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Aceitação, Renúncia e Cessão (Manual das Sucessões) - Maria Berenice Dias

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BERENICE DIAS 
V' ~-
',,;·., 
.,.. revis.· amnliaãa: 
.. )·it .. ., 
De acordÔl~om: 
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• Emenda Constitucional 66/2010 
. -::fJ,.>!'f.i -
• Lei 12.J9~L2010 
- ..... "·. ,:.-.:. 
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EDITOR~m .., 
REVISTA D_OS TRIBUNAU- - v 
J 
20 
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA 
. . L • complementar. SUMÁRIO: 20.1 Notificaçao - e1tura 
Referências legais: CC 1.784, 1.792, l.804 ª 1.813 e 1.997· 
No momento do falecimento, ocorre a transferência ~o p~trimônio do de cujus 
aos seus herdeiros. A transmissão é instantânea, ipso jure, isto e, por f~rça da lei ( CC 
1. 784 ): aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros leg~timos e 
testamentários. Claro que se trata de uma ficção, mas é isso que consagra? p~ncípio 
de saísíne. Por uma espécie de artifício, os momentos da mort~, ~a ace1taçao e_da 
atribuição dos bens aos herdeiros se confundem.1 Não é necessano que o herderro 
manifeste sua aceitação. O simples silêncio é suficiente para reconhecer que aceitou 
a herança. Não exige a lei a prática de qualquer ato para que ocorra a transferência 
do acervo hereditário. Ainda assim, a lei fala em aceitação da herança (CC 1.804): 
aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura 
da sucessão. 
Boa parte da doutrina considera que, no momento da abertura da sucessão, 
os bens ficam à disposição dos herdeiros, e chamam a este fenômeno de delação. 
Esta expressão, além de fora de uso, não tem razão de ser. Acaba por criar inexis-
tente distinção entre aquisição e aceitação da herança, como se fossem momentos 
diferentes. Todo mundo discorre longamente sobre este verdadeiro limbo em que 
permaneceria a herança depois da transmissão e antes da aceitação. Dita distinção, 
no entanto, não dispõe de respaldo na lei, que, de modo claro, determina a trans-
missão imediata e automática da herança ao herdeiro quando da morte do titular da 
herança. Pelo jeito haveria um vácuo temporal, um período durante 
O 
qual, ainda 
q~e transferida ao herdeiro, a herança ficaria vagando até a aceitação de quem já é 
seu titular. Caso fosse necessário qualquer manifestação para configurar a aquisição 
dos bens pelos herdeiros, até este momento o espólio ficaria sem dono. Mas é isso 
exatamente o que o princípio de saisine procura evitar. 
Cristiano Chaves de Farias con~igna sua estranheza, mas acaba negando a 
existência de colisão e tenta harmomzar a aceitação com o princípio de saisine. 
Sustenta que aceitação não significa aquisição, que se opera por força de lei. Para 
isso empresta efeito retro~perante à co~firmaç~o da t~ansmissão, que retroage à 
data da abertura da sucessao, a fim de evuar um madm1ssível hiato na titularidade 
1. Amoldo Wald, O novo direito das sucessões, 25. 
~------A_CEITAÇAO E RENÚNCIA 
• , e 193 
atrit11ônlº· orno se vê é dif' .1 d0 P · ária decorra do fato 'd ici explicar o que n · . JoU~:. manifestação que te~e\ assegurado ao her~etst'/alvez a dificuldade 
bera • hereditária. e eito retroativo e l r~ o ueto de renunciar à vocaçao exc ui O herdeiro da ordem de 
~1ister reconhecer que há é " . h umerronal 't a eipressã? . aceita a erança". Tal dis . ~1 ur~ d~ no art. 1.804 do CC, uanto 
O
bra a pratica de nenhum ato Oh dp~s1t1vo hmita-se a afirmar f q N-c . _ · er euo nã . um ato. ao 
que ocorra a tr_ansmISSao. A aquisição da her o prec~a. manifestar aceitação para 
Jllorte do de cuJUS. A lei simplesmente . 1 ança e tac1ta e se dá no momento da d - Ah assma a que a t . a ab<fltlra . a sucessao. erança é dei . d . ransllllSSào é definitiva desde 
,\penas é facultada a possibilidade cie en a ao herdeiro com a ocorrência da morte 
es
tá suJ· eita a condição resolutiva· a rreen~n~1ar. Ou seja, a transmissão ocorre ma~ . · nunc1a. ' 
A ref erênc1a legal não reclama um . d . ela iransmissão que, no entanto, não im ª~ 0 hen\etro. Identifica a definitividade 
todos, a aceitação não está sujeita a coJ~ :: :nuncra. Ao contrário do que dizem 
a própria lei refere que a aceitação se man~esta sp~ns
1
;"'· Tanto ISSO é verdade que 
qualidade de herdeiro. Nada precisifazer O herd:Oª 
50 
pranca de atos próprios da 
a 
Basta quedar-se em silêncio N- , , . para tornar-se titular da heran-ç · · ao e necessana a aceitaç· tácita A exteriorização da qualidad d h d . ao, nem expressa e nem · • e e er euo peld exercício do direito impede 
que, postenormente, venha a renunciar A lei simple t • - • 'b , · d · smen e consagra o pnnc1p10 
que pro1 e a pr~tica e compor_tamento contraditório, conhecido pelo adágio latino 
nano potest ventre contra f actum proprio Ou se1· a depo1· s de ag· l h d · . , . · , u como ta o er euo 
não pode mais haver a renuncia. 
Bem esclarece San Tiago Dantas: a renúncia é uma faculdade do herdeiro Ele 
pode ~~nunciar, e aquilo que chamamos de aceitação nada mais é do que 0· não 
exerc1c10 da faculdade de renunciar. A aceitação é a negativa da renúncia: é a não 
renúncia.3 Assim, é redundante a ideia de que alguém tenha de manifestar se aceita 
algo que por direito já lhe pertence, sendo dispensável a lei disciplinar a aceitação. 
Melhor teria feito o legislador se tratasse apenas da renúncia, até porque só se 
renuncia ao que se tem ou ao que não se quer.4 O fato é que todas as referências 
legais à aceitação da herança simplesmente visam descobrir se o herdeiro assumiu 
a condição de herdeiro, o que se presume quando passa a agir como seu titular. A 
partir deste momento, não dá mais para renunciar à herança. Tomou-se irreversivel 
o ingresso da herança no seu patrimõnio de modo. O herdeiro, depois de ter agido 
como herdeiro, não pode renunciar. No máximo pode ceder a herança, mas este é 
um negócio jurídico inter vivos entre cedente e cessionário. 
Alguns qualificam a aceitação com_o um_ ato itidico em s~ntido estri~•:'. 
enquanto outros a consideram um negócio 1und1co. Esta controversia por s1 so Jª 
2. Cristiano Chaves de Farias, Incidentes à transmissão da herança, 40. 
3. ln Arnoldo Wald, O novo direito das sucessões, 27. , . . . . . 
4 R 
. . . }hã 
0
. ·to das sucessões no novo Codigo ClVll brasileiro, 42. 
. ui Riberro de Maga es, irei · - da h 47 
5 N 
.d . C . . c1.nves de Farias, Incidentes à transmissao erança, . 
. este senu o nsuano lül • da 5·1 p · I · · -
6 
· G 5 essões 22 e Caio Máno i va ereua, nsunnçoes 
• Neste sentido: Orlando omes, uc , 
de direito civil, v. 6, 53. 
, 
194 MANUAL DAS SUCESSÕES 
evidencia que a aceitação, ao fim e ao cabo, é um nada jurídico, ~~rque a _aceitação 
tácita não existe e a aceitação expressa é totalmente desnecessana. Equ1vocad 
- · h d · ªª assertiva de que a aceitação é um ato necessarro, e que O er eiro tem que manifestar 
se aceita ou repudia a herança. 7 
A doutrina amplamente majoritária sustenta que a aceitação é um ato unilate-
ral, simples e gratuito. Não depende de confirmação e não comporta modalidade 
termo ou condição. Também não pode a herança ser aceita em parte. Aqui mais um; 
vez flagrante é o equívoco, pois todas estas características são da renúncia e não da 
aceitação. A afirmativa - inclusive presente na lei - de que a aceitaçã? é irretratável 
nada mais quer dizer que o herdeiro, ao pasJar a agir na condição de he~deird, não 
pode mais renunciar. Uma vez herdeiro, sempre herdeiro. Não é a aceitação, é à)re-
núncia que é um ato jurídico unilateral, simples, gratuito, irrevogável e irretratável. 
Não necessita da concordância dos herdeiros, nãb pode ser parcial e nem sujeita a 
termo ou condição (CC 1.808). 
1 1 
Diz a lei que a 'aceitação é irrevogável ( CC l.812)~ rp.ais uma vez, irrevogável 
é a renúncia e não a aceitação. Como a transmissão é instantânea quando da 1aber-
tura da sucessão, não há motivo para se atribuir ao Jierdeiro faculdade de aceitar· 
ou ren4nciar à herança. Como bem lembra Orlflndo Gomes, não ç n~çessfirio ato
1 confirmatótjo do herdçiro. 8 De qualquer modo, depois de o herdeiro agir como tal, 
não mais pode remmciar, o que se poderia ch~mar de irretratabilidadeda aceitação, 
ou seja,,l!ão mais ppde abrir mão da condição de,herdeiro. 
