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Via Biossintética do Ácido Chiquímico Farmacognosia 1 Principais Vias Biossintéticas de Elaboração de Produtos Naturais > a via do ácido chiquimato é iniciada pela condensação de eritrose-4-fosfato e fosfoenolpiruvato – substâncias oriundas do processo de fotossíntese pela via glicolítica. > o ácido chiquímico é caracterizado por possuir um grupamento ácido, com 3 grupos hidroxilas. Ácido 3,4,5-triidroxi-1-cicloheeno-1-carboxilico. > o ácido chiquímico é oriundo da planta (Badiana-do-Japão ou Anis-estrelado-japonês ou Falso-anis-estrelado), cujos nomes científicos são: Illicium religiosum Siebold & Zucc., I. japonicum Siebold, I. anisatum L. (Magnoliaceae). Os frutos dessa planta são altamente tóxicos. > a Badiana-do-Japão, anis falso, é muito parecida com a Badiana-da-China, o anis verdadeiro. - No falso anis predomina-se a substância anisatina, enquanto que, no anis verdadeiro predomina-se a substância anetol (C6 C3, derivado fenil propeno, com atividade carminativa e edulcorante – uma especiaria). - Tamifu é um fármaco que tem esqueleto do ácido chiquímico. Via Biossintética do Ácido Chiquímico > o ácido chiquímico funciona como ponto de partida para a biossíntese tanto de metabolismo primário quanto do metabolismo especial/secundário das plantas. · Metabólitos primários: ácidos aminados – aminoácidos (tirosina, fenilalanina e triptofano). · Metabólitos secundários/especial: taninos, alcaloides aromáticos, arilpropanoides (C6 C3), fenólicos, cumarinas, lignoides e flavonoides (via mista). > o ácido chiquímico é formado a partir de uma molécula de açúcar, o eritrose-4-fostofato, que será condensada com um fosfoenol piruvato (PEP), numa condensação Aldólica. O grupamento fosfato (ótimo grupo de saída) sai do fosfoenol piruvato (PEP), tornando o carbono nucleofílico – devido ao direcionamento do par de elétrons da ligação dupla para carbono terminal. O carbono nucleofílico ligado ao oxigênio irá atacar o centro eletrofílico da carbonila aldeídica da eritrose. Esse ataque é possível porque a densidade eletrônica presente na ligação dupla da carbonila é direcionada ao oxigênio (+ eletronegativo). Isso fará com que esse oxigênio com par de elétrons capte próton do meio. Forma-se, então, um açúcar de 7 átomos de carbono, o DAHP. Uma reação intramolecular irá ocorrer, provocando a perda do grupamento fosfato, que levará à formação de uma ligação dupla com a subsequente doação do par de elétrons da ligação com o hidrogênio. Essa ligação dupla será importante para que ocorra o fechamento do anel. O fechamento do anel ocorre com a quebra da ligação do oxigênio com o hidrogênio (O–H), que doará a densidade eletrônica da ligação para a ligação com o carbono da carbonila. Isso fará com que o par de elétrons da ligação dupla da carbonila ataque o carbono eletrofílico da carbonila do ácido carboxílico. O carbono dessa carbonila receberá o par de elétrons da sua ligação dupla para a formação da ligação e fechando do anel. O oxigênio da mesma carbonila recebe o par de elétrons da ligação dupla, tornando-se nucleofílico e capaz de captar o próton que havia sido liberado. Forma-se assim, o ácido 3-desidroquínico. - As hidroxilas estão na posição orto. (A substância que tem hidroxilas intercaladas no anel aromático é meta). O ácido 3-desidroquínico poderá sofrer 3 reações que levarão a produtos diferentes. Caso sofra uma redução, formará o ácido quínico. Caso sofra uma desidratação e enolização, formará o ácido protocatecuíco (substância aromática). Caso sofra uma oxidação e enoliação, formará o ácido gálico (substancia aromática – monômero para formação dos taninos gálicos). E, o mais importante, caso sofra uma redução da carbonila cetônica, formará ácido chiquímico. > a condensação de vários ácidos gálicos leva a formação de taninos gálicos com uma molécula central de açúcar (pentagaloglicose). Taninos são encontrados, principalmente, nas espécies da família Myrtaceae. Substancia central = molécula de açúcar (todos os carbonos estão oxigenados – cada carbono é hidratado = carboidrato). Efeito adstringente na boca. Formação do Ácido Corísmico > o ácido corísmico é um intermediário importante na biossíntese das substâncias da via do ácido chiquímico. O ácido chiquímico é