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SISTEMA DE ENSINO
NOÇÕES DE 
SOCIOLOGIA 
Noções de Sociologia 
Livro Eletrônico
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Noções de Sociologia 
NOÇÕES DE SOCIOLOGIA 
Bruno Brandão
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................... 4
Noções de Sociologia ..................................................................................................................... 6
1. A Constituição do Saber Sociológico ....................................................................................... 6
1.1. A Sociologia como Ciência ....................................................................................................... 7
1.2. Ciência e Senso Comum .......................................................................................................... 9
1.3. Subjetividade e Objetividade ................................................................................................13
1.4. Sociologia e as Ciências Sociais...........................................................................................13
1.5. A Questão Metodológica nas Ciências Sociais e a Pesquisa Social ..............................16
2. Estrutura e Organização Social ..............................................................................................19
2.1. Estrutura da Sociedade .........................................................................................................20
2.2. Instituições Sociais ................................................................................................................21
2.3. Classes Sociais, Estratificação e Desigualdades: Karl Marx e Max Weber .............. 22
2.4. A Inserção em Grupos Sociais: Família, Escola, Vizinhança, Trabalho ....................... 23
2.5. Relações e Interações Sociais ............................................................................................24
2.6. Socialização ............................................................................................................................ 25
3. O que nos Une e o que nos Diferencia como Humanos? .................................................. 25
4. O que nos Desiguala como Humanos? .................................................................................28
4.1. Etnias ........................................................................................................................................28
4.2. Classes Sociais.......................................................................................................................28
4.3. Gênero ...................................................................................................................................... 29
4.4. Geração ....................................................................................................................................31
5. A Diversidade Social Brasileira ...............................................................................................31
5.1. A População Brasileira: Diversidade Nacional e Regional ..............................................31
5.2. O Estrangeiro do Ponto de Vista Sociológico .................................................................. 32
5.3. A Formação da Diversidade ................................................................................................. 33
6. A Importância do Trabalho na Vida Social Brasileira ........................................................ 36
6.1. O Trabalho como Mediação .................................................................................................. 36
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6.2. Divisão Social do Trabalho .................................................................................................. 37
6.3. Processo de Trabalho e Relações de Trabalho ................................................................40
6.4. Transformações no Mundo do Trabalho .......................................................................... 41
6.5. Evolução das Funções Policiais na Sociedade Moderna ...............................................43
6.6. Emprego e Desemprego na Atualidade ............................................................................43
7. O Homem em meio aos Significados da Violência no Brasil ............................................ 45
7.1. Violências Simbólicas, Físicas e Psicológicas .................................................................. 45
7.2. Diferentes Formas de Violência: Doméstica, Sexual e na Escola ................................46
7.3. Razões para a Violência .......................................................................................................48
8. O que É Cidadania? ...................................................................................................................48
8.1. O Significado de Ser Cidadão Ontem e Hoje .....................................................................48
8.2. Direitos Civis, Direitos Políticos, Direitos Sociais e Direitos Humanos .....................49
8.3. A Constituição Brasileira ..................................................................................................... 50
9. A Organização Política do Estado Brasileiro........................................................................51
9.1. Estado e Governo ....................................................................................................................51
9.2. Sistemas de governo .............................................................................................................51
9.3. Organização dos Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário .................................... 53
10. A não Cidadania ....................................................................................................................... 54
10.1. Desumanização e Coisificação do Outro ......................................................................... 54
10.2. Reprodução da Violência e da Desigualdade Social ..................................................... 55
Questões de Concurso ................................................................................................................. 57
Gabarito ........................................................................................................................................... 79
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Bruno Brandão
ApresentAção
Olá, tudo bem? Espero que sim!
Estamos iniciando o nosso curso de Sociologia que tem por objetivo a sua aprovação no 
concurso público para o quadro da Polícia Militar da Paraíba e, provavelmente, alguns candi-
datos devem se perguntar o porquê da Sociologia fazer parte do conteúdo programático do 
concurso para a PM. Bem, se esse é o seu caso, fique tranquilo (a), pois no decorrer do nosso 
curso você terá a oportunidade de perceber que a Sociologia tem grande importância para 
quem tem a sociedade, de forma direta, como fundamento do ofício.
É importante que você saiba que, apesar de o conteúdo ser referenciado no edital apenas 
como “Sociologia”, na realidade ele abarca mais áreas das chamadas “Ciências Sociais”.
Entãoagora você me pergunta:
Significa que o conteúdo programático de Sociologia não trata apenas de Sociologia?
Exato! Não trata apenas de Sociologia, mas também de outras áreas das Ciências Sociais.
Bom, o que acontece é que as Ciências Sociais são compostas por diversas áreas de estu-
do, mas que, de forma direta ou indireta, se comunicam.
Na parte de “Sociologia” do conteúdo programático para o concurso da PMPB temos par-
tes referentes à Sociologia, à Antropologia e à Ciência Política, por exemplo. Porém, o estudo 
dessas três áreas concomitantemente não é uma novidade, visto que, como dito anteriormen-
te, todas essas áreas são intimamente interligadas. Sendo assim, não estaremos no melhor 
caminho de um estudo científico se estudarmos uma determinada sociedade tentando des-
considerar sua política e sua cultura. Assim como você, policial militar, tem a obrigação de 
compreender a conjuntura social, política e cultural em que está inserido como cidadão e 
como representante da Segurança Pública do Estado.
Tendo essas informações em mente fica mais fácil compreender a abrangência dos as-
suntos que serão tratados daqui por diante e a estrutura das nossas aulas, podendo hora falar 
especificamente de uma das áreas, hora mesclá-las.
Não se sabote escolhendo o que estudar apenas por maior afinidade com determinada 
disciplina ou conteúdo, pois seu dever como estudante é vencer todas as disciplinas e tópicos 
do edital, então, lembre-se de que acertar ou errar uma única questão pode fazer toda diferença 
na sua aprovação, dessa forma, se empenhe em estudar o máximo possível e dê importância 
a todas as disciplinas, pois é aí que poderá estar a diferença entre os aprovados e os não 
aprovados.
Estude, faça exercícios e mantenha-se sempre revisando todos os conteúdos até chegar o 
dia da prova, pois sem revisões frequentes, muito do conteúdo que você aprendeu será perdido sem 
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que você perceba. É o famoso “me deu branco”, que é ocasionado simplesmente pela falta de 
revisão adequada. É aquele conteúdo que você já soube um dia, mas por não revisar, acabou 
esquecendo. Portanto, revise sempre!
Com relação à resolução de questões de Sociologia cobradas em concursos, é importan-
te frisar que não estamos tratando de uma disciplina cobrada com frequência em concursos 
públicos, portanto, não será possível trabalharmos apenas com questões da FGV (banca res-
ponsável pelo concurso da PMPB), visto que nenhuma banca não tem um extenso banco de 
questões disponível em nossa área. No entanto, pode ter certeza de que, independentemente 
de banca, trarei para você questões selecionadas e que testarão de maneira adequada e eficaz 
o seu conhecimento sobre os assuntos tratados.
Então, vamos começar?
Bom estudo!
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1. A Constituição do sAber soCiológiCo
Para começarmos nosso estudo, é importante que entendamos primeiramente o que é 
“sociedade” do ponto de vista sociológico. Podemos partir de um exemplo externo ao estudo 
da sociologia como mera analogia, por exemplo, uma sociedade comercial, pois, apesar de 
ser algo bastante diferente do que é sociedade no sentido sociológico, há uma ideia básica, 
comum e que, mesmo que você nunca tenha tido um sócio, provavelmente, você tem uma mí-
nima noção do que se trata.
Em uma sociedade comercial, temos duas ou mais pessoas dividindo obrigações, seguin-
do regras legais (que estão nas leis) e regras acordadas extraoficialmente entre os envolvidos 
e, também, recebendo vantagens que são compartilhadas entre os envolvidos de maneira pre-
viamente estipulada. Para que tudo funcione da melhor forma possível, é necessária a compre-
ensão da importância da participação de todos conforme o acordado anteriormente entre as 
partes, levando em conta a organização e as regras de forma que ninguém obtenha vantagens 
indevidas.
