando 
atenção em você, acene para ela ou toque levemente em seu braço; 
• Se ela fizer leitura labial, fale de frente para ela e não cubra sua boca 
com gestos e objetos. Usar bigode também atrapalha; 
• Quando estiver conversando com uma pessoa surda, pronuncie bem as 
palavras, mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que 
lhe peçam para falar mais devagar; 
• Não adianta gritar; 
• Se souber algumas palavras na língua brasileira de sinais, tente usá-las. 
De modo geral, suas tentativas serão apreciadas e estimuladas; 
• Seja expressivo. As expressões faciais, os gestos e o movimento do seu 
corpo serão boas indicações do que você quer dizer, em substituição ao 
tom de voz; 
• Mantenha sempre contato visual; se você desviar o olhar, a pessoa 
surda pode achar que a conversa terminou; 
• A pessoa surda que é oralizada (ou seja, que aprendeu a falar) pode 
não ter um vocabulário extenso. Fale normalmente e, se perceber que ela 
não entendeu, use um sinônimo (carro em vez de automóvel, por 
exemplo); 
• Nem sempre a pessoa surda que fala tem boa dicção. Se não 
compreender o que ela está dizendo, peça que repita. Isso demonstra que 
você realmente estáinteressado e, por isso, as pessoas surdas não se 
incomodam de repetir quantas vezes for necessário para que sejam 
entendidas. 
Se for necessário, comunique-se através de bilhetes. O importante é se 
comunicar seja qual for o método. 
Como você pode ensinar um aluno surdo? 
Você pode desenvolver o processo de aprendizagem com o aluno surdo 
adotando a mesma proposta curricular do ensino regular, com adaptações 
que possibilitem: 
• o acesso ao conteúdo, utilizando sistemas de comunicação alternativos, 
como a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a mímica, o desenho, a 
expressão corporal; 
• a utilização de técnicas, procedimentos e instrumentosde avaliação 
compatíveis com as necessidades do aluno surdo, sem alterar os 
objetivos da avaliação, como, por exemplo, maior valorização do 
conteúdo em detrimento da forma da mensagem expressa. 
Você sabia que é errado dizer “surdo-mudo”? Algumas pessoas surdas 
não falam porque não aprenderam a falar. Elas não são mudas, porque 
podem emitir sons. A pessoa muda é aquela que não consegue emitir 
nenhum som. As pessoas surdas podem se comunicar de várias formas, 
uma delas é através da língua de sinais, que funciona como uma 
linguagem gestual. 
Sugestões de apoio ao aluno com deficiência auditiva: 
• Os alunos com deficiências auditivas devem ficar sempre na primeira fila 
na sala de aulas. Dependendo da condição sócio-econômica da família e 
do tipo de surdez, o aluno pode utilizar um recurso acústico (Aparelho 
Auditiva e/ou Sistema de FM), para amplificar o som da sala; 
• Há alunos que conseguem ler os movimentos dos lábios. Assim, o 
professor e os colegas devem falar o mais claramente possível, evitando 
voltar-se de costas enquanto fala. É extremamente difícil para estes 
alunos anotarem nas aulas, durante a exposição oral da matéria, 
principalmente aqueles que fazem leitura labial enquanto o professor fala; 
• É sempre útil fornecer uma cópia dos textos com antecedência, assim 
como uma lista da terminologia técnica utilizada na disciplina, para o aluno 
tomar conhecimento das palavras e do conteúdo da aula a ser lecionada. 
Pode também justificar-se a utilização de um intérprete que use a língua 
brasileira de sinais; 
• Este estudante pode necessitar de tempo extra para responder aos 
testes; 
• Fale com naturalidade e clareza, não exagerando no tom de voz; 
• Evite estar em frente à janela ou outras fontes de luz, pois o reflexo pode 
obstruir a visão; 
• Quando falar, não ponha a mão na frente da boca; 
• Quando utilizar o quadro ou outros materiais de apoio audiovisual, 
primeiro exponha os materiais e só depois explique ou vice-versa (ex.: 
escreva o exercício no quadro ou no caderno e explique depois e não 
simultaneamente); 
• Repita as questões ou comentários durante as discussões ou conversas 
e indique (por gestos) quem está a falar, para uma melhor compreensão 
por parte do aluno; 
• Escreva no quadro ou no caderno do aluno datas e informações 
importantes, para assegurar que foram entendidas; 
• Durante os exames, o aluno deverá ocupar um lugar na fila da frente. 
Um pequeno toque no ombro dele poderá ser um bom sistema para 
chamar-lhe a atenção, antes de fazer um esclarecimento. 
