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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL
Crimes contra a Pessoa – Parte I
Livro Eletrônico
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
DIREITO PENAL
Leonardo Castro
Sumário
1. Jurisprudência e Súmulas .......................................................................................................... 4
2. Homicídio ...................................................................................................................................... 6
2.1. Como Estudar o Homicídio ..................................................................................................... 6
2.2. O Homicídio e o Pacote Anticrime ........................................................................................ 6
2.3. Crimes Semelhantes ao Homicídio ...................................................................................... 7
2.4. Homicídio Simples ................................................................................................................... 9
2.5. Homicídio Privilegiado (CP, art. 121, § 1º) .......................................................................... 23
2.6. Homicídio Qualificado (CP, art. 121, § 2º) ..........................................................................24
2.7. Homicídio e Crimes Hediondos............................................................................................ 27
2.8. Homicídio Culposo................................................................................................................. 29
2.9. Ação Penal ............................................................................................................................... 30
3. Induzimento, Instigação ou Auxílio a Suicídio ou a Automutilação ............................... 30
3.1. Sujeitos Ativo e Passivo .........................................................................................................31
3.2. Consumação e Tentativa .......................................................................................................31
3.3. Elemento Subjetivo ................................................................................................................31
3.4. Meios de Execução .................................................................................................................31
3.5. Qualificadoras .........................................................................................................................31
3.6. Causas de Aumento de Pena ............................................................................................... 32
3.7. Subsidiariedade ...................................................................................................................... 32
3.8. Ação Penal ............................................................................................................................... 33
4. Infanticídio ................................................................................................................................. 33
4.1. Sujeitos Ativo e Passivo ........................................................................................................ 33
4.2. Consumação e Tentativa ......................................................................................................34
4.3. Elemento Subjetivo ...............................................................................................................34
4.4. Meios de Execução ................................................................................................................34
4.5. Ação Penal ...............................................................................................................................34
5. Aborto ..........................................................................................................................................34
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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5.1. Aborto .......................................................................................................................................34
5.2. Sujeitos Ativo e Passivo ....................................................................................................... 36
5.3. Consumação e Tentativa ...................................................................................................... 36
5.4. Elemento Subjetivo ............................................................................................................... 36
5.5. Meios de Execução ................................................................................................................ 36
5.6. Penas ........................................................................................................................................ 36
5.7. Causas de Aumento de Pena ................................................................................................38
5.8. Exclusão da Ilicitude ............................................................................................................. 39
5.9. Ação Penal ............................................................................................................................... 39
Resumo ............................................................................................................................................40
Jurisprudência ...............................................................................................................................46
Mapas Mentais .............................................................................................................................. 53
Questões de Concurso ................................................................................................................. 55
Gabarito ........................................................................................................................................... 73
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Leonardo Castro
1. Jurisprudência e súmulas
O CEBRASPE tem por tradição pedir a jurisprudência e os enunciados das Súmulas do STJ 
e do STF em suas provas. Portanto, é imprescindível que o candidato conheça, pelo menos, os 
julgados publicados nos informativos. Para que o(a) amigo(a) de casa não encontre dificulda-
de em sua prova, todas as aulas da Parte Especial do Código Penal iniciam com a abordagem 
desses posicionamentos das Cortes Superiores.
Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influ-
ência de álcool, além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que 
evidencia a diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o 
risco ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de, eventualmente, causar lesões ou 
mesmo a morte de outrem.
Cuidado: se cair em sua prova o exato exemplo do julgado, diga ter havido dolo eventual, 
mas não considere a embriaguez ou a contramão como hipótese de afastamento automático 
da culpa consciente. (Informativo 904/STF)
A tenra idade da vítima é fundamento idôneo para a majoração da pena-base do crime de 
homicídio pela valoração negativa das consequências do crime.
O CP pune com maior rigor o homicídio praticado contra vítima menor de catorzeanos (CP, 
art. 121, § 4º). E se a vítima tiver entre catorze e dezessete anos, o homicida deve ser punido com 
maior rigor? Sim. De acordo com o STJ, a tenra idade da vítima (menor de dezoito anos de idade) 
é elemento concreto e transborda aqueles inerentes ao crime de homicídio, sendo apto, pois, a 
justificar o agravamento da pena-base (primeira fase da dosimetria), mediante valoração negati-
va das consequências do crime, ressalvada, para evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a 
causa de aumento prevista no artigo 121, § 4º (parte final), do CP. (Informativo 679/STJ)
Compete à Justiça comum (Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado por mili-
tar contra outro quando ambos estejam fora do serviço ou da função no momento do crime.
Em se tratando de crimes dolosos contra a vida, deve ser observado o disposto no art. 9º, 
§ 1º, do Código Penal Militar, de modo que tais delitos, quando perpetrados por policial militar 
contra civil, mesmo que no exercício da função, serão da competência da Justiça comum (Tri-
bunal do Júri). (Informativo 667/STJ)
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A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual.
É possível o reconhecimento da qualificadora do § 2º, III, do CP na hipótese de dolo even-
tual, quando o homicida assumiu o risco de produzir o resultado, embora não o desejasse. 
(Informativo 665/STJ)
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência 
doméstica e familiar.
Não há incompatibilidade entre as qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio (CP, 
art. 121, § 2º, I e VI), podendo ser reconhecidas conjuntamente. Isso porque, segundo o STJ, a 
qualificadora do feminicídio tem natureza objetiva (meio ou modo de execução), enquanto o 
motivo torpe é de natureza subjetiva (motivação). A decisão tem despertado polêmica e, por 
isso, tem caído com frequência em provas. (Informativo 625/STJ)
A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de premissa 
bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte.
Tenha cuidado: muitos imaginam que a embriaguez e a alta velocidade são causas de au-
tomático reconhecimento do dolo eventual, em detrimento da culpa consciente, nos crimes de 
trânsito. No entanto, a reflexão não é correta, pois sempre deve se analisar o contexto em que 
se deu o caso concreto. (Informativo 623/STJ)
Na primeira fase do Tribunal do Júri, ao juiz togado cabe apreciar a existência de dolo 
eventual ou culpa consciente do condutor do veículo que, após a ingestão de bebida alco-
ólica, ocasiona acidente de trânsito com resultado morte.
Na primeira fase do rito do júri, deve o magistrado decidir se pronuncia o réu, o que faz com 
que o caso seja submetido ao Conselho de Sentença (segunda fase), ou se o impronuncia, o ab-
solve sumariamente ou desclassifica o delito para outro que não seja doloso contra a vida (ex.: 
homicídio culposo). No excerto acima, o STJ entendeu que a análise do dolo eventual e da culpa 
consciente também competem ao magistrado, no final da primeira fase. (Informativo 623/STJ)
No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de 
pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptí-
vel por qualquer pessoa.
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Salvo se indubitável que a morte da vítima, deve ser aumentada de um terço a pena do ho-
micídio culposo caso o agente deixa de prestar imediato socorro. (Informativo 654/STJ)
2. Homicídio
2.1. como estudar o Homicídio
Em uma aula sobre a Lei de Abuso de Autoridade (Lei n. 13.869/19), diria: não se preocu-
pe com nada além da literalidade do texto legal. Digo isso porque, durante um bom tempo, as 
questões dos concursos terão por resposta apenas a transcrição dos seus artigos (control + 
C, control + V, e nada mais). Nesse primeiro momento, em que ainda não há posicionamento 
sedimentado das Cortes Superiores a respeito da nova lei, as bancas terão que se contentar 
com a lei pura, seca, para não ter de anular questões com respostas duvidosas.
Entretanto, no homicídio, o estudo do texto da lei não é suficiente. Em razão de sua singela 
redação (matar alguém), é fácil exigi-lo em conjunto com qualquer instituto de Direito Penal – 
desistência voluntária, crime impossível, erro de tipo etc. Além disso, há farto material a respei-
to do delito, com incontáveis exemplos que podem ser cobrados em provas, sem que a banca 
tenha qualquer receio em relação a anulações. Não por outra razão, o homicídio é tema certo 
em concursos, devendo receber especial atenção do(a) amigo(a) leitor(a).
