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CURSO DE ATUALIZAÇÃO - Lei e Jurisprudência Penal - Rogério Sanches Cunha

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Prévia do material em texto

1 
CURSO DE ATUALIZAÇÃO – LEIS E JURISPRUDÊNCIA PENAL (ano 2021) 
Rogério Sanches Cunha 
Elaborado por Giovanna Calvano 
Fonte: Aulas do curso1 e jurisprudência dos tribunais. 
 
1. CRIME DE PERSEGUIÇÃO (art. 147-A, incluído pela Lei 14.132/2021) .................................... 2 
2. CRIME DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA (art. 147-B, incluído pela Lei 14.188/2021) .................. 5 
3. CRIMES EM LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO (capítulo inserido pela Lei 
14.133/2021) .................................................................................................................................... 8 
3.1. CRIMES EM ESPÉCIE: ......................................................................................................... 8 
A) CONTRATAÇÃO DIRETA ILEGAL – art. 337-E (art. 89, da Lei 8.666/93): ......................... 8 
B) FRUSTRAÇÃO DO CARÁTER COMPETITIVO DE LICITAÇÃO - ART. 337-F (Art. 90, da 
Lei 8.666/93) ........................................................................................................................... 10 
4. LEI 14.155/2021 E O CRIME DE FURTO MEDIANTE FRAUDE ELETRÔNICA ....................... 11 
5. LEI 14.155 E ESTELIONATO MEDIANTE FRAUDE ELETRÔNICA ......................................... 12 
6. LEI 14.155/2021 ALTERAÇÃO DE COMPETÊNCIA (Estelionato) ............................................ 12 
7. REVOGAÇÃO DA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL ............................................................... 13 
8. EVASÃO DE DIVISAS E LEI 14.286/2021................................................................................. 14 
1. REGISTRO DE ATOS INFRACIONAIS – Utilização contra o investigado/acusado .................. 15 
2. OBSTRUÇÃO DE INVESTIGAÇÃO ENVOLVENDO ORCRIM (Lei 12.850/13) – Crime de mera 
conduta, formal ou material?.......................................................................................................... 16 
3. RECONHECIMENTO (Pessoal ou fotográfico) COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO 
PENAL. .......................................................................................................................................... 17 
4. BUSCA E APREENSÃO SEM MANDADO JUDICIAL ............................................................... 17 
5. IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTOS SEM REGISTRO NO ÓRGÃO DE VIGILÂNCIA 
SANITÁRIA – Lei de crimes hediondos ......................................................................................... 19 
6. EXECUÇÃO PENAL – Progressão de regime ........................................................................... 20 
7. LIMITE TEMPORAL DO ART. 75 DO CP E O BENEFÍCIO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
 ....................................................................................................................................................... 20 
8. ROUBO COM EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO, MAS COM 
NUMERAÇÃO RASPADA: Qual majorante será aplicada? ........................................................... 21 
 
 
 
1 https://www.youtube.com/watch?v=QgAuRIisoRk e https://www.youtube.com/watch?v=2TwnNT3kf_0 
https://www.youtube.com/watch?v=QgAuRIisoRk
https://www.youtube.com/watch?v=2TwnNT3kf_0
 
 
2 
1. CRIME DE PERSEGUIÇÃO (art. 147-A, incluído pela Lei 14.132/2021) 
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade 
física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, inva-
dindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: 
I - contra criança, adolescente ou idoso; 
II - contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 
deste Código; 
III - mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma. 
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 
§ 3º Somente se procede mediante representação. 
• Infração de menor potencial ofensivo punida com RECLUSÃO: 
o Repercussão prática: Viabiliza a possibilidade de interceptação telefônica como 
meio de investigação; 
o Deixa de ser IMPO se cometido nas circunstâncias do §1º; 
• Introduzido pela lei 14.132/2021 (abril de 2021); 
o Como a perseguição era tratada antes do crime de perseguição? 
 
o O que aconteceu com a contravenção de PERTURBAÇÃO DA TRANQUILIDADE? 
▪ A lei que instituiu o crime de perseguição REVOGOU o art. 65 da LCP; 
▪ Houve abolitio criminis? DEPENDE: 
• Em relação às contravenções cometidas de forma habitual, com as 
características do 147-A, do CP, continuarão a ser investigadas (conti-
nuidade típico-normativa), respeitada a ultratividade da lei anterior 
mais benéfica (a pena vai ser a do art. 65, não do 147-A); 
• Em relação às contravenções cometidas sem reiteração ou sem as ca-
racterísticas do art. 147-A: o professor entende que haverá abolitio cri-
minis (só exclui efeitos penais, mantidos os efeitos extrapenais); 
• Bem jurídico tutelado: LIBERDADE INDIVIDUAL; 
o IMPORTANTE: não se restringe às situações de violência doméstica e familiar con-
tra a mulher e qualquer pessoa pode ser vítima (embora mais comum com vítimas 
mulheres); 
Perseguição
Com violência ou grave 
ameaça
Art. 129, 146, 147 e outros
Perturbação da tranquilidade 
(Molestar alguem ou perturbar-
lhe a tranquilidade)
Art. 65, LCP
No ambiente doméstico e 
familiar, contra a mulher
Espécie de violência 
(psicológica - Lei 11.340/06, 
art. 7º)
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/05/14/como-ficam-os-efeitos-da-condenacao-na-hipotese-de-abolitio-criminis/
 
 
3 
• Medidas despenalizadoras: 
 Caput (06 meses a 02 anos) §1º (aumento de metade) 
Transação penal SIM NÃO – Em razão da pena 
Suspensão condicional do 
processo 
SIM SIM – exceto se em con-
texto de 11.340/06 
ANPP Não (Cabe TP) SIM2 
 
 
 
• Crime BICOMUM – comum quanto ao sujeito ativo e passivo; 
o Dependendo da vítima, pode incidir causa de aumento de pena (§1º); 
• Núcleo do tipo: PERSEGUIR – admite tanto a acepção de “ir freneticamente ao encalço 
de alguém” quanto de “importunar, transtornar, provocar incômodo” e pode ser praticado 
das seguintes formas: 
o Na perseguição cometida com restrição à liberdade, é a própria vítima que deixa de 
fazer coisas em razão do transtorno causado; 
 
 
2 DESDE QUE não seja praticado em contexto de violência doméstica ou familiar, ou contra a mulher por razões da 
condição de sexo feminino, nem consista em perseguição com ameaça direta à integridade da vítima, a teor do art. 
28-A, §2º, I, do CPP. 
F
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a
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 p
ra
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a
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o
 
c
ri
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Ameaça à integridade 
física ou psicológica
Absorve o crime de 
AMEAÇA
Violência psicológica
Uma boa referência 
conceitual é o art. 7º, II, 
da Lei 11.340/06
Não se limita à violência 
doméstica - Stalking 
ocupacional, por ex.
Restrição da capacidade 
de locomoção
O perseguidor não 
PRIVA a liberdade da 
vítima (senão é 148)
A vítima limita seu 
próprio direito em razão 
da perseguiçãoInvasão ou perturbação 
da esfera de liberdadeou 
privacidade
 
