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IZABELLA F. REIS - 1° PERÍODO 2021/01 - PROFESSOR: JULIANO SEPE L. C. ORIGEM E ELEMENTOS DA SOCIEDADE Fato é que o convívio social carrega consigo vantagens e desvantagens, sendo inegável que a liberdade do sujeito segue uma série de restrições, uma vez que, ao ser inserido em um grupo social, os interesses da maioria são protegidos e observados, sob pena de inevitáveis atritos. Formação do Estado. A origem do convívio em sociedade do homem foi foco de discussão por diversos anos, surgindo assim duas grandes teorias explicativas da gênese social: ● Teoria naturalista: Disposição natural dos homens para a vida associativa, assim, a vida em sociedade não dependeria de uma escolha do sujeito, mas da própria natureza humana. É a corrente mais aceita, sendo identificada no pensamento de Aristóteles (séc. IV a.C.) ao professar: “o homem é um animal político”. Validando-se novamente com a importante reflexão de Cícero (séc. I a.C.) de que o instinto de sociabilidade é algo inerente ao homem. No período medieval, Tomás de Aquino acompanhou os passos do filósofo gregos, reafirmando a existências de fatores naturais que impõem ao homem buscar a constante associação com outros homens. No período moderno, Ranelletti constatou que bastaria a percepção da realidade para constatar que o homem sempre é encontrado em convívio com outros. Sendo assim, a associação com o outro seria uma condição essencial da vida humana, pois é por meio dela que a plena satisfação das necessidades humanas é possível. ● Teoria contratualista. Considera que a sociedade tem origem na livre manifestação de vontade dos sujeitos, que por meio de contratos hipotéticos, decidem se associar e formar uma comunidade. Há autores que reconhecem em Platão o pensamento contratualista, contudo, seus estudos eram voltados a um modelo ideal de sociedade, aproximando dos ideais dos utopistas do séc. XVI, como Thomas More e Tommaso Campanella, do que de contratualistas. Sendo assim, o contratualismo surgiu através de Hobbes, no período moderno. Para ele, o homem passou por um estágio primitivo, sendo essencialmente egoísta e inclinado à agressividade (“o homem é o lobo do próprio homem”), sendo elevada a razão humana para superação desta fase e avançado para um nível em que possa existir segurança e paz social, o estado social. Nesta nova etapa, há formação racional da sociedade, na qual o homem se engaja para manter a paz, sendo celebrado um pacto de preservação onde cada qual abdica do direito a tudo e aceita o direito limitado IZABELLA F. REIS - 1° PERÍODO 2021/01 - PROFESSOR: JULIANO SEPE L. C. à liberdade conferida a cada um. Eis aí, o contrato social. Contudo, conhecida a natureza do homem, Hobbes justifica o surgimento do Estado absolutista, em prol da manutenção deste estado social. Legitimando a defesa de um soberano para conduzir a vida em sociedade. Outro importante autor é Locke, segundo ele o estado de natureza é tenso e perigoso, mas não um estado de guerra, afastando-se da concepção pessimista da condição humana e não defende a predominância das más paixões no estado inicial e, diferentemente de Hobbes, foi um defensor da corrente antiabsolutista. Ademais, para Locke, os direitos naturais não são entregues para o estado na passagem do natural para civil, havendo a existência de direitos naturais protegidos por meio da vida em sociedade e do Estado. Outro expoente do contratualismo foi Rousseau, ele defendeu a natural predominância da bondade humana e seu caráter associativo, de modo que a organização da sociedade ocorre por meio de um contrato entre todos eles. Para ele, a ordem social seria um direito sagrado decorrente justamente das convenções sociais. Celebrada nos sécs. XVII e XVIII, a teoria contratualista recebeu diversas críticas, a principal razão reside na negação empírica da sua existência. Pois, apenas de maneira teórica é possível distinguir o estado natural do social e não há registros desta reunião para evitar a violência, partindo de uma premissa não confirmada na prática. Poder e sociedade. A complexidade da vida humana revela que o agrupamento social não é algo aleatório, a ciência política identifica três características essenciais para reconhecer na sociedade e diferenciá-la de uma mera reunião de pessoas, sendo elas: a) Finalidade social: