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Curso de Atualização Penal e Processo Penal - Anotações

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º 
Lei nº 14.132/2021 – Crime de Stalking – Art. 147-A do Código Penal 
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade 
física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo 
ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. 
Pena – RECLUSÃO 
Obs.: mesmo o crime sendo, EM REGRA, de menor potencial ofensivo, sua pena-base será reclusão. 
§3º Somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO > Ação penal privada 
- O art. 147-A revogou o art. 65 da Lei de Contravenções Penais. Tal dispositivo tipifica a maioria das 
condutas de perseguição. 
- Ocorreu abolitio criminis? Seguinte: 
Art. 65 LCP > Se a conduta for praticada de forma HABITUAL, com as devidas características do art. 
147-A do CP > Há continuidade normativo-típica (portanto, há crime) 
PORÉM, se a conduta for praticada SEM REITERAÇÃO > abolitio criminis (não existe crime, pois não 
existirá a tipicidade). 
Bem jurídico do art. 147-A CP: Liberdade individual 
Obs.: as vítimas poderão ser qualquer indivíduo, não precisando necessariamente, das vítimas 
serem mulheres para que haja a tipificação. 
STALKING OCUPACIONAL: quando a perseguição é realizada em ambientes de trabalho, entre 
patrões e funcionários, gerentes e funcionários, funcionários e funcionários. (Importante – Novo 
entendimento e já há julgados no mesmo sentido). 
ADMITE MEDIDAS DESPENALIZADORAS? 
Caput: Admite transação penal e suspensão condicional do processo, não cabendo ANPP. 
§1º Aumenta a pena de metade: não caberá transação penal, porém admite suspensão do processo 
e o ANPP, desde que o crime seja cometido FORA DO AMBIENTE DA LEI MARIA DA PENHA. 
Obs.: se o crime é cometido contra a mulher, mesmo que fora da LMP, mas por razões do sexo 
feminino, não cabe o ANPP. 
SUJEITOS DO CRIME: sujeito comum, com atenção ao §1º que qualifica os sujeitos passivos da 
tipificação. 
CONDUTA: núcleo é perseguir, e poderá atingir três formas: 
a) Ameaçando a integridade física ou psicológica; 
b) Restringindo a capacidade de locomoção; 
c) Invadindo ou perturbando a esfera de liberdade ou privacidade. 
RAMIFICAÇÃO – CYBERSTALKING: antigamente era crucial a presença física do agente para que 
houvesse a perseguição de fato. Porém, com os avanços tecnológicos, existe-se também a 
perseguição em perfis em redes sociais. 
REQUISITOS DO STALKING: 
1 – Comportamento doloso e habitual, composto necessariamente por MAIS DE UM ato de 
perseguição ou assédio à mesma vítima; 
2 – O motivo do autor praticar a conduta é um interesse pessoal, como admiração, crença, interesse 
relacional ou vingança; 
3 – A vítima, por conta da repetição, deve se sentir incomodada em sua privacidade e/ou temerosa 
por sua segurança. 
Obs.: Até então não existia flagrante em crime habitual, porém as doutrinas e os julgados estão 
aceitando e permitindo flagrante em crime habitual. 
- O crime só ocorre com DOLO. 
CONSUMAÇÃO: como é crime habitual, consuma-se com a REITERAÇÃO dos atos de perseguição. 
TENTATIVA: é inadmissível, visto ser crime habitual. 
AÇÃO PENAL: Por representação, visto isso, será uma ação penal privada. 
Obs.: E nos casos do crime praticado no âmbito da Lei Maria da Penha continuará sendo por 
representação. Não será ação penal pública, por conta da tipicidade. 
Obs. 2: CASO DE DETETIVE – nos casos em que pessoas contratam detetives para perseguir terceiros 
e descobrir fatos/informações, não se enquadra no crime, visto que a intenção é que o indivíduo 
nem saiba que está sendo seguido e o “normal” é que ele nunca saiba, levando em consideração o 
trabalho do detetive. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI nº 14.188/2021 – Violência Psicológica contra a mulher – Art. 147-B do Código Penal 
Atenção: O art. 7º da Lei Maria da Penha traz apenas FORMAS de violência contra a mulher, não 
estabelece norma penal e nem tipicidade, traz apenas formas que existem de violência, que são elas: 
física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
- Além de outras formas de violência contra a mulher: violência política contra a mulher, institucional 
e processual (Lei Mariana Ferrer – 14.245/2021), violência obstétrica, violência tecnológica contra a 
mulher e violência religiosa e espiritual contra a mulher. 
- O crime de violência psicológica contra a mulher pode ser cometido FORA do ambiente doméstico, 
isto é, fora do âmbito da Lei Maria da Penha. 
MEDIDAS DESPENALIZADORAS: se cometido FORA do ambiente doméstico e familiar, cabe Lei 
9.099/95. 
SUJEITO: é comum quanto ao sujeito ativo e o sujeito passivo é qualificado, pois só poderá ser 
tipificado contra mulher. 
CONDUTA: causar dano emocional à mulher, com os seguintes comportamentos: mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem sob ameaça, ridicularização, 
limitação do direito de ir e vir, ou QUALQUER OUTRO MEIO que cause prejuízo à saúde psicológica. 
O legislador deu exemplos no texto normativo penal, porém ao mencionar “qualquer outro meio”, 
permitiu ao juiz deixar amplo seu entendimento e interpretação. Já que as formas de violência 
psicológica contra a mulher são diversas e inúmeras. 
Obs.: O crime de stakling é uma espécie de violência psicológica. Ou seja, violência psicológica é o 
tipo genérico, portanto, os crimes são correspondentes. 
CONCEITO DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: violência cumulativa que gera, de forma silenciosa e 
invisível, uma progressiva redução da esfera de autodeterminação da mulher, com abalos 
emocionais significativos. 
- O crime do art. 147-B não é propriamente HABITUAL. Afinal, o texto normativo do art. 147-B não 
exige habitualidade. 
- Dano psíquico e dano emocional são sinônimos? Se o dano psíquico acarreta uma doença 
psicológica/psiquiatra, como a depressão, ou seja, se torna uma patologia, isso é lesão corporal. 
Se não houver patologia decorrente do dano psíquico, então será apenas dano emocional, se 
tratando do art. 147-B – violência psicológica. 
Conclusão: Caso advenha uma patologia médica haverá o crime de lesão corporal à saúde 