2.2. o Homicídio e o pacote anticrime
Muitos alunos têm me procurado ansiosos, como receio de como as bancas cobrarão o 
Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19) nas provas do próximo ano. Se for seu caso, fique tran-
quilo(a)! Por um longo período, o Pacote será cobrado de forma literal, com base no que diz 
a lei, sem aprofundamento doutrinário. Levará meses – talvez, mais de um ano – para que as 
bancas tenham coragem de trazer qualquer polêmica a respeito do tema.
De qualquer forma, sei que você não terá tranquilidade enquanto não souber o que mudou 
no homicídio com a entrada em vigor do Pacote Anticrime. Estou errado? 12 Para tranquilizar 
esse coração aflito, veja, na tabela a seguir, em quais pontos os caminhos do homicídio e da 
Lei n. 13.964/19 se cruzam.
O que muda com o Pacote Anticrime Consequência
Na Lei n. 8.072/90 (art. 1º, I), foi 
adicionada nova qualificadora ao rol dos 
crimes hediondos (a do inciso VIII do § 2º 
do art. 121).
Nenhuma. A qualificadora do inciso VIII foi vetada pelo 
Presidente da República. Portanto, o art. 1º, I, da Lei n. 
8.072/90 faz referência a uma qualificadora que não existe. 
A redação vetada pelo Presidente, hipótese em que a 
pena do homicídio seria de doze a trinta anos: “VIII – com 
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido”.
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O que muda com o Pacote Anticrime Consequência
Ao Código Penal, foi adicionado um 
parágrafo único ao artigo 25, para dispor 
a respeito da legítima defesa funcional.
A legítima defesa não se dá, necessariamente, pela morte. 
No entanto, caso um agente de segurança pública (ex.: 
policial militar) mate criminoso que mantém vítima refém, 
quando presente o risco de agressão, a exclusão da ilicitude 
deverá ser reconhecida nos termos do parágrafo único do 
art. 25 do CP.
Nos crimes hediondos ou equiparados 
com resultado morte, a progressão de 
regime não mais se calcula com frações 
(2/5 ou 3/5), mas com percentuais.
O homicídio não é o único crime hediondo ou equiparado 
com resultado morte. No entanto, por ser um deles, a 
progressão de regimedeve se dar, a partir do Pacote, pelos 
seguintes parâmetros: se primário, o condenado deve 
cumprir 50% da pena; se reincidente, 70%.
Nos crimes hediondos ou equiparados 
com resultado morte, não mais se 
admite livramento condicional.
O livramento condicional é um benefício concedido ao 
condenado, desde que observados os requisitos do 
art. 83 do CP. No entanto, o Pacote Anticrime proibiu 
sua concessão a condenados por crimes hediondos ou 
equiparados com resultado morte.
Condenados por crimes hediondos com 
resultado morte não têm mais direito à 
saída temporária.
Benefício concedido ao condenado que cumpre pena em 
regime semiaberto (LEP, art. 122), sua concessão não é 
mais admitida em caso de condenação por crime hediondo 
com resultado morte. Para se ter uma ideia do impacto da 
mudança, se Alexandre Nardoni praticasse, hoje em dia, 
o homicídio contra sua filha, crime ocorrido em 2008, não 
faria jus à “saidinha do dia dos pais”, “saidinha de natal” 
ou qualquer outra saidinha, forma como popularmente a 
imprensa faz referência à saída temporária.
Passa a ser possível a execução 
provisória da pena nas condenações 
pelo Tribunal do Júri, desde que a pena 
seja igual ou superior a quinze anos.
O art. 492, I, “e”, do CPP, passou a prever, a partir do 
Pacote, que, no caso de decisão condenatória proferida 
pelo Tribunal do Júri, deverá o juiz-presidente determinar a 
execução provisória da pena no caso de condenação a uma 
pena igual ou superior a quinze anos de reclusão, com a 
expedição do respectivo mandado de prisão, sem prejuízo 
do conhecimento de recursos eventualmente interpostos.
2.3. crimes semelHantes ao Homicídio
Seja qual for o cargo em disputa, é certo que haverá perguntas a respeito da distinção entre 
infrações penais semelhantes. Muitos crimes podem ter por resultado a morte da vítima, sem 
que fique caracterizado o homicídio. Para não fazer confusão, veja o esquema a seguir, elabo-
rado para que você não caia em pegadinhas.
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Homicídio x 
Latrocínio
O latrocínio (CP, art. 157, § 3º, II) é o roubo qualificado pelo resultado morte, 
provocado pela violência empregada no contexto da subtração. Pode 
decorrer por dolo ou culpa – não se trata, necessariamente, de crime 
preterdoloso. Exemplo: ao assaltar um banco, o criminoso dispara tiros, 
dolosamente, contra o vigilante, causando-lhe a morte. Apesar do resultado 
produzido (a morte), o julgamento não compete ao Tribunal do Júri, pois não 
se trata de crime doloso contra a vida.
Como não errar: primeiro, veja se a morte decorreu de violência, e não de 
grave ameaça – a morte no latrocínio é resultado apenas de violência. Além 
disso, veja, no enunciado da questão, em que contexto se deu a morte. Dois 
exemplos:
(a) Latrocínio: o assaltante, no contexto fático do roubo, matou o vigilante.
(b) Roubo simples em concurso com homicídio: durante assalto a banco, o 
criminoso mata um desafeto seu que, coincidentemente, estava no local. 
Perceba que, neste segundo exemplo, a morte se deu de forma contextualizada 
em relação ao roubo.
Homicídio x 
Genocídio
Pratica o crime de genocídio (Lei n. 2.889/56) quem, com a intenção de destruir, no todo 
ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso:
a) mata membros do grupo;
b) causa lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submete intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-
lhe a destruição física total ou parcial;
d) adota medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetua a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
O julgamento não compete ao Tribunal do Júri.
Como não errar: para que a banca aponte o genocídio como resposta correta, o 
enunciado terá de apontar o intuito do agente (destruir, no todo...).
Homicídio x 
Crime de 
Segurança 
Nacional
O artigo 29 da Lei n. 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) tipifica a conduta de matar 
o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do 
Supremo Tribunal Federal, crime punido com pena de reclusão, de quinze a trinta anos.
Como não errar: embora a lei nada diga, o crime do artigo 29, por tutelar a segurança 
nacional, deve ser praticado visando atingir não apenas a vida de uma das autoridades 
mencionadas, mas também o que se busca proteger pela Lei n. 7.170/83 – a segurança 
nacional, a ordem social e política etc. Nunca vi questão a respeito, mas, caso caia, veja 
o que o enunciado descreve como objetivo buscado pelo agente.
O PULO DO GATO
�Trouxe três exemplos para ilustrar a explicação, mas não se preocupe em memorizá-las. Em 
vez disso, analise o contexto fático e a intenção do agente trazidos no enunciado da questão, 
para nunca mais confundir o homicídio com outro delito em que é produzida a morte de al-
guém. Mais dois exemplos, apenas para reforçar:
�a) Com o objetivo de causar sofrimento físico (intenção), João torturou Francisco. Em virtude 
da violência empregada, Francisco morreu (contexto fático). O crime é o de tortura qualificada 
(Lei n. 9.455/97, art. 1º, § 3º.
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�b) Com o objetivo de matar (intenção), João tortura Francisco até obter o resultado desejado 
(contexto fático). O crime é o de homicídio qualificado pela tortura (CP, art. 121, § 2º, III).
2.4. Homicídio simples
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
QUADRO SINÓTICO
Topografia do artigo 121
Caput – homicídio doloso simples;
§ 1º – homicídio privilegiado;
§ 2º – homicídio qualificado;
§ 3º – homicídio culposo;
§ 4º – causas de aumento de pena;
§ 5º – perdão judicial do homicídio culposo;
§ 6º – majorante do grupo de extermínio ou milícia 
armada;
§ 6º – majorante do feminicídio (qualificadora).
Homicídio simples Pena – de reclusão, de seis a vinte anos.
Tipicidade objetiva Matar (dar fim à vida) alguém (pessoa).
