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UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL ISABELLE CRISTINA GARCIA LAMARÃO MARIA DE LOURDES SALES CORREA ROSANGELA LIMA MEDEIROS SIMONE DO SOCORRO GUIMARAES DO NASCIMENTO WALENA LUCIA SILVA SILVA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E SUAS CONSEQUÊNCIAS PSICOLOGICAS BELÉM – PAR 2020 SABELLE CRISTINA GARCIA LAMARÃO MARIA DE LOURDES SALES CORREA ROSANGELA LIMA MEDEIROS SIMONE DO SOCORRO GUIMARAES DO NASCIMENTO WALENA LUCIA SILVA SILVA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E SUAS CONSEQUÊNCIAS PSICOLOGICAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Serviço Social da Universidade Paulista – Campus Belém. Orientador: Liliane Malcher BELÉM – PARÁ 2020 ISABELLE CRISTINA GARCIA LAMARÃO MARIA DE LOURDES SALES CORREA ROSANGELA LIMA MEDEIROS SIMONE DO SOCORRO GUIMARAES DO NASCIMENTO WALENA LUCIA SILVA SILVA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER E SUAS CONSEQUÊNCIAS PSICOLOGICAS FOLHA DE APROVAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso foi orientado e aprovado para obtenção de grau de Bacharel, no Curso de Serviço Social, da Universidade Paulista. Belém, / / 2020. _________________________________________ LILIANE MALCHER Orientadora Professora Especialista AGRADECIMENTOS Agradecemos a instituição de ensino e a todos os professores que nos ajudaram nesta longa jornada, os nossos sinceros agradecimentos: Eu, ISABELLE CRISTINA GARCIA LAMARÃO, agradeço primeiramente a Deus pela conquista e pela sua presença em minha vida me iluminando e me abençoando. Agradeço, a minha mãe Jacirene Garcia, pelo incentivo e amor incondicional, e a minha avó Inês Garcia, por todo carinho. Agradeço aos meus amigos, pela disposição em me auxiliar, e a toda minha família que sempre esteve ao meu lado nessa caminhada. Obrigado a todos. Eu, MARIA DE LOURDES SALES CORREA, Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado todo o entendimento que precisei para concluir este curso, agradeço aos meus pais: Maria de Lourdes Sales Correa, Sebastião de Jesus Correa (in memoriam), agradeço aos meus filhos: Carlos Luiz Primo de Aviz, Carla Viviane Correa de Aviz, Katielly Sabrina Sales Correa, Keven William Sales Correa, por acreditarem em mim e sempre estiveram ao meu lado torcendo para que este grande sonho fosse realizado. Aos meus netos: Jhennyfer Kailany Correa da Silva, Luana Gabriela de Aviz Neves, Luan Junior de Aviz Neves, Eu, ROSANGELA LIMA MEDEIRO, agradeço imensamente a Deus por estar presente em todos os momentos de minha vida, principalmente nesse processo de formação acadêmica, concedendo-me a graça do discernimento para superar as dificuldades que passaram no meu caminho, superando cada obstáculo. Agradeço a minha mãe Joana Fernandes Bastos que me apoiou a seguir em frente, sendo minha fortaleza, meu porto seguro em todos os momentos da minha vida. Pelo seu amor, sempre preocupada com a correria que se tornou minha vida durante esse processo, agradeço a todos os mestres e professores que fizeram parte da minha formação, obrigada pelos ensinamentos. Eu, SIMONE GUIMARAES DO NASCIMENTO, quero agradecer primeiramente a Deus por todas as bênçãos concedidas, por ter me dado forças e coragem para vencer todas as barreiras que surgiram nesta caminhada. Agradeço aos meus familiares por todo o apoio e incentivo aos estudos, e que muito contribuíram para o meu amadurecimento e aprendizado. Agradeço a minha mãe Naide Guimaraes do Nascimento pelo esforço em me formar e por dar-me o melhor. Sei que nesses anos não foram nada fáceis, me faltam palavras para expressar e agradecer por tudo. Amo vocês. Agradeço a todos os meus professores da Instituição que ao longo desses três anos, compartilharam seus conhecimentos e contribuíram na realização deste trabalho. Eu, WALENA LUCIA SILVA SILVA, Agradeço primeiramente a Deus por esta conquista, pela força que me proporcionou ao caminhar nessa estrada cheia de desafios e barreiras. Agradeço a pessoa que mais me apoiou nessa jornada, minha mãe Helena Lucia Silva Silva que é a base de tudo. Agradeço aos meus filhos: Patrícia Helena, Carlos Miguel e Waléria que acreditaram em mim, ao Adriano Xavier pela força e ao meu esposo Waldir Wanderley pela força e incentivo. Enfim, agradecemos a todos que contribuíram para a realização e conclusão deste trabalho: famílias, amigos e profissionais que fizeram parte da nossa historia e que de alguma forma torceram por nós. “A culpa da violência contra a mulher é da sociedade machista em que vivemos e da falta de leis mais severas para esses tipos de crime. Mas não podemos deixar de citar os comportamentos inadequados de ambos os sexos que incitam essa prática de crime. Essas condutas inadequadas são frutos da ausência de uma boa formação familiar, educacional e social.” Herbert Alexandre Galdino Pereira RESUMO Esse trabalho propõe-se a expor e analisar a incidência da violência domestica, colocando o foco no agir profissional do Assistente Social. Estudos realizados sobre a Lei Maria da Penha e suas inovações, complementado por uma posterior problematização acerca da centralidade da tutela penal no enfrentamento da grave problemática da violência contra a mulher no país. E por intermédio desta pesquisa, foi possível perceber que com o advento da Lei 11.340/06 houve um aumento considerável das denuncias. Entretanto, a incidência desse tipo de violência sofreu poucas alterações, ainda não se mostrou suficiente para diminuir os índices de violência que sofrem muitas mulheres no Brasil, no entanto, evidencia-se que a grande maioria das mulheres encontram receios no que refere à punição daqueles que as agrediram. A violência domestica é um problema global e muito antigo. Ao longo de séculos, o mundo, dominado pela cultura patriarcal, assistiu aos mais diversos abusos praticados contra o sexo feminino. Aspectos culturais, fatores educacionais, dentre outros, sempre serviram para “justificar” ou mesmo explicar esse tipo de violência, em especial, nas relações maritais, onde o homem sempre via a esposa como uma propriedade. Palavras