No sentido sociológico, uma sociedade não se distancia muito dessa noção que acabamos 
de utilizar analogamente, pois, para a Sociologia, uma sociedade é formada por um povo que 
interage e se associa de maneira amistosa, formando uma comunidade1. Ou seja, em uma so-
ciedade comercial, os sócios também se associam de maneira amistosa e com interesses em 
comum, no entanto, são guiados por leis que estão acima da individualidade de cada membro 
da sociedade, justamente para evitar injustiças e exageros em relação aos direitos de cada um, 
mas ao falar em leis, chegamos ao segundo ponto que nos interessa: a formação do Estado.
1 População que vive em determinado local ou região, ligada por interesses comuns. (Dicionário Michaelis).
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1.1. A soCiologiA Como CiênCiA
Temos uma relação bastante estreita entre sociedade e Estado, e, inclusive, muitas vezes 
esses conceitos geram certa confusão em algumas pessoas, pois, apesar de se relacionarem 
intimamente, são conceitos distintos. Talvez a confusão surja porque não existe Estado sem 
sociedade, sendo assim, a ausência dessa informação leva muitas pessoas a pensarem que 
são termos sinônimos. Por outro lado, podemos, sim, ter uma sociedade sem Estado, então 
assim acabamos com qualquer dúvida quanto a serem sinônimos.
Não são!
Uma sociedade pode ser formada sem a existência de leis/regras, e isso, provavelmente, 
em algum momento levará ao surgimento de conflitos. Se, nesse caso, não há a existência 
de uma entidade superior, a quem os envolvidos ou interessados podem recorrer em caso de 
conflitos de interesses?
Daí a necessidade do surgimento do Estado (entidade superior), pois assim, teoricamen-
te, todos estariam submetidos às mesmas leis/regras e seriam julgados perante as mesmas 
condições.
Professor, então significa que o Estado surge após a existência da sociedade?
Correto! O Estado é criado pela sociedade para limitar a liberdade individual de 
seus membros.
Você leu certo! A existência do Estado limita a liberdade do indivíduo (por meio da criação 
de leis) inserido em uma dada sociedade, mas não pense em limitação de liberdade como 
algo necessariamente ruim, pois o que você está proibido de fazer, qualquer outro indivíduo 
também está.
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Pensemos no caso de uma sociedade como a representada na gravura, imagine que você seja 
um membro dessa sociedade em que as regras, além de serem poucas, são bastante abstra-
tas e apenas entendidas como um padrão de costumes a serem reproduzidos por todos os 
indivíduos integrantes dessasociedade. Não existem leis que proíbam, por exemplo, assassi-
nar outro membro da sociedade. Da mesma forma que você pode matar alguém por qualquer 
motivo que julgue válido, outro membro também pode te matar pela mesma motivação.
Pensando bem, limitar a liberdade não parece algo tão ruim, não é mesmo?! Agora você não 
pode matar, mas também não poderão matar você. Ou seja, reduz-se a liberdade individual 
(você não pode mais fazer tudo o que quiser), mas, em contrapartida, aumenta-se a harmo-
nia e a paz social. E, teoricamente, caso alguém ultrapasse os limites da lei, essa pessoa será 
penalizada de alguma forma, vide decisão do Estado perante o caso. Em resumo, a existência 
do Estado busca eliminar a possibilidade de que alguém tenha privilégios em detrimento de 
outrem.
Ao falar sobre esse assunto, nos referimos à teoria do Contrato Social, teoria muito bem 
trabalhada por três grandes filósofos contratualistas, são eles: Thomas Hobbes (1651), John 
Locke (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762).
Vejamos a essência do pensamento de cada um deles a respeito do surgimento do Estado:
• Thomas Hobbes: o Estado surge como uma restrição que o homem impõe sobre si mes-
mo como forma de cessar o estado de guerra de todos contra todos.
• John Locke: o homem em seu estado de natureza agia motivado pela racionalidade, ao 
mesmo tempo em que buscava equidade social. Não havia entidade capaz de garantir 
direitos e liberdade. Sendo assim, os indivíduos preferiram abrir mão de parte de seus 
direitos, transferindo ao Estado o papel de organizador e orientador da sociedade.
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• Jean-Jacques Rousseau: “a ordem social é um direito sagrado que serve de base a 
todos os outros. Esse direito, contudo, não vem da natureza; está, pois, fundado sobre 
convenções.”
Agora que temos uma base para compreender o que é sociedade e o que é Estado, po-
demos ir mais adiante para que você, candidato (a) a representante do Estado na segurança 
pública de sua sociedade, além de estar preparado para o concurso, tenha, também, um olhar 
social diferenciado como futuro policial militar.
1.2. CiênCiA e senso Comum
No campo das Ciências Sociais, o cientista social lida o tempo todo com o choque das 
culturas divergentes, ou seja, se depara com hábitos, crenças e costumes completamente di-
ferentes dos seus. É aí que está a importância do trabalho do cientista social, pois, se as cul-
turas fossem estudadas por pessoas despreparadas, provavelmente, tudo seria baseado na 
realidade cultural do agente do estudo. Ou seja, o cientista social precisa ser imparcial em seu 
estudo, pois a parcialidade pode fazer com que um o estudo científico perca credibilidade e, 
assim, se torne inútil.
Ou seja, não devemos deixar-nos conduzir pelo senso comum, mas, sim, pelo conhecimen-
to científico.
Mas afinal, o que é senso comum e o que é conhecimento científico?
O senso comum é aquele conhecimento compartilhado entre pessoas pertencentes a um 
mesmo grupo, sendo que esse conhecimento não é sistematizado, nem comprovado. Diante 
dessa ideia podemos citar vários exemplos de informações que possuímos do dia a dia e que 
são apenas senso comum. Um exemplo é: beber leite com manga faz mal.
Essa é uma associação bastante divulgada popularmente, mas, caso você também já te-
nha ouvido isso, saiba que não passa de mero senso comum, visto que a ingestão de leite e 
manga juntos não faz mal algum. Pelo contrário, estudos já demonstraram que essa combina-
ção é bastante saudável.
E de onde surgiu essa noção de que a ingestão dos dois faria mal?
Essa história começou no período escravagista porque os escravos consumiam bastante 
leite durante o dia, mas os senhores de engenho utilizavam o leite para a comercialização. 
Sendo assim, para reduzir o consumo de leite pelos escravos e sabendo que os mesmos con-
sumiam muitas mangas no decorrer do dia, os senhores de engenho começaram a espalhar a 
história de que o consumo de manga com leite fazia mal. A mentira se tornou senso comum e 
ainda hoje há quem acredite nessa informação.
Para deixar o senso comum de lado e entender as diferentes realidades de maneira menos 
tendenciosa, precisamos do conhecimento científico, pois este sistematiza o conhecimento 
a partir de metodologias específicas, não sendo mera notícia dada como verdade. Inclusive, 
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na história, muita coisa que antes era apenas senso comum, ao ser estudado cientificamente, 
descobriu-se ser verdade, como, por exemplo, algum efeito esperado na ingestão do chá de 
determinada planta. Pode ter certeza de que, no decorrer da história, muitas plantas foram uti-
lizadas por se acreditar ser boa para alguma coisa específica, mas, ao ser estudada cientifica-
mente, a planta não apresentou qualquer propriedade medicinal. Ou seja, aí entramos no efeito 
placebo, que é quando você acredita que algo terá um efeito X, mas, sem que você saiba, esse 
algo não tem qualquer propriedade possível de causar o efeito X, porém, o efeito X é alcançado.
Como assim, professor? Não entendi.
Certo, vamos lá.
O efeito placebo pode ser facilmente compreendido nos testes feitos com medicamentos, 
em que separo dois grupos de pessoas. Suponhamos que todas as pessoas dos dois grupos 
estejam com dor de cabeça e que ministraremos um medicamento para todas elas (uma pí-
lula). O detalhe é que para um grupo ministraremos um medicamento real (com propriedades 
medicinais) e para o outro grupo, sem que eles saibam, ministraremos pílulas semelhantes à 
do primeiro grupo, porém, sem qualquer propriedade medicinal. Ou seja, uma pílula falsa (ape-
nas farinha).
