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Violência contra a mulher

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
BRUNO CORREIA DE BRITO
ISRAEL RODRIGUES CAETANO 
TÚLIO VAZ ZANONE
INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
GOIÂNIA
2021
BRUNO CORREIA DE BRITO, ISRAEL RODRIGUES CAETANO E 
TÚLIO VAZ ZANONE
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Trabalho da disciplina de Introdução às Ciências Sociais apresentado à professora da disciplina como parte dos requisitos necessários para aprovação.
Goiânia/GO, 10 de novembro de 2021.
INTRODUÇÃO
O ato de escrever sobre situações de violência, especificadamente sobre a violência contra a mulher, requer um envolvimento emocional, afetivo e um compromisso intelectual particular e político, pois a violência é em si uma “força perturbadora”, um “poder inquietante”. Para analisar a violência, há de considerá-la como um fato social e abordar nela três pontos estritamente interdependentes: I) evidenciar as situações de violências; II) tentar analisá-las e explicá-las; III) mostrar as consequências e o perigo que representa.
Temas como o estupro, feminicídio, entre outros, são temas que não é fácil para nenhuma mulher enfrentar e confrontar pela sua indignação. As dificuldades em refletir sobre o tema, pelo sentimento de indignação e frustação emergem dado tal grau de brutalidade e encena a violência contra a mulher no mundo. A indignação pela ação covarde e desumana dos autores de tais violências, gera um sentimento de decepção em relação ao futuro, onde a consistente taxa de morte desse crime tende a ser cada vez mais constante.
Seja no lar ou fora dele, os homens ainda se sentem donos das mulheres. O vergonhoso machismo ainda permanece entranhado no imaginário social, informando os modos de pensar, sentir e agir dos brasileiros e, paradoxalmente, ainda de muitas brasileiras. Os incontáveis crimes de estupro, assassinatos de mulheres e feminicídios praticados cotidianamente, junto a medidas legais e judiciais criadas para tentar contê-los e preveni-los, compõem um modelo perverso e pulsante mapa da violência de gênero no Brasil. Em seus múltiplos traçados, linhas, cores, formas e nuances, eles desenham uma cartografia da dor e da perda.
Sua a persistência não deixa de ser um sinal as lutas feministas de transformação das relações humanas entre homens e mulheres, talvez tenha tido uma ambição desmedida, mas que a luta deve prosseguir, até que futuramente possa-se recolher os frutos dessa colheita. No presente trabalho são tomadas referências analíticas sobre as características da violência contra mulher, os tipos de violência, os dados referentes ao ano de 2018 e 2019 da violência contra as mulheres, além de uma visão de outros lugares do mundo e como suas vivências culturais influenciaram para uma sociedade extremamente conservadora.
I. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Antes de definir os tipos de violência contra a mulher, vale ressaltar que o assunto é muito importante e precisa ser posto em debate. Infelizmente, existe muita disposição do público em geral para levantar questões improcedentes (como a afirmativa “ela pediu para ser estuprada pelas roupas que ela estava usando”) e travar o diálogo.
Nota-se que faltam muitos subsídios, informações e espaços para que o debate corra livremente pelas ruas, escolas, mídia, empresas, poder público, sindicatos, partidos políticos e instituições religiosas. Faltam também o interesse e a confiança da sociedade de que a transformação do cenário violento contra a mulher é possível. Outro problema visível é que muitos estudos sobre o assunto não conseguem sair dos círculos restritos de ONGs, movimentos e entidades feministas principalmente por estarmos inseridos em uma sociedade patriarcal e precisamos romper essas barreiras.
Para isso, é preciso sensibilizar cada mulher e cada homem para que atuem na construção das tão discutidas igualdades, justiça social, cidadania, democracia e autonomia. Portanto, a violência contra a mulher não é uma questão apenas social, mas também política, jurídica, democrática e legal. 
O assunto é de suma importância para o conhecimento público, pois o conhecimento aliado com ações sociais, jurídicas e legais farão com que muitas mulheres que vivem em uma situação de violência procurem fazer denúncia e, por fim, tenham uma vida mais digna a partir da garantia de seus direitos.
Tendo o exposto registrado, voltamos ao tópico principal:
· O que é a violência contra a mulher?
Antes de ir diretamente para a resposta a essa questão, é preciso salientar que as formas de agressão citadas a seguir são complexas, perversas, não ocorrem isoladas umas das outras e têm graves consequências para as mulheres que são vítimas. Qualquer uma delas constitui ato de violação dos direitos humanos e deve ser denunciada o mais rápido possível.