fosforilado (o que torna a substância mais ativa!) pelo ATP, gerando um bom grupo de saída. O par de elétrons do grupamento hidroxílico vai atacar o centro eletrofílico do fosfoenolpiruvato, formando o intermediário (C6 ligação por ligação éter ao C3). No intermediário, haverá a saída do grupamento fosfato a partir da saída do hidrogênio (ligado ao carbono 1) que doará os elétrons da sua ligação formando uma ligação dupla – isso tudo numa Eliminação do tipo 1,2 do ácido fosfórico. Assim, ocorre a formação do ácido 5-enolpirúvicochiquimico-3-fosfato (EPSP). Posteriormente, o EPSP vai sofrer uma eliminação do tipo 1,4 do ácido fosfórico. A eliminação ocorre a partir da eliminação do hidrogênio do carbono 6 (1), gerando uma ligação dupla (1,6). Consequentemente, a ligação dupla 1,2 vai migrar para a posição 2,3, provocando a saída do grupamento fosfato. Isso formará o ácido corísmico (que não é um C6 C3 devido a ligação éter ali). Esse ácido pode levar a formação do ácido prefênico (C6 C3), e, em seguida, à formação dos aminoácidos L-Fenilalanina e L-Tirosina. - Aminoácido (ácido aminado): no mesmo carbono há um grupamento ácido e um amino, ou seja, é uma junção de um grupo amino e um ácido. Formação de Aminoácidos Aromáticos > esses aminoácidos são formados pelo ácido corísmico, os quais serão precursores de vários alcalóides. Primeiramente, ocorre um rearranjo intermolecular no ácido corísmico, onde a ligação éter será rompida, levando a formação de uma carbonila no grupamento derivado do fosfoenolpiruvato. A ligação dupla desse grupamento será, consequentemente, clivada, migrando do carbono 5 para o carbono 1. Assim, a ligação dupla 1,6, migrará para a posição 5,6, formando o ácido prefênico. O ácido prefênico será intermediário na formação ao aminoácido L-Fenilalanina e da L-Tirosina por diferentes caminhos – dependendo do organismo onde a reação está ocorrendo. O ácido prefênico pode sofrer uma descarboxilação, aromatização, perda do grupo de saída, e desidratação (HOH), levando a formação do ácido fenilpirúvico (C6 C3). Ou, o ácido prefênico pode sofrer uma descarboxilação, mantendo a hidroxila presente, levando a formação do ácido 4-hidroxifenilpirúvico. Os intermediários do ácido prefênico: ácido fenilpirúvico e o ácido 4-hidroxifenilpirúvico poderão sofrer transmainação cetoácido, gerando: – Ácido fenilpirúvico: transaminação cetoácido, transformará a carbonila cetônica em um grupamento amino, formando o aminoácido L-Fenilalanina. – Ácido 4-hidroxifenilpirúvico: transaminação cetoácido, transformará a carbonila cetônica em um grupamento amino, formando o aminoácido L-Tirosina. – Ácido prefênico: transaminação cetoácido, transformará a carbonila cetônica em um grupamento amino, formando o ácido arogênico. Por descarboxilação, esse ácido pode levar a formação tanto da L-Fenilalaina como da L-Tirosina. > o aminoácido triptofano é formado pela via do ácido chiquímico, tendo, também, como precursor o ácido corísmico. – Triptofano: nitrogênio cíclico característico de alcaloides. (estudado em gnosia 2). O aminoácido L-glutamina fornecerá o grupamento amino ao ácido corísmico para formação do triptofano, levando a formação do intermediário ácido 2-amino-2-desoxisocorísmico. Esse ácido pode sofrer uma eliminação do ácido pirúvico e uma aromatização do anel, que formará o ácido antranílico. O ácido antranílico condensará a molécula do açúcar pirofosfato de fosforibosila, formando o indol. A adição de L-serina ao indol levará a formação do triptofano. A partir do ácido corísmico também é possível formar o ácido salicílico (C6 C1 – ácido benzóico); o ácido 2,3-hidroxibenzoico; e o ácido p-aminobenzóido (PABA – cujo grupamento amino também foi fornecido pela glutamina). Derivados de Ácido Benzóico > os ácidos benzóicos temum esqueleto C6 C1. Estes são ácidos vanilico e a vanilina, encontrados na família Orchidaceae (baunilha). > esses ácidos são formados a partir de uma β-oxidação da cadeia lateral. - β-oxidação: ocorre pela remoção, por oxidação, de sucessivas unidades de dois átomos de carbono na forma de acetil-CoA. A partir de uma molécula C6 C3, como a fenilalanina e a tirosina, atuam as enzimas PAL e TAL, que eliminam seu grupamento amino, formando uma ligação dupla. Isso gera os precursores ácido p-cumárico ou