O efeito placebo é encontrado quando pessoas do grupo das pílulas de farinha, por acredi-
tarem ter ingerido um medicamento real, psicologicamente deixam de sentir a dor de cabeça 
que estavam sentindo. Acredite, isso acontece!
Sabendo da existência do senso comum e do conhecimento científico, fica mais fácil com-
preendermos que não podemos deixar-nos ser levados pelo “achismo”, pois isso compromete 
toda a percepção sobre o “outro” e sobre as realidades distintas e quando há parcialidade 
quanto às diferentes realidades (podendo ser uma parcialidade expressa por cientista ou não) 
caímos na ideia de etnocentrismo.
Bem, e o que é etnocentrismo?
O etnocentrismo é pensar em sua cultura como superior a outra(s) cultura(s). Não preci-
samos ir tão longe para buscar exemplos e entender que isso é algo muito comum de ocorrer.
Por exemplo, se você acha que uma mulher usar biquíni em uma praia é algo comum, prova-
velmente, isso ocorre porque foi o que lhe foi transmitido culturalmente. No entanto, você, ao 
reparar mulheres muçulmanas com seus trajes de banho na praia, poderá perceber que são 
trajes completamente diferentes dos que estamos acostumados em nossa cultura brasileira/
ocidental.
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As muçulmanas, por questões de tradição religiosa (islamismo) não podem mostrar seus 
cabelos e suas curvas em público, por isso utilizam as burcas (vestimentas que cobrem o corpo 
quase completamente). Assim, para frequentarem praias e piscinas, as muçulmanas utilizam o 
“burquíni”, que é uma mistura de burca com biquíni (em muitos casos, utilizam a própria burca). 
Ou seja, as roupas de banho em público das muçulmanas são bastante diferentes dos nossos 
biquínis brasileiros/ocidentais. Porém, você, por ser da cultura brasileira/ocidental, não deve 
pensar no modo de se vestir das muçulmanas como algo errado ou que o biquíni brasileiro é a 
forma correta/melhor, pois cada cultura tem um porquê no agir ou ser de determinada forma.
Quando você julga outra cultura como errada ou pior, você está sendo etnocêntrico. Ou 
seja, o etnocentrismo pode ser considerado uma forma de preconceito cultural, pois você julga 
outra cultura sem buscar compreender o(s) motivo(s) de ela agir ou ser de determinada forma.
Acredito que ficou claro para você que ser etnocêntrico não é um caminho bacana, não é 
mesmo?! Principalmente se estivermos tratando de um cientista social, pois, como dito ante-
riormente, ele deve buscar ser o mais imparcial possível.
Ser imparcial em relação às culturas distintas é uma tarefa muito difícil, visto que requer a 
“abstenção” de julgamento de valores e, para isso, é preciso relativizar.
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Pera aí, professor! Então quer dizer que eu posso pensar diferentes realidades sem base-
á-las em minha própria experiência de vida?
Sim! Apesar de ser uma tarefa complicada, o melhor caminho para se estudar culturas é 
trabalhando o relativismo cultural.
Bom, o relativismo cultural é justamente o oposto ao etnocentrismo. Relativizar é analisar 
outras culturas a partir delas mesmas. Ou seja, ao pensarmos nas tribos indígenas que têm o 
costume de enterrar vivos seus recém-nascidos gêmeos, obviamente, nossa primeira reação é 
a de perplexidade e revolta, porém, se tentarmos analisar do ponto de vista cultural dos índios 
(não do nosso ponto de vista), levando em consideração suas crenças e tentando deixar um 
pouco de lado nossos julgamentos baseados em nossa formação cultural e nossas crenças, 
talvez nos possibilite entender suas ações a partir dos seus próprios pontos de vista. A ideia 
não é dizer se eles estão certos ou errados perante os nossos hábitos, costumes e crenças, 
mas tentar entender suas ações a partir de sua própria cultura (não da nossa).
A crença deles é que os gêmeos são uma dualidade entre o bem e o mal. Ou seja, quando 
nascem bebês gêmeos, um deles estaria carregado de maldade e poderia lançar desgraça à 
tribo no futuro. No entanto, os índios não têm como saber qual é o bebê “bom” e qual o bebê 
“mau”, sendo assim, preferem enterrar os dois, sacrificando também o bom, pois é o preço a se 
pagar para cortar o mal pela raiz, e evitar, no futuro, uma possível desgraça que pudesse levar 
ao fim de todos da tribo.
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Se você fosse um índio de uma dessas tribos, você pensaria assim e acreditaria em toda 
essa história sem pensar em outra possibilidade de realidade. Pensando assim, deixando sua 
formação cultural de lado, você continua com o mesmo pensamento que você teve inicialmen-
te sobre esses índios (quando não sabia as motivações de seus atos)?
Vale a reflexão!
1.3. subjetividAde e objetividAde
O conceito de subjetividade e de objetividade pode ser compreendido a partir das teorias 
dos Clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber.
Para Durkheim, o cientista social deveria estudar a sociedade com o objetivo de ser neutro 
em relação ao seu objeto de estudo. Ou seja, o cientista social não deveria colocar seu juízo de 
valor e/ou sua moral em seu estudo, assim, deve estudar os Fatos Sociais com certo “distan-
ciamento”, sendo objetivo.
Já Marx, o cientista social deve analisar a sociedade considerando-se parte dela. Assim, 
para Karl Marx, não há uma separação entre o objeto de estudo e cientista. Logo, não existe 
neutralidade no estudo. A análise do objeto estudado sempre será subjetiva, pois o cientista 
social estará colocando seu juízo de valor em seu estudo e, além disso, o cientista social deve 
propor transformações.
Weber pensava de forma diferente, para ele, a objetividade do conhecimento está na com-
preensão social, sendo essa compreensão subjetiva, pois é uma espécie de subjetividade de 
cada cientista social. Porém, o cientista social deve buscar a neutralidade em seu estudo, mes-
mo que ela não seja espontânea (neutralidade axiológica).
1.4. soCiologiA e As CiênCiAs soCiAis
Para entendermos o homem como ser social, nada melhor que começar nos situando no 
contexto em que surge a ciência que estuda essa questão.
A Sociologia surge na primeira metade do século XIX, porém, isso ocorre a partir de estu-
dos relacionados a acontecimentos ocorridos na Europa do século XVIII. Os acontecimentos 
aos quais me refiro são, principalmente, as revoluções industrial e francesa. E para entender-
mos todo esse processo de surgimento da Sociologia, precisaremos nos focar, literalmente, 
em um conteúdo que normalmente é trabalhado em História.
Então vamos lá!
A Revolução Industrial, ocorrida em meados do século XVIII na Inglaterra, causou grandes 
transformações sociais, começando pela alteração na forma de produzir, pois antes dessa re-
volução tudo era produzido de maneira manufaturada (com as mãos), mas com o advento das 
máquinas a vapor, tivemos a predominância da produção maquinofaturada (produzida com 
máquinas). Essa alteração ocasionou um efeito cascata nas mais diversas áreas da sociedade.
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As indústrias passaram a produzir mais rapidamente e em maior volume, ou seja, quem 
produzia algo manufaturado ficou sem espaço no mercado, pois as indústrias, por produzirem 
em grande escala, conseguiam vender com preço final mais baixo, assim, tivemos uma primei-
ra onda de pessoas “desempregadas”.
A segunda onda de desemprego ocorreu quando, várias pessoas que viviam nas áreas 
rurais (distantes do centro urbano), na ilusão de conseguir ganhar muito dinheiro trabalhando 
nas indústrias, partiram para as cidades no chamado “êxodo rural” e se depararam com a falta 
de vagas de trabalho. Isso gerou mais caos ainda, pois sem dinheiro ficavam impossibilitadas 
até mesmo de voltar de onde saíram.
Com tudo isso acontecendo, houve um inchaço populacional na cidade, levando ao surgi-
mento de periferias, pois o centro urbano não podia mais comportar todas aquelas pessoas.