psicológica; para o dano emocional (sem a correspondente patologia) é que haverá o crime do art. 
147-B. 
Voluntariedade: o crime é doloso quanto à CONDUTA DE PRATICAR os atos de violência psicológica, 
porém em relação ao resultado, este poderá ocorrer tanto a título de dolo quanto a título de culpa. 
CONSUMAÇÃO: com a provocação do dano emocional à vítima. Trata se de delito material. 
PROVA: A prova do resultado pode ser feita pelo depoimento da ofendida, por depoimentos de 
testemunhas, relatórios de atendimento médico, relatórios psicológicos ou outros elementos que 
demonstrem o impacto do crime para o pleno desenvolvimento da mulher, o controle de suas ações, 
o abalo de sua saúde psicológica ou algum impedimento à sua autodeterminação. Considerando 
que o resultado do crime não é a lesão à saúde psíquica, mas o dano emocional (dor, sofrimento ou 
angústia significativos), laudos técnicos não são necessários. 
PRESCRIÇÃO: começa a contar/correr a prescrição do último ato do agente. 
AÇÃO PENAL: ação penal pública incondicionada, não é necessário representação ou mesmo 
autorização da vítima, o próprio Estado instaura o processo e a denúncia crime. 
- O crime de violência psicológica poderá ter resultados mais graves, por exemplo, uma vítima de 
estupro certamente também será vítima de violência psicológica, e neste caso, o crime de estupro 
irá abranger o crime de violência. O Dr. Rógerio Sanches, defende a tese de que o agente deverá 
responder pelo crime mais grave, no caso o estupro, porém, também terá sua pena majorada de 
acordo com os demais crimes praticados contra a vítima. 
- O dano emocional da vítima, neste tipo penal do art. 147-B, não precisará ocasionar uma patologia 
médica, por isso dispensa laudo médico. Será tipificado com abalo emocional significativo. 
* É possível o concursodos dois crimes: perseguição + violência psicológica = desde que seja 
cometido em contextos distintos, o agente poderá responder pelos dois crimes. Pois, de acordo com 
as normas penais, o agente ativo não poderá responder por dois crimes derivados do mesmo 
contexto/conduta/ação ou omissão. No entanto, o crime mais grave poderá absorver o crime menos 
grave, como mencionado acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI nº 14.133/2021 – LICITAÇÃO E CONTRATOS ADMNISTRATIVOS 
Foram inseridos onze tipos penais entre os artigos 337-E e 337-O: 
a) art. 337-E: contratação direta ilegal; 
b) art. 337-F: frustração do caráter competitivo de licitação; 
c) art. 337-G: patrocínio de contratação indevida; 
d) art. 337-H: modificação ou pagamento irregular em contrato administrativo; 
e) art. 337-I: perturbação de processo licitatório; 
f) art. 337-J: violação de sigilo em licitação; 
g) art. 337-K: afastamento de licitante; 
h) art. 337-L: fraude em licitação ou contrato; 
i) art. 337-M: contratação inidônea; 
j) art. 337-N: impedimento indevido; 
k) art. 337-O: omissão grave de dado ou de informação por projetista. (Este crime é novidade na 
Lei, ele não estava incluso na antiga lei especial, como os outros crimes). 
Atenção: Na Lei 8.66/93, todos os crimes eram apenados com detenção, porém, com a atualização 
os crimes passaram a ter regime fechado como pena, no entanto, os arts. 337-I e 337-J continua 
sendo apenado com DETENÇÃO. 
 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO: interesses da Adm Pública na contratação de terceiros para realizar 
obras, serviços e fornecer bens ao setor público. Além, claro, do patrimônio público, a proteção 
penal recai também em princípios como a legalidade, a moralidade e a impessoalidade. 
SUJEITOS DO CRIME: o crime é PRÓPRIO, pois somente os funcionários públicos que intervêm no 
processo de contratação direta que podem cometê-lo. Já o sujeito passivo do crime é o Estado, que 
é frustrado na intenção de garantir a lisura em seus contratos. 
ATENÇÃO: também pode ser AUTOR do crime o prefeito municipal, pois segundo o STJ, o crime de 
responsabilidade tipificado no art. 1º, inciso XI do Decreto-Lei 201/67 havia sido tacitamente 
revogado pelo art. 89 da Lei 8.666/93. 
CONDUTA: pune-se quem admite, possibilita ou dá causa a contratação direta fora das hipóteses 
previstas em Lei. 
O art. 89 da Lei 8.666/93 punia, além da indevida contratação fora das hipóteses legais, também 
deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade. Esse 
comportamento, contudo, não foi reproduzido no art. 337-E. estamos diante de indisfarçável 
“abolitio criminis” (art. 2º CP). 
Obs.: o tipo veicula uma norma penal em branco, pois o conceito de contratação direta deve ser 
extraído da lei que regulamenta a licitação. 
IMPORTANTE: Prevalece a orientação de que a dispensa é indevida se a emergência decorre 
de falta de planejamento, desídia ou má gestão, hipóteses em que o gestor deve 
ser responsabilizado. Assim, é ilegal a dispensa como justificativa para evitar a 
descontinuidade de serviços anteriormente contratados, mas cujo procedimento 
licitatório não foi, injustificadamente, providenciado com a antecedência mínima 
necessária. 
Obs. 2: Há no STJ ao menos um precedente que afasta a tipicidade da simples prorrogação do 
contrato já celebrado sob o fundamento da inexigibilidade. Segundo o tribunal, se não há nova 
declaração de inexigibilidade, mas tão somente a prorrogação que já estava prevista no contrato 
celebrado, não há crime. 
VOLUNTARIEDADE: o crime é doloso, constituído pela vontade consciente de admitir, possibilitar ou 
dar causa a dispensa ou inexigibilidade de licitação fora dos permissivos legais. 
CONSUMAÇÃO: o momento consumativo do crime consistente em dispensar ou inexigir licitação 
sempre foi controverso. 
Sobre tal estudo, possui três hipóteses: 
1 – momento em que formalizado o ato de dispensa ou inexigibilidade, independentemente da 
celebração do contrato administrativo e da ocorrência de prejuízo ao erário. 
2 – Cezar Roberto Bitecourt sempre defendeu que o crime se consuma apenas na celebração do 
contrato. 
3 – o STJ exige ainda mais: terá que haver o efetivo prejuízo ao erário em decorrência da contratação 
direta indevida. 
 
