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DIREITO PENAL ESPECIAL

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DIREITO PENAL (GERAL / ESPECIAL) PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2021– Profa. Sarah Suzye 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
1 
 
OS: 0063/1/21-Gil 
CONCURSO: PC/CE – INSPETOR E ESCRIVÃO 
 
ÍNDICE: 
Cap. 1 – Princípios Aplicáveis ao Direito Penal......................................................................................01 
Cap. 2 – Aplicação da Lei Penal.............................................................................................................05 
Cap. 3 – O Fato Típico............................................................................................................................13 
Cap. 4 – Iter Criminis.............................................................................................................................21 
Cap. 5 – Fato Ilícito ou Antijurídico........................................................................................................26 
Cap. 6 – Culpabilidade...........................................................................................................................30 
Cap. 7 – Erro de Tipo.............................................................................................................................33 
Cap. 8 – Concurso de Pessoas...............................................................................................................36 
Cap. 9 – Concurso de Crimes.................................................................................................................39 
Cap. 10 – Crimes Contra a Vida.............................................................................................................41 
Cap. 11 – Da Lesão Corporal (art. 129) .................................................................................................54 
Cap. 12 – Da Periclitação da Vida e da Saúde........................................................................................59 
Cap. 13 – Da Rixa...................................................................................................................................67 
Cap. 14 – Crimes Contra a Honra...........................................................................................................68 
Cap. 15 – Crimes Contra a Liberdade Individual....................................................................................73 
Cap. 16 – Dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência.....................................................80 
Cap. 17 – Dos Crimes contra o Patrimônio............................................................................................85 
Cap. 18 – Crimes contra a Dignidade Sexual.......................................................................................110 
Cap. 19 – Crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário público.......................125 
 
Prof. Sarah Suzye 
Instagram: @sarahsuzye 
 
 
Capítulo 1 – Princípios aplicáveis ao Direito Penal 
 
1. Princípio da Legalidade 
(CF) – Art. 5º (…) 
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
(CP)“Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” 
 
Esses artigos citados, na verdade, expressam não só o princípio da Legalidade, mas também os princípios decorrentes da 
Anterioridade e Reserva Legal. 
Só haverá crime caso estejamos diante de lei formal, prévia, escrita, estrita, e certa. Esses são os quatro prismas do princípio 
da Legalidade. 
 Lei formal: apenas a lei, em sentido formal, passando por um processo solene perante o poder legislativo, pode criar 
crimes e cominar penas – Medida Provisória não pode ter esta função, da mesma forma que as leis delegadas não 
podem versar sobre direito penal (art. 68, § 1ª, II, CF). 
Em tempo: é vedada a edição de medidas provisórias versando sobre Direito Penal (art. 62, § 1º, I, b), da CF). O STF, no 
entanto, entende que essa disposição só se aplica a normas incriminadoras – que criem crimes. As normas não 
incriminadoras podem versar sobre direito penal, desde que sejam benéficas para o agente. 
 Lei prévia – nullum crimen, nulla poena sine lege praevia: não pode uma lei criada hoje reprimir condutas que 
aconteceram em momento anterior. A lei penal só pode criminalizar e punir condutas posteriores à sua vigência. 
Dessa forma, tem-se o princípio da irretroatividade da lei penal. 
DIREITO PENAL (GERAL / ESPECIAL) PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2021– Profa. Sarah Suzye 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
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OS: 0063/1/21-Gil 
É importante ressaltar que a lei não retroage no caso de ser mais gravosa. Se a lei for benéfica para a situação do 
réu (lex mitior), retroagirá e poderá ser aplicada. 
Art. 5º, XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 Lei escrita – nullum crimen, nulla poena sine lege scripta: apenas a norma positivada (lei escrita) pode criar crimes e 
cominar penas. O Direito Penal não aceita que os costumes tenham força suficiente pra criminalizar condutas. 
O costume pode ser utilizado apenas como fonte de interpretação do Direito Penal. 
 Lei estrita – nullum crimen, nulla poena sine lege stricta: a lei criminalizadora deve ser interpretada de forma 
restritiva. É proibido o uso da analogia para criar tipos penais, alargar a sua amplitude, fundamentar penas ou torná-
las mais graves (analogia in malam partem). Somente é admitida a analogia em benefício do acusado – in bonam 
partem. 
 Lei certa – nullum crimen, nulla poena sine lege certa: também chamada esta norma de princípio da taxatividade ou 
mandado de certeza. A lei criminalizadora deve conter a exata descrição da conduta que pretende punir, 
rigorosamente delimitada. Não se admitem normas penais imprecisas, vagas ou indeterminadas. 
 
1.1 Norma Penal em Branco 
A normal penal é composta de duas partes: o preceito primário (conduta) e o preceito secundário (sanção penal). 
A norma penal em branco é um “defeito” no preceito primário – precisa de outra lei para completar o sentido de alguma 
expressão ou algum componente da conduta descrita na lei. A norma penal em branco pode se classificar como homogênea 
(sentido lato, sendo subdividida entre homovitelina ou heterovitelina) ou heterogênea (sentido estrito). 
 Homogênea Caracteriza-se por ser complementada por um dispositivo normativo de mesma natureza. Ex.: Lei 
(formal) complementada por outra Lei também (formal). Pode ser homovitelina ou heterovitelina. 
A norma penal em branco homogênea homovitelina tem, no mesmo diploma legal, o conceito impreciso e a sua 
definição. Ex: o art. 312 do Código Penal (crime de peculato) necessita do conceito de funcionário público, que se 
encontra no art. 327 do mesmo diploma normativo. 
Já a norma penal em branco homogênea heterovitelina tem o preceito primário incompleto em um diploma e o 
complemento em diploma legal diverso e de mesma hierarquia. Por exemplo, o art. 236 do CP (crime de 
induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento) necessita de uma norma que defina erro essencial e 
impedimento – ambas as definições estão no Código Civil. 
 
 Heterogênea: 
Nesse caso, a lei é complementada por um dispositivo normativo diverso, fora do poder Legislativo. Ex.: Lei (formal) 
complementada por decreto, portaria ou resoluções. 
Ex: a Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), a qual é Lei em sentido formal e é complementada por uma portaria do 
Ministério da Saúde. 
 
Há ainda, a lei penal em branco às avessas – que carece de complementação no seu preceito secundário (pena). Um exemplo 
é o crime de genocídio (art. 1º, Lei 2.889/56). Vejamos: 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir,no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou 
parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; 
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; 
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Com as penas do art. 270, no caso da letra c; 
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; 
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;” 
 
Questão que pode ser cobrada! O complemento da lei penal em branco às avessas somente pode ser outra lei (vai haver uma 
cominação de penas, e pelo princípio da legalidade, não há pena sem prévia cominação legal). 
(Art. 304 – Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: 
Pena – a cominada à falsificação ou à alteração.) 
 
2. Princípios da Fragmentariedade e da Subsidiariedade 
O Direito Penal só se ocupa da proteção dos bens jurídicos mais relevantes – mais valiosos – para a sociedade, tendo estes 
bens sofrido ataques que sejam considerados intoleráveis. Diz-se, então, que o Direito Penal só protege um fragmento dos 
bens jurídicos, sendo todo o restante composto de vários indiferentes penais. Este é o princípio da Fragmentariedade. 
Já o princípio da Subsidiariedade diz que o Direito Penal, por ser uma instância mais severa do que os outros ramos de 
responsabilização do Direito (Civil e Administrativo), deve atuar em último caso (ultima ratio), sendo um soldado de reserva, 
garantindo a maior prevenção possível com o mínimo de prevenção indispensável. 
 
3. Princípio da Ofensividade (Nullum crimen sine iniuria) 
A conduta a ser criminalizada pelo Estado deve ser, obrigatoriamente, ofensiva ao bem jurídico tutelado. Deve haver o 
mínimo de lesão ou perigo de lesão relevante ao objeto que a lei incriminadora deseja proteger. Desse princípio decorrem 
quatro regras principais: 
1. Não podem ser criminalizadas atitudes internas – ideias, princípios internos, convicções, aspirações, por não 
realizarem mudança no plano externo (direito à perversão). Por causa disso não se punem atos de cogitação e 
preparação do crime. 
2. A conduta deve sair do âmbito do autor do crime – se a conduta não fere nenhuma pessoa além do próprio agente, 
não se pode exigir que o Estado a incrimine. Por isso não se punem as autolesões corporais e a tentativa de suicídio. 
É também chamado de princípio da alteridade. 
3. Não se pode criminalizar estados ou condições existenciais. O Estado deve ocupar-se da criminalização de condutas, 
e não do que a pessoa é ou da sua condição atual (evitando o chamado Direito Penal do Inimigo/do Autor). 
4. O Direito Penal não incrimina condutas desviadas que não causem dano ou perigo de dano a qualquer bem jurídico. 
Se o Direito Penal existe pra proteger bens jurídicos, não pode ser desviado dessa finalidade para resguardar fins 
morais. O Direito não se submete à moral. 
 
