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Ciências Sociais - EAD (1)

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CIÊNCIAS SOCIAIS
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Felipe Veiga da Fonseca
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta Paião
Márcio Alexandre Júnior Lara
Marcus Vinicius Pellegrini
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................4
1 - CONTEXTO HISTÓRICO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS ............................................................................................5
1.1. PARA COMPREENDER AS CIÊNCIAS SOCIAIS ...............................................................................................8
2 - ÉMILE DURKHEIM E O SUICÍDIO .................................................................................................................... 10
3 - NÃO SOMOS IGUAIS: DIVERSIDADE CULTURAL ............................................................................................ 16
3.1. METODOLOGIA: IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA ............................................................................................... 17
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 21
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CIÊNCIAS SOCIAIS
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INTRODUÇÃO
“De tudo que existe, nada é tão estranho como as relações humanas, 
com suas mudanças, sua extraordinária irracionalidade” (Virginia 
Woolf). 
As “Ciências Sociais” revelam-se em toda parte, principalmente nas relações sociais que 
estabelecemos com os outros seres humanos para garantir nossa sobrevivência. A� rmamos que 
cada ser humano é produto e produtor da sua vida social, está inserido em uma determinada 
realidade, in� uenciado por ela. E, embora não aceite, deve reconhecer que não é tão livre como 
gostaria de ser.
As Ciências Sociais promovem a solidariedade e o entendimento entre todos os seres 
humanos, baseada na compreensão, no respeito às diferenças e na liberdade de todas as pessoas. 
Funciona como uma ferramenta re� exiva, que pode ser aplicada em nossa vida, representa um 
corpo de conhecimentos e de práticas de investigação sobre as ações humanas, bem como revela 
as evidências históricas e busca interpretá-las. 
Assim, o exercício em pensar socialmente nos faz entender a vida de um modo mais 
completo, in� uencia e oferece soluções para os problemas e con� itos sociais. O estudo das Ciências 
Sociais é um bom guia na luta contra os preconceitos, contra o racismo e falta de diálogo entre 
os grupos culturais, en� m, pode ajudar a resgatar nossa humanidade e promover a construção de 
uma sociedade ética e cidadã.
O objetivo da primeira unidade é aproximar os acadêmicos do estudo das Ciências Sociais 
e dos primeiros pensadores, a � m de perceber suas contribuições para o entendimento das ações 
humanas sobre o planeta terra...
A casa onde todos os seres humanos devem aprender a conviver de forma pací� ca e 
fraterna. 
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1 - CONTEXTO HISTÓRICO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A arte de pensar sociologicamente consiste em ampliar o alcance e a efetividade 
prática da liberdade. Quanto mais disso aprender, mais o indivíduo será � exível 
diante da opressão e do controle, e, portanto, menos sujeito a manipulação 
(BAUMAN; MAY, 2010, p. 27).
As Ciências Sociais surgem no momento de transformação e ebulição dos acontecimentos 
políticos, econômicos e culturais. No � nal do século XVIII e segunda metade do século XIX, 
período histórico da crise do Feudalismo, o � m do Antigo Regime e nascimento do modo de 
produção Capitalista. 
Para entender os aspectos principais desse processo histórico é preciso contextualizar 
e diferenciar os dois modelos: as comunidades antigas, em que a posse da terra era coletiva e o 
senhor da terra estabelecia uma relação de suserania e vassalagem, característica dos códigos 
de honra medievais, ou seja, pela coerção jurídica ou pela pura violência satisfazia seus desejos 
e necessidades econômicas. O outro modelo é o modo de produção capitalista, que todos nós 
conhecemos: voltado para o trabalho, a produção de mercadorias, a comercialização e o consumo 
de bens.
O Feudalismo pode ser entendido como um regime de servidão, que resultava na 
satisfação das exigências econômicas do senhor feudal: 
[...] uma obrigação, imposta ao produtor pela força e independentemente de 
um seu ato de vontade, de satisfazer determinadas exigências econômicas de 
um dominus, quer essas exigências assumam a forma de serviços a prestar, quer 
de tributos a pagar em dinheiro ou em géneros [..] A força mediante a qual tem 
lugar a coerção poderá ser a do domínio militar do senhor feudal, a da tradição, 
apoiada num processo jurídico de qualquer tipo, ou � nalmente, a força da lei 
(CONTE, 1984, p. 15-16). 
As mudanças na vida socioeconômica e a contribuição de alguns pensadores foram 
fundamentais para a formação das Ciências Sociais, sobretudo na França, nos séculos XVII e 
XVIII, que diante das péssimas condições de vida ocasionaram a Revolução Francesa, em 1789. 
A sociedade francesa era fortemente aristocrática e hierarquizada, o poder gravitava em torno 
da � gura do rei, o “rei-sol”, mas com o agravamento da miséria da população, o con� ito político 
multiplicou o número de manifestações e de pan� etos e livros contra o absolutismo monárquico.
O choque provocado por essas novas concepções foi ainda mais forte quando sua difusão 
encontrou na Enciclopédia, um veículo adequado e revolucionário, ela teve início em 1751 e 
alcançou “[...] 36 volumes, dos quais oito de ilustrações, num total de 71.818 verbetes, até o ano 
de sua conclusão, em 1772” (GRESPAN, 2014, p. 49). Os pensadores da Enciclopédia propunham 
um espaço de produção do saber, através do debate e da crítica e defendiam que todos deveriam 
possuir os direitos básicos em igualdade de condições. 
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Figura1 - Revolução Francesa. Fonte: Ferdinand Victor Eugène Delacroix (1830).
O mundo, em 1789, era muito diferente, a Europa era essencialmente rural, existia uma 
linha divisória que separava as pessoas, separava o campo da cidade. A aparência das pessoas 
que moravam nas cidades era � sicamente diferente dos homens do campo. Esses vestiam roupas 
diferentes, as atividades eram bem marcadas e as pessoas do campo eram ridicularizadas pelos 
moradores das cidades e tratadas como “caipiras da roça”.
Figura 2 - Pensadores do iluminismo. Fonte: Simple � eme (2018).
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O Iluminismo foi uma ideologia revolucionária, a convicção no progresso do conhecimento 
humano, na racionalidade, na riqueza e no controle sobre a natureza. Denominado de “séculos das 
luzes”, o Iluminismo visava a luta da razão contra o absolutismo monárquico. Foi um movimento 
eclético, interpretado de forma prática e utilitarista, em que o sucesso das ciências experimentais 
alimentava a ideia de que o método racional analítico poderia desenvolver o progresso em todas 
as outras áreas da vida. Assim, o iluminista podia ser considerado como uma pessoa “esclarecida”, 
um racionalista, um progressista que tinha con� ança na capacidade do homem em progredir 
para uma era melhor, um verdadeiro apaixonado pela 
[...] crença no progresso que professava o típico pensador do iluminismo re� etia 
os aumentos visíveis no conhecimento e na técnica, na riqueza, no bem-estar e 
na civilização que podia ver em toda a sua volta e que, com certa justiça, atribuía 
ao avanço crescente de suas ideias. No começo do século, as bruxas ainda eram 
queimadas; no � nal, os governos do iluminismo, como o austríaco, já tinham 
abolido não só a tortura judicial, mas também a escravidão (HOBSBAWM, 
2003, p. 37-38). 
Observe que o pensamento liberal e o lema da Revolução Francesa – “liberdade, 
igualdade e fraternidade” – está presente na Declaração dos Direitos Humanos e, hoje, é aceito 
em muitos países como direitos pertencentes à natureza humana. O que signi� ca que a felicidade 
só deveria ser pensada como um projeto de sociedade para todos. Assim, “liberdade, igualdade 
e fraternidade”, passaram a ser considerados como direitos do novo cidadão, frutos da revolução 
que promoveu profundas transformações e nos permite ler, no primeiro artigo da Declaração dos 
Direitos dos Homens e Cidadãos, que todos os homens nascem livres e iguais em direitos.
A sociedade passou por um processo de transformação em todos os níveis em um curto 
período de tempo, afetando toda organização social e provocando mudanças que nos colocaram 
em um mundo extremamente tecnológico e interligado pelos meios de comunicação e redes sociais. 
Diversos acontecimentos que marcaram a vida política e econômica mudaram profundamente 
as relações sociais e o modo como produzimos a nossa sobrevivência. Segundo Martins (2010, 
p. 10) “[...] as ciências sociais não são somente produto da re� exão de alguns pensadores, mas o 
resultado de certas circunstâncias históricas e de algumas necessidades materiais e sociais”.
Após o período do Renascimento e da Revolução Francesa, a ciência foi dominando cada 
vez mais a cultura e a história da humanidade, surgiu uma verdadeira Revolução Cientí� ca e a 
sociedade se tornou cada vez mais racionalista e empirista, o que signi� cou que a ciência passou 
a ter “[...] com critérios a objetividade e a cienti� cidade, nos moldes da matemática, e não mais 
da � loso� a [...] a ciência buscou novos modelos e métodos” (CHINAZZO, 2013, p. 166). 
Figura 3 - Charlie Chaplin: Tempos Modernos. Fonte: CineVest (2018).