Art. 337-F – Frustração do caráter competitivo de licitação 
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para 
outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o 
caráter competitivo do processo licitatório: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. 
 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO: interesses da Adm Pública, especialmente no caráter competitivo que o 
deve caracterizar para que se garanta a contratação mais vantajosa para o poder público. 
SUJEITOS DO CRIME: o crime é comum, pois a conduta poderá ser realizada tanto pelo servidor 
público quanto pelo particular interessado de alguma forma no fato. O sujeito passivo do crime é o 
Estado, pois é frustrado na intenção de garantir a lisura e a maior vantagem possível em seus 
contratos. 
CONDUTA: são punidas as condutas de frustrar ou fraudar o caráter competitivo do processo 
licitatório com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do 
objeto da licitação. 
Os atos voltados à frustração do caráter competitivo da licitação são os mais 
variados: a) prática de preços superiores à média do mercado; b) direcionamento da licitação por 
meio de exigências técnicas desnecessárias para a contratação de um serviço ou para a aquisição de 
um bem; c) rodízio entre competidores, que podem combinar entre si o valor das propostas ou a 
retirada de algumas delas em momento crucial do certame; d) participação de várias empresas 
ligadas ao mesmo grupo ou pertencentes a pessoas com alguma ligação entre si; e) participação de 
pessoas jurídicas constituídas apenas formalmente, sem instalações físicas. 
Atenção: o artigo correspondente a este crime na Lei 8.666/93 era o art. 90 e continha a expressão 
“mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente”, inexistente no art. 337-F. 
VOLUNTARIEDADE: o crime deve ser cometido a título de dolo, consistente na vontade consciente 
de frustrar ou fraudar o caráter competitivo do processo licitatório. 
Obs.: há também um elemento subjetivo específico, pois, a conduta deve ter o propósito de obter, 
para si ou para terceiro, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação. 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: consuma-se com a prática de qualquer ato voltado à frustração ou à 
fraude do caráter competitivo de uma licitação. 
A tentativa é possível nas situações em que, não obstante empregados os meios para prejudicar a 
competição, o agente não alcança o propósito por circunstâncias alheias à sua vontade. 
LEI 14.155/2021 e o crime do art. 155 do Código Penal 
- O crime que cuida o art. 155 é o furto. O §4º, inciso II trata se do furto qualificado, que será por 
sua vez, punido com reclusão de dois a oito anos – se cometido com abuso de confiança, ou 
mediante fraude, escalada ou destreza. 
 