Não só a sucessão legítima independe de aceitação. A sucessão testamentária 
também. Se a nomeação de herdeiro eu legatário não estiver sujeita a condição, a 
aquisição ocorre no momento da abertura da sucessão ( CC 1. 784). 
· Chega J doutrina a afirmar que -'a àceitação é passível de anulação.9 O exem-
plo trazido evidencia o quanto desarrázoada 'é esta assertiva. Admite-se anular a· 1 1 
acei1tação quando o aceitante não é herdeiro. Ora, a quem não é herdeiro não se, 
transmite a ~erança, não ha~endo c?mo alguém aceitar algo que não lhe pertence. 
Assim, sequer se pode dizer, c,omo o faz Caio Mário, que a aceitação é ineficaz. 10 
Ela simplesmente é inexistente. Ninguém pode aceitar o que não é seu. Ainda que' 
ultimado.º inventário e transmitida a herança a quem não é herdeiro, cabe anular a 
partilha e não anular a açeit~ção. A µipótese configura o que se chama de herdeiro 
aparente que, ,de herdeiro, nada tem. ' 
Também costuma a doutrina estabelecer distinções sobre o modo de ocorrer 
a aceitação da herança. Quando manifestada por esqito é chamada (a) expressa. É 
(b) tácita quando o herdeiro pratica atos de administração, alienação ou oneração 
dos bens da herança ( CC 1.805). Não se manifestando o herdeiro quando intimado, 
7. Cristiano Chaves de Farias, Incidentes à transmissão da herança, 39. 
8. Orlando Gomes, Sucessões, 21. 
9. Neste sentido: Orlando Gomes, Sucessõ~, _23; C~io_ Mário, Instituições de direito civil, v. 
6, 55 e Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, 72. 
10. Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito civil, v. 6, 55. 
y 
ACEITAÇAO E RENÚNCIA ~ ------~=----~1~95 
sidera-se ( e) presumida a aceitação ( CC 1 ,ou
1 
fllção verbal não é considerada acel · •8º7), De qualquer forma, a mera 
JeC a ,, pode ser identificado com t dtação .. Sequer O pagamento de dívida da 
i. rallç" o a o e aceitação . . é li . I ,,e divida alheia. Somente O pa ame i . • pots cno a qua quer um pagar ceitação 11 g nto eito com recursos do monte hereditário 
configura a . 
outras diferenciações feitas igualm -. ssibilidades de renú . ente nao se referem à aceitação de herança, 
J!las as pO . h d . . d. nem. Chama-se de aceitação direta a levada a efeito 
pelo próprio erf e
1
uo e m u~ta quando alguém o faz por ele. Há três hipóteses em 
e costuma a ar em aceitação indi t . 1 que s . . re a. pe os sucessores; por mandatário ou 
gestor de negocio: pelos credores. 
" . ' essores po em e renunciar ao qumhao he-
F
" Iecendo o herdeiro os seus sue d - • · -
d
·t 'rio percebido pelo seu antecesso - d • -re 1 a _ r, o que nao po e ser chamado de ace1taçao 
indireta- Basta que nao tenha,º herdhro, anteSde morrer, demonstrado interesse pela 
herança- De qualquer _modo, o.falecido rece~u a herança, tanto que ela transmitiu-se 
aos seus herdeuos. Ao fim, 0 que çonsagra a lei não é a possibilidade de os s:ucesso-
res aceitarem a herança. Transfere-se aos h~rcÍeiros a faculdade de renunci~r a ela, 
I,astalldo que não tenha o ant~cessor agido, conio seu titula! (CC L8Ó9). Assim, o 
que se transmite aos sucessores é a h~rança e Ó direito.de renunciar. P~rtanto, não 
há como falar e~ transferência do direito de aCei5"r, mas em transIIlissão da líerança 
e do direito de recusa. • · ' · , ' 1 1 '- 1 
A outra modalidade de acejtaçã0 indire;ta seria a, levada a éfeito por maaàatário 
(CC 651 a 692) ou gestor de neg~o'(CG 861,a 875). Ness,, caso, quando o agir 
como herdeiro é praticado por quem tem pode'res para isso, por se,; seu reJll1esen-
tante de direito ou de fato, é evidente·que não se está diante de fo11I11a indireta de 
aeeitação. 
A chamada aceitação pelos credores (CC: 1.813')' nada mais é do que a pos-
sibilidade assegurada aos credores de•contéstarem a,irenúncia levada a efeito por 
seu deVedoi. Mais uma vez não se trata de aceitação da heiallça, mas·do•direito de 
imjíugnar a renúncia manifestada por quenl dispõe de CréditO'juhto ao herdeiro' 
renunciante. Assim, o herdeiro quem tem dívidas anteriores à áÔertura da sucessão 
pode ver o ato de repúdio à herança ser declarado ineficaz frente áo,;seus credores até 
o limite de seu débito. A possibilidade é salutar. Como a sucessão ocorre geralmente 
entre parentes, e a renúncia beneficia os ourros herdeiros, tal modalidade poderia 
ser usada para mascarar fraude contra credores. O devedor não pode abrir mão de 
seu patrimõnio lesando a quem deve. Como a herança pertence ao ,h~çiro desde a 
abertura da sucessão, descabido que se desfaça dos bens que receb~u, deixando de 
atender a suas obrigações. Por isso não é necessária a prova dJl má-fé do renunciante_ 
para. tornar a renúncia ineficaz.12 
ll. Caio Mário da Silva Pereira,,Instituições de qireito civjl, v.~6, SJ i J2· Neste sentido: Caio Mário, Instituições de direito civil, v. 6, 53 e Gujlhenne Calmon 
ogueua da Gama, Direito civil, v. 71 65. _ 
1 
MA-Ntl~L ôA.S SO'G'.:~SS_ÓÊSi 
t96 . , · · • ·· dll °hwári~ 
. . . , '1l!lpl'ka àct1tá'çao , · · · 1 ; • (I' fI® i11@ . . , . A . sur· crênda d<r>s credores_ nã~ I ..i~Llp'o~ é d« efitá'da G©m Jefa~ãô-a, e'les ~ij 
1D 
5 
· , · ' , Glá lla()..., •' L . · · , ' 'ª4 · h 1eim. Simplesmfnte a ~e~un . t ao restan~e do €t,llli1t1i1w1ã0> h~1:edFtá1ri@ "·1J(i) 
er~ e . d1VI<ila quan o ,j,, • 'd'Á, .... e s ,;i,é. , - a e . assim que, satis,e11& a · · .,'. · . mú!nlU' é ,,tvflall emr o · "' llla:rs herc1 , a 
e núncia, Não recoma aé lr€tde~o renu . •'ili e-ftii Ví\!Mtt, 56 I'tll'ô' g a(é G ;'.rill 
re •. i réllunoaellb, ' . . ,Í ·3lJ'·d' ""%. ( CC 1.813 .n: º), Ou Seja,_ o. Oscrroores CÍisfõemdi> praze , e ~·-.ª·C&111ar 4 
tante das d1V1das do_ herdeir íência da renúncia, paF~ ;e, ~~or ~o a 10 ~~-f1ÍJeraíidaif e 
momento em que t1ve~am1 c _ ··d' . é ·tt,nóstã' B-OJffitó do-rnven:tano. º. Pedtã l 
C I 813 § 1 º)' A açao dos cre ores p r . " . .. ·, .. 'áM - . -.,·, ú 
( cl;. . . 1· d. efeito p9,· ~fo &e dent1nd>.uilt0ltóllla, €V; , ; " •~ éíil Íeí 
caue ser eva o . · ; .. ,. . . Ímõ nos autos no propno mven!áti
0
,1r realizâda por escritura pubhca ou por t6 
20~ 1 N6tificação, 
• • - 1lc .. . . ... 1, -.. . . •. 1· . ae .. e--1• tá'ção p' atã õ-íietebfanenfo dá' &eratfça .. wi
6 
Alelnao·t~uraquaquet atoae . . , .. ; .. . , ... , , ... , ... . ,, 
: . • • \ - .. - . , -, .- j 1:-" .- ,déitói ~-m(\jsSibiliôad~' de- ttfi,l41_1nt1ar, pô'de n~vet Ill'f@-r€sSe' entanto, como tem o 11e+ , . . ,. ... ,. .,.,,,, ,. .. . .. . 
en, saber se eled~âo.-. iião·á'~<j)íe'Ntlé,;m\; tíilf mettvoc&II™ '~ 
a lci aos demais herdeiros ó direito de q)IOSliorutr aquele que rec~beu a her~l\Ça e 
que,fou-se- inerte, !ai'iffie'ttt drspõe d11 kg!~· Jlafa1 lt iltiéfp'clà~& áqiYéte ljil'€ 
podetá se: tornar ltetdtirt>',-fi'a hip~t~· de Jiravd' #@fi'áWéíã:.- · 
' ' '.é,' D'epnis tfé' ;ro dias,Ja, a~u <ÍalSl!líe~, ]AA1'ê W tl!<!Uerfdã á' litítia'eawitJ,Q\j, 
~t<i• pam colher St'f:t l!iai\Íks!àçâ\!'. áeetct,i; d,r ev-,11'1\tiJ! téh~ : A f.ài' éOl1téJdé 
30' dias dt'praw-para' o l\:etll'eiro, '(ü'erut&;, S@'~ (CC :t.807r Este pml)é 
d1111m100.t. <ll.e-lfO'de' l~,<\âts6,~ w lilóli!véf" pAA;ií@l!çãl;t tf'tr hrtio1 
"""3- m;;,, ~ ffiá IIOÍsa', s.,,, S11étrci<l'sijjliíll'E:1t 61JN ilii'<l'a!,u . , d&· ~ -
ol'e olei:01lld& este Ji>l<az&, "DerâeW' lli<l' líl'ai& podlíronu:mtiar ili l!t~ Ai 
~"°"' •l>mp,l>fumtnto •~ ~ . kva,àipr.4~ lágfoa( .. Assim!, Sfi@i\e~ 
deire foi R&llfieâll<) e fr.a, enr ~l'tl>, Sé' e\111 pl'<istffi<Y!' qi:li\lei, áb'rlf' lffl0i 
dii· ~~"• terá, d@- Íazê,k,• alr<Wóif de <ieBsão;-Rã<> Sé j)!)dl!ltdo· falar em, reM'IICia,. 