Deficiência física 
Sinais de deficiência física: 
• Movimentação sem coordenação ou atitudes desajeitadas de todo o 
corpo ou parte dele; 
• Anda de forma não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca; 
• Pés tortos ou qualquer deformidade corporal; 
• Pernas em tesoura (uma estendida sobre a outra); 
• Dificuldade em controlar os movimentos, desequilíbrios e quedas 
constantes; 
• Dor óssea, articular ou muscular; 
• Segura o lápis com muita ou pouca força; 
• Dificuldade para realizar encaixe e atividades que exijam coordenação 
motora fina. 
O que você pode fazer? 
Orientar os pais para que procurem profissionais especializados 
(ortopedista, fisiatra e fisioterapeuta). 
Sugestões para a convivência com pessoas com deficiência física 
• Quando estiver empurrando uma pessoa sentada numa cadeira de rodas 
e parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de 
frente, para que a pessoa também participe da conversa; 
• Empurre a cadeira com cuidado para evitar acidentes e preste atenção 
às pessoas que caminham à frente; 
• Para uma pessoa sentada em cadeira de rodas, é incômodo ficar 
olhando para cima por muito tempo. Portanto, se a conversa for demorar 
mais, sente-se ou abaixe-se para que você e ela fiquem com os olhos no 
mesmo nível; 
• Respeite o espaço corporal. A cadeira de rodas (assim como as 
bengalas e muletas) é quase uma extensão do corpo. Agarrar ou apoiar-
se nesses equipamentos não é como se encostar a uma cadeira comum; 
• Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a 
pessoa que a utiliza; 
• É mais seguro subir rampas ou degraus de frente. Para descer, é mais 
seguro de costas; 
• Para subir um degrau, incline a cadeira para trás, levante as rodinhas da 
frente para apoiá-las sobre o degrau; 
• Para descer um degrau, é mais seguro fazê-lo de marcha a ré, sempre 
apoiando acadeira, para que a descida seja sem solavancos; 
• Para subir ou descer mais de um degrau em sequência, é mais seguro 
pedir a ajuda de outra pessoa; 
• Se você estiver acompanhando uma pessoa com deficiência que anda 
devagar, procure acompanhar o passo dela; 
• Sempre mantenha as muletas ou bengalas próximas à pessoa com 
deficiência; 
• Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for 
visitar algum local com uma pessoa com deficiência motora; 
• Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, fazer 
movimentos involuntários com pernas e braços, apresentar expressões 
estranhas no rosto e ter dificuldade para falar. Não se intimide com isso. 
São pessoas como você. Geralmente, têm inteligência normal ou, às 
vezes, até acima da média; 
• Se você não compreender o que a pessoa está dizendo, peça para que 
repita. 
• Isso demonstra interesse e respeito e as pessoas com dificuldades de 
comunicação não se incomodam de repetir. 
Sugestões para adaptar o ambiente escolar às pessoas com 
deficiência física 
A Secretaria de Educação Especial do MEC - Ministério da Educação 
sugere: 
• O acesso físico é a preocupação fundamental para estes estudantes, 
devido a dificuldades de locomoção ou ao uso de cadeira de rodas. Isto 
implica a existência de percursos em que o aluno possa se movimentar 
mais facilmente de uma aula para as outras, ou seja, em que não tenha 
de se defrontar com barreiras arquitetônicas. Por isso, aconselhamos 
verificar se há caminhos mais fáceis para o aluno utilizar, sem obstáculos; 
• Estes estudantes podem eventualmente atrasar-se, ao ir de uma sala 
para outra, principalmente quando as aulas não são todas no mesmo 
prédio. Pode sernecessário fazer algumas adaptações que permitam ao 
aluno frequentar aulas no laboratório; 
• Se for possível, trabalhe diretamente com o aluno para criar um local 
acessível, promovendo a participação dele em todas as tarefas; 
• Se a classe fizer um passeio, é importante incluir os alunos com 
deficiência. 
Deficiência múltipla 
Sinais de surdocegueira: 
• Déficit de audição e visão; 
• Atraso significativo no desenvolvimento global (motor e cognitivo); 
• Ausência de fala; 
• Dificuldade em estabelecer relações com o outro; 
• Tendência ao isolamento pela falta de comunicação; 
• Chora, geme e faz movimentos corporais como formas de comunicação. 
O que você pode fazer? 
Orientar os pais a procurar profissional especializado. 
Deficiência mental 
Sinais de deficiência mental: 
• Atraso no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora para 
firmar a cabeça, sentar, andar, falar). 