 
Furto com fraude: O bem jurídico sai da vítima e vai para o agente de forma UNILATERAL. 
Estelionato: o bem jurídico sai da vítima e vai para o agente de forma bilateral. 
- O crime do art. 154-A fica absorvido? Ou teremos concurso de crimes? Sim, será ABSORVIDO pelo 
artigo de crime mais grave. 
O § 4º-C traz circunstâncias em que a pena da qualificadora do § 4º-B é majorada. 
De acordo com o inciso I, aumenta-se de 1/3 a 2/3 a pena se o crime é praticado por meio de servidor 
mantido fora do território nacional. 
O inciso II aumenta a pena de 1/3 até o dobro se o crime é praticado contra 
idoso ou vulnerável. (Vulnerável de acordo com o art. 217-A do Código Penal) 
 - Com a pandemia, as fraudes eletrônicas explodiram no Brasil. Por isso, necessitou de uma 
mudança, tal atualização foi realizada pela Lei 14.155/2021 e o art. 171 do CP.LEI 14.155/2021 e artigo 171 do Código Penal 
ATUALIZAÇÃO: 
Art. 171 
(...) 
§ 2º-A - A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é 
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro 
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio 
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. 
§ 2º-B - A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do 
resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é 
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. 
Importante na pena da atualização: 
 
