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1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ E PÓS- PROCEDIMENTOS ANESTÉSICOS 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 2. ANESTESIA ........................................................................................................ 6 2.1 Tipos de Anestesia ....................................................................................... 7 3. AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA ....................................................................... 9 3.1 Ambulatórios ou Consultórios de Avaliação Pré-Anestésica ........................ 9 3.2 Ansiedade Pré-Operatória .......................................................................... 10 3.3 Avaliação Pré-Anestésica ........................................................................... 10 3.4 História Clínica ........................................................................................... 11 3.5 Alergia ........................................................................................................ 11 3.6 Miopatias .................................................................................................... 13 3.8 Anti-Hipertensivos ...................................................................................... 13 3.9 Hipoglicemiantes ........................................................................................ 14 3.10 Anticoagulantes .......................................................................................... 16 4. ANTIDEPRESSIVOS ........................................................................................ 18 5. FITOTERÁPICOS E SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS...................................... 19 5.1 Outras Drogas ............................................................................................ 19 6. ASPECTOS DO EXAME FÍSICO DE IMPORTÂNCIA E/OU RISCO DURANTE O ATO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO.......................................................................... 20 6.1 Pressão Arterial .......................................................................................... 20 6.2 Avaliação da Perviedade das Vias Aéreas ................................................. 20 6.3 Teste de Mallampati ................................................................................... 20 7. EXAMES LABORATORIAIS ............................................................................. 23 7.1 Tempo de Validade .................................................................................... 24 7.2 Consultas Especializadas ........................................................................... 24 7.3 Estado Clínico do Paciente ......................................................................... 25 7.4 Plano de Assistência Anestésica ................................................................ 27 7.5 Informações ao Paciente ou Responsável Adulto ...................................... 28 8. PÓS ANESTÉSICO .......................................................................................... 30 8.1 Organização ............................................................................................... 31 8.2 Admissão .................................................................................................... 32 8.3 Cuidados de Enfermagem .......................................................................... 32 9. CRITÉRIOS DE ALTA DA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA.... 34 9.1 Fluxo de Alta Para Cirurgias de Pequeno Porte ......................................... 35 9.2 Atenção à Respiração ................................................................................ 35 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A menção ao período que envolve o momento da cirurgia apresenta terminologia específica. Quando o paciente necessita de uma cirurgia e esta é agendada, diz-se que ele se encontra no período Peri operatório, que compreende as fases pré-operatória mediata e imediata, transoperatória, recuperação anestésica e pós-operatória. Neste estudo, enfatizam-se os cuidados de enfermagem realizados nas duas primeiras fases, ou seja, durante o período pré-operatório mediato e imediato, que compreende desde o momento em que se decide que a cirurgia - seja ela eletiva, de urgência ou de emergência - será realizada, até o momento que precede o ato cirúrgico, quando o paciente é encaminhado ao centro cirúrgico. O bem-estar do paciente deve constituir o principal objetivo dos profissionais que assistem o paciente cirúrgico, pois, no período pré-operatório, estes podem apresentar um alto nível de estresse, bem como desenvolver sentimentos que podem atuar negativamente em seu estado emocional, tornando-os vulneráveis e dependentes. Observa-se que, muitas vezes, o estado de estresse independe do grau de complexidade da cirurgia, assim como tem relação com a desinformação no que diz respeito aos procedimentos da cirurgia, à anestesia e aos cuidados a serem realizados. Na atenção ao paciente pré-cirúrgico, a equipe de enfermagem é responsável pelo seu preparo, estabelecendo e desenvolvendo diversas ações de cuidados de enfermagem, de acordo com a especificidade da cirurgia. Esses cuidados, por sua vez, são executados de acordo com conhecimentos especializados, para atender às necessidades advindas do tratamento cirúrgico. Estes cuidados incluem, ainda, orientação, preparo físico e emocional, avaliação e encaminhamento ao centro cirúrgico com a finalidade de diminuir o risco cirúrgico, promover a recuperação e evitar complicações no pós-operatório, uma vez que estas geralmente estão associadas a um preparo pré-operatórioinadequado. Considerando as características específicas do paciente cirúrgico, diversos trabalhos apontam e ressaltam a importância dos esforços para a obtenção da melhoria da qualidade da assistência de enfermagem. Nesse sentido, pode-se alcançar esta qualidade por meio da utilização do processo de enfermagem aplicado ao paciente cirúrgico, denominado Sistema de Assistência de Enfermagem Peri 4 operatório (SAEP). Este inicia no período pré-operatório, com a chegada do paciente ao hospital, e se estende até as 24 ou 48 horas seguintes ao ato anestésico-cirúrgico. Este modelo de assistência tem como finalidade principal o planejamento e a implementação dos cuidados ao paciente. Por essa razão, a importância da atuação do enfermeiro no período pré- operatório se destaca. Ao enfermeiro, compete o planejamento da assistência de enfermagem prestada ao paciente cirúrgico, o qual diz respeito às necessidades físicas e emocionais do paciente, além da orientação