Sujeitos do crime Sujeitos ativo e passivo podem ser qualquer pessoa.
Objeto jurídico A vida humana extrauterina (a partir do trabalho de parto).
Objeto material É a pessoa contra quem se ataca a vida.
Elemento subjetivo
É o dolo, sem qualquer finalidade específica. É admitida a 
modalidade culposa.
Consumação
Crime material, consuma-se com a morte. A tentativa é 
possível – basta que a vítima sobreviva.
Ação penal É sempre pública incondicionada.
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QUADRO SINÓTICO
Homicídio qualificado
O crime é punido com pena de reclusão, de doze a trinta 
anos, quando cometido:
(a) mediante paga ou promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe;
(b) por motivo fútil;
(c) com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura 
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar 
perigo comum;
(d) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulteou torne impossível a defesa do 
ofendido;
(e) para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime;
(f) contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino;
(g) contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 
terceiro grau, em razão dessa condição.
Homicídio qualificado-
privilegiado
Possível, desde que a qualificadora tenha natureza objetiva 
(meio ou modo de execução). Não é hediondo.
Hediondez
O homicídio é hediondo quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um 
só agente, e qualificado (§ 2º).
Causas de aumento 
de pena do homicídio 
doloso
è A pena é aumentada de um terço se o crime for 
praticado contra pessoa menor de quatorze ou maior de 
sessenta anos.
è A pena é aumentada de um terço até metade se o 
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto 
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio.
Feminicídio
Qualificadora do homicídio. Consiste em matar mulher por 
razões da condição de sexo feminino.
Condição de sexo 
feminino
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino 
quando o crime envolve:
(a) violência doméstica e familiar;
(b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Homicídio culposo Pena – de detenção, de um a três meses.
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QUADRO SINÓTICO
Perdão judicial no 
homicídio culposo
O juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente 
de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária.
Causas de aumento 
de pena do homicídio 
culposo
A pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, 
ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge 
para evitar prisão em flagrante.
Classificação 
doutrinária
(a) Comum;
(b) Material;
(c) Simples;
(d) De forma livre;
(e) Comissivo ou omissivo;
(f) Instantâneo de efeitos permanentes;
(g) Unissubjetivo;
(h) Plurissubsistente;
(i) De dano;
(j) Doloso ou culposo;
(k) Não transeunte.
Crime do artigo 121, caput, o homicídio simples tem por verbo nuclear matar (tirar a vida de 
alguém). Para que fique caracterizado o delito, deve o homicida agir com vontade livre e cons-
ciente de matar alguém (dolo direto) ou assumir o risco de produzir o resultado naturalístico 
(dolo eventual). A modalidade culposa é típica (CP, art. 121, § 3º). Exemplos: (1) com vontade 
de matar (dolo), Carlos dispara dois tiros contra Joaquim, que morre em razão da agressão; 
(2) ao manusear de forma imprudente uma arma de fogo (culpa), Joaquim a dispara acidental-
mente e atinge Carlos, matando-o.
PEGADINHA DA BANCA
O homicídio é o único crime doloso contra a vida que admite prisão temporária (Lei n. 7.960/89, 
art. 1º, III, “a”).
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2.4.1. Sujeitos Ativo e Passivo
Crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. A vítima também pode ser qual-
quer pessoa (bicomum). Basta que esteja viva, e que a vida seja extrauterina.
Vida ou Morte
A redação do caput do artigo 121 não poderia ser mais simples: matar alguém. Não é difícil 
imaginar exemplos. Contudo, alguns problemas surgem em reflexão mais profunda sobre o 
assunto. O primeiro: qual é o conceito de vida? A resposta é fundamental para a compreensão 
do crime, afinal, o bem jurídico protegido pelo artigo 121 do Código Penal é a vida humana. No 
Direito Civil, estudiosos se dividem ao estabelecer o início da personalidade civil – há quem 
entenda pela teoria concepcionista, que defende que o nascituro é pessoa, e a natalista, que 
impõe o nascimento com vida como condição à personalidade.
No Direito Penal, não existe polêmica: considere alguém qualquer pessoa a partir do início 
do trabalho de parto, quando ocorre a dilatação do colo do útero e as contrações expulsórias, 
nos partos naturais, e com a incisão no abdômen feita pelo médico, nos casos de parto ci-
rúrgico (cesariana). Logo, pode ser vítima de homicídio o recém-nascido ainda não expelido 
do corpo da mãe, quando sua vida é considerada extrauterina. Antes do início do trabalho de 
parto, a vida é classificada como intrauterina, quando o nascituro poderá ser vítima de aborto, 
mas não de homicídio.
Sabendo o que é vida, temos de conceituar a morte, consequência do delito de ho-
micídio. Por ser crime material, cuja consumação depende de resultado naturalístico, a 
mudança física no mundo exterior, provocada, no homicídio, pelo fim da existência de um 
outro ser humano, é de fundamental importância compreender o exato momento em que 
a vida chega ao fim. Embora o Código Penal não explique, podemos extrair o conceito da 
Lei n. 9.434, de 1997, que, em seu artigo 3º, estabelece a morte a partir cessação da ati-
vidade encefálica.
O PULO DO GATO
Para não errar em provas, é muito simples. Veja as hipóteses: (a) trabalho de parto ainda não 
iniciado: a conduta contra o feto caracteriza aborto; (b) iniciado o trabalho de parto, não se fala 
mais em aborto quando praticada a conduta contra quem está nascendo; (c) não tendo ocorri-
do a morte cerebral, a pessoa pode ser vítima de homicídio, ainda que esteja em seus últimos 
segundos de vida por outro motivo.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
DIREITO PENAL
Leonardo Castro
A Morte do Moribundo
Enquanto houver vida, a pessoa poderá ser vítima de homicídio. Portanto, quem mata al-
guém prestes a morrer será, é claro, responsabilizado pelo homicídio. Ex.: João presencia o 
atropelamento de Carlos, sem que tenha influenciado para a ocorrência do acidente. Ao perce-
ber a vítima agonizando no chão, em seus últimos segundos de vida, mas sofrendo muito pela 
dor causada pelos ferimentos, João dispara um tiro contra Carlos. O ato se deu por motivos 
humanitários, para dar fim ao sofrimento de Carlos, que inevitavelmente morreria em razão do 
atropelamento. Segundos depois, Carlos, de fato, morre. No exemplo, João responderá por ho-
micídio em razão do tiro disparado? Sim! Ainda que a morte de Carlos fosse certa, inevitável, a 
sua vida estava tutelada pela lei penal até o último segundo de sua existência.
Crime Impossível
É preciso ter cuidado em relação ao crime impossível (CP, art. 17), pois é comum que se 
faça confusão em relação à inidoneidade relativa ou absoluta para a produção do resultado 
morte. Dois exemplos:
(a) João quer matar Carlos. Para alcançar o resultado desejado, João pega todos os re-
médios que encontra em sua casa e, após moê-los, os mistura à uma vitamina. Em seguida, 
faz com que Carlos beba o líquido, na esperança de causar a morte por overdose. Ocorreque, 
dentre os medicamentos misturados à bebida, nenhum é capaz de matar, nem mesmo em al-
tas dosagens. Neste caso, não há como responsabilizá-lo por homicídio, nem mesmo tentado, 
afinal, a morte da vítima jamais seria alcançada. Trata-se de crime impossível por absoluta 
ineficácia do meio de execução.
(b) João quer matar Carlos. Para alcançar o seu objetivo, dilui raticida (veneno de rato) em 
um suco e, em seguida, faz com que Carlos beba o líquido. Carlos passa muito mal e chega 
a ser hospitalizado, mas não morre em virtude de João ter usado quantidade insuficiente de 
veneno para causar a morte da vítima. No exemplo, João responderá, sim, por homicídio, na 
forma tentada. A diferença? O raticida é meio idôneo para causar a morte – ineficácia relativa 
do meio -, que só não se consumou por razões alheias à vontade de João.
PEGADINHA DA BANCA
Em algumas provas, o CESPE/CEBRASPE adotou a expressão “tentativa inidônea” ao se referir 
ao crime impossível.