A falta de empregos com a consequente falta de dinheiro e periferização da cidade levou, 
também, ao aumento da criminalidade. Já o novo padrão produtivo levou à consolidação e 
expansão do capitalismo como sistema econômico. Ouseja, diante dessas informações, fica 
evidente a magnitude das transformações socioeconômicas ocasionadas pela simples ideia 
inicial de produzir mais e em maior quantidade.
Pouco tempo depois, a Revolução Francesa, ocorrida na França e com seu marco históri-
co em 1789, levou a França absolutista a uma transformação sociopolítica até então jamais 
imaginada.
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NOÇÕES DE SOCIOLOGIA 
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A França, anterior à revolução, era um império com reis que tinham concentração absoluta 
de poderes em suas mãos, ou seja, esses reis eram os “donos das leis”, pois tudo deveria ser 
acatado a partir de suas vontades, independentemente de quais fossem essas vontades. Jun-
tamente a esse absolutismo de poderes legais, o império cobrava altos impostos da população 
(em sua maioria, constituída por um povo empobrecido) e utilizava esses recursos, em sua 
maior parte, em benefício da nobreza francesa.
Ocorre que antes de ocorrer a Revolução Francesa tivemos uma dinâmica de guerras* que 
levou a uma guerra entre as Treze Colônias e a Inglaterra.
Então vamos entender todo esse processo histórico começando pela Guerra dos Sete Anos 
ocorrida entre 1756 e 1763, entre França e aliados de um lado e Inglaterra e aliados de outro 
lado. Esse confronto teve a Inglaterra como vencedora e levou a mesma a cobrar dos colonos 
(Treze Colônias) os prejuízos das batalhas por meio do aumento de impostos. Como as Treze 
Colônias não concordaram com a taxação imposta pela Metrópole, tivemos posteriormente a 
guerra entre as Treze Colônias e a Metrópole (Inglaterra) que levou à vitória das Treze Colônias 
e, consequentemente, à independência das Treze Colônias (Estados Unidos da América). No 
entanto, a França que foi anteriormente derrotada pela Inglaterra na Guerra dos Sete Anos, viu 
a possibilidade de se vingar da Inglaterra e, por revanchismo, colaborou com as Treze Colônias 
enviando seu exército para a guerra de independência contra a Coroa Inglesa.
A vingança francesa acabou sendo um tiro no próprio pé, pois os soldados franceses vol-
taram da América do Norte para a França com a ideia de que era possível o povo se rebelar 
contra a coroa e mudar situações de abuso.
Se você estiver prestando atenção na história, reparou que já foi dito acima sobre a França 
desse período ser um império absolutista em que os reis franceses abusavam da população 
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com a cobrança de altos impostos que mantinham o luxo da nobreza, enquanto a população 
vivia na miséria.
Calma aí, professor. Você quer dizer que a Independência dos Estados Unidos teve algu-
ma influência na Revolução Francesa?
Parabéns! Você está entendendo a ideia!
Quando os soldados franceses retornaram à França com a noção de que o povo unido po-
deria ter força contra o Império Francês, essa ideia começou a ser disseminada e com o tempo 
foi ganhando cada vez mais força até que culminou em rebeliões populares pelas ruas que 
levaram à queda de Luís XVI (imperador francês).
A Revolução Francesa resultou em uma grande transformação sociopolítica, abolindo a 
Monarquia absolutista e instaurando uma República democrática, produzindo a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão, onde se define direitos individuais e coletivos dos indiví-
duos, sendo um documento inovador.
Diante de todo o exposto sobre a Revolução Industrial e Revolução Francesa, na primeira 
metade do século XIX, alguns estudiosos que se interessaram pelas enormes transformações 
ocorridas na sociedade europeia em um curto espaço de tempo durante o século XVIII, passa-
ram a desenvolver metodologias científicas para compreender as estruturas sociais em que 
estavam inseridos.
Assim, surgiu uma nova ciência: a Sociologia (nome dado por Auguste Comte).
1.5. A Questão metodológiCA nAs CiênCiAs soCiAis e A pesQuisA soCiAl
Com o advento da Sociologia ficou mais fácil compreender o homem como ser social. Não 
que o homem só tenha se tornado um ser social a partir deste momento, mas passou a ser 
estudado cientificamente como um ser social.
Auguste Comte (1798-1857) nasceu na França e foi um dos principais responsáveis pelo 
surgimento da Sociologia. Deu perspectiva científica para o estudo da sociedade, no entanto, 
ele partiu da ideia de que o estudo da sociedade poderia ter uma fórmula que funcionasse para 
todas as sociedades com exatidão. Inclusive, inicialmente deu o nome de “Física Social” ao 
que viria a ser a Sociologia. Obviamente que hoje sabemos que no que se trata de sociedades, 
não há exatidão. Ou seja, não existe fórmula precisa.
A Sociologia não é uma ciência exata, mas sim uma ciência social (sem fórmulas exatas).
Comte desenvolveu teorias importantes para a Sociologia, como por exemplo a teoria do 
Positivismo. O Positivismo tinha por fundamento a busca de uma sociedade científica, para, as-
sim, atingir o progresso social. Para isso, Comte desenvolveu a Teoria dos Três Estados, sendo 
o primeiro estado o Teológico, o segundo estado o Metafísico e o terceiro estado o Positivista.
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A ideia dessa teoria era de que haveria uma evolução social partindo do estado menos 
desenvolvido (teológico) para o estado mais desenvolvido (positivista).
No estado teológico os acontecimentos sociais seriam explicados pela vontade divina. Ou seja, 
ocorreu uma transformação social em uma dada sociedade e a explicação era a vontade divina. 
Ao evoluir e atingir o estado metafísico, a sociedade não explicaria as ocorrências sociais, neces-
sariamente, a partir da vontade de deus, mas por fenômenos abstratos e que requeriam a reflexão 
social. Já no estado mais avançado, o positivista, também entendido como estado científico, as 
explicações se dariam por meio da ciência, ou seja, a explicação racional do fenômeno social.
O Positivismo tinha o lema: “O Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por 
fim”. Esse lema trazia a ideia do altruísmo, onde precisamos buscar o bem do próximo sem 
buscar nada em troca. Ou seja, se tivéssemos uma sociedade altruísta, em que todos buscas-
sem o bem do próximo, teríamos uma sociedade mais harmônica e consequentemente atin-
giríamos o progresso social.
A teoria positivista influenciou vários países pelo mundo, inclusive o Brasil. Essa influência 
ficou evidente após a Proclamação da República em 1889, em que os militares puseram fim 
à monarquia e instauraram a república no Brasil. Nesse momento, buscando atingir o terceiro 
estado da lei de Comte, os militares criaram escolas técnicas para que a ciência se tornasse 
mais presente na sociedade brasileira e levasse o país ao progresso. A partir dessa ideia, dei-
xaram a influência do positivismo transparecer, também, na bandeira nacional brasileira, pois 
a bandeira do Brasil Império estampada uma simbologia monárquica (coroa). Com o Brasil se 
tornando uma república, a bandeira foi alterada e nelapassou-se a estampar parte do lema 
positivista: Ordem e Progresso.
Após Comte, tivemos grandes sociólogos surgindo, entre eles os Clássicos da Sociologia. 
São eles: Karl Marx (1818-1883), Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920).
Com relação ao surgimento da Sociologia, cabe destacar duas teorias dos Clássicos da 
Sociologia que buscavam compreender o objeto de estudo dessa nova ciência.
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Para definir o objeto de estudo da Sociologia, Durkheim desenvolveu a teoria do Fato So-
cial, onde tudo o que pudesse ser definido como Fato Social seria de interesse para o estudo 
sociológico. Assim, ele definiu três características indispensáveis para que algo seja um Fato 
Social. As características são:
• Exterioridade.
• Coercitividade.
• Generalidade.
Vamos entender cada característica.
A Exterioridade diz respeito a algo que independe da vontade do indivíduo, ou seja, ocorre 
na sociedade independente do indivíduo querer ou não.
