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Doenças intestinais inflamatórias (Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa)

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D ENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS 
Definicao são patologias crônicas e recidivantes caracterizadas pela presença de um processo inflamatória 
Colite inespecifica: não se sabe diferenciar RCU da DC 
Fatores de risco história familiar, ♀ 1: 1 ♂, uso de ACHO, < 30 anos e > 60 anos 
Etiologia: multifatorial – fatores imune, fator genético e fator ambiental 
Mecanismo imune: atividade dos linfócitos T e desregulação imunitária 
Fator ambiental apendicite aguda, infecção perinatal, uso de açúcar em excesso, tabagismo como fator protetivo na RCU 
 
Caracteristicas gerais pode comprometer da boca ao ânus, sendo o lugar mais comum acometido é o intestino 
delgado – enterite (75%). Em 20% dos casos ocorre colite (acometimento do intestino grosso) e em 1/3 acontece 
envolvimento perianal (fístulas e fissuras). Na DC é característico o comprometimento descontínuo, havendo áreas 
sãs entremeadas a áreas doentes, chamado de padrão de pedra de calçamento. 
Anatomopatologico (macroscopia) alça e mesentério espessado, gordura mesentérica com projeções 
digitiformes e aderências múltiplas entre as alças. Na mucosa, é possível visualizar úlceras aftoides e lineares, 
formando um aspecto em paralelepípedo. Na biópsia, se encontrado granuloma não caseoso – patognomônico de 
doença de Crohn 
Inflamacao é transmural, acometendo todas as camadas intestinais (mucosa, submucosa, muscular e serosa). Isso justifica a ocorrência 
comum de fístulas, além de abscessos e cicatrização com estenose 
Manifestacoes clinicas períodos de crises e remissões, os sintomas podem ser inflamatórios, fibroestenóticos ou sintomas fistulizantes 
Sintomas inflamatórios (sistêmicos ou locais): febre, perda de peso, astenia e diarreia crônica invasiva (aquosa com muito muco e sangue) 
Sintomas fibroestenóticos (+ comum em fases crônicas): vômitos, cólicas e suboclusão ou oclusão intestinal 
Sintomas de perfuração: febre alta, diarreia aguda e fístulas 
Diagnostico aspectos clínicos, endoscópicos, radiológicos e anatomopatológicos compatíveis com a Doença de Crohn. O padrão ouro é 
a ileocolonoscopia com biópsia que irá apresentar → reto normal, assimetria, edema de parede, pseudopólipos, lesões anais e padrão de 
pedra de calçamento. A biópsia em si demonstrará presença de granulomas e de aglomerados linfóides 
Exames laboratoriais: anemia, leucocitose, plaquetose, aumento do VHS e PCR, hipoalbuminemia 
Testes sorológicos não servem como rastreamento e sim para diagnóstico diferencial entre RCU e DC; ASCA + = DC | pANCA + = RCU 
Exames de fezes: exame de calprotectina fecal (aponta para diarreia inflamatória), leucócitos fecais, aumento das gorduras. 
Exames de imagem radiografias contrastadas foram substituídas pela enteroTC e enteroRM. Fazer sempre endoscopia digestiva alta e 
baixa e colonoscopia. Pode-se ou não solicitar enteroscopia com cápsula (como se o paciente engolisse uma câmera). Ainda assim, os 
achados radiográficos que podem ser encontrados são → lesões intercaladas, defeitos de contorno, úlceras longitudinais, fissuras transversas 
e fístulas 
Diagnosticos diferenciais como a DC atinge da boca ao ânus, depende da clínica apresentada 
Boca: aftas orais de repetição | Intestino: granuloma por tuberculose intestinal 
Complicacoes perfurações, estenoses, doença perianal e complicações nutricionais 
Neoplasias: a DC é fator de risco para câncer de intestino delgado, mas esse câncer é muito raro 
Sobrevida: na DC, se bem tratada, o indivíduo tem sobrevida similar a da população. 
Tratamento é iminentemente clínico, mas 60-70% dos pacientes em algum momento precisarão de intervenção 
cirúrgica 
 