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A Revolução Industrial não é um acontecimento histórico que podemos determinar 
que tivesse princípio e � m, ela ainda prossegue, mas, com certeza, esse foi o acontecimento 
mais importante na história do mundo. Na década de 1780, pela primeira vez na história da 
humanidade foi intensi� cado o poder produtivo, agora os seres humanos eram capazes de 
multiplicação rápida, constante e ilimitada, capazes de produzir mercadorias e serviços para toda 
a sociedade, foi o salto para “o crescimento autossustentável”.
A ciência, hoje, tem um olhar mais especí� co para cada cultura, cada grupo e 
cada indivíduo, rejeitando a antiga concepção de universalidade da história da 
humanidade. Consequentemente, as soluções não serão as mesmas, nem mesmo 
as soluções técnicas. Surge uma nova visão da história, um novo discurso 
que origina outras formas de códigos e de mundo, admitindo uma grande 
heterogeneidade (CHINAZZO, 2013, p. 170). 
No início, todos os estudos e descobertas feitas pelas Ciências Sociais estavam concentrados 
na Sociologia. Naquela época, era considerada uma “ciência enciclopédica, evolucionista e 
positiva”, que se ocupava da totalidade da vida social e buscava formular as leis gerais da evolução 
social da humanidade. Mas com o passar do tempo e devido à complexidade da sociedade 
moderna, a Sociologia, Antropologia, Economia e Política vão desenvolvendo metodologias 
próprias e estudos cada vez mais especí� cos (MARCELINO, 2013). 
1.1. Para Compreender as Ciências Sociais
Existem vários elementos que compõem a sociedade, estudar as Ciências Sociais é fazer 
uma bricolagem (conjunto de teorias e conceitos para formatar uma ideia) de várias áreas para, 
assim, termos condições de compreendê-las. Dentre as rami� cações desta ciência apontamos 
alguns conceitos e autores principais:
• ANTROPOLOGIA: a terminologia surgida no século XVIII e consolidada no século 
XIX como ciência tem como estudo o comportamento do homem. Dentre esses estudos estão: 
crenças, costumes, hábitos, aspectos físicos, ou seja, a cultura, de modo geral, de diferentes povos. 
Os principais Antropólogos são:
➢ Bronislaw Malinowski (1884-1942).
➢ Franz Boas (1858-1942).
➢ Claude Levi-Strauss (1908-2009).
• CIÊNCIAS POLÍTICAS: a ideia de política está presente desde a Grécia Antiga, porém, 
estaremos conceituando no viés da História Moderna. Podemos dizer que as Ciências Políticas 
têm como prerrogativa se dedicar às ações políticas presentes nas organizações sociais, ou seja, ver 
a política como poder, Estado, gestão pública, formas de governo, processos eleitorais, partidos 
políticos, entre outros. Dentre os clássicos das políticas estão:
➢ Nicolau Maquiavel (1469-1527).
➢ � omas Hobbes (1588-1679).
➢ John Locke (1632-1704).
➢ Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
➢ Immanuel Kant (1724-1804).
➢ Georg Wihlm Friedrich Hegel (1770-1831).
➢ Karl Marx (1818-1883).
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• CIÊNCIAS ECONÔMICAS: entendemos este conceito como processo do homem 
inserido nos meios e modos de produção, consumo, bens e serviços, mercado, sistemas econômicos, 
trocas ou escolhas, ou seja, toda e qualquer forma de relações sociais que condicionam � ns e 
meios de algum bem ou serviço. Principais pensadores das Ciências Econômicas:
➢ Adam Smith (1766-1834).
➢ � omas Malthus (1766-1834).
➢ David Ricardo (1772-1823).
➢ John Stuart Mill (1806-1873).
➢ Alfred Marshall (1842-1924).
➢ John Maynard Keynes (1883-1946).
• SOCIOLOGIA: está relacionada a uma ciência que aprofunda os conceitos da vida 
humana, grupos sociais, sociedades, indivíduos, relações sociais e estruturas sociais. Principais 
pensadores da Sociologia:
➢ Augusto Comte (1798-1857).
➢ Émile Durkheim (1858-1917).
➢ Karl Marx (1818-1883).
➢ Max Weber (1864-1920).
➢ Zigmunt Bauman (1925-2017).
É comum no campo das Ciências Sociais um mesmo pensador estar em categorias 
diferentes, já que suas teorias podem ser utilizadas tanto em umalinha teórica como em outra. 
Essas linhas que constituem as Ciências Sociais são fundamentais para compreender e analisar 
a sociedade como um todo, ou seja, utilizar de todos os conceitos possíveis para chegar a uma 
possível explicação.
A Sociologia pode ser considerada uma ciência da modernidade, uma resposta 
intelectual às condições geradas pela Revolução Industrial, como a renúncia da visão sobrenatural 
e aplicação da observação e experimentação, o emprego sistemático da razão, estabelecendo um 
método cientí� co para a explicação dos fenômenos da natureza e da cultura (MARTINS, 2010). 
As consequências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo pelo 
sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento assustador da 
prostituição, do suicídio, da criminalidade, da violência, de surtos de epidemia de 
tifo e cólera que dizimaram parte da população etc. É evidente que a situação de 
miséria também atingia o campo, principalmente os trabalhadores assalariados, 
mas o seu epicentro � cava, sem dúvida, nas cidades industriais (MARTINS, 
2010, p. 13-14). 
O primeiro pensador, Claude Henri de Rouvroy, mais conhecido como o Conde de 
Saint-Simon (1760-1825), era oriundo da nobreza francesa. Ele descobriu muito tarde a carreira 
de estudioso da física e da política, só aos 40 anos, dedicando os seus esforços na criação da 
sociedade que ele chamou de “sistema industrial”. 
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Figura 4 – Saint-Simon (1760-1825) Fonte: 123RF Royal Free (2019).
Saint-Simon (1760-1825) é considerado o iniciador do positivismo e o 
verdadeiro pai da Sociologia, tendo sido altamente in� uenciado pelas ideias 
revolucionárias, principalmente dos � lósofos iluministas. Vivenciou a sociedade 
francesa pós-revolucionária, que se encontrava em estado de desorganização 
geral, e acreditava que o industrialismo trazia consigo a possibilidade de 
satisfazer as necessidades da população, e que a ordem e a paz, na nova 
sociedade poderiam ser proporcionadas pelo progresso econômico. Para Saint-
Simon a elite, formada pelos industriais e cientistas, deveria fornecer melhores 
condições de vida à classe trabalhadora, elaborar normas de comportamento 
para atenuação dos con� itos existentes entre as classes sociais e propiciar a 
“ordem, paz e progresso”, através de um processo de acomodação (MARCELNO, 
2013, p. 28, grifo nosso). 
Saint-Simon desenvolveu os estudos sobre a lei dos três estados e defendeu que o objetivo 
político do Estado deveria garantir o desenvolvimento da industrialização. Para ele, a sociedade 
era um sistema de elementos interdependentes, ideias que irão aparecer nos trabalhos dos seus 
discípulos, em especial nas obras de Augusto Comte. 
2 - ÉMILE DURKHEIM E O SUICÍDIO
“O maior obstáculo à descoberta não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento” 
(Daniel Boorstin).
Émile Durkheim nasceu em Épinal, Departamento de Vosges, que � ca exatamente entre 
a Alsácia e a Lorena, a 15 de abril de 1858, e morreu em 1917. Ele foi indicado para ministrar 
aulas de Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras de Bordeaux, de 1887 a 1902, onde 
organizou o primeiro curso de Sociologia em uma universidade francesa. Mas foi só em 1910 
que consegue transformá-la em cátedra de Sociologia. As suas aulas na Sorbonne exigiam um 
grande an� teatro para atender o grande número de alunos. Ele foi o primeiro sociólogo moderno 
a explicar o comportamento humano baseado no contexto social das pessoas. 
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Figura 5 - Émile Durkheim. Fonte: Abril Cultural (s/d).
Para Durkheim, os fatos sociais devem ser estudados como coisas. Eles são fenômenos, 
propriedades, são acessíveis pela observação e externos, que podem ser medidos de forma 
objetiva. 
A proposição segundo a qual os fatos sociais devem ser tratados como coisas – 
proposição que está na base de nosso método – é das que mais têm provocado 
contradições. Consideraram paradoxal e escandaloso que assimilássemos 
às realidades do mundo exterior as do mundo social. Era equivocar-se 
singularmente sobre o sentido e o alcance dessa assimilação, cujo objeto não 
é rebaixar as formas superiores do ser às formas inferiores, mas, ao contrário, 
reivindicar para as primeiras um grau de realidade pelo menos igual ao que 
todos reconhecem nas segundas. Não dizemos, com efeito, que os fatos sociais 
são coisas materiais, e sim que são coisas tanto quanto as coisas materiais, 
embora de outra maneira (DURKHEIM, 2007, p. 27).
Os fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir, com as três características seguintes: 
exterioridade, coercitividade e generalidade.
• EXTERIORIDADE: são exteriores às consciências individuais, existe independente da 
vontade do indivíduo.
• COERCITIVIDADE: os indivíduos são obrigados a seguir um comportamento pré-
determinado, independentemente de sua vontade. Há uma força coercitiva que faz com 
que ele siga determinadas regras e que ele deve fazer se submeter.
 • GENERALIDADE: é comum a todos os membros de um grupo ou a sua maioria. É o 
consenso social e a vontade coletiva.