4. Princípio da Insignificância 
Na análise do crime, pela teoria tripartida, este é composto de três elementos (fato típico, ilicitude e culpabilidade). Na 
análise do fato típico, deve ser verificada a tipicidade formal – conduta se adequando ao tipo previsto na norma – e a 
tipicidade material – efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
O princípio da insignificância incide na tipicidade material, afastando-a. 
 
4.1 Critérios 
De acordo com o STF, são quatro os critérios para aferir se a conduta é ou não passível de ser considerada insignificante. São 
eles: 
a) Mínima ofensividade da conduta do agente; 
b) Ausência de (ou nenhuma) periculosidade social da ação; 
c) Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; 
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d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
O princípio da insignificância e a reincidência: os tribunais superiores têm demonstrado entendimento de que a reincidência 
delitiva não pode figurar em um caso de insignificância (STJ: HC 414.824 e STF: RHC 146.328, 123.199...) 
MAS, em casos excepcionais, diante das circunstâncias concretas do caso, sendo demonstrado que a medida é aplicável, o 
princípio pode ser aplicado a criminoso reincidente (STF, HC 140.017 e STJ 414.824) 
 
5. Princípio da pessoalidade/intranscendência da pena 
(CF, art. 5º, XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite 
do valor do patrimônio transferido;) 
A pena somente é aplicável à pessoa que praticou o delito, não podendo passar (transcender) de sua pessoa para atingir 
sucessores. 
Com a morte do réu, as consequências penais se resolvem. Os efeitos extrapenais (indenizatórios, por exemplo) da sentença 
penal condenatória resistem, não podendo, no entanto, passar do limite da herança deixada pelo falecido. 
 
6. Princípio da Humanidade 
Art. 5º, CF: 
(…) III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
(…) XLVII – não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
Nenhuma pena imposta pelo Estado pode ferir a dignidade da pessoa humana. São vedadas, por esse motivo, as penas cruéis 
e infamantes. A pena deve ser direcionada para o fim específico de ressocializar o condenado. 
 
7. Princípio da Adequação Social 
É um princípio utilizado para interpretação de normas. Por este princípio, uma conduta socialmente adequada não poderia 
ser típica. Por exemplo, não se pode considerar criminosa a lesão corporal causada por um pontapé durante uma partida de 
futebol. 
Vale dizer que o princípio da adequação social não exclui nem revoga tipos penais. 
Súmula 502, STJ – “Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, 
parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas”. 
8. Princípio da Proporcionalidade (proibição de excesso) 
O Direito Penal impõe limitações muito severas na esfera dos direitos fundamentais – principalmente o direito à liberdade. 
Por causa disso, o Estado deve abster-se de cometer excessos ao tratar desta área do direito, obedecendo a três 
subprincípios: 
a) adequação: ao criar normas de Direito Penal, o Estado deve verificar se esta norma é apta a alcançar os fins pretendidos. 
b) necessidade: o Direito Penal apenas pode ser utilizado pelo Estado de forma subsidiária – quando se tornem insuficientes 
as demais formas de controle social. 
c) proporcionalidade em sentido estrito: os meios que o Estado utiliza para conseguir os fins que pretende não podem 
extrapolar um limite tolerável. A tutela dos bens jurídicos deve ser maior do que os custos que isso pode acarretar (sacrifício 
dos bens jurídicos do autor ou da sociedade). 
 
DIREITO PENAL (GERAL / ESPECIAL) PARA CONCURSOS 
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Capítulo 2 – Aplicação da Lei Penal 
 
1. Lei Penal no Tempo 
1.1 Tempo do Crime 
Estuda-se o tempo do crime para saber o momento em que se considera, efetivamente, praticada, uma infração penal – para 
saber a lei aplicável, para aferir se o sujeito que pratica o crime é imputável ou não, etc. Sobre o tempo do crime, temos três 
teorias. 
a) Teoria da Atividade: considera-se praticado o crime no momento da ação/omissão, mesmo que em outro momento 
ocorra o resultado. Foi a teoria adotada pelo Código Penal. 
Art. 4º – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o 
momento do resultado. 
b) Teoria do Resultado: essa teoria considera o momento da produção do resultado do crime. 
c) Teoria Mista/ da Ubiquidade: considera tanto o momento da conduta como o do resultado. 
 
1.2 O Tempo Rege o Ato. 
Em regra, segue-se o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato) – ou seja, os fatos praticados se regulam pela lei 
vigente na época da prática. 
Toda regra tem uma exceção. Para a regra do tempus regit actum, temos como exceção a extra-atividade da lei penal mais 
benéfica. Dessa forma, quando for mais favorável para o réu, a lei pode se movimentar no tempo, ainda que não esteja mais 
vigente: 
 Pode retroagir (pra trás) aplicando-se a fatos anteriores à sua entrada em vigor; e 
 Pode ultra-agir (pra frente) se aplicando a lei mesmo depois de revogada, para um fato que ocorreu enquanto ainda 
estava vigente. 
 
1.3. Conflito de Leis Penais no Tempo 
Pode ser que o crime, desde o momento da prática até o seu processo e julgamento, passe a ser disciplinado por leis penais 
diferentes – leis que mudem a pena, que retirem qualificadoras, majorantes, ou que as incluam, etc. 
Você já sabe que os conflitos são solucionados pelo art. 5º, XL da Constituição Federal “a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu”. Mas, para efeitos de prova, você deve saber conceituar e o que fazer quando surjam casos de conflito. São 
eles 1) nova lei mais gravosa; 2) nova lei mais benéfica; 3) abolitio criminis; e 4) nova lei incriminadora. 
 
1.3.1 Nova lei mais gravosa (novatio legis in pejus ou lex gravior) 
A lei mais grave, que vem depois, só pode ser utilizada a partir do momento em que entra em vigor. Não pode, de maneira 
alguma, alcançar fatos que ocorreram antes. 
Os fatos que foram praticados antes da sua vigência são regulados pela lei anterior, pois era mais benéfica. 
CALMA! Vou explicar melhor, com exemplos! 
Imagina a seguinte situação hipotética: 
 Sandro cometeu um furto simples, que, ao tempo do fato, tinha a pena de reclusão, de 1 a 4 anos, e multa – essa 
pena foi instituída pela lei A. 
 Chega a lei B e revoga a lei A, que tinha a pena anterior do furto simples, e a AUMENTA pra reclusão, de 2 a 6 anos, 
e multa. 
 Qual pena deve ser aplicada a Sandro? A pena que conste da lei A, que, por ser mais benéfica (é melhor responder 
de 1-4 anos do que de 2-6), ultra-age e pode ser aplicada mesmo depois de revogada. 
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Entendeu? A lei B, por ser nova e mais grave, não se aplica ao furto cometido por Sandro. 
Se a lei penal entrar em vigor enquanto está ocorrendo um crime permanente ou continuado, essa lei SE APLICA. Mas 
atenção aos requisitos: o crime deve se encaixar como crime continuado ou permanente, e deve estar ocorrendo quando a 
lei entrar em vigor (Súmula 711, STF). 
Exemplo: Sandro cometeu um crime de extorsão mediante sequestro, e enquanto a vítima estava privada de liberdade, 
entrou em vigor lei nova, aumentando a pena do crime de extorsão mediante sequestro. Essa lei mais grave vai se aplicar ao 
caso! 
Atenção para a Súmula 711 do STF!! 
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência”. 
 