 
Caracteristicas gerais acomete o reto e em porções variáveis o cólon. Não é de padrão descontinuo e sim um padrão distal para 
proximal e contínuo. 
Anatomopatologico (macroscopia) diferente da DC que é transmural, aqui há alterações inicialmente só na mucosa e na submucosa. 
Há um limite bem visível entre a área sã e a doente e o reto é o mais comprometido. A mucosa é eritematosa, edemaciada e há erosão. A 
mucosa se torna tão erodida que as áreas sãs que sobram edemaciam e formam ilhas, adotando uma característica de pseudopólipos 
Inflamacao as alterações inflamatórias não chegam à camada muscular própria, o que diferencia da DC e que explica por que na RCU 
não complicada não há estenose. Ademais, o achado mais específico anatomopatológico microscópico é o abscesso de cripta. 
D ENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS 
Manifestacoes clinicas crises com pródomos, diarreia explosivas com cólicas crônicas, muco, sangue e pus visíveis nas fezes, puxo, 
tenesmo, urgência fecal pouco comprometimento nutricional e pouca febre. EF com 
sensibilidade em fossa ilíaca esquerda (FIE). Manifestações extracolônicas (são + 
comuns na RCU e podem ou não estar relacionadas à inflamação): 
Dermatológicos: eritema nodoso; pioderma gangrenoso 
Articulares: artropatias reativas (pródromo); espondilite anquilosante 
Oftalmologicas: episclerite; uveíte 
Relacionadas à atividade da DII: artropatia reativa, episclerite, eritema nodoso 
Não relacionadas: sacroleíte, espondilite anquilosante, colelitíase 
Parcialmente relacionadas: pioderma gangrenoso, uveíte, colangite esclerosante primária 
Classificacao pela colonoscopia 
Colite ulcerativa distal: proctite ou retossigmoidite 
Colite ulcerativa esquerda: inflamação envolve até o ângulo 
esplênico 
Pancolite: a partir do cólon transverso proximal 
Diagnostico colonoscopia serve para dgx, biópsia e classificação 
Exames laboratoriais: aqui, os exames de sangue não costumam se alterar, somente nas formas graves. Assim, os exames de sangue 
estão comumente normais. 
Exames de imagem se vê, por uma inflamação crônica do intestino grosso, perda das austrações e encurtamento do cólon 
Diagnosticos diferenciais para diferenciar da DC 
Complicacoes perfurações, megacólon tóxico, estenoses (a RCU não atinge a mucosa, então pensar em ca sempre que houver essa 
complicação), hemorragia maciça e neoplasia 
Megacólon tóxico: dor abdominal com distensão e na radiografia há distensão do cólon transverso > 8 cm. A conduta é internação em UTI, 
com uso de atb, corticoides e resgate preferencialmente com infliximabe. Tratamento cirúrgico em 24-72 horas caso não haja melhora. 
Critérios diagnósticos para megacólon tóxico: 
▪ Evidências radiográficas de distensão colônica (> 6 cm). 
▪ Pelo menos 3 dos seguintes critérios: febre > 38°C; FC > 120 bpm/min; leucocitose com neutrofilia; anemia. 
▪ Além dos critérios acima, pelo menos 1 dos seguintes: desidratação; alteração do nível de consciência; distúrbios eletrolíticos; 
hipotensão arterial. 
Neoplasias: inflamação crônica da mucosa → displasia → câncer. Pacientes com RCU são considerados de alto risco para neoplasia 
colorretal. por isso, todos os pacientes devem ser submetidos a colonoscopia anual com biópsia seriada buscando displasia (vigilância). 30% 
dos pacientes com displasia de alto grau, na peça cirúrgica encontra-se câncer 
Fatores de risco para neoplasia: DII por ≥ 10 anos (principalmente a RCU), DII pancolônica, colangite esclerosante primária (manifestação 
extraintestinal da DII), histórico familiar de câncer colorretal, colite universal iniciada antes dos 15 anos de idade 
Tratamento: diferentemente da DC, o tratamento cirúrgico PODE ser definitivo, retirando o reto e o cólon (não são essenciais a vida) 
 