Em relação às condições de vida de cada grupo apresentar diferenças culturais, elas não 
são de qualidade nem de nível, mas são próprias das condições de vida de cada sociedade. Ou seja, 
não podem ser comparadas como superiores ou inferiores, todas são igualmente importantes, 
Se certas sociedades não criaram o alfabeto e a linguagem grá� ca, é porque o 
modo de vida de tais indivíduos não lhes despertou tal necessidade, não porque 
sua capacidade mental fosse “inferior”. A capacidade simbólica e os padrões 
de todas as culturas humanas são igualmente abstratos, signi� cativos e dão 
respostas úteis aos problemas de compreensão do mundo (COSTA, 2005, p. 5).
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Durkheim era discípulo do pensador francês Auguste Comte (1798-1857), que inventou 
a palavra sociologia, na perspectiva de desenvolver o estudo da sociedade sobre bases cientí� cas. 
Comte nasceu na França, era � lho de uma família católica monarquista. Viveu a infância na época 
da França napoleônica, estudou na Escola Politécnica e tornou-se discípulo de Saint-Simon, 
sofrendo grande in� uência desse pensador. Desenvolveu os estudos da � loso� a positivista, 
considerada por ele uma religião e, segundo sua � loso� a política, a� rmava que a história do 
desenvolvimento da humanidade passou por apenas três estágios.
Figura 6 – Augusto Comte. Fonte: Lapham’s Quarterly (s/d).
A lei dos três estágios de Comte assinala que as tentativas humanas de entender 
o mundo passam por estágios teológicos, metafísicos e positivos. No estágio 
teológico, o pensamento era guiado por ideias religiosas e pela crença de que 
a sociedade era expressão da vontade divina. No estágio metafísico, que tomou 
frente por volta da época da Renascença, a sociedade passou a ser vista em termos 
naturais, e não sobrenaturais. O estágio positivo, anunciado pelas descobertas e 
realizações de Copérnico, Galileu e Newton, estimulou a aplicação de técnicas 
cientí� cas ao mundo social. De acordo com essa visão, Comte considerava a 
sociologia como a última ciência a se desenvolver – com base na física, na química 
e na biologia – mas também como a mais signi� cativa e complexa de todas as 
ciências. Comte queria desenvolver uma ciência da sociedade que pudesse 
explicar as leis do mundo social, controlar e prever os acontecimentos sociais, e 
assim, ajudar a moldar o nosso destino e melhorar o bem-estar da humanidade. 
A visão de Comte para a sociologia era de que ela se tornasse uma “ciência 
positiva”. Ele queria que a sociologia aplicasse os mesmos métodos cientí� cos 
rigorososao estudo da sociedade que os físicos e químicos usam para estudar 
o mundo físico. O positivismo sustenta que a ciência deve se preocupar apenas 
com entidades observáveis que sejam conhecidas pela experiência direta. Com 
base em observações cuidadosas, pode-se inferir leis que expliquem a relação 
entre os fenômenos observados. Compreendendo as relações causais entre os 
fatos, os cientistas podem então prever como serão os acontecimentos futuros. 
Uma abordagem positivista à sociologia visa a produção de conhecimento 
sobre a sociedade com base em evidências empíricas obtidas com observação, 
comparação e experimentação (GIDDENS, 2012, p. 24). 
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Entretanto, apesar de Comte defender a aplicação de um método cientí� co para o estudo da 
sociedade, foi Durkheim que desenvolveu e aplicou em suas obras essa metodologia, defendendo 
o princípio de avaliar os fatos sociais como coisas, utilizando o mesmo rigor cientí� co aplicado 
pelas outras ciências na sociologia.
A obra de Durkheim, Regras para o método sociológico (1895), foi à primeira obra 
exclusivamente metodológica e voltada para a investigação sistemática. E foi na obra O Suicídio: 
estudo de sociologia que Durkheim manipulou as variáveis e dados empíricos utilizando a 
estatística como instrumento de análise, tornando sua obra um modelo no campo das ciências 
sociais e uma demonstração cientí� ca de como fazer um estudo sociológico. 
 Para Durkheim, a principal preocupação intelectual da sociologia é o estudo dos 
fatos sociais, os aspectos da vida social que moldam nossas ações como indivíduos, sendo que 
cada sociedade têm uma realidade própria, um modo de agir, pensar ou sentir. Os fatos sociais 
exercem um caráter condicionante sobre as pessoas, elas seguem os fatos sociais livremente e 
acreditando que, desse modo, estão agindo por escolha própria. 
O fato social é reconhecível pelo poder de coerção externa que exerce ou é 
suscetível de exercer sobre os indivíduos; e a presença deste poder é reconhecível, 
por sua vez, seja pela existência de alguma sanção determinada, seja pela 
resistência que o fato opõe a qualquer empreendimento individual que tenda 
a violenta-lo. Todavia, podemos de� ni-lo também pela difusão que apresenta 
no interior do grupo, desde que, de acordo com as precedentes observações, 
se tenha o cuidado de acrescentar como característica segunda e essencial que 
ele existe independentemente das formas individuais que toma ao se difundir. 
Nalguns casos, este último critério é até mesmo mais fácil de aplicar do que 
o anterior. Com efeito, a coerção é fácil de constatar quando ela se traduz no 
exterior por qualquer reação direta da sociedade, como é o caso em se tratando 
do direito, da moral, das crenças, dos usos, e até das modas. Mas, quando não 
é senão direta, como a que exerce uma organização econômica, não se deixa 
observar com tanta facilidade (RODRIGUES, 2002, p. 49).
Para Durkheim os fatos sociais são difíceis de estudar, para tanto, é preciso abandonar os 
preconceitos e ideologias, ter uma mente aberta às evidências e livre das ideias preconcebidas. 
Para ele, deveríamos observar os fatos como eles realmente são, e buscar desenvolver os conceitos 
e valores que expressam a natureza da vida social. 
A obra de Durkheim, O suicídio: estudo de sociologia (1952), de� ne o suicídio como 
um fato social que só poderia ser explicado por outros fatos sociais. E, embora essas pessoas 
sejam consideradas como indivíduos que estão exercendo o livre arbítrio, elas são in� uenciadas 
e seguem os modelos e padrões sociais da sociedade em que estão inseridas. 
O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, com um milhão de óbitos por 
ano, cerca de 16 óbitos por 100.000 habitantes, tornando-se um importante problema de saúde 
pública. Desde 1960, as taxas de suicídio no Brasil têm contribuído com a situação epidemiológica, 
sendo registrada como a terceira causa de óbito por fatores externos identi� cados: homicídio 
(36,4%), óbitos relacionados ao trânsito (29,3%) e suicídio (6,8%) (MACHADO; SANTOS, 2015). 
No Brasil, o suicídio é um problema de saúde pública, as maiores causas de suicídio são 
enforcamento, lesão por armas de fogo e autointoxicação intencional por pesticidas, equivalente 
a 80% dos casos aproximadamente. A mortalidade mais elevada se encontra na região Sul e o 
maior crescimento percentual da taxa se encontra na região Nordeste, seguindo a tendência 
mundial de que os homens são três vezes mais propensos do que as mulheres a cometer suicídio 
(MACHADO; SANTOS, 2015). 
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Figura 7 – Suicídio no Brasil. Fonte: Fiocruz/MS (2016).
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TEORIA DO DESVIO DE DURKHEIM
Durkheim, nos seus estudos, argumentou que não existe nada inerentemente des-
viante ou criminoso em qualquer ato. Para entender como a sociedade responde 
ao ato praticado: “Não podemos dizer que uma ação abala a consciência comum 
porque é criminosa, e sim que é criminosa porque abala a consciência comum”. 
Ou seja, nada é criminoso ou digno de condenação, a menos que decidamos que 
é. 
Assim, toda sociedade identifi ca os criminosos, em nome da ordem social. Sem-
pre haverá alguns que cruzam os limites e sofrerão sanções dentro do grupo, para 
o bem da sociedade. Entretanto, Durkheim introduziu um novo conceito: anomia, 
um estado de ausência de normas, que pode ocorrer em momentos de revolução 
ou desordens sociais.
Sobre Anomia leia o texto e assista ao vídeo do professor das Neves Bodart, dou-
tor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), no link: <https://www.
cafecomsociologia.com/>.
O estudo de Durkheim sobre as taxas de suicídio
Ao analisar as estatísticas ofi ciais de suicídio na França, Durkheim observou que 
certas categorias de pessoas eram mais prováveis de cometer suicídio do que 
outras. Ele descobriu, por exemplo, que havia mais suicídios entre os homens do 
que entre as mulheres, mais protestantes do que católicos, mais ricos do que po-
bres e mais pessoas solteiras do que casadas. Durkheim também observou que 
as taxas de suicídio tendiam a ser mais baixas em tempos de guerra e mais altas 
em épocas de mudança ou instabilidade econômica. Por que isso ocorre?
A visão de Durkheim
Essas observações levaram Durkheim a concluir que existem forças sociais exter-
nas ao indivíduo que afetam as taxas de suicídio. Ele relacionou a sua explicação 
à ideia de solidariedade social e a dois tipos de vínculos dentro da sociedade 
– integração social e regulação social. Durkheim argumentava que as pessoas 
que eram bastante integradas em grupos sociais e cujos desejos e aspirações 
eram regulados por normas sociais, eram menos prováveis de cometer suicídio. 