1.3.2 Nova lei mais benéfica (novatio legis in mellius ou lex mitior) 
A lei nova, que seja mais favorável pro acusado, retroage e alcança fatos ocorridos antes de entrar em vigor. Isso vale 
durante o Inquérito Policia, durante a ação penal e mesmo após o trânsito em julgado, segundo o disposto no art. 2º, 
parágrafo único do CP 
“a lei posterior que, de qualquer modo, favorecer o agente, se aplica aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” 
 
A lei nova vai ser ou não mais benéfica para o agente, dependendo do caso concreto (segue-se, portanto, a teoria da 
ponderação concreta). 
Quem aplica? Sempre o juiz natural. 
 Se estiver na fase de Inquérito Policial? O juiz competente pela concessão de prazos e decisão sobre prisões, por 
exemplo. 
 Se estiver na fase de instrução? O juiz da instrução. 
 Se estiver sendo executada a pena? O juiz da execução (Súmula 611 do STF). 
Súmula 611 do STF!! 
“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna”. 
 
1.3.3 Abolitio Criminis 
1.3.3.1 Descriminalização da conduta típica 
Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
A abolitio criminis propriamente dita deixa de considerar a conduta como criminosa, passando a ser considerada um 
indiferente penal. Um ótimo exemplo disso é a Lei nº 11.106/05, que aboliu o crime de Adultério (antigo art. 240 do CP). 
A natureza jurídica da abolitio criminis é de causa extintiva da punibilidade do agente (art. 107, III, do CP). Se, ao tempo que a 
lei que exclui o crime do ordenamento jurídico, havia um processo em curso, esse processo será resolvido, sendo declarada a 
extinção da punibilidade do agente. 
Se por outro lado, já havia uma execução de pena em curso, deve ser interrompida, e todos os efeitos penais (reincidência, 
por exemplo) devem ser cessados. 
ATENÇÃO! OS EFEITOS CIVIS PERMANECEM! 
Se, pela conduta criminosa, o agente respondia, por exemplo, uma ação cível de indenização, essa ação vai continuar 
tramitando normalmente, já que somente cessarão os efeitos penais da condenação. 
 
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1.3.3.2 Abolitio Criminis Temporária 
O Estatuto do Desarmamento trouxe uma situação, no mínimo, curiosa, para o nosso ordenamento: estabeleceu-se um prazo 
para que as pessoas que detinham armas de fogo as entregassem ou regularizassem a situação. Durante esse tempo, não 
incidiu o crime de posse de arma de fogo. 
Veja a Súmula 513 do STJ: 
“A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10.826/03 aplica-se ao crime de posse de arna de fogo de uso permitido com 
numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou alterado, praticado somente até 
23/10/2005”. 
 
1.3.3.3 Continuidade normativo-típica 
Ocorrendo a revogação do tipo penal, mas sendo a conduta AINDA considerada crime em outro tipo penal, não haverá 
abolitio criminis. Para que exista a abolitio, deve a conduta em si ser considerada irrelevante pro Direito Penal. Quando a 
conduta ainda é punida, ainda que em outro artigo, consideramos que houve revogação, com aplicação do princípio da 
continuidade normativo-típica. 
Exemplo: o crime de atentado ao pudor (art. 214, CP), punia o agente que praticasse a conduta de “Constranger alguém, 
mediante violênciaou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção 
carnal”, enquanto que o crime de Estupro (art. 213, CP) punia a conduta de “Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique conjunção carnal”. 
A Lei nº 12.015/09 revogou o art. 214, MAS passou a dispor, no art. 213, da seguinte forma: 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a 
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 
12.015, de 2009) 
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos 
 
Viu o que houve? O art. 214 foi revogado, mas a conduta não se tornou atípica. Pelo contrário, continuou sendo considerada 
típica, mas em outro tipo penal. Por isso se chama continuidade normativo-típica – porque a conduta terá continuidade na 
lei penal, seguirá sendo típica, só que em outra norma. 
 
1.3.5 Nova lei incriminadora. 
Um fato que era irrelevante para o Direito Penal passa a ser tipificado, e considerado crime. Exemplo: a Lei nº 13.641/18, que 
alterou a Lei Maria da Penha para tipificar o crime de descumprimento de medida protetiva – atual art. 24-A da Lei 
11.340/06. 
Seção IV 
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
 
1.3.6 Combinação de leis penais (lex tertia) 
Poderia o juiz, na hora da aplicação de leis que estão em conflito, pegar aspectos favoráveis das duas leis e aplicá-las ao 
mesmo tempo? 
Imagina que a lei A, para um determinado crime, dispõe que a pena será de 2-4 anos e multa, e a lei B vem logo após, 
passando a dispor que o mesmo crime terá pena de 4-8 anos, sem multa. Poderia o juiz aplicar a pena considerando os 
limites de tempo da lei A e a não aplicação de multa da lei B (Pena de 2-4 anos, sem multa)? 
O STJ entende que não é possível o juiz efetuar a combinação de leis penais (Súmula 501), devendo o juiz avaliar qual lei, na 
prática, seria mais benéfica ao acusado. Esta é a posição majoritária. 
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Na doutrina, Nelson Hungria acompanha este entendimento, dizendo que ao combinar leis penais, criando uma “terceira lei 
imaginária”, seria violado o princípio da separação dos poderes. 
 
1.4. Lei Excepcional e Temporária. 
A lei excepcional é aquela criada, sem prazo definido, para regular uma situação que é transitória e tem caráter de 
emergência – por exemplo, a guerra ou um caso de calamidade pública. Ela persiste rebus sic stantibus – enquanto durar o 
estado da situação. 
Já a lei temporária é aquela que no seu próprio texto traz o seu tempo de vigência determinado. São autorrevogáveis e 
criadas para atender a um período específico de tempo. Exemplo: a lei 13.284/16, que foi criada para proteger o patrimônio 
material e imaterial das entidades organizadoras dos Jogos Olímpicos de 2016, que vigeu até 31 de dezembro de 2016. 
Por serem leis emergenciais, nem sempre elas durarão até que uma pessoa que cometeu o crime seja processada, julgada, 
cumpra pena e encerre a execução. Por esse motivo, o art. 3º do CP dispõe: 
Art. 3º – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
Então, explicando: se o fato definido pela lei temporária ou excepcional como crime ocorreu enquanto esta ainda era 
vigente, o fato será julgado com base nela, mesmo que, na época da decisão judicial, a lei já não tenha mais validade. 
 
2. Lei Penal no Espaço 
2.1 Territorialidade 
2.1.1 Princípio da Territorialidade 
O princípio que vigora em relação à aplicação da lei penal brasileira no espaço é o da Territorialidade Temperada ou 
Mitigada – porque permite que convenções, tratados e regras de Direito Internacional sejam aplicados. 
Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, 
ao crime cometido no território nacional. 
 
2.1.2 Conceito de Território Nacional 
a) no sentido formal ou jurídico: todo o espaço que esteja sujeito à soberania do Estado. 
b) no sentido material ou real: 
 a superfície terrestre (solo e subsolo); 
 as águas interiores; 
 o mar territorial (12 milhas marítimas) 
 o espaço aéreo correspondente; 
c) território por extensão ou flutuante: 
 As embarcações e aeronaves brasileiras (públicas ou a serviço do governo brasileiro), onde quer que se achem; 
 as aeronaves e embarcações brasileiras (matriculadas no Brasil), que sejam mercantes ou de propriedade privada, 
que estejam no alto-mar ou no espaço aéreo correspondente a ele. É o princípio da bandeira ou do pavilhão. 
QUESTÕES IMPORTANTES 
1. Princípio da Reciprocidade: assim como as embarcações brasileiras são consideradas extensão do território 
brasileiro, as embarcações estrangeiras de natureza pública/a serviço do governo também se consideram território 
estrangeiro. 
2. Direito de Passagem Inocente: o art. 3º da Lei nº 8.617/93 diz: 
“Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial 
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brasileiro. 
§1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do 
Brasil, devendo ser contínua e rápida. 
§2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais 
procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por 
dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade 
grave. 
§3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo 
Governo brasileiro. 
3. Embaixadas: as embaixadas brasileiras em território estrangeiro não são consideradas território brasileiro, assim 
como as embaixadas estrangeiras aqui no Brasil não são consideradas território estrangeiro. 
 