. Caso <> h•tdeiro nã<> SOi" itlt•~, " di'~f@ ão !rua;~ vermane•e ~0-, 
~erd, •· condi\'Õo de herdeiro se evell!Ual,ne111e vier,a, 0eo11e, a pres,,ri~o 
"'[llmlüva em: favor dé (!JleM esrá' ct>ll! ac~ssé• de St\l' '!llíhlião. Eis mais um funda-
ment.o 1a' evidentía-r fiãú ser ntctssáno1 fi! a:~ cl:e: á'C€itá'çã
0
:, 
Vi;rd\; a fule.cer • lierolerro; Dtes>ifó'@iíle líáol'ellllaa;Qi<l,reijmc, fitulá d . . , · .-,h, . , 1.. - ,l• ., .. , _ b'· ·d· d' • ,J ' . .. . • ; , , .. . r oqum ao 
Meli'ewnan@-reGt? . 1-o•, o 1re1to 1:te mnunc1a11 a lreraaça s
0 
t'"'a··•n·sm,,1-0- · . h d · 
__ _ . . . . . . ..,. • - · , .. h,•aos,seus . e11 el!-ms: l:nc1uSJ.1/-e.,1p·. odem eles ser, n0t1fiGaclos para, 1i"-'ia-~;:c.e·st"-.. .,,.,. r·em ""é· , h 
' L'U L'llil «'L" .O\;;• . ·x1'U1'1• · 1am a ~rança:; 
13. Ação <Íe fil•-tio, Péhho&fió OOSfü di>s °"los. l1eMncla a0s dit :t . . . . . 
heniéi,a de'vedora, lmpOSSihilidade. Evidente ;rejulzo ao dil1lito de créJ', 05 hehditános pela 
do p~la r~ú~cia. S~h-rogação _do Sred~'. nos direitos de herança da dev~~;"" orado causa-
a satJsfaçao do cred;to._ Exnnçao do leuo s:m resolução db_ lliérito. bescabt renuno/nte_ até 
de intnnaçao e anuencia do cn,dor do direito penhorado. De'sístêfiéll, da· à :en_to., ,us~noa 
no caso dos áutos. Sentença anulada. Recurso prowâo. ExiSfuido penhora \ º. ": állnnnda 
dos autos da ação de mvenlário, não é admitida a renúncia dos direitos h; eta . no rosto 
desistência da ação, sob pena de prtjuízo·áo credor que fica sub-rogado no t .1tános, nem a do devedor, pódendo aceiiar o quinhão do renunciante até o limite do seu C::{to 1~ herança 
0467634-0, rei. Des. Clayton Camargo, 12.ª C.Cív.,j. 0U0.2008). Ito JPR, AC 
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA 197 
. , ue o antecessor nada manifestou se a desejava ou não. Como em vida ele não 
Jªp~dioU a herança, tal pode ser feito por seus sucessores (CC 1.809). 
re 
. a complementar 
1,eitur _ . 
IAS, c~stiano Ch_a~e~ de. lnc~d-~ntes à transmissão da herança: aceitação, ren?ncia, cessao 
f.t\R de direitos heredttanos _e pellçao de heraRça. ln: HIRONAKA, Giselda Mana Fen:iand~ 
Novaes; PEREIRA, R~dngo da Cunha (coords.). D1reito das sucess-ões. 2. ed. Belo·Honzonc · 
el Rey, 2007, p. 41-$2 .. 
!ES orlando. Suces-sõ-es•. 14. ed. rev., atual. e aum. Rio de Janeiro: Forensé',. 2007, P· 19~2!· 
GO ELLAJociane M.ac~ia~elii. Aceitaç~o erenú;11cia da ~erârtça. ln: FR.~I!A:S, O'ou~ra~ pfnlhps 
oV\coord.) . Curs~ ~e direi~o das su~es~o~s. Fl0~a~óp0!r~: V~x ~ege~, 20?7, y~ ':51, 64. , i. rev. e 
IRA, Caio Marro: da Silva. InstHu1çoes; cfe direrto· nvd: drre1to1 4'as sacessoes. 16. ed 
pERE al Rio deJaneuo: Forense. v. 6-. 
atU · 
21 
RENÚNCIA E CESSÃO 
. · . 21 1 1 Notificação do herdeiro; 21.1.2 Goncorrência 
SUMA.RIO· 21 1 Renuncia. . . h · 21 1 4 o· . d · · • · do co•niuge ou compan eiro; . . irelto os cre-. . 21 1 3 Anuencra . 
sucessóna, ·. · . d acrescer 211 6 su~essão testamentána; 21.1.7 Aspectos 
d · 21 1 5 Direito e • ' . . • · 2 C d· · ores, ·. · 21 2 Cessão: 21.2.1 Direito de preferencra; 21.2. oncor anc1a 
process_ua1s - . anheiro· 21.2.3 Meação· 21.2.4 Aspectos processuais -
do cônJuge ou comp ' , 
Leitura complementar. 
Reertncias legais: CF 156 II; CC 426, 447 a 457, 504, l. 793 a 1. 795, 1.804 a 1.813, 1.823, 
l l.t~. l.856, 1.913, 1.941 a 1.946, 1.947 a 1.960, 1.971, 2.008; CPC 988 V, 990 III e VI e 1.015. 
Quando da abertura da sucessão, o herdeiro toma-se titular da herança. Mas 
não é obrigado permanecer com ela. Pode renunciar. As~im, por :vontade própria fica 
excluído da sucessão e a sua herança resta para os demais herdeuos. Por pura ficção 
legal, é como se nunca tivesse sido herdeiro. Não ocorre a transmiss_ão su~essória a 
ele mas diretamente a favor do cessionário. No entanto, se o herdeiro qmser abrir 
mã~ de seu quinhão em favor de determinada pessoa, precisa ceder seus direitos 
4_ sucessórios. Tal significa que recebeu a herança e a transferiu a outrem. Há duas 7r transferências patrimoniais. 
Renúncia e cessão são modalidades distintas de transmissão dos direitos suces-
sórios. Não se confundem, apesar de o legislador usar indevidamente uma expressão 
por outra. Ao tratar da aceitação da herança, chama a recusa do quinhão aos demais 
coerdeiros de cessão gratuita, pura e simples ( CC 1.805 § 2. º). Ora, tal configura 
renúncia e não cessão. A falta de uma linguagem uniforme acaba gerando muita 
confusão. Como afirma Cristiano Chaves de Farias, independentemente do nome 
que se lhe empreste, a renúncia é sempre um ato abdicativo, repúdio gratuito, puro e 
simples da herança. Havendo manifestação em favor de terceiro, caracteriza-se cessão 
de direitos hereditários, mesmo quando chamada, indevidamente, de renúncia. 1 
Em face do equívoco do legislador, diversas expressões são utilizadas para 
identificar estas duas possibilidades de transmissão da herança. A doutrina fala 
em ~en~ncia a_bdi~ati~a e em renúncia translativa; renúncia própria e imprópria. 
Renuncia abd1cat1va e a não aceitação da herança. Esta é renúncia mesmo, por 
f isso, re~úncia p_ró~ria. O herdeiro abdicou do seu direito. Já a chamada renúncia 
" trans~a~1:ª• renuncia não é, daí, renúncia imprópria. A transferência do quinhão 
hered1tano a pessoa certa não é renúncia, é cessão. 
1. Cristiano Chaves de Farias, Incidentes à transmissão da heranra c;c; 
RENÚNCIA E CESSÃO 199 
A. renúncia é o repúdio manifest d 
d herdeiro e enquanto não agir co ª 0 pelo sucessor antes de assumir a postura 
e ança ou de parte dela a determi m~ seu titular. Já a cessão é a transferência da 
her ando 
O 
património ao espólio na ª pessoa. A renúncia é sempre gratuita, re-
tor~ 
1
·ta em favor de determinad 'enquantoª cessão pode ser gratuita ou onerosa 
e é 1e a pessoa A renún · b fi • h d · essão o favorecido não pr . · eia ene eia sempre um er eiro 
e na c ec1sa ser herdeiro N , · h d · - d 
lh
er quem irá ficar com 
O 
. _ · a renuncia o er e1ro nao po e 
esco seu qumhao heredit, · D d f . ões em que o desejo dos herd . _ , ª~º· , e mo o requente surgem 
s1tuaÇ . , h f eiros nao e atendido. As vezes os filhos decidem 
nunciar a erança em avor do gen·t b . ' re _ 
1 
_ . , i or so revivente. No entanto se um deles tiver 
prole, sao e es e nao O muvo quem herdará a totalidade da heran~a. 
