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Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires Aprendizagem pelas consequências: o controle aversivo – Cap 4 • Reforço negativo e punição (positiva ou negativa) também são consequências do comportamento que exercem controle sobre ele, pois interferem na probabilidade de sua ocorrência futura. • Controle aversivo: o indivíduo se comporta para que algo não aconteça, ou seja, para subtrair um estímulo do ambiente ou para fazer com que ele nem mesmo ocorra. • Não existem estímulos eminentemente aversivos que sejam aversivos para todas as pessoas. • Estímulos aversivos são aqueles que reduzem a frequência do comportamento que as produzem (estímulos punidores positivos), ou aumentam a frequência do comportamento que o retiram (estímulos reforçadores negativos). Contingências de reforço negativo • Reforço (porque houve um aumento na frequência/probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer) negativo (porque a consequência foi a retirada de um estímulo do ambiente). Ou seja, um estímulo é retirado do ambiente. Comportamento de fuga e comportamento de esquiva • São mantidos por reforço negativo. • Um comportamento é uma fuga quando um determinado estímulo aversivo está presente no ambiente, e esse comportamento retira-o do ambiente. • O comportamento de esquiva ocorre quando um determinado estímulo aversivo não está presente no ambiente, e emitir esse comportamento faz com que o estímulo não apareça ou demore mais para aparecer. • A fuga é sempre a primeira a ser aprendida. • De início, somos modelados a emitir respostas que retirem estímulos aversivos já presentes. Não temos como explicar o comportamento que ocorre sob o controle de algo que não está ocorrendo ainda. Punição • É um tipo de consequência do comportamento que torna sua ocorrência menos provável. O efeito da contingência é a redução da frequência ou da probabilidade de ocorrência desse comportamento no futuro. • Para dizer se houve uma punição, é necessário que se observe uma diminuição na frequência do comportamento. Por isso, não existe um estímulo que seja punidor por natureza, só podemos dizer que o estímulo é punidor, caso ele reduza a frequência do comportamento do qual é consequente. Dois tipos de punição • Punição positiva: diminui a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente pela adição de um estímulo aversivo (punitivo) ao ambiente. • Punição negativa: diminui a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente pela retirada de um estímulo reforçador do ambiente. Suspensão da contingência punitiva: recuperação da resposta • Um comportamento que fora punido pode deixar de ser e talvez tenha sua frequência restabelecida • Recuperação da resposta. • A fim de que o comportamento volte a ocorrer com a quebra da contingência de punição, o reforço deve ser mantido, e o organismo deve se expor outra vez à contingência. É fundamental que o organismo se exponha outras vezes à contingência para que ele discrimine a mudança. Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires • Um dos objetivos terapêuticos é criar condições para que o cliente se exponha novamente às contingências. Punição negativa e extinção • Na extinção, um comportamento produzia uma consequência reforçadora. Já na punição negativa, um comportamento passa a ter uma nova consequência, a qual é a perda de reforçadores. • A punição suprime rapidamente a resposta, enquanto a extinção produz uma diminuição gradual na probabilidade de ocorrência da resposta. Efeitos colaterais do controle aversivo • O controle aversivo é uma forma eficiente de aumentar ou diminuir a probabilidade de emissão do comportamento. Punir comportamentos inadequados ou indesejados é muito mais fácil e tem efeitos mais imediatos do que reforçar positivamente comportamentos adequados. Porém, possui alguns efeitos colaterais. Eliciação de respostas emocionais • Desvantagens: ao observar as respostas emocionais do organismo punido, também elicia respostas emocionais (pena ou culpa) no indivíduo que pune. Elas também são aversivas e podem fazer com que o indivíduo passe a liberar reforçadores ao organismo punido como forma de se esquivar dos sentimentos de pena ou culpa. Esse comportamento gera duas consequências: 1. Reforçar respostas emocionais; 2. Condicionamento do estímulo aversivo com reforçadores. Quem pune ou reforça negativamente em excesso também pode se tornar um estímulo aversivo condicionado. A apresentação de reforço negativo pode eliciar respostas reflexas que dificultam a emissão do comportamento operante que retiraria o estímulo aversivo Supressão de outros comportamentos além do punido • Outros comportamentos que estiverem ocorrendo temporalmente próximos ao momento da punição podem ter sua frequência reduzida. • Esse efeito pode ser prejudicial na terapia, caso o terapeuta puna algum comportamento e outros comportamentos deixem de ocorrer durante a sessão. Emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido • Após a punição de um comportamento, os organismos, em geral, passam a emitir uma segunda resposta que torne improvável a repetição do comportamento punido (resposta