A Coercitividade está ligada à ideia de coerção. A coerção pode ser entendida como uma 
obrigatoriedade a algo.
A Generalidade dá a perspectiva de que é algo geral, no entanto, basta pensar que é algo 
comum para uma dada sociedade.
Sendo assim, se tivermos algo que tenha as três características, significa que esse algo 
é um Fato Social e tem importância para o estudo sociológico. Vale salientar que os Fatos 
Sociais são dinâmicos, ou seja, com o tempo algo pode se tornar ou deixar de ser Fato Social. 
Assim como algo que é Fato Social em uma cultura X pode não ser Fato Social para a cultura Y.
Alguns exemplos de Fato Social são: votar, trabalhar, estudar, usar roupa etc.
Para Weber, o objeto de estudo da Sociologia seria a Ação Social. A Ação Social ocorre 
quando há relação social entre os indivíduos, no entanto, ela parte das ações de cada indivíduo 
no sentido de pensar na infinitude de ações possíveis. Sendo assim, Weber criou um modelo 
ideal contendo quatro tipos de Ações Sociais. Os modelos são:
• Ação social racional com relação a fins: de forma racional (o indivíduo tem consciência 
do que está fazendo), a pessoa age em busca de um objetivo final.
• Ação social racional com relação a valores: de forma racional, a pessoa age de acordo 
com princípios e valores.
• Ação social afetiva: é uma ação emocional/afetiva (não racional).
• Ação social tradicional: é uma ação de caráter costumeiro, ou seja, ligado aos hábitos e 
tradições (não racional).
Aqui entra um ponto bastante importante e muito cobrado em concursos, pois as bancas 
sempre tentam confundir os candidatos com a ideia de Fato Social e Ação Social. Dessa ma-
neira, não se esqueça de uma diferença básica entre as duas teorias. O Fato Social de Durkheim 
é geral e a Ação Social de Weber é individual (apesar de necessitar do contato com o outro).
O PULO DO GATO
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Sempre que uma questão estiver se referindo a Max Weber e disser algo sobre “generalidade”, 
provavelmente será uma questão errada, pois generalidade é característica Durkheimiana. As-
sim como é importante não se confundir quanto ao Fato Social ser teoria de Durkheim e a Ação 
Social de Weber.
O homem, por natureza, é um ser social, pois, pensando em seu estado natural, o homem 
se apresenta frágil e sem muitos recursos de defesa para viver sozinho e, toda essa dinâmica 
de socialização levou o homem a necessitar do outro como forma de sobrevivência. Podemos 
até traçar um paralelo entre essa ideia e a formação do Estado (conteúdo trabalhado anterior-
mente), em que o homem abre mão de sua liberdade total para viver em uma sociedade que 
o protegerá, mas que, em contrapartida, exige obediência às regras impostas. Ou seja, melhor 
abrir mão da liberdade e obedecer a regras que viver sozinho.
2. estruturA e orgAnizAção soCiAl
Para entendermos a diversidade social brasileira precisamos primeiramente entender o 
que é diversidade social.
A diversidade social é composta pelo conjunto de etnias, crenças, culturas, saberes, clas-
ses sociais etc. Ou seja, é toda a mescla social existente em uma sociedade. Por exemplo, 
o Brasil com sua extensão territorial continental e seu passado de miscigenações é rico em 
diversidade social. Sendo assim, vamos partir da formação histórica do povo brasileiro para 
entender a diversidade social atual, pois foi a configuração existente no passado a responsável 
por gerar tamanha diversidade em nosso país.
Antes da chegada dos portugueses, o Brasil era uma terra habitada por índios, no entanto, 
muitos ainda acreditam que índio é índio e ponto, e não levam em consideração todas as dife-
renças culturais existentes entre as diversas etnias indígenas existentes em nosso território. 
Ou seja, antes dos portugueses chegarem, o que viria a ser o Brasil já era riquíssimo em diver-
sidade cultural, no entanto, ainda não era um país.
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Dessa forma, com a fixação dos portugueses na América do Sul, foram trazidos para cá 
os africanos (escravizados pelos europeus) e que também pertenciam a diversas etnias afri-
canas. Começaram, assim, as miscigenações entre índios (diversas etnias), portugueses e 
africanos (diversas etnias). Mais tarde, no fim do século XIX, tivemos uma ampliação dessa 
miscigenação com a chegada de outros povos europeus que vieram para o Brasil para traba-
lhar nas grandes plantações (após a abolição da escravidão).
Sendo assim, aqui surgiram novas etnias e essas se espalharam por todo o território bra-
sileiro, e dessa maneira foi criada nossa diversidade nacional, a qual se diferencia bastante de 
outras nacionalidades, pois contou com essa importante miscigenação.
Além da diversidade nacional, que nos diferencia de outros países, temos também a di-
versidade regional, onde percebemos as diferenças internas. Por exemplo, se compararmos 
a Região Nordeste à Região Sudeste do país, ficam evidentes diversas características sociais 
diferentes. Podemos citar algumas como a economia, a culinária e o sotaque, dentre várias 
outras características.
Podemos relacionar a ideia de Diversidade Social à noção de “identidade” de um povo, sen-
do assim, há a identidade nacional e internamente verificam-se identidades regionais. Significa 
que, mesmo existindo as identidades regionais, pessoas das mais diferentes regiões do país, 
com as mais variadas formações culturais, se identificam como pertencentes a um mesmo 
grupo, o grupo dos brasileiros.
Mas como fica a noção de diversidade social e identidade quando as pessoas transitam 
pelos diferentes grupos sociais?
Vejamos no tópico a seguir.
2.1. estruturA dA soCiedAde
A sociedade se estrutura em sua forma de organização. Essa organização pode ser com-
preendida a partir da conceituação de divisão social do trabalho.
A divisão social do trabalho está diretamente ligada ao grau de especialização existenteno trabalho.
Como assim, professor?
Bom, para entendermos bem essa ideia, vamos recorrer às teorias de Émile Durkheim.
Para Durkheim, podemos classificar as sociedades em dois tipos de solidariedades. São 
elas a Solidariedade Mecânica (sociedade simples) e a Solidariedade Orgânica (sociedade 
complexa).
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A sociedade simples, que apresenta uma solidariedade mecânica entre seus integrantes, 
é uma sociedade com pouca divisão social do trabalho e pouca variedade ideológica. Ou seja, 
são sociedades primitivas ou arcaicas, em que as crenças são as mesmas e as funções de 
cada membro são iguais, onde todos sabem desenvolver todas as atividades da tribo ou clã.
Já as sociedades complexas são as que apresentam solidariedade orgânica entre seus 
integrantes. Dessa forma, é uma sociedade com muita divisão social do trabalho e grande 
variedade ideológica. Ou seja, são as sociedades capitalistas/industriais, em que as crenças 
são bastante variadas (existem várias crenças religiosas diferentes) e as funções de cada 
indivíduo se diferenciam à medida que cada um se especializa em uma área de trabalho. Por 
existir um grande grau de especialização, esse modelo de sociedade acaba gerando um alto 
grau de interdependência entre seus indivíduos. Por exemplo, o médico precisa do arquiteto e 
do engenheiro para construir sua casa, assim como o arquiteto e o engenheiro necessitam dos 
conhecimentos do médico para cuidarem de suas saúdes.
A sociedade complexa (solidariedade orgânica) acaba funcionando como um organismo. 
Pensemos, por exemplo, no corpo humano. Caso um órgão pare de funcionar, ele poderá afetar 
o funcionamento de outros órgãos, não é mesmo?! Assim também é em uma sociedade com-
plexa, pois se, por exemplo, os rodoviários resolverem fazer uma greve, pode ter certeza de que 
a greve deles irá afetar o funcionamento normal da sociedade, visto que muitas pessoas que 
dependem do transporte público para se deslocarem de casa até o trabalho terão dificuldade 
para chegar ao trabalho durante essa greve, podendo chegarem atrasadas ou mesmo não con-
seguirem chegar ao trabalho.