Somdentbe her:_andça pode ser objeto de renúncia. Assim exclusivamente o her-
d l·ro po e a nr mao o quinhão he d' , · A ' · e . . re nano. meação a que fazem jus o cônJuge, 
O Companheiro e o parceiro homossexu 1 - · e - -. a nao mtegra a sucessão. orno nao sao 
herdeiros e nem rec:ber~m herança, o meeiro não pode renunciar à meação. No 
entanto, podem c~~e-~a. _c_abe interpretação extensiva,3 pois a cessão nada mais 
é do que u~ negocrn JUndico inter vivos. Já os bens que cônjuge e companheiro 
recebe~ a titulo de concorrência sucessória é herança, e seus titulares podem 
renunciar a eles. 
A. diferença entre renúncia e cessão, além de significativa, é fundamental. 
A renúncia transfere a herança a herdeiros, enquanto o cessionário não adquire a 
qualidade de herdeiro. A renúncia·pode ser levada a efeito no inventário, mediante 
termo nos autos ( CC 1.806), ênquanto a cessão necessariamente precisa constar 
de escritura pública (CC 1.793). A renúncia tem eficácia ex tunc, ou seja, retroage 
à data da abertura da .sucessão. A cessão dispõe de efeito ex nunc; a transferência 
ocorre quando do ato translativo. 
Os efeitos tributários imputados à renúncia e à cessão também são diversos. 
Na renúncia, o renunciante não paga o imposto causa mortis, pois não participou 
da sucessão. Já para alguém transferir algo para outrem é necessário que o bem 
tenha lhe pertencido, ainda que momentaneamente. Assim, existem duas transfe-
rências patrimoniais, o que faz incidir dupla tributação: a transmissão causa mortis 
do falecido ao herdeiro e um negócio, jurídico inter vivos. do herdeiro que cede a 
herança ao cessionário. Na renúncia o herdeiro abdica de todos os direitos, se afasta 
do círculo do inventário, sem nada receber e sem dirigir seu quinhão para uma ou 
mais pessoas.4 
A cessão implica em aceitação e posterior transferência do quinhão hereditá-
rio. Duas são as transmissões a ensejar a incidência de dupla tributação. Além do 
imposto causa mortis, incide o imposto de transmissão inter vivos. Como o meeiro 
não é herdeiro, não incide tributação sobre o que recebe a este título. Assim, quan-
do o meeiro cede a sua meação, há uma só transferênciapatrimonial, dele para o 
2. TJRS, AC 70004289773, rel. Des. José Carlos Teixeira Giorgis, 7.ª C. Cív., j. 12.06.2002. 
3. Euclides de Oliveira, Sucessão legítima à luz do novo Código Civil. 
4. Arnaldo Rizzardo Direito das sucessões, 99. , 
200 MANUAL DAS SUCESSÕES 
. . . _ ·m osto devido vai depender da natureza da 
cessionáno. A 1dennficaçao do 
1 
!e configura doação (ITCD). ( ~er 66. 9) ~o se onerosa (ITBJ) ou gratuw,, 0 q . _ ' 
. . . . de concorrência não gera trihutaçao e o que ÍOire, . 
A renuncia do dll'euo . _ h . incidência de imposto de trans . •b
1
<1o a tal título retornar aos herdeiros. Nao ª 1Illss;j
0
_ 
21.I Renúncia 
Quando da abenura da sucessão, a herança transmite-se ~os sucessores. /is~ 
ficção legal decorre do princípio de saisine. Como os dogmas_ d~!e'. esta e uma v"dad, 
que se tem que aceitar sem discutir. Mono o titular,_ seu Pªtn_momo -com o non,ed, 
herança-se transfere a todos os herdeiros, nec~~os, legrn1'.'os, testamentar;
05 
e 
legatarios. Claro que a transmissão da herança se da com relaça o a~s. her~eiro~ 'º"' 
capactdade sucessória. A transferência ocorre amda que os henefioanos !Jiío teniian, 
conhecimento da morte; mesmo assim, tornam-se titulares do ~cervo hereditário. 
Nem prectsam confinnar a aceitação. O silêncio significa aceitação, . 
Em respeito ao principio da autonomia da vantade, o herdei_ro não é obtigad
0 a P,nnanecer com a herança ou o legado. Fode renunciar. A renuncia tem efiCá<ia _ ex tunc, opera efeito retroativo à data da abenura da suceSSão ( CC 1.804, I>arágraf
0 único): a transmissão tem-se pornao v<rificaJa quando o henleiro /'11Ullciar à heranç~ 
O herdeiro fica fora da sucessão. É como se dela nunca tivesse dela Participado( CC 
1.816). Por isso não pode existir renúncia parcial.' A renúncia da herança apaga a 
ligação do renunciante para com a herança. Ele, para oS efeitos sucessórios, ,"não foi". 6 
O herdeiro tem o direito de recusa, a herança, se autoexcluir da sucessão 
Por vontade própria, tem a liberdade de ficar fora da SUteSSào. Tanto o herdeiro 
legítimo como o herdeiro testamentário e o legatario podem renunciar à herança 
e ao legado. O direito sucessório de quem repudia a herança deixa de existir. No 
entanto, os efeitos da renúncia ;ão diferentes, a depender de o herdeiro ser le&itimo ou testamentário. 
Quando o herdeiro legítimo renuncia à herança, os bens retornam ao acervo 
hereditário. São recebidos pelos demais herdeiros, como se não tivesse ocorrido 
a transferência ao herdeiro renunciante. Ele é considerado estranho desde o mo-
. rnento da abertura da sucessão. Os coerdeiros recebem a parte do renunciante por 
direito de acrescer. Esta construção atende a dois propósitos. Em primeiro lugar, 
não. deixa o acervo do falecido sem titular. Ao depois Dão impõe ao herdeiro que 
aceite os bens que lhe.foram transmitidos. E assegurado a ele a faculdade de abrir 
mão da herança. Com isso desconstitui-se o ato lranslativo ocorrido no momento 
5. Ê vedada a renúncia P"n:iaJ da h"'3nça, "'°:"'º que por ineio de escritura pública. 
Apelação Cfvel. Ação dec!aratona de nulidade. EsClln,ra_ pública. Renúncia pan:;,1 da heran-
ça. Impossibilidade. Vedado, em nosso ordenamento JUndtco. Art i.108 CC. SentenÇa refor-
mada. Recurso provido (TJPR, AC 683143-8, rei. Des. Augusto Lopes Cones, li.• C.Ctv., j. 15.09.2010). 
6. Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, v. 56, 37. 
r 
RENÚNCIA E CESSÃO 201 -----------------------
d
,. Jtlorte. A r~núncia geraª ficção de o renuncianteJ·amais ter sido herdeiro. Dai 
0 
.. t vo da renú · efeito retroa 1 ncia, é como se não tivesse havido a transmissão. 
Quando é beneficiada uma única pessoa por testamento, a renúncia faz a herança 
u 
O 
legado retomarem ~o acervo sucessório para ser distribuído entre os herdeiros 
0 . s Já quando é mstituíd · d h • · · d 1egftu:n° · . , . 0 mais e um erdeuo testamentáno ou mais e 
uJtl legatán°, re~uncia do herdeiro testamentário ou do legatário produz efeito 
diverso. A renuncia ~e ~m deles não gera direito de acrescer a favor dos herdeiros 
legítimos. Surge O d1reito de acrescer dos outros coerdeiros ou colegatários ( CC 
1
_941, 1.942, 1.943). Somente. 
Em face da eficácia ex tunc do ato de renúncia a transmissão da herança está 
sujeita a condição resoluti:ª• ou seja, é passível de resolução. No momento da 
1110
rte, a heran~a se transmite a todos os herdeiros, mas se um deles renunciar, a 
transmissã~ é ud~ como não realizada. Devolve-se o direito sucessório, que até en-
tão era da utulandade do renunciante, aos demais herdeiros que concorriam com 
ele, por pertencerem à mesma classe sucessória.7 Como a renúncia é como se não 
tivesse ocorrido a transferência do patrimônio, o herdeiro não pode já ter agido 
de modo a evidenciar que aceitou a herança. No máximo, pode ter praticado atos 
meramente cor1Servatórios ou de gestão interna ( CC 1.805 § 1. º). 8 Caso a postura 
do herdeiro revele que não repudiou a hera1wa, implementa-se a condição e se tem 
a transmissão como consolidáda d~sde a ihorte do antecessor. 
A renúncia só pode ser leyada,_il efeito depois da abertura da sucessão. Antes 
disso, seria negqciar herança de. pessoai viva, o que é vedado pela lei. O repúdio 
prematu,ro ou a promessa de r~p~clio, ainda que formal, promovidos antes do fale-
cimento, não têm validade jurídica,, po~que implicaria ilegal pacto sucessório ( CC 
426f9 A renúncia produz efeito e\ data da abertura da sucessão. Se um herdeiro 
renuncia à herança, devolve o se~ 1quinµãq ao acervo heredi(4rio. A transmissão é 
tida como não realizada. Os bens passam aos demais herdeiros independentemente 
de a~uência ou aceitação. A renún,c~a produz efeito im~diato, independentemente 
do destino que venham a ter os ber1S.1º Na falta de herdeiros, são arrecadados como 
vagos e acabam no erário público.11 · 
O herdeiro renunciante não tem como eleger o beneficiário, pois não hou&te 
a transmissão. Caso o herdeiro pretenda transferir seu quinhão a favor de algué • 
significa que o aceitou e, em seguida, o está retransmitindo. Se quiser contemplar· 
determinada pessoa - ou outro herdeiro, ou alguém estranho à sucessão-, não se 
trata de renúncia, mas de cessão (CC 1.793). 