Segundo a Lei Maria da Penha, são previstos cinco tipos de violências contra a mulher:
1. Violência física:
Definida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher.
Exemplos: espancamento, atirar objetos, tortura, estrangulamento, cortes e queimaduras.
2. Violência psicológica:
Definida como qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões
Exemplos: ameaças, constrangimentos, humilhação e isolamento (proibir de estudar, viajar, falar amigos e parentes).
3. Violência moral:
Definida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria contra a mulher.
Exemplos: acusar a mulher de traição, expor vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole e desvalorizar a vítima pelo modo de se vestir.
4. Violência sexual:
Definida como qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força.
Exemplos: forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação e obrigar a mulher a fazer atos sexuais que a causam desconforto ou repulsa.
5. Violência patrimonial:
Definida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Exemplos: estelionato, controlar dinheiro da mulher, deixar de pagar pensão alimentícia, furto, extorsão ou dano patrimonial e privar de bens, valores ou recursos econômicos. 
II. O ATLAS DA VIOLÊNCIA: UMA CARTOGRAFIA DA DOR E DA PERDA
Nessa segunda parte, serão apresentados os dados referentes a violência contra a mulher no Brasil. Esses dados eles formam retirados do Atlas da Violência de 2021 disponibilizado pelo IPEA uma fundação pública vinculada ao Ministério da Economia, que fornece suporte técnico e institucional às ações governamentais, assim ele possibilita a formulação de inúmeras políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros e disponibiliza também, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus técnicos.
Neste Atlas da Violência 2021, o IPEA que é Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) contaram com a parceria do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Como realizado nas últimas edições, buscou-se retratar a violência como um todo no Brasil principalmente a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde do ano de 2019, ou seja, ainda não trata dos casos que ocorreram durante o ano passado, mas ainda assim, mostrará que a cultura da violência de gênero ainda é muito grave no Brasil.
Começando com os dados absolutos de mortes, no ano de 2018, 4.519 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que representa uma taxa de 4,3 homicídios para cada 100 mil habitantes do sexo feminino.Seguindo uma tendência de redução da taxa geral de homicídios no país, a taxa de homicídios contra mulheres teve uma queda de 9,3% entre 2017 e 2018. Já no ano de 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil. Um número abaixo dos 4.519 homicídios femininos registrados em 2018, o que representou uma redução de 17,3% nos números absolutos. A diminuição no número de homicídios de mulheres registrados em 2019 segue a mesma tendência do indicador geral de homicídios (que inclui homens e mulheres), cuja redução do todo foi de 21,5% em comparação com o ano anterior. Estes dados correspondem ao total de mulheres vítimas da violência letal no país em 2019, que inclui tantas circunstâncias em que as mulheres foram vitimadas em decorrência de violência doméstica ou familiar ou quando há menosprezo ou discriminação à condição de mulher, assim também como dinâmicas derivadas da violência urbana, como roubos seguidos de morte e outros conflitos, ou seja, são dados gerais das mortes.
Porém, a notícia aparentemente positiva, leva em consideração números absolutos de redução dessa violência letal que atinge as mulheres, entretanto, é preciso levar em consideração um crescimento expressivo dos registros de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), que tiveram incremento de 35,2% de 2018 para 2019, um total de 16.648 casos no último ano. Um dado triste a se observar é que em 2019, 66% dessas mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras foi de 2,5 a cada 100 mil mulheres não negras, a mesma taxa para as mulheres negras foi de 4,1 a cada 100 mil negras, ou seja, o risco de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 1,7 vezes maior do que o de uma mulher não negra, ou seja, para cada mulher não negra morta, morrem 1,7 mulheres negras.
Nesse viés, abrangendo para as Unidades Federativas (UF), vemos que em 22 das 27 Unidades da Federação, foi observada uma queda nas taxas de homicídios femininos, sendo que as maiores reduções ocorreram no Ceará (-53,8%), no Rio de Janeiro (-43,1%) e em Roraima (-38,7%). Esses três estados também foram os que apresentaram maior redução no total de homicídios registrados entre 2018 e 2019. No entanto, Ceará e Rio de Janeiro estão entre os cinco estados com os maiores aumentos do número de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI). Já os cinco estados que apresentaram aumento nas taxas de homicídios de mulheres no mesmo período foram Alagoas (33,6%), Sergipe (31,2%), Amapá (24,3%), Santa Catarina (23,7%) e Rondônia (1,4%).