Ele identifi cou quatro tipos de suicídio, segundo a presença ou ausência relativas 
de integração e regulação.
Os suicídios egoístas são marcados por pouca integração na sociedade e ocor-
rem quando o indivíduo está isolado ou quando seus laços com o grupo estão 
enfraquecidos ou rompidos. Por exemplo, as baixas taxas de suicídio entre os 
católicos podem ser explicadas pela força da sua comunidade social, ao passo 
que a liberdade pessoal e moral dos protestantes signifi ca que eles “estão sós” 
perante Deus. 
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O casamento protege contra o suicídio, integrando o indivíduo em uma relação so-
cial estável, enquanto as pessoas solteiras permanecem mais isoladas na socie-
dade. A baixa taxa de suicídio durante os períodos de guerra, segundo Durkheim, 
pode ser considerada um sinal de maior integração social ante um inimigoexter-
no.
O suicídio anômico é causado pela falta de regulação social. Com isso, Durkheim 
estava se referindo às condições sociais da anomia, quando as pessoas fi cam 
“sem normas” como resultado de mudanças rápidas ou instabilidade na socie-
dade. A perda de um ponto fi xo de referência para normas e desejos – como em 
épocas de turbulência econômica ou em disputas pessoais, como o divórcio – 
pode desestabilizar todo o equilíbrio entre as circunstâncias das pessoas e seus 
desejos.
O suicídio altruísta ocorre quando um indivíduo está “integrado demais” – os la-
ços sociais são fortes demais – e valoriza a sociedade mais do que a si mesmo. 
Nesse caso, o suicídio se torna um sacrifício pelo “bem-maior”. Os pilotos kami-
kazes japoneses ou “homens-bomba” islâmicos são exemplos de suicídios altru-
ístas. Durkheim considerava isso característico de sociedades tradicionais, onde 
prevalece a solidariedade mecânica.
O último tipo de suicídio é o suicídio fatalista. Embora Durkheim considerasse 
esse tipo de pouca relevância contemporânea, ele acreditava que resulta quando 
o indivíduo é regulado excessivamente pela sociedade. A opressão do indivíduo 
resulta em um sentimento de impotência ante o destino ou a sociedade. As taxas 
de suicídio variam entre as sociedades, mas apresentam padrões regulares den-
tro das sociedades ao longo do tempo. Durkheim entendia isso como evidência 
de que existem forças sociais consistentes que infl uenciam as taxas de suicídio. 
Uma análise das taxas de suicídio revela como é possível detectar padrões so-
ciais gerais em atos individuais (GIDDENS, 2012, p. 27-28).
3 - NÃO SOMOS IGUAIS: DIVERSIDADE CULTURAL
“Sempre que você estiver no lado da maioria, é hora de parar e re� etir” (Mark 
Twain).
Você já parou para observar as pessoas que estão ao nosso redor? Na sala de aula ou 
andando nas ruas, qual a primeira ideia que vem à cabeça? “Como elas são diferentes”. Cada 
pessoa tem uma aparência única, um modo de falar, os seus gestos próprios, uma maneira de 
vestir e andar, é um “tipo diferente de ser”.
Para entender a sociedade e as pessoas com quem convivemos, temos que estudar 
Sociologia, uma ciência que pode fornecer preciosas informações, ajudar a desenvolver um novo 
entendimento sobre a sociedade e as pessoas. Esta ciência tem por objetivo estudar a interação 
social dos seres vivos e diferentes níveis de organização da vida.
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Para todos aqueles que acham que viver a vida de maneira mais consciente vale a 
pena, a sociologia é um guia bem-vindo. Embora repouse em constante e intima 
conversação com o senso comum, ela procura ultrapassar suas limitações abrindo 
possibilidades que poderiam facilmente ser ignoradas. Quando aborda e desa� a 
nosso conhecimento partilhado, a sociologia nos incita e encoraja a reacessar 
nossas experiências, a descobrir novas possibilidades e a nos tornar, a� nal, mais 
abertos e menos acomodados à ideia de que aprender sobre nós mesmos e os 
outros leva a um ponto � nal, em lugar de constituir um processo dinâmico e 
estimulante cujo objetivo é a maior compreensão. Pensar sociologicamente pode 
nos tornar mais sensíveis e tolerantes em relação à diversidade, daí decorrendo 
sentidos a� ados e olhos abertos para novos horizontes além das experiências 
imediatas, a � m de que possamos explorar condições humanas até então 
relativamente invisíveis (BAUMANN; MAY, 2010, p. 25). 
O primeiro passo é o mais desa� ador: olhar as pessoas sem estabelecer rótulos, 
preconceitos ou criar estereótipos. Para isso, a sociologia desenvolveu formas de investigação, 
um guia para a imaginação sociológica que pode promover uma maior compreensão dos outros. 
“Praticar a sociologia” é fazer um exercício de observação, uma re� exão sobre a vida, que pode 
transformar as pessoas e torná-las mais sensíveis e tolerantes em relação à diversidade cultural. 
3.1. Metodologia: Imaginação Sociológica
Como utilizar a imaginação sociológica? A imaginação sociológica é uma maneira de 
analisar a sociedade, foi desenvolvido pelo sociólogo norte americano Charles Wright Mills 
(1916-1962). O ponto de partida desta “imaginação” é a ideia que o indivíduo só pode entender 
sua própria experiência e avaliar o seu destino quando consegue se localizar no seu contexto 
histórico e cultural. Isto signi� ca desenvolver uma visão total da sociedade e de todos os elementos 
que fazem parte do cotidiano. 
Desta maneira, a imaginação sociológica obriga a olhar para as pessoas ou situações do 
dia a dia de uma maneira diferente daquela sair do habitual e observar, precisamos constituir um 
novo olhar, uma perspectiva mais ampla. Aprender a pensar de maneira sociológica, segundo 
Giddens (2012), é se libertar das circunstâncias pessoais, o que exige o afastamento dos nossos 
pensamentos e rotinas.
A imaginação sociológica nos permite ver que muitos fatos que parecem dizer 
respeito apenas ao indivíduo na verdade re� etem questões mais amplas. O 
divórcio, por exemplo, pode ser um processo muito difícil para alguém que 
passa por um - o que Mills chama de um “problema pessoal”. Porém, o divórcio 
também é uma “questão pública” importante em muitas sociedades ao redor do 
mundo. Na Grã-Bretanha, mais de um terço de todos os casamentos acaba em 
divórcio dentro de 10 anos. O desemprego, para usar mais um exemplo, pode 
ser uma tragédia pessoal para alguém que perde o emprego e não consegue 
encontrar outro. Ainda assim, ele vai muito além da questão do desemprego 
privado quando milhões de pessoas em uma sociedade se encontram na 
mesma situação: é uma questão pública que expressa grandes tendências sociais 
(GIDDENS, 2012, p. 21).
Conforme os dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística 
(IBGE, 2014), o divórcio cresceu mais de 160% em 10 anos no Brasil. Isto gera uma temática de 
investigação em que os sociólogos buscam entender e dar respostas sobre esse fenômeno social, 
que atinge as famílias e a organização social brasileira.
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Figura 8 – Divórcio no Brasil. Fonte: IBGE (2010).
Os casamentos diminuem e os divórcios aumentam, o que acaba contribuindo para a 
redução nacional de nascimentos. Os dados do censo do IBGE informam que os registros de 
nascimento caíram pela primeira vez desde 2010.
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Figura 9 – Nascimentos no Brasil. Fonte: AGÊNCIAIBGE (2017).
Mills (1975) alerta que as nossas escolhas são moldadas pela nossa vivência cotidiana 
com os familiares e amigos. Somos in� uenciados pelas nossas rotinas e, muitas vezes, temos 
a sensação de estarmos aprisionados a elas. Por isso utilizarmos as ferramentas das Ciências 
Sociais, a sociologia para entendermos as transformações sociais e responder às perguntas sobre 
a sociedade em que vivemos. A partir dos questionamentos e investigações propostas pelas 
Ciências Sociais desenvolveremos uma re� exão crítica e um olhar plural em relação à sociedade 
em que vivemos. Não temos todas as respostas, nos faltam muitas informações e, conforme 
os resultados apresentados pelos sociólogos, somos in� uenciados por nossa cultura e valores 
pessoais, como a� rma Mills:
É por isso, em suma, que por meio da imaginação sociológica os homens 
esperam, hoje, perceber o que está acontecendo no mundo, e compreender o que 
está acontecendo com eles, como minúsculos pontos de cruzamento da biogra� a 
e da história, dentro da sociedade. Em grande parte, a visão autoconsciente 
que o homem contemporâneo tem de si, considerando-se pelo menos um 
forasteiro, quando não um estrangeiro permanente, baseia-se na compreensão 
da relatividade social e da capacidade transformadora da história. A imaginação 
sociológica é a forma mais frutífera dessa consciência. Usando-a,homens cujas 
mentalidades descreviam apenas uma série de órbitas limitadas passam a sentir-
se como se subitamente acordassem numa casa que apenas aparentemente 
conheciam. Certo ou não, com frequência passam a sentir que não podem 
proporcionar-se súmulas adequadas, análises coesas, orientações gerais. As 
decisões anteriores, que pareciam sólidas, passam a ser, então, como produtos de 
uma mente inexplicavelmente fechada. Sua capacidade de surpresa volta a existir. 
