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E_Book_Princípios Metodológicos Para o Exercício Da Inspeção Escolar (PMIE)

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Princípios Metodológicos Para o 
Exercício 
 Da Inspeção Escolar (PMIE) 
 (PMIE) 
 
 
 
Sumário 
 
UNIDADE I - Gestão Democrática e Participativa ............................... 6 
UNIDADE II - Revisão Teórica da Inspeção Escolar ........................ 10 
UNIDADE III - O Papel do Inspetor na atualidade ............................. 17 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ................................................................. 34 
 
 
 
Introdução 
 
Apresentamos aqui um estudo sistematizado sobre a inspeção escolar, 
nosso objetivo é contribuir com a formação de profissionais que se dedicam a 
educação e que acreditam, parafraseando Paulo Freire, que através dela, 
podemos transformar pessoas e pessoas transformarem o mundo. A 
especialização em inspeção tem como objetivo formar profissionais que sejam 
capazes de acompanhar e inspecionar processos de criação, execução das 
diretrizes e procedimentos relacionados às políticas públicas educacionais e 
legislação da educação, buscando aprimorar mecanismos de gestão escolar 
juntamente com equipes escolares. 
Para melhor compreensão do papel desse profissional vamos apresentar 
de forma resumida a proposta de gestão democrática. Para isto, foram 
utilizados teóricos que dedicaram seus estudos à gestão escolar, como: Luck 
(2009, 2008b), Libâneo (2004), Paro (1997, 2002), Saviani (2002), pois todos 
contribuíram para o aperfeiçoamento das práticas educativas, ressaltando a 
importância da gestão. Em soma, atualmente o contexto político, pedagógico e 
científico requer de todos envolvidos com a educação uma reflexão sobre as 
relações que se entrecruzam entre as políticas públicas educacionais, escola e 
toda dimensão social. 
Deste modo, este estudo contempla uma reflexão sobre os princípios de 
uma gestão escolar democrática, pautada em documentos legais e arcabouço 
teórico atualizado. Iniciamos apresentando o que a Lei de Diretrizes e Base 
(LDB) em seus artigos 14 e 15, elucida como determinações no que se refere à 
gestão democrática: 
Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão 
democrática do ensino público na educação básica, de acordo com 
as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: 
I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do 
projeto pedagógico da escola; 
II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos 
escolares ou equivalentes. 
 
Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares 
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de 
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, 
observadas as normas de direito financeiro público. 
Na Lei supracitada, nos artigos apresentados acima determina-se que a 
gestão democrática da escola pública na educação básica seja autônoma e 
participativa. Nos incisos I e II fica clara a participação de todos os envolvidos 
no contexto, ou seja, profissionais da educação, toda comunidade escolar e 
comunidade local. No artigo 15, ressalta-se a extensão dessa autonomia que 
engloba as relações pedagógicas, administrativas e financeiras. 
A gestão escolar eficiente garante a participação de todos em sua 
reformulação. Todos agentes envolvidos no contexto educacional devem 
acreditar e buscar uma nova educação, pois, a educação se volta para uma 
realidade dinâmica, sendo preciso acompanhar as mudanças do mundo e 
formar uma comunidade mais civilizada para participar, expressar, existir, 
interagir, realizar e sentir. 
"Cabe aos profissionais da educação fazerem valer o seu papel de 
educador, dando ênfase a um ensino mais democrático, com diálogos 
abertos, com informações que provoquem reflexões a respeito dos 
fatos sociais existentes. É importante que se trabalhe sempre com o 
concreto, assim o educando se sentirá estimulado a criar situações 
como todo o processo democrático, que é um caminho que se faz ao 
caminhar, o que não elimina a necessidade de refletir previamente a 
respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta 
para a ação." (PARO 1997, p. 17). 
 Compreendemos que a figura do inspetor escolar também faz parte da 
gestão. Neste sentido, é requerida uma prática democrática por parte desse 
profissional que se insere no contexto educacional. Reconhecemos que as 
práticas da inspeção ainda nos remetem a um posicionamento construído 
historicamente voltado à fiscalização e controle, pois desde o período colonial 
as escolas eram sujeitas à fiscalização e essa função era de responsabilidade 
do inspetor. Neste período, “cabia ao inspetor presidir os exames dos 
professores e lhes conferir o diploma, autorizar a abertura de escolas 
particulares e até mesmo rever os livros, corrigi-los ou substituí-los por outros” 
(SAVIANI, 2002, p. 23). 
 Neste estudo buscamos compreender como se constituiu a função de 
inspetor e suas relações com os profissionais da educação, o que permitirá aos 
 
leitores, aos atuais inspetores e demais profissionais da educação ter 
entendimento ou uma simples noção da construção histórica dessa profissão. 
Ainda em tempos atuais o inspetor em alguns casos, é visto com certo 
distanciamento dos demais profissionais da educação, sendo esse 
posicionamento um traço historicamente construído na profissão. É provável 
que a falta de conhecimento do processo histórico sobre a gestão escolar é o 
que justifica em pleno século XXI o desconhecimento da função ou 
conhecimento equivocado, reproduzido em ações que foram formuladas ao 
longo do tempo.1 
A própria semântica da palavra é provocativa. Segundo Ferreira (2001) a 
palavra inspeção significa: revista - fiscalização. Essa carrega um significado 
negativo que leva os profissionais da educação apresentarem resistência à 
figura do inspetor. Diante dessa realidade, reconhecemos a necessidade de 
buscar conhecer as diretrizes da Inspeção Escolar e sua ligação com os 
profissionais da educação, tendo como intenção dentro do possível, construir 
concepções inovadoras voltadas para aos profissionais da inspeção. 
A Unidade I aborda sobre a “Gestão escolar democrática e participativa”. 
Na unidade II apresentamos uma “Revisão teórica da Inspeção Escolar” e na 
Unidade III “O papel do inspetor na sociedade atual”. Essa organização permite 
ao leitor compreender a importância do inspetor escolar junto à direção de 
escola e comunidade escolar e local. 
 
 
 
 
 
 
 
1 Sugestão de leitura sobre o assunto: 
“ Termos de inspeção: o papel do inspetor escolar na avaliação didático-pedagógica e material escolar 
(1934)” 
“Matrizes históricas da inspeção escolar no Brasil: mecanismo de controle do trabalho docente em 
Alagoas nos Oitocentos.” 
Disponível em: file:///C:/Users/not/Downloads/1184-3142-1-PB.pdf 
Disponível em: file:///C:/Users/not/Downloads/9151-30604-3-PB.pdf 
https://d.docs.live.net/ba632ad079b67058/Documentos/Produção%20de%20Material%20Didático%20Pós_Graduação/Downloads/1184-3142-1-PB.pdf
https://d.docs.live.net/ba632ad079b67058/Documentos/Produção%20de%20Material%20Didático%20Pós_Graduação/Downloads/9151-30604-3-PB.pdf
 