quanto à cirurgia propriamente dita e o preparo físico necessáriopara a intervenção cirúrgica. Ainda existem deficiências no que tange ao preparo físico, psicológico e espiritual do paciente realizados no pré-operatório, as quais não foram suficientemente investigadas na academia. Desta maneira, acredita-se que se deveria buscar uma maior qualidade e adequação nos cuidados realizados, avaliando suas reais necessidades, de modo que estes possam ser realizados individualmente, com a participação do paciente, bem como fundamentados em bases teóricas. Neste contexto é que a enfermagem é desafiada a oferecer uma assistência com qualidade no período pré-operatório. Essa assistência envolveria, então, o preparo físico e psicológico do paciente para a cirurgia, procurando fazer com que o paciente compreenda a assistência de enfermagem a ser realizada e qualquer possível desconforto que possa resultar destes cuidados prestados, esclarecendo suas dúvidas e buscando respostas as suas perguntas. Nesta perspectiva, encontram-se, na literatura da área, discussões, baseadas em evidências, sobre a prática da enfermagem, as quais levam a crer que esta busca o uso consciencioso, explícito e criterioso de informações, derivadas de teorias e pesquisas, para serem utilizadas a fim de fundamentar o planejamento da assistência, bem como da tomada de decisão sobre o cuidado prestado. O preparo realizado na fase pré-operatória, para a maioria dos pacientes submetidos a cirurgias eletivas, inicia-se na ocasião da admissão, pois a internação acontece no período pré-operatório imediato, ou seja, poucas horas antes do procedimento. Como este período é curto, existe a necessidade de rever a efetividade dos cuidados realizados no período pré-operatório e avaliar sua forma de execução, de modo a verificar se estes cuidados são realizados de maneira adequada ou de forma mecânica e rotineira, distanciada do cuidado direto e integral que deve ser prestado. 5 Desta maneira, o cuidado prestado ao paciente durante o período pré- operatório deve ser planejado de acordo com a individualidade de cada paciente, baseado em evidências científicas e determinado pelo estado de saúde do paciente, tipo de cirurgia, rotina implantada na instituição, tempo disponível entre a internação e a cirurgia e necessidades particulares apresentadas. 6 ANESTESIA No Brasil, de acordo com o artigo 4° da lei nº 12.842 de 10 julho de 2013 a realização da sedação profunda, bloqueios anestésicos e anestesia geral são procedimento privativo do médico anestesista e muda de acordo com as condições clinicas do paciente; doenças preexistentes; estado mental e psicológico; período de recuperação pós-operatória, tipo e duração do procedimento cirúrgico, além da posição do paciente durante a cirurgia (LEMOS; PENICHE, 2016.); Já o cirurgião é encarregado pela equipe cirúrgica e o ato cirúrgico, tendo que zelar pela boa formação profissional dos membros da equipe, garantindo ao paciente um procedimento cirúrgico ético, legal e seguro (GOMES, 2013). Figura 1: Procedimento Anestésico Fonte: https://multisaude.com.br//anestesias-conheca-os-tipos/ O centro cirúrgico (CC) é marcado por rotinas e equipamentos que os diferem dos outros, tornando um ambiente desconhecido e ameaçador para o paciente, por esse motivo o medo, ansiedade e os significados em relação ao procedimento anestésico cirúrgico vai se manifestando por ser um momento que marca a entrada do paciente em um ambiente desconhecido e possivelmente ameaçador, além da ausência de seus familiares. A equipe de enfermagem tem que se preocupar em prestar uma assistência em que as necessidades do paciente que passa por essa experiência cirúrgica seja 7 atendida, porque quando o paciente recebe uma assistência humanizada, é possível diminuir a insegurança que passa pelo seu imaginário (MENDONÇA; LOPES; RIBEIRO, 2016). Entretanto, o centro cirúrgico é constituído por atividades especificas do enfermeiro que tem grande responsabilidade, como, por exemplo, orientar e preparar carrinho cirúrgico, materiais para posicionamento do paciente, preparar salas cirúrgicas, testar equipamentos, auxiliar nos procedimentos anestésicos e cirúrgicos, além das atividades administrativas exclusivas do setor (GOMES, 2013). Durante o procedimento cirúrgico o paciente encontra-se em defesa e inteiramente sobre nossos cuidados (SALZANO, 1998). A anestesia é um medicamento aplicado para causar perda de sensação e colocar o corpo todo para dormir. 1. Tipos de Anestesia 1. Anestesia Geral – Aplicação de medicamentos que farão o paciente dormir e permanecer dormindo durante a cirurgia. Durante a cirurgia, o paciente não sentirá nada. 2. Anestesia Regional – Aplicação de medicamentos para bloquear a dor em uma parte do corpo sem fazer dormir. 3. Anestesia local – Aplicação de medicamentos no local da cirurgia para deixar uma pequena área do corpo insensível. 4. Anestesia com assistência anestésica monitorada – Aplicação de medicamentos para ajudar a relaxar durante o procedimento. O Paciente fica acordado e respirando normalmente. 8 Figura 2: Classificações/ Anestesia Fonte: (Brunner e Suddarth, 2016) 9 AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA O propósito principal da avaliação pré-operatória é reduzir a morbimortalidade do paciente cirúrgico. São também objetivos inerentes, minimizar a ansiedade pré- operatória, diminuir o custo do atendimento Peri operatório e possibilitar ao paciente a recuperação de suas funções em um ritmo adequado. Pasternak et al., em 2002, definiram avaliação pré-anestésica (APA) como parte da avaliação pré-operatória, constando de processo de avaliação clínica que precede a entrega dos cuidados da anestesia para a cirurgia e procedimentos não- cirúrgicos, nos quais são analisadas informações de múltiplas origens, que podem incluir registros médicos do paciente, entrevista, exame físico e achados de testes e de avaliações médicas. Os componentes da avaliação pré-anestésica podem ser indicados para vários propósitos, incluindo, mas não limitando, a descoberta ou a identificação de doenças que podem afetar o cuidado anestésico Peri operatório, a investigação de patologias preexistentes, o planejamento da anestesia e de alternativas específicas e a investigação da terapia médica ou alternativa, que pode afetar o cuidado anestésico pré-operatório. 