2.2 Lugar do Crime 
Há três teorias sobre o lugar do crime: 
a) Teoria da Atividade: considera-se praticado o crime no local da ocorrência da ação/omissão, mesmo que em outro local 
ocorra o resultado. 
b) Teoria do Resultado: essa teoria considera o local da produção do resultado do crime. 
c) Teoria Mista/ da Ubiquidade: considera tanto o local da conduta como onde se produziu ou onde deveria produzir-se o 
resultado. Foi a teoria adotada pelo Código Penal, no art. 6º. 
Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em 
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
2.3 Extraterritorialidade 
No art. 7º do Código Penal há hipóteses em que, mesmo que a conduta e o resultado ocorram fora de território brasileiro, a 
lei brasileira será aplicada. São as hipóteses de extraterritorialidade. 
 
2.3.1 Extraterritorialidade incondicionada 
Nessas hipóteses, se aplica a lei brasileira independentemente de qualquer condição, sendo o acusado absolvido ou 
condenado no estrangeiro. Isso ocorrerá nos crimes (art. 7º, I, CP): 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil 
 
2.3.2 Extraterritorialidade condicionada 
Nessas hipóteses, que estão no inciso II do art. 7º, a aplicação da lei brasileira se condiciona a alguns requisitos (que estão no 
parágrafo 2º) 
As hipóteses são dos crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados; 
 
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As condições são as do §2º: 
§2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável. 
O parágrafo terceiro dispõe sobre outra hipótese de extraterritorialidade condicionada: 
§ 3º – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Princípios aplicáveis – lei penal no espaço 
Art. 7º, I, “a” Princípio da proteção 
Art. 7º, I, “b” Princípio da proteção 
Art. 7º, I, “c” Princípio da proteção 
Art. 7º, II, “a” Princípio da Justiça Universal 
Art. 7º, II, “b” Princípio da Nacionalidade Ativa 
Art. 7º, II, “c” Representação/ Pavilhão/ Bandeira 
 
3. Lei Penal em relação às pessoas 
3.1 Imunidades diplomáticas 
Não se aplica a lei brasileira para algumas pessoas, em razão de seu status diplomático. Tais imunidades estão na Convenção 
de Viena. 
Atingem: 
Chefes de governo ou de estado estrangeiros + família + comitiva 
Embaixador + família 
Funcionários do corpo diplomático + família 
Funcionários das organizações internacionais (ex: ONU), apenas quando em serviço! 
 
OBS: Os agentes consulares não detém imunidade diplomática. Existe imunidade apenas quanto aos atos de ofício – 
funcional. 
 
 
 
 
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3.2 Imunidades Parlamentares 
Para entender as imunidades parlamentares, observe o quadro abaixo. 
IMUNIDADE ABSOLUTA 
(MATERIAL) (freedom of 
speech) 
IMUNIDADE FORMAL 
QUANTO AO FORO 
IMUNIDADE FORMAL 
QUANTO AO 
PROCESSO 
IMUNIDADE FORMAL – 
TESTEMUNHO 
IMUNIDADE QUANTO 
À PRISÃO (freedom 
from arrest) 
Os deputados e 
senadores são 
invioláveis, civil e 
penalmente, por suas 
palavras, opiniões e 
votos. 
 
Esta imunidade abrange: 
Deputados e Senadores 
Federais, Deputados 
Estaduais e Vereadores 
Os deputados e 
senadores são, desde a 
expedição do diploma, 
sujeitos a julgamento 
pelo STF – desde que 
tenha ocorrido o fato 
após a diplomação e 
tenha relação direta 
com as funções 
exercidas (INFO 900, 
STF) 
Após a diplomação, a 
casa legislativa 
correspondente pode 
sustar – a pedido de 
partido político com 
representação no CN – 
o andamento da ação 
penal por voto 
ostensivo e nominal da 
maioria absoluta. 
Regra: parlamentar 
DEVE testemunhar, 
salvo (art. 53, §6º) 
informações 
recebidas/prestadas 
em razão do exercício 
do mandato, ou sobre 
as pessoas que lhes 
confiaram ou deles 
receberam informações 
– só testemunha se 
quiser. 
Os parlamentares 
somente podem ser 
presos por prisão em 
flagrante de delito 
inafiançável e por 
prisão decorrente de 
sentença definitiva. 
 
Quanto a prisão 
provisória e preventiva, 
são imunes. 
 
3. Conflito aparente de leis penais 
Há casos em que, aparentemente, um caso se encaixa em mais de uma norma de natureza penal, o que poderia causar a 
impressão de que as duas leis se aplicariam (o que não é possível, pois configura bis in idem). 
Esse conflito é apenas aparente, já que existem quatro princípios hábeis para solucionar, o SECA: SUBSIDIARIEDADE, 
ESPECIALIDADE, CONSUNÇÃO E ALTERNATIVIDADE. 
 
3.1 Princípio da Subsidiariedade 
O tipo subsidiário tem um crime autônomo, no qual tem uma pena menos grave do que a cominada pela norma primária. 
Esse tipo subsidiário entra como o famoso “soldado de reserva”, porque, não tendo o elemento “a mais”, da norma primária, 
pune-se o fato que ainda resta, subsidiariamente. 
A subsidiariedade pode ser: 
 Expressa (quando a própria lei diz que se aplica o crime, caso não configure crime mais grave – ex: art. 132, CP) 
Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. 
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave 
 Tácita quando as elementares de um tipo penal estão contidas dentro de outro. Ex: o crime de ameaça (art. 147, 
CP) está dentro do crime de constrangimento ilegal (art. 146). 
 
3.2 Princípio da Especialidade 
Havendo uma lei geral e uma lei especial sobre o mesmo fato, prevalece a disposição que esteja na lei especial (lei especial 
derroga a lei geral). O tipo penal específico – que pode estar no próprio Código Penal quanto em leis extravagantes – vai ter 
os elementos do tipo penal básico (genérico), em conjunto com outros elementos especializantes. 
Exemplo: homicídio (tipo básico) e infanticídio (tipo específico); homicídio culposo (CP) e homicídio culposo na direção de 
veículo automotor (art. 302, CTB). 
 
3.3 Princípio da Consunção 
Ocorre quando um crime é absorvido por outro, havendo uma relação de meio e fim, ou sendo um crime fase necessária 
para a realização do outro. 
 
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Pode ocorrer a consunção em quatro situações: 
a) crime progressivo: o agente já inicia a conduta com o dolo de alcançar um resultado mais grave, e passa pelo outro crime 
para alcançar esse resultado. É o que se chama de delito de passagem obrigatória. Ex: para que seja consumado o homicídio, 
eu necessariamente tenho que causar uma lesão corporal (que é o crime de passagem). 
b) progressão criminosa: o agente vai progredindo na sua intenção criminosa. Começa querendo somente o delito inicial, 
mas vai aumentando a violação do bem jurídico com fatos mais graves. Exemplo: o agente inicialmente só quer lesionar. 
Depois passa a querer matar (substitui o dolo de lesão pelo dolo de matar). Os fatos iniciais (lesões corporais) ficam 
absorvidos pelo crime mais grave (homicídio). 
c) crime-meio e crime-fim: o agente passa por um crime para conseguir praticar outro, que é a sua finalidade. Apesar de 
haver pluralidade de fatos, o crime meio é absorvido. 
Exemplo: eu quero cometer um crime de estelionato por meio de falsificação de documento, mas eu só cometi a falsificação 
para cometer o estelionato. Segundo o STJ (Súmula17) “QUANDO O FALSO SE EXAURE NO ESTELIONATO, SEM MAIS 
POTENCIALIDADE LESIVA, É POR ESTE ABSORVIDO.” 
d) fato posterior não-punível: quando o fato posterior se refere ao mesmo bem jurídico e mesma vítima, fica absorvido pelo 
primeiro fato. Por exemplo: o agente furta um celular, e logo depois o atira no chão, quebrando-o. Não responderá pelo 
crime de dano (art. 163, CP). 
 
3.4 Princípio da Alternatividade 
Esse princípio regula os crimes mistos alternativos – ou multinucleares. Havendo várias formas de praticar o crime – vários 
núcleos – considera-se praticado o crime por qualquer das condutas. Ex: o art. 33 da Lei de Drogas tem dezoito núcleos. É 
necessário que o agente pratique todos para consumar o crime? Não. Se ele pratica mais de um verbo, há mais de um delito? 
Não. O agente responde por um único delito. É um conflito dentro da própria estrutura típica do artigo. 
 