Adquirem uma nova forma de pensar, experimentam uma transavaliação de 
valores: numa palavra, pela sua re� exão e pela sua sensibilidade, compreendem 
o sentido cultural das Ciências Sociais (MILLS, 1975, p. 14). 
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A compreensão da realidade social e dos con� itos que enfrentamos é a condição necessária 
para se situar e entender também a humanidade. Para isso, precisamos estudar a história do 
desenvolvimento do pensamento sociológico, desde o seu início e, assim, conferir sentido aos 
fatos sociais que observamos. Na prática, é aplicar a imaginação sociológica, perguntando: quais 
foram às primeiras perguntas e temas investigados pelos sociólogos? O que eles descobriram e 
qual foi o impacto social das suas investigações na transformação ou melhorias alcançadas pela 
sociedade?
A VIDA É MUITO MAIS QUE A CIÊNCIA
O professor entrou em sala, primeira aula de química, e escreveu no quadro “H2O”. 
E perguntou “O que é isso?”. A meninada respondeu, ansiosa por mostrar o que 
sabia: “É água”. Aí o professor escreveu a mesma fórmula numa folha de papel, 
colocou dentro de um copo e lhes ofereceu, dizendo: “Então bebam...”.
Não, ciência não é vida. Da mesma forma que H2O não é água. Na ciência a gente 
só lida com coisas faladas e escritas, hipóteses, teorias, modelos, que a nossa ra-
zão inventou. A vida, ela mesma, fi ca um pouco mais além das coisas que falamos 
sobre elas.
A vida é muito mais que a ciência. Ciência é uma coisa entre outras, que empre-
gamos na aventura de viver, que é a única coisa que importa. É por isso que, além 
da ciência, é preciso a sapiência, ciência saborosa, sabedoria, que tem a ver com 
a arte de viver. Porque toda ciência seria inútil se, por detrás de tudo aquilo que 
faz os homens conhecerem, eles não se tornassem mais sábios, mais tolerantes, 
mais mansos, mais felizes, mais bonitos... Ciência: brincadeira que pode dar pra-
zer, que pode dar saber, que pode dar poder. 
Fonte: MARCELINO, N. C. (org.). Introdução às Ciências Sociais. São Paulo, Cam-
pinas: Papirus, 2013, p. 15.
SOCIOLOGIA CLÍNICA
A sociologia aplicada visa produzir mudanças práticas na organização social e 
no comportamento humano, ela busca encontrar soluções para os problemas so-
ciais, como a violência urbana e a criminalidade. O que levou os sociólogos a cria-
rem a especialidade da Sociologia Clínica. Que procura escutar as pessoas con-
siderando as dimensões afetiva e existencial, se propõe a intervir em situações 
para promover melhorias na qualidade de vida e transformar a maneira como os 
sujeitos se relacionam com as condições objetivas e com o peso de suas histórias 
pessoais.
Para saber mais acesse o artigo: A sociologia clínica no Brasil
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.20336/rbs.239>.
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O fi lme retrata como era a vida na sociedade ame-
ricana, após a crise econômica de 1929. Chaplin 
faz uma crítica aos modos de produção da socie-
dade industrial, em que as máquinas começam 
a substituir a força humana. Momento que não 
existia identifi cação do trabalhador com o seu 
trabalho ou com a mercadoria que ele produzia, 
fazendo que os homens tivessem que se ajustar 
ao novo ritmo, trabalhando mais horas a uma ve-
locidade cada vez maior.
O personagem de Carlitos vive a condição do ope-
rário que tenta se adaptar, ele se depara com a 
esteira de produção que aumenta o ritmo de pro-
dução constantemente. Tornando confl ituosa a 
relação de produção entre homem-máquina, ele 
acaba sendo engolido pela máquina e, quando 
volta, é na condição de insanidade, sabotando a 
produção e insurgindo contra o patrão, até ser in-
ternado e considerado um louco.
Figura 10 - Cartaz do Filme: Tem-
pos Modernos. Fonte: Adorocine-
ma (2018).
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Ciências Socias precisam continuar a serem éticas e desenvolverem pesquisas voltadas 
às necessidades da humanidade, privilegiando o diálogo e a comunicação. Nossa responsabilidade 
moral é não fechar os olhos para as situações con� ituosas, mas, sim, buscar soluções para todos os 
con� itos. Por isso, o estudo das Ciências Sociais é fundamental para o entendimento e a solução 
de todas as contendas.
Ela é uma contribuição à civilização, oferecendo orientação nas nossas escolhas, na 
nossa jornada. Para isso, precisamos estar prontos para o diálogo permanente, saber aplicar a 
imaginação sociológica com as experiências e contatos que estabelecemos no nosso cotidiano, 
sempre olhar os “outros” de forma respeitosa e amigável. A sua função principal é continuar 
estabelecendo o diálogo, manter o intercâmbio contínuo entre as experiências humanas, o senso 
comum e as pesquisas desenvolvidas. Temas que serão melhor abordados na próxima unidade.
Bons estudos!
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UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................23
1 - SOCIEDADE E CULTURA ....................................................................................................................................24
2 - O ETNOCENTRISMO ..........................................................................................................................................26
2.1. PRECONCEITO E RACISMO NO BRASIL ........................................................................................................27
3 - OS DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................................................30
4 - CONSIDERAÇÕES .............................................................................................................................................35
SOCIEDADE E CULTURA
PROF. ME. MARCOS EDUARDO PINTINHA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CIÊNCIAS SOCIAIS
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INTRODUÇÃO
“A função da sociologia, como de todas as ciências, é revelar o que está oculto” 
(Pierre Bourdieu).
Hoje, existem vários signi� cados e conceitos sobre cultura, a nossa re� exão principal, 
nesta unidade, é entender a diversidade cultural, algo que não passa só pela aparência. Ao 
olharmos para a cultura do “outro”, o que identi� co como diferente pode chamar a minha atenção 
e causar “estranhamento”, não possibilitando a compreensão da cultura do “outro” que aparenta 
ser tão diferente da minha!
Quando questionamos os elementos culturais de uma determinada sociedade, 
descobrimos que não existe um padrão único que de� ne o que é certo ou errado, melhor ou pior 
para cada grupo, como Rocha (1993) esclarece: a verdade está mais no olhar de quem observa, 
do que a cultura que está sendo observada. 
Isso porque cada grupo tem elementos intrínsecos à sua formação, escolhendo e 
organizando variados formatos para a vida social. Assim, a cultura pode ser apresentada como 
“[...] uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes 
diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas” (LARAIA, 2015, p. 67). 
Dependendo da cultura na qual estamos inseridos, aprendendo e nos adaptando, essa 
será a maneira de nos comportarmos, o modo de vida, a forma de comunicação, os alimentos 
que utilizamos no dia a dia e até a forma que expressamos os nossos sentimentos e valores,tudo 
será normal e natural. 
Pouco a pouco, passamos por um processo de socialização, ajustando cada vez mais o 
nosso comportamento aos padrões culturais da sociedade em que estamos inseridos. Desde a 
nossa origem e por toda a vida, incorporamos os elementos culturais do nosso grupo e assumindo 
como válidos para nossa sobrevivência. 
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1 - SOCIEDADE E CULTURA
“Não pode haver paz enquanto houver pobreza opressiva, injustiça social, 
desigualdade, opressão, degradação ambiental e enquanto os fracos e os 
pequenos continuam a ser pisoteados pelos fortes e poderosos” (Dalai Lama).
Quando nascemos, não somos nós que escolhemos os valores culturais que incorporamos. 
A partir do momento que crescemos, aprendemos o idioma, a alimentação e, sozinhos, tomamos 
conta da nossa higiene. Estamos agindo conforme as regras e valores estabelecidos como válidos 
para nosso grupo. A criança recebe a educação dos pais, ela é moldada conforme as características 
culturais do grupo que vive, na família, na escola, e acontece o processo de endoculturação, que 
pode ser muito lento, mas se estende por toda a vida (MELLO, 2000). 
Pensar o nosso dia a dia, a nossa atitude mais simples, é descobrir que desde o momento 
em que acordamos, os nossos gestos e comportamentos são os re� exos, a verdade do nosso 
grupo: nós tomamos banho e escovamos os dentes, nos vestimos e tomamos o café e saímos para 
trabalhar ou estudar... Todos esses elementos culturais fazem parte da nossa vida, mas podem ser 
considerados muito estranhos para o grupo dos “outros”. 
Ocorre um processo de aprendizagem, desde o nascimento sofremos os impactos da 
endoculturação, veja o exemplo:
Tomemos um bebê francês, nascido na França, de pais franceses, descendentes 
estes, através de numerosas gerações, de ancestrais que falavam francês. 