 
4 
o Violência psicológica: não é restrita ao contexto de violência doméstica; 
▪ Stalking OCUPACIONAL – dentro do ambiente de trabalho (chefe x empre-
gado; empregado x chefe; empregado x empregado); 
o Cyberstalking: perseguição por meio de redes sociais, por exemplo; 
o Stalker aleatório: é a pessoa que se interessa obsessivamente por pessoa aleatória, 
com quem não guarda qualquer relacionamento; 
• Crime HABITUAL – o tipo penal exige EXPRESSAMENTE a necessidade de perseguição 
REITERADA; 
o A falta de habitualidade não necessariamente acarreta atipicidade – embora não ca-
racterize crime de perseguição, pode se subsumir a outro tipo penal; 
o A literatura estrangeira exige três requisitos: 
▪ Comportamento doloso e habitual - adotado pelo Brasil; 
▪ Motivado por interesse pessoal (admiração, vingançaetc) - adotado pelo Bra-
sil, não exige finalidade especial; 
▪ Incômodo causado à vítima - adotado pelo Brasil; 
o Quantos atos são suficientes para configurar reiteração? 
▪ Tese do MPSP – 02 atos 
o Não admite, em tese, a tentativa e o flagrante; 
▪ O professor Sanches Cunha adianta que provavelmente a doutrina e a juris-
prudência passarão a admitir tentativa e flagrante em crime habitual por conta 
do crime de perseguição; 
• Elemento subjetivo: DOLO GENÉRICO (não exige especial fim de agir); 
• Causa de aumento de pena - §1º (METADE) – deixa de ser IMPO: 
o Contra criança, adolescente ou idoso – TEM que conhecer a condição etária da ví-
tima; 
▪ Se não tiver ciência da condição etária, ainda há crime – só há exclusão da 
causa de aumento; 
▪ CONTUDO, sobre vítima idosa, o STJ tem precedentes RECENTES no sen-
tido de que o autor não precisa ter ciência da idade da vítima para incorrer na 
agravante do art. 61, II, “h”, do CP3, mas também existem precedentes no ou-
tro sentido4; 
o Contra mulher, por razões do sexo feminino, a teor do art. 121, §2º, do CP; 
▪ Abrange mulher trans? 
• Tese MPSP: Sim, ainda que sem cirurgia de transgenitalização, desde 
que o autor tenha ciência de que a vítima se apresenta como mulher; 
o Concurso de pessoas; 
o Emprego de arma: 
▪ Arma branca: é suficiente para configurar a causa de aumento de pena; 
▪ Arma de fogo: no caso de agente que não tem porte/posse, existe a discus-
são sobre o concurso: 
• 1ª Corrente: concurso 147-A + crime da Lei 10.826/03 (não haveria 
consunção - a pena do crime-fim é menor que a do crime-meio); 
• 2ª Corrente: 
o Agente já possuía a arma ou continuou armado: concurso; 
 
3 https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisa_pronta/toc.jsp?livre=@docn=%27000006038%27 
4 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/10/15/679-furto-praticado-aleatoriamente-em-residencia-sem-
presenca-morador-idoso-nao-atrai-agravante/ 
 
 
5 
o Arma empregada unicamente para viabilizar o 147-A: consun-
ção – o crime de porte/posse fica absorvido pelo art. 147-A; 
• Consunção: 
o O crime ABSORVE a ameaça; 
o O crime NÃO absorve a violência - §2º: concurso com as penas de violência; 
▪ Uma parte da doutrina defende que há CONCURSO MATERIAL (soma das 
penas); 
▪ CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO – (art. 70, 2ª parte): posicionamento do 
prof. Sanches Cunha; 
• Ação penal: pública condicionada SEMPRE, ainda que cometido no contexto da Lei Maria 
da Penha; 
• Detetive particular – A jurisprudência do STJ era no sentido de que a contratação de de-
tetive particular NÃO configuraria a contravenção do art. 65 da LCP (que foi revogado pela 
lei que instituiu o crime de perseguição). Portanto, a tendência é que esse raciocínio se 
aplique ao crime de perseguição; 
 
2. CRIME DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA (art. 147-B, incluído pela Lei 14.188/2021) 
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvi-
mento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, 
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridiculari-
zação, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psico-
lógica e autodeterminação: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais 
grave. (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) 
• O art. 7º, da 11.340/06, não define crime ou contravenção, apenas conceitua e enumera 
algumas formas de violência contra mulher; 
o “dentre outras”: violência política (Lei 14.192/2021); violência institucional ou proces-
sual (Lei Mariana Ferrer – 14.245/2021; violência obstétrica; violência tecnológica; 
violência espiritual); 
o As condutas elencadas PODEM (não necessariamente vão) configurar crime ou 
contravenção; 
U
s
o
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e
 A
rm
a Por quem NÃO tem porte
Porte no mesmo contexto fático 
da perseguição
Se armou SÓ para perseguir
Responde pelo 147, §1º, III, do 
CP
Porte fora do contexto fático da 
perseguição
Estava armado antes ou 
continou armado depois
Responde pelo 147-A, em 
concurso com o crime de porte 
do Estatuto do Desarmamento
Por quem TEM PORTE
Responde pelo 147, §1º, III, do 
CP
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/24032021-Contratacao-de-detetive-particular-nao-e-suficiente-para-justificar-acao-penal-por-perturbacao-da-tranquilidade.aspx#:~:text=Em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20ao%20artigo%2065,acintosamente%20ou%20de%20maneira%20censur%C3%A1vel.
 
 
6 
o A prática de conduta que corresponda a uma forma de violência contra mulher, 
ainda que não tipificada penalmente, permite a concessão de medida protetiva003B 
• Violência psicológica: 
o Conceito (extraído da psicologia): é uma forma de slow violence, uma violência cu-
mulativa que gera, de forma silenciosa e invisível, uma progressiva redução da es-
fera de autodeterminação da mulher, com abalos emocionais significativos. 
▪ Progressiva redução – discussão sobre a natureza habitual; 
▪ Abalos emocionais significativos – não é qualquer abalo emocional; 
o Conceituada na Lei 11.340/06, art. 7º, II, e tipificada nos art. 147-A e 147-B, do CP; 
Art. 147-A, CP 
(stalking) 
Art. 7º, II, LMP 
Art. 147-B 
(Violência psicológica) 
Art. 147-A. Perseguir 
alguém, reiterada-
mente e por qualquer 
meio, ameaçando-lhe 
a integridade física ou 
psicológica, restrin-
gindo-lhe a capaci-
dade de locomoção 
ou, de qualquer forma, 
invadindo ou pertur-
bando sua esfera de li-
berdade ou privaci-
dade. 
II - a violência psicológica, entendida 
como qualquer conduta que lhe 
cause dano emocional e diminuição 
da autoestima ou que lhe prejudique 
e perturbe o pleno desenvolvimento 
ou que vise degradar ou controlar 
suas ações, comportamentos, cren-
ças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, mani-
pulação, isolamento, vigilância cons-
tante, perseguição contumaz 
(stalking), insulto, chantagem, viola-
ção de sua intimidade, ridiculariza-
ção, exploração e limitação do direito 
de ir e vir ou qualquer outro meio que 
lhe cause prejuízo à saúde psicoló-
gica e à autodeterminação; 
Art. 147-B. Causar dano 
emocional à mulher que a 
prejudique e perturbe seu 
pleno desenvolvimento ou 
que vise a degradar ou a 
controlar suas ações, com-
portamentos, crenças e 
decisões, mediante ame-
aça, constrangimento, hu-
milhação, manipulação, 
isolamento, chantagem, ri-
dicularização, limitação do 
direito de ir e vir ou qual-
quer outro meio que cause 
prejuízo à sua saúde psi-
cológica e autodetermina-
ção: 
 