Chaves: Violência domestica, e a Lei Maria da Penha nº 11.340/2006. ABSTRACT This work aims to expose and analyze the incidence of physical of domestic violence, placing the focus on the professional act of the social worker. Studies on the Maria da Penha Law and its innovations, complemented by further questioning about the centrality of penal law in combating the serious problem of violence against women in the country. And through this research, it was possible one realize that with the enactment of Law 11,340 / 06 there was a significant increase in complaints. However, the incidence of this type of violence has changed little, still was not enough to reduce the levels of violence afflicting many women in Brazil, however, it is clear that the vast majority of women are fears in regard to the punishment of those the beat. Violence of domestic is a global problem and very old. For centuries, the world dominated by patriarchal culture, attended the various abuses against women. Cultural, educational factors, among others, have always served to "justify" or even explain this kind of violence, especially in marital relationships where the man always saw his wife as a property. Key words: Violence domestic and Maria da Penha Law No. 11,340/ 2006. SUMARIO1 INTRODUÇÃO 01 2 CAPITULO I – VIOLENCIA DOMESTICA 02 2.1 PROBLEMATIZAÇÃO 03 2.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECIFICOS 03 2.3 CONCEITOS DE VIOLENCIA 2.4 IPOS COMUNS DE VIOLENCIA 04 05 3 CAPITULO II – JUSTIFICATIVA 3.1 A QUEM PROCURAR EM CASO DE VIOLENCIA 07 09 3.2 PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO 12 3.3 VIOLENCIA CONTRA A MULHER 12 3.4 FORMAS DE MANIFESTAÇÕES DE VIOLÊNCIA 14 3.5 PERFIS DO AGRESSOR DOS DELITOS DOMESTICOS 3.6 PERFIS DA VITIMA DE VIOLENCIA FAMILIAR 3.7 E QUANDO O HOMEM É A VITIMA 15 16 17 4 CAPÍTULO III – LEI “MARIA DA PENHA” 18 4.1 LEI 11.340/2006 - MARIA DA PENHA 18 4.2 ORIGENS DA LEI 11.340/2006 18 4.3 DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS MULHERES 4.4 DIGNIDAE DA PESSOA HUMANA E VIOLENCIA 4.5 ATUAÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NA QUESTÃO DA VIOLENCIA. 5 CONCLUSÃO 6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 20 21 22 24 26 1 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho consiste em analisar a intervenção do Serviço Social frente às mulheres vítimas de violência doméstica que são atendidas em unidades de saúde, hospitais e emergências, o Assistente Social é de suma importância no acolhimento e orientações das vitimas. Atender mulheres que sofrem violência é zelar pelos Direitos Humanos e valorizar no espaço da Saúde a realização desses Direitos. A violência doméstica é a forma mais frequente de violência sofrida pelas mulheres, ao contrário dos homens cuja principal forma é aquela cometida por conhecidos ou estranhos em espaços públicos. As mulheres são também as principais usuárias de serviços de saúde, especialmente de atenção primária e emergenciais. Apesar dos altos índices, identificar a violência pode não ser uma tarefa tão fácil. Quando uma mulher que esta sofrendo violência procura os serviços de saúde, dificilmente revelam espontaneamente a situação que estão passando e mesmo quando questionadas preferem não relatar os fatos. Sabe-se que a violência doméstica se expressa de várias formas na vida social, e afeta mulheres de todas as idades, etnias e classes sociais. Ocorrem principalmente no espaço doméstico, e são efetivadas por pessoas com quem as vítimas mantêm relações afetivas e estão profundamente inseridas nos hábitos, costumes, comportamentos socioculturais, papéis e funções de gêneros imaginadas como naturais. De acordo com a Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006 - Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher se configura como qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. Incluem-se a agressão física, sexual, psicológica e econômica. 2 As mulheres devem procurar em primeiro lugar um centro de referencia de atendimento ou uma delegacia especializada no atendimento a vitima, obter as informações que precise, principalmente se a vitima estiver sob ameaças ou sofrendo violência física. Buscar orientações para entender melhor a situação pela qual esta passando, e obter informações da Lei Maria da Penha. Desta forma, o profissional de Serviço Social, nas questões relacionadas à violência domestica, possui um papel relevante, oferecendo serviços de escuta qualificada, realizando o acolhimento da vítima a partir da identificação da situação problema, realização de trabalhos em grupos participação de debates e relatórios. O projeto de pesquisa e extensão apresenta como objetivo geral conhecer as principais causas da violência contra a mulher na grande Belém e dar visibilidade pública para esta questão, e como objetivos específicos: mapear órgãos públicos estaduais e municipais que possuem políticas e programas direcionados ao atendimento de mulheres vítimas de violência; subsidiar o projeto de construção da Casa de Apoio, o abrigo, para que mulheres e seus filhos, vítimas de violência sejam acolhidos; Elaborar vídeos educativos, como um documentário, sobre a questão da violência, com a finalidade de ser discutido em grupos de mulheres como forma de prevenção e conscientização em relação aos seus direitos; programar e executar as políticas públicas voltadas para as mulheres que sofrem violência. 