 
No estelionato – Lei 14.155/2021 – determina a competência pelo domicílio da vítima (cheque 
clonado ou falsificado). 
"§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente 
provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência 
de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade 
de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção." 
O Setor do Art. 28 do MP SP, conforme decisão publicada em novembro de 2021, concluiu que 
nessas situações - boleto e cheque clonado - também deva prevalecer o foro do domicílio da vítima, 
afinal, é a melhor forma de se atender, com mais eficácia, tanto aos interesses do ofendido, bem 
como para se alcançar a eficácia na busca e produção de elementos de convicção do crime de 
estelionato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI 14.197/2021 e os crimes contra o Estado Democrático de Direito 
- A primeira Lei de Segurança Nacional foi editada no Brasil em 1935. Porém, a sua normatividade 
teve a primeira aparição em 1921 com o Decreto nº 4.269/1921, que fora criado para regular a 
repressão ao anarquismo. 
- Importante fazer jus que a tipificação dos crimes contra a segurança nacional teve seu ápice após 
o golpe militar de 1964. Neste contexto, a primeira Lei de Segurança Nacional do regime militar se 
deu com o Decreto-Lei nº 314/1967 e fora baseada no Ato Institucional nº 02 que substituiu a Lei nº 
1.802/1953 que até então era responsável por definir os crimes contra a ordem política e social. Tal 
Decreto-Lei de 1967 sofreu muitas e significativas alterações pelo Decreto-Lei nº 510/1969 (após 
golpe militar). Foi totalmente substituído pelo Decreto-Lei nº 898/1969. 
- Após 1969, se teve a edição da Lei nº 6.620/1978 e então a Lei nº 7.170 mais atual e revogada pela 
nova Lei de crimes contra o Estado Democrático de Direito. 
IMPORTANTE: os tipos penais da nova Lei em questão, retratam crimes políticos? 
- Se concluímos que os tipos penais da nova Lei tratam-se de crimes políticos então, de acordo com 
a CF, não poderá ser concedida extradição de estrangeiro caso cometa algum crime tipificado na lei, 
pois não poderá ser extradito por crime político ou de opinião, art. 5º, inciso LII. Ainda, o recurso 
será julgado pelo STF, caso trata-se de crime político (art. 102 da CF). 
Ademais, temos no art. 109 da CF que os juízes federais são competentes para processar e julgar: 
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse 
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e 
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; (...) 
- Também, pelo art. 64 do Código Penal, diz que para efeito de reincidência não se consideram 
crimes militares próprios e crimes políticos. Ainda, na Lei de Execução Penal, art. 200 menciona que 
o condenado por crime político não está obrigado ao trabalho. 
Notoriamente, o sujeito que comete crime político se beneficia de inúmeras formas ao ser julgado 
e ao ser penalizado, isso porque ele comete um crime contra o estado de exceção, contra o sistema 
arbitrário político. Por isso todos os privilégios, pois é uma pessoa que se volta CONTRA o sistema 
autoritário. 
CONCLUSÃO: Já na Lei de crimes contra o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, o agente comete 
crimes contra o estado democrático de direito, sendo o oposto da tipificação dos crimes políticos. 
Sendo que na referida Lei, os infratores vão cometer crime contra a democracia, contra a república, 
ou seja, não é tipificado como crime político e sim crime comum. 
Como fundamento, se tem o art. 5º, inciso XLIV da CF que diz que constitui crime inafiançável e 
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado 
Democrático de Direito. 
PORTANTO, CRIME POLÍTICO NÃO SE CONFUNDE COM CRIME CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO 
DE DIREITO. 
Competência: poderá ser julgado pela Justiça Federal, pois é responsável por julgar e processar os 
crimes contra a soberania nacional e contra as instituições democráticas, já que é evidente o 
interesse da União em tais demandas. 
- Já nos crimes contra o funcionamento de instituições democráticas no processo eleitoral a 
competência, por óbvio, será da Justiça Eleitoral. 
OBS.: apenas no caso do crime do art. 359-N, quando atenta contra o exercício do mandato que é 
da competência da Justiça comum, estadual ou federal, a depender do caso concreto. No entanto 
se o crime for cometido contra parlamentar, chefe do executivo municipal ou estadual é da 
competência da Justiça Estadual. Já nos crimes cometidos contra um congressista ou presidente da 
República, a competência é da Justiça Federal. 
- O crime de sabotagem, art. 359-R cujo estabelecimentos sejam serviços destinados à defesa 
nacional, é de competência da Justiça Federal, art. 109, inciso IV da CF. 
 
 
LEI 14.286/2021 (Crimes contra o sistema financeiro) e o Crime de Evasão de divisas 
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do 
país. 
Pena – Reclusão de 2 a 6 anos e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, 
a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição 
federal competente. 
A conduta incriminadora é justamente a evasão de divisas propriamente dita. Assim, o tipo penal 
proíbe que o agente saia do território nacional com moeda ou divisa, sem autorização legal. 
A saída do agente poderá ser por transporte hidroviário, aéreo ou terrestre, somente pode ser 
realizada essa saída caso os valores não ultrapassem o teto legal. 
No entanto, caso o viajante queira sair com valores superiores, deverá necessariamente realizar uma 
declaração de porte de valores (DPV), apresentando de forma espontânea, no início dos 
procedimentos fiscais, à fiscalização destinada à realização do controle de bens de viajante. 
O teto legal era de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Após a Lei nº 14.286/2021 o teto legal passa a ser 
U$ 10.000,00 (dez mil dólares). 
IMPORTANTE: a vacatio legis da Lei é de 1 ano, só poderá ser aplicada a partir de 29 de dezembro 
de 2022. Ainda há juristas que defendem que mesmo na vacatio legis, a Lei poderá retroagir para 
beneficiar os agentes, no entanto, a tese dominante é que a Lei durante sua vacatio legis não possui 
EFICÁCIA JURÍDICA e por essa razão não poderá ser aplicada, nem mesmo retroagir. 
 