2.2. instituições soCiAis
Sociologicamente, as instituições sociais são formas de normatizar e regular as ações do 
indivíduo por meio de normas, regras e leis e, é neste contexto que compreendemos a Sociolo-
gia das Organizações Policiais, visto que a atividade de policiamento tem o intuito de manter a 
ordem social a partir do cumprimento de regras predeterminadas.
Essas normas, regras e leis são aceitas pela sociedade, pois, grande parte delas, são mais 
antigas que os indivíduos que a compõem. Há, então, uma naturalização das normas, trans-
formando-as eu algo comum a todos. Para que isso ocorra, juntamente com as regras, vêm a 
coerção e normatização, sendo que a primeira pode ser carregada de punições para casos de 
transgressões, tais como restrição de liberdade, multa, etc.
Vale salientar que a polícia (aqui entende-se todas as instituições militares) é represen-
tante do Estado, sendo a única a possuir uso legítimo da força. Ou seja, outra instituição ou 
indivíduo pode utilizar a força, porém, não será de maneira legal.
Há uma relação de interdependência entre as instituições, de forma que as regras e norma-
tizações de uma instituição contribuem com as regras e normatizações de outra instituição. 
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Por meio da manutenção dessas regras de conduta determinadas pelas instituições, diferen-
tes grupos podem interagir de forma estável.
Em resumo, pode-se dizer que as instituições sociais são responsáveis pelo processo de 
socialização e pela adaptação dos indivíduos ao se inserirem em um determinado grupo so-
cial. Alguns exemplos de instituições sociais, são: trabalho, igreja, escola, família, trabalho, 
igreja e, também, o Estado.
2.3. ClAsses soCiAis, estrAtifiCAção e desiguAldAdes: KArl mArx e 
mAx Weber
Historicamente, existem diversas formas de separar grupos sociais em estratos socioeco-
nômicos, sendo a classe social apenas uma dessas formas.
A divisão de grupos sociais por classe social se foca no poder de compra das pessoas de 
uma sociedade, posicionando quem ganha X em um grupo e quem ganha 2X em outro grupo 
distinto do primeiro, pois os dois não têm o mesmo poder de compra, assim, dando a noção 
de distanciamento social entre grupos. Por exemplo, quem ganha 2X consegue viver em uma 
cidade mais estruturada e mais cara, enquanto o que ganha X, mesmo desejando morar na 
cidade mais estruturada e mais cara, não tem o valor para desembolsar.
Assim, percebemos que há, também, nessa relação uma segregação espacial, em que pes-
soas de uma classe semelhante tendem a viver em locais que compartilham das mesmas 
características de infraestrutura, por exemplo.
As classes sociais, além de se diferenciarem na questão econômica, se diferenciam tam-
bém no acesso ao poder.
Um dos meios para a redução dessas diferenças é o acesso democrático à educação, visto 
que grande parte da população vive em situação de pobreza, dificultando o acesso à educação 
de qualidade para que possa competir por uma vaga em uma universidade.
Assim, o Estado age com a criação de políticas públicas que reduzem essas desigualdades 
no ingresso ao ensino superior, por exemplo. No entanto, essa deficiência é encontrada a partir 
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da educação básica, em que o acesso à escola não depende apenas da existência da vaga 
para o estudante, mas também das realidades sociais em que cada um se encontra.
Por exemplo, qual critério seria justo para compararmos em uma avaliação os dois exemplos 
de estudantes que se seguem abaixo?
Estudante de classe média:
• tem os pais ou van particular para levá-lo à escola todos os dias;
• consequentemente, raramente falta ou chega atrasado à escola;
• faz todas as refeições necessárias durante o dia;
• não precisa trabalhar no turno contrário, pois seus pais suprem todas suas necessida-
des.
Estudante que classe baixa:
• os pais não têm condições de pagar transporte caso o governo não auxilie;
• consequentemente, frequentemente falta ou chega atrasado à escola;
• não tem condições de se alimentar com o mínimo necessário e, assim, fica com fome 
em vários momentos durante o dia;
• precisa trabalhar no turno contrário para ajudar a compor a renda familiar.
Diante do exemplo acima, seria justo colocarmos os dois estudantes para disputarem a 
mesma vaga em mesmas condições?
Aí é que entra a democratização da educação, na tentativa de criar meios para possibilitar 
o acesso à educação aos que sempre foram excluídos do sistema. As cotas, por exemplo, são 
formas de políticas públicas que visam remediar esse problema social e, dessa forma, reduzir 
as desigualdades sociais, dando possibilidade de acesso aos que sempre foram fadados a se 
contentar com a subserviência.2.4. A inserção em grupos soCiAis: fAmíliA, esColA, vizinhAnçA, 
trAbAlho
No decorrer de nossas vidas interagimos com diversas pessoas, nos mais diversos contex-
tos e, portanto, fazemos parte dos mais diversos grupos sociais.
Mas afinal, como definir um grupo social?
Um grupo social é composto por duas ou mais pessoas que interagem e que agem de 
acordo com algum interesse comum. Assim, podemos destacar a família, a escola, a religião, 
a vizinhança e o trabalho como nossos principais grupos sociais. Sendo assim, fica fácil en-
tender que cada lugar que você frequenta e interage se trata de um grupo social do qual você 
faz parte. No entanto, se você estiver em um banco aguardando para ser atendido(a), mesmo 
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lá havendo outras pessoas que também aguardam o atendimento, você e essas pessoas não 
formam um grupo social, pois não há interação entre vocês.
As principais características de um grupo social são:
• pluralidade de indivíduos;
• interação;
• organização;
• objetivos.
Temos três formas de classificação dos grupos sociais, podendo ser:
• Primários: os grupos sociais primários são aqueles em que existem relações de intera-
ção mais íntimas, como, por exemplo, na família.
• Secundários: os grupos sociais secundários são aqueles em que há interação social 
direta, porém sem intimidade, como no caso da igreja.
• Intermediários: os grupos sociais intermediários apresentam tanto a interação primária, 
quanto a interação secundária, como ocorre na escola.
2.5. relAções e interAções soCiAis
As relações e interações sociais fazem parte do cotidiano em uma sociedade, no entanto, 
são conceitos distintos, uma vez que a interação social é um comportamento de curto pra-
zo, como, por exemplo, dois passageiros de um ônibus que não se conhecem, mas resolvem 
conversar sobre política durante o trajeto, ou seja, durante essa conversa os passageiros man-
tiveram uma interação social. A interação social é formal, pois dispensa a existência de afeto 
entre os envolvidos.
A interação social pode se classificar em recíproca e não recíproca.
• Interação social recíproca: quando há interação e possibilidade de influência entre os 
participantes.
• Interação social não recíproca: quando há unilateralidade, ou seja, não há interação so-
cial, pois apenas uma das partes tem possibilidade de ser influenciada (influência uni-
lateral).
Ex.: telespectador assistindo à televisão.
Já as relações sociais são compostas por várias interações sociais, ou seja, são compor-
tamentos de vínculo e longo prazo, como no caso das relações familiares. A relação social é 
uma relação informal e se baseia no afeto e na linguagem mais coloquial.
De acordo com o sociólogo Max Weber (1864 – 1920), as relações sociais podem ser clas-
sificadas de duas formas:
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• Relações sociais comunitárias: baseada no afeto (sentimento).
• Relações sociais associativas: baseada no objetivo (interesses).
2.6. soCiAlizAção
A socialização é um processo contínuo que ocorre desde a infância e integra o indivíduo à 
sociedade, assimilando regras, valores, hábitos e costumes. Sendo assim, podemos dizer que 
existem diversos tipos de socialização, pois a socialização das pessoas que residem em um 
bairro rico é diferente da socialização das pessoas que vivem em uma favela, visto que cada 
lugar terá regras, valores, hábitos e costumes distintos.
No decorrer do tempo o processo de socialização tem sofrido transformações, principal-
mente, causadas pelas alterações das formas de comunicação e pelo avanço tecnológico.
O processo de socialização pode ser definido como socialização primaria e socialização 
secundária.
• A socialização primária ocorre na infância e se dá no seio familiar, onde a criança desen-
volve sua linguagem e conhece normas e valores que são interiorizadas.