2. CAPITULO I – VIOLÊNCIAS DOMÉSTICAS - PROBLEMATIZAÇÃO Problematização: 3.1 O ato da violência é praticado por agressores que possuem um relacionamento amoroso com a vítima e entre suas características associadas estão à presença do o uso de álcool ou drogas e um período de ocorrência grande até a realização da denúncia. Como fazer uma denúncia contra alguém que faz parte do seu convívio familiar? A violência é considerada um dos maiores problemas na sociedade brasileira, dentre elas a mais destacada é a violência domestica que ocorre no seio familiar, local onde poderíamos nos sentir protegidos pelos familiares e, atingem 3 principalmente crianças, adolescentes, mulheres e idosos e a maioria dos agressores é um membro da família. Um dos grandes fatores que favorece a violência física é o espancamento. A personalidade desestruturada para um convívio particular do agressor que não sabe lidar com pequenas frustrações em que essa relação provoca no decorrer do cotidiano. A pesquisa pretende mostrar que estudar esses diferentes tipos de violência doméstica é procurará responder a estas questões: Quais as causas mais frequentes de violência doméstica? Que falhas podem ser observadas na legislação que trata dos diferentes tipos de violência doméstica? Quais os principais obstáculos encontrados na aplicação das penas cabíveis? Como os tribunais têm solucionado os casos de violência doméstica? Objetivos 3.2 Objetivos Gerais: Identificar as principais formas de violência contra a mulher dentro do casamento ou relação estável e suas consequências, a aplicação da Lei Maria da Penha e a atuação do Assistente Social. Objetivos Específicos: Identificar os tipos de violência doméstica contra as mulheres; Investigar as consequências desta violência; Conhecer os benefícios da lei Maria da Penha; Identificar a atuação do assistente social nas relações familiares. Analisar a intervenção do Assistente Social, quanto à garantia dos direitos de adolescentes grávidas, como acesso aos programas e benefícios socioassistenciais. Analisar as diferentes formas de violência doméstica e suas consequências trazidas para a sociedade. 4 Discutir a legislação pertinente e os obstáculos a sua aplicação. Analisar casos julgados pelos tribunais brasileiros envolvendo violência doméstica. Pretende-se, ainda, a coleta de dados estatísticos atualizados em sites oficiais e a realização de pesquisas de campo para ouvir relatos de pessoas vítimas de violências, bem como de seus familiares. Justificativa: 3.3 Esta pesquisa justifica-se em razão de conhecer mais sobre o tema e sobre a lei Maria da Penha, para que através do conhecimento, possa haver melhorias no combate a violência doméstica contra a mulher, com o intuito de contribuir para o debate acerca das formas de erradicação do fenômeno social, cultural e histórico que é a violência doméstica e familiar contra a mulher. A violência doméstica contra as mulheres muitas vezes é tida como usual, banal, e que não precisa de nenhuma providência, exceto, em casos de grande gravidade e risco de vida. Portanto, a agressão por parceiro íntimo é sempre percebida, por quem a sofre, como situação indesejável, que não deveria ocorrer. Entretanto, diversas razões dificultam a saída da situação e o pedido de apoio, algumas relacionadas à dinâmica própria do ciclo da violência, outras relacionadas ao estigma associado à condição de vítima de violências, além da importância do casamento e do cuidado dos filhos como projeto de vida para as mulheres. A violência doméstica atinge um grande número de pessoas emnossa sociedade, não só mulheres, como também crianças, adolescentes e idosas e até mesmo homens, de forma silenciosa. Sua importância também é relevante porque não obedecem a nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural, e pelo fato de imputar às vítimas um sofrimento indescritível. Outro fato que torna a pesquisa importante é que as agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre cinco e dezenove anos e a maior parte dessas agressões é proveniente do ambiente doméstico. 5 No Brasil, segundo a UNICEF, cerca de 1800 crianças e adolescentes são espancados diariamente, conforme dados do ano de 1997. No Brasil existem leis que protegem a mulher, a criança e o adolescente, e o idoso, porém a violência doméstica continua de forma intensa, o que leva à necessidade de um número maior de pesquisas que estude a questão na busca de soluções. 3. CAPITULO II – VIOLENCIA NO BRASIL Conceitos de Violência: Muitos são os conceitos de violência: o uso da força 3.1 física, que causam danos físicos, emocionais ou psicológicos no agredido. Sendo a violência um modo de defesa do ser humano, ou seja, comportamentos passados de geração em geração que norteiam as nossas atitudes. A cada ano que passa, a violência reduz a vida de milhares de mulheres em todo o mundo e com isso, prejudica a vida de muitas outras. Ela não tem noção de fronteiras geográficas, raça, idade ou renda, atingindo além de mulheres: crianças, jovens e idosos. [...] cada feminista enfatiza determinado aspecto de gênero, havendo um campo, ainda que limitado, de consenso: o gênero é a construção social do masculino e do feminino. (SAFFIOTI, 2004, p.45). A violência seria a causa das questões sociais, objeto de estudo do Assistente Social, o problema não é visto como uma doença, mas sim como um problema social, agravado pelo desenvolvimento e transformações do mundo, sendo que a violência contribui muito para a falta de qualidade de vida das pessoas. Desta forma conclui-se que no Brasil há diversas formas de violência, como exemplo: Violência urbana que é praticada pela discriminação contra as minorias que são os negros, os índios, os idosos, as mulheres, crianças, etc.; A violência social em decorrência dos altos índices de desigualdades sociais e pobreza, violência doméstica, e entre outras. 