Entomologia forense

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Entomologia forense
É a aplicação do estudo de insetos que, em associação aos demais procedimentos de perícia, representa a possibilidade de obtenção de informações úteis em determinada investigação criminal.
Insetos são atraídos pelos gases:
· Gás amoníaco
· Sulfúrico
· Nitrogênio
· Carbônico 
4 categorias podem ser identificadas em comunidades associadas a decomposição de cadáveres
· Espécies necrófagas – restos mortais - Dípteros, Coleópteros, Lepidópteros
· Espécies predadoras e parasitas de espécies necrófagas – alimentam-se de insetos e demais artrópodes presentes na carcaça -Dípteros, Coleópteros, Ácaros, Himenópteros – abelhas, vespas e formigas
· Espécies onívoras – alimentação generalista - Dípteros, Coleópteros, Ácaros, Himenópteros 
· Espécies acidentais – utilizam o cadáver como extensão de seu ambiente natural – Aranhas, Centopeias, Tatuzinhos de jardim.
· Espécies associados a miíases em humanos: Cochliomya Homovorax e Dermatobia Hominis.
Técnica alternativa é a aplicação de técnicas de biologia molecular 
DNA barcode – baseada na amplificação de um fragmento do gene codificador da proteína Citocromo Oxidase I, do DNA mitocondrial
Esse gene oferece vantagens como: 
· facilidade de amplificação em qualquer estágio de vida dos animais, 
· altas taxas evolutivas, 
· ausência de íntrons, 
· herança haploide 
· baixas taxas de recombinação gênica.
	
Aplicação do estudo da entomofauna 
· Identidade da vítima
· Causa da morte
· Lugar onde ocorreu
· Cronotanatognose
Subdivisões da entomologia Forense
· Infestação de produtos estocados ou industrialmente processados: investiga-se a presença ou ausência de insetos invasores, identifica o período em que ocorreu, origem e tempo de infestação
Os insetos conhedos por infestar os alimentos em questão são realmente da
ordem Coleóptera, porém pertencem à família Bostrichidae
· Entomologia Forense Urbana: Envolve litígios de ataques de pragas a residências, restaurantes etc.
· Perícia ambiental: baseada em aspectos bióticos, abióticos e socioeconômicos, e tem por finalidade auxiliar no levantamento e esclarecimento de questões de diligências policiais e na classificação e aplicação de penas em processos jurídicos, para esclarecer a ocorrência de negligência ambiental.
· Uso indevido de recursos naturais
· Avaliação de presença ou ausência de espécies endêmicas 
· Captura e comercialização de espécies raras e colecionadores ilegais
ORDEM: Dípteros (mosca e mosquitos)
Pode ser dividida em duas sub-ordens:
· Nematocera:
· Possuem antenas com mais de 6 segmentos livremente articulados
· Mosquitos
· Borrachudos
· Flebotomíneos
· Braquicera:
· Possuem antenas com 3 a 5 segmentos, sendo que o último segmento pode ser anelado ou portar uma aresta.
· Infraordem Muscomorphia 
Tem que saber, por que as famílias conhecidas como dípteros superiores ou muscóides pertencem a esse grupo:
· Sarcophagydae, - Três listras pretas (ovos eclodem no abdomem das fêmeas)
· Calliphoridae, - Brilho metálico
· Muscidae
Famílias com importância forense: 
· Sarcophagydae, 
· Sarcophaga spp.
· Calliphoridae, 
· Calliphora vomitoria
· Muscidae, 
· Musca domestica
· Fanniidae
Características dos Dípteros
· Distinguem-se dos demais insetos alados por possuírem:
· somente um par de asas, correspondente ao par anterior, 
· tendo o par posterior se transformado em estruturas que funcionam como órgão de equilíbrio, denominado halteres ou balancins.
