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Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 • A pele recobre a superfície do corpo e é constituída por um tecido epitelial de origem ectodérmica, a epiderme, e um tecido conjuntivo de origem mesodérmica, a derme. Dependendo da espessura da epiderme, distinguem-se a pele espessa e a fina. A pele espessa é encontrada na palma das mãos, na planta dos pés e recobrindo algumas articulações. O restante do corpo é protegido por pele fina. Abaixo e em continuidade com a derme, encontra-se a hipoderme ou tecido celular subcutâneo, que não faz parte da pele, apenas lhe serve de união com os órgãos subjacentes. A hipoderme é um tecido conjuntivo frouxo que pode conter muitas células adiposas, constituindo o panículo adiposo; - A pele é o maior órgão do corpo humano, compondo 16% do peso corporal, e desempenha múltiplas funções. Graças à estrutura da epiderme, com suas múltiplas camadas celulares e camada córnea, ela protege o organismo contra desidratação, atrito, agentes químicos e patógenos. Por meio de suas terminações nervosas sensoriais, a pele recebe constantemente informações sobre o ambiente e as envia para o sistema nervoso central. Em virtude de seus vasos sanguíneos e glândulas, colabora com a termorregulação do organismo. Suas glândulas sudoríparas participam da termorregulação e da excreção de várias substâncias. Um pigmento que é produzido e acumulado na epiderme, a melanina, tem função protetora contra os raios ultravioleta. Na pele também se forma vitamina D3 pela ação da radiação ultravioleta do sol sobre precursores sintetizados no organismo. Ela apresenta ainda células do sistema imunitário, que atuam contra a invasão de microrganismos; APG 26 MASTECHEF Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 - A junção entre a epiderme e a derme é irregular. A derme tem projeções, as papilas dérmicas, que se encaixam em reentrâncias da epiderme, as cristas epidérmicas, aumentando a coesão entre essas duas camadas. Essa coesão é muito i m p o r t a n t e , p o r q u e a p e l e e s t á constantemente sujeita a agressões mecânicas provenientes de múltiplas direções. Pelos, unhas e glândulas sudoríparas, sebáceas e mamárias são estruturas anexas da pele. • Epiderme: É constituída por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado (com camada córnea), cujas células mais abundantes são os queratinócitos. A epiderme apresenta ainda outros três tipos de células: os melanócitos, as células de Langerhans e as de Merkel. - A espessura e a estrutura da epiderme variam com o local estudado, sendo mais espessa e complexa na palma das mãos, na planta dos pés e em algumas articulações. Nessas regiões, a espessura chega até a 1,5 mm e, vista da derme para a superfície, apresenta cinco camadas, basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. A camada basal é constituída por células prismáticas ou cuboides, ligeiramente basófilas, que repousam sobre a membrana basal que separa a epiderme da derme. A camada basal, rica em células-tronco (stem cells) da epiderme, é também chamada de germinativa. Apresenta atividade mitótica, sendo responsável, junto com a camada seguinte (espinhosa), pela constante renovação da epiderme. Os queratinócitos proliferam na camada basal e migram em direção à superfície da epiderme, diferenciando-se progressivamente até contribuir para a formação da camada córnea. Fatores mitogênicos produzidos pelos fibroblastos presentes na derme subjacente, como o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF), o fator de crescimento de fibroblastos 7 e 10 (FGF-7 e FGF-10) e diversos ligantes para o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), são muito importantes para a proliferação celular na camada basal. Calcula-se que a epiderme humana se renove a cada 15 a 30 dias, dependendo principalmente do local e da idade da pessoa. Os queratinócitos contêm filamentos intermediários de queratina, que se tornam mais abundantes à medida que a célula avança para a superfície; - A camada espinhosa é formada por células cuboides ou ligeiramente achatadas, com volume maior que o das células da camada basal, de núcleo central e citoplasma com feixes de filamentos de queratina (tonofilamentos). Nessa camada os queratinócitos estão unidos entre