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Esta obra busca discutir sobre o iní-
cio do Serviço Social, seus principais 
fundamentos, autores clássicos e in-
formações pertinentes à profissão, 
de uma maneira didática e com base 
na literatura especializada na área. 
Por se tratar de um texto introdutó-
rio sobre o assunto, não houve a in-
tenção de abordar os conteúdos de 
uma maneira densa, mas apresentar 
informações relevantes sobre o Ser-
viço Social no intuito de ampliar seus 
conhecimentos e estimular seu inte-
resse pela área.
Código Logístico
59168
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6580-6
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 8 0 6
Introdução ao 
Serviço Social 
Ana Paula Fliegner dos Santos
Taísa da Motta Oliveira
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito das autoras e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Africa Studio/ fizkes/ Dmytro Zinkevych/ Nolte Lourens/ Avatar_023/ addkm/ Iakov Filimonov/ 
Photographee.eu/ Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S233i
Santos, Ana Paula Fliegner dos
Introdução ao serviço social / Ana Paula Fliegner dos Santos, Taísa da 
Motta Oliveira. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020.
88 p.:
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6580-6
1. Serviço social - Brasil. 2. Assistentes sociais - Brasil. 3. Formação 
profissional - Brasil. I. Oliveira, Taísa da Motta. II. Título.
20-62288 CDD: 361.30981
CDU: 364(81)
Ana Paula Fliegner 
dos Santos
Taísa da Motta 
Oliveira
Doutoranda e mestre em Educação pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 
Especialista em Educação Especial Inclusiva pela 
Sociedade Educacional de Santa Catarina (Unisociesc). 
Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal 
do Paraná (UFPR Litoral). Atuou como assistente 
social no Núcleo de Projeto Comunitário, como 
coordenadora dos cursos de Bacharelado em Serviço 
Social e Licenciatura em Pedagogia e como professora 
responsável pelo Projeto Comunitário do Centro 
Universitário – Católica de Santa Catarina. Atua como 
docente no ensino superior, pesquisadora e autora.
Doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação 
em Ciência Política da Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Especialista em Questão Social pela 
Universidade Federal do Paraná (UFPR Litoral). Bacharel 
em Serviço Social pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR Litoral). Coordenadora de Estágios em 
Serviço Social. Atua como docente no ensino superior, 
pesquisadora, servidora pública e assistente social na 
Defensoria Pública do Estado do Paraná.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
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SUMÁRIO
1 A trajetória do Serviço Social como profissão 9
1.1 O que é o Serviço Social? 9
1.2 História do Serviço Social 18
1.3 Reprodução social e Serviço Social 24
2 Órgãos de representação profissional do assistente social 29
2.1 Regulamentação da profissão 29
2.2 Entidades de representação estudantil 41
2.3 O curso de Serviço Social 47
3 A consolidação do projeto profissional do assistente social 55
3.1 Projeto de sociedade e projeto profissional 55
3.2 A construção do Projeto Político do Serviço Social 60
3.3 A condição política da construção do novo projeto profissional 66
4 Serviço Social na contemporaneidade 71
4.1 Espaços sócio-ocupacionais dos assistentes sociais 71
4.2 Demandas atuais da profissão 78
4.3 Desafios e possibilidades aos profissionais de Serviço Social 82
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Esta obra busca discutir sobre o início do Serviço Social, seus principais 
fundamentos, autores clássicos e informações pertinentes à profissão, de 
uma maneira didática e com base na literatura especializada na área. Por se 
tratar de um texto introdutório sobre o assunto, não tivemos a intenção de 
abordar os conteúdos de uma maneira densa, mas apresentamos informações 
relevantes sobre o Serviço Social no intuito de ampliar seus conhecimentos.
Nesse viés, no primeiro capítulo discorremos sobre a compreensão 
dos principais aspectos sócio-históricos do Serviço Social e o significado 
social da profissão. Articulamos o conceito de reprodução social e sua 
importância, apresentamos os primeiros profissionais e explicamos como foi 
a institucionalização do Serviço Social. 
No segundo capítulo, vamos conhecer as principais legislações que regem 
o Serviço Social no Brasil e seus principais órgãos de fiscalização, assim como 
as instâncias de organização do movimento estudantil. O capítulo apresenta, 
também, o histórico das diretrizes curriculares e a sua organização. 
No terceiro capítulo propomos o reconhecimento e a reflexão sobre 
o projeto profissional do Serviço Social e as principais características do 
projeto de sociedade ao qual ele se vincula. Vamos conhecer as principais 
características do Projeto Político do Serviço Social na atualidade e refletir 
sobre o significado do Projeto Ético-Político da profissão. 
No último capítulo, queremos que você conheça os principais espaços 
sócio-ocupacionais da categoria profissional dos assistentes sociais e 
busque compreender as principais demandas para o seu trabalho na 
contemporaneidade. Você também vai reconhecer os principais desafios e 
possibilidades para o trabalho técnico-científico do Serviço Social. Desejamos 
que essa obra o inspire e abra caminhos para seus estudos. 
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
A trajetória do Serviço Social como profissão 9
A trajetória do Serviço 
Social como profissão
1
O surgimento do Serviço Social como profissão tem um ponto 
em comum na Europa e no Brasil. Nas duas localidades, ele nasce 
com as marcas do capitalismo, decorrente dos acentuados traços 
de empobrecimento e das vulnerabilidades sociais a que os 
trabalhadores estavam submetidos. No Brasil, o movimento ocorre 
um pouco mais tarde, sendo chamado de capitalismo tardio.
Neste capítulo, você vai conhecer a profissão de Serviço 
Social. Para começar, você vai estudar o que é e o que fazem 
os profissionais, além de aprender algumas nomenclaturas e 
conceitos que fazem parte da formação na área, o que vai ajudar 
para que você tenha mais clareza sobre a profissão que escolheu. 
O Serviço Social se transformou muito desde sua origem, por isso é 
importante reconhecer a trajetória histórica da definição do termo 
serviço social.
1.1 O que é o Serviço Social? 
Vídeo O Serviço Social é uma profissão fruto do desenvolvimento econô-
mico da sociedade capitalista, que se propagou no Brasil a partir da dé-
cada de 1930, mas teve origem no mundo ocidental no final do século 
XIX (VERDÈS-LEROUX, 1986). A figura dos assistentes sociais, na época, 
estava atrelada à ajuda, ao cuidado e à caridade, de acordo com uma 
visão de enquadramento das famílias e dos indivíduos à moral católica 
e aos bons costumes. Tendo a Igreja Católica como principal instituição 
de formação ideológica da profissão, no Brasil, os primeiros profissio-
nais exerciam um papel de controlar a vida dostrabalhadores para que 
eles se moldassem à sociedade capitalista.
10 Introdução ao Serviço Social
Muitas são as imagens criadas pelo senso comum em relação a essa 
profissão, pois, ao longo de seu percurso histórico, ela esteve atrelada 
a uma concepção de benevolência e assistência, o que muitas vezes a 
confunde como sendo apenas uma das formas de ajuda à sociedade. 
Nesse contexto, é retirado seu significado social e histórico, o qual po-
demos entender como sua real essência e que, em síntese, é garantir 
os direitos sociais, econômicos e de cidadania a todos os cidadãos por 
meio de uma intervenção profissional na sociedade.
Seu caráter interventivo se baseia nos princípios da justiça social, 
nos direitos humanos, na cidadania, na responsabilidade coletiva e no 
respeito à dignidade humana. Além disso, o Serviço Social prioriza o 
caráter pedagógico das práticas profissionais, assumindo a posição de 
emancipação da classe trabalhadora, subordinada aos meios de pro-
dução em seu fazer profissional.
A profissão, na contemporaneidade, tem como seu grande objetivo 
contribuir para a construção de uma ordem social mais justa, menos 
desigual e em consonância com os princípios éticos. Seu Código de 
Ética Profissional contém os instrumentos normativos da atividade e 
é considerado a materialização do Projeto Ético-Profissional da Profis-
são, desenvolvido nas últimas décadas (BRASIL, 2012).
Como todas as profissões, o Serviço Social tem seus símbolos: a cor 
atribuída à área é o verde, e ela já foi representada pela Turmalina Ver-
de e pela Balança com Tocha. É corriqueiro encontrar essas imagens 
atribuídas ao Serviço Social, seja nos diferentes conselhos regionais, 
em seus cursos de graduação e pós-graduação, nos locais de trabalho 
dos profissionais, entre outros lugares, inclusive os virtuais, como pági-
nas da internet relacionadas ao imaginário social e simbólico da profis-
são. Observe, na Figura 1, um dos símbolos utilizados e que 
serve de referência histórica à profissão.
O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2019) escla-
rece que não há uma explicação para o uso da cor verde, mas 
é possível que “tenha relação com o fato de que a cor verde 
é representativa das profissões da área de saúde”. Ainda de 
acordo com o órgão, a utilização do símbolo apresentado na 
figura está defasada, uma vez que ele estaria vinculado a uma 
postura de caridade relacionada à Igreja Católica. Segundo o 
CFESS (2019), “o que se convencionou para identificar o Ser-
O Serviço Social é uma das áreas 
de conhecimento das ciências 
sociais aplicadas, reconhecido 
pelas agências de regulação 
e fomento à pesquisa e pós-gra-
duação (CNPq, CAPES e FINEP), 
pois desenvolve pesquisa de 
graduação e pós-graduação, 
além de produzir conhecimento 
apropriado, ressaltando em seus 
escritos a dimensão intelectual 
da profissão.