4. Disposições Finais sobre aplicação da Lei Penal 
4.1 Eficácia da sentença estrangeira 
Quando uma sentença é expedida fora do Brasil e tem as mesmas consequências que teria na lei brasileira, ela pode ser 
homologada aqui para que surta alguns efeitos: 
Art. 9º – A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas 
consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II – sujeitá-lo a medida de segurança. 
Para que a sentença seja homologada para surtir os efeitos do inciso I, depende de pedido da parte interessada. 
Agora, para que surta o efeito do inciso II ou para outros efeitos, depende da existência de tratado de extradição com o país 
que prolatou a sentença, ou, na falta de tratado, deve haver requisição do Ministro da Justiça. 
Não esquecendo, ainda, que a pena já cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando 
diversas, ou nela é computada, quando idênticas 
 
4.2 Contagem de prazos penais 
Inclui-se o dia do começo na contagem do prazo – o restante do prazo se conta (dias, meses, anos) pelo calendário comum. 
Ex: uma pena de um ano que iniciou hoje, dia 18/11/2018, às 18h, se encerra no dia 17/11/2018, às 24h. 
Lembrando que, segundo o art. 11, as frações de dia não se computam (para as penas privativas de liberdade) e as frações da 
unidade monetária vigente não se computam para as penas de multa. 
Art. 10 – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo 
calendário comum. 
Art. 11 – Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, 
e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
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Capítulo 3 – O Fato Típico 
1. Introdução 
A infração Penal é um gênero que comporta duas espécies: crime e contravenção penal. Em primeiro plano devemos ter em 
mente que a infração penal é uma divisão “dicotômica”, ou seja, o gênero só comporta duas espécies. 
Os crimes estão previstos na parte especial do código penal (Art. 121 ao Art. 359-H) e também na legislação especial 
(extravagante). As contravenções penais por sua vez estão previstas na Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 
3.688/1941). 
Os crimes e as contravenções penais se diferem em sua essência pela gravidade das condutas descritas na lei. 
Segundo o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: 
“art. 1º considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer 
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, 
pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.” 
Sendo o crime (delito) espécie da infração penal, este possui uma nova divisão. Nesse caso, existem diversas correntes 
doutrinárias para este conceito, entretanto, adotaremos a majoritária, a qual vigora no Direito Penal Brasileiro, classificada 
como Teoria Finalista Tripartida ou Tripartite, que defende o crime como fato típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável. Neste 
capítulo estudaremos os elementos que compõem o fato típico na estrutura do crime. 
 
2. Elementos do Fato Típico 
Para que um fato seja considerado típico, é necessário que hajam estes quatro requisitos na situação fática: Conduta, 
Resultado, Nexo Causal e Tipicidade. 
 
2. 1 Conduta 
Segundo a teoria finalista, a conduta é a conduta é o agir ou deixar de agir humano, de forma consciente e voluntária, 
dirigida a uma determinada finalidade. O Código Penal brasileiro adota essa teoria. 
2. 1. 1 Conduta comissiva e omissiva 
A conduta pode representar um fazer (ação) ou um não fazer (omissão). A ação e a omissão são os meios pelos quais a 
conduta se exterioriza, se apresenta ao mundo. De acordo com a forma pela qual é praticada a conduta criminosa temos: 
1) Crimes comissivos: são a regra, os crimes praticados por ação, mediante uma conduta positiva – quebrando, portanto, 
uma norma proibitiva (um fazer) tal como se dá no homicídio (art. 121, CP), no roubo (art. 157, CP), no estelionato (art. 171, 
CP), etc. 
2) Crimes omissivos: são aqueles cometidos por meio de omissão, uma conduta negativa – quebrando uma norma 
mandamental. Os delitos omissivos se subdividem em: 
2.1) Crimes omissivos próprios: a omissão está descrita dentro do próprio tipo penal. Exemplos: os arts. 135 e 320 do CP; 
arts. 228 e 229 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente); e art. 4º, “c” e “d” da Lei nº 4.898/65 (Lei do Abuso 
de Autoridade). 
2.2) Crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão): de sua parte, são crimes que, em essência, são comissivos 
(como o homicídio, o furto, etc.), mas o agente tem a responsabilidade conferida por lei para agir e evitar a produção do 
resultado e se OMITE. Há um estudo mais aprofundado a respeito na parte de nexo causal. 
Caso, por exemplo, a mãe se recuse a alimentar o recém-nascido, fazendo com que este, por sua negligência, morra de 
inanição, deverá responder pelo resultado, isto é, por homicídio culposo. Se, em vez da culpa, tiver desejado a morte da 
criança ou aceitado o risco de ela ocorrer, será responsabilizada por homicídio doloso. 
É preciso destacar que, nos crimes omissivos impróprios, a punição do agente que nada fez e, com isto, permitiu que o crime 
se consumasse, depende da existência prévia de um dever jurídico de agir para evitar um resultado. As hipóteses em que há, 
nos termos da lei penal, dever de agir para evitar resultados encontram-se estabelecidas no art. 13, § 2º, do CP: 
 Art. 13 (…) 
§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem: 
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a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
2.1.2 Conduta dolosa 
Art. 18 Considera-se o crime: 
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;” 
» Conceito de dolo: 
É a vontade consciente dirigida a produzir ou aceitar produzir um resultado. 
 
Espécies de dolo: 
1) Dolo direto (art. 18, I, 1ª parte, CP): Teoria da vontade – Quando o agente quis o resultado. É o elemento subjetivo do 
agente, a vontade livre e direta de causar o resultado criminoso. 
2) Dolo eventual(art. 18,I, 2ª parte, CP): Teoria do assentimento – Quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado. 
Aqui o agente não quer diretamente, mas assume a responsabilidade pelo resultado. 
 
Dolo DIRETO de primeiro e dolo DIRETO de segundo grau 
 Dolo de primeiro grau: quando o agente quer um resultado determinado, valendo-se dos meios próprios direcionados 
para este fim. Por exemplo, “A” quer matar “B” com emprego de explosivo, tem dolo direto para homicídio qualificado 
por causa do explosivo. Nesta modalidade de dolo, a vontade do sujeito se adapta de modo perfeito ao resultado. 
 Dolo de segundo grau (ou de consequências necessárias): o agente quer produzir um resultado específico, porém para 
alcançar esse resultado, outros irão ocorrer, os quais são necessários (colaterais ou consequenciais) para a obtenção do 
resultado específico; mas por ele já previstos. Por exemplo, “A” quer matar um empresário. Ele pode escolher qualquer 
meio para fazer isso, mas escolhe explodir o avião particular do empresário. Ao explodir o avião, a morte do piloto e 
destruição do avião são as consequências do meio empregado para o crime pretendido. Desse modo, “A” responderá 
pelo homicídio contra o empresário com dolo direito e por dolo de 2º grau pelo homicídio do piloto e destruição do 
patrimônio. 
 
2.1.3 Conduta culposa 
Art. 18 Considera-se o crime: 
II – Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando 
o pratica dolosamente”. 
 
É uma conduta voluntária que causa um resultado não querido pelo agente, mas que foi previsto ou que era previsível pra 
qualquer pessoa – e que podia ser evitado, se o agente atuasse com o devido cuidado. 
Há crime culposo quando o agente não quer o resultado, não assume o risco de produzi-lo, mas dá causa a esse resultado 
por imprudência, negligência ou imperícia. 
Quando o legislador tipifica um crime como culposo, em regra, não há a descrição da conduta culposa, isto é, somente se 
põe a expressão “se o crime é culposo…” e a imposição da sanção penal. Por isso, são chamados tipos penais abertos e 
necessitam de uma valoração do juiz. Nada impede, porém, que hajam crimes culposos em tipos penais fechados, por 
exemplo, a receptação culposa (Art. 180, §3º, CP). 
 