• Bem jurídico tutelado: direito “a uma vida livre de violência, tanto na esfera pública como 
na esfera privada” (Convenção de Belém do Pará, Decreto n. 1.973/1996, art. 3º), em es-
pecial a liberdade da ofendida de viver sem medo, traumas ou fragilidades emocionais im-
postos dolosamente por terceiro; 
o DANO PSÍQUICO x VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA: 
Psíquico Psicológico 
Causa patologia médica (depressão, ansie-
dade, síndrome do pânico) 
E se a vítima já tem alguma patologia? Se 
o agente agrava o quadro clínico preexis-
tente, também pratica LC (concausalidade) 
Não causa patologias somáticas; sofri-
mento não qualificável como doença. 
Crime de LESÃO CORPORAL Crime de violência psicológica 
Exige-se perícia Não há como realizar perícia 
 
• Não se restringe ao contexto da Lei 11.340/06, mas sempre praticado contra a mulher; 
o Ambiente profissional, religioso, processual; 
o Medidas despenalizadoras: 
▪ Transação e SCP: cabe quando cometido fora do contexto de violência do-
méstica ou familiar; 
▪ ANPP: não cabe em razão da pena (admite transação); 
 
 
7 
• Classificação do crime quanto aos sujeitos: 
o Ativo: comum; 
o Passivo: próprio – apenas MULHER (Cis ou trans, independentemente de cirurgia 
de transgenitalização, desde que o agente saiba que é mulher); 
• Conduta: 
o Tipo estruturado com a indicação do resultado (CAUSARDANO EMOCIONAL À 
MULHER) antes da indicação da conduta; 
o Encerramento genérico (interpretação analógica, rol exemplificativo): exemplo de 
condutas causadoras de dano emocional; 
• Voluntariedade (DOLO ou CULPA): Rogério Sanches Cunha defende que a conduta de 
praticar atos de violência psicológica é sempre dolosa, mas a ocorrência do resultado pode 
ser dolosa ou culposa; 
o DOLO - Praticar atos de violência psicológica com objetivo de causar dano emocio-
nal; 
o CULPA - Praticar atos de violência psicológica, não querendo causar dano emocio-
nal, mas tendo esse resultado dentro da esfera de previsibilidade; 
• Consumação: delito MATERIAL - se consuma com a provocação do dano emocional à ví-
tima. A prova do resultado pode ser feita mediante: 
o Depoimentos, prova testemunhal ou outros elementos que demonstrem o abalo à 
saúde psicológica ou impedimento à autodeterminação; 
o Precisa de laudo médico? NÃO – o crime não é de lesão à saúde psíquica. Laudos 
e relatórios médicos podem ser meio de prova, mas não são imprescindíveis; 
• É crime habitual? 
o GRECO: Habitual 
o SANCHES CUNHA: Crime habitual impróprio. 
▪ O tipo penal não exige reiteração ou habitualidade, consuma-se com um ato; 
▪ Contudo, a reiteração, dentro do mesmo contexto, configura crime único (a 
pluralidade de condutas é considerada na fixação da pena); 
▪ Em denúncia, é necessário descrever quando começou e quando terminou; 
▪ A prescrição começa a correr do último ato causador de dano emocional; 
• Ação penal: ação penal pública INCONDICIONADA; 
• Conflito aparente de normas: subsidiariedade EXPRESSA – “se a conduta não constitui 
crime mais grave”. 
 
 
8 
o Se causar alguma enfermidade, não há que se falar em violência psicológica – lesão 
corporal (129 ou 129, §13) 
o Absorve ameaça, constrangimento ilegal; 
o Stalking contra a mulher x Violência psicológica: 
▪ É possível o concurso entre ambas a condutas, quando praticados em dife-
rentes contextos fáticos; 
▪ Se cometidos no mesmo contexto fático, o 147-A absorve o 147-B; 
• OK, mas se a vítima não representar pelo 147-A? O promotor de jus-
tiça PODE denunciar pelo 147-B, não haverá bis in idem; 
3. CRIMES EM LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO (capítulo inserido pela Lei 
14.133/2021) 
• Passaram a ser crimes comuns – inserção de 11 tipos penais; 
o Artigos 337-E a 337-N: continuidade típico-normativa (Lei 8.666/93); 
o Artigo 337-O: crime novo; 
• Mudança importante: Na lei 8.666/93, todos os delitos eram punidos com DETENÇÃO. 
Atualmente, com a Lei 14.133, apenas os artigos 337-I e 337-J são punidos com detenção, 
todos os demais são punidos com RECLUSÃO; 
o Admite-se interceptação telefônica; 
o Admite-se o regime inicial fechado; 
o A transferência para o Código Penal passou a condicionar a reparação do dano à 
progressão do regime; 
▪ STJ tem precedente no sentido de que essa circunstância deve ser indicada 
na sentença; 
• Cálculo da pena de multa (art. 337-P): deve seguir as regras do Código Penal, respeitado o 
mínimo de 2% (dois por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação 
direta. 
3.1. CRIMES EM ESPÉCIE: 
A) CONTRATAÇÃO DIRETA ILEGAL – art. 337-E (art. 89, da Lei 8.666/93): 
 
• Continuidade típico-normativa, mas houve alteração da pena (aumento do quantum, pas-
sou a ser reclusão); 
 