UNIDADE I - Gestão Democrática e Participativa 
 
A gestão escolar passou por algumas transformações no início da 
década de 80. Neste período, os temas participação, autonomia e gestão 
tornaram-se relevantes diante dos desafios que marcaram essa época na 
busca da construção de uma sociedade democrática diferente das 
administrações centralizadas e burocratizadas impostas pelo governo militar. 
Segundo o autor Luck (2005), em 1980 inicia-se o movimento em favor 
da democratização da gestão das escolas públicas. Surge nesse período uma 
nova concepção de gestão escolar que se caracteriza por uma gestão 
democrática, que exige mudanças institucionais e rupturas de paradigmas que 
estabelecem fundamentos para propostas educacionais inovadoras que 
consistem na participação de todos os envolvidos no contexto educacional 
permanentemente. “Uma mudançade denominação só é significativa quando 
representa uma mudança de concepção da realidade e de significados de 
ações mediante uma postura e atuações diferentes (LUCK, 2006, p.47).” 
Os gestores são responsáveis pela organização administrativa e 
pedagógica da escola, cabe-lhes propor e promover a construção de uma 
cultura escolar que se preocupa com a construção do conhecimento e 
desenvolvimento da cidadania, formando cidadãos conscientes da sua atuação 
em sociedade. Portanto, devem ter visão de uma escola aberta para troca de 
saberes e bens culturais da sociedade e comunidade local. Sobretudo, devem 
garantir a democratização da escola, consolidando uma cultura escolar 
autônoma e proativa com a capacidade de sugerir mudanças e resolução de 
problemas do cotidiano institucional, visando sempre a qualidade do ensino-
aprendizagem. 
A participação é o principal meio de se assegurar a gestão 
democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais 
e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento 
da organização escolar. Além disso, proporciona um melhor 
conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de 
sua dinâmica, das relações da escola com a comunidade, e favorece 
uma aproximação maior entre professores, alunos, pais. (LIBANEO 
(2004, p.79). 
 
É fundamental o envolvimento de todos os agentes da escola nos 
projetos e decisões relacionadas ao funcionamento da organização escolar 
para garantir uma gestão participativa que fortaleça a democracia. Essa 
 
participação abrange dimensões de trabalho pedagógico, político, financeiro, 
administrativo e também humano, dispondo de atribuições voltadas para o 
envolvimento da comunidade escolar. A criação de Conselhos e o Projeto 
Político Pedagógico são instrumentos que reforçam uma gestão democrática, 
pois, é necessária a representação de todos os segmentos da escola e 
comunidade local. A ação coletiva valoriza as contribuições dos sujeitos e torna 
as decisões transparentes. 
Dirigentes de escola eficaz são líderes, estimulam os professores e 
funcionários da escola, pais, alunos e comunidade a utilizarem o seu 
potencial na promoção de um ambiente escolar educacional positivo 
e no desenvolvimento de seu próprio potencial orientado para a 
aprendizagem e construção do conhecimento, a serem criativos e 
proativos na resolução de problemas e enfretamento de dificuldades 
(LÜCK, 2000, p.16). 
É de responsabilidade do diretor escolar todas as questões relacionadas 
à escola. Suas atribuições ultrapassam as questões burocráticas, não se 
limitam apenas ao cumprimento de leis e normativas, mas abrange todo 
contexto, cuidando da infraestrutura, da acessibilidade nos espaços, dos 
materiais pedagógicos, currículo, formação continuada dos professores, 
envolvimento da equipe, relações com a comunidade escolar, dentre outras 
demandas previstas e imprevistas. É preciso desenvoltura para estabelecer 
integrações de todas as ações direcionando-as para a aprendizagem dos 
alunos. 
O funcionamento da escola e, sobretudo, a qualidade da 
aprendizagem dos alunos dependem de boa direção e de formas 
democráticas e eficazes de gestão do trabalho escolar. É preciso 
estar claro que a direção e a administração da escola são meios para 
garantir os objetivos educacionais. (LIBÂNEO, 2005, p.370) 
Após essa pequena síntese da gestão escolar democrática, 
ressaltaremos o perfil do inspetor escolar nesse processo de gestão 
participativa. Apresentaremos o desempenho do inspetor escolar 
na democratização do ensino, ressaltando sua importância, origem, sua 
atuação no passado e na atualidade. Faremos uma reflexão sobre o 
desempenho de suas funções a partir das determinações em lei de seu perfil 
profissiográfico. Para analisarmos todo esse processo foi preciso trazer de 
forma resumida a gestão democrática, compreendendo que na atualidade se 
 
faz necessário que o profissional da educação assuma perspectivas de uma 
gestão democrática e participativa. 
 
 
 
Uma gestão democrática é pautada na Autonomia, Transparência, 
Valorização dos Sujeitos e Participação. Sendo assim, é fundamental à ação 
entrelaçada, ou seja, com a participação de todos os sujeitos. Nesta dinâmica 
é imprescindível o entendimento do papel que cada um exerce no coletivo; pois 
O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que 
significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre 
determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. 
Com a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de 
decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação. 
(LIBÂNEO, 2004, p. 102.) 
 
É necessário que cada profissional da educação, em todos seus 
segmentos, professores e demais funcionários e toda comunidade local, 
assumam o compromisso com a qualidade de ensino, que estejam todos em 
busca do mesmo objetivo, sendo ele a formação de estudantes conscientes da 
construção da cidadania e atuação na sociedade. Só é possível formar 
cidadãos autônomos a escola que, realiza uma gestão autônoma na execução 
de seus projetos pedagógicos e de seus recursos financeiros e administrativos. 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
 
 
 
 
 
Gestão Democrática da educação é a décima nona meta do PNE Portal do MEC Disponível em: 
Http://centraldemidia.mec.gov.br/index.php?option=com_hwdmediashare&view=mediai
tem&id=10087&Itemid=207 
Aprofunde seu aprendizado! 
Assista ao Vídeo: 
Vídeo: Gestão democrática da educação - Cleuza Repulho - 
Entrevista - Canal Futura Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=_a13nWelrbE 
 
 
 
UNIDADE II - Revisão Teórica da Inspeção Escolar 
 
Para o autor Augusto (2010), com base no parecer 794/83 o inspetor é 
aquele que tem como função inspecionar, verificar e examinar. As ações do 
inspetor compreendem assim a verificação das determinações legais 
estabelecidas, das instituições educacionais e das pessoas que dela 
participam, assim como, as correções necessárias e as restrições e 
orientações de ações, visando o funcionamento legal dos serviços. Cumprindo 
documentos normativos e regulatórios. 
Com base nas leituras de Augusto (2010), entendemos que a inspeção 
mesmo com caráter burocrático é também uma prática educativa, que se tem 
forte cunho político com características pedagógicas. De acordo com o parecer 
nº 794/83, a inspeção se dedica ao funcionamento e organização das escolas 
em todos os seus segmentos, sua atuação consiste em corrigir como também 
prevenir possíveis desvios e disfunções no sistema. Neste sentido, cabe à 
inspeção também, orientar, avaliar, corrigir, objetivando a melhoria da 
qualidade do ensino. Em consequência do parecer foi criada a resolução 
305/83, que prevê a comunicação entre os órgãos centrais, os municipais e as 
unidades de ensino. Atualmente, o inspetor é um profissional lotado nas 
Superintendências e Secretarias Municipais de Ensino e executa suas funções 
nas instituições de ensino e secretarias. 
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 
9394/96,2 em seu artigo 64 há a definição sobre a formação dos profissionais 
em administração, planejamento, supervisão, orientação e dentre elas a 
inspeção educacional. Em seu artigo 61 depois de reformulado pela lei nº 
12.014 de 6 de agosto de 2009, considera-se a inspeção em uma das classes 
de trabalhadores que devem ser considerados como os profissionais da 
Educação Básica: 
“Consideram-se profissionais da educação básica os que, nela 
estando em efetivo exercício, e tendo sido formados em cursos 
reconhecidos são: Inciso II - trabalhadores em educação, portadores 
de diploma em pedagogia, com habilitação em administração, 
planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como 
 