si por inúmeras junções intercelulares do tipo desmossomo. Em preparações histológicas, essas junções aparecem como pequenas projeções celulares, o que confere a cada célula um aspecto espinhoso. Ao microscópio e l e t r ô n i c o , v e r i f i c a - s e q u e o s tonofilamentos terminam inserindo-se nos espessamentos citoplasmáticos dos desmossomos. Os filamentos de queratina e os desmossomos têm importante papel na manutenção da coesão entre as células da epiderme e na resistência ao atrito; - A camada granulosa tem apenas três a cinco fileiras de células poligonais achatadas, núcleo central e citoplasma carregado de grânulos basófilos, chamados de grânulos de querato-hialina, que não são envolvidos por membrana. Esses grânulos contêm uma proteína rica em histidina fosforilada e também proteínas com cisteína. Os grânulos de querato-hialina são importantes para a condensação dos tonofilamentos, previamente à formação da camada córnea. Outra característica das células da camada granulosa, que somente pode ser visualizada ao microscópio eletrônico, são os grânulos lamelares, com 0,1 a 0,3 mm, que contêm discos lamelares formados por bicamadas lipídicas e são envoltos por membrana. Esses grânulos se fundem com a membrana plasmática e expulsam seu conteúdo para o espaço intercelular da camada granulosa, onde o material lipídico se deposita, contribuindo para a formação de uma barreira contra a penetração de substâncias Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 e para tornar a pele impermeável à água, impedindo a desidratação do organismo. Durante a evolução, esse impermeabilizante epidérmico surgiu nos répteis, e esse foi um evento importante para tornar possível a vida fora da água. A camada lúcida, mais evidente na pele espessa, é constituída por uma delgada camada de células achatadas, eosinófilas e translúcidas, cujos núcleos e organelas citoplasmáticas foram digeridos por enzimas dos lisossomos e desapareceram. O citoplasma apresenta numerosos filamentos de queratina, compactados e envolvidos por material elétron-denso. Ainda se podem ver desmossomos entre as células ao microscópio e l e t r ô n i c o , m a s a s c é l u l a s s ã o indistinguíveis ao microscópio óptico. A camada córnea tem espessura muito variável e é constituída por células achatadas, mortas e sem núcleo, cujo citoplasma se apresenta repleto de queratina. A queratina contém pelo menos seis polipeptídios diferentes, com peso molecular entre 40 e 70 kDa. A composição dos tonofilamentos se modifica à medida que os queratinócitos se diferenciam. • Derme: é o tecido conjuntivo em que se apoia a epiderme e que une a pele ao tecido subcutâneo, ou hipoderme. A derme apresenta espessura variável de acordo com a região observada, alcançando um máximo de 3 mm na planta do pé. Sua superfície externa é irregular, observando-se saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias correspondentes da epiderme. As papilas são mais frequentes nas zonas sujeitas a pressões e atritos. A derme oferece suporte à epiderme e é essencial para a sua nutrição, já que a epiderme não é vascularizada. Além disso, os vasos sanguíneos da derme são importantes para a função de termorregulação da pele. A derme é também importante para a percepção sensorial (tato, temperatura, dor) e para a defesa imunológicada pele; - A derme é constituída por duas camadas de limites pouco distintos: a papilar, superficial, e a reticular, mais profunda. A camada papilar é delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo que forma as papilas dérmicas. Nessa camada foram descritas fibrilas especiais de colágeno, que, por um lado, se inserem na membrana basal e, por outro, penetram profundamente a derme. Essas fibrilas contribuem para prender a derme à epiderme. Os pequenos vasos sanguíneos observados nessa camada são responsáveis pela nutrição e oxigenação da epiderme. A camada reticular é mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso. Ambas as camadas contêm muitas fibras do sistema elástico, responsáveis, em parte, pela elasticidade da pele. Além dos vasos sanguíneos e linfáticos, e dos nervos, também são encontradas na derme as seguintes estruturas, derivadas da epiderme: folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 • Hipoderme: é formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais se apoia. Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme pode ter uma camada variável de tecido adiposo, que, quando desenvolvida, constitui o panículo adiposo. Este modela o corpo, é uma reserva de energia e proporciona proteção contra o frio (a gordura é um bom isolante térmico). • Pelos: são estruturas delgadas e queratinizadas que se desenvolvem a partir de uma invaginação da epiderme. A cor, o tamanho e a disposição deles variam de acordo com a cor da pele e a região do corpo. São observados em quase toda a superfície corporal, com exceção de algumas regiões bem delimitadas. Os pelos são estruturas que crescem descontinuamente, intercalando fases de repouso com fases de crescimento, cuja duração é variável de uma região para outra. No couro cabeludo, por exemplo, a fase de crescimento é muito longa, durando vários anos, enquanto a fase de repouso é da ordem de 3 meses. As características dos pelos de determinadas regiões do corpo (face e região pubiana) s ã o i n f l u e n c i a d a s p o r h o r m ô n i o s , principalmente os hormônios sexuais. Cada pelo se origina de uma invaginação da epiderme, o folículo piloso, que, no pelo em fase de crescimento, apresenta-se com uma dilatação terminal, o bulbo piloso, em cujo centro se observa uma papila dérmica. As células que recobrem a papila dérmica formam a raiz do pelo, de onde emerge o eixo do pelo. Na fase de crescimento, as células da raiz multiplicam-se e diferenciam-se em vários tipos celulares. Em certos tipos de pelos grossos, as células centrais da raiz produzem células grandes, vacuolizadas e fracamente queratinizadas, que formam a medula do pelo. Ao redor da medula diferenciam-se células mais queratinizadas e dispostas compactamente, formando o córtex do pelo. Células mais periféricas formam a cutícula do pelo, constituída por células fortemente queratinizadas que se dispõem envolvendo o córtex como escamas. Finalmente, das células epiteliais mais periféricas de todas, originam-se duas bainhas epiteliais (uma interna e outra externa), que envolvem o eixo do pelo na sua porção inicial. A bainha externa se continua com o epitélio da epiderme, enquanto a interna desaparece na altura da região onde desembocam as glândulas sebáceas no folículo. Separando o folículo piloso do tecido conjuntivo que o envolve, encontra-se uma membrana basal muito desenvolvida, que recebe o nome de membrana vítrea. O conjuntivo que envolve o folículo apresenta-se mais espesso, formando a bainha conjuntiva do folículo piloso. Dispostos obliquamente e inseridos de um lado nessa bainha e do outro na camada papilar da derme, encontram-se os músculos eretores dos pelos, cuja contração puxa o pelo para uma posição mais vertical, tornando-o eriçado. Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 • Unhas: são placas de células queratinizadas localizadas na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos. Sua porção proximal é chamada de raiz da unha. O epitélio da dobra de pele que cobre a raiz da unha consiste nas camadas usuais da epiderme, e a camada córnea desse epitélio forma a cutícula da unha. É na raiz da unha que se observa sua formação, graças a um processo de proliferação e diferenciação das células epiteliais aí colocadas, que gradualmente se queratinizam, formando uma placa córnea. A unha é constituída essencialmente por escamas córneas compactas, fortemente aderidas umas às outras. Elas crescem deslizando sobre o leito ungueal, que tem estrutura típica de pele e não participa na firmação da unha. A transparência da unha e a pequena espessura do epitélio do leito ungueal possibilitam observar a cor do sangue dos vasos da derme, constituindo uma maneira de se avaliar a oxigenação sanguínea. • Glândulas sebáceas: Situam-se na derme e seus ductos geralmente desembocam na porção terminal dos folículos pilosos. Nos grandes e pequenos lábios da vagina os ductos abrem-se direto na superfície da pele. Na palma da mão e na sola do pé não há glândulas sebáceas, pois não apresentam pêlos. São alveolares e geralmente vários alvéolos desembocam em um ducto curto. Esses alvéolos são formados por uma camada externa de células epiteliais achatadas. Secretam uma substancia oleosa chamada sebo que recobre não só o pêlo, mas também a superfície da