 
9 
o Aos crimes praticados antes da mudança aplica-se a pena antiga; 
o Não admite medidas despenalizadoras da Lei 9.099/95 ou ANPP; 
• Bem jurídico tutelado: interesses da Administração pública; 
• Sujeitos: 
o Ativo: próprio – apenas funcionário público que intervém no processo de contratação 
direta; 
▪ Admite concurso, inclusive com terceiros estranhos à Administração Pública; 
▪ Prefeito Municipal pode praticar5; 
▪ Procurador do Município, do Estado ou Advogado da União podem praticar 
esse crime quando, em seu parecer, concorre para a contratação direta fora 
das hipóteses legais (COM DOLO, para blindar uma contratação irregular); 
o Passivo: Estado e eventuais terceiros prejudicados; 
• Conduta: não exigir licitação fora das hipóteses legais; 
o Em relação ao núcleo do tipo “ou deixar de observar as formalidades pertinentes à 
dispensa ou à inexigibilidade” houve abolitio criminis; 
 
o Emergência decorrente de falta de planejamento ou má gestão: Prevalece a orienta-
ção de que a dispensa é indevida se a emergência decorre de falta de planeja-
mento, desídia ou má gestão, hipóteses em que o gestor deve ser responsabili-
zado. Assim, é ilegal a dispensa como justificativa para evitar a descontinuidade de 
serviços anteriormente contratados, mas cujo procedimento licitatório não foi, injusti-
ficadamente, providenciado com a antecedência mínima necessária; 
o Simples prorrogação de contrato já celebrado: Há no STJ ao menos um precedente 
que afasta a tipicidade da simples prorrogação do contrato já celebrado sob o funda-
mento da inexigibilidade. Segundo o tribunal, se não há nova declaração de inexigi-
bilidade, mas tão somente a prorrogação que já estava prevista no contrato cele-
brado, não há crime. 
• Norma penal em branco: o conceito de contratação direta deve ser extraído da lei que re-
gulamenta a matéria de licitações; 
o Lei 14.133/2021; 
o Lei 8.666/93 (enquanto tiver vigência); 
• Elemento subjetivo: dolo; 
• Consumação: 
 
5 EDcl no AgRg no REsp 1.745.232/CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 09/10/2018 - 
segundo o STJ, o crime de responsabilidade tipificado no art. 1º, inc. XI, do Decreto-lei 201/67 ha-
via sido tacitamente revogado pelo art. 89 da Lei 8.666/93. 
 
 
10 
o 1ª corrente: momento de formalização do ato de dispensa ou inexigibilidade, inde-
pendentemente da celebração do contrato e da ocorrência de prejuízo ao erário; 
o 2ª corrente (Cezar Roberto Bitencourt): se consuma apenas na celebração do con-
trato, independentemente da ocorrência de prejuízo ao erário; 
o 3ª corrente (STJ): efetivo prejuízo ao erário em decorrência da contratação direta 
indevida; 
B) FRUSTRAÇÃO DO CARÁTER COMPETITIVO DE LICITAÇÃO - ART. 337-F (Art. 90, da Lei 
8.666/93) 
 
• Continuidade típico-normativa integral; 
o “mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente” = FRAUDAR (não 
houve prejuízo ao tipo); 
• Alteração da pena inviabiliza até ANPP; 
• Bem jurídico tutelado: interesses da Administração Pública no processo licitatório, especi-
almente o caráter competitivo que o deve caracterizar para que se garanta a contratação 
mais vantajosa para o poder público. 
• Sujeitos: 
o Ativo: crime comum (funcionário público ou particular); 
o Passivo: Estado; 
• Condutas: frustrar (provocar a falha, prejudicar, impedir) ou fraudar (burlar, manipular) o 
caráter competitivo do processo licitatório; 
o Exemplos: 
▪ Preços superiores à média de mercado; 
▪ Rodízio de competidores; 
▪ Empresas ligadas ao mesmo grupo; 
• Elemento subjetivo: DOLO com finalidade específica (propósito de obter, para si ou para 
terceiro, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação); 
• Consumação: com a prática de qualquer ato direcionado a fraudar ou frustrar o caráter 
competitivo; 
o Tentativa: é possível quando, empregados os meios, o objetivo não seja alcançado; 
o A consumação DISPENSA a comprovação de prejuízo ao erário - súmula 645/STJ; 
 
 
11 
4. LEI 14.155/2021 E O CRIME DE FURTO MEDIANTE FRAUDE ELETRÔNICA 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
(...) 
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é 
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computa-
dores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, 
ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (QUALIFICADORA) 
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: 
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),se o crime é praticado mediante a utilização 
de servidor mantido fora do território nacional; 
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. 
FURTO Tipo básico 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia 
móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
FURTO MEDI-
ANTE FRAUDE 
Tipo derivado 
(furto 
qualificado) 
Art. 155, § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, 
e multa, se o crime é cometido: 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
lada ou destreza; 
FURTO MEDI-
ANTE FRAUDE 
ELETRÔNICA 
Tipo derivado 
(furto “muito mais 
qualificado”) 
Art. 155, §4º-B - A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 
(oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é come-
tido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, 
 
• Furto com fraude x Estelionato: 
FURTO C/ FRAUDE ESTELIONATO 
A fraude visa a diminuir a vigilância da vítima e 
possibilitar a subtração. O bem é retirado sem 
que a vítima perceba que está sendo despo-
jada 
A fraude visa fazer com que a vítima incida em 
erro e entregue voluntariamente o objeto ao 
agente. 
O bem sai da vítima e vai para o agente de 
forma UNILATERAL (o agente se apodera 
sem consentimento) 
O bem sai da vítima e vai para o agente de 
forma BILATERAL (a vítima, em razão da 
fraude, entrega consensualmente ao agente) 
 
• FRAUDE ELETRÔNICA (ex.: acessar a conta de alguém para transferir dinheiro): 
o Não admite medida despenalizadoras nem ANPP (quando consumado); 
o Com a causa de aumento do §4º-C, II, a pena pode ficar superior a de um homicídio 
simples (08 a 16 anos); 
• Dispositivo eletrônico ou informático: qualquer aparelho com capacidade de armazenar e 
processar automaticamente informações/programas; 
o É indiferente que o dispositivo esteja conectado à internet ou intranet; 
• Concurso com o art. 154-A (Invasão de dispositivo informático): 
o Se a invasão ocorre dentro do mesmo contexto: CONSUNÇÃO (154-A é crime ins-
trumental); 
o Se a invasão ocorre em contexto distinto do furto: CONCURSO; 
 
 
12 
• Causas de aumento à qualificadora (§4º-C): 
o Praticado mediante servidor mantido fora do território nacional – não transfere, por 
si só, a competência da justiça federal; 
o Contra idoso ou vulnerável: 
▪ IDOSO = 60 anos; 
▪ VULNERÁVEL = “pegar emprestado” o conceito do art. 217-A; 
5. LEI 14.155 E ESTELIONATO MEDIANTE FRAUDE ELETRÔNICA 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou man-
tendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
(...) 
Fraude eletrônica 
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a 
utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes 
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro 
meio fraudulento análogo. 
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, au-
menta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de 
servidor mantido fora do território nacional. 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de di-
reito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 
Estelionato contra idoso ou vulnerável 
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulne-
rável, considerada a relevância do resultado gravoso. 
• Estelionato qualificado; 
• Diferença entre furto c/ fraude eletrônica (invasão da conta) x estelionato c/ fraude qualifi-
cada (pessoa pede pix se passando por outra); 
• Estelionato e idoso: novatio legis in mellius – era punido com aumento de pena em dobro e 
passou a ser de 1/3 ao dobro; 
 
