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Estudo intensivo OAB Direito Internacional Profa. Alice Rocha @profalicerocha 2 Organizando os temas • Direito Internacional Público Estrangeiro Imunidade diplomática • Direito Internacional Privado Competência Elementos de conexão 3 •Direito Internacional Público Estrangeiro Fica no Brasil Sai do Brasil *Fundamento legal: Lei n. 13.445 de 24 de maio de 2017 Dec. 9.199 de 20 de novembro de 2017 Constituição Federal de 1988 4 Fica no Brasil • Visto • Asilado • Refugiado 5 • VISTO: Não é um direito, e sim mera cortesia. Ato discricionário do Estado. Não garante o ingresso do estrangeiro no país, sendo mera expectativa de direito. Individual, podendo se estender a dependentes legais. 6 • Espécies de visto (art. 12 da lei 13.445/17) I - de visita; II - temporário; III - diplomático; IV - oficial; V - de cortesia. Art. 6o O solicitante poderá possuir mais de um visto válido, desde que os vistos sejam de tipos diferentes. (Regulamento) 7 Visto de visita Art. 13. O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência, nos seguintes casos: I - turismo; II - negócios; III - trânsito; IV - atividades artísticas ou desportivas; e V - outras hipóteses definidas em regulamento. § 1o É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer atividade remunerada no Brasil. § 2o O beneficiário de visto de visita poderá receber pagamento do governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despesas com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos ou culturais. § 3o O visto de visita não será exigido em caso de escala ou conexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área de trânsito internacional. 8 Visto temporário Art. 14. O visto temporário poderá ser concedido ao imigrante que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por tempo determinado e que se enquadre em pelo menos uma das seguintes hipóteses: I - o visto temporário tenha como finalidade: a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; b) tratamento de saúde; c) acolhida humanitária; d) estudo; e) trabalho; f) férias-trabalho; g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; i) reunião familiar; j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado; II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos; III - outras hipóteses definidas em regulamento. 9 Visto oficial, diplomático e de cortesia Art. 16. Os vistos diplomático e oficial poderão ser concedidos a autoridades e funcionários estrangeiros que viajem ao Brasil em missão oficial de caráter transitório ou permanente, representando Estado estrangeiro ou organismo internacional reconhecido. § 1º Não se aplica ao titular dos vistos referidos no caput o disposto na legislação trabalhista brasileira. § 2º Os vistos diplomático e oficial poderão ser estendidos aos dependentes das autoridades referidas no caput . Art. 15 Parágrafo único. Os vistos diplomático e oficial poderão ser transformados em autorização de residência, o que importará cessação de todas as prerrogativas, privilégios e imunidades decorrentes do respectivo visto. 10 Art. 17. O titular de visto diplomático ou oficial somente poderá ser remunerado por Estado estrangeiro ou organismo internacional, ressalvado o disposto em tratado que contenha cláusula específica sobre o assunto. Parágrafo único. O dependente de titular de visto diplomático ou oficial poderá exercer atividade remunerada no Brasil, sob o amparo da legislação trabalhista brasileira, desde que seja nacional de país que assegure reciprocidade de tratamento ao nacional brasileiro, por comunicação diplomática. Art. 18. O empregado particular titular de visto de cortesia somente poderá exercer atividade remunerada para o titular de visto diplomático, oficial ou de cortesia ao qual esteja vinculado, sob o amparo da legislação trabalhista brasileira. Parágrafo único. O titular de visto diplomático, oficial ou de cortesia será responsável pela saída de seu empregado do território nacional. 11 Asilo O asilo político, que constitui ato discricionário do Estado, poderá ser concedido como instrumento de proteção à pessoa que se encontre perseguida em um Estado por suas crenças, opiniões e filiação política ou por atos que possam ser considerados delitos políticos. NÃO será concedido a quem tenha praticado os crimes do Estatuto de Roma. - Pode ser de dois tipos: diplomático: quando o requerente está em país estrangeiro e pede asilo à embaixada brasileira - ou territorial: quando o requerente está em território nacional. Se concedido, o requerente estará ao abrigo do Estado brasileiro, com as garantias devidas. - O solicitante de asilo político fará jus à autorização provisória de residência, demonstrada por meio de protocolo, até a obtenção de resposta do seu pedido. - A saída do País sem prévia comunicação ao Ministério das Relações Exteriores implicará renúncia ao asilo político. 12 Refúgio -concedido ao imigrante por fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. -enquanto tramita um processo de refúgio, pedidos de expulsão ou extradição ficam em suspensos. -o refúgio tem diretrizes globais definidas e possui regulação pelo organismo internacional ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. -No Brasil, a matéria é regulada pela Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, que criou o Comitê Nacional para os Refugiados – Conare, e pela Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados , de 28 de julho de 1951. *Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública. 