2.4.2. Consumação e Tentativa
O homicídio é crime material, cuja consumação depende da ocorrência do resultado natu-
ralístico. Se a vítima sobreviver, o delito é punido em sua forma tentada.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
DIREITO PENAL
Leonardo Castro
Tentativa de Homicídio
Por se tratar de crime material – que se consuma com a produção do resultado naturalís-
tico -, o homicídio só se consuma se a vítima, de fato, morrer. Caso fique viva, mas por razões 
alheias à vontade do homicida, o crime será tentado (CP, art. 14, II). Como consequência, o ho-
micida será punido pela pena do delito (seis a vinte anos, sem simples, ou doze a trinta anos, se 
qualificado), diminuída de um a dois terços (CP, art. 14, parágrafo único). No entanto, cuidado: 
a tentativa está caracterizada apenas quando o crime não se consuma (a morte não ocorre) 
contra a vontade do homicida. Exemplo: agindo com vontade de matar, Carlos dispara tiros 
contra Francisco, mas não atinge o alvo desejado por erro de pontaria. Ele quis matar? Sim. A 
vítima ficou viva contra sua vontade? Sim. Logo, tentativa.
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
O PULO DO GATO
Para deixar claro que houve desistência voluntária, as bancas costumam dizer, nos enunciados 
das questões, que foi disparado um único tiro, ou que foi desferido um só golpe de faca. Isso 
acontece porque a pessoa que elaborou a questão quer demonstrar que o agente poderia pros-
seguir na execução da infração penal. Veja como faz diferença:
�a) João deu um único golpe de faca contra Francisco. A execução foi concluída? Provavelmen-
te, não, afinal, se quero matar alguém a facada, outros golpes serão desferidos até que, de fato, 
a vítima morra – é o meu objetivo. Se parei após o primeiro golpe, três hipóteses podem ter 
ocorrido:
�1. Equivocadamente, imaginei que aquela única facada seria suficiente para matar e, por isso, 
não apliquei mais golpes. Houve tentativa, pois a vítima não morreu por razões alheias à minha 
vontade (CP, art. 14, II).
�2. Com vontade de matar, dou uma única facada na vítima. Preparado para o próximo golpe, 
sou rendido por policiais, que me prendem em flagrante e impedem a continuação da execu-
ção. Houve tentativa (CP, art. 14, II).
�3. Agindo com vontade de matar, dou um único golpe de faca em região não letal do corpo 
da vítima. Ao ver seu sofrimento, não dou o segundo golpe de faca – poderia, mas não quis. 
Aqui, ficou evidente que, iniciada a execução, não quis seguir até o fim. Ou seja, desistência 
voluntária.
Por outro lado, no arrependimento eficaz, o enunciado fará com que você conclua pelo esgo-
tamento da execução. Exemplo: após vários golpes de faca, levo a vítima ao hospital e, graças 
à minha ação, ela sobrevive.
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Por exigir conhecimento a respeito do iter criminis, a tentativa (CP, art. 14, II), a desistência 
voluntária e o arrependimento eficaz (CP, art. 15) são sempre cobrados em conjunto, e nunca 
separadamente. Para a melhor compreensão, veja o esquema a seguir:
O iter criminis é o caminho percorrido pelo criminoso até a consumação do delito. Em um 
primeiro momento, há a cogitação, quando o delito está guardado na mente da pessoa. Evi-
dentemente, não é punível. Quantas pessoas você já matou em pensamento? Em seguida, a 
preparação, que pode ou não ser punida. Se adquiro uma faca para matar alguém, até então, 
nenhum crime foi praticado; todavia, se compro ilegalmente uma arma de fogo com o intuito 
de praticar o homicídio, algum dos delitos do Estatuto do Desarmamento (Lei n.º 10.826/03) 
estará configurado.
Na preparação, temos o início da exteriorização do pensamento criminoso, antes retido na 
cogitação. Todavia, até aqui, o delito pretendido – em nosso exemplo, o homicídio – ainda não 
teve início. Vem, então, o passo seguinte: a execução, quando o agente, efetivamente, passa 
a praticar o verbo nuclear previsto no tipo penal (em nosso caso, matar). Iniciada a execução, 
temos quatro desfechos possíveis:
(a) O homicida tem êxito e a vítima morre, hipótese em que o criminoso será responsabiliza-
do por homicídio consumado, com as penas cheias previstas no art. 121 do Código Penal – de 
seis a vinte anos ou de doze a trinta anos, a depender de ter sido o crime simples ou qualificado.
(b) O homicida empreende todos os esforços possíveis para alcançar a consumação, mas 
a vítima sobrevive contra a sua vontade. A ele serão aplicadas as penas do art. 121 do Código 
Penal, mas diminuídas de um terço a dois terços – como a tentativa é causa de diminuição, a 
pena pode ser reduzida abaixo do mínimo legal (CP, art. 14, II).
(c) O homicida inicia a execução, mas, antes de conclui-la, desiste da consumação. Exem-
plo: João quer matar Carlos. Após a primeira facada, desferida em região não letal, ao perceber 
a vítima sofrendo no chão, por vontade própria, João abandona a execução e, em razão disso, 
a vítima sobrevive. Ele até poderia dar mais golpes, mas não quis. Na hipótese, houve desis-
tência voluntária (CP, art. 15).
(d) O homicida inicia e conclui a execução, mas, antes que a consumação (morte) ocorra, 
age para evitá-la. Exemplo: João quer matar Carlos. Em seu revólver há seis balas. Após dispa-
rá-las contra o seu inimigo, já não tendo mais munição (portanto, concluída a execução), João 
se arrepende do seu ato e leva Carlos ao hospital. Graças ao pronto atendimento médico e ao 
ato de João, de levar a vítima ao hospital, Carlos sobrevive. Na situação, houve arrependimento 
eficaz (CP, art. 15).
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Em termos gráficos, a desistência voluntária está na terceira bolinha do nosso esquema do 
iter criminis; já o arrependimento eficaz está no limbo, no sinal de igual, em algum momento 
entre a execução e a consumação. Tanto em uma quanto em outra hipótese, a consequência 
será a mesma: o agente não responderá pelo crime inicialmente pretendido, o homicídio, masapenas pelos atos já praticados. No exemplo das facadas, João poderia ser responsabilizado 
pela lesão corporal (CP, art. 129), mas não pela tentativa de homicídio.
Ainda não vi cair em prova, mas a Lei Antiterrorismo (Lei n. 13.260/16), em seu artigo 10, faz 
pegadinha perigosa em relação à desistência voluntária: é possível a incidência do artigo 15 do 
Código Penal mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na fase preparatória.
2.4.3. Elemento Subjetivo
Os homicídios simples e qualificado são dolosos (direto ou eventual), mas o artigo 121 
pune, em seu § 3º, a modalidade culposa do delito. É preciso ter cuidado com o dolo eventual, 
a culpa consciente e a culpa inconsciente, conforme explicado a seguir.
Dolo Eventual
Fala-se em dolo eventual quando o agente não quer o resultado por ele previsto, mas assu-
me o risco de produzi-lo. O não desejo de produção do resultado no dolo eventual é por todos 
conhecido. Todavia, preocupo-me em relação à previsibilidade, aspecto que talvez passe bati-
do para alguns. Só se fala em dolo eventual, em culpa consciente ou em culpa inconsciente se 
o resultado era previsível. Exemplo: no interior de sua fazenda, onde mora sozinho, João, em-
briagado, dá cavalos de pau, em alta velocidade, com o seu automóvel. Por infortúnio, naquele 
dia, algumas crianças invadiram a propriedade em busca de frutas, pois João mantém um far-
to pomar, e uma delas acaba sendo morta por atropelamento. Pergunto: em algum momento, 
poderia João prever o que aconteceu? É claro que não. Logo, não há, em tese, dolo eventual 
e nem culpa, não podendo ser punido pela morte provocada. Situação diversa ocorreria se a 
conduta ocorresse em via pública.