6. LEI 14.155/2021 ALTERAÇÃO DE COMPETÊNCIA (Estelionato) 
• Inaugurou a competência em razão do domicílio da vítima; 
• Art. 70, §4º - aplicável APENAS o crime de ESTELIONATO cometido: 
o Depósito; 
o Cheque sem fundos; 
o Cheque com pagamento frustrado; 
• Excepciona a teoria do resultado; 
• Súmulas: 
STF - Súmula 521 O foro competente para o processo e julgamento 
dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de 
cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa 
do pagamento pelo sacado. 
PERDEU O OBJETO 
 
 
13 
STJ – Súmula 244 Compete ao foro do local da recusa processar 
e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de 
fundos. 
PERDEU O OBJETO 
STJ – Súmula 48 Compete ao juízo do local da obtenção da vanta-
gem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido medi-
ante falsificação de cheque. 
MANTIDA6 
 
7. REVOGAÇÃO DA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL 
• Histórico da Lei de Segurança Nacional: 
o 1ª Lei de Segurança Nacional: Decreto n. 4.269/1921, criado para regular a “repres-
são ao anarchismo”; 
o Lei n. 1.802/1953 
o Decreto-lei n. 314/1967 (dentro do contexto de Ditadura); 
o Lei 7.170; 
o Lei n. 14.197/21 – revogou a lei anterior e inseriu os tipos no CP; 
• Os crimes previstos no Título XII, do CP, são crimes políticos? Ou não existem mais crimes 
políticos? Quais são as consequências de entender por uma ou outra corrente? 
o Corrente que entende que o TÍTULO XII retrata crimes políticos disfarçados de cri-
mes contra o estado democrático de direito7: 
▪ Impossibilidade de extradição estrangeiros – art. 5º, LII, CRFB; 
▪ ROC-apelação para o STF – 102, II, “b”, CRFB; 
▪ Competência da Justiça Federal para processar e julgar – art. 109, IV, CRFB; 
▪ Não são considerados para fins de reincidência – art. 64, II, do CP; 
▪ Desobrigação ao trabalho penitenciário – art. 200, LEP; 
o Corrente que entende que o TÍTULO XII trata de crimes comuns (Rogério Sanches 
Cunha)8: 
▪ O autor argumenta com base também na Extradição n. 1.085, julgada pelo 
STF, cujo teor é no sentido de que não há que se falar em crimes políticos 
dentro de um contexto de democracia; 
▪ O autor também justifica que a CRFB, no art. 5º, XLIV (mandado de criminali-
zação), diferencia o crime político do crime cometido contra o Estado Demo-
crático, argumentando que, caso fossem a mesma coisa, estaria escrito 
“crime político cometido nessa circunstância”; 
• Partindo da premissa que os crimes do título XII são crimes comuns, a DISTRIBUIÇÃO DE 
COMPETÊNCIA fica da seguinte forma: 
o Regra geral, a competência é, em regra, da Justiça federal - crimes contra a sobera-
nia nacional (arts. 359-I a 359-K) e os crimes contra as instituições democráticas 
(arts. 359-L e 359-M) - evidente o interesse da União (art. 109, IV, da CF/88). 
o Excepcionalmente, a competência pode ser: 
▪ Da justiça ESTADUAL (art. 359-N); 
 
6 O Setor do Art. 28 do MP SP, conforme decisão publicada em novembro de 2021, concluiu que nessas situações - 
boleto e cheque clonado - também deva prevalecer o foro do domicílio da vítima, afinal, é a melhor forma de se aten-
der, com mais eficácia, tanto aos interesses do ofendido, bem como para se alcançar a eficácia na busca e produção 
de elementos de convicção do crime de estelionato. Em suma: onde há a mesma razão, deve existir o mesmo direito. 
7 Os benefícios se justificam porque o crime político é praticado por quem se volta contra um regime de exceção. 
8 Crime praticado por uma pessoa que se volta contra o estado democrático de direito; o criminoso é quem quer im-
plantar um regime de exceção; 
 
 
14 
▪ Da justiça ELEITORAL - contra o funcionamento das instituições democráti-
cas no processo eleitoral (arts. 359-N a 359-O) 
o A QUESTÃO DO ART. 359-N: 
ELEITORAL Atentado em processo eleitoral 
FEDERAL Quando atenta contra o exercício do mandato de um congres-
sista ou o presidente da República (art. 109, IV, CF/88) 
ESTADUAL Quando atenta contra o exercício do mandato de um parlamentar 
ou chefe do executivo municipal ouestadual 
 
o Crime de SABOTAGEM (359-R) – Federal (109, IV); 
o Art. 359-S (vetado) – seria de competência da justiça comum - federal ou estadual, 
a depender do caso -, devendo ser demonstrado o interesse da União no caso con-
creto; 
8. EVASÃO DE DIVISAS E LEI 14.286/2021 
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do 
País: 
Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização le-
gal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à re-
partição federal competente. 
• Crime contra o sistema financeiro; 
• No parágrafo único, a conduta incriminada é a evasão de divisas propriamente dita. Assim, 
o tipo penal proíbe que o autor saia do território nacional com moeda ou divisa, sem autori-
zação legal; 
o A saída do agente de posse dos valores por transporte hidroviário, aéreo ou terres-
tre somente pode ser feita quando os valores não ultrapassem o teto legal. 
• Caso o viajante pretenda sair com valores superiores, deverá necessariamente realizar 
uma declaração de porte de valores (DPV), apresentando-se, espontaneamente, antes do 
início dos procedimentos fiscais, à fiscalização aduaneira destinada à realização do con-
trole de bens de viajante. 
o Qual o teto? 
 
 
o ALTERAÇÃO NITIDAMENTE MAIS BENÉFICA: é consenso que a lei mais benéfica 
deve retroagir para alcançar fatos pretéritos (Art. 2º, § único, CP). Contudo, essa 
mudança de teto tem uma vacatio de 01 ano e surge a questão: é possível a retroa-
tividade de lei em vacatio: 
▪ 1ª corrente: NÃO – lei em vacatio não tem eficácia jurídica ou social (expecta-
tiva de vigência): Prevalece no STJ em um precedente sobre a Lei de Dro-
gas; 
 