13 Sai do Brasil • Afastamento compulsório de estrangeiro • Repatriação • Deportação • Expulsão • Extradição 14 Afastamento compulsório de estrangeiro • Observância da lei 9474/97 • A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas para o país de nacionalidade ou de procedência do migrante ou do visitante, ou para outro que o aceite, em observância aos tratados dos quais o Brasil seja parte. • Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão de nenhum indivíduo quando subsistirem razões para acreditar que a medida poderá colocar em risco sua vida, sua integridade pessoal ou sua liberdade seja ameaçada por motivo de etnia, religião, nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política. • As medidas de retirada compulsória não serão feitas de forma coletiva. 15 Repatriação • Medida administrativa da devolução ao país de procedência ou de nacionalidade da pessoa em situação de impedimento de ingresso, identificada no momento da entrada no território nacional. • Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de sua família, EXCETO nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer caso, medida de devolução para país ou região que possa apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa. 16 Deportação • Medida decorrente de procedimento administrativo da qual resulta a retirada compulsória da pessoa que se encontre em situação migratória irregular no território nacional. • Os procedimentos concernentes à deportação observarão os princípios do contraditório, da ampla defesa e da garantia de recurso com efeito suspensivo. • A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a regularização não inferiora 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares. • A notificação não impede a livre circulação em território nacional, devendo o deportando informar seu domicílio e suas atividades. • A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da notificação de deportação para todos os fins. • Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização da autoridade competente. • Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela legislação brasileira. 17 Expulsão • Medida administrativa da retirada compulsória do território nacional instaurada por meio de Inquérito Policial de Expulsão, conjugada com impedimento de reingresso por prazo determinado do imigrante ou do visitante com sentença condenatória transitada em julgado pela prática de: I – crimes tipificados no Estatuto de Roma (TPI) a) crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de guerra; ou d) crime de agressão; ou II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização no território nacional. 18 Vedação a expulsão • Não procederá à expulsão quando: I - a medida configurar extradição não admitida pela lei brasileira; II - o expulsando: a) tiver filho brasileiro que esteja sob a sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob a sua tutela; b) tiver cônjuge ou companheiro residente no País, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente; c) tiver ingressado no País antes de completar os doze anos de idade, desde que resida, desde então, no País; ou d) seja pessoa com mais de setenta anos que resida no País há mais de dez anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão. *Atenção – Sumula 421 STF Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 19 • Os procedimentos concernentes à expulsão observarão os princípios do contraditório e da ampla defesa. • Publicado o ato do Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública que disponha sobre a expulsão e o prazo determinado de impedimento para reingresso no território nacional, o expulsando poderá interpor pedido de reconsideração no prazo de dez dias, contado da data da sua notificação pessoal. • A existência de procedimento de expulsão NÃO impedirá a saída do expulsando do País. A saída voluntária do expulsando não suspenderá o processo de expulsão. Quando verificado que o expulsando com expulsão já decretada tenha comparecido a ponto de fiscalização para deixar voluntariamente o País, será lavrado termo e registrada a saída do território nacional como expulsão. 20 Extradição • Medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso. • Será requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para esse fim. • Atenção – necessidade de tratado ou promessa de reciprocidade. • Vedada a extradição de brasileiro NATO! • NATURALIZADO - Art. 5º LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 21 Vedação a extradição NÃO se concederá a extradição quando: I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato; II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos; V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; VII - o fato constituir crime político ou de opinião; VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei no 9.474, de 22 de julho de 1997, ou de asilo territorial. 22 • Competência para processar e julgar o processo de extradição: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; Atenção – STF pode deixar de considerar crime politico o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer autoridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra, genocídio e atos terroristas. Importante: Diferença entre extradição e entrega: mecanismo por meio do qual o Estado ENTREGA (coloca à disposição) para julgamento do Tribunal Penal Internacional, que entrou em funcionamento em 2002, pessoa acusada de delito internacional de competência deste organismo. 23 Quem pode requerer: Art. 83. São condições para concessão da extradição: I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade. Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. § 1o Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessivamente: I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos forem simultâneos. 24 FGV - OAB UNIFICADO - XIV Exame/2014 A respeito da condição jurídica do estrangeiro, disciplinada pela Lei n. 6.815/80, assinale a afirmativa correta. a) Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida a sua expulsão. b) Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida. c) A República Federativa do Brasil não extradita os seus nacionais, salvo em caso de reciprocidade. d) Conceder-se-á extradição mesmo quando o fato constituir crime político e o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção. 25 FGV - OAB UNIFICADO - XIII Exame/2014 A respeito da extradição e/ou expulsão de estrangeiro do Brasil, assinale a afirmativa correta. a) É passível de extradição o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem pública ou social, a tranquilidade ou a moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. b) É passível de extradição o estrangeiro que praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil. c) Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a oportunidade de expulsão do estrangeiro ou de sua revogação. d) A expulsão do estrangeiro não poderá efetivar-se se houver processo ou ocorrido condenação. 26 •Direito Internacional Público Imunidade diplomática 27 Relações diplomáticas • Regidas pelo consentimento mútuo e reciprocidade. • Imunidades e privilégios diplomáticos: baseados no direito de império 1. Imunidade pessoalde natureza tributária: membros da missão são isentos de impostos e taxas de qualquer nível. Exceções: impostos indiretos de mercadorias, taxas de registro e hipoteca de imóveis (art. 34 CV/61) 2. Imunidades reais de natureza tributária: os bens da missão também são isentos de impostos de todos os níveis. Os bens próprios dos diplomatas ou utilizados para fins comerciais pagam. 3. Imunidades de natureza trabalhista: os agentes se submetem a normas do Estado acreditador quando contratam seus nacionais. 4. Imunidades da missão diplomática: direito a inviolabilidade do local da missão, correios (de forma ampla, pode ser visto por raio x) e documentos e arquivos. Não pode entrar nem com mandato judicial sem a expressa autorização do acreditante. • Pela inviolabilidade do local da missão pode assegurar asilo a perseguidos políticos no Estado acreditador. Embaixada é território do país acreditador. • Extensão a familiares, inclusive em caso de falecimento do agente diplomático. (art. 39 CV/61) 28 Imunidade de jurisdição x Imunidade de execução • Artigo 31 CV/61 1. O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de: a) uma ação real sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditado para os fins da missão. b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a titulo privado e não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário. c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais. 2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha. 3. O agente diplomático não esta sujeito a nenhuma medida de execução a não ser nos casos previstos nas alíneas " a ", " b " e " c " do parágrafo 1 deste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência. 4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante. ATENÇÃO: O Estado acreditante pode renunciar da imunidade de jurisdição e de execução, de forma expressa e independente. 29 Questão - FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado - V A embaixada de um estado estrangeiro localizada no Brasil contratou um empregado brasileiro para os serviços gerais. No final do ano, não pagou o 13º salário, por entender que, em seu país, este não era devido. O empregado, insatisfeito, recorreu à Justiça do Trabalho. A ação foi julgada procedente, mas a embaixada não cumpriu a sentença. Por isso, o reclamante solicitou a penhora de um carro da embaixada. Com base no relatado acima, o Juiz do Trabalho decidiu A) deferir a penhora, pois a Constituição atribui competência à justiça brasileira para ações de execução contra Estados estrangeiros. B) indeferir a penhora, pois o Estado estrangeiro, no que diz respeito à execução, possui imunidade, e seus bens são invioláveis. C) extinguir o feito sem julgamento do mérito por entender que o Estado estrangeiro tem imunidade de jurisdição. D) deferir a penhora, pois o Estado estrangeiro não goza de nenhuma imunidade quando se tratar de ações trabalhistas. 30 Questão - FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XII Um agente diplomático comete um crime de homicídio no Estado acreditado. A respeito desse caso, assinale a afirmativa correta. A) Será julgado no Estado acreditado, pois deve cumprir as leis desse Estado. B) Poderá ser julgado pelo Estado acreditado desde que o agente renuncie a imunidade de jurisdição. C) Em nenhuma circunstância pode ser julgado pelo Estado acreditado. D) Poderá ser julgado pelo Estado acreditado, desde que o Estado acreditante renuncie expressamente à imunidade de jurisdição. 31 Questão - FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXI Aurélio, diplomata brasileiro, casado e pai de dois filhos menores, está em vias de ser nomeado chefe de missão do Brasil na capital de importante Estado europeu. À luz do disposto na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 56.435/65, assinale a afirmativa correta. A) A nomeação de Aurélio pelo Brasil não depende da anuência do Estado acreditado, visto se tratar de uma decisão soberana do Estado acreditante. B) Mesmo se nomeado, o Estado acreditado poderá considerar Aurélio persona non grata, desde que, para tanto, apresente suas razões ao Estado acreditante, em decisão fundamentada. Se acolhidas as razões apresentadas pelo Estado acreditado, Aurélio poderá ser retirado da missão ou deixar de ser reconhecido como membro da missão. C) Os privilégios e as imunidades previstos estendidos à mulher e aos filhos de Aurélio cessam de imediato, na hipótese de falecimento de Aurélio. D) Se nomeado, a residência de Aurélio gozará da mesma inviolabilidade estendida ao local em que baseada a missão do Brasil no Estado acreditado. 