incompatível ou controladora). É uma forma de o organismo controlar seu próprio comportamento. Porém, tais respostas incompatíveis tornam impossível para o organismo discriminar que a contingência de punição não está mais em vigor. Contracontrole • O organismo controlado emite uma nova resposta que impede que o agente controlador mantenha o controle sobre o seu comportamento. Garante que o comportamento punido continue a ocorrer sem entrar em contato com a punição Por que punimos tanto? • Imediaticidade da consequência; • Eficácia não dependente da privação: para controlar positivamente um comportamento é necessário identificar o que é reforçador para o indivíduo em questão. Reforçadores primários só são eficazes quando o organismo está em privação deles. Já o estímulo aversivo é sempre aversivo; • Facilidade no arranjo de contingências. Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires Alternativas ao controle aversivo • Reforço positivo em lugar de reforço negativo; • Extinção em vez de punição: método menos aversivo, mas também gera respostas emocionais. Uma desvantagem da extinção é que nem sempre podemos suprimir o reforçador que mantém o comportamento indesejado; • Reforçamento diferencial: como alternativa à punição, é possível extinguir a resposta indesejada e reforçar comportamentos alternativos. Os efeitos emocionais da extinção seriam atenuados, uma vez que o organismo continuaria a entrar em contato com os reforçadores contingentes a outros comportamentos. Além disso, produziria o aumento da probabilidade de emissão dos comportamentos desejáveis; Aumento da densidade de reforços para alternativas: reforçar com mais frequência outros comportamentos do que os indesejáveis, mesmo que se mantenha o reforçamento para os indesejáveis também, mas com frequência e magnitude bem menores do que a dada para seus demais relatos verbais. Podemos reforçar com muita frequência outros comportamentos, para que ocupem o espaço daquele comportamento cuja frequência queremos diminuída. É a intervenção mais lenta, mas a mais aversiva, trazendomenos efeitos colaterais indesejados PRINCIPAIS CONCEITOS • : Controle do comportamento por contingências de reforçamento negativo e punição (positiva e negativa). • Aumento da frequência de um comportamento que tem como consequência o adiamento da apresentação ou a retirada de um estímulo do ambiente Ex: O comportamento de mentir sobre ter feito o dever de casa pode ser fortalecido quando evita a apresentação de uma bronca. Ex: Quando a pessoa está numa situação desagradável, como uma pedra no sapato. O comportamento de retirar a pedra elimina o estímulo aversivo, e esse comportamento tenderá a se repetir sempre que esse incômodo se apresentar. • Estímulo que aumenta a frequência do comportamento que o retirou ou cuja adição reduz a frequência do comportamento que o produziu. Ex: Uma multa de trânsito pode ser um estímulo aversivo ao aumentar a probabilidade de frear o carro perto de um radar registrador de velocidade, bem como na medida em que pode diminuir a probabilidade do comportamento de dirigir acima da velocidade. • Comportamento mantido por reforçamento negativo que ocorre quando o estímulo aversivo já está presente no ambiente. A consequência reforçadora é a retirada do estímulo aversivo do ambiente. Ex: Um cliente está em uma sessão de terapia e o psicólogo faz perguntas que eliciam fortes respostas de ansiedade. O cliente foge ao ir embora da sessão, produzindo a retirada das perguntas ansiogênicas. Ex: Arrumar o quarto quando a mãe começa a brigar porque o quarto está bagunçado, tendo como consequência a mãe parar de brigar. • Comportamento mantido por reforçamento negativo que ocorre antes da apresentação do estímulo aversivo. A emissão da resposta evita a apresentação do estímulo aversivo. Ex: O cliente do exemplo anterior pode relatar eventos ao longo da sua semana de forma detalhada e, assim, não dar espaço para Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires que o terapeuta faça as perguntas ansiogênicas. Nesse caso, o comportamento de relatar será uma resposta de esquiva. Ex: Arrumar o quarto logo quando acorda, evitando as reclamações da mãe. • Consequência do comportamento que reduz sua frequência pela adição de um estímulo aversivo ao ambiente. Ex: Um adolescente volta para casa embriagado, toma uma bela surra de seu pai por ter bebido e não mais chega embriagado. Ex: Levar uma surra ao jogar bola dentro de casa e, em decorrência disso, não jogar mais nesse local. • Consequência do comportamento que reduz sua frequência pela retirada de um estímulo reforçador (de outros comportamentos) do ambiente. Ex: O adolescente do exemplo anterior volta para casa embriagado, perde a mesada por ter bebido e deixa de chegar embriagado. Ex: Não receber beijos da namorada por fumar e diminuir bastante o número de cigarros consumidos por dia. • Comportamento que reduz a probabilidade de emissão de um comportamento que foi punido no passado. Ex: O adolescente que apanhou do pai por chegar embriagado pode deixar o dinheiro e o cartão de crédito em casa, de modo que não tenha como comprar e ingerir bebidas alcoólicas quando sair com os