2.1.3.1 Elementos do crime culposo 
O homicídio culposo ocorre quando o agente dá causa ao resultado por uma conduta voluntária, que realiza um fato ilícito 
que o agente não queria, mas que previu ou que poderia ter previsto, e poderia ser evitado caso o agente agisse com mais 
cuidado. 
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OS: 0063/1/21-Gil 
Os elementos do crime culposo são seis: 
a) Conduta inicial voluntária – apesar de não querer o resultado, o agente inicialmente age com consciência e tem vontade 
de praticar a conduta – ou seja, não a realiza involuntariamente (a vontade se limita apenas para a conduta); 
b) Violação de um dever de cuidado objetivo (que todos devem ter na vida), que pode ocorrer por imprudência, negligência 
ou imperícia (são as três modalidades de culpa). 
 Imprudência: é a culpa por comissão, ou seja, um agir culposo – uma atitude precipitada, não muito bem refletida e 
potencialmente perigosa. 
 Negligência: é a culpa por omissão, uma inatividade, uma falha na ausência de precaução. Há um cuidado imposto a ser 
tomado e o agente não o fez. 
 Imperícia: culpa profissional. O agente não detém conhecimentos que deveria ter para o exercício desta arte/profissão 
(despreparo técnico). É necessário que o agente esteja neste exercício no cometimento da conduta. Ex: acidente de 
trânsito causado por motorista sem habilitação). 
Imagine que um médico – habilitado e experiente na sua área – resolve realizar uma cirurgia que ainda não tem técnica 
segura criada. Este médico coloca todos os seus conhecimentos na cirurgia e chega em uma complicação aonde não há 
resposta científica e comete um erro, causando a morte do paciente. Nesse caso, não há imperícia, pois o médico era 
habilitado e detinha os conhecimentos de sua profissão. É um erro profissional não caracteriza a culpa, já que não houve, no 
caso, imperícia. 
c) Resultado Naturalístico involuntário – todo crime culposo vai necessariamente acarretar um resultado de lesão a um bem 
jurídico tutelado. 
d) Nexo causal entre conduta – resultado; 
e) Previsibilidade – o agente deve ter possibilidade de prever o resultado lesivo, de acordo com o critério do “homem 
médio” (previsibilidade objetiva). 
f) Tipicidade – somente se pune a conduta praticada culposamente se houver expressa previsão legal do tipo na forma 
culposa. (art. 18, parágrafo único “salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, 
senão quando o pratica dolosamente”). 
Os dois principais requisitos para fins de concursos são a previsibilidade objetiva, ou seja, o Código Penal determina que, 
pelo menos, o resultado seja previsível nas circunstâncias que realmente aconteceu; e previsão legal, pois todo crime é 
doloso, a não ser que esteja expressa no Código Penal ou nas leis especiais a modalidade culposa. 
 
Espécies de culpa 
1) Culpa própria (gênero): o agente não quer e não assume o risco do resultado, mas o causa por imprudência, negligência 
ou imperícia. 
2) Culpa consciente/ culpa com previsão (espécie): o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo 
poder evitá-lo com a sua habilidade ou sorte. Ex.: excesso de confiança das próprias habilidades. Não há mera previsibilidade, 
há efetiva previsão. 
3) Culpa inconsciente/ culpa sem previsão (espécie): o agente não prevê o resultado, que era previsível, ou seja, outra 
pessoa nas mesmas circunstancias teria previsto o resultado. 
4) Culpa imprópria/por extensão/equiparação/por assimilação: na verdade, não é bem uma espécie de culpa, mas de erro 
de tipo – é o erro inescusável (indesculpável) na descriminante putativa. O agente imagina uma situação excludente de 
ilicitude que não existe. Ex.: o morador a noite vê um vulto caminhando pela casa e atira pensando ser um ladrão, mas era o 
filho que havia retornado um dia antes da viagem. 
A culpa imprópria nada mais é que uma ação dolosa, porém punida como crime culposo, caso o erro derive de culpa. Prevista 
no art. 20, §1º última parte – descriminante putativa. 
5) Culpa indireta/ mediata: O agente de forma culposa produz indiretamente o resultado. Ex.: assaltante aponta uma arma 
para o motorista de ônibus parado no semáforo. O motorista se assusta e reflexamente acelera, atropelando e matando 
pedestre. É o assaltante que vai responder por esse homicídio culposo na modalidade culpa indireta ou mediata. 
 
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OS: 0063/1/21-Gil 
Distinção: Dolo Eventual x Culpa Consciente: 
Dolo eventual Culpa consciente 
Em ambos o agente prevê que sua conduta pode causar o resultado 
agente assume o risco da ocorrência do resultado, pois não 
se importa com a sua ocorrência. 
O agente prossegue na conduta, afastando o resultado, 
porque acredita sinceramente que não vai ocorrer, por 
confiar demais nas próprias habilidades. 
“eu não quero causar o resultado, mas se eu causar pouco 
me importa”. 
“pode ser que dê merda, mas não vai dar porque eu sei 
como fazer pra não dar merda”. 
Ex.: O infrator começa fazer manobras radicais com o 
automóvel na rua. O seu amigo diz “cara, cuidado”.O 
infrator diz que não está nem aí; durante as manobras ele 
perde o controle, sobe a calçada e danifica o carro. 
Ex: o filho está socorrendo o pai para o pronto socorro com 
sintomas de infarto, excede a velocidade, bate o carro e 
mata o próprio pai. 
Foda-se Fodeu 
 
 Previsão do resultado Vontade Espécie 
DOLO 
art. 18, I 
Resultado previsto Quer Direto 
Resultado previsto Assume o risco Eventual 
CULPA 
art. 18, II 
Resultado previsto Não quer e não aceita Consciente 
Resultado previsível Não quer e não aceita Inconsciente 
 
 
2.1.4 Crimes qualificados pelo resultado: 
Os crimes qualificados pelo resultado são aqueles em que o agente pratica uma conduta inicial simples caracterizada como 
crime; contudo o resultado é superior àquela conduta inicial, seja por excesso nos meios empregados, seja por uma nova 
conduta mais gravosa, de tal forma que a pena é maior (qualificada). 
As espécies de crime agravado pelo resultado são: 
 Crime doloso agravado dolosamente: Tem dolo na conduta e dolo no resultado. Ex.: homicídio qualificado pelo emprego 
de veneno. Dolo + Dolo 
 Crime culposo agravado culposamente: Ex.: incêndio culposo agravado pela morte culposa. Tem culpa na conduta 
(incêndio) e culpa no resultado (morte). Culpa + Culpa 
 Crime culposo agravado dolosamente: Ex.: culpa na morte agravada pela omissão de socorro. Tem culpa na conduta 
(morte) e dolo no resultado (omissão de socorro). Culpa + Dolo 
 Crime doloso agravado culposamente (preterdoloso): Ex.: lesão corporal seguida de morte – briga de bar (art. 129, §3º). 
Tem dolo na conduta (lesão) e culpa no resultado (morte). Dolo + Culpa = crime preterdoloso = dolo no antecedente e 
culpa no consequente. 
Lembrando que NÃO se admite a tentativa nos crimes preterdolosos, já que esta é impossível. Isso acontece porque se o 
resultado agravador não era o pretendido pelo agente, não será possível tentar produzi-lo. 
 
2.2 Nexo Causal ou Relação de Causalidade 
“Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.” 
Comumente, adota-se o nome de nexo causal para tratar da relação de causalidade. O seu estudo é baseado na conduta pelo 
autor e no resultado por ele produzido, o vínculo entre a conduta e o resultado. Doutrinariamente, a expressão “o 
resultado”, no início do Art. 13, alcança somente “o resultado naturalístico”. Por isso, a pertinência relativa ao estudo do 
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nexo refere-se aos crimes materiais (nesses delitos o tipo penal descreve uma conduta e um resultado naturalístico 
necessário para a sua consumação do delito). 
Desse modo, os crimes de mera conduta e os formais não são objeto de estudo do nexo causal, já que o resultado 
naturalístico nunca existirá nos crimes de mera conduta; e para os crimes formais, o resultado naturalístico é dispensável 
para a sua consumação, sendo mero exaurimento do delito. 
Em regra, o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou conditio sine qua non) em relação à 
causalidade. Essa teoria determina que causa é todo ato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. Lembre-se: a 
regra, prevista no caput do Art. 13, é a teoria da equivalência dos antecedentes causais. 
 
2.2.1 Superveniência de Causa Relativamente Independente 
“Art. 13, §1º – A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o 
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.” 
 