Culpa Consciente e Culpa Inconsciente
Na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas acredita que possa evitá-lo. Por 
exemplo, o piloto profissional que, confiando em suas habilidades, dirige em velocidade supe-
rior à permitida em via pública, mas acaba matando alguém por sua conduta imprudente. Já 
na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado que produz, embora ele fosse previsível 
com observância do dever objetivo de cuidado a todos imposto – bastava maior cautela por 
parte do indivíduo.
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Dolo Eventual e Culpa Consciente
Em um caso real, não é fácil distinguir o dolo eventual de culpa consciente. Se bebo um litro 
de cachaça e decido dirigir – se é que isso é possível -, é evidente que assumi o risco de causar 
um acidente (logo, dolo eventual). No entanto, se bebo um copo de cerveja, a situação já não 
é tão simples. Para a legislação, estou embriagado. Entretanto, é possível dizer que, após um 
copo de cerveja, assumi o risco de matar alguém? Ademais, se dirijo a 150 km/h em uma via 
de limite máximo de 50km/h, não é difícil apontar pelo dolo eventual. Todavia, e se a velocidade 
for de 70km/h? Por ter excedido em 20km/h a velocidade permitida, assumi o risco de matar 
alguém? Não por outro motivo, em homicídios causados por acidente de trânsito, a briga entre 
a acusação e a defesa costuma girar em torno do dolo eventual e da culpa consciente.
Em concursos, as bancas não podem pedir exemplos duvidosos. Na hipótese em que ex-
cedi a velocidade em 20km/h acima do limite, quem pode dizer, de forma objetiva, que houve 
dolo eventual? Ninguém! É algo a ser analisado no caso concreto – deve ser questionado, por 
exemplo, a qualidade do asfalto, a extensão da via, a largura do trecho onde ocorreu o acidente, 
se era área de grande fluxo de pessoas etc. Se cair em sua prova, o enunciado poderá trazer 
duas hipóteses:
(a) Alguém com uma habilidade especial (o exemplo do motorista profissional), que acre-
dita ter capacidade de evitar o resultado – hipótese de culpa consciente.
(b) Alguém em situação extrema, absurda, como o exemplo de quem bebeu um litro de 
cachaça, quando não há o que se discutir, em tese, a respeito do dolo eventual.
O PULO DO GATO
Se o enunciado da questão mencionar que o indivíduo possui alguma habilidade especial (ex.: 
motorista profissional em hipótese se acidente de trânsito), considere como correta a resposta 
que indicar a culpa consciente.
001. (CESPE/CEBRASPE/2019/PRF/POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Cleiton, policial ro-
doviário federal e professor de curso de direção defensiva e ofensiva, viajava de carro com sua 
namorada, Gisele. Durante a viagem, Gisele reclamou da alta velocidade empreendida pelo na-
morado e o alertou da possibilidade de causar um acidente, tendo em vista o tempo chuvoso. 
Cleiton, por sua vez, respondeu que nada aconteceria, porque ele era um profissional compe-
tente, de excelência, que ensinava outros policiais rodoviários federais a pilotarem viaturas. En-
tretanto, durante uma curva, o veículo derrapou na pista molhada, o carro ficou desgovernado, 
capotou e Gisele faleceu instantaneamente. Cleiton sofreu pequenas escoriações. A perícia 
feita no local constatou excesso de velocidade. A partir dessa situação hipotética, julgue o item 
seguinte. Cleiton agiu com dolo eventual, devendo responder pela prática de homicídio doloso.
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O enunciado descreve que Cleiton acreditou que evitaria o resultado por ter habilidade extraor-
dinária. Foi o gancho deixado pela banca para que o candidato optasse pela culpa consciente, 
e não pelo dolo eventual.
Errado.
Erro de Tipo
Enquanto elaborava esta aula, encontrei na internet, coincidentemente, a seguinte notícia: 
Caçador mata o próprio filho após confundi-lo com veado nos EUA. Veja que o caçador viveu 
uma fantasia. Seus olhos captaram e seu cérebro concluiu que, entre os arbustos, havia um 
veado. No entanto, a realidade era outra: não era um veado, mas seu filho. Sua ação (atirar) se 
deu por vontade, mas o elemento volitivo estava viciado, pois ele queria matar um animal, e não 
seu filho. Quando isso acontece, dizemos ter havido erro sobre elemento constitutivo do tipo 
ou erro de tipo essencial. Duas são as consequências:
a) Se o erro era inevitável ou escusável: não tinha como não errar. Qualquer pessoa teria 
cometido o mesmo erro. Exemplo: o caçador vive sozinho em propriedade rural, centenas de 
quilômetros distante do vizinho mãos próximo. Enquanto caçava em sua propriedade, perce-
beu movimento em um arbusto. Sem pensar duas vezes, disparou vários tiros, quando desco-
briu que, em verdade, não se tratava de um animal, mas de um homem, que havia invadido sua 
propriedade e se escondido. Ele poderia imaginar que, dentro de sua propriedade, em lugar 
ermo, haveria um invasor escondido? Pouco provável. Portanto, erro aparentemente inevitável. 
Consequência: dolo e culpa são afastados e, em consequência a conduta – e o próprio crime 
deixa de existir.
b) Se o erro era evitável ou inescusável: tinha como evitar o erro. Embora presente o erro, 
faltou cautela ao agente, que poderia tê-lo percebido. O dolo deve ser afastado, mas o agente 
é punido pela culpa – desde que, é claro, típica a forma culposa. No caso do homicídio, o erro 
evitável faz com que se puna pelo crime em sua modalidade culposa (CP, art. 121, § 3º). Pode 
ter sido a situação do pai que matou o filho durante a caçada, afinal, se estou em uma floresta, 
em busca de animais, e vejo um arbusto emmovimento, mas não sei onde está meu filho, pas-
saria em minha cabeça a possibilidade de ser a criança, e não um veado.
Descriminante Putativa
Descriminar significa isentar de responsabilidade penal. Putativo vem do latim putativus, 
que significa imaginário, suposto (sempre que você ouvir fala em putativo, significa que há 
erro). O tema é tratado no § 1º do art. 20 do CP, que prevê isenção de pena quando o erro não 
deriva de culpa. O erro pode se dar de três formas:
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
DIREITO PENAL
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a) Por erro, o indivíduo se engana quanto aos pressupostos da excludente da ilicitude. 
Exemplo: durante partida de futebol, as duas torcidas iniciam um confronto violento. João, um 
dos presentes, não se envolve na confusão, mas se esforça para proteger seu filho, José, de 
dez anos de idade. Em dado momento, João percebe um homem vindo em sua direção, com 
arma de fogo em punho, aparentemente prestes a disparar. Sem pensar duas vezes, João 
pega um pedaço de pau que encontra no chão e desfere um golpe contra a cabeça do homem 
armado, causando-lhe lesão corporal. Todavia, o homem armado é um policial, que corrida em 
direção a João para garantir a saída segura de ambos, dele e do seu filho, do estádio. Ou seja: 
na cabeça de João, a iminente injusta agressão estava presente (CP, art. 25, caput), mas tudo 
não passou de uma fantasia em sua cabeça.
b) João chegou em casa e surpreendeu Josefina, sua esposa, tendo relações sexuais com 
outra pessoa. Enfurecido, o marido traído disparou vários tiros contra a mulher adúltera, cau-
sando-lhe a morte. João assim agiu por imaginar que estava amparado pela legítima defesa 
da honra, coisa que não existe em nosso ordenamento jurídico. Ou seja, ele agiu por imaginar 
uma excludente da ilicitude não prevista em nossa lei.
c) Enquanto caminhava em sua propriedade rural, João percebeu uma pessoa se refres-
cando em seu açude. Por entender que a invasão, por si só, seria suficiente para caracterizar 
a iminência de injusta agressão, ele sacou sua arma e disparou contra o intruso, causando-lhe 
a morte. A situação descrita – um invasor em sua propriedade – até poderia caracterizar hi-
pótese de legítima defesa, mas, no exemplo descrito, João errou em relação à amplitude da 
excludente da ilicitude.