3.1 Ambulatórios ou Consultórios de Avaliação Pré-Anestésica A avaliação pré-anestésica ideal deve ser realizada antes da internação, em ambulatório, como uma consulta comum. Estudos têm demonstrado que a avaliação pré-anestésica, realizada nos consultórios, clínicas ou ambulatórios de avaliação pré- anestésica, promove redução do tempo médio de permanência e de internação pré- operatória, devido ao aumento de admissões no mesmo dia da cirurgia e do número de pacientes submetidos a cirurgias em regime ambulatorial. Ocorre redução do número de cirurgias suspensas e do atraso do início das cirurgias. A avaliação pré-anestésica ambulatorial, além de permitir maior tempo para a consulta, proporciona também melhor documentação das informações sobre os pacientes. 10 É importante notar que avaliações inadequadas, com falta de informações, foram identificadas como fator de eventos adversos, segundo estudo australiano de incidentes anestésicos. O ambulatório de avaliação pré-anestésica é um investimento positivo para os serviços de anestesia e para os hospitais, porque diminui custos, melhora a eficiência do atendimento clínico, implementa protocolos, desenvolve programas educacionais e aumenta a satisfação de pacientes, anestesiologistas e cirurgiões. 3.2 Ansiedade Pré-OperatóriaPacientes que se submetem a cirurgia experimentam angústia aguda no período pré-operatório, principalmente pela antecipação de danos durante a cirurgia, dor pós-operatória, separação da família, incapacitação, perda da independência, além de medo da cirurgia, da anestesia e da morte. A ansiedade pré-operatória pode ser influenciada pela presença prévia de doenças psiquiátricas e pode determinar aumento da demanda por analgésicos para o controle da dor pós-operatória, bem como elevação do consumo de anestésicos no intra-operatório, o que pode produzir nível baixo de satisfação com o tratamento. Na entrevista pré-anestésica realizada no ambulatório de avaliação pré- anestésica (AAPA), os pacientes indicam como maior fonte de ansiedade “o medo do desconhecido”. A atenção adequada do anestesiologista minimiza essa ansiedade, dispensando por vezes o uso de medicamentos. 1.1 Avaliação Pré-Anestésica A American Society of Anaesthesiologists (ASA), em uma tentativa de otimizar o atendimento ao paciente a ser anestesiado, propôs, em 1987, as Normas de Cuidados Anestésicos (ASA Standards for Anesthesia Care), que incluem: Revisão do prontuário do paciente; Visita pré-anestésica: história clínica, anestesias prévias, medicamentos em uso; Aspectos do exame físico de importância e/ou risco durante o ato anestésico- cirúrgico; Exames de laboratório e/ou consultas especializadas. 11 Entre os itens especificados, alguns merecem atenção, porque alterações aí resultaram em significativo aumento da qualidade no atendimento do paciente cirúrgico nos últimos anos. 2. História Clínica Independentemente da idade e da doença principal, devem-se fazer perguntas sobre os diversos sistemas e órgãos, a saber: Cardiovascular, respiratório, nervoso-ósseo-muscular, digestório, endócrino, geniturinário, hematopoiético e de coagulação. Devem, ainda, ser inquiridas informações sobre: condições da dentição (presença ou não de todos os dentes e de próteses fixas ou móveis); história de febre alta relacionada ao ato anestésico, ou de origem sem explicação; Dependência de drogas e álcool e uso de substâncias, tais como fitoterápicos, fórmulas e suplementos vitamínicos. Entre os dados a serem obtidos na história clínica, deve-se dar ênfase à investigação profunda sobre história atual ou pregressa de alergia e suspeita de hipertermia maligna. 3. Alergia O paciente em geral sabe referir quando teve um quadro alérgico importante. Deve-se tentar averiguar a(s) droga(s) envolvida(s) e, na dúvida, encaminhar para um alergista ou imunologista. Nos casos em que existe a suspeita de choque anafilático e não há possibilidade de levantamento dos dados, deve-se atuar como se esta fosse uma realidade e não utilizar as mesmas drogas (quando for possível identificá-las). A incidência de reações aos derivados do látex tem aumentado em todo o mundo (2,9% a 75%), tornando obrigatória a sua investigação de rotina na APA. 12 Figura 3: A incidência de reações Fonte: https://enfermagemflorence.com.br/anestesias/ O diagnóstico nem sempre é fácil, pois a história clínica da reação ao látex em anestesia é diferente, há uma latência maior para o surgimento dos primeiros sinais e sintomas; vários casos rotulados como “parada cardíaca súbita, de causa ignorada”, em investigação posterior, mostraram-se ser devidos à reação aos derivados do látex. É importante, por conseguinte, sempre que houver história de alteração hemodinâmica e/ou pulmonar inexplicável, pensar na hipótese de reação anafilática ao látex, cujos principais fatores de risco para o seu desenvolvimento, entre outros, são: história de múltiplas exposições aos derivados do látex, e alergia a determinados alimentos (banana, kiwi, abacaxi, abacate, maracujá e frutas secas). Exposições múltiplas aos derivados do látex são encontradas em: Pacientes submetidos a múltiplas cirurgias e/ou com sondagens repetidas; profissionais/funcionários da área da saúde; trabalhadores que utilizam derivados do látex (cabeleireiras, trabalhadores da limpeza, da indústria alimentar e que manipulam diretamente o látex); crianças com defeitos do tubo neural, em especial meningomielocele. Dos grupos de risco, as crianças com meningomielocele têm a maior incidência de reação aos derivados de látex, variando de 18% até 73%, quando são atípicas e quando foram submetidas a múltiplas cirurgias. Pacientes com história de alergia a derivados do látex (qualquer tipo de borracha) devem ser avaliados pelo alergista ou imunologista, para confirmação ou 13 não de sensibilidade.Nos casos positivos, como a reação pode ocorrer em qualquer momento (desde a internação até a alta, bastando o contato com derivados do látex), deve-se alertar todo o pessoal médico e de enfermagem, em especial o cirurgião e o anestesiologista (quando este que for fazer a APA não for o mesmo que anestesiará o paciente), para substituição de todo o material anestésico-cirúrgico derivado de látex. 3.6 Miopatias Devem ser investigadas mesmo no paciente supostamente ASA I e familiares. A história de miopatia, ou quadros de febre grave inexplicada (não infecciosa), durante ou fora do ato anestésico, leva à suspeita de hipertermia maligna, devendo os pacientes e seus familiares ser encaminhados para centro de investigação apropriado. 3.7 Medicamentos em uso De forma geral, existe a orientação de se manterem as drogas de uso contínuo no período pré-operatório; entretanto, suas doses e horários de administração devem ser conhecidos pelo anestesiologista, bem como suas possíveis interações com os anestésicos. 