6 Não há um dado concreto ou uma única explicação sobre o crescimento da violência no Brasil. Pode-se dizer que, certamente encontram-se associados à lógica da pobreza e das desigualdades socioeconômicas. É fato que pobreza e desigualdades não justificam, isoladamente, o acréscimo da violência. Um exemplo disto é a sociedade hindu, que é pobre e profundamente hierarquizada, mas não produzem as mesmas manifestações de violência existentes no Brasil. Tipos comuns de Violência: 3.2 Após a descrição das várias classificações contidas em tratados internacionais e pelas doutrinas brasileiras e estrangeiras no que diz respeito aos tipos de violência contra mulheres, conclui-se que a violência: Física consiste em atos de cometimento físico sobre o corpo da mulher, podendo ser através de tapas, chutes, socos, queimaduras, mordeduras, punhaladas, estrangulamentos, mutilação genital, tortura, assassinato, ou seja, qualquer conduta que ofenda a integridade física ou saúde corporal da mulher; Psicológica é a ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaças direta ou indireta, ou seja, é a violência entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocionais e diminuição da autoestima; Sexual se identifica como qualquer atividade sexual não consentida, incluindo também o assédio sexual, ou seja, é qualquer conduta que constranja a mulher a manter atos libidinosos não desejados, mediante intimidação. Moral consiste no assédio moral sendo considerada qualquer conduta que configure injúrias, calúnias ou difamação. No artigo 7º da Lei nº 11.340 tipifica como violência psicológica, o seja, qualquer conduta que cause dano emocional ou prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação da mulher; prejuízo ou perturbação ao seu pleno desenvolvimento; que tenha o objetivo de degradá-la ou controlar suas ações, comportamentos e crenças. Intrafamiliar é aquela que ocorre nos lares, em que o homem ou a mulher é o chefe da casa, e sabe o que é melhor para todos, que uma 7 criança deve ser castigada para ter um bom comportamento, que a mulher seria submissa a ele. Autoprovocada compreende ideação suicida, autoagressões, tentativas de suicídio e suicídios, crescente entre jovens e idosos, devido a vários fatores como o uso de drogas, exclusão social, o seja, falta de oportunidades. Cultural é aquela usada contra os costumes e crença de determinados grupos, abrangendo a violência de gênero que seria violência praticada na relação entre homens e mulheres como o machismo, evidentes na forma de expressões da violência como os assassinatos, estupros, abusos: físicos e sexuais, emocionais, prostituição forçada, mutilação genital, racial e outras. Urbana é aquela cometida nas cidades, seja em razão da prática de crimes eventuais, pelo crime organizado. É um problema que aflige vários países mundo afora. Social é evidente em nosso país no que se refere ao negro, ocasionando o modelo escravista implantado no país durante a sua colonização. Institucional é a praticada nas instituições, através de regras, produzindo relações injustas, sendo a saúde, segurança e serviços públicos os principais exemplos dessa negligencia institucional. Interpessoal agrada através de conflitos nas relações sociais, as pessoas não conseguem resolver suas divergências através de um diálogo, levando a ultima instancia suas diferenças. Este tipo de violência pode ser físico ou psicológico, ocorrer tanto no espaço público como no privado. São vítimas crianças, jovens, adultos e idosos. Coletiva recebe uma grande atenção pública, pois, há conflitos violentos entre nações e grupos, terrorismo de Estado ou de grupos, estupro, como arma de guerra, guerras de gangues, em que ocorre em toda a parte do mundo. Patrimonial é aquela praticada contra o patrimônio da mulher, sendo muito comum nos casos de violência doméstica e familiar (danos), ou 8 seja, é a conduta que configura retenção, subtração, destruição dos bens da vítima; Doméstica e familiar é a ação ou omissão que ocorre no espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas. É aquela praticada por membros de uma mesma família. No estado do Pará, por exemplo, houve um aumento de 20% nos registros de violência doméstica atendidos pela Polícia Militar no primeiro fim de semana de isolamento devido ao Convide 19. No Rio de Janeiro, a incidência foi ainda maior com números de 50% dos casos. Em Santana no estado de Macapá, o aumento foi mais assustador ainda. De 904 crimes contra a mulher em 2018, para 1.107 no ano de 2019. Casos que inicialmente foram atendidos após denuncias aos 190. O Brasil tem um índice de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, é o quinto maior do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A maioria dos crimes é cometida dentro de casa, por pessoas com algum grau de parentesco ou próximos às vítimas, sobretudo parceiros ou ex-parceiros. De um modo geral, de cada 10 vítimas de violência doméstica, oito são mulheres, e a maioria das vitimas são donas de casa entre a faixa etária de 20 e 39 anos com baixo nível educacional e socioeconômico. Os pesquisadores justificaram que, juntos a baixa escolaridade e condição socioeconômica precária podem contribuir para que as vítimas sejam dependentes financeiramente de seus parceiros e tambémseus agressores elas se tornam menos dispostas a denunciá-los. Alguns estudos foram observados que, mulheres com empregos remunerados têm mais chances de ser financeiramente independentes e menos tolerantes a comportamentos agressivos, possivelmente porque também são mais informadas sobre seus direitos. No entanto, a interpretação dos números apresentados nesse trabalho deve levar em conta que eles se referem ao universo dos incidentes de violência 9 domésticos oficialmente notificados. Estudos recentes indicam que a maioria dos incidentes dessa natureza não é oficialmente notificada, sendo o grau de subnotificação maior que a média entre as mulheres com nível de escolaridade superior, presumivelmente com nível socioeconômico também superior. Mais da metade das mulheres vítimas de abusos e agressões não denunciam seus parceiros, possivelmente porque são desencorajadas ou mal atendidas nas delegacias e serviços públicos de saúde. A conclusão consta da segunda edição do relatório Visível e invisível: A vitimização de mulheres no Brasil, divulgado em fevereiro pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Datafolha. Foram entrevistadas mais de 1.092 mulheres a partir de 16 anos de idade em 103 municípios de todas as regiões do Brasil. A amostra foi nacionalmente representativo com um índice de aproximadamente 16 milhões de mulheres, de todas as classes sociais, que sofreram algum tipo de violência no Brasil, em 2018, um número equivalente a 1.830 casos foram registrados a cada hora. Segundo os coordenadores do trabalho, os dados apresentados evidenciam os desafios e sinalizam a necessidade de adoção de estratégias orientadas à prevenção da violência contra as mulheres, que tem no