32 •Direito Internacional Privado Competência 33 Competência internacional Limites da jurisdição brasileira em relação a tribunais estrangeiros. 1. Competência concorrente 2. Competência exclusiva 34 Competência concorrente • Juiz brasileiro e estrangeiro podem conhecer e julgar a causa, que posteriormente poderá ser executada no Brasil mediante a homologação de sentença estrangeira. • Art. 21 e 22 CPC Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.35 Ausência de litispendência (art. 24 CPC) Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. 36 Competência exclusiva • Judiciário brasileiro deve conhecer e julgar a demanda em relação a assuntos específicos que se for julgada por autoridade estrangeira, não produzirá efeitos no Brasil. • Art. 23 CPC Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 37 Autonomia da vontade Novo CPC Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quandohouver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. 38 •Direito Internacional Privado Elementos de conexão 39 Qualificação Elemento de conexão Começo e fim da personalidade; nome; capacidade e direitos de família (art. 7º caput LINDB) Domicílio Qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes (art. 8º caput LINDB) Lei do país em que estiverem situados Qualificar e reger as obrigações (art. 9º caput LINDB) País em que se constituírem (locus regit actum) Impedimentos dirimentes e formalidades para casamento no Brasil (art. 7 §1 LINDB) Lei brasileira Regime de bens (legal ou convencional)/invalidade de matrimônio (art. 7º §§ 3 e 4 LINDB) Domicílio conjugal (primeiro se diverso) Sucessão por morte ou por ausência (art. 10 caput LINDB) Domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens * § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 40 (FGV/OAB 2014) Túlio, brasileiro, é casado com Alexia, de nacionalidade sueca, estando o casal domiciliado no Brasil. Durante um cruzeiro marítimo, na Grécia, ela, após a ceia, veio a falecer em razão de uma intoxicação alimentar. Alexia, quando ainda era noiva de Túlio, havia realizado um testamento em Lisboa, dispondo sobre os seus bens, entre eles, três apartamentos situados no Rio de Janeiro. À luz das regras de Direito Internacional Privado, assinale afirmativa correta. a) Se houver discussão acerca da validade do testamento, no que diz respeito à observância das formalidades, deverá ser aplicada a legislação brasileira, pois Alexia encontrava se domiciliada no Brasil. b) Se houver discussão acerca da validade do testamento, no que diz respeito à observância das formalidades, deverá ser aplicada a legislação portuguesa, local em que foi realizado o ato de disposição da última vontade de Alexia. c) A autoridade judiciária brasileira não é competente para proceder ao inventário e à partilha de bens, porquanto Alexia faleceu na Grécia, e não no Brasil d) Se houver discussão acerca do regime sucessório, deverá ser aplicada a legislação sueca, em razão da nacionalidade do de cujus. 41 (FGV/OAB XXIV – 2017) Roger, suíço radicado no Brasil há muitos anos, faleceu em sua casa no Rio Grande do Sul, deixando duas filhas e um filho, todos maiores de idade. Suas filhas residem no Brasil, mas o filho se mudara para a Suíça antes mesmo do falecimento de Roger, lá residindo. Roger possuía diversos bens espalhados pelo sul do Brasil e uma propriedade no norte da Suíça. Com referência à sucessão de Roger, assinale a afirmativa correta. a) Se o inventário de Roger for processado no Brasil, sua sucessão deverá ser regulada pela lei suíça, que é a lei de nacionalidade de Roger. b) A capacidade do filho de Roger para sucedê-lo será regulada pela lei suíça. c) Se Roger tivesse deixado testamento, seria aplicada, quanto à sua forma, a lei da nacionalidade dele, independentemente de onde houvesse sido lavrado. d) O inventário de Roger não poderá ser processado no Brasil, em razão de existirem bens no estrangeiro a partilhar. 42 Bônus – homologação de sentença • Art. 733 CPC: no divórcio consensual, não havendo filhos incapazes e observada a lei, poderá ser realizada por escritura pública que, de acordo com o §1º do mesmo artigo, não dependerá de homologação judicial. • + • Art. 961 par. 5º do CPC: “A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça.” 43 (FGV/OAB XXIV– 2017) Henrique e Ruth se casaram no Brasil e se mudaram para a Holanda, onde permaneceram por quase 4 anos. Após um período difícil, o casal, que não tem filhos, nem bens, decide, de comum acordo, se divorciar e Ruth pretende retornar ao Brasil. Com relação à dissolução do casamento, assinale a afirmativa correta. A) O divórcio só poderá ser requerido no Brasil, eis que o casamento foi realizado no Brasil. B) O divórcio, se efetivado na Holanda, precisa ser reconhecido e homologado perante o STJ para que tenha validade no Brasil. C) O divórcio consensual pode ser reconhecido no Brasil sem que seja necessário proceder à homologação. D) Para requerer o divórcio no Brasil, o casal deverá, primeiramente, voltar a residir no país. 44 45
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