3.8 Anti-Hipertensivos A presença de hipertensão arterial tem sido associada a aumento de complicações no pré-operatório, principalmente quando ocorrem flutuações pronunciadas na pressão arterial. Os pacientes hipertensos candidatos a cirurgia podem apresentar hipertrofia ventricular esquerda, doença da artéria coronária, insuficiência renal e doença cerebrovascular, que devem ser sempre investigadas. Em pacientes com hipertensão arterial grave (PAS > 180 mmHg e PAD > 110 mmHg), há recomendação para o controle dos níveis pressóricos antes do procedimento cirúrgico. Recomenda-se manter os betabloqueadores na manhã da cirurgia, visto que sua retirada associa-se a crise hipertensiva e taquicardia. Além disso, eles são as 14 únicas drogas que efetivamente oferecem alguma proteção ao sistema cardiovascular. Em pacientes que utilizam diuréticos no controle da insuficiência cardíaca, estes devem ser mantidos e precisa-se tomar cuidado com a depleção volêmica causada por tais medicamentos. Os inibidores da enzima conversora da angiotensina e os bloqueadores do receptor da angiotensina continuados até o dia da cirurgia têm sido associados a hipotensão arterial intra-operatória significativa, hipovolemia e aumento de perda sanguínea. Pacientes que apresentam hipotensão arterial respondem de forma inadequada ao tratamento com hidratação, efedrina e fenilefrina; assim, alguns autores recomendam retirar essa classe de anti-hipertensivos no dia da cirurgia desde que não se considere vital seu uso para tratar hipertensão arterial grave ou insuficiência cardíaca. 3.9 Hipoglicemiantes Existe consenso em favor da suspensão de hipoglicemiantes orais de longa duração, rotineiramente no período pré-operatório, não havendo necessidade, porém, de suspendê-los em cirurgias de pequeno porte e naquelas em que os pacientes podem ser realimentados no pós-operatório imediato. Deve-se conhecer o hipoglicemiante em uso, uma vez que sua duração de ação pode levar à hipoglicemia no período pré-operatório. A metformina deve ser retirada 48 horas antes de grandes procedimentos cirúrgicos pelo risco potencial de exacerbar acidose lática e, empacientes que farão uso de contraste iodado, só deve ser reintroduzida após 48 horas e avaliação da função renal. 15 Figura 4: Insulina Fonte:https://revistagalileu.uso-de-insulina/ Para pacientes em uso de insulina, existem vários esquemas de administração da droga no período pré-operatório, com vantagens e desvantagens. Nesses pacientes, deve-se ainda diferenciar o indivíduo ambulatorial daquele internado. Grande parte destes últimos se beneficiará do uso de parte da dose do uso rotineiro de insulina, na manhã da cirurgia, pois isso facilita o controle da glicemia, havendo possibilidade de se administrar glicose caso o paciente desenvolva hipoglicemia. Os pacientes ambulatoriais devem ser instruídos a não administrarem insulina na manhã do procedimento pelo risco de produzir hipoglicemia, mesmo antes de chegar ao hospital, ou durante a espera para o procedimento cirúrgico, além da possibilidade de desenvolvimento de hipoglicemia tardia quando ainda não estão capacitados a se alimentar. 16 Tais pacientes devem ter os níveis de glicemia monitorados ao chegar ao hospital, e pequenas doses de insulina devem ser administradas conforme as concentrações de glicose plasmática 1. 3.10 Anticoagulantes Vários pacientes são admitidos recebendo medicações que podem causar sangramento, cabendo ao anestesiologista sempre avaliar a relação risco–benefício do uso de anticoagulantes versus procedimento anestésico adotado. Alguns fitoterápicos, como alho, ginko biloba e ginseng, diminuem a agregação plaquetária, podendo ter efeito sobre a coagulação, principalmente em pacientes recebendo medicação anticoagulante. Estudos com grande número de pacientes sugerem que ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não esteroides (AINE) não são fatores maiores de risco para a formação de hematoma após bloqueio espinhal. Todo paciente recebendo medicação que altere a coagulação sanguínea deve ter coagulo recente, mesmo que essas medicações não o alterem de forma isolada. Além disso, os indivíduos devem ser seguidos no pós-operatório imediato para detecção precoce de sinais que sugiram hematoma espinhal. Tabela 1: Efeitos do uso de medicação sobre anticoagulantes AAS <= 1:150.000 ++++ ++++ ++++ ++++ AINE >= 1:150.000 ++++ ++++ ++++ ++++ Heparina Venosa Baixo Nadir Nadir ++++ ++++ HBPM pré-op. Alto D/T 12 horas D/T 12 horas D/T 12 horas D/T 12 horas HBPM pós-op. Alto 24 horas 24 horas 24 horas 24 horas Varfarina INR > 3 = alto INR < 1,4 INR < 1,4 INR < 1,4 INR < 1,4 17 Antagonistas CPIIb/IIIa Alto Perigoso Perigoso Perigoso ++ Trombolíticos Muito alto Perigoso Perigoso Perigoso Perigoso Fonte:https://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ 18 ANTIDEPRESSIVOS São utilizados em grande número de doenças (dor crônica, neuroses e psicoses, síndrome do pânico, obesidade) e estão entre as drogas mais prescritas no mundo. Inúmeras interações medicamentosas podem ocorrer entre as várias classes de antidepressivos, anestésicos e técnicas anestésicas. Nas últimas décadas, tem aumentado o número de antidepressivos disponíveis com diferentes mecanismos de ação (inibidores da captação de serotonina, ou da serotonina e norepinefrina, estimulantes da liberação de dopamina), mudando as condutas clássicas, quais sejam, no caso dos inibidores da monoamino-oxidase (IMAO), suspensão três semanas antes do ato anestésico-cirúrgico e prevenir do uso de drogas que causam interação grave com os antidepressivos tricíclicos. É importante lembrar, mesmo aqueles que baseiam sua conduta no conceito antigo, que a suspensão só pode ser decidida de comum acordo com o médico que indicou a medicação, e que, no caso de síndrome do pânico, ela pode desencadear essa síndrome no pré-operatório, pela situação de ansiedade característica do momento. Deve-se procurar saber qual a classe de antidepressivo em uso, qual o tempo de tratamento e evitar drogas simpaticomiméticas, meperidina, halotano, pancurônio e, possivelmente, tramadol. 19 FITOTERÁPICOS E SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS Segundo estudo americano, pelo menos 50% dos pacientes que fazem uso de medicações alternativas não relatam seu uso para os médicos. Levando-se em conta a possibilidade de interação medicamentosa e efeitos adversos (Tabela 2), fica evidente a necessidade, durante a APA, de se tentar obter informações fidedignas sobre o uso de tais substâncias. Tabela 2: Fitoterápicos, efeitos colaterais e interações medicamentosas Fitoterápico Efeitos colaterais/interações medicamentosas Efedra Aumenta sangramento, especialmente em pacientes com anticoagulantes Alho Interação com antidepressivos/vasopressores (aumenta PA e FC) Ginseng Aumenta sangramento, especialmente em pacientes com anticoagulantes Ginko biloba Aumenta sangramento, especialmente em pacientes com anticoagulantes Ginger Aumenta sangramento, especialmente em pacientes com anticoagulantes Erva-de-São- João Prolonga os efeitos da anestesia Vitamina E Aumenta sangramento, especialmente em pacientes com anticoagulantes Fonte: https://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ 1. Outras Drogas Drogas utilizadas para tratamento de arritmias, convulsão, asma, distúrbios da tireoide e doenças gastresofágicas devem ser continuadas no período pré-operatório. 