O legislador usa equivocadamente a expressão "cessão gratuita, pura e simples" 
como sinônimo de renúncia (CC 1.805 § 2.0 ). Melhor que tivesse usado o termo 
7. Giselda Hironaka, Direito das sucessões,,10. 
8. Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, v. 6, 35. 
9. Francisco Cahali e Giselda Hironaka, Curso avançado de din;ito civil, v. 6, 97. 
lO. Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito civil, v. 6, 60. 
l 1. Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito civil, v. 6, 58. 
MANUAL DAS suCESSóES 
202 d . " .- ,, 
ã recusa da herança, o que cessao ' que tra 
. ,, que indica abste~ç .º' ueJ'á se acha no seu patrimônio.12 A renún .z 
"renúncia , . de um dtreito q 'd . _ eia 
'd . de transf erênc1a não tivesse ocorn o a transm1ssao quando d 
1 eia . Ies como se d d , • a 
Pre pura e s1mp , r cessão ser chama a e renuncia translativ é sem _ Tal fato ,az a bd' . a e bertura da sucessao. lificar a renúncia como a 1cat1va. 
a nte se costuma qua 
redundanteme 1 renúncia, no melhor sentido técnico-jurídico , r Zeno Ve oso, a d' . , b ' e Coniorme d de uma demissão do ire1to: e sempre a dicativ ·1 teral tratan o-se r d 1 , ) a. negócio um a , '. lativa ou in f avore (feita em iavor e a guem verdadeira 
h da renuncia trans ( 1 ·793) h, A e ama _ , são de direito hereditário CC • , em que a, indu-, •a nao e mas ces . , . . 
renu~c1. . 'd . posto de transmissão inter vivos. Na renuncia propnamente . e mc1denc1a e im - . . . s1v ' - . 'd tal imposto pela simples razão de nao ex1st1r uma transmissão a dita nao mc1 e ' . . - d ' . da pessoa· não requer anuência, nem, mmto menos, ace1taçao e quelill 
determina ' · ·d h d · -
· . 0 renunciante é údo como se nunca uvesse s1 o er e1ro, e nao co010 quer que se3a, . . n A , · -. ·do herdeiro e transferido seu d1re1to a outrem.renuncia nao está se uvesse s1 . 
sujeita ao pagamento de tributos, eis que o i~posto cau!a m~rtzs (ITCD) deve ser 
pago por quem vai receber a herança. O herde1ro renunciante, como nada recebeu, 
nada paga. 
Equivocadas referências legais levam. a desastr~sás cbnclusões:. Sempre f{Ue 
a lei fala em renúncia ou aceitação, é necessário ler somente a palavra renúncia. 
Assim, não se pode é renunciar à herança, em parte, sob condição ou termo ( CC 
L808). Igualmente irrevogável é o ato de renúncia (CC 1.812).'·E o que dispõe de 
efeito retroativo é a renúncia e não a aceitação, como equivocadamente sustenta a 
doutrina. 14 Para que ocorra a transferência da herança não é necessária qualquer 
manifestação do herdeiro. Mas ele pode renunciar à herança. No entanto, depois de 
ter, de algum modo, revelado que assumiu os bens que lhe foram transmitidos-por 
escrito ou agindo como herdeiro-, não pode mais renunciar. Isso porque a lei não 
admite comportamentos contraditórios. Trata-se da aplicação do princípio nemo 
potest venire contra Jactum proprio, que tutela a confiança e não tolera condutas in-
coerentes. Assim, se o herdeiro age como tal, não pode depois renunciar à herança. 
Incorporada ao seu patrimônio, só pode se desfazer dela através da cessão. 
Diverge a doutrina sobre a natureza jurídica da renúncia. Para uns, é um ato 
jurídico em sentido estrito, pelo qual o herdeiro se despoja, com eficácia negativa 
ex tunc, do seu direito hereditário, como se nunca tivesse sido chamado a suceder. 15 
Já _outra corrente sustenta que a renúncia é um negócio jurídico unilateral e gra-
tmt~·16 De q~alquer modo, a renúncia não é uma doação. No dizer de Caio Mário 
da Silva Pereira, não traduz mutação patrimonial, mas obstáculo à aquisição, não 
12. Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, v. 6, 27. 
13. Z:n~ Veloso, Lei 11.441/2007: aspectos práticos .. . , 30 
14. Silvio Venosa, Direito civil, v. 7, lS. 
15. Neste sentido· Luiz Pa l V' · d 
Direito das sucessõ~s, 27. u 
O ieira e Carvalho, Direito civil, 345 e Claudia Nogueira, 
16. Neste sentido: Salomão de Araújo Cateb, Direito das sucessões, 58. 
r RENÚNCIA E CESSÃO 203 
~fundir com a doação, que pressupõe a salda de bens do patrimônio 
se podedn e sua entrada no patrimônio do donatário.17 
doa or . . d0 úncia exige agente capaz. Não se confunde capacidade sucessória com 
~;e;e civil. O herdeiro menor de idade ou incapaz pode receber a herança 
caPac;.;s e 1.79~), m~s só ?ode renunciar .a ela, pois lhe falta capacidade para 
(CC de seu patnmômo. Na~ pode renunciar nem através de seus genitores ou 
disPº;s representantes le?ais. indispens~vel auto~~ação judicial, comprovada a 
de se . -ncia do ato de hberahdade e a evidente uuhdade de livrar-se do quinhão 
nven1e 691) co reditário ( CC 1. . 
be para um herdeiro renunciar, não é necessária a concordância dos demais 
rdeiros. Nem ~os descendente~ ~o renunciante, ~~is ~equer_ex~ste direito de 
be sentação, so presente nas hipoteses de premonencia, ausencia, deserdação 
rep.redignidade. O renunciante não se encaixa em nenhuma dessas hipóteses e seus 
ou reiros não têm direito de representá-lo. Eles não podem recolher o quinhão do 
berunciante, que acresce ao acervo sucessório para ser atribuído aos outros her-
rell d d deiros. Herd~m to os a mesma classe e do mesmo grau, herdam por cabeça, por 
direito próprio (CC 1.810). 
Não existe renúncia tácita. Para repudiar a herança, é necessário que o her-
deiro 
O 
faça por escrito, sendo exigida forma especial. Deve ser levada a efeito por 
scritura pública ou mediante termo nos autos (CC 1.806). Escrito particular 
~o serve. Como é possível a realização do inventário extrajudicial ( CPC 982), a 
renúncia pode ser levada a efeito na escritura pública do inventário.18 Manifestada 
pelo herdeiro ou por procurador com poderes especiais (CPC 38). Ainda que seja 
irrevogável e irretratável (CC 1.812), como se trata de declaração de vontade, a 
renúncia pode ser anulada como os demais negócios jurídicos, quando flagrada a 
ocorrência de vício nulificante (CC 138 e ss.). 
A renúncia não se presume, é um negócio formal e não pode estar sujeita a 
condição ou termo (CC 1.808). Porém, quando no testamento é imposto encargo 
ao herdeiro testamentário ou ao legatário, não cumprido o encargo presume-se 
que o beneficiário renunciou à herança. 19 É o que ocorre, por exemplo, quando o 
testador determinar que o legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem. Se 
não entregar presume-se que não quis o legado ( CC 1. 913) . 
A lei não admite renúncia parcial ( CC 1.808), pois o herdeiro é o continuador 
das relações patrimoniais do de cujus, não podendo a transmissão sofrer solução de 
continuidade. 20 Assim, o herdeiro não pode renunciar às dívidas e aceitar os créditos 
ou renunciar aos bens móveis e aceitar os bens imóveis, por exemplo. No entanto, é 
possível a renúncia da nua-propriedade, reservando-se o herdeiro o usufruto vitalício. 
No entanto, se pretender o herdeiro eleger o beneficiário, não pode renunciar. Pre-
l 7. Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito civil, v. 6, 58. 
18. Resolução 35/2007 do CNJ, 17. 
19- Flávio Augusto Monteiro de Barros, Manual de direito civil, 188. 
lO. Luiz Paulo Vieira de Carvalho, Direito civil, 332. 