• Dificuldade no aprendizado (dificuldade de compreensão de normas e 
ordens, dificuldade no aprendizado escolar). 
• É preciso que haja vários sinais para que se suspeite de deficiência 
mental. Um único aspecto não pode ser considerado como indicativo de 
qualquer deficiência. 
O que você pode fazer? 
Nem sempre é fácil o diagnóstico da deficiência mental, porque os sinais 
podem ser indicadores de problemas de outra ordem, como as questões 
emocionais que interferem no aprendizado. Portanto, o professor deve ser 
cuidadoso e procurar descartar esta possibilidade antes de encaminhar a 
família para um diagnóstico de deficiência. 
Este tipo de diagnóstico é feito por uma equipe multiprofissional composta 
por psicólogo, médico e assistente social. Tais profissionais, atuando em 
equipe, têm condições de avaliar o indivíduo em sua totalidade, ou seja,o assistente socialatravés do estudo e diagnóstico familiar (dinâmica de 
relações, situação da pessoa com deficiência na família, aspectos de 
aceitação ou não das dificuldades da pessoa, etc.) analisará os aspectos 
socioculturais; o médico através de entrevista detalhada e exame físico 
(recorrendo a avaliações laboratoriais ou de outras especialidades, 
sempre que necessário) analisará os aspectos biológicos e finalmente o 
psicólogo que, através da entrevista, observação e aplicação de testes, 
provas e escalas avaliativas específicas, avaliará os aspectos 
psicológicos e nível de deficiência mental. 
Dicas de convivência 
Mitos sobre deficiência mental: 
• Toda pessoa com deficiência mental é doente; 
• Pessoas com deficiência mental morrem cedo, devido a “graves” e 
“incontornáveis” problemas de saúde; 
• Pessoas com deficiência mental precisam usar remédios controlados; 
• Pessoas com deficiência mental são agressivas e perigosas, ou dóceis 
e cordatas; 
• Pessoas com deficiência mental são generalizadamente incompetentes; 
• Existe um culpado pela condição de deficiência; 
• Meio ambiente pouco pode fazer pelas pessoas com deficiência; 
• Pessoas com deficiência mental só estão “bem” com seus “iguais”; 
• Para o aluno com deficiência mental, a escola é apenas um lugar para 
exercer alguma ocupação fora de casa. 
Como tratar pessoas com deficiência mental? 
• Aja naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência mental; 
• Trate-a com respeito e consideração, de acordo com sua idade; 
• Não a ignore. Cumprimente e despeça-se dela normalmente, como faria 
comqualquer pessoa; 
• Dê atenção a ela, converse e vai ver como pode ser agradável; 
• Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência mental 
levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades 
intelectuais e sociais. 
Alunos com deficiência mental 
• Não subestime a inteligência das pessoas com deficiência mental! 
Encoraje as perguntas e a expressão de suas opiniões; 
• Não superproteja as pessoas com deficiência mental. Deixe que ela faça 
ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for 
realmente necessário; 
• Valorize mais o processo do que o resultado. Mas não ignore os 
resultados, eles também devem ser esperados e cobrados do aluno com 
deficiência mental; 
• Promova a participação em atividades estimulantes e diversificadas; 
• Respeite as preferências, os gostos e as decisões da pessoa. 
Noções sobre as Principais Síndromes 
Síndrome de Asperger 
A Síndrome de Asperger é um Transtorno Global do Desenvolvimento 
(TGD), resultante de uma desordem genética, e que apresenta muitas 
semelhanças com relação ao autismo. 
Ao contrário do que ocorre no autismo, contudo, crianças com Asperger 
não apresentam grandes atrasos no desenvolvimento da fala e nem 
sofrem com comprometimento cognitivo grave. Esses alunos costumam 
escolher temas de interesse, que podem ser únicos por longos períodos 
de tempo - quando gostam do tema “dinossauros”, por exemplo, falam 
repetidamente nesse assunto. Habilidades incomuns, como memorização 
de sequências matemáticas ou de mapas, são bastante presentes em 
pessoas com essa síndrome. 
Na infância, essas crianças apresentam déficits no desenvolvimento 
motor e podem ter dificuldades para segurar o lápis para escrever. 
Estruturam seu pensamento de forma bastante concreta e não 
conseguem interpretar metáforas e ironias - o que interfere no processo 
de comunicação. Além disso, não sabem como usar os movimentos 
corporais e os gestos na comunicação não-verbal e se apegam a rituais, 
tendo dificuldades para realizar atividades que fogem à rotina. 