002. (CESPE/CEBRAPE/2018/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) Em um clube social, Paula, 
maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na frente de 
amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento 
de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Vol-
tando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emo-
ção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, 
que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. Acerca dessa situação hipotética, julgue o 
próximo item. Carlos agiu sob o pálio da legítima defesa putativa.
Em momento algum foi dito que Carlos agiu como descrito por imaginar que estava amparado 
pela legítima defesa (CP, art. 25). Não houve erro em relação aos pressupostos, existência ou 
limites de excludente da ilicitude.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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Culpa Imprópria
Imagine o seguinte exemplo: João e Carlos, inimigos, pertencentes a facções rivais, se 
encontram enquanto caminhavam pela rua. João leva a mão à cintura para pegar o seu celular 
e avisar aos demais integrantes da organização a localização de Carlos. Entretanto, Carlos in-
terpreta equivocadamente o gesto de João, e imagina que o seu inimigo sacará uma arma. Em 
suposta legítima defesa (legítima defesa putativa), Carlos dispara tiros contra João, causando-
-lhe a morte. Ou seja, temos duas realidades: a verdadeira, em que João apenas quis pegar o 
celular; a de Carlos, em que o inimigo atentaria contra a sua vida ao sacar uma arma de fogo.
Como Carlos deve ser punido? Depende. Se o erro era inevitável, não. Entretanto, se evi-
tável, deve ser punido a título de culpa (homicídio culposo). No caso do erro evitável, em que 
ocorre o homicídio culposo, Carlos pode ser punido por homicídio culposo consumado, se 
João falecer, ou por tentativa de homicídio culposo, caso a vítima sobreviva. Ou seja, embora 
Carlos tenha agido dolosamente, a sua punição se dá por culpa (intitulada culpa imprópria) e, 
caso o crime não se consume, nada mais justo que seja punido pela tentativa.
A culpa imprópria é a única hipótese em que um crime culposo pode ser punido na for-
ma tentada.
Erro sobre a Pessoa
No erro sobre a pessoa ou error in persona (CP, art. 20, § 3º), o agente confunde a vítima 
desejada com outra pessoa. Exemplo: João quer matar Carlos, seu irmão. Em determinado dia, 
João se posiciona, em emboscada, em frente à garagem de Carlos e, ao perceber o carro do 
irmão, dispara tiros contra o motorista. Entretanto, naquele dia (e João não sabia disso!), quem 
estava na direção do automóvel era Francisco, seu primo, pessoa por quem nutre profundo 
carinho. Ou seja, João matou Francisco, mas imaginou estar matando Carlos. Veja que não 
houve um erro na execução (CP, art. 73), mas confusão entre a vítima desejada (o irmão) e a 
vítima atingida (o primo). Consequência: a mesma do erro na execução. O homicida responde 
pela vítima pretendida, e não pela efetivamente atingida.
Exemplo de erro sobre a pessoa: Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e melhor 
jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um 
jogo do Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acre-
ditando ser Ronaldo, efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que 
vestia a camisa 10 era Rodrigo, adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude 
dos disparos, Rodrigo faleceu. Consequência: para punir Wellington, temos de considerar a 
morte de Ronaldo, e não de Rodrigo.
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O PULO DO GATO
Sempre que o enunciado disser que o agente tinha uma falsa percepção da realidade, que vivia 
uma fantasia, considere como resposta o erro de tipo, essencial ou acidental, com fundamento 
no artigo 20 do Código Penal.
Erro na Execução
Também conhecido por aberratio ictus (CP, art. 73), o erro na execução é espécie de erro 
de tipo acidental. O agente tinha a intenção de praticar a conduta típica contra determinada 
pessoa, mas por erro ou acidente na execução acaba atingindo outra, não desejada. Exemplo: 
“A” quer matar “B”. Empregando arma de fogo, por erro de pontaria, atinge “C”, vítima não dese-
jada. Em consequência, a responsabilidade penal deve se dar com base na vítima pretendida, 
e não na efetivamente atingida. Algumas possíveis consequências, em forma de exemplos:
(1) Para receber herança, “A” envenena a comida do próprio pai – homicídio qualificadopor motivo torpe, agravado por ter sido praticado contra ascendente. Todavia, por infortúnio, 
a filha de “A”, neta da vítima pretendida, consome o alimento envenenado e morre. Por erro na 
execução, “A” matou a pessoa errada. Consequência: “A” deve ser punido como se tivesse con-
seguido matar o pai (homicídio qualificado + agravante).
(2) Agindo em legítima defesa, “A” dispara tiro em direção a “B”, agressor. Contudo, o dispa-
ro atinge “C”, que passava pelo local e não estava envolvido com a agressão. A legítima defesa 
é mantida? Sim, pois consideramos que a pessoa pretendida (“B”) foi atingida
003. (FUNDATEC/2018/PC-RS/DELEGADO DE POLÍCIA) Vitalina quer matar o marido Ader-
bal, envenenado. Coloca veneno no café com leite que acabou de preparar para ele. Enquanto 
aguardava o marido chegar na cozinha, para tomar a bebida, distraiu-se e não percebeu que 
a filha Ritinha entrou no local e tomou a bebida, preparada para o pai. Ritinha, socorrida pela 
mãe, morre a caminho do hospital. Nessa hipótese, considerando o Código Penal e a doutrina, 
assinale a alternativa correta.
a) Vitalina deverá responder por homicídio culposo, já que não teve a intenção de matar a filha.
b) Na hipótese de Vitalina vir a ser condenada, o juiz sentenciante poderá aplicar a ela o per-
dão judicial.
c) Vitalina deverá responder por homicídio doloso, restando configurada situação denominada 
de aberratio ictus por acidente.
d) Vitalina não responderá por homicídio, em razão de ter havido aberratio ictus.
e) Vitalina responderá por homicídio doloso, restando configurada situação de aberratio ictus 
por erro no uso dos meios de execução.
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Houve erro na execução (por acidente) na prática do homicídio. Devemos considerar que Vita-
lina conseguiu matar seu marido, Aderbal, e não Ritinha, sua filha (CP, art. 73).
Letra c.
2.4.4. Meios de Execução
O homicídio admite qualquer meio de execução (crime de forma livre). Se uma conduta 
(omissiva ou comissiva) for apta a causar a morte de alguém, o agente será responsabilizado 
pelo homicídio. Imagine a situação de alguém que acaba de passar por uma delicada cirur-
gia cardíaca, com alto risco de morte em caso de estresse. Sabendo disso, alguém submete 
esse paciente a profundo abalo moral, mediante grave ameaça, causando a sua morte. De-
verá responder pelo homicídio? Sim, pois, como já disse, o homicídio admite todos os meios 
de execução.
Homicídio por Omissão Imprópria
Imagine o seguinte exemplo: Joaquim presta serviço como salva-vidas em um clube. Certo 
dia, em seu horário de serviço, com várias crianças brincando na piscina, ele ficou observan-
do a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando no celular com 
um amigo, acabando por ficar de costas para a piscina. Nesse momento, uma criança vem a 
falecer por afogamento, fato que não foi notado por Joaquim. No exemplo, ele praticou algum 
crime? Sim, o de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de garan-
tidor (CP, art. 13, § 2º).
Entretanto, fique atento! Veja o seguinte exemplo: durante o afogamento, Joaquim havia 
ido ao banheiro, embora o seu chefe tenha dito para jamais abandonar o seu posto sem que 
outro salva-vidas o substituísse. Neste caso, ele também deveria ser responsabilizado pelo 
homicídio? Não. O motivo: o art. 13, § 2º, do CP afirma que a omissão só será relevante se o 
agente omisso podia agir para evitar o resultado e nada fez. Na segunda hipótese, Joaquim 
nada poderia ter feito, visto que não estava no local no momento do incidente.
Os crimes omissivos impróprios também são chamados de crimes comissivos por omissão. 
Não é difícil de memorizar a expressão: o agente pratica um delito, em regra, comissivo (ex.: o 
homicídio), por deixar de fazer algo (omissão). Em provas, vi questões em que a banca inverteu 
a expressão para confundir o candidato (crime omissivo por comissão em vez de crime comis-
sivo por omissão).