• A socialização secundária ocorre quando o indivíduo já socializado se integra à socieda-
de para uma socialização mais abrangente.
3. o Que nos une e o Que nos diferenCiA Como humAnos?
3.1. O que nos diferencia como humanos?
3.2. Conteúdos simbólicos da vida humana: cultura
3.3. Características da cultura
3.4. A Humanidade na diferença
Vimos que os seres humanos se socializam, vimos que há diversos processos de sociali-
zação existentes e que socializar é assimilar regras, valores, hábitos e costumes. Sendo assim, 
podemos dizer que o que nos diferencia como humanos está ligado a toda essa formação 
proporcionada pela transformação em ser social a partir da sua experiência de socialização.
Para resumir, podemos dizer que o que nos diferencia como seres humanos é a cultura, 
pois cada povo tem uma cultura diferente. Podemos nos referir a um país ou a cidades para 
entender que as culturas criam a de identidade de um povo.
Vamos entender melhor o que é cultura?!
Cultura é o conjunto de crenças, hábitos, costumes e tradições de um determinado povo 
e pode ser percebida nas religiões, nas atitudes, nas artes, na culinária, no idioma, na moral, 
nas leis etc. E um ponto fundamental é que tudo isso é passado de geração para geração.
Para contextualizarmos o conteúdo, podemos dizer que a cultura é transmitida por meio 
dos inúmeros processos de socialização pelos quais passamos, ou seja, fica evidente que a 
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cultura está, necessariamente, ligada à pluralidade de pessoas, pois é compartilhada por um 
grupo de pessoas.
Existem dois tipos principais de elementos culturais, podendo a cultura ser material ou 
imaterial.
• Cultura material: é toda aquela que é concreta/física, como obras de arte, vestimentas, 
artefatos etc.
• Cultura imaterial: é representada pelo conjunto de saberes adquiridos e compartilhados 
por uma sociedade.
A formação cultural brasileira é bastante peculiar, se comparada com outras culturas, pois 
nossa cultura é o resultado da miscigenação (mistura) entre quatro grandes grupos. São eles: 
colonos portugueses, indígenas, africanos e demais estrangeiros que se fixaram em determi-
nadas partes do país pelas mais diversas motivações. Ou seja, quatro culturas distintas se 
misturaram e deram origem a uma nova cultura.
Obviamente que nossa cultura transformou e criou características próprias para os traços 
culturais que foram apropriados, como, por exemplo, a língua portuguesa. O nosso português 
tem características próprias e se diferencia em vários aspectos do português de Portugal, inclu-
sive inserindo palavras ou variações de palavras provenientes de línguas indígenas e africanas.
Mesmo comparando o idioma apenas dentro do Brasil, percebemos que, apesar de fa-
larmos o mesmo idioma, em cada região do país existem particularidades da língua, seja na 
forma de pronunciar algumas letras, de entonações ou nas expressões utilizadas localmente 
(gírias). E isso ultrapassa o campo da língua, como em cada regiãotemos suas danças típicas, 
suas músicas, culinária etc.
Dentre os tipos de cultura, podemos destacar:
• Cultura de massa: esse tipo de cultura visa o compartilhamento de ideias, valores e 
informações por meio de músicas, mídias, artes e notícias, sem levar em conta as parti-
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cularidades de cada localidade. Ou seja, quando assistimos a algo na TV estamos sendo 
influenciados por uma cultura de massa. É algo muito importante para o consumismo 
do capitalismo.
• Cultura erudita: é o oposto da cultura de massa, pois depende do interesse e busca pelo 
conhecimento. Não está disponível a todos.
• Cultura popular: está relacionada às tradições e costumes de um povo. Pode ser relacio-
nada à cultura imaterial.
• Cultura corporal: é uma análise do comportamento do homem no convívio social. Está 
nas danças, festividades, sexualidade etc.
• Cultura organizacional/corporativa: diz respeito à cultura de determinada organização 
(valores, objetivos etc.).
Ao analisarmos culturalmente o mundo, vemos que em cada país há uma cultura própria e, 
muitas vezes, a outra cultura pode nos causar estranhamento, pois são hábitos, crenças e cos-
tumes bastante diferentes dos nossos. Se ficássemos apenas no estranhamento não teríamos 
grandes problemas, mas a realidade é que o choque cultural pode ocasionar problemas mais 
graves e se estendendo às relações diplomáticas entre países.
Não é difícil encontrarmos exemplos de problemas ocasionados por choques culturais. 
Atualmente o mundo, mas principalmente a Europa, vive uma grave crise relacionada às imi-
grações de pessoas que têm fugido de zonas dominadas pelo Estado Islâmico, pois este quer 
impor suas ideologias e utiliza-se do emprego do terror para obrigar que as pessoas se con-
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vertam ao islamismo. Quem não aceita ou age em desacordo com seus interesses é simples-
mente executado.
Dessa forma fica evidente o choque entre culturas, pois a imposição de uma cultura religio-
sa a um povo significa a não aceitação da cultura desse povo, podendo ser comparada à ideia 
de xenofobia (aversão ao estranho/estrangeiro).
4. o Que nos desiguAlA Como humAnos?
4.1. etniAs
A definição de etnia está amparada nas relações sociais em que um grupo de pessoas 
compartilha da mesma língua, crenças, território e tradições. Dessa forma, um grupo étnico 
acaba por percebe-se diferente de outro grupo étnico.
Para entendermos melhor o que é etnia, podemos tomar os indígenas como exemplo, pois 
é muito comum a existência de pessoas que pensam que índios são todos iguais e que todos 
compartilham de uma mesma cultura, no entanto, em um estudo realizado pelo IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística), publicado em 2016, foi constatado que, apenas no Brasil, 
existem atualmente 305 etnias e 274 línguas indígenas. Ou seja, uma tribo indígena pode ter 
costumes, crenças e tradições completamente diferentes da tribo vizinha.
É muito importante ressaltar que etnia não é o mesmo que raça. Enquanto etnia parte de 
um caráter completamente social, raça tende a pensar em características biológicas e muitas 
vezes o termo é utilizado no intuito de discriminar e criar preconceitos.
4.2. ClAsses soCiAis
Historicamente, existem diversas formas de separar grupos sociais em estratos socioeco-
nômicos, sendo a classe social apenas uma dessas formas.
A divisão de grupos sociais por classe social se foca no poder de compra das pessoas de 
uma sociedade, posicionando quem ganha X em um grupo e quem ganha 2X em outro grupo 
distinto do primeiro, pois os dois não têm o mesmo poder de compra, assim, dando a noção 
de distanciamento social entre grupos. Por exemplo, quem ganha 2X consegue viver em uma 
cidade mais estruturada e mais cara, enquanto o que ganha X, mesmo desejando morar na 
cidade mais estruturada e mais cara, não tem o valor para desembolsar.
Assim, percebemos que há, também, nessa relação uma segregação espacial, em que pes-
soas de uma classe semelhante tendem a viver em locais que compartilham das mesmas 
características de infraestrutura, por exemplo.
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As classes sociais, além de se diferenciarem na questão econômica, se diferenciam tam-
bém no acesso ao poder.
4.3. gênero
Muitas vezes a noção de gênero é confundida com a noção de sexo, caso você também 
faça essa confusão, não se preocupe, pois iremos definir cada uma das duas coisas nes-
te momento.
Quando falamos em sexo, estamos nos referindo ao aspecto anatômico e biológico, ou 
seja, a genitália (pênis ou vagina), aparelho reprodutivo etc. No entanto, ao falarmos de “gêne-
ro” a questão ultrapassa a simples binariedade entre ser “homem” ou “mulher” (existem tam-
bém os casos (raros) dos intersexuais (nascem com genitais ambíguos ou ausentes).
Ao falarmos de gênero ultrapassamos a noção de sexo biológico e adentramos na noção 
da construção social e cultural do sexo. Sendo assim, podemos perceber a construção do “ser 
homem” ou “ser mulher” como uma construção social e não baseada a partir da genitália que 
a pessoa tem.
Para você entender melhor, podemos analisar algo muito comum em nossa sociedade, 
como, por exemplo, a associação do rosa às meninas e do azul aos meninos.