Saiba mais+
Para exercer a profissão, é ne-
cessário cursar a graduação em 
Serviço Social em uma institui-
ção de ensino reconhecida pelo 
Ministério da Educação e Cultura 
(MEC). O curso foi oficializado 
no país a partir da Lei n. 1889, 
de 13 de junho de 1953. E a 
profissão de assistente social 
foi regulamentada pela Lei n. 
3.252, de 27 de agosto de 1957. 
Na época, essa lei dispunha 
sobre o exercício profissional da 
categoria.
Curiosidade
Figura 1
Símbolo atribuído ao 
Serviço Social
A trajetória do Serviço Social como profissão 11
viço Social nos seus primórdios, [...] haja vista a aderência da profissão 
a valores religiosos e perspectivas vinculadas a movimentos de bases 
confessionais, hoje estão distantes das características e referências 
da profissão”. Desse modo, esse símbolo deixou de ser utilizado pela 
instituição, que passou a usar uma simbologia representativa da atual 
perspectiva da profissão e em sintonia com os valores e princípios nor-
matizados no Código de Ética Profissional, sendo adotada uma imagem 
colorida que demonstra a diversidade, bem como os desafios e alterna-
tivas postos à profissão.
Outro aspecto interessante a se ressaltar quando se trata do que é 
o Serviço Social é o porquê de se comemorar na data de 15 de maio o 
Dia do Assistente Social. De acordo com o próprio CFESS (2019), “o dia é 
comemorado em virtude de o Decreto n. 994/1962, que regulamenta a 
profissão do/a assistente social e cria os Conselhos Federal e Regionais 
ter sido editado em 15 de maio de 1962”. Desse modo, em razão da regu-
lamentação da profissão no país, vinculou-se essa data ao Serviço Social.
Diante das informações trazidas nessa explicação, foi possível apre-
sentar as principais características e curiosidades sobre o que é o Ser-
viço Social. Mas o aprofundamento sobre o que é essa área vem com a 
prática do conhecimento sobre os aspectos que compõem a profissão, 
tanto aqueles mais teóricos e metodológicos como aqueles mais inter-
ventivos e ligados à ética.
Consideramos que a pergunta título desta seção precisará ser res-
pondida ao longo dos anos por cada um de vocês, a partir de uma vi-
vência atenta e crítica de todos os aspectos que envolvem as atividades 
do profissional dessa área. O serviço social é uma atividade que se de-
senvolve junto com as mudanças da sociedade, e não é fácil explicá-la 
de uma maneira objetiva, sem levar em conta esses aspectos.
1.1.1 O que faz o assistente social?
O profissional que atua nessa área é conhecido como assistente so-
cial no Brasil e como trabalhador social em outros países. De acordo 
com o artigo 4° da Lei n. 8.662 (BRASIL, 1993), ele é responsável por 
coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesqui-
sas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social, entre ou-
tras atribuições.
12 Introdução ao Serviço Social
O assistente social atua de uma maneira científica e interventiva nas 
mais complexas expressões da questão social, sendo essa a matéria-pri-
ma do Serviço Social, o seu objeto de trabalho. Com a finalidade de 
elucidar a colocação anterior, tão necessária para explicar o que faz o 
assistente social, vamos trazer para este espaço algumas informações 
sobre a questão social de um modo bem introdutório, no sentido de nos 
inteirarmos sobre o assunto.
Iamamoto e Carvalho (2013, p. 77), em uma das obras mais impor-
tantes sobre o Serviço Social no Brasil, afirmam:
A questão social não é senão as expressões do processo de for-
mação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso 
no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento 
como classe por parte do empresariado e do Estado. É a ma-
nifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o 
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de 
intervenção mais além da caridade e repressão.
Sendo assim, a questão social é um aspecto de explicação da rea-
lidade que, vinculado à teoria marxista, demonstra essa contradição 
relacionada à produção no capitalismo, em que a riqueza gerada é 
apropriada pelo dono da fábrica na qual esse bem ou serviço foi pro-
duzido, e não por quem de fato o produziu.
De acordo com os apontamentos de Iamamoto e Carvalho (2013), as 
desigualdades típicas do sistema capitalista são expressões da questão 
social. Vamos recapitular, logo no começo dessa seção, abordou-se que a 
expressão da questão social é a matéria-prima, o objeto do trabalho dos 
assistentes sociais. Dessa forma, a categoria profissional intervém nas ex-
pressões e desigualdades típicas desse sistema.
O assistente social, por meio da sua intervenção profissional, desen-
volve um trabalho qualificado com o objetivo de combater as expres-
sões da questão social, fazendo com que elas diminuam. Ele faz isso 
com base em uma série de ações na realidade dos sujeitos sociais, de 
suas famílias e da comunidade em que estão inseridos.
O assistente social pode desenvolver suas atividades em institui-
ções privadas, como dentro das empresas, por exemplo, e em institui-
ções estatais e não governamentais. Ele pode atuar em áreas de saúde, 
assistência social, habitação, previdênciasocial, sistema sócio-jurídico, 
educação, trabalho, entre tantas outras, atendendo, também, a diver-
sos segmentos sociais, dentre eles crianças e adolescentes, pessoas 
No livro O que é Serviço 
Social, a autora afirma 
que a pergunta correta 
não é o que é Serviço 
Social?, mas sim o que 
fazem e pensam os assis-
tentes sociais? Nesse livro, 
ela conta um pouco da 
história da profissão e 
explica as atribuições dos 
assistentes.
ESTEVÃO, A. M. R. São Paulo: 
Brasiliense, 1992.
Livro
A trajetória do Serviço Social como profissão 13
idosas, com deficiência ou com demandas em saúde mental, mulheres 
vítimas de violência e pessoas em situação de rua.
Além disso, os assistentes sociais são capazes de fazer e planejar 
ações estratégicas com o propósito de garantir os direitos da popu-
lação. É necessário deixar claro, aqui, que esses profissionais não os 
garantem apenas com a sua intervenção na realidade social, mas pro-
movem esses direitos propondo e fazendo a gestão das políticas públi-
cas sociais em todos os âmbitos.
A categoria profissional trabalha em prol da população usuária dos 
serviços socioassistenciais, por exemplo. Esses serviços foram elabora-
dos pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e destinados à 
superação da situação de vulnerabilidade social, decorrente da pobre-
za e da falta de acesso da população aos direitos sociais e aos serviços 
e bens públicos. A assistência social é uma política pública muito impor-
tante para o trabalho do assistente social e um dos principais campos 
de trabalho desse profissional. Trabalhando nessa política pública, ele 
pode, entre outras possibilidades, planejar, organizar e administrar os 
benefícios sociais fornecidos pelo governo federal, como é o caso do 
Benefício de Prestação Continuada (BPC 1 ).
No senso comum, a caridade e a ajuda são pensadas como ações 
desenvolvidas pelos assistentes sociais. Mas é necessário ter muito cui-
dado em relação a isso, pois o assistente social não faz esse tipo de ação 
em seu cotidiano profissional. Por meio da PNAS e da Lei Orgânica da 
Assistência Social (LOAS), Lei n. 8.742/1993, compreendemos que a assis-
tência social, por exemplo, é um direito da população brasileira e estran-
geira quando em território nacional, constitui-se como política pública e 
social e não pode ser confundida com favor, ajuda ou caridade.
Nesse âmbito, é relevante reforçar que não podemos dizer que o 
estudante está fazendo uma graduação de assistência social, apesar de 
isso ser um erro que se ouve de modo recorrente no dia a dia profissio-
nal e acadêmico. A assistência social é uma das áreas de intervenção do 
assistente social, assim como a saúde, a habitação, a previdência social, 
o campo sociojurídico, a educação, entre outros.
No seu trabalho cotidiano, o profissional tem o dever de orientar 
os cidadãos em relação aos serviços prestados nos órgãos públicos, 
por exemplo. Uma das competências profissionais do assistente social, 
descrita na Lei de Regulamentação da Profissão, inciso V, artigo 4º da 
Lei n. 8.662 (BRASIL, 1993), é:
O BPC garante aos seus 
beneficiários a transferência 
mensal de um salário mínimo 
à pessoa idosa com 65 anos ou 
mais e à pessoa com deficiência 
de qualquer idade. 
1
14 Introdução ao Serviço Social
“orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identifi-
car recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos.”
Usando dessa competência profissional, se um assistente social da 
área da educação percebe, durante o atendimento a algum cidadão, 
que ele necessita de um encaminhamento para o setor da saúde, esse 
profissional tem o dever de encaminhá-lo para tal área. Assim, em prol 
de um atendimento qualificado, é fundamental que o assistente conhe-
ça políticas, programas e projetos das áreas sociais (saúde, habitação, 
assistência social etc.) para que consiga auxiliar os cidadãos.
Trabalhando no sistema sociojurídico, o assistente social elabora, 
no âmbito do Serviço Social, estudos, pareceres e/ou laudos sociais que 
subsidiarão o Juiz de Direito na tomada de decisões em processos judi-
ciais de adoção e guarda de crianças e adolescentes. Esses documentos 
devem ser muito bem elaborados por esse profissional, pois influen-
ciarão diretamente na vida desses sujeitos. Sendo essa mais uma ati-
vidade que pode ser desenvolvida pelo assistente social, a elaboração 
desse material técnico está descrita no artigo 5° da Lei de Regulamen-
tação da Profissão (BRASIL, 1993).