O nexo causal ganha maior importância quando o resultado, por si só, não é gerado por um único comportamento. Assim, 
entra o estudo das concausas, que dizem respeito às causas externas à vontade do agente e que auxiliaram para o resultado 
naturalístico por ele desejado. 
Elas podem ser: preexistentes, concomitantes ou supervenientes; omissivas ou comissivas; independentes ou dependentes; 
absolutas ou relativas. 
O Art. 13, §1º, do Código Penal, trata especificamente das concausas supervenientes relativamente independentes: 
 Concausas (causas alheias) 
 Supervenientes (que acontecem depois do fato) 
 Relativamente (só ocorrem porque têm relação com a conduta inicial do agente) 
 Independentes (o resultado naturalístico ocorre de forma autônoma à conduta do agente). 
Essas concausas se dividem em dois grupos: (1) as que por si só produzem o resultado; (2) e as que por si só não produzem o 
resultado. 
O que nos interessa são aquelas que por si só produzem o resultado, pois há a quebra do nexo causal; aqui a concausa é 
verdadeiramente eficaz, produzindo o resultado naturalístico. O agente que deu origem ao fato responderá só pelos atos já 
praticados, e o resultado é imputado a quem originou a sua consumação. 
Exemplo: “A” atira em “B”, contudo “B” morre devido a um veneno ingerido anteriormente. A causa efetiva da morte de “B” 
foi o envenenamento, e não o disparo de efetuado por “A”. Nessa situação, “A” responderá apenas por tentativa de 
homicídio. 
O art. 13, §1º, CP, adotou a teoria da causalidade adequada. Para esta teoria, causa é a pessoa, fato ou circunstância que, 
além de praticar um antecedente indispensável para a produção do resultado, realize uma atividade adequada para que este 
aconteça. 
Em outras palavras: a teoria da causalidade adequada verifica se o resultado aconteceria normalmente daquele modo (se era 
provável que aquilo acontecesse em uma situação “normal”), ou não. 
 
2.2.1.1 Causas supervenientes relativamente que, por si só, não produzem o resultado: 
Regra: Teoria da equivalência dos antecedentes causais (Art. 13, caput, CP). 
 Infecção hospitalar: imaginemos que “A” dolosamente efetue vários disparos de arma de fogo contra “B”, sendo este 
socorrido e levado ao hospital, onde passa por uma cirurgia e posteriormente morre em decorrência de infecção 
hospitalar. Quem é baleado possui grandes chances de contrair infecção hospitalar, portanto o resultado é imputado a 
quem lhe deu causa. “A” responderá por homicídio consumado. 
 Procedimento cirúrgico: imaginemos que “A” tenha disparado um tiro contra a cabeça de “B” e, por força do tiro, ele 
tenha que passar por uma cirurgia para se salvar. Contudo, durante a cirurgia, “B” morre. Nesse caso, haverá o homicídio 
consumado por “A”, pois a morte não foi em decorrência da cirurgia, e sim do tiro 
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2.2.1.2 Causas supervenientes relativamente que, por si só, produzem o resultado: 
Exceção: Teoria da causalidade adequada (Art. 13, §1º, CP) 
Caso fortuito/Força maior: são aqueles fatos imprevisíveis e inevitáveis ao ser humano. Imaginemos que “A” dolosamente 
efetue vários disparos de arma de fogo contra “B”, sendo este socorrido e levado ao hospital. Suponhamos que, durante a 
noite, uma tempestade venha a destruir o hospital e, fatalmente, mate “B”. Nessa situação, haverá superveniência de 
concausa relativamente independente que, por si só, produziu o resultado naturalístico, quebrando o nexo causal entre a 
conduta de “A” e o resultado gerado, que responderá por tentativa de homicídio. 
 
Imperícia médica (erro médico): nem toda imperícia médica é capaz de causar a morte, mas só aquela em que o paciente 
necessitava de cuidados médicos essenciais. Imaginemos que “A” dolosamente efetue vários disparos de arma de fogo 
contra “B”, sendo este socorridoe levado ao hospital. Pela gravidade dos ferimentos, a vítima necessita urgentemente de 
uma cirurgia para lhe salvar a vida. Imaginemos que durante a cirurgia, o médico, por imperícia, cause a morte da vítima. 
Nesse caso, haverá superveniência de concausa relativamente independente que, por si só, produziu o resultado 
naturalístico, quebrando o nexo causal entre a conduta de “A” e o resultado gerado, que responderá por tentativa de 
homicídio, e o médico, por homicídio culposo consumado pela imperícia. Na prática, há dois crimes e dois autores, cada qual 
com sua responsabilidade. 
 
Motorista de ambulância imprudente/negligente/imperito: “A” atira contra a cabeça de “B”, que é socorrido em 
ambulância. Todavia, no trajeto para o hospital a ambulância capota causando a morte de “B”. Mesmo “A” tendo concorrido 
diretamente para que “B” estivesse na ambulância, o Código Penal determina que “A” responda somente por tentativa de 
homicídio. 
 
2.2.2 Relevância da Omissão 
“Art. 13, §2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever 
de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. ” 
 
A omissão penalmente relevante é aplicável aos crimes comissivos – que, em regra, se praticam mediante uma ação. O tipo 
penal descreve uma ação, mas prevê a lei que o agente, podendo, tem que agir para evitar a ocorrência do resultado 
naturalístico. A regra para os crimes omissivos, adotada pelo Código Penal, é a teoria normativa, pois não se pune qualquer 
pessoa pelo simples fato de não fazer (omitir-se); mas sim, aqueles que a norma determina (por isso, normativo). 
As pessoas com esse dever de agir foram enumeradas em um rol taxativo. Além disso, não basta o dever de agir, mas para 
que a omissão seja penalmente relevante: deve se observar se o omitente devia e podia agir para evitar o resultado (Art. 13, 
§2º). 
O poder de agir é a possibilidade real e efetiva de qualquer homem médio para evitar o resultado. Um exemplo seria o caso 
de um único policial militar em serviço que vê 14 homens fortemente armados entrando em uma agência bancária; neste 
caso ele tem o dever de agir, mas não o poder de agir para evitar o resultado. 
a) Quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever legal): aqui o Código Penal adotou a palavra 
“lei” em sentido amplo, trata-se de deveres impostos pelo ordenamento jurídico lato sensu, e não apenas leis em sentido 
formal. Por isso, a obrigação dos pais cuidarem dos filhos menores, e dos policiais no tocante aos indivíduos em geral. 
Temos como exemplo o policial que pode agir e não age. Imaginemos que um policial esteja de serviço e presencie um 
assaltante roubando um pedestre. Podendo agir e tendo o dever imposto por lei, ele simplesmente “se omite”. Essa 
omissão, para o Código Penal, é considerada como uma verdadeira ação (comissivo – devia agir – por omissão – não age). 
Nesse caso, o policial deverá responder pelo resultado, ou seja, responderá juntamente ao criminoso pelo crime de 
roubo. Mas por que isso acontece? Isso ocorre porque quem tem o dever de agir e não age responde pelo resultado 
produzido. No caso concreto mencionado, a ação geradora do resultado foi um crime doloso, sendo assim, o policial 
responderá como partícipe nesse crime. Daí o crime comissivo por omissão também receber o nome de participação por 
omissão. 
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b) Que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: aqui é o que se convencionou em chamar de 
garante ou garantidor, pois o dever de agir não decorre de uma lei, mas “de outra forma” o agente assumiu a 
responsabilidade, é aquele que assume a responsabilidade. 
Temos aqui o exemplo da babá que assume tomar conta de uma criança e durante a noite – distraída com o computador 
– não percebe que a criança engatinha perigosamente em direção à escada, vindo ao final a despencar, o que lhe 
ocasiona o óbito. O resultado aqui foi uma morte gerada por negligência, que no caso concreto determinará a 
responsabilidade do agente garantidor no crime de homicídio culposo. 
 
c) Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado: aqui se trata da ingerência ou 
situação precedente, isto é, aquele que, com seu comportamento, anterior criou uma situação de perigo deve impedir o 
resultado lesivo ao bem jurídico. 
Exemplos: 
1) A pessoa que por brincadeira esconde o remédio de um cardíaco tem o dever de ajudá-lo e impedir sua morte. 2) A 
pessoa que atira um amigo na piscina e ele se afoga, então tem o dever de socorrê-lo. 3) O marinheiro que arremessa 
tripulante ao mar, se não evitar que ele morra, então responderá pelo homicídio. 4) Uma pessoa que ateia fogo em uma 
mata tem o dever jurídico de apagar o incêndio. 
Lembre-se: a regra adotada pelo Código Penal para definição dos crimes omissivos impróprios (omissão penalmente 
relevante) é a teoria normativa. 
 