Você já parou para pensar o porquê do rosa ser associado a meninas? Pois é, essa asso-
ciação só existe porque a nossa cultura criou essa noção. Tintura para tecidos era um artigo 
bastante caro nos idos do século 18 e 19, portanto ainda não existia tal associação de sexo e 
cor. Apenas no início do século 20 o mercado de roupas infantis começou a fazer associação 
de sexo a cores e, inclusive, no início as cores eram invertidas. Achavam que o rosa era mais 
forte e associaram aos meninos e o azul, por ser mais delicado, foi associado às meninas. Pou-
co tempo depois, o próprio mercado inverteu as cores de cada sexo e impôs a “nova tendência” 
aos consumidores. Ou seja, a associação de cores a sexo só existe por conta do marketing 
comercial da primeira metade do século 20.
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Ainda hoje, mesmo o rosa não sendo uma cor feminina (sendo apenas uma construção 
social) é muito difícil encontrar roupas masculinas na cor rosa.
Diante do que acabamos de ver, fica mais fácil compreender a construção social do que é 
ser homem e ser mulher. E logo nos lembramos de várias ocasiões em que são ditas frases: 
“não se sente assim, você é uma menina”; “homem não chora”; “só podia ser mulher”; “lugarde 
mulher é na cozinha” etc.
Todas essas frases são mera construção social.
A partir da noção de gênero, as pessoas têm suas próprias identidades de gênero a partir 
de suas experiências sociais subjetivas, indo além da noção binária (homem e mulher). A rede 
social Facebook, disponibiliza mais de 50 (cinquenta) opções de gênero para que os usuários 
dos Estados Unidos possam marcar seu gênero em seu perfil.
Entre os gêneros mais comuns estão os transexuais, transgêneros e travestis.
Quanto as pessoas que se identificam com o gênero associado ao seu sexo biológico, são 
chamadas de cisgênero (é do sexo masculino e se interessa pelo sexo feminino e vice-versa).
Há uma grande problemática social em vários lugares do mundo relacionada à discrimi-
nação relacionada às questões de gênero. Não só no que diz respeito à opção sexual, mas 
também as diferenças sociais existentes entre homem e mulher, como na questão salarial. 
Em uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada em 2018, 
mostra que, no Brasil, mulheres ganham 77,5% do salário dos homens.
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4.4. gerAção
Sociologicamente, a ideia de geração se baseia na perspectiva de que pessoas que nas-
ceram em um mesmo período compartilham de vários saberes semelhantes, visto que esses 
saberes se transformam a cada geração. Por exemplo, crianças dos anos 80 brincavam com 
bola de gude, sendo assim, os adultos de hoje, que nasceram nos anos 80, vivenciaram a épo-
ca em que era comum brincar com bola de gude na rua, mas se falarem sobre essa brincadeira 
com crianças da atualidade, provavelmente, muitas não saberão como é o jogo e, talvez, não 
sintam o mesmo interesse que crianças dos anos 80 sentiam pelo jogo, pois a geração atual 
de crianças tem hábitos diferentes, como, por exemplo, o domínio de jogos eletrônicos.
Consensualmente, uma geração é representada pelo período de 25 anos e, como sabemos, 
a cultura é dinâmica (se transforma no decorrer do tempo), sendo assim, cada geração acaba 
sendo representada por uma cultura diferente, pois no período de 25 anos até mesmo os sabe-
res coletivos podem sofrer mutações. Daí aquelas frases ditas por pais e/ou avós do tipo: “No 
meu tempo as coisas não eram assim!”.
5. A diversidAde soCiAl brAsileirA
5.1. A populAção brAsileirA: diversidAde nACionAl e regionAl
Para entendermos a diversidade social brasileira precisamos primeiramente entender o 
que é diversidade social.
A diversidade social é composta pelo conjunto de etnias, crenças, culturas, saberes, clas-
ses sociais etc. Ou seja, é toda a mescla social existente em uma sociedade. Por exemplo, 
o Brasil com sua extensão territorial continental e seu passado de miscigenações é rico em 
diversidade social. Sendo assim, vamos partir da formação histórica do povo brasileiro para 
entender a diversidade social atual, pois foi a configuração existente no passado a responsável 
por gerar tamanha diversidade em nosso país.
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Antes da chegada dos portugueses, o Brasil era uma terra habitada por índios, no entanto, 
muitos ainda acreditam que índio é índio e ponto, e não levam em consideração todas as dife-
renças culturais existentes entre as diversas etnias indígenas existentes em nosso território. 
Ou seja, antes dos portugueses chegarem, o que viria a ser o Brasil já era riquíssimo em diver-
sidade cultural, no entanto, ainda não era um país.
Dessa forma, com a fixação dos portugueses na América do Sul, foram trazidos para cá 
os africanos (escravizados pelos europeus) e que também pertenciam a diversas etnias afri-
canas. Começaram, assim, as miscigenações entre índios (diversas etnias), portugueses e 
africanos (diversas etnias). Mais tarde, no fim do século XIX, tivemos uma ampliação dessa 
miscigenação com a chegada de outros povos europeus que vieram para o Brasil para traba-
lhar nas grandes plantações (após a abolição da escravidão).
Sendo assim, aqui surgiram novas etnias e essas se espalharam por todo o território bra-
sileiro, e dessa maneira foi criada nossa diversidade nacional, a qual se diferencia bastante de 
outras nacionalidades, pois contou com essa importante miscigenação.
Além da diversidade nacional, que nos diferencia de outros países, temos também a di-
versidade regional, onde percebemos as diferenças internas. Por exemplo, se compararmos 
a Região Nordeste à Região Sudeste do país, ficam evidentes diversas características sociais 
diferentes. Podemos citar algumas como a economia, a culinária e o sotaque, dentre várias 
outras características.
Podemos relacionar a ideia de Diversidade Social à noção de “identidade” de um povo, sen-
do assim, há a identidade nacional e internamente verificam-se identidades regionais. Significa 
que, mesmo existindo as identidades regionais, pessoas das mais diferentes regiões do país, 
com as mais variadas formações culturais, se identificam como pertencentes a um mesmo 
grupo, o grupo dos brasileiros.
Mas como fica a noção de diversidade social e identidade quando as pessoas transitam 
pelos diferentes grupos sociais?
Vejamos no tópico a seguir.
5.2. o estrAngeiro do ponto de vistA soCiológiCo
O que é ser estrangeiro?
Bom pode-se dizer que estrangeiro é um ser estranho à cultura que não é a dele. Ou seja, 
quando viajamos para outro país, aos olhos do povo desse outro país, nós somos os estran-
geiros, pois somos estranhos à cultura deles. No entanto, o estrangeiro, além de visitar, pode 
se fixar em uma nova cultura e se inserir na mesma, porém, continuará sendo estrangeiro, pois 
sua assimilação cultural em um novo país não faz com que ele deixe de ter uma cultura mãe.
Para o sociólogo Georg Simmel, há diferença entre o estrangeiro que viaja, mas não se es-
tabelece no local (viajante) e o estrangeiro que viaja e se estabelece (estrangeiro). Ou seja, a 
partir da teoria de Simmel, por mais que, muitas vezes, o estrangeiro não se sinta parte do gru-
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po ao qual está inserido ou o próprio grupo não sinta o estrangeiro como sendo um integrante, 
ele é, sim, parte do grupo.
Na prática, já ocorreram casos em que o estrangeiro (a partir do conceito de Simmel) co-
meteu determinado crime e alegou desconhecer as regras locais, pois em sua cultura o ato 
cometido não seria considerado um crime. Ou seja, esse é o caso de crime causado por um 
conflito cultural.
A relação entre pessoas de identidades nacionais diferentes faz parte da nossa história 
e formação das culturas, porém, muitas vezes essa relação foi conflituosa, como no caso da 
relação entre povos europeus, asiáticos e africanos durante grande parte da história. Podemos 
compreender melhor esses conflitos ao tratarmos da História Antiga, da História Medieval, 
do período das grandes navegações, dentre vários outros períodos históricos, pois as regiões 
mencionadas

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