2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm
 
com títulos de mestrado oudoutorado nas mesmas áreas”. (BRASIL, 
1996, LDB) 
Faz parte das competências da inspeção escolar a organização e o bom 
funcionamento das unidades de ensino da Educação Básica. O inspetor é, 
pois, um profissional da Educação Básica. Suas atribuições visam inspecionar 
as questões legais das escolas e de regularizar possíveis desvios de 
procedimentos e atos. As ações de uma inspeção devem garantir a 
transparência e legalidade do sistema educacional. 
Segundo D Grouwe (2006), a inspeção escolar está estreitamente ligada 
ao Estado, representando-o diante da sociedade. Deste modo, é percebida 
pelas comunidades escolares como representantes do governo. Por se tratar 
de uma ação de controle, suas ações são percebidas algumas vezes 
relacionadas à vigilância. Pois cabe a inspeção, as ações de verificação dos 
procedimentos legais e cumprimento das normas. 
Meuret (2002) reconhece como funções básicas da inspeção escolar o 
exercício do controle externo das escolas, abrangendo questões pedagógicas, 
administrativas e financeiras. De acordo com o autor citado, também faz parte 
das funções do inspetor, orientar e apoiar os estabelecimentos de ensino em 
suas ações educacionais, estabelecendo uma relação entre as escolas e o 
sistema gestor, ou seja, promovendo uma mediação no sentido de melhorar a 
relação do sistema educacional. 
 
2.1 Percurso histórico da Inspeção Escolar no Brasil 
 
Autores que dedicaram seus estudos acompanhando a trajetória 
histórica da educação brasileira apontam que a inspeção teve seu início 
como forma de controle na Ratío Studiorum, conforme o Plano Geral dos 
Jesuítas e predominou nos colégios da Companhia de Jesus a partir de 1599. 
Deste modo, percebe-se que a inspeção escolar faz parte da história da 
educação e acompanha as transformações da mesma no país. Saviani (2002) 
relata que o inspetor era nomeado de acordo com sua função observando a 
hierarquia, sendo renomeado de diferentes modos. No período imperial foi 
nomeado de Inspetor Geral ou Paroquial e em alguns períodos a inspeção foi 
denominada de Diretoria de Instrução. 
 
Segundo Botelho apud Augusto (2010), o desempenho das funções de 
inspeção inicia-se em 1799 com o objetivo de fiscalizar as aulas régias. Nessa 
época, pode se dizer que o inspetor assumia um perfil fiscalizador, pois suas 
atribuições eram de fiscalizar o funcionamento dos estabelecimentos escolares, 
as metodologias de ensino, as práticas pedagógicas dos professores e o 
rendimento dos alunos. Sendo assim, a atuação da inspeção escolar no Brasil 
vem sendo desenvolvida há muitos anos atrás, exercendo um papel burocrático 
do estado, buscando manter o controle das escolas. 
Segundo Augusto (2010), com a reforma de Afonso Pena em 1892, 
os inspetores passaram a ser nomeados por concurso público, pois até essa 
época não eram concursados. A eles cabiam a responsabilidade financeira de 
suspensão ou liberação do dinheiro público, como também recensear o público 
escolar. Ainda em acordo com esse mesmo autor, ressaltamos que em 1927 é 
criada a Inspetoria Geral de Instrução pública, em parceria com Conselho 
Superior de Instrução. Neste período: o antigo primário sujeitava-se à 
fiscalização dos inspetores municipais e as instituições de ensino médio e 
superior ficavam aos cuidados da inspeção federal. 
No que tange à legislação, a inspeção é incorporada na legislação da 
educação em 1932 pela primeira vez na reforma do Ensino Secundário – 
Decreto Lei 21.241, e 04 de Maio de 1932. Dois anos depois em 1934 até 
1974 com o Decreto nº 11.501, de 14 de Agosto de 1934 surge o profissional 
Fiscal Permanente responsável pela inspeção das instituições de ensino do 
estado de Minas Gerais. Com a promulgação do 1º Estatuto do Magistério em 
1974 essa função passou a ser extinta. 
É importante ressaltar que em 1961 na Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, ficou estabelecido a 
qualificação para o profissional responsável pela inspeção. Em seu Art.65 
determina o perfil do inspetor. “O Inspetor de Ensino, escolhido por concurso 
de títulos e provas, deve possuir conhecimentos técnicos e pedagógicos 
demonstrado de preferência no exercício de função do magistério, de auxiliar 
de administração escolar ou na direção de estabelecimentos de ensinos”. 
Após sete anos, com a Lei n.º 5.540/68, com a reforma do ensino 
superior, a função do Inspetor Escolar passa a ser incorporada a estrutura do 
ensino de 1º e 2º graus. A partir da reestruturação do Curso de Pedagogia, 
surge a efetivação do curso de inspeção (Parecer 252/69). Pouco tempo 
depois em 1971 a Lei Federal nº 5692/71 determina uma lista de categorias de 
especialistas, elencando os orientadores, administradores, inspetores e 
 
supervisores. O Art. 36 estabelece que a formação dos inspetores, 
supervisores e outros especialistas de educação se façam em curso superior 
de graduação ou de pós-graduação. 
Nessa trajetória histórica, percebe-se que antes mesmo do Estado Novo 
e de sua vigência a educação foi regulada e fiscalizada pela inspeção como a 
representação dos governantes da época. A inspeção controlava 
rigorosamente os estabelecimentos de ensino. 
 
2.2 Estado Novo e Inspeção Escolar 
 
 
O Estado novo é um dos períodos da história brasileira em que a 
educação escolar foi conduzida pelo governo de Getúlio Vargas, que nessa 
época visava consolidar um perfil nacionalista na sociedade. O posicionamento 
do governo era de orientar pelos seus próprios ideais. De acordo com 
Monarcha (1999 apud Werle, 2003) no período do Estado Novo as legislações 
e todo controle do sistema de ensino ficavam na responsabilidade do estado. 
Nesse período, os inspetores tinham a responsabilidade de ressignificar 
as práticas dos estabelecimentos de ensino e inseri-los à ideologia educacional 
determinada pelo governo. O controle da qualidade do ensino era 
acompanhado pela inspeção escolar de forma burocrática e com muita rigidez, 
controlando todas as questões das escolas. Esse domínio atendia os 
interesses do governo, com padrões de educação a serem introduzidos e 
rigorosamente controlados. 
ESTADO NOVO 
1937 - 1945 
 