20 ASPECTOS DO EXAME FÍSICO DE IMPORTÂNCIA E/OU RISCO DURANTE O ATO ANESTÉSICO-CIRÚRGICO 6.1 Pressão Arterial A hipertensão arterial crônica é a doença associada mais frequente em pacientes cirúrgicos, sendo a principal causa clínica de suspensões ou adiamentos de cirurgias. A sua detecção no ambulatório de avaliação pré-anestésica é importante, pois é necessário intervalo de tempo para o tratamento adequado e orientação dos pacientes. No ambulatório, é preciso definir quais pacientes são realmente hipertensos e quais estão hipertensos no momento da consulta, seja pelo estresse, pois sabem que estão sendo submetidos a uma consulta que vai decidir sua condição cirúrgica, seja pela obesidade (diâmetro do braço aumentado), quando a pressão arterial medida com esfingmomanômetro comum mostra valores falsamente elevados. Nessa situação, é obrigatória a utilização de manguito apropriado. 6.2 Avaliação da Perviedade das Vias Aéreas Geralmente não é realizada por cirurgiões e clínicos. Deve ser feita minuciosamente, observando-se presença de dentes falhos, anômalos e próteses, anormalidades da boca, cavidade oral, queixo e pescoço. Vários testes foram propostos para verificação da previsibilidade de dificuldade na intubação traqueal, mas nenhum deles é eficaz em 100% das vezes44,45. 6.3 Teste de Mallampati É realizado com o paciente sentado, pescoço em posição neutra (perpendicular ao chão), boca em abertura total, língua em protrusão máxima e sem fonação. O observador deve estar sentado, com os olhos à mesma altura da linha dos olhos do paciente. A cavidade oral é classificada em 4 classes, conforme a visibilidade das estruturas: I. Palato mole, fauces, úvula e pilares visíveis; 21 II. Palato mole, fauces e úvula visíveis; III. Palato mole e base da úvula visíveis; IV. Palato mole não visível. Figura 5: Classificação das estruturas da faringe visíveis durante o teste de Mallampati Fonte:://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ O teste deve ser repetido alguns minutos após descanso do paciente para confirmar a classificação. Classes III e IV são sugestivas de intubação difícil. Entretanto, Pilkington et al. (1995) mostraram aumento do número decasos de Mallampati IV em grávidas, sem correlação com aumento dos casos de intubação difícil, o que torna esse índice de uso limitado na gestação, podendo ser valorizado quando outros índices também estão alterados. Distância esterno-mento Com o paciente sentado, pescoço em extensão máxima, boca fechada, mede- se a distância entre o bordo superior do esterno (manúbrio) e o queixo. Distância igual ou menor que 12,5 cm é considerada sugestiva de intubação difícil. 22 Figura 6: Visualização da medida da distância esterno-mento Fonte:://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ 23 EXAMES LABORATORIAIS Nas décadas de 1960 a 1980, os exames subsidiários pré-operatórios foram considerados o método ideal de triagem de doenças associadas e não diagnosticadas previamente. Era realizada uma bateria-padrão de exames em todos os pacientes cirúrgicos, mas o custo excessivo e a análise criteriosa da relação custo–benefício mostraram que este não era o melhor método de avaliação dos pacientes. A tendência atual é de se realizarem exames segundo os dados positivos da história clínica e do exame físico; de acordo com a necessidade dos cirurgiões ou clínicos; de determinados exames que podem sofrer alterações durante a cirurgia ou em procedimentos associados e conforme a inclusão do paciente em uma população de alto risco para alguma condição específica, ainda que sem dados positivos na história clínica ou no exame físico. Assim como em vários outros hospitais do mundo, o AAPA da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) definiu, em 1998, um padrão mínimo de exames, de acordo com a classificação da ASA (Figura 3), o que tem permitido redução considerável dos gastos hospitalares com exames sem diminuição da qualidade de avaliação do paciente. Tabela 3: Exames pré-anestésicos mínimos recomendáveis (AAPA-ISCMSP) 1. ASA I <= 60 anos Hb/Ht > 60 anos Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia >75 anos Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia, RX tórax 2. ASA II Qualquer idade Hb/Ht mais exames de acordo com a doença Exame HAS controlada 24 3. ASA II com doença cardiovascular Qualquer idade Hb/Ht, ECG, RX tórax, creatinina, Na+, K+ 4. ASA II com diabetes Qualquer idade Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia, Na+, K+ 5. ASA III/IV/V Hb/Ht, ECG, creatinina, glicemia, RX tóraz, Na+, K+ mais exames de acordo com a doença Fonte:://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ 7.1 Tempo de Validade Um ano para pacientes ASA I e ASA II. Exceção: Exames que podem sofrer alterações mais frequentes devido à doença e/ou ao tratamento (por exemplo, Hb em paciente com mioma, glicemia em paciente diabético). 7.2 Consultas Especializadas Na avaliação pré-operatória, o encaminhamento de pacientes para outros especialistas era, até algum tempo atrás, conduta dos cirurgiões. Com o surgimento dos AAPA, a decisão dessas Inter consultas passou a ser, na maioria das vezes, do anestesiologista. Assim, pacientes com doenças associadas, compensadas ou não, mas que mostrem disfunção importante do órgão acometido, devem ser encaminhados para o especialista. Os objetivos da Inter consulta são basicamente: · avaliação do estágio da doença, grau de comprometimento funcional (por exemplo, pneumática crônica) e da condição física atual do paciente; Tratamento da doença: cura ou terapêutica até o “melhor possível” para o ato anestésico-cirúrgico. 25 Para que tais objetivos sejam atingidos, é preciso que o anestesiologista esteja em contato com o clínico para esclarecê-lo sobre o que se espera dele, ou que escreva um resumo adequado do caso, especificando suas necessidades. Entre os cuidados pré-anestésicos apresentados pela ASA, deve-se ressaltar ainda: um anestesiologista deverá ser responsável por: Determinar o estado clínico do paciente; desenvolver um plano de assistência anestésica; informar este plano ao paciente ou responsável adulto. 