Podemos perceber que a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 
n. 8.662/1993) é um documento importantíssimo para que possamos 
responder à pergunta título da presente seção – o que faz o assistente 
social? Ao longo da formação, é necessário conhecer e assimilar as in-
formações que estão contidas nesse documento, pois ele demarca a 
intervenção desse profissional no Brasil.
O assistente, em seu cotidiano, precisa aprender a trabalhar com 
pessoas e ter capacidade de analisar e compreender situações ditas 
problemáticas em relação à vida social dos seus usuários. Essa carac-
terística não está descrita em nenhum manual ou legislação da área, 
mas é necessário saber que é fundamental no trabalho diário. Essa 
função deve ser planejada e fruto de uma boa formação profissional e 
acadêmica. Por isso, os assistentes sociais e os graduandos de Serviço 
Social devem sempre buscar, por meio de cursos de formação nas mais 
diversas áreas, qualificação para serem profissionais capacitados a res-
ponderem às expressões da questão social.
A trajetória do Serviço Social como profissão 15
1.1.2 Significado social da profissão
O significado social da profissão só pode ser desvendado e apreen-
dido quando consideramos que ela está inserida na sociedade capita-
lista. O Serviço Social é fruto do desenvolvimento do modo de produção 
capitalista na sociedade moderna e contemporânea. De acordo com 
Yazbek (2009, p. 1-21), “é necessário analisar a profissão em um con-
texto de relações mais amplas que o condicionem e o atribuam carac-
terísticas particulares”. Para a autora, compreender o Serviço Social em 
si mesmo acaba não permitindo desvendar a sua lógica, seus percalços 
e seus objetivos.
De acordo com o pensamento de Yazbek (2009, p. 4-9), é necessário 
considerar o Serviço Social por meio de dois ângulos indissociáveis e in-
terdependentes: a perspectiva endógena da profissão, “como realidade 
vivida e representada na e pela consciência de seus agentes profissio-
nais e que se expressa pelo discurso teórico e ideológico do exercício 
profissional”; e a perspectiva exógena da profissão, “como atividade 
socialmente determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que im-
primem certa direção social ao exercício profissional, que independe 
da vontade e/ou consciência de seus agentes individuais”. Dessa ma-
neira, seu significado enquanto profissão deve ser organizado partindo 
dessas ponderações, uma vez que o Serviço Social não pode ser expli-
cado por si mesmo, mas sim por uma base histórica que ao longo do 
tempo o constrói como uma prática que intervém na realidade social 
dos sujeitos e usuários dos serviços prestados.
A fim de dimensionar o significado social do Serviço Social, é neces-
sário, segundo Iamamoto (2008), perceber a prática profissional como 
trabalho, bem como a inserção do assistente social nos processos de 
trabalho da sociedade capitalista. A proposta curricular, predominante 
na década de 1980, apresentava uma ruptura que continha dois ele-
mentos: considerar a questão social como base de fundação sócio-his-
tórica do Serviço Social, bem como considerar a prática como exercício 
profissional inserido em um processo de trabalho. Como questão cen-
tral dessa ruptura, temos as relações entre história, teoria e metodolo-
gia do Serviço Social, ou seja, uma visão de como essa área se formou 
e se desenvolveu no marco das forças societárias, como especialização 
do trabalho na sociedade.
16 Introdução ao Serviço SocialOutra questão importante a ser ressaltada diz respeito a se conside-
rar o sujeito que constrói o serviço social e que o vivencia. O profissional 
dessa área se aprimora intelectualmente, além de fazer a sistematiza-
ção por meio de metodologias próprias da sua área de conhecimento, 
fundamentando-se teoricamente e dando visibilidade à teoria marxista 
na leitura profissional da realidade.
Para a análise da prática profissional, é preciso conhecer o termo 
trabalho, que significa uma “atividade fundamental do homem, pois 
mediatiza a satisfação de suas necessidades diante da natureza e de 
outros homens” (GIAQUETO; SOARES, p. 1). É o ato consciente de acio-
nar, é uma ação orientada a fins e associada a valores e ao dever ser, 
que conta não só com uma necessária dimensão ética, mas também 
com uma dimensão de conhecimento ético-moral. Os condicionantes 
do trabalho no Serviço Social nos anos de 1980 eram a dinâmica insti-
tucional, as políticas sociais, os movimentos e lutas sociais.
Hoje, o Serviço Social tem como matéria-prima do trabalho pro-
fissional a questão social, representadas pelas desigualdades sociais 
geradas pelo capitalismo de mercado, embora não se limite a isso. A 
intenção é decifrar a gênese das desigualdades sociais, o que, por con-
seguinte, é também compreender as particulares formas de luta e de 
resistência material e simbólica acionadas pelos indivíduos sociais em 
resposta à questão social.
Trabalhar a questão social requer instrumentos de trabalho, isto é, 
um arsenal de técnicas que constituem as bases teórico-metodológicas 
que o assistente social aciona com a finalidade de contribuir para a lei-
tura da realidade e imprimir rumos à ação, ao mesmo tempo em que a 
molda. O que determinará a utilização dos instrumentos é a instituição 
na qual o assistente social exerce o seu trabalho; tal organização não 
condiciona sua vida profissional, mas a organiza, uma vez que esse pro-
fissional faz parte dessa instituição, e os recursos materiais, financeiros 
e organizacionais são, em partes, fornecidos pelas entidades emprega-
doras. Dada a condição de trabalhador livre, o assistente social venderá 
sua força de trabalho para o empregador, seja ele um ente público, de 
economia mista, ou do âmbito privado (IAMAMOTO, 2005).
O trabalho é uma atividade humana exercida por sujeitos de clas-
ses. O Serviço Social é uma profissão majoritariamente feminina e que 
está atrelada à questão da ajuda e da filantropia, tendo, assim, uma for-
A trajetória do Serviço Social como profissão 17
te ligação com questões de gênero. Esse processo histórico consolidou 
uma visão limitada da profissão na sociedade brasileira, afetando a sua 
imagem frente às instituições e segmentos sociais. Ainda no cotidiano 
é possível encarar, nos locais de trabalho, uma certa subalternidade 
do Serviço Social a outras áreas do conhecimento, como é o caso do 
Direito no campo sociojurídico, por exemplo.
A recorrência a posturas messiânicas e voluntaristas tem a ver com 
a tradição católica atrelada à origem da profissão. O compromisso com 
valores humanistas histórico-concretos voltados à criação de condições 
para o livre desenvolvimento de todos passa pela afirmação de valores 
da democracia, dos direitos humanos e da cidadania para todos.
Assim como outros trabalhadores assalariados, o assistente so-
cial interfere, ou não, na reprodução da forma de trabalho. Ele faz 
isso por meio dos planos, programas e projetos previstos em lei, 
nas várias áreas onde atua profissionalmente – saúde, assistência 
e previdência social, educação, entre outras áreas político-sociais –, 
dando importância às noções éticas da cidadania, isto é, que reme-
tem aos direitos políticos, sociais e civis de um indivíduo, grupo ou 
da coletividade, com primazia aos direitos humanos. Além disso, por 
reproduzir-se socialmente, ele deixa marcas na sociedade, seja por 
meio do conhecimento acumulado que auxilia a produzir, seja na 
intervenção da questão social, pela prática cotidiana nos espaços 
sócio-ocupacionais. Essas práticas acabam incidindo na vida dos su-
jeitos sociais – isto é, a classe trabalhadora –, o que demanda que o 
assistente pense eticamente o seu fazer profissional voltando-o às 
necessidades desses indivíduos. 
Sob outro ângulo, o assistente social atua no âmbito do controle das políticas sociais 
e de direitos. Dessa forma, é adequado que esse profissional auxilie na criação e ma-
nutenção de espaços democráticos de discussão das políticas públicas e sociais e dos 
direitos humanos. Esses espaços devem priorizar a participação da sociedade civil, 
oportunizando o diálogo com o Estado e com a iniciativa privada, quando houver. 
Do ponto de vista da produção de valores ou da riqueza social, o as-
sistente social, ao pensar esse trabalho em empresas capitalistas, tem 
um efeito na sociedade por fazer parte de um trabalho coletivo. Desse 
modo, é necessário que o assistente social faça eticamente a media-
messiânicas: aguardar um 
enviado por Deus (Messias) que 
virá para resolver os problemas 
existentes na sociedade.
Glossário
18 Introdução ao Serviço Social
ção entre o interesse da instituição e o interesse do público-alvo do 
trabalho que está sendo elaborado. O lucro da empresa, nesse caso, é 
acessório, uma vez que a cidadania e os direitos humanos são valores 
fundamentais no trabalho do assistente social, e o empregador deve 
estar ciente disso. A realização desse trabalho, tanto no âmbito merca-
dológico quanto no âmbito estatal, tem como objetivo a prestação de 
serviços sociais, que não geram mais-valia, isso é, lucro para as fontes 
pagadoras do salário do profissional. No Estado, essa relação fica ainda 
mais latente, uma vez que os serviços sociais, principalmente da assis-
tência social e da saúde, podem servir a todos os cidadãos. Sendo as-
sim, fica evidente que o profissional precisa ter clareza para considerar 
as condições específicas do que é produzido com o seu trabalho junto 
ao público e ao privado.