Segundo Ferreira (2002), percebe-se a inserção dos ideais nacionalistas 
no cotidiano das instituições de ensino no período de 1937-1945. Os inspetores 
verificavam o cumprimento das orientações legais do Departamento de 
Educação alcançando à gestão, à docência e práticas pedagógicas. No 
desenvolvimento de seus trabalhos realizavam relatórios de suas fiscalizações. 
Segundo Santos (2008), a aprendizagem era avaliada com base no rendimento 
do aluno, ao inspetor cabia avaliar a desenvoltura para a leitura, o domínio da 
língua portuguesa, os conhecimentos referentes à educação moral e cívica, 
história, geografia e aritmética, 
 Durante esse período de 1937 a 1945, as instituições escolares foram 
marcadas pelo governo pelas determinações inflexíveis de atitudes 
nacionalistas e conteúdos que reforçavam o patriotismo. Nessa época, era 
obrigatório o desenvolvimento de trabalhos com datas comemorativas que 
cultivavam o patriotismo, assim como, a reverência aos símbolos nacionais e 
algumas posturas que impediam a autonomia dos sujeitos em sua formação 
enquanto cidadão. Neste sentido, a inspeção escolar atuava como 
representante do governo para fiscalizar tais ações. 
 Saviani (2006b apud FERREIRA,S.N.), relata que a supervisão esteve 
presente em “comunidades primitivas” onde a educação era concebida como 
forma de controle, fiscalização e de coerção. Para Saviani, no Estado Novo ela 
apresenta-se como uma redefinição dessa forma de controle, a partir do 
exercício da inspeção escolar. 
Após esse período marcado pela rigidez e controle, em 1996 surgi uma 
nova descrição para as funções do inspetor. A Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 em seu artigo 64 apresenta oinspetor 
escolar como um profissional da educação em que suas atribuições estão 
voltadas para a administração escolar, planejamento, supervisão e orientação 
educacional. Para o exercício dessa função, de acordo com a LDB o inspetor 
deve ter graduação em pedagogia ou pós-graduação: 
 
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, 
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a 
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia 
ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, 
garantida, nesta formação, a base comum nacional. (BRASIL, LDB, 
1996) 
O percurso histórico da Inspeção Escolar nos direciona ao dinamismo da 
educação brasileira atualmente. Na sociedade contemporânea é reconhecida 
a necessidade da promoção de uma gestão democrática e participativa, que 
 
contribua na construção da cidadania e da inclusão social. Deste modo, o 
inspetor é um dos profissionais que precisa comprometer-se com a democracia 
para que haja uma educação de qualidade para todos. 
 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprofunde seu aprendizado! 
Assista ao Vídeo: 
Vídeo: EM FOCO - Heloisa Lück – Gestão Educacional 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ii67fV1Wp74 
 
 
 
 
UNIDADE III - O Papel do Inspetor na atualidade 
 
 
 
 Observamos que na história da educação o controle da qualidade do 
ensino estabelecido pelo Estado era em caráter de imposição e padrões a 
serem seguidos. Era da competência do inspetor exercer o controle de forma 
rigorosa. Atualmente, fazemos menção a uma gestão democrática, autônoma e 
participativa, onde as ações são exercidas com a participação de toda a 
comunidade escolar e comunidade local. 
As abordagens atuais sobre gestão escolar laboram uma concepção 
fundamentada no controle coletivo da garantia do cumprimento legal e do 
desenvolvimento da educação, ou seja, todos os atores sociais envolvidos no 
contexto se integram ao cenário educacional. Esse tipo de prática poderá 
garantir às escolas, a formação de cidadãos consciente, éticos e críticos. 
 Paradigmas3 foram quebrados e os novos paradigmas da educação 
foram construídos, com isso exige-se um perfil inovador da inspeção escolar, 
que deve atuar alinhada a nova realidade que a educação experimenta 
atualmente. Sendo assim, o profissional da inspeção terá que lidar com as 
mudanças constantes, quer sejam, culturais, sociais, comportamentais e 
tecnológicas. 
Na sociedade contemporânea o inspetor educacional tem a função de 
mediar uma estreita ligação entre órgãos do sistema da educação (Secretarias 
 
3 O teórico Thomas Samuel Kuhn, físico e filósofo da ciência, designou como paradigma as “realizações 
científicas que geram modelos que, por período mais ou menos longo e de modo mais ou menos 
explícito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para 
os problemas por elas suscitados.” (“A Estrutura das Revoluções Científicas”- Thomas Kuhn) Deste modo, 
um paradigma educacional é um modelo usado na área da educação. 
 
Municipais e Estaduais, Superintendências e as Unidades Escolares), visando 
à garantia da aplicação da lei. Esse profissional deve ter como fundamento a 
qualidade dos serviços das escolas em todos os aspectos (administrativos, 
financeiros e pedagógicos) deve ainda buscar estratégias para conduzir os 
trabalhos de forma harmoniosa, o que muitas vezes requer um perfil de agente 
sócio-político. 
Segundo Medina (2005), o inspetor deve ser proativo, deve encontrar 
nos dispositivos legais estratégias possíveis e caminhos mais favoráveis e 
facilitadores para alcançar seus objetivos, visando sempre a qualidade e 
equidade do ensino. Também é de sua competência buscar mecanismos para 
melhorarias das condições de trabalho dos educadores, para que esses 
profissionais tenham uma atuação satisfatória. 
Sendo assim, o papel do inspetor é de integração e de articulação das 
ações no sistema educacional. Esse profissional precisa ter postura de 
educador, sendo capaz de atuar juntamente com a escola na construção e 
desenvolvimento de projetos pedagógicos com a participação de todos 
envolvidos no contexto educacional. Abaixo listamos exemplos das principais 
legislações pertinentes ao papel do inspetor escolar. 
 
 Principais Legislações pertinentes ao trabalho do Inspetor Escolar 4 
Legislação Nacional: 
● Lei nº 9394/96 - Estabelece diretrizes e bases da educação 
nacional 
Legislação Estadual: 
● Lei 869/1952 - Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos 
Civis do Estado de Minas Gerais 
 ● Lei 7.109/1977 - Contém o Estatuto do pessoal do magistério 
público do Estado de Minas Gerais, e dá outras providências 
● Lei 15.293/2004 - Institui as carreiras dos Profissionais de 
Educação Básica do Estado. 
● Decreto nº 46.644/2014 - Dispõe sobre o Código de Conduta Ética 
do Agente Público e da Alta Administração Estadual 
 
4 Disponível em: 
https://www.mg.gov.br/sites/default/files/transforma_minas/arquivos/Junho_2019/descricao_-
_assessor_central_de_inspecao_escolar_v2_1.pdf. Acesso: 10/08/2019. 
https://www.mg.gov.br/sites/default/files/transforma_minas/arquivos/Junho_2019/descricao_-_assessor_central_de_inspecao_escolar_v2_1.pdf
https://www.mg.gov.br/sites/default/files/transforma_minas/arquivos/Junho_2019/descricao_-_assessor_central_de_inspecao_escolar_v2_1.pdf
 
Conselho Estadual de Educação - CEE: 
● Parecer CEEMG 1.132/1997 - Dispõe sobre a Educação Básica, 
nos termos da Lei nº 9394/1996 
● Parecer CEEMG 1.158/1998 - Responde consulta da SEE/MG e 
da Federação dos Estabelecimentos de Ensino de Minas Gerais, 
com as orientações ao sistema estadual de ensino para 
operacionalização do disposto no Parecer no 1.132/1997. 
● Resolução CEEMG 449/2002 Fixa normas para credenciamento 
e recredenciamento de instituições escolares, autorização para 
funcionamento e reconhecimento de cursos de educação básica e 
educação profissional e dá outras providências. 
● Resolução nº 457/2009 - Dispõe sobre a Inspeção Escolar na 
Educação Básica no Sistema Estadual de Ensino de Minas Gerais. 
• Resolução CEE Nº 472/2019 Dispõe sobre a Educação Infantil 
no Sistema Estadual de Ensino de Minas Gerais. 
 