 
 
 
 
OBSTRUÇÃO DE INVESTIGAÇÃO ENVOLVENDO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: Crime de mera 
conduta, formal ou material? 
Art. 2º 
(...) 
§1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de 
infração penal que envolva organização criminosa. 
BEM JURÍDICO TUTELADO: tutela-se a administração da Justiça e não da paz pública como é 
protegida no caput. 
- É um mandado expresso de criminalização previsto no art. 25 da Convenção das Nações Unidas 
contra a Corrupção tal tipificação da obstrução da justiça (mandado internacional de criminalização).Pode figurar como sujeito ativo pessoa que já integra organização criminosa? 
1) – A primeira corrente defende que o crime de obstrução de justiça é post factum impunível 
para o integrante da organização criminosa. O crime de obstrução só pode ser cometido por 
quem não integra a organização. 
2) – A segunda corrente defende que o crime de obstrução de justiça pode ser cometido por 
qualquer pessoa, integrante ou não de organização criminosa. Visto que se for integrante, 
responderá pelos dois crimes, art. 2º caput e art. 2º §1º, ou seja, concurso de crimes, já que 
o bem jurídico do caput e do §1º são diferentes, bem como são crimes cometidos em mundos 
fáticos diferentes. 
CONDUTA: consiste em impedir ou embaraçar a investigação de infração penal que envolva 
organização criminosa. 
Dessa forma, o legislador não pode interpretar quanto a outras condutas, mas tão somente a 
investigação (primeira corrente). 
A segunda corrente defende que o legislador poderá sim interpretar de forma ampla a conduta de 
impedir ou embaraçar a investigação, inclusive esta corrente é a adotada pelo STJ. 
CONSUMAÇÃO: 
a) Impedir – crime material – exige prejuízo na investigação 
Embaraçar – crime formal – dispensa prejuízo para a investigação 
b) Impedir e embaraçar – crime material (ambos os núcleos demandam prejuízo para a 
investigação) – ATENÇÃO: STJ adota essa corrente. 
 
 
 
 
 
RECONHECIMENTO – PESSOAL OU FOTOGRÁFICO – COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO 
PENAL 
Art. 226 do CPP: quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-
á pela seguinte forma: 
(...) 
II – a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que 
com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a 
apontá-la. 
1 – O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226 do CPP, cujas 
formalidades constituem garantia mínima para quem se encontra na condição de suspeito da prática 
de um crime. 
2 – À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância do procedimento 
descrito na referida norma processual torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e não 
poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmando o reconhecimento em juízo. 
3 – Pode o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o 
devido procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da autoria delitiva a partir do 
exame de outras provas que não guardem relação de causa e efeito com o ato viciado de 
reconhecimento. 
4 – O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia ao reconhecedor, a par de 
dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento pessoal, há de ser visto como etapa 
antecedente a eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em ação 
penal, ainda que confirmado em juízo. 
 
 
BUSCA E APREENSÃO SEM MANDADO JUDICIAL 
Art. 240 do CPP 
A busca, se consiste na procura da coisa ou pessoa, e antecede cronologicamente à apreensão, que 
é o ato de retirar a coisa ou pessoa da esfera de quem a detém. 
É possível busca sem apreensão? Sim, quando a busca é frustrada. 
E apreensão sem busca? Sim, também é possível quando o agente entrega de forma espontânea e 
sem a busca, a coisa ou se entrega. 
ATENÇÃO: a busca e a apreensão são medidas de caráter cautelar e por isso exige os requisitos do 
periculum in mora e do fumus boni iuris. 
Exceção: a revista pessoal que dispõe o estatuto do torcedor dispensa os requisitos fundamentais 
do fumus boni iuris e periculum in mora. 
Quando poderá ser realizada a busca domiciliar? Durante o dia, em regra, podendo ser realizada à 
noite, porém, se o morador concordar. 
Quando é “dia”? 
Primeira corrente: critério cronológico – 6h às 18h 
Segunda corrente: critério físico-astronômico – espaço de tempo entre a aurora e o crepúsculo. 
A Lei de Abuso de Autoridade tipifica o crime quando cumprido o mandado de busca e apreensão 
domiciliar após as 21h ou antes das 5h. 
 
IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTO SEM REGISTRO NO ÓRGÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – LEI 
DOS CRIMES HEDIONDOS 
Temos três sistemas de definição de crime hediondo: legal, judicial e misto. 
- No sistema legal: é o legislador quem define os crimes hediondos, de acordo com um rol taxativo. 
- No sistema judicial: o juiz é quem, analisando o caso concreto, define se o crime é hediondo ou 
não. (é criticado por não trazer segurança jurídica) 
- Sistema misto: o legislador apresenta um rol exemplificativo de crimes hediondos, permitindo ao 
juiz complementar depois da análise do caso concreto (interpretação analógica). 
Art. 5º, XLIII CF – A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática 
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los se 
omitirem; 
IMPORTANTE: No Brasil, para tipificar os crimes hediondos usa-se o sistema legal. Ou seja, é o 
legislador quem define os crimes hediondos de acordo com o ROL TAXATIVO. No entanto, o juiz 
poderá analisar se o CASO CONCRETO para ver se existe predicado suficiente para se encaixar na 
tipificação de crime hediondo. 
Portanto, o STF decidiu que é inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do CP, 
com a redação dada pela Lei nº 9.677/1998 – reclusão de 10 a 15 anos – à hipótese prevista no seu 
parágrafo 1º-B, inciso I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de 
vigilância sanitária. Para esta situação específica, fica o preceito secundário do art. 273, na redação 
originária – reclusão de um a três anos e multa. 
- Este raciocínio se aplica para todo o parágrafo? Não se estende para todo o parágrafo. 
- O crime do art. 273, §1º-B, inciso I do CP, deixou de ser hediondo? O STF, expressamente, não 
decidiu a questão. No entanto, o dr. Rogério Sanches concluiu que sim, deixou de ser hediondo. 
 
 
 
 
 
EXECUÇÃO PENAL – PROGRESSÃO DE REGIME 
- O STJ decidiu reconhecendo a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, inciso V, da Lei 
nº 13.964/2019, àqueles apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado 
sem resultado morte, não sejam reincidentes em delito de natureza semelhante. 
- OSTF decidiu a legalidade e a taxatividade da normal penal, art. 5º, inciso XXXIX da CF e a alteração 
promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da CEP não autoriza a incidência do percentual de 60% 
aos condenados reincidentes não específicos para o fim de progressão de regime. Diante da omissão 
legislativa, impõe-se a analogia in bonam partem, para aplicação, inclusive retroativa, do inciso V do 
art. 112 da LEP (lapso temporal de 40%) ao condenado por crime hediondo ou equiparado sem 
resultado morte reincidente não específico. 
- Sistema progressivo de cumprimento de pena – levando em consideração a finalidade reeducativa 
da pena, a progressão de regime consiste na execução da reprimenda privativa de liberdade de 
forma a permitir a transferência do condenado para regime menos rigoroso (mutação de regime), 
desde que cumpridos determinados requisitos. 
Isto é: Regime fechado > Regime semiaberto > Regime aberto 
Progressão do regime fechado para o semiaberto: a passagem do regime mais rigoroso para o 
regime intermediário e deverá observar os seguintes requisitos: 
a) Condenação (ainda que pendente recurso sem efeito suspensivo) 
Atenção: admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de 
regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória 
(STF – Súmula 716). 
b) Cumprimento de parcela da pena 
O reeducado para progredir do regime fechado para o semiaberto deve cumprir parcela da pena no 
regime mais rigoroso, variandoesse tempo conforme a natureza do delito e as condições pessoais 
do beneficiário. E esta é a maior novidade trazida pela Lei 13.964/2019. 
B1) cumprimento de 16% da pena, se primário o reeducado e o crime tiver sido cometido sem 
violência ou grave ameaça; 
B2) cumprimento de 20% da pena, se o reeducando for reincidente em crime cometido sem 
violência à pessoa ou grave ameaça; 
B3) cumprimento de 25% da pena, se primário, mas o crime tiver sido cometido com violência ou 
grave ameaça; 
B4) cumprimento de 30% da pena, se reincidente em crime cometido com violência ou grave 
ameaça; 
O dispositivo faz referência à reincidência específica em crime com violência ou grave ameaça. Mas 
e se o reeducando for reincidente, mas não específico, ou seja, somente um dos crimes, passado ou 
presente, tiver sido cometido com violência ou grave ameaça? 
B5) cumprimento de 40% da pena, se primário e condenado por crime hediondo ou equiparado; 
B6) cumprimento de 50% da pena, se primário e condenado por crime hediondo ou equiparado com 
resultado morte; 
B7) cumprimento de 50% da pena, se condenado por exercer comando, individual ou coletivo, de 
organização criminosa estruturada para prática de crime hediondo ou comparado; 
B8) cumprimento de 50% da pena, se condenado pelo crime de constituição de milícia privada; 
B9) cumprimento de 60% da pena, se reincidente em crime hediondo ou equiparado; 
B10) cumprimento de 70% da pena, se reincidente por crime hediondo ou equiparado com resultado 
morte (vedado o livramento condicional). 
 