Con� emos esse bebê, imediatamente depois de nascer, a uma pajem muda, com 
instruções para que não permita que ninguém fale com a criança ou mesmo veja 
durante a viagem que a levará pelo caminho mais direto ao interior da China, Lá 
chegando, entrega ela o bebê a um casal de chineses, que o adotam legalmente, 
e o criam como seu próprio � lho. Suponhamos agora que se passem três, dez ou 
trinta anos. Será necessário debater sobre que língua falará o jovem ou adulto 
francês? Nem uma só palavra de francês, mas o puro chinês, sem um vestígio de 
sotaque, e com � uência chinesa e nada mais (KROEBER, 1949, apud LARAIA, 
2015, p. 43).
 Ao re� etir sobre a diversidade cultural, Laraia (2015) chama a nossa atenção para o 
determinismo biológico (ou genético) e o determinismo geográ� co (ou ambiental). Ainda hoje é 
comum encontrar, na sociedade, pessoas que atribuem capacidades inatas aos grupos humanos, 
sendo que, o que descobrimos é que qualquer criança normal pode ser educada em qualquer 
sociedade, se for colocada desde o início, como o exemplo que foi apresentado, no caso da criança 
francesa.
Sobre o determinismo biológico (ou genético) ele a� rma que “[...] um menino e uma 
menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma 
educação diferenciada” (LARAIA, 2015, p. 20). Isso é perceptível logo no início da vida, no caso 
dos brinquedos já separados entre aqueles que são de meninas, como bonecas e casinhas, e 
aqueles que são para os meninos, como a bola e o carrinho.
No período das grandes navegações e conquista das Américas, foi o determinismo 
geográ� co (ou ambiental) que fundamentou as observações sobre a diversidade cultural, eles 
explicavam que as diferenças do ambiente físico condicionavam a semelhança ou diversidade 
cultural. Teoria esta que foi abandonada a partir do trabalho de campo dos estudiosos, pois 
descobriram que era possível existir diferenças culturais entre grupos, os quais compartilhavam 
o mesmo ambiente físico.
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O exemplo de diferença cultural existe entre os grupos humanos dos esquimós e dos 
lapões, os dois vivem na calota polar e enfrentam o inverno rigoroso. Entretanto, cada grupo vive 
de forma distinta, enquanto os esquimós constroem suas casas com iglus, cortando blocos de neve 
em formato de colmeia, os lapões vivem em tendas de peles de rena e quando desejam mudar, 
levam todos seus pertences junto com suas casas. E os esquimós quando mudam abandonam 
suas casas, os iglus, levando apenas os seus pertences pessoais (LARAIA, 2015). 
uns dos outros, para elaborar costumes, línguas, modos de conhecimento, 
instituições, jogos profundamente diversos: pois se há algo natural nessa 
espécie particular que é a espécie humana, é sua aptidão à variação cultural 
(LAPLANTINE, 2005, p. 22).
Outra característica importante dos seres humanos é a capacidade de adaptação nas mais 
diversas regiões, o que podemos chamar de aptidão a variação cultural, ou seja, qualquer pessoa 
pode mudar de uma região para outra e conseguir se adaptar a outra cultura, diferente da sua, 
passando por um processo de socialização. 
Nós precisamos da cultura para sobreviver. É a cultura compartilhada que faz a mediação 
entre os indivíduos e a natureza e nos permite trabalhar juntos, 
[...] consiste em tudo o que nós, seres humanos, criamos ao estabelecer nossas 
relações com a natureza e os outros. Ela inclui linguagem, conhecimento, 
criações materiais e regras de comportamento. Em outras palavras, ela engloba 
tudo o que dizemos, sabemos, produzimos e fazemos em nossos esforços para 
sobreviver e prosperar (WITT, 2016, p. 48).
É importante destacar que a sociedade normalmente estabelece um padrão de 
comportamento e interação social, o que signi� ca que ela restringe o tipo de cultura que 
construímos. Na prática, veri� camos que algumas maneiras de agir são mais aceitáveis do que 
outras, a sociedade estabelece uma regra como válida, a ponto de ser aceita por uma maioria e 
poder ser imposta como uma lei, uma regra válida para todos os membros do grupo social. 
Outra forma de perceber a diversidade cultural é quando viajamos e nos defrontamos 
com a cultura de outro país. Pode ser considerada exótica e muito diferente da nossa. O que nos 
leva a perceber que as escolhas culturais variam muito, entre cada sociedade.
Métodos de ensino, cerimônias de casamento, doutrinas religiosas e outros 
aspectos da cultura são aprendidos e transmitidos pela interação humana 
dentro de sociedades especí� cas. Na Índia, os pais estão acostumados a arranjar 
o casamento para seus � lhos; no Brasil, eles normalmente deixam as decisões 
conjugais para os � lhos. Quem morou a vida inteira no Cairo considera natural 
falar árabe; quem morou em Bueno Aires se sente da mesma forma com relação 
ao espanhol (WITT, 2016, p. 49). 
Devemos valorizar a diversidade, respeitar e interagir com as outras culturas abertamente, 
para que todas as pessoas na sociedade tenham os seus direitos respeitados. O que só será possível 
se garantirmos o debate e o diálogo aberto, entre todos os diferentes grupos culturais, evitando, 
assim, a atitude etnocêntrica, o agir de forma intolerante e preconceituosa. 
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Resumidamente, isso signifi ca que cada homem possui uma concepção e desen-
volve respostas diferentes sobre a sociedade e o mundo onde habita. Uma visão 
diferente, sobre todas as coisas e o seu próprio futuro. Não é mais aceita uma 
explicação única ou “verdade acabada” sobre os acontecimentos e fatos sociais. 
Agora, o que existe são várias formas de representação ou tentativas de explicar 
a nossa realidade. O que obriga a ciência a desenvolver um olhar mais específi co 
sobre cada cultura, cada grupo e cada indivíduo, e obriga todos nós a questionar-
mos cada vez mais aquela “explicação universal e europeia” que aprendemos na 
escola sobre à história dahumanidade. 
2 - O ETNOCENTRISMO
“Você nunca entende realmente uma pessoa até considerar as coisas do ponto de 
vista dela... até entrar na pele dela e andar por aí nessa pele” (Harper Lee).
Para Everardo Rocha (1993), o etnocentrismo é uma visão de mundo em que o nosso 
próprio grupo, o grupo do “EU”, é tomado como centro de tudo, e todos os outros, que são 
diferentes do nosso grupo, acabam sendo pensados e sentidos através dos nossos valores, modelos 
e de� nições do que valorizamos para a nossa existência. 
A atitude etnocêntrica é uma constatação da nossa di� culdade, tanto emocional como 
intelectual, de pensarmos as nossas diferenças, causando uma reação de estranheza, medo e 
hostilidade entre os grupos que possuem culturas e valores muitos diferentes. 
Como uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência 
de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” 
grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas 
do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, 
distribui o poder da mesma forma, empresta à vida signi� cados em comum e 
procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então de repente, nos 
deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz 
coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos 
como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, 
gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe. Este 
choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. 
Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque 
fere nossa própria identidade cultural (ROCHA, 1993, p. 8-9). 
Ocorre um julgamento pré-concebido do valor da cultura do “outro” nos termos da cultura 
do grupo do “eu”, o que signi� ca que o “outro” é humilhado e ridicularizado por ser diferente. 
Apesar das grandes diferenças culturais entre os grupos humanos, hoje em dia, a maioria dos 
cientistas defendem a existência de uma única espécie humana, em que estão agrupados todos 
os seres humanos. 
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Figura 1 – O olhar etnocêntrico do “outro”. Fonte: Learning Journal (2012).
Apesar dos con� itos que separam as pessoas, nós devemos optar sempre por buscar 
elementos que possam contribuir para a tolerância, respeitar os outros e evitar julgar e rotular as 
pessoas. Para contrapor a atitude etnocêntrica podemos utilizar a ideia da relativização, signi� ca 
compreender a cultura do outro a partir dos seus próprios valores e não os nossos. “Relativizar 
é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas 
vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença” (ROCHA, 1993, p. 20).
Estas mudanças começam através do nosso modo de olhar o mundo e as outras pessoas, 
enxergar os outros de forma respeitosa, eliminando todas as rixas e preconceitos. Não podemos 
acreditar que a nossa cultura é o centro do universo, o único pensamento válido. Essa crença 
impede o contato e afasta os outros, para entendermos a nossa cultura precisamos nos espiar, 
fazer o exercício de enxergar os nossos gestos mais comuns.
 
Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós 
mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa 
inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente 
reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única 
(LAPLANTINE, 1988, p. 21).
O que signi� ca que não existe uma cultura melhor ou pior que a outra, uma superior e 
outra inferior, mas simplesmente que elas são diferentes umas das outras. Essa “revolução do 
olhar” (LAPLANTINE, 1988, p. 22) nos faz entender que as diferenças não são apenas diferenças, 
mas uma escolha de viver de certa maneira.
2.1. Preconceito e Racismo no Brasil
Como diz o provérbio popular: “há um pouco de navio negreiro em cada camburão”. É 
só lembrar a história do Brasil e resgatar as informações sobre as formas de violência e punições 
aplicadas no tratamento aos indígenas e negros, a partir do século XV na época da colonização 
portuguesa, isso deveria nos fazer re� etir sobre o preconceito e o racismo no Brasil.
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Entretanto, ainda hoje, muitos acreditam que “não existe racismo no Brasil”. A temática 
racial, no Brasil, apresenta uma grande complexidade, ocorre de forma velada, onde os indígenas 
e os negros aparecem de forma delimitada na história, apenas no período colonial da conquista 
portuguesa e escravidão do Brasil.