Secretaria de Estado de Educação - SEE: 
● Resolução SEE 3.428/2017 - Estabelece normas para organização 
e atuação do Serviço de Inspeção Escolar nas unidades regionais e 
escolares da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. 
Com passar dos anos novos paradigmas da educação foram surgindo. 
Como novo paradigma é possível sinalizar questões de ordem prática em 
relação às ações do inspetor escolar. Esses profissionais assumem junto à 
escola seu legitimo papel de representante da administração central ou 
regional do sistema de ensino. Segundo Finoto (2010) a partir de uma releitura 
da LBD em seus artigos que abordam a inspeção escolar, é possível citar 
algumas competências que o inspetor pode e deve exercer em parceria com as 
escolas, gestores, pedagogos e professores, em conexão com as secretarias 
municipais, estaduais e com os demais órgãos de educação. Abaixo 
apresentamos algumas funções citadas pelo autor, FINOTO (2010, p. 6 - 7) 
• Função Verificadora: deve possuir domínio da legislação, ser pesquisador e 
observador; 
• Função Avaliadora: Educador; 
• Função Orientadora: ter boa comunicação oral e escrita. Conciliador; 
• Função Corretiva: segurança e postura pedagógica; 
• Função realimentadora: criatividade. 
 
O poder para exercer as competências origina-se das atribuições e 
natureza do cargo e fundamentam-se da premissa que é necessário o 
 
acompanhamento das atividades do cotidiano escolar, bem como do 
cumprimento da legislação. Dessa forma, cabe a inspeção a responsabilidade 
por meios legais de verificar a qualidade das ações em todos os contextosde 
uma gestão, sendo eles: técnicos, pedagógicos, administrativos e financeiros. 
 
3.1 O papel do Inspetor Escolar no processo democrático5 
 
 
 
No cenário da Gestão Democrática a inspeção precisa estar pautada em 
uma conduta ética, aberta ao diálogo promovendo a participação de todos 
agentes envolvidos no processo educacional, pois este tipo de postura evita a 
tomada de decisões autoritárias e arbitrárias. Ao assumir práticas inovadoras o 
perfil do inspetor também é reformulado, se distanciando do perfil controlador e 
fiscalizador. 
A Inspeção Escolar está totalmente relacionada a fatores que 
contribuem para o processo democrático de todo contexto escolar. Deste 
modo, o Inspetor Escolar desempenha suas funções alinhado à gestão de 
pessoal, preocupando-se com a autenticidade, organização e atualização de 
toda escrituração e organização escolar. Neste sentido, se atém a segurança 
de documentos e arquivos para que fiquem preservadas as informações sobre 
o histórico escolar dos alunos, documentos para pesquisas ou situação 
funcional dos servidores para aposentadoria ou outros fins. Como o quadro de 
servidores e alunos sempre se renova em escolas, é importante a escrituração 
 
5 Sugestão de leitura: Anais do seminário internacional gestão democrática da educação e pedagogias 
participativas. (MEC-2006). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Procons/anais.pdf 
GESTÃO 
DEMOCRÁTICA 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Procons/anais.pdf
 
dos fatos e organização dos arquivos de cada época para situações futuras. ( 
Diários, Atas, Históricos, Fichas individuais, Pastas de Funcionários, entre 
outros). Na resolução 305/83 registra-se sobre a atuação do inspetor, deixando 
claro seu compromisso com o corpo docente e discente da escola. 
Considerando a responsabilidade desse profissional com o corpo 
docente e discente, munido de uma prática pedagógica o inspetor se 
transforma em um importante agente político pedagógico, pois estará em seu 
alcance as condições de sugerir mudanças, na busca da promoção de uma 
gestão mais ampla e democrática, contemplando a participação de todos 
agentes sociais nas Instituições Escolares. 
É importante ressaltar que os agentes sociais de uma comunidade não 
apenas devem participar de forma regular das decisões mais importantes, mas 
é preciso que assumam posturas necessárias para sua efetivação, para que de 
fato se concretize uma Gestão Democrática. Segundo Lück (2009, p. 71) 
 A participação constitui uma forma significativa de, ao promover 
maior aproximação entre os membros da escola, reduzir 
desigualdades entre eles. Portanto, a participação está centrada na 
busca de formas mais democráticas de promover a gestão de uma 
unidade social. As oportunidades de participação se justificam e se 
explicam, em decorrência, como uma íntima interação entre direitos e 
deveres, marcados pela responsabilidade social e valores 
compartilhados e o esforço conjunto para a realização de objetivos 
educacionais (LÜCK, 2009, p. 71). 
 Deste modo, o Inspetor Escolar diante da educação, da sociedade e 
das práticas educativas, deve ter um posicionamento consciente, aberto ao 
diálogo, a sugestões e mudanças. Neste sentido, sua atuação vai além das 
aplicações de normas, cabendo a ele a verificação das ações e mudanças na 
legislação. Sua função exige criticidade para avaliar o contexto cultural, a 
realidade social, econômica e política do período atual. Quando o Inspetor 
Escolar tem a capacidade reflexiva crítica no momento da aplicação da 
legislação, ele pode colaborar nas reformulações das leis, perfazendo as 
práticas educativas. Ele tem o poder de transformar conteúdos ideológicos em 
diretrizes práticas que orientam as ações. 
 Percebe-se, que a função do Inspetor Escolar na consolidação de uma 
gestão democrática é de suma importância social para o contexto educacional, 
pois representa o governo nos estabelecimentos de ensino, pela autonomia da 
 
execução de normas que podem ser vistas e revistas, adequando-se ao 
Sistema Educacional. Podemos dizer que sua função se caracteriza como uma 
função de comunicação, coordenação e reinterpretação das orientações e 
informações do sistema. 
A gestão democrática escolar é exercida tanto como condição 
criadora das qualificações necessárias para o desenvolvimento de 
competências e habilidades específicas do aluno, como também para 
a criação de um ambiente participativo de vivência democrática, pela 
qual os alunos desenvolvem o espírito e experiência de cidadania, 
caracterizada pela consciência de direitos em associação a deveres. 
(Lück 2009, p. 71). 
Nesta direção, sugere-se que o Inspetor Escolar seja acima de tudo um 
gestor eficiente, comprometido com o bem comum, que elabora estratégias de 
trabalho fundamentadas nas concepções e nos princípios da gestão 
participativa. Luck (2008) declara sobre a participação como transformação, 
sua afirmação vem confirmar a importância dos posicionamentos no coletivo 
dentro do contexto educacional. “A participação que se fecha em si mesma 
constitui ativismo. A participação que se espraia por todas as dimensões do 
processo social, na intenção de enriquecê-las, constitui-se em transformação”. 
(LUCK, 2008, p.65). 
 
3.2 O papel do Inspetor Escolar no estado de Minas Gerais 6 
 
Como já mencionamos no parecer nº 794/83 do Conselho Estadual da 
Educação (CEE/MG) foram estabelecidas novas funções para o Inspetor 
Escolar. Esse profissional deixa de ser apenas um fiscalizador e passa a ser 
chamado de Inspetor Educador, aproximando-se da vida escolar. Observa-se 
que ocorreu uma reformulação no papel do inspetor, atuando com visão crítica 
e democrática, em busca de uma escola mais autônoma. 
 