 
LIMITE TEMPORAL DO ART. 75 DO CP e o benefício do livramento condicional 
Livramento Condicional – Medida penal consistente na liberdade antecipada do reeducando, etapa 
de preparação para a liberdade plena e importante instrumento de ressocialização. 
Trata-se de liberdade mediante condições, conferida ao condenado que cumpriu parte da pena 
privativa de liberdade que lhe foi imposta. 
DIFERENÇA ENTRE SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL 
 
Requisitos objetivos: 
a) A pena imposta deve ser privativa de liberdade; 
b) A pena concreta a ser cumprida deve ser igual ou superior a dois anos; 
c) O apenado deve ter cumprido parcela da pena. O benefício da liberdade condicional é 
conferido ao condenado que cumpriu parte da pena privativa de liberdade que lhe foi 
imposta: 
C1) mais da metade, se reincidente. 
Obs.: o STJ decidiu que, na concessão do livramento condicional, a reincidência do agente deve ser 
considerada entre os requisitos ainda que não o tenha sido na sentença condenatória, pois é 
“circunstância pessoal que interfere na execução como um todo, e não somente nas penas em que 
ela foi reconhecida. 
C2) mais de um terço, se não reincidente e portador de bons antecedentes; 
C3) mais de dois terços no caso de condenação por crime hediondo ou equiparado ou por tráfico de 
pessoas, desde que o apenado não seja reincidente específico em crimes dessa natureza (livramento 
condicional qualificado). 
d) Exige-se a reparação do dano causado pela infração penal, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
e) Não cometimento de falta grave nos últimos doze meses. Este requisito objetivo foi 
introduzido pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) e é irretroativo, tendo em vista que 
limita a obtenção de um benefício que reflete diretamente no cumprimento da pena. 
- A falta grave interrompe o prazo para o livramento: Não, embora o cometimento de falta grave 
interrompa o prazo para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz para fins de concessão 
de livramento condicional, pois não há previsão legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula nº 
441 do STJ, cujo conteúdo não é incompatível com a regra imposta pela Lei anticrime. Embora o 
condenado não possa obter o livramento se houver cometido falta grave nos doze meses anteriores 
à sua pretensão, o prazo do benefício não volta a correr do começo quando cometida a infração. 
Praticada a falta grave, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com a 
liberdade antecipada, mesmo que cumpra seu requisito temporal. 
Requisitos subjetivos: 
a) Bom comportamento durante a execução da pena; 
b) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído. (o legislador buscou dar ao sentenciado 
a oportunidade de exercitar sua aptidão para as atividades que lhe serão indispensáveis e 
úteis na volta à liberdade). 
c) Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. (este requisito é meio 
que um desdobramento lógico e óbvio do anterior). 
d) No caso de crime doloso praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, é imprescindível 
a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a 
delinquir. 
 
Processamento do pedido: 
1 – O benefício pode ser concedido mediante requerimento do sentenciado (ou familiar), do MP, da 
defesa ou proposta pelo Diretor do estabelecimento; 
2 – O juiz da execução, antes de decidir, ouve sempre o MP e também o defensor; 
3 – Deferido o pedido, realiza-se audiência admonitória, na qual o juiz especificará as condições a 
que fica subordinado o livramento (art. 132 LEP). 
Obs.: o livramento condicional tem início com a audiência admonitória. 
 
 
ATENÇÃO: art. 89 do CP – O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em 
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do 
livramento. 
SÚMULA 617 DO STJ – A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do 
término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.

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