O Código de Ética profissional, a democratização do debate impul-
sionado por entidades representativas e aqueles resultantes da revisão 
curricular dos anos 1980 contribuíram para construir um projeto pro-
Atividade 1
De qual fator são decorrentes os 
problemas contra os quais luta o 
Serviço Social?
fissional em outra direção social, contraposta à anteriormente exercida 
e teorizada pelo Serviço Social.
1.2 História do Serviço Social 
Vídeo Com a transição do feudalismo 2 para o capitalismo, ocorreram mu-
danças no sistema de produção e nas relações de trabalho. Passa-se 
à realização do trabalho considerado livre, e o trabalhador recebe um 
salário pelos serviços prestados, sendo considerado trabalhador assa-
lariado. A força de trabalho transforma-se em mercadoria e precisa ser 
vendida para poder garantir a subsistência dos trabalhadores.
Anos mais tarde, a Revolução Industrial 3 provocou a industrializa-
ção, criando novos empregos, o que levou a população rural a migrar 
para a área urbana (êxodo rural) em busca de trabalho e melhores con-
dições de vida. A industrialização e a urbanização acelerada e desor-
ganizada acarretavam diversos problemas sociais. Com mão de obra 
abundante e trabalhadores necessitados de recursos, os donos dos 
meios de produção ofereciam salários baixos e incompatíveis com as 
funções, condição que os trabalhadores acabavam aceitando devido às 
suas necessidades.
O Feudalismo era baseado no 
regime de servidão, um sistema 
no qual o dono de terras era 
quem detinha e controlava os 
trabalhadores (servos), explo-
rando seu trabalho quase como 
em um regime escravo.
2
A Revolução Industrial foi o 
período de transição – entre 
1760 e 1820/1840 – para novos 
processos de manufatura. Uma 
transição de métodos de produ-
ção artesanais para a produção 
por meio de máquinas. 
3
A trajetória do Serviço Social como profissão 19
O aumento das desigualdades sociais acabou criando dentro das 
cidades e vilas operárias uma condição reprovadapela classe burgue-
sa. Essa condição incluía ações de violência, miséria, fome e doenças, 
o que incomodava a burguesa. O ajuste social e o combate às mazelas 
sociais – como a pobreza extrema, a miséria etc. – eram vistos como 
uma emergência pelos burgueses ligados às igrejas, e eles, em conjun-
to com as autoridades locais, buscaram soluções para o sistema assis-
tencial. Este grupo de beneméritos se autodenominavam reformistas 
sociais (MARTINELLI, 2013).
A classe trabalhadora percebe suas condições de trabalho e começa 
a reclamar e buscar melhorias, incomodando, assim, a sociedade bur-
guesa e fazendo com que o Estado interviesse para mediar a situação 
por meio de dispositivos de regulação da relação capital-trabalho. Des-
sa forma, tornou-se necessário o controle social da exploração da força 
de trabalho e o surgimento de uma regulação jurídica do mercado de 
trabalho por meio do Estado (PELLIZZER, 2008).
O Estado e a Igreja Católica, classes dominantes da época, iniciam, 
então, suas ações e intervenções junto à classe dos trabalhadores, 
criando as leis sociais. Para Iamamoto e Carvalho (2013, p. 129), essas 
leis marcam:
o deslocamento da questão social de ser apenas a contradição 
entre abençoados e desabençoados pela fortuna, pobres e ricos, 
ou entre dominantes e dominados, para constituir-se, essen-
cialmente, na contradição antagônica entre burguesia e prole-
tariado, independentemente do pleno amadurecimento das 
condições necessárias à sua superação.
Os reformistas sociais trabalhavam em prol da manutenção da 
ordem vigente, traçando estratégias para solucionar as mazelas que 
afetavam os trabalhadores, visto que tais problemas se refletiriam dire-
tamente na sociedade. A esperança dos burgueses era de que os refor-
mistas viessem com alguma ação que ajudasse a proteger o capital, e, 
assim, a burguesia aliou-se aos filantropos e os transformou em agen-
tes de disseminação ideológica capitalista (MARTINELLI, 2013).
Utilizando a facilidade do acesso dos reformistas sociais às famí-
lias operárias, a burguesia buscou transformá-los em aparelhos de re-
produção do capitalismo e de coerção dos trabalhadores. A sociedade 
burguesa visava à desmobilização das reivindicações coletivas dos tra-
balhadores, forçando-os a atender às exigências da própria burguesia.
beneméritos: representavam 
aqueles que realizavam serviços 
benéficos à população.
Glossário
20 Introdução ao Serviço Social
Tentando impedir e conter as manifestações dos trabalhadores e 
abafar as organizações políticas e sociais, a igreja, a burguesia e o Es-
tado criaram, em 1869, a Sociedade de Organização da Caridade em 
Londres, reunindo os reformistas sociais e responsabilizando-os pela 
organização e normatização da prática da assistência. Nesse cenário, 
surgiram os primeiros assistentes sociais, que eram os agentes que 
realizavam a assistência social (MARTINELLI, 2013).
Com base nisso, podemos afirmar que o Serviço Social como profis-
são tem em suas origens a marca do capitalismo, pois nasce articulado 
com um projeto de hegemonia burguesa. Envolvido pelas contradições 
do sistema capitalista até hoje, estrategicamente atribui-se à profissão 
uma função de controle social das massas, garantindo, assim, à bur-
guesia o controle histórico sobre a sociedade. Desta maneira, o Serviço 
Social surge no “cenário histórico com uma identidade atribuída, que 
expressa uma síntese das práticas sociais pré-capitalistas – repressoras 
e controlistas [...]” (MARTINELLI, 2013, p. 67). Além disso, o Serviço So-
cial desponta vinculado à Igreja e com a missão de garantir o expansio-
nismo do sistema capitalista e o controle da classe trabalhadora.
1.2.1 Os primeiros profissionais de Serviço Social
Toda profissão possui seus percursores, e no Serviço Social isso não 
é diferente. Esses personagens, cada um em seu contexto histórico, 
contribuíram para a construção da profissão como ela é hoje. Des-
ses, destacamos alguns atores da gênese do Serviço Social europeu e 
norte-americano.
Quadro 1
Pioneiros do Serviço Social
Europeu Norte-americano
Juan Luis Vives
São Vicente de Paulo
Octavia Hill
Canon Samuel Barnett
Charles Stewart Loch
René Sand
Jane Addams
Mary Richmond 
Mary Parker Follet
Gisela Konopka
Fonte: Adaptado de Vieira, 1984; Martinelli, 2013.
Juan Luis Vives (1493-1540) foi um filósofo espanhol humanista que 
se preocupava e iniciava ações de assistência aos pobres; realizou um 
Com o filme Germinal, 
você compreenderá 
um pouco mais sobre o 
processo de produção 
do trabalho capitalista 
em meio à Revolução 
Industrial, além de 
perceber a caracterização 
desse processo como a 
expansão do capital. 
Direção: Claude Berri. França; Bélgi-
ca; Itália: Renn Productions, 1993. 
Filme
Atividade 2
Por que os primeiros assistentes 
sociais intervinham na questão 
social, na lógica do assistencia-
lismo e da caridade?
A trajetória do Serviço Social como profissão 21
diagnóstico da realidade social da época e destacou que os sujeitos 
possuem necessidades básicas (VIEIRA, 1984).
São Vicente de Paulo (1581-1660) foi um sacerdote francês que 
criou, com apoio das damas de caridade, as Confrarias da Caridade 
para realizar ações com as crianças. Executava ações paliativas e assis-
tencialistas (VIEIRA, 1984).
Segundo Martinelli (2013), a professora inglesa Octavia Hill (1838-
1912) realizou, na Europa, um trabalho filantrópico com os moradores 
das periferias a fim de organizar moradias estruturadas para os po-
bres. Em 1865, Octavia Hill iniciou seu trabalho de educação familiar e 
social. Hoje ela é reconhecida por ter fundado diversas organizações 
de caridade e de conservação no Reino Unido, como a National Trust 
(Fundo Nacional para Locais de Interesse Histórico ou Beleza Natural).
Canon Samuel Barnett (1844-1913), conterrâneo de Octavia Hill, era 
pároco da Igreja Protestante e formado em Direito. Desenvolveu um 
trabalho com grupos em sua paróquia. Com suas ações, buscava uma 
elevação cultural e moral dos pobres por meio da educação e da soli-
dariedade, pois, assim, esses indivíduos poderiam melhorar de vida.
Charles Stewart Loch (1849-1923) foi fundador da primeira Charity 
Organization Society (Sociedade de Organização da Caridade – COS), 
baseada nas ideias de Octavia Hill. Charles se tornou um filantropo, e 
seu lema era “uma sociedade sem dependentes”, propondo que todos 
deveriam ganhar a vida pelos seus próprios meios (MARTINELLI, 2013).
A americana Jane Addams (1860-1935) criou as Hull House, que eram 
centros de vizinhança onde se reuniam pessoas da comunidade. Esses 
centros visavam integrar e proporcionar cooperação entre as pessoas, 
como uma espécie de caridade organizada.