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2.5. Homicídio privilegiado (cp, art. 121, § 1º)
Caso de diminuição de pena
§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço.
Certa vez, tive de fazer a defesa de um homem acusado de tentativa de homicídio. A his-
tória comoveu todos os presentes, pois poderia ter acontecido com qualquer um. O acusado 
mantinha um bar, em sociedade com sua esposa, fonte de renda da família. Na data dos fatos, 
a vítima (também homem) foi ao local e, após muita bebedeira, disse que não pagaria a conta. 
Evidentemente, o clima deve ter esquentado entre o caloteiro e o acusado, afinal, como disse, o 
bar pagava suas contas. Alguém teria de pagar pelo consumo. A discussão se mantinha verbal, 
até que, em momento de total descontrole, o ofendido lançou uma garrafa contra a esposa do 
réu, acertando-a na barriga – ela estava no oitavo mês de estação. Foi o ponto de ruptura do 
acusado, que sacou sua arma e disparou vários tiros.
O relato parece apontar para a legítima defesa (CP, art. 25, caput), mas não foi o caso. 
Quando estava sob a mira do revólver, a vítima tentou correr, mas foi atingida nas costas, em 
fuga, quando já não existia mais injusta agressão a se repelida. Por sorte, a gestante atingida 
pela garrafa e o feto não sofreram qualquer lesão. De qualquer forma, perguntei ao acusado 
se chegou a imaginar um desfecho trágico, com a morte do bebê. Em lágrimas, disse que sim. 
Naquele momento, os jurados devem ter se colocado no lugar do acusado – prova disso é que, 
embora não tenha pedido, um deles votou pela absolvição – e concluído que, no lugar dele, 
teriam agido da mesma forma.
Entretanto, ainda que seja possível compreender a forma como agiu o réu, não podemos 
chancelar a conduta. Não é dado às pessoas o direito de matar outras, salvo em hipóteses 
excepcionais – por exemplo, quando presentes os requisitos do estado de necessidade (CP, 
art. 24). Por outro lado, não há como punir com tanto rigor alguém que fez o que qualquer um 
de nós faria em seu lugar. Ficamos, então, no meio do caminho: punimos, mas com a pena 
diminuída. É o que se acostumou denominar homicídio privilegiado. As hipóteses estão no ar-
tigo 121, § 1º, do Código Penal, devendo a pena ser diminuída de um sexto a um terço quando 
presente motivo para reconhecê-la.
Em resumo: o homicídio privilegiado é causa de diminuição de pena. Deve ser reconhecido 
quando o indivíduo age impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domí-
nio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Veja, a seguir, quadro 
explicativo com cada uma das hipóteses.
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Relevante valor 
social
Relevante valor 
moral
Sob o domíniode violenta 
emoção, logo em seguida a 
injusta provocação da vítima
Ocorre quando o 
interesse é de toda 
a coletividade. Ex.: 
matar um serial killer.
Ocorre quando o 
interesse é individual, 
geralmente envolvendo 
sentimento de 
compaixão. Ex.: 
homicídio eutanásico.
A redação não desperta dúvida: 
houve injusta provocação por parte 
da vítima e o homicida não conseguiu 
manter o controle. É a situação 
relatada anteriormente, do indivíduo 
que tentou matar a vítima após sua 
esposa receber um golpe de garrafa. 
Dois pontos merecem destaque: (a) 
a reação tem de ser logo em seguida, 
afinal, o homicida age no calor da 
emoção; (b) o agente deve estar 
dominado pela violenta emoção. 
Se estiver apenas influenciado pelo 
sentimento, deve ser reconhecida a 
atenuante do artigo 65, III, “c”, do CP.
2.6. Homicídio Qualificado (cp, art. 121, § 2º)
Homicídio qualificado
§ 2º. Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo fútil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes 
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em 
razão dessa condição:
Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
Todas as vidas humanas têm o mesmo valor – ou deveriam ter -, mas algumas hipóteses 
de homicídio merecem punição mais rigorosa. Há uns anos, li no jornal sobre um caso hor-
rendo, em que uma mãe degolou seus dois filhos por ter interesse em namorar um rapaz que 
não gostava de crianças. Perceba que, se comparados dois exemplos trazidos até aqui, o do 
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senhor que tentou matar uma pessoa que deu uma garrafa em sua esposa grávida e este da 
mãe que viu nos filhos uma barreira para a vida sentimental, os sentimentos por nós sentidos 
não são os mesmos. Um mesmo crime, o de homicídio, mas sentimentos antagônicos de com-
paixão e repulsa. Naturalmente, o segundo exemplo merece punição mais dura.
No homicídio simples, do caput, a pena é de reclusão, de seis a vinte anos. Na forma qua-
lificada, a pena começa em doze anos, podendo alcançar trinta anos, o antigo limite máximo 
de cumprimento de pena privativa de liberdade em nosso país – atualmente, o limite é de qua-
renta anos (CP, art. 75). Provavelmente, em um futuro próximo, a pena máxima do homicídio 
qualificado será modificada para o novo teto. As qualificadoras estão no § 2º do artigo 121, 
melhor vistas no esquema a seguir.
Qualificadora Descrição
Mediante paga 
ou promessa de 
recompensa, ou 
por outro motivo 
torpe (§ 2º, I).
Na primeira parte, temos a figura do mercenário, (sicário, 
assassino de aluguel etc.), aquele que mata em troca de 
recompensa (recebida ou prometida). Para essa relação, temos, 
no mínimo, três pessoas: o mandante, o assassino e a vítima. 
Nem sempre a qualificadora alcançará o mandante – pode 
parecer injusto, mas expliquei no tópico sobre o homicídio 
hediondo. Em seguida, o legislador traz fórmula genérica. Torpe 
é o motivo repugnante, que causa nojo. Por exemplo, matar por 
herança.
Por motivo fútil 
(§ 2º, II).
É importante não confundir o motivo fútil com o torpe. O motivo 
fútil é o desproporcional, em que há total desequilíbrio entre 
ação/reação. Por exemplo, matar alguém em discussão sobre 
futebol. Em casos reais, pode ser difícil a distinção, mas não há 
diferença prática, afinal, ambas fazem com que o homicídio seja 
qualificado.
Com emprego 
de veneno, 
fogo, explosivo, 
asfixia, tortura 
ou outro meio 
insidioso ou 
cruel, ou de que 
possa resultar 
perigo comum (§ 
2º, III).
Da mesma forma como ocorre no inciso I, o legislador usa 
fórmula genérica, mas traz alguns exemplos concretos. Meio 
insidioso é o traiçoeiro, aquele em que a vítima tem sua vida 
atingida por golpe dissimulado (ex.: veneno na bebida). O meio 
cruel é o que causa na vítima sofrimento desnecessário, que 
ultrapassa o necessário para causar a morte. Se disparo tiros 
contra alguém, evidentemente, a crueldade está presente, mas 
a qualificadora é aplicável ao excesso. Exemplo: morte por 
empalamento. Por fim, o meio que resulte em perigo comum, a 
exemplo do explosivo.
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Qualificadora Descrição
À traição, de 
emboscada, 
ou mediante 
dissimulação 
ou outro recurso 
que dificulte ou 
torne impossível 
a defesa do 
ofendido (§ 2º, 
IV).
Mais uma vez, fórmula genérica acompanhada de exemplos. O 
homicídio deve ser punido com mais rigor quando a vítima não tem 
a chance de se defender. Ou seja, temos no inciso IV a tipificação 
da covardia. É o exemplo da emboscada, quando o homicida fica 
em tocaia, aguardando a passagem da vítima pelo local. Quanto 
à traição, uma informação importante: a condição de traidor é 
exclusiva de quem goza, de alguma forma, de confiança da vítima. 
O traidor frustra a expectativa da vítima, que esperava outro 
comportamento. Por isso, o homicídio qualificado pela traição é 
crime próprio, pois exige qualidade especial do criminoso.
Para assegurar 
a execução, a 
ocultação, a 
impunidade ou 
vantagem de 
outro crime (§ 2º, 
V).