6A SEEMG cria em 1964, as dez primeiras Delegacias Regionais de Ensino, em cidades - polo. As 
Delegacias de Ensino - DRE foram transformadas em Superintendências Regionais de Ensino, e 
exerciam pela inspeção escolar, a fiscalização do ensino primário e médio, em toda a sua jurisdição. A 
SEEMG definiu, entre as décadas de 60 e 70, várias resoluções e portarias, sobre as atividades de 
inspeção, inclusive a Resolução SEE nº 43/66, que estabeleceu as normas para a realização da inspeção 
no Estado. Em 1968, duas resoluções, também instruem a função, as de nº 82 e 87/68. Segundo o 
Parecer nº 749 de 29/12/1983: “naquele tempo, como ainda hoje, pedia-se tudo ao Inspetor, desde 
assegurar o cumprimento da legislação vigente, até executar projetos e pesquisas educacionais e 
participar do processo pedagógico da escola”. (AUGUSTO, 2010, p. 78) 
 
 
Por exemplo, no Estado de Minas Gerais atualmente, um dos papéis do 
inspetor escolar é de garantir as políticas educacionais e representar o 
governo. Hoje o inspetor caminha alinhado com a nova proposta de gestão, 
sendo um profissional atuante e participativo no cotidiano dos estabelecimentos 
de ensino que estão sob seus cuidados. A formação para ocupantes do 
cargo de inspeção é a Pedagogia, sendo assim, esse profissional preocupa-se 
com o processo de ensino-aprendizagem e compreende o desenvolvimento 
dos alunos e as funções da avaliação escolar. 
Atualmente, o trabalho da inspeção escolar vem se reestruturando, mas 
reconhecemos que esse processo é marcado por tensões e conflitos, pois as 
complexidades do cargo muitas vezes exigem um “perfil fiscalizador”. Nos dias 
atuais esse profissional tem o compromisso de desenvolver ações voltadas 
para a prevenção, correção, orientação e de assessoramento, sendo esses 
traços para uma gestão ética e eficiente. É esperado um profissional com perfil 
atualizado e bem informado e seguro sobre a legislação educacional para 
prestar assessoria participativa nas instituições escolares com eficiência e 
segurança. 
Em Minas Gerais a presença do inspetor nas escolas é frequente, para 
que esclareça e auxilie na interpretação e cumprimento daslegislações, 
garantindo o entendimento básico dos princípios fundamentais da constituição, 
contribuindo para o bom funcionamento do sistema educacional e 
desenvolvimento dos alunos. 
A partir do artigo 206 da Constituição do Estado, na Lei no 9.394, de 20 
de dezembro de 1996, no Parecer CEE no 794/1983, é sancionada a resolução 
nº 457, de 30 de setembro de 2009, conforme abaixo: 
 
RESOLUÇÃO Nº 457, DE 30 DE SETEMBRO DE 20097 
DISPÕE SOBRE A INSPEÇÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO SISTEMA 
ESTADUAL DE ENSINO DE MINAS GERAIS. 
O Presidente do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, no uso de suas atribuições, 
e tendo em vista o disposto no artigo 206 da Constituição do Estado, na Lei no 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996, no Parecer CEE no 794/1983, bem como no Relatório referente aos 
trabalhos elaborados pela Comissão instituída pela Portaria nº 07, de 26 de março de 2009, 
 
 
7 Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B6476Rd2kG2xbUdfaDZ5LUo0SFU/view. Acesso: 
10/08/2019. 
https://drive.google.com/file/d/0B6476Rd2kG2xbUdfaDZ5LUo0SFU/view
 
RESOLVE: 
Art. 1º – A presente Resolução aplica-se à Inspeção Escolar no âmbito da Educação Básica, no 
Sistema Estadual de Ensino de Minas Gerais. 
Art. 2º – O exercício da Inspeção Escolar no Sistema Estadual de Ensino constitui direito e 
dever do Estado. 
Parágrafo único – É dever de toda a comunidade escolar conhecer e participar do processo de 
inspeção. 
Art. 3º – A inspeção é o processo pelo qual a administração do ensino assegura a comunicação 
entre os órgãos centrais, os regionais e as unidades de ensino, tendo em vista a melhoria da 
educação, mediante: 
I – verificação e avaliação das instituições escolares, quanto à observância das normas legais 
e regulamentares a elas aplicáveis; 
II – monitoramento, correção e realimentação das ações dessas instituições; 
III – registro dos referidos atos em relatórios circunstanciados e conclusivos. 
– Publicada novamente por ter havido alteração na publicação do “Minas Gerais” de 
30.10.2009. 
Art. 4º – A inspeção escolar estrutura-se em nível central e regional e sua ação desenvolve-se 
em nível de unidade escolar. 
Art. 5º – A inspeção far-se-á em caráter regular ou especial, por inspetor ou equipe de 
inspetores, não vinculados ao estabelecimento, observado o critério de rodízio. 
Art. 6º – Entende-se por inspeção regular a que se inclui, ordinariamente, no plano de trabalho 
do inspetor ou equipe de inspetores. 
Parágrafo único – A inspeção regular deverá compreender, pelo menos, os seguintes aspectos: 
I – conhecimento da situação do estabelecimento quanto a: 
a) – cursos em funcionamento, sua organização curricular e atos de autorização, 
reconhecimento e renovação, quando for o caso; 
b) – observância das diretrizes e normas curriculares, garantia do padrão de qualidade do 
ensino, construção e implementação da proposta pedagógica, cumprimento do regimento 
escolar e resultado das avaliações institucionais e desempenho dos alunos; 
c) – regularidade no acesso, permanência e demais atos da vida escolar dos alunos; 
d) – situação legal e funcional do pessoal administrativo, técnico e docente; 
e) – situação dos prédios, instalações, equipamentos e material didático adequado aos níveis e 
modalidades de ensino; 
f) – regularidade da escrituração escolar; 
g) – cumprimento das normas relativas à obrigatoriedade e gratuidade da educação básica em 
escolas oficiais; 
h) – funcionamento da caixa escolar; 
II – orientação à Escola, especialmente quando demonstrar dificuldades, falhas ou omissões; 
III – adoção e determinação de medidas destinadas à solução de conflitos ou ao saneamento 
de irregularidades apuradas na instituição escolar; 
IV – suspensão “ad referendum” do órgão superior, de atividades escolares que se estejam 
processando em desacordo com as disposições legais ou normativas; 
 
V – indicação ao órgão superior de medidas saneadoras ou corretivas cabíveis; 
VI – responsabilidade pelo fluxo correto e regular de informações entre as instituições 
escolares, entre os órgãos regionais e o órgão central da SEE. 
Art. 7º – Entende-se por inspeção especial a que se ocupa de situações eventuais, 
extraordinárias ou específicas de interesse do Sistema de Ensino. 
§ 1º– A inspeção especial far-se-á por determinação do órgão competente ou por solicitação do 
estabelecimento de ensino. 
§ 2º – Caberá à inspeção especial: 
a) – orientação para organização de processos de autorização de funcionamento e 
reconhecimento de cursos e sua renovação, credenciamento e recredenciamento da entidade 
mantenedora, mudança de sede da escola ou da entidade mantenedora; 
b) – suspensão de atividades escolares que se estejam processando em desacordo com as 
disposições legais ou regulamentares “ad referendum” do órgão competente; 
c) – determinação ou execução de medidas necessárias ao encerramento de atividades 
escolares e recolhimento de arquivo; 
d) – realização de sindicância e inquérito administrativo, por determinação da autoridade 
competente; 
e) – adoção, determinação ou indicação ao órgão superior de medidas saneadoras ou 
cautelares cabíveis. 
Art. 8º – A inspeção será exercida de modo a preservar a autoridade dos gestores, do corpo 
docente e dos especialistas, resguardados o princípio da autonomia e a flexibilidade da 
organização da instituição escolar. 
Art. 9º – O exercício da inspeção não exclui a responsabilidade administrativa, civil e penal dos 
dirigentes da instituição escolar e de danos causados a terceiros. 
Art. 10 – A instituição escolar deverá apresentar a documentação e facilitar à inspeção, sempre 
que julgar necessário, o acesso às instalações, à escrituração e ao arquivo escolares. 
Art. 11 – Cabe à Secretaria de Estado de Educação, com observância do disposto na presente 
Resolução: 
I – organizar a inspeção escolar no âmbito do Estado; 
II – baixar normas complementares para o cumprimento desta Resolução, observadas as 
peculiaridades de cada nível, etapa, ciclo e modalidade de ensino, bem como a natureza 
pública ou particular dos estabelecimentos; 
III – determinar a realização de sindicância e de inquérito administrativo, tomando as medidas 
cabíveis, no âmbito de sua competência; 
IV – promover e assegurar o fluxo regular e sistemática de informações sobre o 
desenvolvimento do trabalho de inspeção; 
V – estimular e promover a atualização e a formação continuada dos recursos humanos no 
exercício da inspeção; 
VI – estimular a pesquisa e a elaboração de projetos experimentais. 
Art. 12 – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação e revoga as disposições em 
contrário, especialmente a (*)Resolução CEE no 305/1983. 
Belo Horizonte, 30 de setembro de 2009. 
 