Reside na ideia de que o homem tem plena consciência da necessidade de viver em sociedade e busca fixar um objetivo para a vida social compatível com aquilo que considera necessário para sua subsistência. Para a doutrina, seria a busca do bem comum, que segundo a Encíclica II consiste no conjunto de todas as condições de vida social que consistam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana. b) Ordem social: Para que seja garantido o objetivo almejado, é preciso uma orientação comum dos sujeitos nesse sentido. Assim, a ação harmônica dos integrantes da sociedade depende de uma ordenação. Nesse sentido, as ações devem ser realizadas de forma reiterada, ordenada e adequada, havendo observância de normas de comportamento social, sejam elas jurídicas ou não. A norma jurídica, apresenta caráter bilateral: ela imprime direitos e deveres, autorizando o IZABELLA F. REIS - 1° PERÍODO 2021/01 - PROFESSOR: JULIANO SEPE L. C. lesado a exigir a recomposição sob pena de aplicação da sanção prevista. A conduta do indivíduo e do grupo devem ser compatíveis com a finalidade social, sendo assim é levado em consideração o conjunto cultural de cada sociedade. c) Poder social: Surge como uma garantia de que a sociedade permanecerá ordenada, diz respeito à possibilidade de dominação de uma vontade sobre outra. Sendo imprescindível a determinação de um grau de dominação, pois, caso seja dispensável este poder, o Estado e as autoridades seria algo substituível, essa é a corrente de pensamento adotada pelos anarquistas. Há, portanto, a necessidade de um poder apto a garantir a harmonia dos interesses individuais e coletivos, sendo características essenciais a sociabilidade (que exclui a existência de meros fatores individuais) e a bilateralidade (que demonstra a exigência de uma pluralidade de vontades com a preponderância do titular do poder social). Reconhecida a importância da terceira característica, é preciso questionar acerca da legitimidade de que o poder social se reveste, sendo assim: Sendo assim, Max Weber determinou três fontes de legitimidade do poder: 1. Autoridade tradicional: Baseia-se na tradição e nos costumes da sociedade, essa legitimidade decorre de um status anterior de aceitação do poder pela comunidade, sendo então um poder legitimado pela reiterada aceitação da sua observância pelo grupo social, caracterizada pela ausência de uma regra expressa. 2. Autoridade carismática: Baseia-se no carisma do titular, a legitimidade decorre do reconhecimento das qualidades pessoais do titular pela comunidade, legitimado pelas condições inerentes ao titular e caracterizada pela ausência de uma regra expressa ou condutas contraditórias, o desconforto desta autoridade é que a sociedade permanece estável apenas enquanto durar o líder. 3. Autoridade racional ou burocrática: Baseia-se em uma regra de direito que atribui poder ao titular, o exercício do poder é legítimo por estar em consonância com as leis e regras escritas, a legitimidade decorre de uma autorização expressa da ordem jurídica e é caracterizada pela identidade entre legitimidade e legalidade. Sociedades políticas. A sociedade é compreendida como um agrupamento humano ordenado para determinada finalidade em torno de um poder social, contudo, revela-se uma definição ampla IZABELLA F. REIS - 1° PERÍODO 2021/01 - PROFESSOR: JULIANO SEPE L. C. surgindo a necessidade de diferenciá-la de outras espécies de agrupamentos ou associações humanas. Assim, podem ser identificadas duas espécies: a) Sociedade de fins particulares: Aquelas com propósito definido e orientado pelos seus membros, todas as atividades são direcionadas à concretização do propósito geral definido pelosintegrantes de forma direta e imediata. b) Sociedade de fins gerais: Aquelas com propósito indefinido e genérico, onde há busca de criação de condições necessárias para que integrantes, sujeitos e outras sociedades atinjam os seus fins particulares, as sociedades políticas estão inseridas nesta definição. Nesse modo, não se pode negar, por exemplo, que a família é uma sociedade política. Por outro lado, a sociedade política de maior amplitude em um determinado grupo social organizado é justamente o Estado. Compreende-se, portanto, que a primeira definição de Estado é justamente como sociedade política.
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