 
15 
▪ 2ª corrente: SIM – o fundamento da vacatio legis é permitir que o indivíduo 
tome ciência da nova ordem jurídica. Não faz sentido esperar se a nova 
norma é mais benéfica; 
______________________________________________________________________________ 
1. REGISTRO DE ATOS INFRACIONAIS – Utilização contra o investigado/acusado 
• Podem ser utilizados na dosimetria da pena? NÃO, mas a questão oscila bastante, então é 
possível encontrar julgados em outros sentidos. 
Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, 
tampouco podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para a prática de crimes ou 
má conduta social. STJ. 5ª Turma. HC 499.987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019. 
(reiterada em 2021) 
• Podem ser utilizados como reincidência? NÃO – Jurisprudência pacífica. 
Atos infracionais pretéritos não se prestam a configurar reincidência. STJ. 6ª Turma. AgRg no 
AREsp 1665758/RO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020. 
• Podem justificar a necessidade e adequação, presente a contemporaneidade, para autori-
zar a decretação de prisão preventiva? SIM. 
Anotações de atos infracionais podem ser utilizadas para amparar juízo concreto e cautelar de 
risco de reiteração delitiva, de modo a justificar a necessidade e adequação da prisão preventiva. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/06/2020. 
• Podem justificar a negativa do tráfico privilegiado (art. 33, §4º, LD)? A TENDÊNCIA do STJ 
é não mais admitir atos infracionais para negar o benefício. Contudo, é possível encontrar 
julgados autorizando a negativa em razão de atos infracionais em sentido amplo e autori-
zando a negativa só em caso de atos infracionais análogos aos crimes da Lei de Drogas; 
o O fundamento é o requisito de “não se dedicar à atividade criminosa”. 
O registro de atos infracionais pode justificar a negativa da causa especial de diminuição de pena 
prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (tráfico privilegiado), por indicar a dedicação do 
réu à prática delituosa. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 573.149/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, jul-
gado em 02/06/2020. 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE DROGAS. RECO-
NHECIMENTO DA MINORANTE PREVISTA NO ART. 33, § 4.º, DA LEI N.11.343/2006. PLEITO 
DE AFASTAMENTO COM BASE EM ATOS INFRACIONAIS. (...) 6. No entanto, prevaleceu, no 
âmbito da Terceira Seção, para fins de consolidação jurisprudencial e ressalvado o entendimento 
desta Relatora para o acórdão, entendimento intermediário no sentido de que o histórico infracio-
nal pode ser considerado para afastar a minorante prevista no art. 33, § 4.º, da Lei n. 
11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existência de circunstâncias ex-
cepcionais, nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos, devidamente documentados nos 
autos, bem como a razoável proximidade temporal de tais atos com o crime em apuração. 7. Em-
bargos de divergência conhecidos e desprovidos. (EREsp 1916596/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN 
PACIORNIK, Rel. p/ Acórdão Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
08/09/2021, DJe 04/10/2021) 
• Podem impedir a incidência do princípio da insignificância? NÃO. 
 
 
16 
Não se mostra possível reconhecer um reduzido grau de reprovabilidade na conduta de quem, de 
forma reiterada, comete habitualmente atos infracionais. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 
1550027/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/05/2020. 
 
2. OBSTRUÇÃO DE INVESTIGAÇÃO ENVOLVENDO ORCRIM (Lei 12.850/13) – Crime de 
mera conduta, formal ou material? 
• Art. 2º, §1º - Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a 
investigação de infração penal que envolva organização criminosa. 
• Diferente de INTEGRAR uma ORCRIM (art. 2º, caput) – crime permanente9; 
• O bem jurídico tutelado pelo §1º é a administração da Justiça (e não mais a paz pública, 
protegida no caput); 
• A criminalização da obstrução de justiça decorre de um mandado internacional de crimina-
lização - art. 25 da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que Brasil é signa-
tário por força do Decreto n.º 5.687/2006). 
• Quem integra ORCRIM pode ser sujeito ativo do crime de obstrução? 
o 1ª corrente: NÃO – seria um post factum impunível. Sò pode ser cometido por 
quem NÃO integra a ORCRIM, sob pena de bis in idem; 
o 2ª corrente: pode ser cometido por qualquer pessoa, integrante ou não da OR-
CRIM. Se integrante, responde por ambas as condutas (caput e §1º) – BENS JURÍ-
DICOS DISTINTOS; 
• A conduta punida é IMPEDIR ou EMBARAÇAR investigação de infração que envolva OR-
CRIM; 
o A amplitude se limita à investigação ou abrange também eventual obstrução do pro-
cesso judicial? 
▪ 1ª Corrente (Cezar Roberto Bitencourt): considerando que o tipo se refere 
apenas à investigação, o intérprete não pode abranger o processo, sob pela 
de analogia in malam partem; 
▪ 2ª Corrente (STJ): o termo “investigação” deve ser entendido em uma acep-
ção mais ampla, já que há investigação no processo, sob o crivo do contradi-
tório; 
• Crime de execução livre; 
• Correntes sobre o momento de consumação: 
o 1ª corrente: IMPEDIR seria crime material (exige-se prejuízo para a investigação); 
EMBARAÇAR seria crime formal (dispensa a produção de prejuízo para a investiga-
ção); 
o 2ª corrente: IMPEDIR e EMBARAÇAR seriam crimes materiais, sendo necessário 
que causem prejuízo à investigação (STJ); 
(...) 1. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei n. 12.850/13 cinge-se à 
fase do inquérito não deve prosperar, eis que as investigações se prolongam durante toda a per-
secução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo recebi-
mento da denúncia. Com efeito, não havendo o legislador inserido no tipo a expressão estrita "in-
quérito policial", compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de perse-
cução penal, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das 
 
9 Flagrante a qualquer tempo; prescrição só começa a correrquando cessada a permanência; súmula 311/STF: aplicação da lei 
nova que começa a ter vigência durante a permanência. 
 
 
17 
investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas dili-
gências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é pos-
sível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da persecu-
ção penal (HC 487.962/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, DJe 7/6/2019). 
1.1. O delito do art. 2º, § 1º, da lei n. 12850/13 é crime material, inclusive na modalidade embaraçar. 
O referido verbo atrai um resultado, ou seja, uma alteração do seu objeto. Na hipótese normativa, 
o objeto é a investigação que, como já dito, pode se dar na fase de inquérito ou na ação penal. Ou 
seja, haverá a consumação pelo embaraço à investigação se algum resultado, ainda que momen-
tâneo e reversível, for constatado. (REsp 1817416/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, 
QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2021, DJe 16/08/2021) 
 