ácido ferúlico. O grupo funcional carboxi, sofrera ação com a HSCoA, na presença de ATP, formando um éster, o hidroxicumaroil-CoA ou feruloil-CoA. Esses poderão sofrer uma hidrólise da ligação dupla, gerando um ácido secundário, que será oxidado à cetona. A cetona sofrerá ação de uma nova HSCoA, o que eliminará a acetil-CoA. (Isso ocorre de forma semelhante a biossíntese dos ácidos graxos, mas de maneira inversa, já que na biossíntese, a carbonila é reduzida a álcool, o qual sofrerá uma desidratação, formando uma dupla). O HSCoA será adicionado pela reação de Claisen reversa, levando a formação de uma molécula C6 C1 – β-degradação da cadeia lateral. Ele entra no carbono da carbonila. > as substâncias C6 C3, fenilalanina e tirosina, são os principais precursores biossintéticos de diferentes moléculas do tipo C6 C3– chamadas de ácidos cinâmicos livres ou esterificados e álcoois cinamílicos. – Os ácidos são reduzidos e formam os álcoois. Na posição 3/γ tem-se os ácidos, que após a redução, formam os álcoois. O ácido cinâmico, quando oxidado na posição para, forma o ácido p-cumârico, o qual poderia ter sido oriundo da L-Tirosina pela ação da enzima TAL, que provocaria a perda do grupamento amino (como NH3 gasoso), gerando a ligação dupla. O ácido p-cumârico poderá sofrer outra oxidação – adição de hidroxila, formando o ácido cafeico. O ácido cafeico sofrerá ação da SAM (adenosilmetionina – provoca metilação de uma substância), tendo uma de suas hidroxilas protegidas por uma metila, formando um grupamento metoxi, o ácido ferúlico. O ácido ferúlico poderá sofrer uma oxidação, adicionando a terceira hidroxila à molécula. Essa nova hidroxila poderá ser também metilada pela SAM, formando o ácido sináptico. SAM: promove a metilação de substância, aumentando a diversidade de substâncias do tipo C6 C3. – Esses ácidos serão reduzidos, formando seus corresponderes álcoois. > dímeros desses álcoois e ácidos C6 C3, propenilfenóis e alilfenóis levará a formação de micromoléculas conhecidas como lignoides (neolignonas e lignonas). Estes possuem esqueletos C6 C3. – A lignina é uma macromolécula/polímero de unidades dos ácidos e álcoois cafeicos. Fragmento de lignina – confere sustentação às árvores. Formação dos Derivados Fenilpropenos: alilfenóis e propenilfenóis > alil- e propenilfenois tem esqueleto C6 C3. > o propenilfenol é formado a partir do álcool cinamílico, pela eliminação de uma hidroxila na forma de água. Isso vai gerar um carbocátion primário que poderá ser estabilizado pela entrada/ataque de um hidreto (H-). Este sofrerá uma redução ao propenilfenol. > alifenol é formado a partir da estrutura de ressonância do cátion alila. A estabilização do carbocátion primário é feita pela ressonância da carga positiva, onde a ligação dupla migra para o carbono lateral, formando um carbocátion secundário. Este será estabilizado pela entrada de um hidreto, formando a alilfenol. – Alilfenol são substâncias voláteis encontradas em plantas aromáticas, como o eugenol, manitol. Alilfenóis e propenilfenóis podem ser encontrados em diversas substâncias como as mostradas na imagem. > Cynara scolymus L.: droga vegetal que tem como marcador químico um derivado fenilpropanoide. · Nomenclatura popular: – Alcachofra · Família: Asteraceae · Indicações terapêuticas: antidispéptico, antiflatulento e diurético. Auxiliar na prevenção da aterosclerose. Coadjuvante no tratamento de dislipidemia mista leve a moderada e como auxiliar nos sintomas da síndrome do intestino irritável. · A droga vegetal é constituída pelas folhas secas, inteiras ou fragmentadas, contendo no mínimo 0,8% de ácido clorogênico. · Colerética por estimular o fígado na produção da bile. A ação colagoga é devido a sua capacidade de estimular a contração da vesícula biliar, para promover o fluxo da bile para o intestino. A bile aumenta a solubilidade do colesterol e da gordura, facilitando sua digestão pelo organismo. · Marcadores químicos da alcachofra: Cinarina ou derivado do ácido cafeoilquímico, que estão expressos em ácido clorogênico (mesmas estruturas). Em verde, a unidade fenilpropanoide – derivado do ácido cafeico. Em amarelo, derivado do ácido quínico. A cinarina possui duas unidades C6 C3. > Esquema geral da aula:
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