204 MANUAL DAS SUCESSÕ'ES 
· db' -d cisa fazer cessão da nua-propriedade. :º m:eiro po eª nr m~o a n~a-proPtie 
através da .cessão, pois, afinal, herdeKo nao ~· ~o -entanto, e poss1vel re.nune~ªde 
nua-propriedade do que receber a título de direito concorrente. iar 
Quando O herdeiro, além ~e receber o seu quinhão_ hereditário, é contem 1 do por testamento com determmado bem, pode renunciar ao legado e ficar eop a. 
herança ou vice-versa: abre mão da herança e permanece com o legado ( cc 1 lb. ª 
d · h- , l d' ·80s § 1~ º). Também aquele que recebe mais e um qmn ao a tltu os 1versos telll a li 
herdade de renunciar a qualquer deles ( CC 1.808 § 2. º). Nenhuma dessas hipóte " 
significa renúncia parcial e muito menos aceitação parcial. 21 ses 
Imposta cláusula de inalienabilidade à herança do herdeiro necessário, aind 
assim ele não está inibido de renunciar, pois a renúncia não é ato translativo da , a 
propriedade. Pode renunciar, mas não pode ceder a herança. E que na cessão-há 
a aceitação e a transferência do quinhão hereditário, exatamente o que o gravame 
não autoriza. -, 
Adiantamento de legítima - As doações feitas a herdetros necessários confi-
guram o que se chama de adiantamento de legítima ( CC 544). O fato de 'o herdeiro 
ter recebido em vida parte de sua herança não impede que, quando da àbertura da 
sucessão, renuncie. Mas precisa trazer à colaç~o os bens recebidos, ou seja, devolvê-
los ao monte sucessório. Ainda que de modo pouco claro, trata-se de previsão que 
está na lei, ao ser imposto ao inventariante o dever, de trazer à colação os bens 
recebidos pelo renunciante (CPC 991 VI) .. 
21 2 Cessão . h 
. de ceder total ou parcialmente a erança que recebeu 
o herdeiro tem a ~aculdad~ . d direito de liberdade que desfruta todo e qual E O exerc1c10 o , • · a quem lhe aprouver. _ _ · se confunde com renuncia, que ocorre quand . 1 d bem Cessao nao 1 e. _ · o quer ntu ar . e um. · · recebeu.Existe a guma con1usao na doutrina 
, o herdeiro não ac~zta ,ª hera_nça q:ndíveis, Na renúncia é como se o herdeiro llà~ 
se tratam de msututos mcon , . . , . d 
mas . h retorna ao acervo sucessono, passan o aos demais tivesse recebido a erança, que h d · , · · I 
herdeiros O herdeiro não transfere seu quinhão ere Jta~o, J1':1p e:ente abdica 
d 1 D , d·. IZ. er-se que renúncia é abdicativa, porque o er eiro a ica, ou seja, e e. a1 I . . t r A • d abre mão da herança. Já a cessão é trans ativa, eis que ocorre a rans1erencia ·0 
patrimônio a quem o herdeiro desejar. 
A renúncia é sempre gratuita, mas a cessão pode ser gratuita ou onerosa. 
Quando é gratuita, pura e simples a favor dos coerdeiros, não se trata de cessão, 
i:nas de renúncia (CC 1.805 § 2. 0). Mas, eleito o beneficiário, ainda quegratuita 
a transferência, renúncia não é, é cessão. O que diferencia a renúncia da cessão é 
a circunstância de o herdeiro indicar ou não um beneficiário. Quando contempla 
determinada pessoa, ocorre cessão. Na renúncia não há a possibilidade de escolha, 
º. he~eiro simplesmente abre ~o ~e sua herança, Para que possa haver a ~fe-
rrncza e~ favo~ de pessoa certa, S\gmfica que a herança se incorporou no patnmo_mo 
do herdezm Soquem recebe a herança pode cedê-la a alguém, pois só é poSSivel 
ced,er o que lhe pertence. 
A cessão g~atuita em tu~o assemelha a umí;l doação, mas não o é. Doam-se bens 
certos e determmados e o direito heredi'tán·o e' . l'd d (CC 91) Esta uma universa i a e · 
32. Resolução 35/2007 do CN], 17. 
, a única diferença. É possí 1 
RENúNctA E CESsAo 
211 
oã0 e cisa ser levada a ef · ve renunciar nos aut d . e5sãO pre . _ euo por escritura , os o inventário, enquanto a 
~ecessári• • aceitaçao do donatário ( CC 5 3ã:hlica." Quando a cessão t gratuita, 
Quando onerosa, a cessão nã ss.) · 
d 
. o se confund 
. ·to e ven e-se cmsa materializ d 34 e com a compra e venda. Cede-se 
d1re1 . . a a. Na com fnio de coisa certa mediante O pra e venda há a transferência do 
dolll essão ocorre transferência dos Jªg~mento do preço em dinheiro (CC 481) . Já 
oa e . d' 'd 1· 1re1tos sobre o . h- h de bens não m ivi ua izados. qum ao ereditário, composto 
Entre renúncia e cessão há difere . . 
. õe de efeito ex tunc, retroagindo :ç~ inclusive quanto aos efeitos. A renúncia 
di5P~ é ex nunc, pois só vale ap t· d ª~ da abertura da sucessão. O efeito da 
cessao ;ir ir o ato translativo. 
com referência aos encargos tributá · dit turadasucessão incid . nos,a erençatambéméenorme.Quando 
da aber h d . A' , e.º impoSto de transmissão causa mortis (IT CD) a ser 
P
elos er eiros. renuncia não g b · - ' pago . , era o ngaçao do pagamento de imposto pelo 
renunciante, pois _e como se ª transferência da herança não tivesse ocorrido a favor 
dele, Só os_ herdeiros_ que receberem o acervo sucessório é que pagam o imposto 
causa mortis. ~a ces.:'ao, ~orno h~uve a aceitação da herança e sua transferência, há 
uma dupla ~nbutaçao: imposto· causa mortis e o imposto inter vivos. Duas são as 
transferências: do de CUJUS para o herdeiro e deste para o cessionário. Se a cessão é 
gratuita, incide dua~ veze_s o ITCD: u~a ;~z pela transferência causa mortis ao her-
deiro; e outra, pela inter vivos, ao cessionano. Quando a cessão é onerosa, incidem 
tanto o ITCD quanto o ITBI: este pela transferência causa mortis; e aquele pela inter 
vivos, a título oneroso, do herdeiro ao cessionário. (ver 66.9) 
A cessão pode ser levada a efeito desde a abertura da sucessão até o momento 
da partilha. Depois não mais se pode falar,em cessão, mas em venda ou em doa~ão, 
eis que os bens estão individualizados. Como a cessão tem efeito ex nunc, ou seJ~, a 
partir do ato de transferência, não trans~ite ao cession~rio condição ~e ~e~deuo. 
Trata-se de negócio de conteúdo exclps1vamente patnmomal. O cess1onano suh-
roga-se na posição do cedente, mas não vira herdeiro.
35 
Tan~o isso é verdad~ q~e 
não pode exercer o direito de preferência caso algum herdeuo ceda seu qumhao 
33. Inventário. Cessão de direito~ hereditári?s. lnst~me;~o :::= 
festação de vontade feita pela falecida Pº! escnto pa~~cuáa ; sido desejo da falecida também 
plitude defendida pelos irmãos da de CU JUS, no se~tl O -~s~rumento particular feito pela her-
co~templá-los com herdeiros. Cas? e~ quJ ºi ªtº~ d O ~º[ ~ual disposto pela sentença, assume a 
deira testamentária universal e os irmaos d~ eciha, ªdi'ta'n'os E se tratando o acordo de uma 
d 
- d - t ·ta de ueitos ere · , d . natureza e cessao ou oaçao gra U1 . , . ue seja realizado atraves a escntura 
cessão de direitos hereditários, é da essencia bdo;:g~cio ~abilitação de herdeiros com base em 
pública (art. 1. 793 do Código Civil)• Desca, e de. en:~mento particular. A cessão feita através 
ces~ão de direitos hereditários firmada atrav~:l J i~ódigo Civil) . Negaram provimento (TJRS, 
de mstrumento particular é nula (art. l04, 8 ª cºov: j 09 11.2009). AC 70031573603, rel. Des. Rui Portanova, .' . · . ·•.1· 20 · 34 . C so de direito ciVl ' . . C d • Antõnio Elias de Queiroga, ur_ . ·vil 7 30. Antõnio Elias de Qu'euoga, urso e 
d
~5._ Neste sentido: Sílvio Venosa,_DirNeito c\; •~:)ir~ito'clas sucessões, 40. 
ll'eno civil, 20 e Claudia de Almeida oguei ' 
p 
212 
DAS SUCESSÕES 
MA[';JUAL · ------~ 
hereditário ,em favor 
.L d iro tem o direito de ~referência • 36 Só .o 1,1er t , llà
0 
de terceu:o. 
o cessionário. . - or ato inter vivos. Trata-s~ de um contrato 
. án' o adquire o qumhao p antidade !?- .a ex.tensa o do patnrnõ111· o cession , h ctda a,qu · d' - d 
0 . . nem se:inpre .e c.on. e. ó ,garante sua con iça.o e herdeiro aleatóno, pms - F o cedente s - d 1 . , 
S Obieto da cessao. . 0 cedente nao respon e pe os nseos e dos encargo :i - 'b t Ponss0 , . - d 
. e existe a sucessao a er ª· , cio O cessionano nao po e hl!lscar a ou seJa, qu ) F strado o nego ' Js 
da evicção (CC 447 a 457 . ru tão em perdas e danos. 