É a qualificadora aplicável, por exemplo, ao indivíduo que mata 
testemunha de um crime anteriormente praticado, ou que pratica o 
homicídio para assegurar a execução de um delito ou para ocultar 
vantagem dele obtida. Importante destacar que o inciso V fala em 
crime. Ou seja, não se fala em homicídio qualificado quando se 
busca ocultar uma contravenção penal.
Feminicídio (§ 2º, 
VI).
O feminicídio é forma qualificada do homicídio, quando a vítima é 
morta por razões da condição de sexo feminino. Ela morre em razão 
do seu gênero. Para que o conceito não ficasse demasiadamente 
aberto, o legislador explicou o que quis dizer com condição de sexo 
feminino: quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou 
menosprezo ou discriminação à condução de mulher. Cuidado: o STJ 
entende que se trata de qualificadora de natureza objetiva.
Homicídio 
funcional (§ 2º, 
VII).
É qualificado o homicídio quando praticado contra autoridade ou 
agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição. Exemplo: matar uma pessoa por ser 
casada com um policial militar.
Homicídio Premeditado
Embora a emboscada (§ 2º, IV) envolva um preparo prévio à prática do delito – afinal, o 
homicida fica aguardando a vítima para atacá-la -, a premeditação não é qualificadora do ho-
micídio.Talvez a confusão se dê em virtude dos filmes americanos, em que o homicida é pu-
nido com mais rigor pelo fato de o delito ter sido premeditado. Não exista tal qualificadora em 
nossa legislação. Portanto, o homicídio premeditado é, a princípio, simples, salvo se presente 
alguma qualificadora do § 2º do art. 121 do Código Penal.
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2.7. Homicídio e crimes Hediondos
Na década de 80, o Brasil testemunhou a crescente prática do delito de extorsão mediante 
sequestro (CP, art. 159), quando o criminoso sequestra a vítima e impõe vantagem como con-
dição ou preço do resgate. Muito se falava sobre a necessidade de uma lei antissequestro, que 
entraria em vigor apenas em 1990, em razão do sequestro do empresário Abílio Diniz, ocorrido 
em 1989. A lei antissequestro é o que atualmente chamamos de lei dos crimes hediondos (Lei 
n. 8.072/90). Em sua redação original, o homicídio não era considerado hediondo, nem mesmo 
quando qualificado. Um absurdo, é claro, mas lembre-se: inicialmente, a Lei n. 8.072 surgiu 
como norma em combate à extorsão mediante sequestro.
Em dezembro de 1992, no entanto, tudo mudou. A bela Daniella Perez, atriz do momento, 
protagonista da novela das oito – na época, o topo da carreira de artistas no país -, foi brutal-
mente assassinada por seu parceiro de cena, Guilherme de Pádua. No ano seguinte, em 1993, 
duas chacinas: a da Candelária e a de Vigário Geral, quando vinte e nove pessoas foram co-
vardemente assassinadas. Algo tinha de ser feito. Em resposta aos crimes, em lei de iniciativa 
popular, entrou em vigor a Lei n. 8.930, de 1994, que adicionou o homicídio ao rol dos crimes 
hediondos, mas duas hipóteses específicas: (1) quando praticado em atividade típica de grupo 
de extermínio, ainda que cometido por um só agente; (2) quando qualificado.
A lei não conceitua grupo de extermínio. De qualquer forma, em esforço para entender o que 
quis dizer o legislador, um primeiro questionamento deve ser esclarecido: quantas pessoas são 
necessárias para que exista um grupo? Duas, três, quatro? A meu ver, o grupo deve ter, no mínimo, 
três participantes, pois é o mesmo número exigido para a existência de uma associação crimino-
sa (CP, art. 288). Ademais, em que consiste o grupo de extermínio? O que o diferencia do concurso 
de pessoas? A análise da chacina da Candelária, que deu origem à mudança, traz a resposta.
Na madrugada do dia 23 de julho de 1993, policiais militares dispararam vários tiros em 
direção a um grupo com mais de quarenta crianças e adolescentes moradoras de rua que 
dormiam em frente à igreja da Candelária. Oito morreram. O crime foi praticado em vingança 
contra um episódio ocorrido dias antes, quando algumas dessas crianças e adolescentes ati-
raram pedras contra uma viatura policial. Logo, os atiradores não queriam matar João, José 
ou Francisco, mas moradores de rua que dormiam em frente à igreja, pouco importando suas 
identidades. Essa é a característica principal do grupo de extermínio, hipótese de homicídio 
hediondo: a impessoalidade.
Homicídio Qualificado-Privilegiado (Híbrido)
É possível a incidência da causa de diminuição do § 1º do art. 121 (homicídio privilegiado) 
em conjunto com alguma das qualificadoras (§ 2º), desde que a qualificadora tenha natureza 
objetiva (aquelas referentes ao meio ou modo de execução do delito). Ex.: o pai que mata o 
estuprador da filha usando veneno como meio de execução. O homicídio por ele praticado é 
qualificado (§ 2º, III), mas privilegiado (§ 1º) em virtude da motivação do delito.
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No entanto, não é compatível o § 1º com as qualificadoras de natureza subjetiva (motivo 
do crime). Explico: no homicídio privilegiado, a ideia é mais ou menos a seguinte: o homicida 
deve ser punido porque não lhe é dado o direito de matar outras pessoas, mas a sua pena deve 
ser diminuída em razão da menor reprovabilidade de sua conduta. No exemplo do pai que mata 
o estuprador da filha, é bem provável que o jurado, ao se colocar no lugar do homicida, conclua 
que teria feito igual.
Não teria lógica dizer que o homicídio foi privilegiado e, ao mesmo tempo, fútil ou torpe. 
Por isso, o homicídio privilegiado não é compatível com qualificadoras de ordem subjetiva (ex.: 
motivo torpe). Por fim, atenção: o homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo, pouco im-
portando se consumado ou tentado. Primeiro, por não estar no rol dos crimes hediondos (Lei 
n. 8.072/90, art. 1º); segundo, porque não seria coerente um crime ser considerado, ao mesmo 
tempo, privilegiado e hediondo.
Causas de Aumento de Pena do Homicídio Doloso
Hipóteses Aumenta de pena
Homicídio praticado contra pessoa menor de catorze ou 
maior de sessenta anos.
Um terço.
Homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto 
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo 
de extermínio. Cuidado: o homicídio praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio é hediondo, 
ainda que simples (Lei n. 8.072/90, art. 1º).
Um terço até 
metade.
Causas de Aumento do Homicídio Qualificado por Feminicídio
Hipóteses Aumenta de pena
A pena do feminicídio é aumentada quando o crime é 
praticado:
(a) durante a gestação ou nos três meses posteriores 
ao parto;
(b) contra pessoa menor de catorze anos, maior 
de sessenta anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição 
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
(c) na presença física ou virtual de descendente ou de 
ascendente da vítima;
(d) em descumprimento das medidas protetivas 
de urgência previstas na Lei Maria da Penha (Lei n. 
11.340/06, art. 22).
Um terço até 
metade.
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Crimes contra a Pessoa – Parte I
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2.8. Homicídio culposo
Homicídio culposo
§ 3º. Se o homicídio é culposo:
Pena – detenção, de um a três anos.
No homicídio culposo, embora o resultado seja o mesmo do homicídio doloso, o desvalor 
da conduta é inferior, já que a morte decorre de falta de observância de dever objetivo de cuida-
do a todos imposto – por exemplo, manusear arma de fogo sem o devido cuidado. A culpa se 
manifesta por três meios: (a) pela imprudência, representada por um agir; (b) pela negligência, 
que se dá por omissão, por deixar de agir e; (c) pela imperícia, a culpa profissional, ligada ao 
exercício de arte, ofício ou profissão.
Se o homicídio culposo for praticado na direção de veículo automotor, deve o indivíduo ser 
punido pelo crime do artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503/97), em razão 
do princípio da especialidade. De qualquer forma, tanto em uma hipótese (homicídio culposo 
do CP) quanto em outra, o crime não será de competência do Tribunal do Júri, que deve julgar 
apenas os crimes dolosos contra a vida.
Perdão Judicial
§ 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequ-
ências

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