Clínico não medicamentoso: dieta, atividade física, suporte nutricional para distúrbios 
Clínico medicamentoso: 
▪ anti-inflamatórios salicilatos → os não-esteroidais NÃO devem ser usados 
- para formas leves a moderadas 
- sulfassalazina e mesalazina (5-ASA): idealmente uso associado de VO + tópico 
- toxicidade dose-dependente: náusea, anorexia, cefaleia, deficiência de folato, alopecia 
▪ corticoides para remissão de crise → usados para as fases agudas somente, porque acarretam muitos efeitos colaterais 
- indicados para formas moderadas a graves 
- prednisona VO, hidrocortisona, budesonida(+ usado porque tem muito pouco efeito colateral) 
▪ imunossupressores → para fase de manutenção podem ser usados para regular a resposta imunológica alterada do corpo 
- azatioprina (AZA) 
- usados para controle da atividade inflamatória na DC e RCU 
- indicados na corticodependência 
▪ antibioticoterapia → combater a microbiota intestinal desbalanceada) 
- metronidazol e ciprofloxacino: não podem ser usados por muito tempo 
- podem ser utilizados no tratamento das agudizações leves a moderadas, de fístulas, na doença perianal e bursites 
▪ agentes biológicos: usados na fase aguda e crônica → antiintegrinas, antiTNFalfa, antiinterleucinas 
- os imunobiológicos são os mais usados hodiernamente 
- usados para formas complicadas da DC, principalmente em casos de fístula 
cólon normal cólon com RCU cólon com RCU 
grave 
D ENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS 
- efeito imunomodulador que pode durar semanas com intervalos de 8 semanas ou menos em casos de fístulas 
- uso crescente na DC e RCU em formas complicadas, principalmente em fistulas e em manifestações extraintestinais 
- baixa incidência de efeitos colaterais 
- antiTNFalfa: infliximabe e adalimumabe 
Clínico medicamentoso na RCU: 
▪ tratamento tópico 
- mais eficaz 
▪ anti-inflamatórios salicitados 
- podem ser usados tanto na reemissão quanto na manutenção 
- são de primeira escolha 
Cirúrgico na DC: princípios do tratamento cirúrgico → 
▪ preservação da parede 
▪ preservação da superfície absortiva (não retirar intestino) 
▪ intervenções localizadas 
▪ anastomoses amplas 
▪ ressecção do mesentério inflamado 
 
Cirúrgico na RCU: princípios do tratamento cirúrgico → 
▪ induzir remissão 
▪ manter remissão 
 
Indicações de tratamento cirúrgico na RCU 
▪ falha no tratamento clínico 
▪ retardo do crescimento da criança 
▪ displasia, estenose ou câncer 
▪ falha do tratamento clínico 
 
 RCU DC 
Clínico Para crise aguda 
Colite distal: salicitato tópico 
Colite esquerda ou pancolite: terapia 
oral e enema. Se sintomas durarem 
mais de 2 semanas usa corticoides 
 
Para manutenção 
Colite distal: salicilato tópico 
Colite esquerda ou pancolite: terapia 
oral 
Para crise aguda 
Leve – moderada: budesonida 9mg/dL ou salicilatos 
Moderada – grave: corticosteroides 
 
Para manutenção: imunobiológicos OU budesonida a longo prazo (pouco usado) 
 
Doença grave e refratários a outras formas: Infliximabe 
 
Para doença oral: esteróides tópicos 
 
Para doença gastroduodenal: inibidores da bomba de prótons 
 
Cirúrgico Pode ser curativo e trata as 
complicações 
Visa tratar as complicações. Obs.: Não se faz cirurgia para tratar a DC em si! 
 
Para infecções ou abscessos: atb + drenagem cirúrgica ou percutânea 
 
Para fístulas e doença perianal: atb + infliximabe + cirurgia (após controlar a fístula) 
 
Para doença difusa de delgado: Infliximabe associado ou não a cirúrgicas 
(estenoplastias) 
 
 DC RCU 
Doença perianal + - 
Fístulas anorretais + - 
Abscessos + - 
Estenoses + - 
Retite - + 
Ileíte + - 
Granulomas + - 
Padrão Salteado Contínuo 
Camadas Transmural Mucosa

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