Figura 2 - Atlas da violência 2018. Fonte: SOS Corpo (2018).
Não é possível imaginar que ainda existem pessoas que acreditam que o lugar de negro 
é só no samba e no futebol. Isso é uma atitude etnocêntrica, quando desquali� camos o grupo 
dos “outros” por causa da sua aparência ou das diferenças culturais. O racismo “à brasileira” está 
repleto de ambiguidades, podemos veri� car que ele se a� rma na negação. “Em outras palavras: 
uma estratégia de dominação racial que foi hegemônica no Brasil era a a� rmação de que não 
existiria racismo no país” (SILVA; ARAÚJO, 2011, p. 489). 
As representações sobre a formação cultural brasileira se cristalizaram no imaginário 
popular, reproduzindo imagens falsas sobre os grupos humanos, atribuindo valores a alguns e 
desquali� cando outros.
São velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades especí� cas inatas a 
“raças” ou a outros grupos humanos. Muita gente ainda acredita que os nórdicos 
são mais inteligentes do que os negros; que os alemães têm mais habilidade para 
a mecânica; que os judeus são avarentos e negociantes; que os norte-americanos 
são empreendedores e interesseiros; que os portugueses são muito trabalhadores 
e pouco inteligentes; que os japoneses são trabalhadores, traiçoeiros e cruéis; que 
os ciganos são nômades por instinto; e, � nalmente, que os brasileiros herdaram 
a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria dos portugueses 
(LARAIA, 2015, p. 17).
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Esse pensamento já foi superado pela ciência há muito tempo. Os pesquisadores a� rmam 
que o comportamento dos indivíduos depende do aprendizado, de um processo que podemos 
chamar de endoculturação. Não é pela cor da pele ou pela cor do cabelo que podemos explicar 
as diferenças de comportamento ou a capacidade intelectual das pessoas. Como exemplo, na 
televisão é comum as piadas e quadros humorísticos que apresentam o estereótipo da mulher 
como “loira burra”. 
As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em 
termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo 
seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com 
suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insigni� cante força física, 
dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. 
Sem asas, dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias, conquistou os 
mares. Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o único que possui 
cultura (LARAIA, 2015, p. 24). 
Quando usamos o termo “raça” para de� nir grupos de indivíduos que são diferentes entre 
si, estamos partindo da tradição cientí� ca in� uenciada pela biologia e não pelas ciências sociais. 
Foi no século XIX que os cientistas começaram investigar a ideia de que haveria deferentes “raças 
humanas” por causa das aparências diferentes: da corda pele, do tipo de cabelo, cor dos olhos e 
da estatura. Entretanto, essa teoria evolucionista foi sendo questionada e desconstruída com o 
passar do tempo,
Tais traços só têm signi� cado no interiorde uma ideologia preexistente (para 
ser preciso: de uma ideologia que cria os fatos, ao relacioná-los uns aos outros), 
e apenas por causa disso funcionam como critérios e marcas classi� catórios. Em 
suma, alguém só pode ter cor e ser classi� cada num grupo de cor se existir uma 
ideologia em que a cor das pessoas tenha algum signi� cado. Isto é, as pessoas 
têm cor apenas no interior das ideologias raciais (GUIMARÃES, 2009, p. 47. 
Grifo nosso).
No Brasil, essa construção ideológica � cou conhecida como o “mito da democracia 
racial”, transmitida nas salas de aula e que faz parte da educação brasileira, prática que procura 
amenizar e ocultar a violência do preconceito e das desigualdades sociais. Passando à ideia que 
os três grupos étnico-raciais (indígenas, negros e brancos) se miscigenaram e convivem de forma 
pací� ca e harmoniosa, desde a época da colonização até hoje.
O princípio que embasa os Direitos Humanos é aquele em que todos os indivíduos nascem 
livres e iguais em dignidade e em direitos. O contrário é a discriminação e perseguição pautadas 
na raça ou na etnia, que são violações desse princípio. Cada indivíduo é único e exclusivo, não 
possui valor de substituição ou preço, o que signi� ca que a noção de igualdade construída pela 
sociedade brasileira é abstrata e deve ser superada. 
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SER NEGRO NO BRASIL: ALCANCES E LIMITES
O artigo apresenta breves considerações sobre os conceitos de raça e de etnia 
no Brasil. Esclarece que ser negro é quem se autodeclara preto ou pardo e, para 
fi ns políticos, negra é a pessoa de ancestralidade africana, desde que assim se 
identifi que.
OLIVEIRA, F. Ser negro no Brasil: alcances e limites, estudos avançados. vol.18. n. 
50, São Paulo, jan./abr., 2004. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0103-40142004000100006>.
3 - OS DIREITOS HUMANOS
“Não quero que a minha casa seja cercada de muros por todos os lados, nem que 
as minhas janelas sejam tapadas. Quero que as culturas de todas as terras sejam 
sopradas para dentro da minha casa, o mais livremente possível. Mas recuso-me 
a ser desapossado da minha por qualquer outra” (Mahatma Gandhi).
Como veri� camos anteriormente, as relações entre os grupos sociais podem ser de 
aceitação e tolerância ou de con� ito e rejeição. Vivemos em um mundo marcado por uma 
globalização excludente, resultado não de uma fatalidade econômica, mas de uma política 
consciente e proposital que busca liberar os determinismos econômicos de todo controle e 
submeter governos e cidadãos às forças assim liberadas. Esse processo constitui 
[...] a máscara justi� cadora de uma política que visa universalizar os interesses 
e a tradição particulares das potências econômicas e politicamente dominantes, 
sobretudo os Estados Unidos, e estender ao conjunto do mundo o modelo 
econômico e cultural mais favorável a essas potências, apresentando-o ao mesmo 
tempo como norma, um tem-que ser e um fatalismo, destino universal, de modo 
a obter adesão ou, pelo menos resignação universais (BOURDIEU, 2001, p. 90).
Para Bobbio (2004) pode haver direito sem democracia, mas não há democracia sem 
direito. Os homens não nascem livres nem iguais, a liberdade e a igualdade não são um dado de 
fato, mas um ideal a conquistar. Por isso, ele alerta que o problema dos direitos humanos
[...] não é � losó� co, mas jurídico e, num sentido mais amplo, político. Não se 
trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é a sua natureza e seu 
fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas 
sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das 
solenes declarações, eles sejam continuamente violados (BOBBIO, 2004, p. 25). 
Os direitos humanos pertencem a todos os seres humanos, não importa se mulher ou 
homem. Na lei brasileira existe o princípio da igualdade, garantindo os direitos das mulheres, 
não permitindo que ocorra qualquer tipo de diferenciação entre as mulheres e os homens. 
Entretanto não é o que acontece no dia a dia, existe uma discriminação oculta contra as mulheres. 
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Na história da humanidade, em várias partes do mundo, as mulheres chegaram a ser vista 
como coisa e instrumento de deleite masculino. No Brasil, em passado não muito distante,
[...] a mulher não possuía sequer capacidade jurídica plena, tampouco o 
reconhecimento da igualdade para com os homens. Isso porque, até pouco 
tempo atrás, a ordem jurídica brasileira não reconhecia a mulher como sujeito 
de direito plenamente capaz, fato que somente ocorreu com a Lei n. 4.121, de 27 
de agosto de 1962. O “Estatuto da Mulher Casada” estabeleceu na época algumas 
conquistas para a mulher, tais como: a determinação de que ela não precisava 
mais de autorização do marido para trabalhar fora de casa; que poderia receber 
herança; comprar ou vender imóveis; assinar documentos e mesmo viajar 
(GUERRA, 2013, p. 228).
Pensar os Direitos Humanos e dizer que tudo gira, assim, em torno do homem e sua 
eminente posição no mundo. O que foi fundamentado pela justi� cativa cientí� ca da dignidade 
humana, ela sobreveio com a descoberta do processo de evolução dos seres vivos, na obra de 
Charles Darwin,
Figura 4 - Direitos Humanos. Fonte: Ziraldo (2008).
O primeiro regime de seguro social surgiu no � nal do século XIX, na Alemanha do 
período Bismark, para proteger os funcionários do Estado, porém, contava com a participação 
contributiva de trabalhadores, empregadores e do próprio Estado. Já na primeira metade do 
século XX, a reforma social inglesa, baseada no Relatório Beveridge de 1942, “[...] estabeleceu 
políticas integradas de proteção sociais públicas e universais, isto é, � nanciadas pelo Estado 
e aplicáveis a todos os cidadãos, independentemente da sua inserção pro� ssional ou laboral” 
(CASTRO; RIBEIRO, 2006, p. 21). 