3. RECONHECIMENTO (Pessoal ou fotográfico) COMO MEIO DE PROVA NO PROCESSO 
PENAL. 
• Ponto importante (principalmente, provas do MP): a imprestabilidade do reconhecimento 
não acarreta, por si só, a absolvição. O juiz pode condenar com base em outras provas 
existentes nos autos; 
(...) 1. "A jurisprudência deste Tribunal Superior admite a possibilidade de reconhecimento do acu-
sado por meio fotográfico, ainda que não observadas a totali-dade das formalidades contidas no 
art. 226 do Códi-go de Processo Penal" (HC 477.128/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA 
TURMA, julgado em 5/9/2019, DJe 12/9/2019). (...). 3. No caso concreto, houve a ratificação do 
reconhecimento fotográfico realizado pelas vítimas durante o inquérito policial, o que afasta a ale-
gação de nulidade, tendo em vista a existência de outras provas produzidas sob o contra-ditório, 
sobretudo o reconhecimento formal em juízo, conforme destacou a Corte de origem. 4. Agravo re-
gimental desprovido. (AgRg no HC 647.797/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA 
TURMA, julgado em 05/10/2021, DJe 08/10/2021) 
(...) 12. Conclusões: 1) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no 
art. 226 do Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem 
se encontra na condição de suspeito da prática de um crime; 2) À vista dos efeitos e dos riscos de 
um reconhecimento falho, a inobservância do procedimento descrito na referida norma processual 
torna inválido o reconheci-mento da pessoa suspeita e não poderá servir de lastro a eventual con-
denação, mesmo se confirmado o reconhecimento em juízo; 3) Pode o magistrado realizar, em 
juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o devido procedimento proba-tório, 
bem como pode ele se convencer da autoria delitiva a partir do exame de outras provas que não 
guardem relação de causa e efeito com o ato viciado de reconhecimento; 4) O reconhecimento do 
suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao reconhece-dor, a par de dever seguir o mesmo 
procedimento do reconhecimento pessoal, há de ser visto como etapa antecedente a eventual re-
conhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que confir-
mado em juízo. (...) (HC 598.886/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 
julgado em 27/10/2020, DJe 18/12/2020) 
 
4. BUSCA E APREENSÃO SEM MANDADO JUDICIAL 
• Confronto jurisprudencial entre STF e STJ; 
• O professor destaca que a doutrina aponta a má colocação da busca e apreensão na siste-
mática do nosso código, elencada que se encontra entre as provas. Com efeito, por ter 
 
 
18 
uma natureza nitidamente acautelatória, com o objetivo de impedir o perecimento de coi-
sas ou pessoas, é considerada uma medida cautelar (ao lado, por exemplo, do sequestro 
de bens do indiciado, da hipoteca legal ou do pedido de prisão preventiva); 
• Busca = procura; apreensão = retirar a coisa ou pessoa da esfera de quem a detém; 
o É POSSÍVEL: 
▪ Busca sem apreensão: diligência infrutífera; 
▪ Apreensão sem busca: entrega voluntária; 
• Em que momentos pode ser feita a diligência de busca e apreensão? Na investigação, du-
rante o processo e na fase de execução (art. 145, LEP); 
• Pressupõe o fumus boni juris e periculum in mora; 
o Exceção: Estatuto do Torcedor, Art. 13-A, III: para ingressar na arena, o torcedor 
deve se sujeitar a ser revistado; 
• Em cumprimento de mandado, deve ser cumprida de dia, salvo consentimento do morador; 
o Conceito de dia: 
▪ Critério cronológico: 06 a 18h; 
▪ Critério físico-astronômico: intervalo entre nascer e pôr-do-sol; 
▪ Lei de abuso de autoridade (art. 22, §1º, III): depois das 5h e antes das 21h; 
o Conclusão do conceito de dia: enquanto houver luz solar, desde que depois das 5h 
até às 21h; 
• É possível, à luz da Lei de Abuso de Autoridade, dar continuidade à diligência que come-
çou com a luz do dia, mas se estendeu até a noite? SIM. Desde que ininterrupta a diligên-
cia, não há problema; 
• O consentimento do Ex-sócio que se apresenta como sócio é válido? SIM, com base 
na teoria da aparência10. 
É válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede de empresa investigada dada 
por pessoa que age como sua representante. STJ. 5ª Turma. RMS 57.740-PE, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info 690). 
• Ingresso forçado em domicílio e sem mandado - Licitude: 
o STF: 
“A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, 
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que 
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e 
penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados”. (STF. Plenário. RE 
603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 - repercussão geral – Tema 280 -
Info 806). 
o STJ: as 02 turmas estabelecem cinco teses centrais; 
▪ 1) Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de 
standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem mandado ju-
dicial, a existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de modo 
 
10 requisitos essenciais objetivos: a) uma situação de fato cercada de circunstâncias tais que manifestamente a apresentem como se 
fora uma situação de direito; b) situação de fato que assim possa ser considerada segundo a ordem geral e normal das coisas; c) e 
que, nas mesmas condições acima, apresente o titular aparente como se fora titular legítimo, ou o direito como se realmente exis-
tisse. São seus requisitos subjetivos essenciais: a) a incidência em erro de quem, de boa-fé, a mencionada situação de fato como 
situação de direito considera; b) a escusabilidade desse erro apreciada segundo a situação pessoal de quem nele incorreu. 
 
 
19 
objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa 
ocorre situação de flagrante delito. 
▪ 2) O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como 
crime de natureza permanente, nem sempre autoriza a entrada sem man-
dado no domicílio onde supostamente se encontra a droga. Apenas será 
permitido o ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do 
atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa, objetiva e 
concretamente, inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será 
destruída ou ocultada; 
▪ 3) O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais 
em sua casa e a busca e apreensão de objetos relacionados ao crime, pre-
cisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou coação. 
▪ 4) A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o in-
gresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e 
deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso 
domiciliar,indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo 
caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo, e preservada tal prova 
enquanto durar o processo. 
▪ 5) A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o in-
gresso no domicílio alheio resulta na ilicitude das provas obtidas em decor-
rência da medida, bem como das demais provas que dela decorrerem em re-
lação de causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal dos 
agentes públicos que tenham realizado a diligência. 
(HC 598.051/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
02/03/2021, DJe 15/03/2021)11 
 
5. IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTOS SEM REGISTRO NO ÓRGÃO DE VIGILÂNCIA SANI-
TÁRIA – Lei de crimes hediondos 
• Sistemas de definição de crime hediondo: 
o LEGAL: Hediondo é o crime que o legislador assim define; 
▪ Crítica: define como hediondo levando em consideração a gravidade em con-
creto12; 
▪ Adotado no Brasil – CRFB, art. 5º, XLIII; 
o JUDICIAL: O juiz decide, no caso concreto, qual crime é hediondo; 
▪ Crítica: falta de segurança jurídica; 
o MISTO: Rol exemplificativo fixado pelo legislador e passível de complementação 
pelo juiz na análise do caso concreto – Interpretação analógica; 
▪ Crítica: pior dos dois mundos; 
• O Art. 273, do CP, é hediondo e pude a falsificação e corrupção de MEDICAMENTOS. 
Contudo, o 273, §1º-B, pune a venda/exposição à venda/fornecimento de medicamento 
sem registro no órgão de vigilância sanitária (medicamento eficaz, bom, não falsificado); 
 
11 Cassada pelo STF na decisão do RE 1342077/SP, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Publicada em 
06/12/2021. 
12 Para contornar essa crítica, o autor ALBERTO ZACHARIAS TORON defende que é defeso ao magistrado AM-
PLIAR o rol de crimes hediondos. Contudo, analisando as peculiaridades do caso concreto, pode o magistrado afas-
tar a natureza hedionda (e, consequentemente, seus reflexos) por meio de uma “CLÁUSULA SALVATÓRIA”. 
 