Feminicídio seu ápice, mas compreende uma gama muito vasta de ações, como ameaças, torturas psicológicas, agressões verbais e violências física e sexual. As mulheres vítimas de violência doméstica podem realizar denúncia por telefone e meio virtual disponibilizado pela Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel). De acordo com a ONU Mulheres a violência física e sexual contra mulheres tem aumentado durante o período de isolamento social provocado pela corona vírus. Em Belém o foco não é apenas a violência física, mas outros tipos também. Neste espaço, a mulher é acolhida. Evitados que aconteçam a vitimização da mulher que, em outras situações vai a diferentes lugares e acaba por ficar constrangida, envergonhada, tendo que expor sua história em cada um deles. Por 10 isso, evitamos a peregrinação em diversas instituições de uma mulher que está fragilizada. No Pro Paz Integrado em Belém-Pa, mulheres encontram todo o apoio multidisciplinar de profissionais da área da assistência social para falar diretamente com elas. Na avaliação de alguns estudiosos, esse crescimento também guardaria relação com a entrada em vigor da Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006 com o objetivo de prevenir, conter, punir e erradicar todo e qualquer tipo de violência contra a mulher. Com isso, cada vez mais vítimas têm rompido o silêncio sobre abusos, contribuindo para que novos casos venham à tona. A quem procurar em caso de violência: 3.3 3.1.1 Centro de especialização de atendimento a mulher: Os Centros de Referência são espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência, que devem proporcionar o atendimento e o acolhimento necessários à superação de situação de violência, contribuindo para o fortalecimento da mulher e o resgate de sua cidadania. 3.1.2 Casas e abrigos: As Casas-Abrigo são locais seguros que oferecem moradia protegida e atendimento integral a mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica. É um serviço de caráter sigiloso e temporário, no qual as usuárias permanecem por um período determinado, durante o qual deverão reunir condições necessárias para retomar o curso de suas Vidas. 3.1.3 Casas de acolhimento provisório: Constituem serviços de abrigamento temporário de curta duração de até 15 dias, não sigilosos, para mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de seus filhos, que não correm risco iminente de morte. Vale destacar que as Casas de Acolhimento Provisório não se restringem ao atendimento de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, acolhendo também mulheres que sofrem outros tipos de violência, em especial vítimas do tráfico de mulheres. O abrigamento provisório garante a integridade física e emocional das mulheres, bem como realizar diagnóstico da situação da mulher para encaminhamentos necessários. 11 3.1.4 Delegacias especializadas de atendimento a mulher (DEAM’s): São unidades especializadas da Polícia Civil para atendimento às mulheres em situação de violência. O DEAM’s tem caráter preventivo e repressivo, realiza ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal. As DEAM’s passam a desempenhar novas funções que incluem, por exemplo, a expedição de medidas protetivas de urgência ao juiz no prazo máximo de 48 horas. 3.1.5 Núcleos ou postos de atendimento a mulher – Delegacias comuns: Constituem espaços de atendimento à mulher em situação de violência (que em geral, contam com equipe própria) nas delegacias comuns. 3.1.6 Defensoria publica especializada: As Defensorias da Mulher têm a finalidade de dar assistência jurídica, orientar e encaminhar as mulheres em situação de violência. É um órgão do Estado, responsável pela defesa das cidadãs que não possuem condições econômicas como um exemplo: de ter advogado contratado por seus próprios meios. Possibilitam a ampliação do acesso à Justiça, bem como, a garantia às mulheres de orientação jurídica adequada e de acompanhamento de seus processos. 3.1.7 Juizados especializados de violência domestica e familiar contra a mulher: Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal que poderão ser criados pela União (no Distrito Federal e nos Territórios) e pelos Estados para o processo, julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Segundo a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar a ser integrada por profissionais especializados nas áreas assistenciais, psicossocial, jurídica e da saúde. 3.1.8 Promotorias, e promotorias especializadas: A Promotoria Especializada do Ministério Público promove a ação penal nos crimes de violência contra as mulheres. Atua também na fiscalização dos serviços da rede de atendimento. 3.1.9 Casa da Mulher brasileira: A Casa da Mulher Brasileira integra no mesmo espaço, serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres: acolhimento e triagem; apoio psicossocial; delegacia; Juizado; Ministério Público, Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica. 12 3.1.10 Serviço de saúde geral e serviços voltados para o atendimento dos casos de violência sexual e domestica: A área da saúde, por meio da Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, tem prestado assistência médica, de enfermagem, psicológica e social às mulheres vítimas de violência sexual, inclusive quanto à interrupção da gravidez prevista em lei nos casos de estupro. PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO 3.4 Assim como em qualquer outro País ou sociedade, foram praticadas diversas modalidades de violência no Brasil. Fato é que, as várias culturas e sociedades não definiram e não definem a violência da mesma maneira, mas ao contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundos os tempos e os lugares. O segundo alvo da violência colonizadora foi a população negra. Sabe-se que, entreos séculos XV e meados do século XIX, aproximadamente 30 milhões de negros foram violentamente retirados de seu continente de origem, traficados, mortos e transformados em escravos. O preconceito e discriminação estão bem claros nas indicações sócios econômicos que indicam que as mulheres, principalmente as negras são discriminadas