Em 1899, em Amsterdã (Países Baixos), foi fundada a primeira es-
cola de Serviço Social, denominada Institute for Social Work Training, 
na qual a lógica religiosa deu lugar à científica. Ao mesmo tempo, nos 
Estados Unidos, Mary Richmond (1861-1928) consolidava seu método 
de trabalho na área.
Segundo Estevão (2006), Mary Richmond foi responsável por escre-
ver sobre como deveria ser executado o trabalho dos assistentes so-
ciais, norteando a atuação profissional por meio da resolução de casos. 
Ela foi responsável por lançar as bases da “visita domiciliar”.
22 Introdução ao Serviço Social
Mary Parker Follet (Boston, 1868-1933) era formada em filosofia, his-
tória e economia, trabalhou como professora e organizou várias ações 
assistenciais. Conhecida como a profetisa da administração, ela vinculou 
o Serviço Social a uma concepção de administração voltada aos pobres, 
ensinando-os a administrar seus lares e recursos. Mary conseguiu a li-
beração das escolas no período noturno, e assim se formaram centros 
educacionais e de lazer para as crianças e adolescentes. Ela também fun-
dou o Comitê para o Uso Extensivo dos Prédios Escolares (VIEIRA, 1984).
O médico belga René Sand (1877-1953) entendia o Serviço Social 
como uma profissão necessária para o enfrentamento dos problemas 
sociais que influenciavamno processo de saúde-doença da população 
mais pobre e pesquisava a Medicina Social. Foi responsável por criar a 
Escola de Medicina Social (VIEIRA, 1984).
A norte-americana Gisela Konopka (1910-2003) foi uma pioneira, e 
suas obras serviram como base para demais autores que usavam o 
método do Serviço Social de Grupos. Escreveu, em 1935, o livro Serviço 
Social de Grupo, um clássico da literatura da área. Essa obra traz um 
“método do Serviço Social que ajuda as pessoas a aumentarem o seu 
funcionamento social através de objetivas experiências de grupo e a 
enfrentarem, de modo mais eficaz, os seus problemas pessoais, de gru-
po e de comunidade” (KONOPKA, 1972, p. 33).
1.2.2 A institucionalização do Serviço Social
Na década de 1920, sob influência da Igreja Católica europeia, tor-
na-se urgente a necessidade de institucionalizar o Serviço Social, trans-
formando-o em especialização do trabalho devido à sua importância e 
relevância para a sociedade. Para compreender como ocorreu essa ins-
titucionalização na América Latina, é indispensável que se entenda a li-
gação do Serviço Social com as múltiplas expressões da questão social.
Buscando o enfrentamento das expressões da questão social pelo 
Estado, com o apoio de instituições sociais e da Igreja Católica e em um 
cenário social e econômico de mudanças no qual a pobreza era vista 
como uma ameaça à burguesia, é que ocorre a institucionalização do 
Serviço Social. As principais iniciativas de organização da profissão es-
tavam ligadas ao movimento assistencialista da Igreja Católica: da aju-
da, da caridade e do auxílio aos pobres, atividades que tinham como 
objetivo manter a ordem social vigente na época.
A trajetória do Serviço Social como profissão 23
Essa institucionalização não foi fruto de uma situação isolada, mas da 
junção de vários fatores sócio-históricos fundamentais para o processo 
de surgimento da profissão no Brasil. Para Iamamoto (2008, p. 213), a 
constituição da profissão, enquanto “profissão inscrita na divisão socio-
técnica do trabalho”, relaciona-se com a questão das grandes mobiliza-
ções da classe operária, presentes já nas primeiras décadas do século XX.
Essas mobilizações se intensificaram devido às reivindicações por 
melhores condições de trabalho, ocasionando grandes greves operá-
rias no país entre 1903 e 1908. Em 1906, aconteceu o 1º Congresso 
Operário Brasileiro, seguido da fundação da Confederação Operária 
Brasileira (COB). Na década de 1920, os líderes dos trabalhadores fun-
daram o Partido Comunista Brasileiro (PCB), com tendências políticas 
de ideologia comunista-socialista. O PCB tinha como um de seus obje-
tivos liderar as mobilizações de trabalhadores, disputando com ideolo-
gias políticas de vertente anarquista e com a liderança dos sindicatos.
Em 1930, as disputas dos trabalhadores ficaram ainda mais inten-
sas, causando muitas mudanças à sociedade brasileira. O Brasil rural 
e agrícola foi dando lugar a um país moderno, com o início de seu 
processo de industrialização. Com essas alterações no cenário eco-
nômico, acontece o êxodo rural – muitos camponeses e colonos se 
mudam para as cidades onde estavam as fábricas, principalmente Rio 
de Janeiro e São Paulo.
Como consequência desse novo cenário, foram elaboradas, entre 
1930 e 1937, as leis trabalhistas brasileiras, que foram compiladas na 
Consolidação das Leis Trabalhista (CLT) por Getúlio Vargas, com o De-
creto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Essas mobilizações exigiram 
do Estado e da igreja, classes dominantes da época, um posicionamen-
to em relação às expressões da questão social.
Foi nesse momento de grandes mudanças sociais e econômicas 
que o Serviço Social se institucionalizou no país como uma resposta 
“conservadora” do Estado brasileiro às mobilizações da classe operá-
ria. Trata-se de resposta conservadora porque se estabeleceu uma 
parceria entre o Estado e a Igreja Católica com o objetivo de manter a 
ordem social vigente na época. De acordo com Iamamoto e Carvalho 
(2013, p. 129), se “as leis sociais são, em última instância, resultantes da 
pressão do proletariado pelo reconhecimento de sua cidadania social, 
o Serviço Social origina-se numa demanda diametralmente oposta”. Ou 
Atividade 3
Pelo que o Serviço Social foi 
influenciado inicialmente?
24 Introdução ao Serviço Social
seja, o Serviço Social se institucionaliza no Brasil para intervir na socie-
dade em nome do Estado e da Igreja Católica, sua principal aliada nas 
questões de cunho social na época.
1.3 Reprodução social e Serviço Social
Vídeo A reprodução social diz respeito ao modo como são produzidas e 
reproduzidas as relações sociais na sociedade capitalista. Esse conceito 
também está marcado pela ideia da totalidade, uma vez que diz respei-
to à representação da vida social, isto é, da vida material e dos modos 
de produção de uma sociedade, em conjunto com as formas de cons-
ciência social, como as questões que estão atreladas a questões éticas 
e morais.
A reprodução das relações sociais é diretamente determinada, se-
gundo a interpretação de Iamamoto e Carvalho (2013, p. 65), pelo modo 
de vida, valores, práticas culturais e políticas de um povo, e esse tipo de 
reprodução, “como a reprodução do capital, permeia as várias ‘dimen-
sões’ e expressões da vida em sociedade”. Esses fatores são complexos 
e contraditórios, uma vez que o movimento da totalidade histórica cria 
as condições para o adensamento da sociedade de classes, auxiliando 
em sua reprodução ao longo da história e aprofundando os conflitos 
a ela inerentes. O Serviço Social está diretamente ligado à reprodução 
das relações sociais da sociedade capitalista, sendo uma instituição 
nela inserida, com as suas características próprias, bem como suas for-
mas de interpretação e intervenção na realidade.
Na sociedade capitalista, o processo de produção e reprodução da 
vida social se materializa pela oposição de interesses entre dois grupos: 
aquele que detém os meios de produção (proprietários) e o que detém 
a força de trabalho (trabalhadores) e a vende para os donos dos meios 
de produção. Essa relação gera a riqueza, que é distribuída de maneira 
desigual, ou seja, quem controla os meios de produção retém maior 
parte da riqueza produzida; e os trabalhadores, que possuem a força 
de trabalho e geram as riquezas, ficam com a menor parte dela.
O trabalho acompanha a humanidade desde os seus primórdios, e 
é pelo trabalho que os homens transformam a natureza, sobrevivem e 
se relacionam uns com os outros. As relações de produção e reprodu-
adensamento: ato ou efeito 
de consolidar.
Glossário
A trajetória do Serviço Social como profissão 25
ção da vida social são uma construção humana com aspectos culturais, 
econômicos, políticos e sociais.
A sociabilidade humana é intrínseca ao trabalho, pois se constrói na 
relação cotidiana, envolvendo aspectos de poder e exploração que se 
reconfiguram, dialeticamente, na trajetória da vida social. O sentido do 
trabalho, na sociedade capitalista, manifesta-se pela relação de explora-
ção entre as classes sociais: burguesia e proletariado. Essa exploração 
se constitui tanto no campo da produção direta – isto é, na forma de or-
ganização, controle da produção e no valor pago pela força de trabalho 
– quanto na construção de valores políticos, sociais, éticos e paradigmas 
de comportamento social, como os modos de viver, pensar e sentir a 
vida, que, para a burguesia, expressam-se pelo controle político e ideo-
lógico do processo de produção e mercantilização de bens e serviços.
Para a classe trabalhadora, os modos de ver, pensar e sentir a vida 
se materializam pela sujeição e/ou rebeldia aos ditames da classe bur-
guesa. E a sujeição à ordem burguesa se dá pela adoção de valores, 
comportamentos, crenças, modos, hábitos de vida pautados na ideo-
logia da classe dominante. A rebeldia se manifesta nas lutas pela con-
quista de direitos trabalhistas e sociais que historicamente marcam os 
movimentos dos trabalhadores.