7.3 Estado Clínico do Paciente A determinação do estado clínico do paciente implica a avaliação do risco anestésico, ou da probabilidade de mortalidade. Na procura de melhoria da qualidade em relação a esse item, alguns métodos ou sistemas de classificação dos pacientes quanto ao risco anestésico foram propostos. A classificação atual da ASA quanto ao estado físico dos indivíduos, apesar de ter falhas e de não ser uma classificação de risco, mas, sim, de estado físico, ainda é a mais utilizada pois apresenta a vantagem de ser conhecida tanto por clínicos como por cirurgiões, o que permite uma linguagem comum a todos. Tabela 4: Estado clinico do Paciente Estado físico I Nenhuma alteração orgânica, fisiológica, bioquímica ou psiquiátrica e processo patológico que indica a cirurgia é localizado e não vinculado a uma doença sistêmica. Estado físico II Alteração sistêmica leve ou moderada causada pela doença cirúrgica ou por outro processo patológico. Estado físico III Alteração sistêmica grave causada por qualquer causa, mesmo que não seja possível definir o grau de incapacitação. Estado físico IV 26 Indicativo de paciente com alterações sistêmicas graves, causando perigo de morte, nem sempre corrigíveis pela cirurgia. Estado físico V Paciente moribundo, com pouca chance de sobrevida, mas que é submetido à cirurgia em última instância (desespero). Estado físico VI Paciente doador de órgão Fonte:://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ Tabela 5: Preditores clínicos Predidores Maiores Síndromes coronárias instáveis - infarto do miocárdio agudo (menos de 7 dias) ou recente (mais de 7 e menos de 30 dias), com evidências de risco isquêmico por sintomas clínicos ou estudo não- invasivo - angina instável ou grave (classe funcional III ou IV) ·Insuficiência cardíaca descompensada · Arritmias graves - bloqueio atrioventricular de alto grau - arritmias ventriculares sintomáticas na presença de doença cardíaca subjacente - arritmias supraventriculares com frequencia ventricular não controlada · Doença valvar grave. Preditores Intermediários · Angina moderada (classe funcional I ou II) · Infarto do miocárdio prévio ou presença de onda Q patológica · Insuficiência cardíaca prévia ou controlada · Diabetes melito · Insuficiência renal 27 Preditores menores · Idade avançada · ECG anormal (hipertrofia ventricular esquerda, bloqueio de ramo esquerdo, anormalidades do segmento ST e da onda T) · Outro ritmo que não o sinusal (por exemplo fibrilação atrial) · Baixa capacidade funcional · História de acidente vascular cerebral · Hipertensão arterial não controlada Fonte:://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ Tabela 6: Capacidade funcional Consumo de oxigênio em equivalentes metabólicos (MET) Atividades do dia-a-dia 1 MET Comer, vestir-se, usar o banheiro Caminhar dentro de casa Caminhar a 3,2-4,8 Km.h-1 4 MET Subir escadas Caminhar a 6,4 Km.h-1 Correr pequenas distâncias Limpar assoalhos ou móveis Atividades recreativas moderadas: dançar, jogar, tênis em dupla > 10 MET Participar de esportes extenuantes: natação, tênis individual, basquete Fonte:://grupocareanestesia.com.br/quais-os-efeitos-pos-operatorios-da-anestesia/ 7.4 Plano de Assistência Anestésica Este item é fundamental para a qualidade do atendimento no centro cirúrgico, principalmente quando quem faz a avaliação pré-anestésica não é o anestesiologista que vai anestesiar o paciente. O primeiro deve planejar as possíveis técnicas anestésicas para cada paciente e precisa, nos casos maiscomplicados (por exemplo, síndromes raras, pacientes ASA 28 > II), decidir sobre cuidados especiais e informar por escrito e pessoalmente os anestesiologistas do centro cirúrgico e cirurgiões. 7.5 Informações ao Paciente ou Responsável Adulto O melhor momento para o paciente ser esclarecido sobre sua condição clínica, provável técnica anestésica e analgesia pós-operatória, é durante a APA, principalmente quando realizada no ambulatório. Isso inclui o esclarecimento sobre os riscos aos quais será submetido durante a anestesia. A ASA propôs ainda nas Normas de Cuidados Anestésicos que o anestesiologista responsável deverá verificar que todos os itens foram cumpridos adequadamente e registrados no prontuário do paciente. A APA, mesmo bem realizada, torna-se sem efeito se não for devidamente registrada. Outro fator importante na sua documentação é que nela estejam inclusos itens que sejam utilizados mesmo raramente, porque se isso não ocorrer, a tendência é esquecê-los e nas poucas vezes em que se tornam necessários, deixarão de ser arguidos. Figura 7: Ficha APA / Prontuário Fonte:https://pebmed.com.br/a-sistematizacacao-de enfermagemprofissional-do-enfermeiro/ Assim, uma ficha de APA muito sucinta, com a finalidade de não ocupar espaço no prontuário do paciente, pode com o tempo ter como consequência a ineficiência. 29 Como corolário disso tudo, ela deve ser completamente preenchida e com letra legível. A conscientização dos itens analisados é, certamente, fator importante na qualidade da assistência ao paciente cirúrgico. Mas, além disso, no ambulatório de avaliação pré-anestésica deve haver: Utilização de uma mesma sequência básica de avaliação para todos os pacientes; Discussão dos casos com os cirurgiões e clínicos/pediatras sempre que possível e/ou necessário; Levantamento periódico dos casos atendidos para verificação da satisfação dos pacientes, cirurgiões e anestesiologistas; Acompanhamento das complicações e dos óbitos per e pós-operatórios para analisar se houve falhas no atendimento e se poderiam ter sido evitados por uma melhor APA. Vale a pena ressaltar que a finalidade dos ambulatórios de avaliação pré- anestésica e, por conseguinte, da avaliação pré-anestésica, per se, não é liberar ou não um paciente para o ato anestésico-cirúrgico, mas tentar de todas as formas possíveis estabelecer o risco–benefício do ato anestésico-cirúrgico para cada paciente na situação específica em que ele se encontra no momento da APA. 30 PÓS ANESTÉSICO O centro de Recuperação Pós-Anestésico é o local destinado ao atendimento intensivo do paciente, no período que vai desde sua saída da Sala de Operação até a recuperação da consciência, eliminação de anestésicos e estabilização dos sinais vitais. Os objetivos e vantagens do Centro de Recuperação Pós-Anestésico incluem prevenção e detecção precoce das possíveis complicações pós-anestésicas e pós- cirúrgicas, assistência de enfermagem especializada a pacientes submetidos a diferentes tipos de anestesias e cirurgias, maior segurança ao paciente, equipe médica e de enfermagem, racionalização de pessoal, eficiência dos recursos humanos e utilização de terapêuticas especializadas, além de servir de campo de aprendizagem para alunos da área da saúde. DRAIN & SHIPLEY (1981) citam que o objetivo básico da sala de recuperação é a avaliação crítica dos pacientes em pós-operatório com ênfase na previsão e prevenção de complicações que resultam da anestesia ou