pele, para a manutenção e sua textura. O sebo é produzido como uma secreção holócrina, onde o produto é liberado junto com os restos celulares. A atividade dessas glândulas é influenciada por hormônios sexuais. Na puberdade ocorre o aumento na produção das células sebáceas e sebo, e seu acúmulo origina a acne. • Glândulas sudoríparas: 1. Merócrina: são aquelas cujo produto de secreção é secretado isoladamente, sem partes da célula. São glândulas do tipo simples, tubulosa, enovelada. Sua porção secretora localiza-se profundamente na derme ou superiormente na hipoderme. O ducto da glândula abre-se na superfície da pele e segue um curso em hélice ao atravessar a epiderme. Distribuem-se por toda superfície do corpo, exceto em alguns locais com lábios e genitália externa, e não estão associadas a folículos pilosos. Na porção glandular estão presentes 3 tipos de células: mioepiteliais, clara e escura. As células escuras são adjacentes ao lúmen e as claras ficam entre as células escuras e as mioepiteliais. O ápice das células escuras apresentam muitos grânulos de secreção contendo glicoproteínas, e o c i t o p l a s m a r i c o e m r e t í c u l o endoplasmático rugoso. As células claras não contêm grânulos de secreção e são pobres em retículo endoplasmático rugoso, mas contêm muitas mitocôndrias. O ducto da glândula sudorípara é constituído por epitélio cúbico estratificado. Suas células são menores e aparecem mais escuras que as células da porção secretora. Essas glândulas produzem uma solução aquosa pobre em proteínas e rica em cloreto de sódio, uréia, ácido úrico e amônia em quantidade varáveis: o suor. Portanto, funcionam, em parte, como órgãos excretores. Também desempenham um importante papel na regulação da temperatura, pelo resfriamento resultante da evaporação do suor. 2. Apócrina: são aquelas cujo produto de secreção é secretado juntamente com porções do citoplasma apical das células que as constituem. Encontram-se na axila, aréola e mamilo da glândula mamária, na região perineal, em associação com a genitália externa, glândula ceruminosa do canal auditiva e glândula de Moll das pálpebras. Desenvolvem-se a partir da mesma invaginaçãoda epiderme que dá origem aos folículos pilosos acima da abertura das glândulas sebáceas. Produzem uma secreção que contém proteína e sua composição varia com a localização anatômica, sendo ligeiramente viscosa e sem cheiro, mas que adquire um odor Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 desagradável e característico pela ação de bactérias. Essas glândulas respondem aos hormônios sexuais e desenvolvem-se na puberdade. As glândulas axilares da mulher sofrem alterações cíclicas que acompanham o ciclo menstrual. - As glândulas sudoríparas são inervadas pela porção simpática do sistema nervoso autônomo (merócrinas respondem ao calor e pressão nervosa; apócrinas respondem a estímulos emocionais e sensoriais, mas não ao calor). - A pele contribui para a termorregulação de dois modos: liberando suor em sua superfície e ajustando o fluxo de sangue na derme. Em resposta a uma elevada temperatura ambiental ou ao calor produzido pelo exercício, a produção de suor pelas glândulas sudoríferas écrinas aumenta; a evaporação do suor na superfície da pele ajuda a diminuir a temperatura corporal. Além disso, os vasos sanguíneos na derme dilatam; consequentemente, mais sangue flui pela derme, aumentando o calor perdido pelo corpo. Em resposta a temperatura ambiental baixa, a produção de suor pelas glândulas sudoríferas écrinas diminui, ajudando a conservar o calor. Além disso, o calibre dos vasos sanguíneos na derme da pele diminui, reduzindo assim o fluxo de sangue pela pele e a perda de calor do corpo. Além disso, as contrações no músculo esquelético geram calor corporal. - A derme abriga uma rede extensa de vasos sanguíneos que carregam 8 a 10% do fluxo sanguíneo total em um adulto em repouso. Por esse motivo, a pele funciona como reservatório de sangue. - A pele fornece proteção ao corpo de vários modos. A queratina protege os tecidos subjacentes contra microrganismos, abrasão, calor e substâncias químicas e os queratinócitos altamente unidos resistem à invasão por microrganismos. Os lipídios liberados pelos grânulos lamelares inibem a evaporação de água a partir da superfície da pele, protegendo contra