- ~e. lvendo-se a ques . 
execuçao especmca, so . . . . é necessário agei;ite .eapa,;:. Assun, o 
gócio JUndJc.o, . . · . d' , . , • d Como a cess:ão é qro :ne · · · · d u quinhão here · 1tano, am · a ,que re. 
herdeiro mei,01 de idade !Ião po.de ce · er se ~; tal ocorra, é necessária a devida 
. 'd por seus pais. Para q ·1•,l d ·~ . Presentado ou ass1st1 o · . d evidente uu Il!la e ou converuenc
1
a . . . d d ercomprova aa . autoriz.ação Jud1c1al, even os , , 
do ato transfativo. · ! d - . · 
. , . A·nte•s da abertura , a sucessao, o~ seJa, d d e Jª possm · , · · , · · · Alguém só po ece er 
O 
qu . _ -~ ~.;ança não podendo o herdeiro, ou 
antes da mor.te do *1.d~r dos b,e~s, A~P t-- · · • · · · n·' ão ~ão s,eus. A 1lei veda o que . · h d dispor ele µen~ qµe · · · 
melhor, ~quel.e qtJe vai e~ _ar,(CC 416~,: Não pode ser objeto de contrato a hercm.ça s~ chama de pac,to SijcessQr,.Q , +-- I · · . , ; · · 
de pisSJJa viva. . . . _ · 
. _ d tad ter imnosto cláusula de inahenab1hdade a herança, Na h1potese eD tes . o.r , ~' ' T ' i- 1 · • · - - , 1· 
• ,1 _ • . ao-. ·pode eeder a herança. E que a cessa o 1mp ica .em o herde,ro powc reru,n,iar, mas n .. . .. . . _ . . . , 
ace1taçao e em trans1~.renç"" M-"' , . . . • • , · . - · r - ia -l" qui'nha~ 0 hered1táno e desta liberdade nao d1spoe 
p herdei;ro. 
3_6; Aç;l0 pe inventário, Heran~a indivisível. lmpossib~li~ade de ée~sã~ d~ bem determinado 
dq ac;.ewo her:•no. Escntur.!J pública d.e ,cessão de d1i:e1tos h.er~~án?s ineficaz perante os 
c.owdeir,es qµe .não a1,1lfíram coro a t::.e~são. O direito de ~referência 1p~1de sobre quota here-
di.tária. Onus da prova. Art. 333, Ido CPC. Recurso parcialmente provido. [ .. . ] 3) A herança 
trans!de-se aos ,,._; herde;i-os como um todp Unitário e que, até a partilha, o direito de pro-
p~dade posse dos coerdeiros será in4iv:isível. Inteligência do art. 1. 791 do CC/02. 4) Antes 
da p;!l)i)/Ja, '"""' ""' herdeiro !em • pwpli<da,le op a posse exclusi,. sobre um bem certo , 
determinado do acervo hereditário, eis .que somente a partilha individualizará e determinará 
objetivame•te os bens que cabem a cada herdei,o. 5) Havendo pluralidade de herdeiros no 
inven.tário o coeritouo pptlera aU."ªr a tmeiro a s,,a qupta pall<, ou seja, a sua parte indivisa, 
a furç;o ide,! de que é titular, toda..,, 11,\P pode ,li_ mn bm, determinado que faça pane 
do ac,rvo h,m,j;táru,, ,e,n o C/l"""tim,ruo dos denr~is, ~b /'6113 d, ir de eru:ontro ao prin-
c/p,o da rniby,srb~rda<l.e da herança. 6) Caso o coerderro drscnmine, att;rvés de uma cessão d, 
direitos heredit;;rios, o bem que deseja alien,,, essa transação não obriga os demais coerdeiros 
seQgo incli<a<ye,an.te est,s, 7) O Có<ligo Civil, em seµ !. 795, é claro em dioPQr que 
O 
di'. ""to d~ preferenç" ,lá-se sorneme ,;obre a quota here,1,,.,,. do COerdeiro, ou seja, 
0 
direito d, 
,ucessao ,berr,, uma v,z que nap e possível a cessao de bemdeterminado do tsJ>óUo. 8) Não 
hmrujo pro~ d• _que o J;,e,. unovel esta ocupado PQr tem:rros, n,o é possível expedição d, 
IDaQ<iado d, •llllSsao Dã po55e. 9) De açordo. com o an. 333, do CPC, cabe ao autor 
O 
õnus 
da prova dos fatos consntuttvos de seu <lireuo. 10) Recl!l'So l'llcialmente provido (TJES AI 
25109000064, rel. Des.Josenider Varejão Tavares, 3.ª C.Cív. , p. l8.ll.40IO). · ' 
37. t\rnaldo Rizzargo, Direito das suc~sões, 100. 
38. Sílvio Venosa, Direito civil, v. 7, 30. 
J 
r RENÚNCIA E CESSÃO 213 
~ervo hereditário resp d ----:-
Ili, _ 
coJllº d h on .e pelas dividas da herança é o ces.sionátt
0 
assuJlle osdencargos a erança, dentro das forças do quinhao qu'e adquiriu . Tem 
qoeJegitiJtlÍ~a edconcorrent~ p~ra requerer a abenura do inventário (CPC 988 V) . 
ele de partic1P9ª~0 ~Jgoies:o e lmventário e inclusive ocupar a posição de inventa-
r.º te (CPC d h . re ere e e a pessoa estranha à sucessão pois é responsável 
oall cargos a erança. , 
10s en . pe ssão precisa ser formalizada po • ·b·t· A ce , . r escntura pública.39 Em face da poss1 1 1-
Je de o inventan? ser levado a ~feito extrajudicialmente ( CPC 982)' a cessão 
M direitos sucessonos pode s~r feita na mesma escritura pública. Mas para isso 
aos , iO que todos os herdeiros se· . eceSsar Jam capazes haja consenso na partilha e nao 
é Ili.Sta testamento. Quan~o ce~ido p~r~e do acervo', é exigida a presença e a concor-
e1' .,, de wdos os herdeiros. A exigencia é tamb, d CNJ 41 
dâJl.Cl"' . . . em o . 
eu elides de OhveITa questiona as razões da impossibilidade de o herdeiro ceder 
herança na ação de inventário, uma vez que a renúncia pode ser feita por termo 
a 
5 
autos (CC l.S06).42 Arnaldo Rizzardo sustenta que a cessão pode ser levada 
00 'eito por instrumento particular homologado pelo 1·uiz do inventário.43 Porém, 
a e1' - d . hipótese nao po e vmgar. Não dá mesmo para a cessão 'ser feita por termos 
~:: autos, pois se trata de negó2~o ~urídico absolutamente estranho à sucessão. 
A.o depois, d! fo~a -ex~ressa. a lei d12 que a escritura pública é da essência do at~ 
( CC 1. 793). A exigencia do ~ns~rumento público também se justifica porque a lei 
onsidera a herança um bem imovel ( CC 80 II). Mesmo que se constitua somente 
~e bens móveis, por pura ficção, a lei empresta a condição de bem imóvel ao que 
chanta de "herança aberta". Esta expressão quer dizer que ainda não houve a par-
tilha- Portanto, no momento em que ocorre a cessão, os bens não se encontram 
individualizados e a herança é tida como bem imóvel. 
T9:' Açã-;; de inventário. Cessão de direitos hereditários mediante escrituni publica. Preterição 
do exercício do direito de preferência pela ausência dJ notificação de coerdeiros. Embora a 
posse e o domínio da herança seja transmitida aos herdeiros assim que é aberta a sucessão, en-
quanto não realizada a partilha, tal direito é indivisível, o que reclama a notificação dos demais 
herdeiros para exercer o seu direito de preferência ante a alienação de quinhão pertencente ao 
acervo hereditário, sendo que tal ato notificatório não pode ser tácita. Não havendo expressa 
notificando, o prazo de 180 dias para o exercíçio do dtreito de preferência não começa a contar 
da lavratura da escritura pública, mas da data da habilitação do cessionário nos autos do in-
ventário. Agravo improvido (TJGO, AI 151303-89.2010.8.09.0000, rel. Des. Carlos Escher, p. 
31.08.2010). 
40. Cessão de direitos hereditários - É válida a cessão de direitos hereditários por escritura 
pública sobre bem de herança considerado singularme~te, se todos os herdeiros e o meeiro, 
e~~onjunto, comparecerem ao ato de cessão, porquanto o art. 1.793, parágrafo 2.º do C_ódigo 
ClVll, somente considera ineficaz a cessão por coerdeiro e não por todos eles em conJunto. 
(TJGO, AI 54646-2/180, rel. Zacarias Neves Coelho, i3 C. Cív., j. 14.08.2007). 
41. Resolução 35/2007 do CNJ 17. 
42· Euclides de Oliveira Da herança e de sua administração, 36. 
43. Arnaldo Rizzardo o'ireito das sucessões, 104. 
1
~
0
-
6
TJRS, AC 70019'i0ll87, rel. Des. Carlos Rafael dos Santos Júnior, 19.ª C.Cív., j. 
· .2007. 
MANUAL DAS SUCESSÕES 
2
1
14 ,1 ____ __:==---=::::::::~ 
_ pública escritura, não cabe o regi 
r · cessao por · l"d stro A. da que levada a e1e1to a r ltar o requisito da espec1a I ade: o Obiet 
m d • · do por 1a d 45 p , J o . b'l', •o do acervo a qum , _ da proprieda e. orem, em se tratand imo 1 ian d d" eitos e nao , bl" o d ·o é transferência e ir , ·a nem escritura pu ica e nem contrat a cessa - é necessan . d o 
e d ssibihdade e ª d bem de pequeno valor, ºª? d transmissão ocorrer por meio e alvará particular, haven o po 
judicial.