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Em A Era Dos Direitos, Bobbio (2004, p. 25) assinala a importância de se tratar os direitos 
humanos como construções históricas, que nascem em determinadas circunstâncias e, por isso, 
não surgem “todos de uma vez e nem de uma vez por todas”. Coadunando-se às ideias de Silva 
(2009, p. 6), também é necessário que haja um equilíbrio entre o estudo dos direitos humanos nos 
âmbitos nacional e internacional, ao invés de dar primazia à ótica do direito internacional, “[...] 
porque o sistema internacional de proteção carece de sistemas nacionais e� cazes e adequados, até 
como uma das estratégias de prevenção de violação destes direitos”. Logo, os direitos humanos 
necessitam reformular suas teorias e conceitos, constantemente, para acompanhar as mudanças 
que a sociedade impõe. Bobbio (2004, p. 88-89) a� rma que 
[...] a doutrina dos direitos do homem nasceu da � loso� a jusnaturalista, a qual 
– para justi� car a existência de direitos pertencentes ao homem enquanto tal, 
independente do Estado – partira da hipótese de um estado de natureza, onde os 
direitos do homem são poucos e essenciais: o direito à vida e à sobrevivência, que 
inclui também o direito à propriedade; e o direito à liberdade, que compreende 
algumas liberdades essencialmente negativas. [...] A hipótese do estado de 
natureza era uma tentativa de justi� car racionalmente, ou de racionalizar, 
determinadas exigências que se iam ampliando cada vez mais; num primeiro 
momento, durante as guerras de religião, surgiu a exigência da liberdade de 
consciência contra toda forma de imposição de uma crença; e, num segundo 
momento, na época que vai da Revolução Inglesa à Norte Americana e à 
Francesa, houve a demanda de liberdades civis contra toda forma de despotismo. 
O estado de natureza era uma � cção doutrinária, que devia servir para justi� car, 
como direitos inerentes à própria natureza do homem, exigências deliberdade 
provenientes dos que lutavam contra o dogmatismo das Igrejas e contra o 
autoritarismo dos Estados.
 Os direitos sociais, na categoria de direitos humanos, é ideia que se desenvolveu em torno 
da noção de responsabilidade do Estado, somado ao princípio de solidariedade, que resulta nas 
políticas públicas, entre elas as políticas sociais. Desta forma, os Direitos Humanos são criações 
humanas e históricas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos trouxe para o âmbito o� cial 
a necessidade de se pensar sempre nos menos afortunados, o que in� uenciou a legislação de 
vários países.
O Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social, foi o modelo econômico que mais expandiu 
no momento pós Segunda Guerra Mundial (pós-1945) sendo, porém, mais efetivo em países 
desenvolvidos. Incentivado pela industrialização, marcado pela forte capacidade redistributiva 
e compensatória, capacidade esta que possibilitou o Estado a responder às demandas da classe 
trabalhadora. O número de políticas sociais neste período aumentou, porém, eram mais voltadas 
para a “proteção” dos trabalhadores, de forma que estes estivessem adequados para corresponder 
às exigências do mercado emergente (CARINHATO, 2008).
[...] Estado de bem-estar signi� caria, então, uma proposta institucional nova de 
um Estado que pudesse implementar e � nanciar programas e planos de ação 
destinados a promover os interesses sociais coletivos dos membros de uma 
determinada sociedade (GOMES, 2006, p. 204).
Bauman (1998, p. 51) diz que o Estado de Bem-Estar foi criado como instrumento do 
Estado para arcar com as responsabilidades que o sistema capitalista não assumia durante sua 
corrida pelo lucro e “[...] não era concebido como uma caridade, mas como um direito do cidadão, 
e não como o fornecimento de donativos individuais, mas como uma forma de seguro coletivo”. 
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Com a crise do capital, iniciada nos anos 1970, este modelo econômico entrou em declínio 
com a reação burguesa que fazia pressões para recon� gurar o papel do Estado capitalista, nos 
anos 1980 e 1990, tendo impacto direto nas políticas sociais.
O sistema brasileiro de proteção social foi radicalmente redesenhado com a Constituição 
de 1988. No campo das políticas sociais, a nova Constituição trouxe, no Art. 194, o conceito 
de Seguridade Social, oferecendo uma rede de proteção aos riscos sociais referentes ao ciclo 
da vida, à trajetória laboral e à insu� ciência de renda. Tendo como base o tripé das políticas de 
saúde, previdência e assistência social com amplas bases de � nanciamento (CASTRO; RIBEIRO, 
2006, p. 28). 
Porém, não basta constar na Constituição para que um direito seja efetivado de fato, mas 
é necessário a sua regulamentação por meio de leis que possibilitem o acesso a tais direitos. Em 
um contexto de crise econômica, agravamento do quadro de pobreza e desigualdade, e propostas 
no cenário internacional hegemonicamente contrárias ao “[…] formato social-democrata com 
mais de 40 anos de atraso […]”, a Constituição Cidadã enfrentou e ainda enfrenta várias barreiras 
para sua efetivação. (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 147).
GARANTIR OS DIREITOS DE CADA CRIANÇA E ADOLESCENTE
Criado em 1946, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem como 
missão assegurar que cada criança e cada adolescente tenham seus direitos cum-
pridos, respeitados e protegidos. Hoje, o UNICEF está presente em 155 países.
No Brasil, o objetivo do trabalho do UNICEF no tema da equidade étnico-racial é 
assegurar que cada criança e cada adolescente negro e indígena tenham todos 
os seus direitos protegidos e garantidos nas políticas públicas. Esse objetivo tem 
como referência nacional e internacional os marcos jurídico-legais do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, da Convenção sobre os Direitos da Criança, da Conven-
ção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e da Decla-
ração e do Programa de Ação de Durban. 
A discriminação e o racismo têm levado à exclusão cerca de 30 milhões de crian-
ças e adolescentes negros e indígenas (51% do total de brasileiros com menos 
de 18 anos) e remontam a um cenário de profundas desigualdades raciais e de 
gênero historicamente determinadas no país. Cerca de 47% das crianças e dos 
adolescentes no Brasil são pobres, mas, quando analisado por raça/cor, crianças 
e adolescentes indígenas e negros são mais pobres (63% e 59%, respectivamente) 
do que os brancos e asiáticos (34% e 25%, respectivamente).
No setor educacional, crianças negras, na idade de frequentar o ensino fundamen-
tal (7 a 14), têm o dobro de chances de estar fora da escola se comparadas às 
crianças brancas e quatro vezes mais de não estudar que as crianças indígenas. 
Adolescentes indígenas e negros também estão vulneráveis à violência. No caso 
dos indígenas, a tragédia vem com o suicídio. Entre os adolescentes negros com o 
homicídio: de cada três adolescentes de 15 a 18 anos que são assassinados, dois 
são negros e um, branco.
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O UNICEF, desde 2003, trabalha com os diferentes atores na área da infância, dos 
movimentos negro e indígena e setor privado, para dar voz a essas crianças e visi-
bilidade aos desafi os a ser superados. 
Para isso, o UNICEF desenvolveu três estratégias: priorizar as dimensões raciais 
e de gênero em todas as áreas programáticas da cooperação; produzir conheci-
mentos sobre a realidade especifi ca da infância e adolescência indígena e quilom-
bola, gerando produtos concretos, como os programas de educação bilíngue para 
crianças indígenas; e contribuir para alterar práticas e comportamentos discrimi-
natórios na escola e na mídia que tenham impacto na autoestima e na identidade 
da criança.
ONU: Combatendo o racismo, promovendo o desenvolvimento. GARANTIR OS DI-
REITOS DE CADA CRIANÇA E ADOLESCENTE. p. 20. 
Disponível em: <https://brazil.unfpa.org/sites/default/fi les/pub-pdf/onu.pdf>.
Figura 5 – Filme Distrito 9. Fonte: Adoro 
Cinema (2019).
DISTRITO 9
A história é simples. Os alienígenas vivem 
em nosso planeta há 20 anos, num regime 
de confi namento próximo de uma grande 
metrópole e é objeto de profundo preconcei-
to. Diante da situação, os humanos que de-
têm o poder resolvem promover uma ação 
de despejo em massa para uma região mais 
distante. Contudo, um acidente durante a 
operação provoca uma reviravolta, transfor-
mando o algoz em vítima do próprio siste-
ma. A espinha dorsal do fi lme é costurada 
com uma narrativa em tom de documentá-
rio com imagens de uma reportagem (estilo 
câmera nas mãos) e diversos depoimen-
tos de personalidades sobre a presença de 
alienígenas no planeta Terra. Daí em diante 
você entra em contato com uma realidade 
há anos imaginada pelo homem, mas nunca 
vivenciada, diga-se de passagem, com se-
res de outro planeta. Porque com humanos, 
a experiência já existiu, existe e – infeliz-
mente – continuará existindo.
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SANTOS, J. R. O Que É Racismo? 15. ed. 
São Paulo: Brasiliense, 1998.
“A raça negra tem comportamento psico-
lógico instável e, por isso, não cria civiliza-
ção”. Alguns tentam provar que as diferen-
ças sociais são determinadas por fatores 
biológicos. Outros explicam que o racismo 
surgiu da necessidade de justifi car a agres-
são. Seria verdade? Faria o racismo parte 
da natureza humana? Neste livro, os pri-
meiros passos para a compreensão deste 
fenômeno universal, suas modalidades e 
suas implicações sociais.
Figura 6 – Livro O que é racismo. Fonte: 
Editora Brasiliense (2019).
4 - CONSIDERAÇÕES 
Essa unidade procurou desenvolver a re� exão crítica sobre “sociedade e cultura”. Para isso, 
aplicou-se a desnaturalização do olhar,

Outros materiais