a desidratação; eles também retardam a entrada de água pela superfície da pele durante o banho ou a natação. O sebo gerado pelas glândulas sebáceas evita que pele e pelos se ressequem, além de conter substâncias químicas bactericidas (substâncias que matam bactérias). O pH ácido do suor r e t a r d a o c r e s c i m e n t o d e a l g u n s microrganismos. O pigmento melanina ajuda a proteger contra os efeitos prejudiciais da radiação ultravioleta. Dois tipos de células realizam funções protetoras de natureza imunológica. Os macrófagos intraepidérmicos alertam o sistema imune para a existência de invasores microbianos potencialmente perigosos por reconhecê-los e processá-los e os macrófagos na derme fagocitam bactérias e vírus que conseguem passar pelos macrófagos intraepidérmicos na epiderme. - A sensibilidade cutânea é aquela que se origina na pele, incluindo a sensibilidade tátil – toque, pressão, vibração e cócegas – bem como sensibilidade térmica como calor e frio. Outra sensibilidade cutânea, a dor, em geral é um indício de lesão tecidual iminente ou real. Existe uma grande variedade de terminações nervosas e receptores distribuídos pela pele, incluindo os discos táteis da epiderme, os corpúsculos táteis na derme e os plexos das raízes pilosas ao redor de cada folículo piloso. - A pele normalmente desempenha um papel pequeno na excreção, a eliminação de substâncias do corpo, e na absorção, a passagem de material do ambiente externo para as células do corpo. Apesar da natureza praticamente à prova d’água da camada córnea, cerca de 400 ml de água evaporam diariamente através dela. Um indivíduo sedentário perde 200 ml adicionais por dia com o suor; indivíduos fisicamente ativos perdem muito mais. Além de remover água e calor do corpo, o suor também é o veículo para a excreção de pequenas quantidades de sais, dióxido de carbono e duas moléculas orgânicas resultantes do metabolismo de proteínas – amônia e ureia. Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 - A absorção de substâncias hidrossolúveis através da pele é negligenciável, porém determinados materiais lipossolúveis penetram na pele. Eles incluem vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), alguns fármacos e os gases oxigênio e dióxido de carbono. Material tóxico que pode ser absorvido pela pele inclui solventes orgânicos como acetona (em alguns removedores de esmalte) e tetracloreto de carbono (um líquido de limpeza a seco); sais de metais pesados como chumbo, mercúrio e arsênico e as substâncias em urtiga (hera) e carvalho venenosos. Uma vez que esteroides tópicos (aplicados sobre a pele), como a cortisona, são lipossolúveis, eles se movem facilmente para a região papilar da derme. Ali, eles podem exercer suas propriedades anti-inflamatórias pela inibição da produção de histamina pelos mastócitos (lembre-se de que a histamina contribui para a inflamação). Determinados fármacos absorvidos pela pele podem ser administrados pela aplicação de adesivos sobre a pele. - A síntese de vitamina D requer a ativação na pele de uma molécula precursora pelos raios ultravioleta (UV) na luz do sol. As enzimas no fígado e nos rins modificam então a molécula ativada, produzindo finalmente o calcitriol, a forma mais ativa de vitamina D. O calcitriol é um hormônio que auxilia a absorção de cálcio dos alimentos do trato gastrintestinal para o sangue. Apenas uma exposição breve à luz UV (cerca de 10 a 15 min pelo menos 2 vezes/ semana) é necessária para a síntese de vitamina D. Pessoas que evitam a exposição ao sol e indivíduos que vivem em climas frios no Hemisfério Norte podem precisar de suplementos de vitamina D para evitar a sua deficiência. A maior parte das células do sistema imunológico tem receptores de vitamina D e elas ativam a vitamina D em resposta a uma infecção, especialmente uma infecção respiratória como a gripe. Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 Acredita-se que a vitamina D aumente a atividade fagocítica, aumente a produção de substâncias antimicrobianas nos fagócitos, regule as funções imunes e ajude a reduzir a inflamação. • Cicatrização: dois tipos de processos de cicatrização podem ocorrer, dependendo da profundidade da lesão. A cicatrização epidérmica ocorre nas lesões que afetam apenas a epiderme; a cicatrização profunda ocorre nas lesões que penetram na derme. - Cicatrização epidérmica: embora a porção central de uma ferida epidérmica possa se estender até a derme, as margens da ferida em geral envolvem apenas um dano leve às células epidérmicas superficiais. Tipos comuns de feridas epidérmicas incluem abrasões, em que uma porção da pele foi removida, e queimaduras pequenas. Em resposta a uma lesão epidérmica, as células basais da epiderme ao redor da ferida perdem o contato com a membrana basal. As células então aumentam e migram pela ferida. As células parecem migrar como uma camada até que as células avançando a partir de lados opostos da ferida se encontrem. Quando as células epidérmicas se encontram, elas param de migrar por causa de uma resposta celular chamada de inibição por contato. A migração das células epidérmicas para completamente quando cada uma se encontra em contato finalmente com células epidérmicas em toda a extensão da lesão. - Conforme as células epidérmicas basais migram, um hormônio chamado de fator de crescimento epidérmico estimula as células- tronco basais a se dividirem e substituiaquelas que se moveram para a ferida. As células epidérmicas basais realocadas se dividem, formando uma nova camada, tornando desse modo a nova epiderme mais espessa. - Cicatrização profunda: ocorre quando uma lesão se estende até a derme e a tela subcutânea. Como várias camadas de tecido devem ser reparadas, o processo de cicatrização é mais complexo do que a cicatrização epidérmica. Além disso, como é formado um tecido cicatricial, o tecido cicatrizado perde algumas de suas funções normais. A cicatrização profunda ocorre em quatro fases: uma fase inflamatória, uma fase migratória, uma fase proliferativa e uma fase de maturação. - Durante a fase inflamatória, um coágulo sanguíneo se forma na ferida e une frouxamente os seus limites. Como seu nome implica, essa fase da cicatrização profunda envolve inflamação, uma resposta vascular e c e l u l a r q u e a j u d a a e l i m i n a r microrganismos, material estranho e tecido morto em uma preparação para o reparo. A vasodilatação e o aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos associados à inflamação aumentam a chegada de células úteis. Elas incluem leucócitos fagocíticos chamados de neutrófilos; monócitos, que se desenvolvem em macrófagos que fagocitam microrganismos; e células mesenquimais, que se desenvolvem em fibroblastos. - As três fases que se seguem realizam o trabalho de reparo da ferida. Na fase migratória, o coágulo se torna uma crosta e células epiteliais migram abaixo dela, fechando a ferida. Os fibroblastos migram ao longo das redes de fibrina e começam a sintetizar tecido cicatricial (fibras colágenas e glicoproteínas) e os vasos sanguíneos danificados começam a crescer novamente. Durante essa fase, o tecido que preenche a ferida é chamado de tecido de granulação. A fase proliferativa é caracterizada pelo crescimento extenso de células epiteliais abaixo da crosta, pelo depósito de fibras colágenas pelos fibroblastos em padrão aleatório e a continuação do crescimento dos vasos sanguíneos. Finalmente, durante a fase de maturação, a crosta se solta uma vez que a epiderme tenha retornado à sua espessura normal. As fibras colágenas se tornam mais organizadas, o número de fibroblastos diminui e os vasos sanguíneos retornam ao normal. - O processo de formação de tecido cicatricial é chamado de fibrose. Algumas vezes, é formado tanto tecido cicatricial Julia Franco Fernandes - 2˚ PERÍODO MEDICINA - FASA 2021.2 durante o reparo da ferida que o resultado é uma cicatriz elevada – aquela que é elevada acima da superfície epidérmica normal. Se essa cicatriz permanece dentro dos limites da ferida original, ela é uma cicatriz hipertrófica. Se ela se estende além dos limites na direção dos tecidos circunjacentes normais, é uma cicatriz queloide. O tecido cicatricial é diferente da pele normal porque as fibras colágenas estão organizadas mais densamente, ele tem elasticidade menor, menos vasos sanguíneos e pode conter ou não a mesma quantidade de pelos, glândulas cutâneas ou estruturas sensitivas. Por causa da organização das fibras colágenas e da escassez de vasos sanguíneos, as cicatrizes em geral têm cor mais clara que a pele normal.
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