Falar em reproduçãosocial atualmente é falar dos sintomas adqui-
ridos pelo modo de produção capitalista na sociedade moderna e con-
temporânea. Esses sintomas, muitas vezes, fazem com que se agucem 
as desigualdades sociais não apenas de cunho econômico, mas tam-
bém de gênero, raça ou aquelas que estejam atreladas a modos de vida 
diferenciados, a exemplo da questão dos povos originários, conhecidos 
como indígenas, quilombolas, entre outras populações tradicionais.
A reprodução social do modo de produção capitalista faz com que 
as mulheres ganhem salários inferiores aos dos homens e que aquelas 
que trabalham com atividades domésticas – as donas de casa – não 
sejam reconhecidas no mundo do trabalho. Isso acontece porque a ex-
ploração de sua mão de obra não gera lucros, além de, nessa ordem 
social, esse trabalho não ser considerado como um processo de traba-
lho digno de reconhecimento por uma parte significativa da sociedade.
Assim podemos dizer que essa reprodução social nada mais é do 
que a apropriação cultural de certos preconceitos que foram se esta-
belecendo no seio da sociedade capitalista e que geram uma série de 
26 Introdução ao Serviço Social
conflitos sociais. Conflitos esses que surgem entre a lógica de explo-
ração da mão de obra – na qual um dos pilares é a contradição entre 
capital e trabalho – e a lógica de manutenção da cultura e do modo de 
vida das comunidades tradicionais, por exemplo. De acordo com essa 
perspectiva, é reproduzida socialmente para a classe trabalhadora a 
necessidade de trabalhar em empresas em troca de um salário, muitas 
vezes, mínimo. Desse modo, se o sujeito social não se encaixar nessa 
lógica predeterminada pela sociedade que habita, ele poderá ser pri-
vado de uma série de bens materiais, de consumo, de bem-estar e de 
direitos para si e sua família.
Existem comunidades de povos originários tradicionais nas quais 
essa lógica não faz parte da cultura e da reprodução social do seu 
modo de vida. O preconceito e o conflito que estamos tratando surgem 
justamente da negação vinda da sociedade capitalista – por meio, fre-
quentemente, do poder socioeconômico e cultural hegemônico dessa 
sociedade – em relação ao direito à reprodução social desses povos 
que compreendem a questão do trabalho por uma outra lógica, a lógica 
do “bem viver”. A natureza do Serviço Social faz com que essa categoria 
profissional pense e reflita sobre o seu fazer profissional no sentido de 
garantir a esses povos maneiras de se reproduzirem socialmente por 
meio dos direitos humanos fundamentais.
Compreende-se, então, a necessidade de os assistentes sociais re-
fletirem sobre o conceito de reprodução social por meio de uma inter-
pretação marxista, uma vez que, assim, esses profissionais são capazes 
de compreender como o modelo de explicação societária do capitalis-
mo transformou-se em hegemônico. O capitalismo, muitas vezes – se 
não na maioria das vezes –, ao deter o poder econômico em si, em suas 
instituições e atores sociais não reconhece ou aceita modelos de repro-
dução que partam de outra lógica de pensar a realidade e o cotidiano, 
submetendo os sujeitos sociais às suas regras, morais e costumes. O as-
sistente social deve estar atento a esse modo de vida e de reprodução 
social, para, além de questioná-lo com base no seu cotidiano de traba-
lho, transformá-lo junto com o restante dos atores sociais que compõem 
a sociedade, no intuito de gerar um novo modelo de sociabilidade sem 
as implicações da reprodução social do modo de produção capitalista.
A lógica do “bem viver” pode ser 
entendida com base nas con-
siderações de Sampaio (2018, 
p. 122): “o projeto civilizacional 
cuja perspectiva prepondera no 
presente oferece perspectivas 
de mudança ou permanência 
social sem problematizar os 
fundamentos primordiais da 
sociedade de consumo.[...] 
O bem e a virtude estariam 
a serviço dessa máxima, e o 
poder de compra (mercadores) 
suplantaria o ser pelo ter. Essa 
confusão entre Viver para Ter e 
o Bem Viver (BV) descaracteriza 
as necessidades individuais 
fundamentais e as coloca à 
mercê de um social liquefeito 
e opaco”.
Saiba mais+
A trajetória do Serviço Social como profissão 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O capítulo teve como objetivo discutir algumas das principais caracte-
rísticas históricas e conceituais que auxiliam na compreensão do Serviço 
Social enquanto uma profissão na divisão sociotécnica do trabalho bra-
sileiro e mundial. Essas informações são iniciais em relação a essa área 
de formação e de intervenção enquanto profissão inserida no bojo da 
sociedade capitalista.
É necessário frisar que o Serviço Social se origina na sociedade capi-
talista para dar uma resposta adequada às expressões da questão social. 
Considerando sua origem no Brasil, com a institucionalização da profissão 
por volta da década de 1930, essa resposta se deu em âmbito conserva-
dor, utilizando-se de premissas éticas e técnicas baseadas no assistencia-
lismo e na caridade cristã, por meio da doutrina social da Igreja Católica.
Compreender essas informações, assim como todo o percurso apre-
sentado durante a leitura deste capítulo, é fundamental para a formação 
acadêmica em Serviço Social, pois foi a partir dessas premissas históricas 
e conceituais que a profissão passou a ter um significado sócio-histórico 
na sociedade brasileira.
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YAZBEK, M. C. O significado sócio-histórico da profissão. In: CFESS/ABESS (org.).  Serviço 
Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/Abepss, 2009.
GABARITO
1. O Serviço Social surgiu dentro do contexto das expressões resultantes das 
desigualdades sociais, inicialmente com o intuito de amenizar essas expressões e a 
revolta dos trabalhadores com ajuda caritativa, sendo a desigualdade social abase de 
todos os problemas sociais existentes.
2. O Serviço Social, no início, atuava sobre as expressões da questão social de forma a 
amenizar seus efeitos, sem se preocupar com as causas das desigualdades sociais, 
baseando-se no assistencialismo e na caridade cristã, pois sua gênese ocorreu dentro 
da igreja, influenciando, assim, nas características profissionais na época.
3. A profissão teve influência inicial da teoria europeia, com caráter confessional (Igreja 
Católica), apoiada em princípios éticos e cristãos. E não poderia ser diferente, pois foi 
dentro da igreja que nasceu a profissão. Como consequência, os profissionais atuavam 
conforme era solicitado na época, levando a doutrina cristã e mantendo a ordem.
Órgãos de representação profissional do assistente social 29
Para o exercício pleno da cidadania, o conhecimento da 
legislação é essencial, pois somente assim podemos fazer com que 
nossos direitos sejam respeitados e efetivados. No que se refere 
ao fazer profissional, conhecer a legislação significa saber seus 
direitos e deveres enquanto assistente social.
Neste capítulo, você irá estudar a história das leis de 
regulamentação que regem o Serviço Social no Brasil e as 
competências dos órgãos específicos da profissão. O Conselho 
Federal de Serviço Social (CFESS), os Conselhos Regionais de Serviço 
Social (CRESS), o Movimento estudantil de Serviço Social (MESS), 
a Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO) 
e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
(ABEPSS) formam um coletivo de luta pela defesa do trabalho e da 
formação dos assistentes sociais. Dada a relevância desses órgãos 
de representação da categoria estudantil e profissional, conhecê-
los é de extrema importância para o seu aprendizado e para o seu 
preparo como futuro assistente social.
Órgãos de representação 
profissional do 
assistente social
2
2.1 Regulamentação da profissão 
Vídeo O processo histórico da construção das legislações profissionais 
de Serviço Social está relacionado à construção de instituições (lo-
cais de exercício do trabalho) e aos processos de trabalho em si. 
Sendo assim, é importante traçarmos uma breve retrospectiva da his-
tória, a fim de conhecer e entender a regulamentação da profissão na 
contemporaneidade.
30 Introdução ao Serviço Social
A prestação de assistência social no Brasil surgiu logo após a coloni-
zação portuguesa. Em 1543, foi criado o primeiro hospital, em Santos, 
por Brás Cubas (explorador português e fundador da Vila de Santos), 
essa instituição deu origem à primeira Santa Casa. Mas foi somente em 
1693 que surgiu a primeira regulamentação social no país, por meio 
de uma Carta Régia da Coroa Portuguesa para a proteção de crianças 
abandonadas.
Em 1927, foi criado o Código de Menores, primeira lei social do país 
que previa a proteção e a assistência a crianças e adolescentes. Essa 
regulamentação foi muito importante na época, pois pressupunha a 
reeducação e recuperação de “menores”, cujas famílias eram conside-
radas “desajustadas”. Esses termos foram abolidos da jurisprudência 
brasileira com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, assim, 
crianças e adolescentes tornaram-se cidadãos de direitos, cuja prote-
ção deve ser integral.
Após cinco anos dessa primeira regulamentação de proteção social, 
Adèle de Loneux – assistente social formada pela Escola de Serviço So-
cial de Bruxelas –, em visita ao Brasil para desenvolver um curso in-
tensivo de formação social, levou consigo as brasileiras Maria Kiehl e 
Albertina Ramos, alunas do curso, para estudar em Bruxelas. Foi tam-
bém nesse ano que a Igreja Católica criou o Centro de Estudos de Ações 
Sociais (CEAS), o qual, por meio de aulas de trabalhos manuais, pales-
tras e conselhos sobre higiene e vida social, prestava atendimentos à 
classe operária católica. A partir das atividades do CEAS e com a sua 
expansão em São Paulo, no ano de 1936, foi criada pelas profissionais 
já formadas, Maria Kiehl e Albertina Ramos, a primeira Escola de Servi-
ço Social do Brasil, a qual anos mais tarde foi agregada à PUC-SP, onde 
se formou a primeira turma.