 
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• Em razão da desproporcionalidade, foi como decidiu o STF: 
“É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do artigo 273 do Código Penal, com a reda-
ção dada pela Lei 9.677/1998 – reclusão de 10 a 15 anos – à hipótese prevista no seu parágrafo 
1º-B, inciso I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância 
sanitária. Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do artigo 273, na 
redação originária – reclusão de um a três anos e multa” (RE 979.962/RS, j. 24/03/21). 
o Não é todo o art. 273, §1º-B que foi contemplado pela decisão: apenas o inciso I; 
o A medida adotada foi a repristinação do preceito secundário anterior (01 a 03 anos 
de reclusão); 
o O STF NÃO se manifestou expressamente sobre a manutenção da conduta como 
crime hediondo – o prof. Rogério Sanches Cunha, a respeito do tema, defende que 
o STF entendeu implicitamente pela incompatibilidade da aplicação da Lei de Cri-
mes Hediondos (e os reflexos da hediondez) em relação à conduta do art. 273, §1º-
B, I; 
6. EXECUÇÃO PENAL – Progressão de regime 
• Lei 12.850/2013 – Exceção à vedação da progressão per saltum: art. 4º, §5º - colaboração 
durante à execução da pena; 
• Uniformidade da jurisprudência do STJ e STF em relação às lacunas das porcentagens de 
progressão de regime (reincidente genérico) – o reincidente não específico deve seguir o 
percentual do primário; 
É reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da LEP, incluído pela Lei nº 
13.964/2019, àqueles apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem 
resultado morte, não sejam reincidentes em delito de natureza semelhante. STJ. 3ª Seção. REsp 
1910240-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/05/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 
1084) (Info 699) 
Tendo em vista a legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF), a alteração 
promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não autoriza a incidência do percentual de 60% 
(inc. VII) aos condenados reincidentes não específicos para o fim de progressão de regime. Diante 
da omissão legislativa, impõe-se a analogia in bonam partem, para aplicação, inclusive retroativa, 
do inciso V do artigo 112 da LEP (lapso temporal de 40%) ao condenado por crime hediondo ou 
equiparado sem resultado morte reincidente não específico. STF. Plenário. ARE 1327963/SP, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/09/2021 (Repercussão Geral – Tema 1169) (Info 1032). 
7. LIMITE TEMPORAL DO ART. 75 DO CP E O BENEFÍCIO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
 
 
 
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• Primário, com bons ou maus antecedentes: deve cumprir 1/3; 
• Reincidente: deve cumprir mais de metade (1/2); 
• Hediondo/equiparado ou tráfico de pessoas: deve cumprir 2/3; 
o Vedado ao reincidente específico; 
• Falta grave NÃO interrompe o prazo para livramento condicional, mas “suspende” por 12 
meses a possibilidade de obtenção do benefício; 
Aplica-se o limite temporal previsto no art. 75 do Código Penal ao apenado em livramento condici-
onal. REsp 1.922.012-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado 
em 05/10/2021, DJe 08/10/2021. 
• Alcançado o requisito objetivo para fins de concessão do livramento condicional, a duração dele 
(o período de prova) será correspondente ao restante de pena privativa de liberdade a cumprir, 
limitada ao disposto no art. 75 do CP. 
 
8. ROUBO COM EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO, MAS COM NUMERA-
ÇÃO RASPADA: Qual majorante será aplicada? 
(...) 3) Dosimetria das penas. Crime cometido com emprego de arma de fogo de uso permitido 
(calibre .22), com numeração raspada. Diante do silêncio do legislador, impertinente a aplicação 
das figuras equiparadas, previstas no Estatuto de Desarmamento. De rigor o afastamento do §2º-
B, do art. 157, do CP, e a incidência do §2º-A, inciso I, do citado artigo. Precedente. Readequa-
ção da reprimenda. Parcial provimento. (...) STJ, HC 700556 (decisão monocrática), Ministro 
OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), Publicada em 
19/10/2021. 
 
• Arma de uso permitido COM NUMERAÇÃO RASPADA: O art. 16, §1º, da Lei 10.826/03 a 
equipara a arma de fogo de uso restrito; 
• 1ª corrente: deve ser tratada como arma de fogo de uso restrito para fins de causa de au-
mento de pena; 
• 2ª corrente (majoritária): deve ser tratada como arma de fogo de uso permitido. A equipara-
ção se limita ao âmbito dos crimes do Estatuto do Desarmamento; 
PLUS: HEDIONDEZ DA ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO C/ NUMERAÇÃO SUPRIMIDA 
(...) 3. Prevalecia nesta Corte o entendimento de que, ao ser qualificada a posse/porte de arma ou 
equipamento de uso restrito, idêntico tratamento deveria ser concedido às figuras delitivas trazidas 
por equiparação legal, reconhecendo-se, inclusive, a hediondez das condutas praticadas após a 
edição da Lei 13.497/2017, que alterou o art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.072/90. 4. A 6ª Turma, 
todavia, passou a considerar que, a partir da edição da Lei 13.964/2019, não ostenta caráter hedi-
ondo o crime de porte ou posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou 
 
 
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qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado (HC 525249/RS, Rel. Minis-
tra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 15/12/2020, DJe 18/12/2020; e HC 575.933/SP, 
Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 15/12/2020, DJe 18/12/2020. 5. Praticado 
o delito em 9/7/2018, data posterior a publicação da Lei 13.497/2017 e anterior à vigência da Lei 
13.964/2019, o delito do art. 16, parágrafo único, da Lei 10.826/2003, não deve ser considerado 
hediondo para os fins de cálculo da execução penal. (AgRg no REsp 1907730/MG, Rel. Ministro 
OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, 
julgado em 24/08/2021, DJe 31/08/2021) 
(...) 2. Embora as condutas equiparadas sejam praticadas com armas de uso permitido, o legislador 
atribuiu-lhes reprovação criminal equivalente às condutasdescritas no caput, equiparando a gravi-
dade da ação e do resultado e não apenas a sanção penal. Conforme o entendimento desta Corte, 
"equiparação é tratamento igual para todos os fins, considerando equivalente o dano social e equi-
valente também a necessária resposta penal, salvo ressalva expressa." (HC 526.916/SP, Rel. Mi-
nistro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 1º/10/2019, DJe 08/10/2019). 3. No caso, 
verifica-se que o paciente cometeu o crime descrito no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei n. 
10.826/2003 após a entrada em vigor da Lei n. 13.497/2017, que incluiu o mencionado dispositivo 
legal na lista de crimes considerados hediondos. Logo, não se constata qualquer ilegalidade a ser 
sanada nessa via. 4. Habeas corpus não conhecido. (HC 554.485/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DAN-
TAS, QUINTA TURMA, julgado em 11/02/2020, DJe 14/02/2020)

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