Como lidar com a Síndrome de Asperger na escola? 
As recomendações são semelhantes às do autismo. Respeite o tempo de 
aprendizagem do aluno e estimule a comunicação com os colegas. 
Converse com ele de maneira clara e objetiva e apresente as atividades 
visualmente, para evitar ruídos na compreensão do que deve ser feito. 
Também é aconselhável explorar os temas de interesse do aluno para 
abordar novos assuntos, ligados às expectativas de aprendizagem. Se ele 
tem uma coleção de carrinhos, por exemplo, utilize-a para introduzir o 
sistema de numeração. Ações que escapam à rotina devem ser 
comunicadas antecipadamente. 
Síndrome de Williams 
A Síndrome de Williams é uma desordem no cromossomo 7 que atinge 
crianças de ambos os sexos. Desde o primeiro ano de vida, essas 
crianças costumam irritar-se com facilidade - boa parte tem 
hipersensibilidade auditiva - e demonstram dificuldades para se alimentar. 
Problemas motores e falta de equilíbrio também são comuns: demora 
para começar a andar, incapacidade para cortar papel, amarrar os 
sapatos ou andar de bicicleta, por exemplo. Por outro lado, há um grande 
interesse por música, boa memória auditiva e muita facilidade na 
comunicação. Pessoas com essa síndrome sorriem com frequência, 
utilizam gestos e mantêm o contato visual para comunicar-se. 
Problemas cardíacos, renais e otites frequentes costumam acometer 
crianças com essa síndrome. Por isso, é importante manter um 
acompanhamento clínico para evitar o agravamento de doenças 
decorrentes. Na adolescência, escolioses também podem aparecer. 
Como lidar com a Síndrome de Williams na escola? 
A sociabilidade não é um problema para crianças com Síndrome de 
Williams. Mas é preciso tomar cuidado com a ansiedade desses alunos. 
Geralmente eles se preocupam demais com determinados assuntos. 
Conte com o apoio do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e 
respeite o tempo de aprendizagem de cada um. 
Atividades com música atraem a atenção dessas crianças, tanto pela 
sensibilidade auditiva, quanto pela boa memória. 
Também é comum que crianças com síndrome de Williams procurem 
fazer amizades com adultos e não se aproximem tanto das crianças da 
mesma idade. Estimular o contato do aluno com os colegas, portanto, é 
fundamental para o desenvolvimento escolar. 
Síndrome de Down 
A Síndrome de Down é definida por uma alteração genética caracterizada 
pela presença de um terceiro cromossomo de número 21, o que também 
é chamado de trissomia do 21. T 
rata-se de uma deficiência caracterizada pelo funcionamento intelectual 
inferior à média, que se manifesta antes dos 18 anos. Além do déficit 
cognitivo e da dificuldade de comunicação, a pessoa com Síndrome de 
Down apresenta redução do tônus muscular, cientificamente chamada de 
hipotonia. Também são comuns problemas na coluna, na tireóide, nos 
olhos e no aparelho digestivo. Muitas vezes, a criança com essa 
deficiência nasce com anomalias cardíacas, solucionáveis com cirurgias. 
A origem da Síndrome de Down é de difícil identificação e engloba fatores 
genéticos e ambientais. As causas são inúmeras e complexas, 
envolvendo fatores pré, peri e pós-natais. 
A Síndrome de Down na sala de aula 
A primeira regra para a inclusão de crianças com Down é a repetição das 
orientações em sala de aula para que o estudante possa compreendê-las. 
Odesempenho melhora quando as instruções são visuais. Por isso, é 
importante reforçar comandos e solicitações com modelos que ele possa 
ver, de preferência com ilustrações grandes e chamativas, com cores e 
símbolos de fácil compreensão. A linguagem verbal, por sua vez, deve 
ser simples. 
Uma dificuldade de quem tem a síndrome, em geral, é cumprir regras. 
Muitas famílias não repreendem o filho quando ele faz algo errado, como 
morder e pegar objetos que não lhe pertencem. Não faça isso. O ideal é 
adotar o mesmo tratamento dispensado aos demais. Eles têm de cumprir 
regras e fazer o que os outros fazem. Se não conseguem ficar o tempo 
todo em sala, estabeleça combinados, mas não seja permissivo. 
Mantenha as atividades no nível das capacidades da criança, com 
desafios gradativos. Isso aumenta o sucesso na realização dos trabalhos. 
Planeje pausas entre as atividades. O esforço para desenvolver

Continue navegando

Outros materiais