do procedimento cirúrgico. Os requisitos ambientais indispensáveis ao centro de recuperação são: localização próxima ao centro cirúrgico, temperatura, ventilação e iluminação adequadas, piso refratário à condutibilidade elétrica, facilidades de limpeza, suficiente espaço, não devendo sua área ser inferior a 25 metros quadrados, os leitos devem estar dispostos de tal forma que os pacientes possam ser vistos de qualquer ângulo do recinto, portas amplas que permitam a entrada de aparelhos transportáveis como RX, aparelho de anestesia, aspiradores, fonte de oxigênio permanente, estantes e armários amplos para depósito de medicamentos, materiais cirúrgicos e aparelhos. Com relação aos recursos humanos, este é um setor onde se faz necessário profissionais de enfermagem com formação específica para atender aos objetivos do atendimento, ou seja, cuidados intensivos ou semi-intensivos Os cuidados pós-anestésicos compreendem as atividades de monitorização e tratamento utilizadas para o manuseio do paciente após um procedimento anestésico- cirúrgico, através das diversas fases da recuperação anestésica. A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) é o local destinado a receber o paciente em pós-operatório imediato até que recupere a consciência e tenha seus 31 sinais vitais estáveis. No Brasil, a existência obrigatória de SRPA em hospitais foi determinada pela Portaria 400 do Ministério da Saúde, em 1977. A RESOLUÇÃO CFM No. 1802/2006 e a RESOLUÇÃO CREMEC No. 44/2012 regulamentam o funcionamento e atribuições da SRPA (Sala de Recuperação Pós- Anestésica) e direcionam esse Protocolo Clínico juntamente com as Diretrizes Terapêuticas da Maternidade Escola Assis Chateaubriand. 8.1 Organização O corpo funcional da SRPA é composta obrigatoriamente por um médico anestesiologista, um enfermeiro e técnicos plantonistas. A responsabilidade do médico plantonista da SRPA sobre o paciente, mesmo quando este seja acompanhado por médico assistente, inicia-se no momento de internação na SRPA. A capacidade operativa da SRPA deve guardar relação direta com a programação do centro cirúrgico, sendo o número mínimo de leitos igual ao número de salas de cirurgia + 1. No caso de cirurgias de alta complexidade e/ou paciente grave, a recuperação pode se dar diretamente na UTI. A sala de recuperação pós-anestésica deverá estar ocupada com: • Cama/maca de recuperação com grade; • Tensiômetro ou similar; • Laringoscópio adulto ou infantil; • Capnógrafo; • Ventilador pulmonar adulto e infantil; • Aspirador contínuo elétrico; • Estetoscópio; • Fonte de oxigênio e vácuo; • Monitor cardíaco; • Oxímetro de pulso; • Eletrocardiógrafo; • Maca hospitalar com grade; • Material de consumo; • Medicamentos 32 8.2 Admissão Após a anestesia, as pacientes devem ser removidas para a sala de recuperação pós anestésica (SRPA), unidade de terapia intensiva (UTI) ou outro local que o anestesiologista responsável determine assumindo a responsabilidade conforme o caso. O médico anestesiologista que realizou o procedimento anestésico deverá acompanhar o transporte do paciente para a SRPA e/ou UTI. Desde a admissão até o momento da alta, os pacientes permanecerão monitorados quanto: a) à circulação, incluindo aferição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos e determinação contínua do ritmo cardíaco, por meio da cardioscopia; b) à respiração, incluindo determinação contínua da oxigenação do sangue arterial e oximetria de pulso; c) ao estado de consciência; d) à intensidade da dor. 8.3 Cuidados de Enfermagem • Conferir a identificação da paciente; • Fazer exame físico; • Monitorar Frequência Cardíaca (FC), PA, saturação de oxigênio, temperatura, nível de consciência e dor » Manter vias aéreas permeáveis; • Instalar nebulização de oxigênio para manter a oximetria periférica > 92%; • Promover conforto e aquecimento; • Verificar condições do curativo (sangramentos), fixação de sondas e drenos; • Anotar débitos de drenos e sondas; • Fazer balanço hídrico caso necessário; • Observar dor, náusea e vômito e comunicar anestesiologista; • Administrar analgésicos, ante eméticos e antibióticos conforme prescrição médica; • Manter infusões venosas e atentar para infiltraçõese irritações cutâneas; • Observar queixas de retenção urinária; • Minimizar fatores de estresse; • Orientar a paciente sobre o término da cirurgia, garantir sua privacidade e zelar por sua segurança; 33 • Comunicar o anestesiologista de plantão intercorrências relacionadas às pacientes assistidas; • Aplicar o índice de Aldrete e Kroulik para estabelecer os critérios de alta da SRPA; • Aplicar a Escala de Bromage nas pacientes que foram submetidas a anestesias regionais (Raquianestesia ou Anestesia Peridural) para estabelecer os critérios de alta da SRPA somado aos critérios da Escala de Aldrete e Kroulik; • Providenciar ao destino as pacientes de alta médica. 34 CRITÉRIOS DE ALTA DA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS- ANESTÉSICA • Valor da escala de Aldrete e Kroulik maior ou igual a 8; • Valor da escala de Bromage 2, 1 ou 0, em pacientes que foram submetidas a anestesia espinhal; • Estabilidade dos sinais vitais, comparada com os sinais vitais de enfermaria ou da admissão; • Orientação do paciente no tempo e espaço; • Ausência de sangramento ativo e retenção urinária; • Vômito sob controle e/ou em tratamento medicamentoso; • Dor sob controle e/ou em tratamento medicamentoso; • Força muscular que favoreça respiração profunda e tosse. Os critérios de alta da SRPA devem ser avaliados a cada 30 minutos. Figura 8: Centro Cirúrgico Fonte: https://pebmed.com.br/a-sistematizacacao-de enfermagem profissional-do-enfermeiro/ A indicação para alta da SRPA é atribuição exclusiva do médico anestesiologista plantonista. 35 As pacientes com alta da sala de recuperação pós-anestésica e que permaneçam neste setor por falta de vagas nas enfermarias terão suas prescrições a cargo do médico prescrito do centro obstétrico. 2. Fluxo de Alta Para Cirurgias de Pequeno Porte • Pacientes ASA 1 E 2 com procedimento cirúrgico sem intercorrências e/ou de pequeno porte, estáveis hemodinamicamente poderão ser encaminhadas para enfermaria de observação a critério do médico anestesiologista; • As pacientes deverão estar acompanhadas por familiar ou responsável para deixar o hospital. 