2.3 Resultado 
Existem duas espécies de resultado: 
 Naturalístico: que é a real modificação na ordem das coisas, ou seja, a modificação do mundo exterior. Ex.: morte no 
homicídio, diminuição patrimonial no furto. Efetiva lesão. 
 Jurídico/normativo: é a ofensa ou perigo de ofensa ao bem jurídico protegido. 
Todo crime tem resultado jurídico/normativo, mas nem todo crime tem resultado naturalístico. 
Ex: Homicídio tem os 2 resultados: naturalístico → morte; jurídico → ofensa a vida. 
Ex2: Porte de drogas tem 1 resultado: naturalístico → não tem; jurídico → perigo à saúde pública. 
 
O resultado a que se refere o caput do art. 13 do CP é o normativo/jurídico. 
2.3.1 Classificação do crime quanto ao resultado naturalístico (em 3 espécies): 
a) Crime material: O tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico. E o resultado naturalístico 
precisa ocorrer para que haja a consumação do crime. Ex.: homicídio, deve haver a morte. 
b) Crime formal /de consumação antecipada: O tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, 
porém a consumação se dá com a conduta independentemente do resultado naturalístico. O resultado 
naturalístico é dispensável para a consumação do crime, mas se ela ocorrer será exaurimento do crime já 
consumado com a conduta que será considerada na dosagem da pena. Ex.: Concussão art. 316 do CP: exigir 
vantagem indevida. O crime se consuma com a simples exigência (conduta) ainda que a vantagem não seja 
conseguida. Se a vantagem ocorrer é exaurimento do crime já consumado com a exigência. 
No crime formal ou de consumação antecipada o tipo penal é um tipo penal incongruente, pois o tipo penal descreve 
conduta + resultado naturalístico, porém, o crime se consuma com a mera conduta. 
c) Crime de mera conduta: O tipo penal só descreve a conduta não há descrição de resultado naturalístico. 
Em regra, não admite tentativa. Exceção violação de domicílio – art.150. 
 
2.3.2 Classificação do crime quanto ao resultado jurídico: 
a) Crime de dano: É o que causa efetiva lesão ao bem jurídico protegido 
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b) Crime de perigo: É o que apenas expõe a perigo o bem jurídico. 
Os crimes de perigo podem ser: 
 De perigo concreto/real: o tipo penal exige uma comprovação de que realmente houve perigo de risco– ex: crime de incêndio (art. 250, CP). 
 De perigo abstrato/presumido: o tipo penal descreve apenas a conduta. É o perigo que já é 
considerado pela lei (de maneira presumida) por simplesmente praticar conduta típica. Ex.: Art. 306 da 
Lei 9.503/97 – dirigir embriagado. A lei não exige a lesão ou a morte de terceiro para que a conduta do 
agente seja considerada crime. A conduta dele já configura crime no momento em que ele toma a 
direção do veículo sob efeito de álcool. 
 
2.4 Tipicidade 
Como último elemento do fato típico tem-se a TIPICIDADE, que é a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato 
natural, concreto e a descrição contida na lei. 
Podem ser citados dois tipos de tipicidade 
1. Tipicidade formal: Ocorre quando a conduta do agente se enquadra totalmente no tipo penal incriminador. A 
tipicidade formal é a adequação da conduta do agente ao tipo penal incriminador. Ex.: “A” subtrai o celular de “B”. A 
conduta de “A”se encaixa perfeitamente ao tipo penal incriminador do art. 155 do CP. 
2. Tipicidade material: É a relevância e significância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
Princípio da insignificância: decorrente da intervenção mínima do Estado, pressupondo que nem todas as condutas 
tipificadas como crime (formalmente) serão materialmente típicas, devendo ser analisadas no caso em concreto se houve 
lesão expressiva a um bem jurídico relevante e se houve um comportamento agressivo pelo agente. 
 
Requisitos objetivos: 
Mínima ofensividade da conduta do agente; 
Ausência de periculosidade social da ação; 
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
Inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
LOGO: Se a conduta do agente se encaixa no tipo penal incriminador, mas não causa uma lesão ou perigo significante ao bem 
jurídico há tipicidade formal, mas não há tipicidade material. Ex.: “A” subtrai R$ 0,50 de um supermercado. Essa conduta tem 
tipicidade formal – art. 155 do CP, mas tem tipicidade material, pois R$ 0,50 não é uma lesão significante ao patrimônio do 
supermercado. O princípio da insignificância ou princípio da bagatela exclui a tipicidade material da conduta. Se o juiz 
reconhece o princípio da insignificância ele deve absolver o réu por ausência de crime “o fato não constitui crime”. 
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Capítulo 4 – ITER CRIMINIS 
1. Conceito de Iter Criminis 
Chamamos de Iter Criminis o caminho do crime – as fases pelas quais costumam passar as pessoas que praticam ilícitos 
penais. 
Todos os crimes passam por essas fases? Não, mas a maioria da doutrina chegou ao consenso de que há cinco fases, via de 
regra, pelas quais os crimes passam: cogitação, preparação, execução, consumação e exaurimento. 
 
2. Fases 
2.1 Fase de cogitação 
É a oportunidade em que o agente, em um plano interno, passa a imaginar e a conjecturar a prática do ilícito (é um trabalho 
intelectual em que, por exemplo, estabelece como será o momento e modo mais adequado para a execução do crime). A 
cogitação não ultrapassa o intelecto do agente. 
Por óbvio, os atos de cogitação não podem ser punidos, já que fazem parte do que Nelson Hungria chama de Direito à 
Perversão. Todo mundo pode pensar o que quiser. 
O Direito Penal não vai se ocupar de atos que não se exteriorizem, causando danos ou ameaças de danos a outrem. 
 
2.2. Fase de preparação 
A partir do momento em que a cogitação é exteriorizada, o agente passa a ingressar no terreno dos atos preparatórios. Por 
meio de tais atos, o agente começa a criar meios materiais para a posterior execução do crime. 
Exemplo: A deseja sequestrar e matar B. Para isso, aluga uma casa para servir de cativeiro, compra cordas, pás para enterrar 
o corpo, uma arma de fogo na feira do “troca”, para executar o homicídio, etc. 
Repare que não houve ainda nenhum ato entrando na execução do crime, mas o agente já está fornecendo a si mesmo 
meios para, mais tarde, iniciar a praticar o delito. 
Para saber se um ato preparatório pode ou não ser punido, você deverá realizar a chamada teoria do recorte: analisar ato 
por ato preparatório para ver se, caso o crime planejado e preparado posteriormente não venha a ocorrer, ele poderá ser 
punido de forma isolada. 
Vamos usar a teoria do recorte no exemplo anterior, pra verificar se algum dos atos executórios anteriores pode ser punido: 
 alugar casa: não é crime 
 comprar pás e cordas: não é crime 
 adquirir uma arma de fogo sem os devidos trâmites legais: É CRIME! Art. 14 do Estatuto do Desarmamento (caso a 
arma seja de uso permitido. Se for de uso proibido/restrito, passa a ser o art. 16 da mesma lei). 
Entendeu? A teoria do recorte consiste nessa análise recortada, isolada, pra saber se pode ou não ser punida certa conduta 
de preparação de crime. 
“E quando vai haver a consunção desse crime, professora?” 
A consunção ocorre (entre outros casos – ver capítulo de conflito aparente de normas) quando há a absorção de um crime-
meio por um crime-fim, quando o crime-meio encerra completamente a sua capacidade lesiva no crime-fim, sem mais 
poder causar danos. Um exemplo é o da Súmula 17, do Superior Tribunal de Justiça. 
Súmula 17, STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
 
2.3 Fase de execução 
Na fase de execução, o agente inicia a prática de atos passíveis de consumar o crime. Repare que eu não disse que são atos 
que levam à consumação de um crime, porque nem sempre o crime se consuma – momento em que observaremos a 
tentativa ou conatus – será analisada mais à frente. 
DIREITO PENAL (GERAL / ESPECIAL) PARA CONCURSOS 
| APOSTILA 2021– Profa. Sarah Suzye 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
22 
 
OS: 0063/1/21-Gil 
Aqui, preciso analisar a conduta do agente, juntamente ao elemento subjetivo (o que ele quer fazer, qual seu objetivo na 
conduta. 
 
2.4 Fase de consumação 
Diz-se o crime consumado, segundo o art. 14, I, quando “nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”. 
Graças a essa definição SEM VERGONHA, você teria que saber todos os elementos definidores de todos os crimes para saber 
o momento de consumação. Mas calma! Vou te dar umas dicas em relação a alguns crimes que são bem cobrados

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