no mercado de trabalho quando não conseguem empregos ou ocupam cargos secundários, apesar de serem bem qualificadas e instruídas ou ainda quando percebem salários inferiores quando ocupam os mesmos cargos que os homens e mulheres brancas. VIOLENCIA CONTRA A MULHER 3.5 Como foi abordado anteriormente, que a violência contra a mulher não é nenhuma novidade diante da atual sociedade, desde os tempos mais remotos a violência já se fazia presente, não só no Brasil como também nos demais países. A igreja evidentemente teve uma grande influência na ideia de submissão da mulher ao homem. Na Bíblia Sagrada, em seu primeiro livro chamado “Gênesis”, a mulher é construída a partir de uma costela do homem, vindo depois da existência 13 deste, para fazer-lhe companhia. No mesmo livro bíblico, o primeiro pecado do mundo é provocado pelo desejo feminino e pela desobediência de Eva ao oferecer do fruto proibido a Adão. Antigamente, as mulheres eram tratadas como propriedade dos homens, perdendo assim, a autonomia, a liberdade e até mesmo a disposição sobre seu próprio corpo. Há registros na história de venda e troca de mulheres, como se fossem mercadorias. Eram escravizadas e levadas à prostituição pelos seus senhores e maridos. Até a década de 1980, no Brasil e em outros países do mundo, o estudo sobre a violência contra a mulher teve como paradigma predominante o fato de tratar-se de um problema privado, em que as ações do Estado se limitavam à sua capacidade de intervenção. Este conceito abrange as mais variadas agressões de forma física, sexual e psicológica, com os mais variados agentes perpetradores, incluindo os de relacionamento íntimo e familiar, pessoas da comunidade em geral, e aqueles exercidos e tolerados pelo Estado. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA VIOLENCIA. 3.6 As formas de manifestação da violência contra a mulher estão expressas na Lei 11.340 de 07/08/2006, a qual é fruto da ratificação pelo Brasil da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a Violência contra a mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará, em novembro de 1995. A lei ampliou as formas de manifestação da violência doméstica e familiar contra a mulher, além das mais conhecidas e praticadas que são a violência física, psíquica, moral, sexual e patrimonial. A sociedade é preconceituosa. Dentre muitos preconceitos, está o preconceito contra a mulher enraizado culturalmente na ideologia patriarcal que situa as mulheres em desigualdade aos homens. Uma das consequências destas relações hierárquicas entre os gêneros pode ser a violência moral ou, física. Eis que 14 temos um ditado popular de muito mau gosto “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. As mulheres que decidem romper um relacionamento violento também estão rompendo com uma série de sonhos e expectativas em relação ao casamento e à família. Há perdas e ganhos frente a esta decisão, que não devem ser ignorados pelos profissionais de saúde. Reconhecê-las, implica poder trabalhá-las e, assim, fortalecer a mulher no redirecionamento e estabelecimento de novos projetos de vida. As razões de algumas mulheres permanecerem em uma relação conjugal violenta estão ligadas a questões referentes: principalmente à dependência financeira, na esperança de que o companheiro mude de comportamento, ou ao medo provocado por ameaças de morte, ou, ainda, em função dos filhos, frutos do relacionamento. Cabe ressaltar que o fator da dependência financeira, em grande parte dos casos, é alegado para justificar a permanência nesse tipo de relacionamento. Por diversas vezes, estão intimamente relacionada à presença de filhos, associados à impossibilidade de criá-los sem o auxílio do companheiro. Algumas sequelas podem repercutir na vida das vítimas, não imediatamente após a violência sofrida, podendo ¹protrair indeterminadamente no tempo, a exemplo de dores de cabeça constantes, aumento da pressão arterial e dificuldades para dormir. O impacto desta realidade afetou desde a percepção da mulher sobre si mesma, refletindo nos sentimentos de insegurança e impotência, até suas relações com o meio social, ficaram fragilizada em decorrência da situação de isolamento, expressas pela falta de apoio das pessoas às quais recorreram. Muitas delas ficaram num estado de depressão, tristeza, ansiedade, medo, esses foram os mais destacados como consequências psicológicas deste tipo de violência. A partir de 1980 começaram a repercutir no setor público do Brasil os movimentos das feministas que saíram às ruas em busca dos seus direitos, por uma vida digna sem violência, busca pelas desigualdades de gênero, que as permitissem assumir o seu papel de cidadãs com direito a participação econômica, cultural e 15 política em igualdade aos homens, conseguiram o reconhecimento da violência contra a mulher como crime nas relações sociais da contemporaneidade. PERFIS DO AGRESSOR DOS DELITOS DOMESTICOS 3.7 O agressor pode ser qualquer tipo de homem, desde o mais sério e culto ao menos favorecido. Porém, em maioria absoluta, os que mais violentam as mulheres são os mais cultos em que, aparentemente, é um homem acima de qualquer suspeita. Aparenta ser um cavalheiro, de reputação idônea, tanto no seu ambiente social e de trabalho, não demonstrando nenhuma atitude violenta, só aparece dentro de casa. Geralmente quando uma mulher é vítima da violência e pede algum tipo de ajuda, alguns vizinhos não acreditam que este “homem cavalheiro”, tenha sido capaz de tal atitude, pois é difícil associar a imagem pública do homem respeitável à do espancador. “No ponto de vista psicológico, esse homem têm uma insegurança muito grande em relação à própria virilidade, ao papel masculino. São muito possessivos e ciumentos, vendo então as mulheres como sua propriedade e não aguentam perder o controle sobre elas”, descreveu a psicóloga Ruth Gheler. Em geral, de acordo com o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a questão da violência contra a mulher no país, os agressores são filhos de pais excessivamente autoritários e eles próprios foram vítimas de violência física na infância. Pode-se perceber então, que inexiste um perfil característico de um homem agressor em que a sociedade possa apontar quem é um agressor, não está escrito na testa deles, porém apesar de ser difícil determinar as razões ou motivações que podem desencadear este tipo de violência, pode-se destacar que: a maioria dos homens tem necessidade de controle ou dominação sobre a mulher; possuem sentimento de poder frente à mulher; têm receio da independência da mulher; a maioria deles libera a raiva em reposta à percepção de que estaria perdendo a posição de chefe da família. 