Em 1938, nasceu o Conselho Nacional de Serviço Social, juntamente 
com a formatura da primeira turma de Serviço Social, formada pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sendo esse o primeiro 
curso oferecido no Brasil. Contudo, somente em 1944 o Estado bra-
sileiro ofereceu oportunidade de trabalho para assistentes sociais no 
funcionalismo público, criando o primeiro espaço de trabalho na Previ-
dência Social. Nos anos que se sucederam, muitos movimentos aconte-
ceram no seio da categoria profissional: o I Congresso Pan-Americano 
de Serviço Social; a criação da Associação Brasileira de Escolas de Ser-
viço Social (ABESS); a criação da Associação Brasileira de Assistência 
Órgãos de representação profissional do assistente social 31
Social (ABAS), entidade sociocultural da categoria; e o I Congresso Bra-
sileiro de Serviço Social.
A partir desses movimentos, surgiu a necessidade de estabelecer 
regras para a profissão. E, com isso, no ano de 1947, foi instituído o 
1º Código de Ética Profissional. Além disso, o ensino e o currículo dos 
cursos de Serviço Social foram instituídos pela Lei n. 1.889/1953, regu-
lamentada pelo Decreto n. 35.311/1954.
Após a instituição dos aportes legais citados anteriormente, surgiu 
a necessidade de regulamentar a profissão. Por isso, no ano de 1957, 
instituiu-se a Lei n. 3.252, regulamentada pelo Decreto n. 994/1962. 
O decreto classificou a profissão como de natureza técnico-científica; 
definiu as atividades específicas; quais trabalhadores poderiam exer-
cer a profissão, dando o direito ao título de assistente social aos agen-
tes sociais de órgãos públicos que exerceram atividades específicas 
dessa área até 12 de julho de 1960; criou o Conselho Federal de Assis-
tentes Sociais (CFAS); dividiu o território nacional em dez regiões, com 
jurisdições próprias, denominadas de Conselho Regional de Assisten-
tes Sociais (CRAS); e estabeleceu as competências desses órgãos.
2.1.1 Conselho Federal de Serviço Social 
A categoria profissional do assistente social possui instâncias nor-
mativas e de fiscalização. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) 
é a instância de grau superior, instituída pela Lei n. 8.662/1993, confor-
me o artigo 8º:
Art. 8º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), 
na qualidade de órgão normativo de grau superior, o exercí-
cio das seguintes atribuições:
I – orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o 
exercício da profissão de Assistente Social, em conjunto com 
o CRESS;
II – assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário;
III – aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum má-
ximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS;
IV – aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes So-
ciais juntamente com os CRESS, no fórum máximo de delibe-
ração do conjunto CFESS/CRESS;
V – funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional;
VI – julgar, em última instância, os recursos contra as sanções 
impostas pelos CRESS;
Atividade 1
Qual é a importância dos órgãos 
fiscalizadores da ação profissio-
nal do assistente social, isto é, 
do Conjunto CFESS/CRESS?
32 Introdução ao Serviço Social
VII – estabelecer os sistemas de registro dos profissionais 
habilitados;
VIII – prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos 
públicos ou privados, em matéria de Serviço Social;
IX – (Vetado). (BRASIL, 1993a)
Segundo o Conselho Regional de Serviço Social do Mato Grosso do 
Sul (CRESSMS, 2020), o CFESS é uma personalidade jurídica de direito 
público, na forma de autarquia, possuindo poderes fiscalizatórios em 
relação à categoria profissional dos assistentes sociais. A sede do CFESS 
está localizada em Brasília, sendo composta por 18 assistentes sociais 
devidamente filiados aos Conselhos Regionais de todo o território na-
cional. Para compor essa instância política e fiscalizatória da profissão,é necessário que o assistente social seja eleito, para um mandato de 
três anos. Esse mandato não é remunerado, sendo permitida uma ree-
leição, com garantia de renovação de dois terços de seus membros.
2.1.2 Conselho Regional de Serviço Social 
Os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) são órgãos execu-
tivos de primeira instância, nas respectivas áreas de jurisdição, e têm 
como atribuições, de acordo com o artigo 10 da Lei n. 8.662/1993, de 
regulamentação da profissão:
I– organizar e manter o registro profissional dos Assistentes So-
ciais e o cadastro das instituições e obras sociais públicas e priva-
das, ou de fins filantrópicos;
II– fiscalizar e disciplinar o exercício da profissão de Assistente 
Social na respectiva região;
III– expedir carteiras profissionais de Assistentes Sociais, fixando 
a respectiva taxa;
IV– zelar pela observância do Código de Ética Profissional, funcio-
nando como Tribunais Regionais de Ética Profissional;
V– aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profissional;
VI– fixar, em assembleia da categoria, as anuidades que devem 
ser pagas pelos Assistentes Sociais;
VII– elaborar o respectivo Regimento Interno e submetê-lo a 
exame e aprovação do fórum máximo de deliberação do conjun-
to CFESS/CRESS. (BRASIL, 1993a)
Os CRESS foram instituídos nas regiões do Brasil na década de 1960. 
Também surgiram nesse período as delegacias, atualmente denomi-
nadas seccionais ou núcleos do Conselho Regional de Serviço Social 
Órgãos de representação profissional do assistente social 33
(NUCRESS), pela Lei n. 8.662. Os NUCRESS buscam aproximar os pro-
fissionais e facilitar a comunicação entre o órgão e a categoria, o que 
ocorre especialmente por meio de eventos e grupos de estudos.
A fim de exemplificar e demonstrar a importância dos NUCRESS, 
vamos focar na 10ª Região do CRESS, que possui 35 núcleos espalha-
dos pelo estado do Rio Grande do Sul com as seguintes atribuições:
1. Trabalhar em parceria com o CRESS dinamizando as ações de 
interesse com vista à defesa do exercício profissional e da qua-
lidade do serviço prestado à sociedade. Divulgar e zelar pela 
observância do Código de Ética do/a Assistente Social, da Lei de 
Regulamentação da Profissão e do Projeto Ético-Político profis-
sional. Promover debates sobre assuntos ligados ao Serviço So-
cial e de interesse dos/as assistentes sociais.
2. Repassar informações sistemáticas ao CRESS 10ª Região das 
irregularidades constatadas na região referente ao exercício 
profissional.
3. Garantir os direitos e deveres do/a assistente social e divulgar 
a profissão junto à sociedade.
4. Incentivar o aprimoramento teórico, técnico e político dos/as 
assistentes sociais.
5. Participar representando o CRESS em Conselhos de Direitos e 
Políticas Sociais nos municípios e instâncias regionais em defesa 
das políticas públicas e de direitos; eleger e atualizar as indica-
ções de assistentes sociais para representar o CRESS nos Con-
selhos de Políticas Públicas e de Direitos e encaminhamento de 
seus nomes ao CRESS.
6. Comprometer-se em participar das reuniões de Conselho 
Pleno Ampliado, que ocorrem duas vezes por ano, e atender 
às Resoluções do CRESS 10ª Região que dizem respeito aos 
NUCRESS e representação. (NUCRESS, 2020)
O principal evento que vem sendo oferecido pelos CRESS à categoria 
profissional é um espaço de debate bastante importante – ocorre anual-
mente em alusão ao Dia do Assistente Social, celebrado em 15 de maio –, 
em que são discutidos inúmeros temas pertinentes ao trabalho profissio-
nal, como o comprometimento com a defesa da liberdade democrática, a 
luta contra a exploração laboral, a educação que desejam para o mundo.
Além da importante tarefa de promover a aproximação dos pro-
fissionais e o seu processo de educação permanente, o CRESS é res-
ponsável pela questão administrativa da categoria, sendo fiscalizador 
do exercício profissional e do pleno cumprimento do Código de Ética. 
Uma das responsabilidades desse órgão é a confecção da identidade 
34 Introdução ao Serviço Social
profissional do assistente social formado em Serviço Social, mediante 
a comprovação da conclusão do curso pela entidade educacional devi-
damente registrada no Ministério da Educação.
Exercendo sobre a categoria o papel de fiscal do trabalho e pro-
motor da constante atualização do conhecimento nas áreas de atua-
ção, o CFESS e os CRESS possuem uma importância significativa na 
construção política e de identidade dos assistentes sociais. Como 
parte dessa missão, buscam transmitir para a sociedade a relevância 
desses profissionais, assegurada por normas legais e pressupostos 
teórico-metodológicos, técnico-operativos e sócio-históricos, que os in-
serem na divisão sócio-técnica do trabalho.
2.1.3 Lei n. 8.662 de 1993
No decorrer da história do Brasil, com as transformações sociopo-
líticas desde o Estado Novo até a redemocratização, bem como o pro-
cesso de reconceituação do Serviço Social, ocorrido entre as décadas 
de 1950 e 1960, a categoria de assistentes sociais resolveu atualizar sua 
Lei de Regulamentação. A nova lei, datada de 1993, veio ao encontro do 
conceito de política social, especialmente no que diz respeito às com-
petências profissionais.