amigos. • Comportamento que evita o controle aversivo administrado por um agente controlador. Ex: O adolescente do exemplo anterior, quando fica embriagado, inventa uma desculpa e dorme na casa dos amigos. Desse modo, evita a surra do pai. Ex: Ocorre quando um motorista freia o carro próximo a um radar medidor de velocidade, reduzindo a velocidade do automóvel para a permitida para aquela via. Ao fazê-lo, o motorista evita que o departamento de trânsito puna o seu comportamento de dirigir acima do limite de velocidade Questões de Estudo 1. Joãozinho quebrou uma janela de sua casa enquanto jogava bola e levou uma grande bronca. Depois disso, parou de jogar bola perto de casa. Com relação ao comportamento de jogar bola perto de casa, levar uma bronca funcionou como: a. punição positiva b. reforçamento negativo c. reforçamento positivo d. punição negativa e. extinção 2. Marina conversou demais ao telefone e a conta veio astronômica. Seu pai a proibiu de sair de casa por uma semana. A menina passou a usar bem menos o telefone. Com relação ao comportamento de falar ao telefone, não poder sair de casa funcionou como: a. punição positiva b. reforçamento positivo c. reforçamento negativo d. punição negativa e. reforçamento punitivo 3. Joãozinho quebrou um vaso de plantas. Quando sua mãe chegou em casa, perguntou-lhe quem havia quebrado o vaso. O garoto mentiu, dizendo que não sabia e, assim, evitou que sua mãe lhe desse uma surra. Joãozinho passou a mentir muito desde então. Com relação ao comportamento de mentir, não levar uma surra funcionou como: a. reforçamento negativo b. extinção operante c. reforçamento positivo d. punição negativa e. punição positiva 4. Joãozinho costumava chamar Juquinha (seu amigo) para jogar bola, e este sempre aceitava. Porém, Juquinha se mudou e, quando Joãozinho o chamava, ele não mais atendia. Com o tempo, Joãozinho parou de chamá-lo. Com relação ao comportamento de chamar Juquinha, a falta de aceite funcionou como: a. punição negativa b. punição positiva Professor: Rodrigo Cruvinel Análise Experimental do Comportamento Livro: Princípios Básicos de Análise do Comportamento, de Moreira e Medeiros @melissacaires c. extinção operante d. reforçamento negativo e. reforçamento positivo 5. Marivaldo foi jogar pôquer uma vez e ganhou. Passou a ir jogar com muita frequência, quase sempre ganhando. Com relação ao comportamento de jogar pôquer, ganhar funcionou como: a. reforçamento negativo b. extinção operante c. punição negativa d. reforçamento positivo e. punição negativa 6. De acordo com o referencial teórico da Análise do Comportamento, no comportamento de _______________, dizemos que o estímulo aversivo está presente no ambiente no momento em que o comportamento que o elimina é emitido. a. fuga b. abstrair c. atentar d. esquiva e. punir 7. Sobre o uso da punição como forma de controle do comportamento, é correto afirmar que: a. Sempre que possível, a punição positiva deve ser utilizada no lugar do reforço negativo, pois isso evita respostas de contracontrole, como a mentira, por exemplo. b. O uso da punição é bastante comum em nossa sociedade porque, ao contrário de contingências de reforço negativo, não se observam efeitos colaterais no comportamento de quem é punido. c. Embora a punição seja eficaz na diminuição da frequência de determinado comportamento, seu uso cotidiano é dificultado pela necessidade de privação específica de determinado estímulo para que funcione. d. Sempre que possível, a punição positiva deve ser utilizada em detrimento da negativa, já que a primeira não produz efeitos colaterais como, por exemplo, a eliciação de respostas emocionais. e. Uma das razões pelas quais o uso da punição é tão comum em nossa sociedade talvez seja o fato de que o comportamento de punir é imediatamente reforçado. 8. Sobre o uso da punição como forma de controle do comportamento, analise as seguintes proposições: I. Geralmente está associado à eliciação de respostas emocionais. II. Seu uso é preferível ao de extinção ou reforço de comportamentos incompatíveis com os comportamentos punidos. III. É bastante utilizada porque, ao contrário do reforço negativo, não gera respostas de contracontrole. 9. Uma mãe chega ao consultório de um psicólogo de orientação analítico-comportamental e faz o seguinte relato: “Meu filho, de 5 anos, é muito ‘levado’. Ele vive aprontando,fazendo bagunça e sendo mal-educado comigo. Quando ele faz essas coisas, eu lhe dou umas belas dumas palmadas. Funciona por um tempo – ele fica ‘pianinho’, mas depois ele volta a ‘tocar o terror’, principalmente quando não estou por perto. O que eu faço com esse menino, doutor?”. Com base na situação descrita pela mãe e no referencial teórico da Análise do Comportamento, analise as proposições a seguir: I. A mãe está fornecendo consequências reforçadoras negativas para os comportamentos inadequados de seu filho. II. Em termos técnicos, o procedimento utilizado pela mãe para tentar diminuir a frequência dos comportamentos inadequados de seu filho é a punição. III. “Tocar o terror” apenas quando a mãe está ausente pode ser considerado um exemplo de contracontrole.
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