3. Atenção à Respiração A anamnese inicial, realizada durante o Pós-Operatório Imediato (POI), pode indicar a existência estabelecida ou potencial de DEs, embora haja o risco de os problemas se manifestarem ao longo da estadia do paciente na SRPA. O espectro de complicações se relaciona a cada uma das fases da avaliação. Em relação à oxigenação, por exemplo, o enfermeiro pode encontrar um padrão respiratório ineficaz, associado ao uso de medicamentos anestésicos. Os indivíduos que passaram por anestesia prolongada tendem a apresentar senso percepção alterada e relaxamento muscular intenso, características que os tornam suscetíveis à depressão respiratória. Nesses casos, o enfermeiro deve estar atento às alterações de expansão da caixa torácica e da frequência respiratória. A cabeceira da cama deve ser mantida elevada – entre 30º e 45º. Já a vaporização de oxigênio pode ser acionada. Dependendo da necessidade, a requisição de um cateter de O2 será necessária. A saturação de oxigênio também é um indicativo importante: níveis abaixo de 92% exigem uma intervenção imediata do profissional. 36 9.3 Critério de Inclusão Todos os pacientes que recebem assistência anestésica devem ser avaliados no final do procedimento anestésico, utilizando-se critérios previamente estabelecidos para continuidade do cuidado, conforme a Política de Anestesia e Sedação. Este protocolo aplica-se a todas as unidades pós-anestésicas, em qualquer setor e unidade externa do Hospital. Estes cuidados podem ser aplicados baseados no julgamento, na responsabilidade e no consenso do médico anestesiologista e do médico executor do procedimento (cirurgião, radiologista intervencionista, por exemplo). As informações devem ser registradas em prontuário em formulário específico. Critério de exclusão Não se aplica. Histórica clínica e exame físico Deve ser realizada monitorização do paciente no período pós-anestésico sempre com oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e monitorização cardíaca (ECG), ou conforme a condição clínica e a necessidade do paciente. O paciente será avaliado quanto a sua evolução e alta da SRPA segundo os Critérios de Aldrette-Kroulick Modificado – Adulto e Índice de Steward para pacientes pediátricos, sendo anotados seus dados vitais (pressão arterial, pulso, saturação, frequência respiratória, temperatura e escala de dor, quando pertinentes) no prontuário em formulário próprio. Em relação à frequência das avaliações dos sinais vitais, é recomendado que o registro em prontuário seja realizado a cada 15 minutos na primeira hora, caso se mantenha estável, a cada 30 minutos na segunda hora e após este período de hora em hora. Esta frequência varia de acordo com a condição clínica do paciente, podendo ser avaliado em intervalos menores do que o recomendado. A frequência e o tempo de monitoramento do período após procedimentos invasivos são definidos pelo médico executor do procedimento em conjunto com o médico anestesiologista (se pertinente). Exames diagnósticos indicados Outros exames podem ser solicitados pelo anestesiologista que avalia o paciente no período pós-operatório e, se necessário, investigação laboratorial e radiológica. Tratamento indicado Não se aplica. Avaliação do tratamento indicado Para gerenciamento do protocolo e análise da sua aplicabilidade na prática, foram definidos indicadores de qualidade e segurança que são monitorados mensalmente para avaliação de seu desempenho:” 37 Taxa de intercorrências relacionadas à anestesia no Período Pós anestésico”. Plano terapêutico A Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA) ou outra área que tenha cuidado pós-anestésico equivalente deve estar disponível para receber pacientes após cirurgias, procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos. Todo paciente que recebe anestesia/ sedação deve receber cuidado pós- anestésico adequado e ser admitido na SRPA, exceto por ordem específica do anestesiologista ou outro médico responsável pelo cuidado e pela atenção ao paciente. Estas informações devem estar registradas em prontuário, sendo importante a avaliação do paciente baseada em critérios previamente estabelecidos. Pacientes transportados da sala de cirurgia para a SRPA devem ser acompanhados por médico anestesiologista ou o médico responsável pelo cuidado que tenha conhecimento sobre as condições do paciente. O paciente deverá ser avaliado continuamente durante o transporte, com suporte e monitorização apropriados à sua condição, e com pelo menos, oximetria de pulso, monitorando a frequência cardíaca e a saturação de oxigênio. Após admissão na SRPA, o paciente deve ser reavaliado e as informações relevantes referentes à continuidade do seu cuidado devem ser transmitidas à equipe da unidade. Informações sobre as condições pré-operatórias e a evolução intraoperatória, cirúrgica e anestésica devem ser transmitidas pelo anestesiologista ou médico assistente verbalmente à enfermagem do setor para continuidade do cuidado. Deve ser realizada monitorização do paciente no período pós-anestésico sempre com oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e monitorização cardíaca (ECG), ou conforme a condição clínica e a necessidade do paciente. O paciente será avaliado quanto a sua evolução e alta da SRPA segundo os Critérios de Aldrette-Kroulick Modificado, sendo anotados seus dados vitais (pressão arterial, pulso, saturação, frequência respiratória, temperatura e escala de dor, quando pertinentes) no prontuário em formulário próprio. Em relação à frequência das avaliações dos sinais vitais, é recomendado que o registro emprontuário seja realizado a cada 15 minutos na primeira hora, caso se mantenha estável, a cada 30 minutos na segunda hora e após este período de hora em hora. Esta frequência varia de acordo com a condição clínica do paciente, podendo ser avaliado em intervalos menores do que o recomendado. 38 A frequência e o tempo de monitoramento do período após procedimentos invasivos são definidos pelo médico executor do procedimento em conjunto com o médico anestesiologista (se pertinente). 39 REFERÊNCIAS Nettina SM. Prática de enfermagem. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. Hoffer JL. Anestesia. In: Meeker MH, Rothrock JC. Alexander: cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1997. p. 134-67. Lacerda RA. Controle de infecção em centro cirúrgico: fatos, mitos e controvérsias. São Paulo: Atheneu; 2003. LEMOS Cassiane de Santana; PENICHE Aparecida de Cassia Giani. Assistência de enfermagem no procedimento anestésico: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v.50, n.1, p.158166,abr.2016 Oliveira, F.G.R. Rotinas de cuidados pós-anestésicos de anestesiologistas brasileiros. Rev. Bras. Anestesiol 2003; DRAIN; SHIPLEY. Enfermagem na sala de recuperação. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981. cap. 14. BRASIL. INSTITUTO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA MÉDICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - ENFERMAGEM. Contribuição para o cálculo de recursos humanos na área. Rio de Janeiro, 1988. 44p. Série Políticas de Saúde
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