As novas competências do assistente social o inseriram não somen-
te na execução das políticas sociais, mas também na sua elaboração, 
planejamento, coordenação e avaliação. Veja o artigo que dispõe sobre 
as competências profissionais:
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:
I – elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais 
junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, em-
presas, entidades e organizações populares;
II – elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e 
projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com 
participação da sociedade civil;
III – encaminhar providências, e prestar orientação social a indiví-
duos, grupos e à população;
IV – (Vetado);
V– orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais 
no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no 
atendimento e na defesa de seus direitos;
VI – planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;
VII – planejar, executar e avaliar pesquisas que possam 
Órgãos de representação profissional do assistente social 35
contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar 
ações profissionais;
VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração 
pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, 
com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX – prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em maté-
ria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos 
direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
X – planejamento, organização e administração de Serviços So-
ciais e de Unidade de Serviço Social;
XI – realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins 
de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração 
pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. 
(BRASIL, 1993a)
Além de imprimir à nova legislação o caráter das políticas sociais, 
a regulamentação de 1993 trouxe a assessoria e a consultoria como 
novos instrumentos técnicos à profissão. De acordo com Matos (2009), 
é possível tratar esses dois instrumentos de forma indistinta. Nesse 
ponto, a legislação auxiliou para que os assistentes sociais pudessem 
trabalhar de forma alternativa, prestando assessoria/consultoria aos 
órgãos de iniciativa pública e também aos de iniciativa privada, na “cria-
ção de políticas sociais, de serviços sociais, de trabalhos educativos jun-
to à população, entre outros” (MATOS, 2009, p. 2).
A Lei n. 8.662, além de estabelecer as competências profissionais de 
um modo geral, instituiu as atribuições privativas do assistente social, 
um avanço considerável para os profissionais que, até então, tinham 
dificuldades de estabelecer sua especificidade frente à expansão das 
políticassociais no Brasil. Nessas atribuições privativas, está contido um 
arsenal de processos laborais que são próprios do trabalho do assisten-
te social, sendo que nenhuma outra profissão deve elaborá-las, por isso 
a condição de atribuição privativa dada a esse tópico por essa lei.
Veja, a seguir, o artigo que normatizou as atribuições privativas da 
categoria dos assistentes sociais na lei:
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:
I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar es-
tudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de 
Serviço Social;
II – planejar, organizar e administrar programas e projetos em 
Unidade de Serviço Social;
36 Introdução ao Serviço Social
III – assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em ma-
téria de Serviço Social;
IV– realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informa-
ções e pareceres sobre a matéria de Serviço Social;
V– assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de 
graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exi-
jam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de forma-
ção regular;
VI– treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de 
Serviço Social;
VII– dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço 
Social, de graduação e pós-graduação;
VIII– dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo 
e de pesquisa em Serviço Social;
IX– elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e co-
missões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção 
para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimen-
tos inerentes ao Serviço Social;
X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos as-
semelhados sobre assuntos de Serviço Social;
XI – fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Fe-
deral e Regionais;
XII– dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públi-
cas ou privadas;
XIII – ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão 
financeira em órgãos e entidades representativas da categoria 
profissional. (BRASIL, 1993a)
É importante ressaltar que esse artigo sofreu alterações pela Lei n. 
12.317/2010, no que tange a carga horária do assistente social, passan-
do a ser de 30 horas semanais.
A Lei n. 8.662 também modificou as nomenclaturas dos órgãos pro-
fissionais. O Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) e os Con-
selhos Regionais de Assistentes Social (CRAS), criados pela antiga lei 
de regulamentação profissional (Lei n. 3.252/1957), passaram a ser de-
nominados de Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselhos 
Regionais de Serviço Social (CRESS). Essa mudança dá a perspectiva da 
profissão como um todo e não somente do profissional que exerce 
suas atribuições.
Outra forma de dar maior visibilidade à profissão, a Lei n. 8.662, no 
artigo 15, vedou o uso indevido da expressão serviço social: “é vedado o 
Em relação à luta da 
categoria profissional 
dos assistentes sociais 
sobre a Lei das 30 horas, 
assista ao vídeo Direito 
se conquista: a luta dos/
as assistentes sociais 
pelas 30 horas semanais, 
elaborado pelo Conselho 
Federal de Serviço Social 
(CFESS), publicado pelo 
canal CFESS Vídeos.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=hiZzhQTlKBw. 
Acesso em: 8 jan. 2020.
Vídeo
Órgãos de representação profissional do assistente social 37
uso da expressão Serviço Social por quaisquer pessoas de direito públi-
co ou privado que não desenvolvam atividades previstas nos artigos 4º 
e 5º desta lei” (BRASIL, 1993a).
Essa lei especificou as atribuições dos CRESS, especialmente no que 
se refere às penalidades aos infratores, de acordo com o artigo 16:
Art. 16. Os CRESS aplicarão as seguintes penalidades aos infrato-
res dos dispositivos desta Lei:
I – multa no valor de uma a cinco vezes a anuidade vigente;
II – suspensão de um a dois anos de exercício da profissão ao 
Assistente Social que, no âmbito de sua atuação, deixar de cum-
prir disposições do Código de Ética, tendo em vista a gravidade 
da falta;
III – cancelamento definitivo do registro, nos casos de extrema 
gravidade ou de reincidência contumaz.
1º Provada a participação ativa ou conivência de empresas, enti-
dades, instituições ou firmas individuais nas infrações a disposi-
tivos desta lei pelos profissionais delas dependentes, serão estas 
também passíveis das multas aqui estabelecidas, na proporção 
de sua responsabilidade, sob pena das medidas judiciais cabíveis.
2º No caso de reincidência na mesma infração no prazo de dois 
anos, a multa cabível será elevada ao dobro. (BRASIL, 1993a)
Ainda, como uma novidade trazida pela Lei n. 8.662, o CFESS criou a 
possibilidade da constituição de delegacias seccionais nos territórios que 
não tenham como estabelecer um CRESS, desde que sua arrecadação 
seja suficiente para a manutenção de todas as necessidades do órgão.
Sendo assim, podemos considerar todas as modificações trazidas 
pela lei de regulamentação da profissão de extrema relevância para os 
assistentes sociais no que se refere ao pleno exercício de suas funções, 
tendo em vista a garantia legal das competências profissionais e de 
fiscalização dos órgãos da categoria.
2.1.4 Código de Ética do Assistente Social
O projeto profissional do Serviço Social pode ser considerado de 
acordo com dois momentos importantes: um mais conservador e outro 
que representa a proposta de renovação da profissão. Desse modo, 
podemos inferir que, assim como o projeto profissional, os códigos de 
ética do Serviço Social seguiram o mesmo caminho.
38 Introdução ao Serviço Social
Isso posto, faremos uma breve contextualização sobre os códigos 
de ética do Serviço Social de 1947, 1965, 1975, 1986 e 1993. O período 
que envolve o Código de 1947 até o Código de 1986 traz características 
semelhantes, sendo marcado pelo conservadorismo, com uma possível 
imparcialidade ética e política, que se reflete nos princípios enunciados 
nos códigos. A presença forte da Igreja, aqui representada pelo neoto-
mismo 1 , incorpora a eles valores universais abstratos e a moralização 
da questão social. Aos assistentes sociais cabia o dever de cumprir as 
obrigações com base na doutrina social da Igreja, ou seja, em conso-
nância com os preceitos divinos, baseando sua ação profissional na 
expectativa de atingir o bem comum, mantendo os princípios do jura-
mento prestado mediante testemunho de Deus (SILVA, 2015).
O código de 1947 traz, portanto, a proposta de aproximar a atua-
ção dos assistentes sociais aos princípios de moralidade católicos, 
o que o referido código chama de “moral aplicada a uma profissão” 
(ABAS, 1947, p. 1). Na prática, isso significa que “não trata apenas de 
fator material, não se limita à remoção de um mal físico, ou a uma 
transação comercial ou monetária: trata com pessoas humanas desa-
justadas ou empenhadas no desenvolvimento da própria personali-
dade” (ABAS, 1947, p. 1).
Na relação do assistente social com os seus beneficiários, o código de 
ética preconizava “respeitar no beneficiário do Serviço Social a dignidade 
da pessoa humana, inspirando-se na caridade cristã” (ABAS, 1947, p. 2). 
Assim, é possível observar que o primeiro código de ética registrava um 
forte traço do neotomismo em seus princípios.
Já para falarmos sobre os códigos de ética de 1965 e 1975, convém 
relembrarmos outros aspectos importantes. Um deles é que nessa 
época o país já vivia no sistema capitalista, em que a busca incessante 
pelo lucro, as disparidades e a concentração de riquezas eram visíveis. 
Os problemas sociais decorrentes desse sistema eram considerados 
problemas individuais e o Serviço Social tinha uma ação moralizado-
ra, considerando o indivíduo culpado por sua situação e necessitando 
integrá-lo à sociedade. Além disso, permaneciam os resquícios da ori-
gem da profissão ligados à Igreja. Sendo assim, o código de ética de 
1965 propunha:
Art. 5º — No exercício de sua profissão, o assistente social tem 
o dever de respeitar as

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