16 Estudos indicam que não existe coincidência significativa em relação à idade, nível social, educação. Trata-se apenas de um grupo heterogêneo. Apesar disso, é possível afirmar, segundo as diferentes investigações, que o maior índice de agressores se detecta na classe média baixa. PERFIS DAS VITIMAS DE VIOLENCIA FAMILIAR: 3.8 Os diferentes estudos sobre as mulheres vítimas de maus-tratos afirmam que não existe um perfil determinado de vítima e de agressor. Porém, as conclusões extraídas de diversas pesquisas analisadas mostraram alguns padrões comportamentais que se exteriorizam frequentemente nos casos de violência doméstica são eles: A violência se manifesta de maneira reiterada, sendo um padrão de conduta continuado; Os agressores são geralmente homens,maridos, ex- maridos, companheiros ou ex-companheiros das vítimas; Os indivíduos que foram vítimas de maus-tratos na infância reproduzem estas condutas, e, por isso, têm mais possibilidades de serem agressores, agredindo sua própria companheira; As agressões sofridas não são conhecidas até transcorrer um longo período de tempo; O crime doméstico se manifesta como violência física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral; às vítimas possuem baixa autoestima e vários problemas de saúde, na maioria dos casos, as mulheres são chantageadas por seus maridos e frequentemente cedem às pressões, sentindo-se incapaz de agir; As vítimas vivem em estado de pânico e temor. Precisam de ajuda externa para assumir seu problema e encontrar soluções alternativas. A maioria das mulheres que trabalham fora de casa é mais consciente da situação. Isto porque os exercícios de atividade profissional asseguram-lhe 17 independência econômica, encorajando-as a reagir e buscar soluções para os seus problemas. E quando o homem é a vitima: 3.9 Pouco se fala sobre isso. Os casos de violência doméstica contra os homens costumam permanecerem escondidas entre as quatro paredes da vida conjugal. E os principais responsáveis por isso são as próprias vítimas. Isso acontece porque, em uma sociedade conservadora como a nossa, os homens que sofrem de violência doméstica sentem dificuldade em admitir esse tipo de agressão e preferem esconder ou disfarçar. Vergonha, constrangimento, medo de terminar um relacionamento e das Consequências que isso pode ocasionar. Em muitos casos, as razões dos homens são idênticas às das mulheres quando se trata de ocultar as agressões, como o temor de perder a convivência com os olhos. No entanto, mesmo em situações parecidas, homens e mulheres tem tratamento diferente pela legislação brasileira A Lei Maria da Penha não contempla os casos em que o homem é a vítima. E como os registros desse tipo de ocorrência são raros, ainda existem muitas dúvidas sobre a melhor maneira de se recorrer à justiça. Mas, mesmo lentamente, essa realidade vem mudando. Muitos juristas defendem que os benefícios da Lei “Maria da Penha” sejam estendidos a todos os cônjuges, independentemente do gênero. Ou seja, homens e mulheres deveriam, igualmente, ser protegidos da violência doméstica. O melhor caminho para mudar a realidade do homem agredido é a conscientização. Quanto mais homens denunciarem maus tratos sofridos, mais a legislação precisará abrir espaço para abrigar essas vítimas silenciosas. 4. CAPÍTULO III – LEI “MARIA DA PENHA” Lei 11.340/2006 Maria da Penha 3.1 A Lei Maria da Penha é uma reação à situação de indignação da violação dos direitos fundamentais da mulher. Os caminhos a percorrer são: 18 Acabarem com o silêncio da violência sofrida pedindo soluções que venha punir os agressores, considerando crime os atos violentos cometidos e estimulando as denúncias; Pedir amparo à lei para a construção de políticas públicas que favoreçam as mulheres vitimadas. É comum mulheres às portas das delegacias na segunda-feira devido à violência sofrida no fim de semana pelo marido. E ainda têm cidades que nem têm atendimento as mulheres aos fins de semana. Os vários deslocamentos discursivos sobre o tema da violência doméstica, produzidos pela Lei Maria da Penha, são objeto de disputa política entre posições feministas e não feministas. Esses deslocamentos são insistentemente contrapostos, no intuito de que retornem ao seu lugar de origem, ao seu status quo. Assim, as concepções sobre as formas de violência e o tratamento jurídico trazido pela Lei refletem as disputas sobre quem fala e o quê se fala. Origens da Lei 11.340/2006 3.2 A Lei 11.340/06, denominada Lei Maria da Penha, veio no sentido de harmonizar a proteção à vulnerabilidade da mulher em relação à violência doméstica e familiar. A referida Lei trouxe o conceito de violência doméstica e familiar em seu texto. Diz em seu artigo 5º que: Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II – no âmbito da família, compreendida como comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 19 III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. “No caso de violência doméstica ou familiar contra a mulher não mais se lavra o termo circunstanciado (mesmo quando a infração não conta com pena superior a dois anos), sim, procede-se à abertura de inquérito policial. Já não se pode questionar, de outro lado, o cabimento da prisão em flagrante, lavrando-se o respectivo auto. Uma vez concluído o inquérito, segue-se (na fase judicial) o procedimento pertinente previsto no CPP. A ação penal nos crimes de lesão corporal dolosa simples contra a mulher nas condições previstas na Lei 11.340/2006 passou a ser pública incondicionada”. (GOMES; BIANCHINI. 