Entretanto, se analisarmos a variação nas taxas de homicídios de mulheres de 2009 a 2019 tem-se um cenário um pouco diferente. O Brasil, apesar de ter apresentado uma redução de 18,4% nas mortes de mulheres entre 2009 e 2019, em 14 das 27 Unidade Federativas a violência letal contra mulheres aumentou. Neste período, os aumentos mais aumentos foram registrados nos estados do Acre (69,5%), do Rio Grande do Norte (54,9%), do Ceará (51,5%) e do Amazonas (51,4%), enquanto as maiores reduções aconteceram no Espírito Santo (-59,4%), em São Paulo (-42,9%), no Paraná (-41,7%) e no Distrito Federal (-41,7%). 
Um outro adendo a se observar, foram os estados que apresentaram maior risco relativo de vitimização letal de mulheres negras foram Rio Grande do Norte (5,2), Amapá (4,6) e Sergipe (4,4), onde os percentuais de mulheres negras vítimas de homicídios em relação ao total de assassinatos de mulheres foram de 88%, 89% e 94%, respectivamente. Um fato que também chama a atenção é que, no estado de Alagoas, todas as vítimas de homicídios femininos em 2019, sem contar uma das vítimas sem identificação de cor/raça, eram negras.
Observando um lado mais sombrio da violência contra a mulher, temos o feminicídio. No Brasil, a natureza “feminicídio” foi incorporada ao Código Penal como uma qualificadora do crime de homicídio em 2015. Ou seja, a definição dada pela Lei Nº 13.104/2015 considera o feminicídio um tipo específico de homicídio doloso, cuja motivação está relacionada aos contextos de violência doméstica ou ao desprezo pelo sexo feminino. Em 2019, foram registrados 1.246 homicídios de mulheres nas residências, o que representa 33% do total de mortes violentas de mulheres registradas. Este percentual é próximo da proporção de feminicídios em relação ao total de homicídios femininos registrados pelas Polícias Civis no mesmo ano. Segundo o “Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020”, 35,5% das mulheres que sofreram homicídios dolosos em 2019 foram vítimas de feminicídios (FBSP, 2020).
Contudo, nesse mesmo Anuário, aponta que entre 2018 e 2019, a taxa de feminicídios por 100 mil mulheres cresceu 7,1%; enquanto o Atlas da Violência indica que a taxa de homicídios femininos dentro das residências diminuiu 10,2% no mesmo período. Esta divergência contribui para corroborar a hipótese da subnotificação dos homicídios registrados pelo sistema de saúde em 2019 relacionado ao incremento das Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI). A análise desses últimos onze anos indica que, enquanto os homicídios de mulheres nas residências cresceram 10,6% entre 2009 e 2019, os assassinatos fora das residências apresentaram redução de 20,6% no mesmo período, indicando um provável crescimento da violência doméstica.
Sendo assim, tem-se bastante preocupação em relação as mudanças recentes na legislação de controle de armas, como os mais de 30 decretos e atos normativos presidenciais publicados desde janeiro de 2019. Essas diretrizes que visam flexibilizar as regras para a posse de armas, a ampliação do limite de compras de arma para cidadãos e categorias profissionais, o aumento da quantidade de recargas de cartucho de calibre restrito, a possibilidade de produção de munição caseira, dentre outras mudanças, o número de licenças e de armas de fogo vem crescendo significativamente, algo que pode agravar o cenário de violência doméstica dado que pode disponibilizar instrumentos ainda mais letais aos agressores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
STEVENS, C.; OLIVEIRA, S.; ZANELLO, V.; SILVA, E.; PORTELA, C. Mulheres e Violências: Interseccionalidades. Technopolitik, Brasília, DF, 2017.
CERQUEIRA, D.; BUENO, S. Atlas da Violência 2020. FBSP, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. São Paulo, SP, 2020.
CERQUEIRA, D.; FERREIRA, H.; BUENO, S. Atlas da Violência 2021. FBSP, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. São Paulo, SP, 2021.
IMP - Instituto Maria da Penha. Tipos de Violência. 2018. Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia Acesso em: 10 nov. 2021.
TELES, M. A. A.; MELO, M. O Que é Violência Contra a Mulher. São Paulo: Brasiliense, 2003. 120 p. (Coleção Primeiros Passos).

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