8Em 2017 é publicada a Resolução SEE nº 3.428, de 13 de Junho de 
2017. MG, que estabelece normas para organização e atuação do Serviço de 
Inspeção Escolar nas unidades regionais e escolares da Secretaria de Estado 
de Educação de Minas Gerais. Em seu Art 1º a resolução apresenta que: “tem 
por finalidade estabelecer procedimentos para normatizar o funcionamento do 
serviço de Inspeção Escolar da Superintendência Regional de Ensino (SRE), 
bem como a atuação do Inspetor Escolar no exercício de suas atribuições.” 
Abaixo no Art. 6º são estabelecidas as atribuições do Inspetor Escolar. 
Art. 6º – O exercício das atribuições do Inspetor Escolar, nos termos 
do item 6.14 e 6.15 do Anexo II da Lei nº 15.293, de 2004, 
compreende: 
I – orientação, assistência e controle do processo administrativo das 
escolas e, na forma do regulamento, do seu processo pedagógico; 
II – orientação da organização dos processos de criação, autorização 
de funcionamento, reconhecimento e registro de escolas, no âmbito 
de sua área de atuação; 
III – garantia de regularidade do funcionamento das escolas, em 
todos os aspectos; 
 IV – responsabilidade pelo fluxo correto e regular de informações 
entre as escolas, os órgãos regionais e o órgão centralda SEE: a) 
conferir a autenticidade e a exatidão da documentação da escola, 
referendando-a antes de seu encaminhamento à SRE; b) homologar 
as designações, assinando o Q.I., juntamente com o Diretor da 
Escola. 
V – exercer outras atividades compatíveis com a natureza do cargo, 
previstas na regulamentação aplicável e de acordo com a política 
pública educacional. 
 
 Até aqui apresentamos algumas Leis e Resoluções referentes à 
inspeção escolar, na intenção de alcançar melhor conhecimento dessa função 
a partir de questões legais. Ressaltamos que as secretarias municipais também 
se fundamentam nas legislações e as mesmas devem ser seguidas 
observando sua vigência. 
 
3.3 Conselho Estadual de Educação do Estado de Minas Gerais 
 
 Art. 1º “Art. 1º - O Conselho Estadual de Educação é órgão 
autônomo, com composição, finalidade e competência estabelecidas 
pela legislação federal, pela Constituição Estadual e pelas Leis 
Delegadas nº 31, de 28 de agosto de 1985, nº 105, de 29 de janeiro 
de 2003, e 172, de 25 de janeiro de 2004, Lei nº 17.715, de 11 de 
agosto de 2007, Lei nº 21.428, de 21 de julho de 2014 e Decreto nº 
 
8 Disponível em: www.inspetorconectadosmg.net 
 
44.627, de 28 de setembro de 2007, respeitadas as diretrizes e bases da 
educação nacional.” (RCEE) 
É fundamental que a atuação da inspeção escolar esteja em 
consonância com o Conselho Estadual de Educação do Estado. Este conselho 
tem como missão “promover a excelência da Educação em Minas Gerais, por 
meio da aplicação e aprimoramento contínuo dos sistemas normativos e 
cooperação com os órgãos afins e sociedade.” Os Conselhos Estaduais foram 
constituídos "com membros nomeados pela autoridade competente, incluindo 
representantes dos diversos graus de ensino e do magistério oficial e particular, 
de notório saber e experiência, em matéria de educação" (Art. 10- Lei 4024/61) 
Compete ao Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, 
estabelecer normas sobre planejamento, coordenação, controle e fiscalização 
das atividades educacionais em todas as áreas. Dentre tantas atribuições cabe 
a esse órgão apuração de denúncia sobre descumprimento da legislação 
básica educacional, valendo-se dos instrumentos jurídicos da sindicância, 
inquérito e processo administrativo. (CEE) Fica explícito no CEE – MG seus 
atributos: 
Atributos 
Competências Legais: 
 
Ao Conselho Estadual de Educação cabe, especificamente: 
 
I – no ensino fundamental e médio: 
 
a) baixar normas complementares sobre: 
 
1. credenciamento e recredenciamento de entidade mantenedora; 
2. autorização de funcionamento, reconhecimento e caracterização 
de estabelecimento de ensino; 
3. renovação de reconhecimento do ensino fundamental, ensino 
médio e educação profissional; 
4. entrosamento e intercomplementaridade dos estabelecimentos de 
ensino entre si e com outras instituições; 
5. ingresso e educação de menor de 7 (sete) anos em escola de 
ensino fundamental; 
6. tratamento especial a ser dispensado a aluno portador de 
necessidade especial, ou que se encontre em atraso considerável 
quanto à idade regular de matrícula; 
7. autorização de exercício a título precário de Professor, de Diretor e 
de Secretário de Escola; 
8. autorizar experiência pedagógica com regime diverso do prescrito 
em lei, assegurando a validade dos estudos realizados; 
9. declarar equivalência de estudos em grau de recurso; 
10. julgar recurso contra decisão adotada por instituição de ensino 
 
sob estrita arguição de ilegalidade; 
 
II – no ensino superior: 
 
a) credenciar e recredenciar universidades públicas; 
b) manifestar-se sobre autorização de funcionamento de universidade 
e estabelecimento de ensino agrupados ou isolados; 
c) autorizar, reconhecer e renovar o reconhecimento de cursos 
ministrados fora da sede das universidades públicas e instituições 
públicas isoladas; 
d) baixar normas sobre redistribuição e aumento do número de vagas 
nos cursos de graduação; 
e) opinar sobre transferência de ensino de uma para outra entidade 
mantenedora; 
f) julgar recursos contra decisão final, esgotadas as instâncias 
administrativas, adotada por instituição de ensino, sob estrita 
arguição de ilegalidade. 
 