· Holometábolo – metamorfose completa. OVO-LARVA-PUPA
Sarcophagydae
· Incubação e eclosão de ovos intrauterina
· Deposição de larvas direto na carcaça
· Garantem o pioneirismo
Calliphoridae - varejeiras
· Depositam ovos imaturos no tecido em decomposição
· Necessitam de maior intervalo de tempo para eclosão das larvas no tecido morto
· Estão presentes do inicio ao fim do processo colonizando os restos
Características
· Corpo de cor metálica
· 2 cerdas na notopleura
· Arista plumosa
· Mero com cerdas
· Asa com nervura
· Dimorfismo sexual – olhos separados: fêmeas; olhos próximos: machos
Espécies de Calliphoridae
Crysomya albiceps – brilho metálico esverdeado
· Espécie mais frequente em carcaças em decomposição – larvas predadoras
Crysomya megacephala – brilho metálico azulado
ORDEM: Coleoptera (besouros)
Características gerais
· Caracterizado principalmente pelo par de asas anterior endurecido, conhecido como élitros.
· Metamorfose completa: Holometábulos
· Necrófagos tardios
· Em geral, preferem tecidos secos, mais comuns na época seca
· Ex: Joaninha, rola bosta
· Existem as exceções, pois alguns escarabeídeos chegam no início da putrefação. 
· Mais frequente em carcaças pertencentes às famílias:
Os coleópteros (ordem) são capazes de consumir partes mais secas do cadáver em estágio mais avançado de decomposição, importantes para determinação do intervalo pós-morte.
Coleta no local de crime
Deve ser informado no formulário de coleta – chuva, incidência solar e vento
Registro de temperatura
· Deve ser registrado a temperatura em cada local que for coletado e exemplar
· Coleta de larvas no solo deve ser mensurada a temperatura do solo
· Mensurar a temperatura do ar
· Massa de larvas
Exames de local
· Descrição do estado de decomposição do cadáver – se está exposto a luz solar
· Abundância de organismos encontrados
· Posicionamento
· Grau de infestação
Das coletas
· Inicio- áreas circunvizinhas, vestígios fugazes são prioridade
· Da periferia para o centro
· Coletar adultos mais velhos antes que fujam – importantes para o cálculo de IPM mínimo
· Coletar pupários vazios e recém-emergidos (possuem asas não infladas) – indica a existência de pelo menos 1 geração
· Coleta de ovos
· Ovos e neolarvas – orifícios naturais do corpo, bordas das feridas e lugares abrigados como: atrás da orelha, axilas, vestes e cabelos.
· Coletados com pinceis umedecidos com água
· Ovos para IPM – só devem ser coletados se não existirem larvas pois o exemplar mais velho será utilizado
· Se não for coletado ovo – deve ser indicado a sua presença no formulário de coleta.
Coleta de Larvas 
· Procurar pupas e larvas escondidas no solo
· Larvas se encontram em orifícios naturais e bordos de ferimentos
· Para identificação taxonômica – larvas devem ser mantidas até a fase adulta
· O diâmetro da massa de larvas deve ser medido – para dar noção da infestação
· Larvas em região anal e vaginal deve ser coletado em maior quantidade – preservada em álcool para análise DNA em crimes sexuais
· Coleta de adultos
· Utilizar rede entomológica com câmara letal no fundo – voadores
· Pinças (com cuidado para que a pressão feita não danifique o animal) ou com luvas – besouros e formigas
· Analise do IPM que será utilizado para coletar espécimes depende das condições do corpo
· IPM mínimo – corpos em processo de decomposição inicial – exemplar mais velho
· IPM máximo – decomposição avançada – sucessão das espécies
· Ao final
· O cadáver deve ser virado a fim de procurar outros vestígios – caso o coletor seja perito criminal
· Ou após a remoção do corpo – se o coletor for um acadêmico
· Amostras de solo devem ser coletados principalmente na altura da cabeça e pelve.
Do transporte
· Ovos – os recipientes devem conter papel filtro umedecido para evitar a desidratação e inviabilidade, e tampa com microfuros pequenos o suficientes para evitar a fuga das neolarvas, sob temperatura ambiente.
· Pupários em recipientes vazios, sob temperatura ambiente.