46 
• b e todo O quinhão hereditário ou uma · h ditános a rang · I O h d · A cessão de direitos ere _ d niversal ou pareia . er e1ro Pode 
, h se a cessao e u b - b d Parte ideal dele. Dai c amar- ·deal do que rece eu, nao ens etefl11i-. h -0 ou parte 1 . . 
ceder a totalidade de seu qum ª , ]' d, , dualizaros bens a serem transnnt1dos." 
nados ( CC L793 § 2, º) -Não é possi~e m :vi visa proteger o direito dos coerdeiros 
A restrição de o herdeiro ceder coisadcer ª ervo em condomínio. A explicação~ - . tá . os de to o o ac 
já que todos sao propne n d , _ donos de tudo, o mopte se constitui de 
lógica: uma vez que todos os her erros sao h deirb recebe uma universalidade 
0 
uma universalidade indivisível. 48 Como O. er 
49 
' 
cessionário o sucede também na universalidade. . . 
d • d -0 é nula Apenas é ineficaz perante o herdeiro A cessão de bem etermma o na , · º) 
b d · · - do negócio feito (CC 1.793 § 2. . Somente passa a que uscar a esconst1tmçao . . . , 
50 
N 
d · r ·t se O bem for efetivamente atnbmdo ao cedente. o entanto, me-pro 1lZir e,e1 o ,, - d' · ( 
diante autorização judicial é possível a cessão da herança enquanto m IVIsa CC 
L 793 § 3, 
0
). De qualquer ~odo, havendq apenas Úm h':'foro o~ se_ todos ceder~ 
um determinado bem, nada afeta a higidez da transf erenc1a, pois nao ha meficac1a 
que não se oponha a interesses de terceiros, não havendo razão moral, econômica 
ou jurídica para impedir tal cessão.51 Essa situação não se confunde com a venda 
de bem determinado, realizada pelo próprio espólio, em hasta pública ou mediante 
alvará judicial para o pagamento das dlvidas, impostos ou custas, ou para dividir o preço entre os herdeiros. 52 ' 
O herdeiro testamentário dispõe da mesma prerrogativa de ceder o quinhão 
recebido ou pane dele, Já o legatário, como recebe bens detenninados, não está 
impedido de transferi-los por meio de Cessão, tudo o que recebeu ou cenos bens. 
, Silvio Venosa admite promessa de cessão por instrumento particular a tornar-
s_e definitiva quando da pa_nilha, bem como promessa de venda de bem i~dividua-
hzado, E como se o· herdeiro cedesse bem que vai tocar a ele quando da panilha," 
Arnaldo Rizzardo chí;lma esta poss1b11idade de compra e vend d b , 
a o em que tocara ao 
45. Claudia de Almeida Nogueira, Direito das sucessões, 41. 
46. Arnaldo Rizzardo, Direito das sucessões, 105. 
47. Euclides de Oliveira, Da herança e de sua administráção 37 
48. Salomão de Araújo Cateb, Direito das sucessões, 44. ' · 
49. Sílvio Venosa, Direito civil, v. 7, 29. 
50. Eduardo Sócrates Castanheira Sarmento Filho A cessão d d' -l 
- . . ' e 1re1tos hered· . 51, Zeno Ve oso, Cessao de du«tos hereditários de bens singu! , , . , 11ános,,,, 90, 52. Antõnio Elias de Queiroga, Curso de direito civil, 
2
1. ares. possib1hdade. 
53. Sílvio Venosa, Direito civil, v. 7, 29. 
RENúNCIA 
-------~:-· E CESSAo 
215 
. sendo o respectivo registr 1 ae1ro, 1 o evado a f . 
11er cedente for contemp ado com o bern obj:t e 1~0 depois da partilha, obviamente 
,e o direito sucessório pode ser ced'd . o a cessão.~ 
O ., . f 1 . I o a rna1s d 
Jtl cessionano, o a ec1mento de urn dele e urna pessoa. Contemplado mais 
d~ ~itº cedido. Afinal, desfrutam da condiçãos ;;ans~ere ao outro a titularidade do 
d1r obieto da cessão é o acervo , . cotttulares do bem.,, 
O J , • N- - sucessonaJ'á r b' tizoU o negocio. ao sao abrangid ece ido pelo herdeiro quando 
ocre . os eventuais d' . co Jll rnomento postenor, a receber O 1re1tos ou bens que O cedente 
vier,d~ta' riO, Depois, em face da renúnc·· dexemplo: 0 herdeiro cede seu quinhão 
re 1 ia e um c d . }le be parte da herança do renunciante. Dita fr ~er _eiro, por direito de acrescer 
rece. 
0 
Isto, é claro, se a cessão ocorre açao nao faz parte da cessão levada 
efe1t . h u antes de o herde· t •A • d , a 1: 1 ocorre tanto na ipótese de sub . . _ iro er c1enc1a a renun-cia- ª direito de acrescer (CC 1 941 
st
1
1tuiçao (CC 1.947 a I .960) como quando 
h uver · a .946) O ces · , · - b fi · d 0 . e conste expressament d · s10nano nao é ene eia o, a 
não ser qu e o contrato de cessão (CC l.793 § l.º) . 
21 _2.l Direito de preferênci'a 
A regra j~ e~iste na co~pr:a e ve~cla ~ntre condôminos ( CC 504). É repetidaino 
direito sucessono. he~deiro que qmser se desfazer onerosamente da sua herança, 
ou de parte dela, pnmei-ro precisa oferec~-la aos demais herdeiros (CC 1.794): O 
coerdeíro não poderá f:eder a sua qu~&a hereditária ajpessoa estranha à sucessão~ s.e out1io 
coerdeíro a quiser, tanto por tanto. E o que se chama de direito de preferência. Só um 
alerta: a cessão que assegura esse direit_o de preferência é somente a onerosa, pois 
a lei fala em "tanto por tanto", a:ntiga ~xpressão que significa mesmo preço e iguais 
condições de pagamento. Ou seja, o herdeiro não pode oferecer seu quinhão por um 
determinado valor à vista pJra os>coerdeiros e, para o cessionário parceladamente, 
ainda que pelo mesmo valor.56 Sómente se nenhum coerdeiro aceitar as condições 
propostas pelo cedente, e~te. pode comer~ializar o seu ~uinhã~ com e~tra~hos à 
sucessão. Justifica-se a pnondade concedida aos demais herdeuos, pois sao eles 
cotitulares da herança indivisa. 
Quando a cessão é gratuita, o que equivale a ~ma doação, descabida a prévia 
ouvida dos demais herdeiros. 57 
O cedente não é obrigado a oferecer seu qutnhão a todos os coerdeiro~. Fei~a 
a cessão a um herdeiro, os demais não podem reclamar direito de preferência, pois 
54. Arnaldo Rizzardo Direito das sucessões, l07. d d . - • · ' . • 1 Falecimento e um os cess1onanos. 
55_. ~essão de direitos hereditános feita ª u~. ~as~. A scritura pública de cessão de direi-
Ad1ud1cação de imóvel em favor do outro. Possibibda ~- h1 endências em rela_ção à sucessão 
tos her~ditários é documento apto a co~pr~var_que ralidade do imóvel inventariado em 
da cess1onária falecida, viabilizando a adJu~icaçao d~~~;te (TJRS, AI 70019011972, rel. Des. 
fav?r do cessionário supérstite. Deram provunento. · 
Lu12 Felipe Brasil Santos, 7 .ª C.Cív., j. 13.0ó.l007). : 44 56. Claudia de Almeida Nogueira, Direito das suc~~oes, - . 38 
57. Euclides de Oliveira, Da herança e de sua admimStraçao, · 
216 MANUAL DAS SUCESSÕES 
este direito é assegurado para evitar a inconveniência de um estranho tom 
ar-se condômino. 
Na hipótese de ser desrespeitado o direito de preferência, iSto é, se o herdeiro 
não oferecer o seu quinhão aos demais, qualquer del_es pode, no prazo de 180 dias 
adjudicar a herança que foi cedida, bastando depositar O preço ( CC 1. 795). Diz~ 
lei que, se vários coerdeiros se mostrarem interessados, entre eles se distribuirá 
quinhão na proporção das suas respectivas cotas hereditárias (CC 1.795, parágra~ 
fo único) . Porém, esta divisão proporcional ao quinhão de cada herdeiro só cabe 
quando todos os pretendentes depositarem o preço simultaneamente. Isso porque 
ao primeiro herdeiro que depositar O preço, ocorre a adj~~icação do quinhão qu~ 
havia sido cedido a terceira pessoa. 
Somente herdeiros podem opor-se à cessão. O credor do espólio não, até porque 
sua garantia são os bens inventariados, independente de quem seja o seu titular. 
Pelo simples fato de não terem participado. do negócio, Silyio Venosa ;ldmJte que 
0 
credor do espólio acione o cedente, mesmo que o cessionário assuma a dívida. Diz 
ser evidente que a figura do devedor não pode ser subs~ituída sem a anuência do 
credor. 
58 
A assertiva é equivocada, eis que o responsável pela dívida é o espólio e 
não o herdeiro, mas há jurisprudência recónhecenào.respónsabilidade subsidiária 
do cedente. 59 Quem tem legitimidade para opor-se à cessão•é b credor do herdeiro 
'se o ceden~e não tiver outros meios de garantir o· pagamento do débito. 60 O praz~ 
passa a fluir da data em que teve conhecimento do ato de cedência. 61

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