III – na EJA: 
a) baixar normas complementares sobre: 
1 – estrutura e funcionamento de ensino; 
b) indicar, anualmente, os estabelecimentos de ensino que podem 
realizar exames supletivos. 
IV – baixar normas complementares sobre educação infantil. 
V – baixar normas complementares sobre educação especial. 
VI – em caráter geral: 
a) impor ou propor a aplicação de pena a estabelecimento de ensino 
ou a seu pessoal; 
b) responder a consultas e emitir parecer em matéria de ensino e 
educação; 
c) manter o intercâmbio com órgãos e entidades em matéria de 
interesse da educação; 
d) promover a apuração de denúncia sobre descumprimento de 
normas e decisões do Sistema de Ensino; 
e) delegar competência a Conselho Municipal de Educação; 
f) elaborar seu Regimento Interno. 
Ao reconhecer as competências legais deste órgão, bem como, seus 
objetivos em direção à promoção da excelência da Educação em Minas Gerais, 
pode-se afirmar a importância do alinhamento da atuação do inspetor junto ao 
CEE-MG. 
3.4 As contribuições do Inspetor Escolar na democratização do ensino 
 
A gestão escolar democrática está prevista na LDB no artigo 3º inciso 
VIII. Na sociedade atual essa prática tem se tornado evidente nas unidades 
escolares, podendo ser reconhecida pela participação da comunidade escolar e 
comunidade local na construção do projeto político pedagógico, na participação 
das atividades da instituição e nos conselhos escolares. 
 
Observando a trajetória histórica da educação é possível perceber as 
transformações ocorridas com o passar dos anos. As concepções que 
tínhamos de escola, criança, conhecimento e aprendizagem, foram passando 
por mudanças, transformando-se em novas ideias. Na sociedade 
contemporânea, a educação reconhece a importância da formação de cidadãos 
críticos e participativos, indo em busca de uma democratização social. Para 
que esse processo seja efetivamente consolidado é preciso a participação de 
todos os evolvidos. 
A partir de novos paradigmas da educação, espera-se que o inspetor 
tenha consciência do seu papel, se voltando para além dos anseios políticos 
para a competência, compromisso, dinamismo e equilíbrio para assumir 
juntamente com o novo perfil de gestão o seu novo perfil de inspetor, 
abandonando o autoritarismo e domínio do passado, assumindo uma prática 
respeitosa pautada na participação democrática para que se tenham resultados 
exitosos. 
É importante ainda ressaltar o desempenho das ações do inspetor no 
cotidiano escolar. Juntamente com a direção da escola devem-se acompanhar 
os resultados e participar do processo. É preciso identificar alunos com 
resultados insatisfatórios e buscar estratégias para melhorias, identificar se 
existe evasão escolar e buscar meios para resolução. Dentre outras 
atribuições, este profissional precisa ter consciência que ele participa da 
escola, assim sendo, juntamente com a escola traçam metas se dirigindo ao 
objetivo central que é promover uma educação de qualidade aos alunos e a 
democratização do ensino. Segundo Libâneo (2004, p.217): 
Muitos dirigentes escolares foram alvos de críticas por práticas 
excessivamente burocráticas, conservadoras, autoritárias e 
centralizadoras. Embora aqui e ali continuem existindo profissionais 
com este perfil, hoje estão disseminadas práticas de gestão 
participativa, liderança participativa, atitudes flexíveis e compromissos 
com as necessárias mudanças na educação (LIBÂNEO, 2004, p. 
217). 
Cabe ao inspetor, buscar estratégias para a implementação de uma 
política de democratização da educação, pois ele tem aproximação com as 
comunidades escolares e locais, e é o profissional que estabelece 
 
comunicação direta entre os órgãos da administração superior do sistema 
educacionale os estabelecimentos de ensino. 
Percebe-se que ainda nos dias atuais o processo de implantação da 
democratização no interior das escolas passa por muitos obstáculos. Para se 
falar em democracia é preciso que gestores e inspetores tornem-se 
conscientes do exercício desta prática, promovendo uma gestão 
descentralizada, flexível, respeitosa, aberta a transformação e participação de 
todos agentes educacionais. É imprescindível um objetivo comum, quer seja, 
uma educação de qualidade para todos e uma sociedade justa e igualitária, 
onde o exercício da cidadania se faz presente. Práticas inovadoras surgem 
através de mudanças coletivas. 
 
Considerações Finais 
 
Este estudo apresentou o processo histórico da inspeção escolar, 
apontando suas transformações. Destaca-se sua origem e sua importância no 
desempenho de suas funções para a qualidade da educação. Foi evidenciado 
a atuação do inspetor na atualidade, nos convidando a uma reflexão sobre o 
perfil necessário desse profissional para uma sociedade que privilegia cada dia 
mais a democratização do ensino. Para melhor compreensão sinalizamos a 
proposta de uma gestão democrática e participativa. 
O aporte teórico bibliográfico que privilegiou a história da inspeção 
escolar apresentou o perfil do inspetor em diferentes contextos e períodos, 
permitindo perceber que as mudanças no perfil desse profissional 
acompanharam as mudanças da educação. 
Compreendemos ainda que se teve uma quebra de paradigmas para 
que chegássemos ao contexto atual, consolidando novas práticas. Durante um 
período a inspeção escolar foi marcada por um governo autoritário que visava o 
controle da educação, tendo os inspetores como fiscalizadores. 
Atualmente, no Sistema Educacional Brasileiro, o inspetor tem assumido 
práticas inovadoras, pautadas nas leis que prescreve suas atribuições. Além 
de cuidar das questões administrativas dos estabelecimentos de ensino, ele 
participa com olhar e postura de educador, observando, corrigindo e 
orientando, pois o contexto atual exige uma atuação flexível e democrática. No 
Brasil, a inspeção escolar faz parte do quadro de servidores na área da 
educação, os inspetores são lotados nos órgão regionais de ensino, no 
entanto, parte de sua jornada é exercida em funções nas escolas. Existem 
algumas diferenças de atribuições em alguns estados, mas a sua atuação é 
garantida em vários estados do país, e em muitos outros países como: França, 
Portugal, Chile, Inglaterra, dentre outros. Ainda nos dias atuais são previstas 
visitas rotineiras com elaboração de relatórios que são repassados aos órgãos 
centrais, informando as decisões tomadas e ações desenvolvidas no contexto 
educacional. 
 
A inspeção escolar tem grande importância para o sistema de ensino, 
pois atualmente o inspetor é visto como um agente político com perfil de 
educador. Tendo condições de propor mudanças aos órgãos do sistema 
educacional, observando as necessidades dos estabelecimentos de ensino, 
podendo sugerir desenvolvimento de projetos que atendam às demandas da 
comunidade. Sua atuação deve estar pautada num dinamismo democrático, 
participativo e transformador, tendo em vista a formação de cidadãos críticos e 
participativos, que buscam uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 
Atualmente, no Brasil observamos poucas pesquisas específicas sobre a 
inspeção escolar, normalmente as teses e dissertações são de cunho histórico 
ou abrangem a gestão escolar de um modo geral. Deste modo, para melhoria 
dos serviços prestados à educação, é preciso investir nas pesquisas sobre as 
atribuições desse profissional, sendo de fundamental importância estudos e 
investigações atualizadas que tenham aproximação com o contexto atual da 
sociedade em âmbito nacional. 
 
SAIBA MAIS! 
 
 
 
 
 
Aprofunde seu aprendizado! 
 Assista também ao vídeo: 
Vídeo: Gestão Escolar - Prof. Vitor Henrique Paro 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs 
 
 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 
 
AUGUSTO, Maria Helena O. Gonçalves. A regulação das políticas educacionais em 
Minas Gerais e a obrigação de resultados: o desafio da inspeção escolar. Tese de 
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