· Pupas e larvas em dispersão devem ser transportadas em recipientes ou sacos plásticos contendo um pouco de solo do local, serragem, vermiculita ou areia umedecida, sob temperatura ambiente, microfuros devem ser feitos para prover a entrada de ar. Anotar a cor da pupa e temperatura do solo. os pupários mais recentes são maios claros, e escurecem até atingir a coloração marrom
· Larvas destinadas a criação – transporte deve ocorrer em recipientes contendo papel filtro umedecido no fundo, fechado por tampa com microfuros. 
· Os recipientes devem ser acondicionados em bolsas térmicas contendo gelo em gel para diminuir o metabolismodas larvas durante o transporte – para manter o instar.
· Amostras de solo devem ser transportadas em sacos Ziploc - etiquetados
· Adultos – sacos plásticos coletor em álcool 70-95%– se utilizar a rede KHOURI
· Adultos recém-emergidos – também em álcool.
· Exúvias e outros artrópodes (aranhas, lacraias e gongolos) – devem ser transportados em recipientes com álcool 
· OBS: CASO O TRANSPORTE DEMORE 
· Manter larvas vivas, separadas por morfótipos, sobre o substrato de alimento (carne moída) e dentro do pote, contendo substrato de pupação na base da tampa provendo aeração em temperatura ambiente.
Na coleta de espécies de entomologia forense é importante se atentar para a correta forma de acondicionamento e transporte, a fim de não comprometer a análise. 
LARVAS devem ser coletados(as) em duas frações: 50% vivos(as) e 50% mortos(as). Além disso a fração viva deve ser acondicionada em frascos com vermiculita ou serragem ao passo que a fração restante deve ser morta em água quente e conservada em álcool 70%.
Coleta no necrotério 
· Primeiro: checar o tempo que o corpo demorou na transferência do local do crime ao necrotério e condições de temperatura do veículo de transporte.
· Coleta de vestígios entomológicos das vestes
· O corpo não deve ser lavado até o momento da coleta
· Procurar larvas em dispersão – que estejam abandonando o corpo – que devem ser encaminhadas em recipientes contendo substrato apropriado para pupação e etiquetado.
Análise dos dados
· Cromatografia 
· Para detecção de traços de substâncias tóxicas (como entorpecentes, veneno) no corpo dos insetos necrófagos.
· Para detecção de Chumbo, Bário e Antimônio em larvas que se alimentaram do bordo de ferimentos provocados por projétil de arma de fogo.
· Estimativas do tempo de morte (IPM)
Estimativas de IPM (intervalo pós-morte) têm sua acuidade diretamente proporcional ao tempo após a morte, ou seja, quando menor o tempo após a morte, maior a precisão.
Exemplo baseado em condições médias de temperatura em torno de 30°C
	Estimativa
	Condições encontradas
	Poucas horas de IPM
	Se apenas ovos de muscoides são encontrados e o acesso aos insetos não apresenta impedimentos.
	Menos de 3 dias
	Se ainda não existem larvas em dispersão ou pupas de muscoides
	Mais de 3 dias
	Se larvas muscoides em dispersão são encontradas
	Mais de 4 dias
	Se há pupas recentes de muscoides
	Mais de 6 (5-7dias)
	Pupários abertos e adultos recém-emergidos de muscoides
Grau-dia acumulado (GDA)
É um método que relaciona os dados da evolução do desenvolvimento de espécies criadas em condições de laboratório com as condições ambientais a que uma mesma espécie estaria exposta no cadáver.
Se exemplares de uma determinada espécie, em estágio de pupa, tem seu tempo de desenvolvimento total de 124h, sua temperatura de criação 25°C e o limiar mínimo de 10°C, qual seria o GDA esperado?
Obs: Abaixo de 10°C não se desenvolvia
Limiar: 10°C,
Temperatura de criação: 25°C
Tempo total de desenvolvimento: 124h
Grau hora acumulado: GHA= temp. de criação – limiar x tempo de desenv.
GHA= 25 - 10 x 124
Grau dia acumulado: GHA/24
GDA = (25-10 x 124)/24 = 77,5°C
A família Bostrichidae é caracterizada por infestar vários tipos de cereais. Calliphoridae, Sarcophagidae e Oestridae são causadoras de miíases.