2006, S.P.) A Lei foi assim denominada porque em 1983, no dia 29 de maio, na cidade de Fortaleza, capital do Ceará, a farmacêutica Maria da Penha Fernandes, enquanto dormia, foi atingida por um tiro de espingarda desferido por seu então marido, o economista Marco Antônio Heredia Viveiros, colombiano de origem e naturalizado brasileiro. Em razão desse tiro, que atingiu a vítima em sua coluna, destruindo a terceira e quarta vértebras, suportou lesões que a deixaram paraplégica. O marido negou a autoria do disparo e o atribuiu a um suposto assaltante. Os espaços públicos de decisão ainda estão restritos às mulheres e necessitam de apoio político não para ser igual ao homem, mas, para que tenha a liberdade em ser mulher, construir seu próprio papel na sociedade tendo atendido seus direitos civis, social, econômico, político e cultural. O Estado deveria evitar as violações dos direitos humanos. A mulher possui laços de afeto com seu agressor o que explica sua submissão, por isso muitas não reagem, por medo de represálias, ou na esperança 20 de que não aconteça mais a violência. Assim, é dever do Estado disponibilizar medidas legais que estejam disponíveis. “Milhões de mulheres são vítimas de condutas que afetam sua integridade física sexual e psicológica sendo grande parte destas ocorrências no âmbito doméstico”. Por medo e também a falta de credibilidade do sistema legal. Também pode ocorrer coerção das mulheres vítimas por isso não registram queixas junto às autoridades que poderiam ajudar na resolução do caso, isto acaba em comportamentos que resultam em problemas maiores ainda para a sociedade como saúde pública e mortes femininas. Dos Direitos Fundamentais das Mulheres: 3.3 Os direitos humanos são os direitos e liberdades básicas de todos os seres 3.4 humanos. Normalmente o conceito de direitos humanos tem a ideia também de pensamento e de expressão, e a igualdade perante a lei. A expressão Direitos Humanos já diz, claramente, o que isto significa: Direitos Humanos são os direitos do homem, ou seja, são direitos que visam resguardar os valores mais preciosos da pessoa humana, direitos que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade, e a dignidade da pessoa humana. No entanto, apesar de facilmente identificado, a construção de um conceito que o defina, não é uma tarefa fácil, em razão da amplitude do tema, ou seja,direitos humanos seria uma ideia política com base moral e estão intimamente relacionados com os conceitos de justiça, igualdade e democracia. Os direitos humanos fundamentais visam a resguardar os valores mais preciosos da pessoa humana, ou seja, a vida, a igualdade, a liberdade e a dignidade humana. A atual Constituição da República Federativa do Brasil conferiu dignidade e proteção especiais aos direitos fundamentais, sendo considerado um verdadeiro marco histórico nesta seara. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, conforme o artigo 5º, § 1º, permitindo inclusive a conclusão de que os direitos fundamentais estão protegidos não apenas diante do legislador ordinário, mas também contra o poder constituinte reformador, por integrarem o rol das denominadas cláusulas de irredutibilidade ou mínimas. 21 O artigo 5º, § 2º, estabelece que os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ele adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Essa norma possibilita que outros direitos, ainda não expressamente previstos na Constituição, sejam considerados direitos fundamentais, este que pode ser entendido como o conjunto de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana. Dignidade da pessoa humana e violência domesticam: 3.5 O grande marco para os direitos fundamentais no século XX foi, sem sombra de dúvida, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, elaborada após a 2ª Guerra Mundial, sob o reflexo da indignação da comunidade internacional com as atrocidades praticadas com o povo judeu. Foi à primeira vez em que as Nações se uniram para discutir e elaborar uma norma de proteção dos direitos humanos, comum a todos. O Brasil é signatário desta declaração e de várias outras convenções e pactos de direitos humanos, o que constitui um grande avanço para a democracia e para a legislação Brasileira. Com a elaboração da Declaração Universal de 1948, começou a se desenvolver o Direito Internacional dos Direitos Humanos, mediante a adoção de inúmeros tratados internacionais voltados à proteção de direitos fundamentais, formando-se então, o sistema normativo global de proteção dos direitos humanos, no âmbito das Nações Unidas. Esse sistema normativo, por sua vez, é integrado por instrumentos de alcance geral (como os pactos internacionais) e por instrumentos de alcance específicos como as Convenções Internacionais que buscam proteger a determinados grupos de pessoas mais vulneráveis a violações de direitos humanos, como é o caso dos negros, das crianças e das mulheres. 22 A violência doméstica praticada contra a mulher é um concreto exemplo de violação da dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais. Tão verdade é, que a recente lei 11.340 de 07/08/2006 (Lei Maria da Penha), teve de se adequar aos documentos internacionais de proteção aos direitos das mulheres, em seu artigo 6º, onde afirma taxativamente que “a violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos”. Atuação do Assistente Social na questão da violência domestica: 3.6 Sabe-se, no entanto, que o/a Assistente Social não trabalha sozinho. É importante que haja um envolvimento com a equipe do setor de saúde para que a vítima tenha seu atendimento em totalidade. O setor de saúde tem um importante papel no enfrentamento da violência familiar. O profissional dessa área tende a subestimar a importância da violência, voltando suas atenções às lesões físicas e o Assistente Social atua junto aos conflitos relativos à violência, tendo em vista, sua capacidade instrumental e metodológica em como lidar com a situação e as questões interpessoais. E entender que este é um fenômeno social, que deve ser enfrentado através de estratégias políticas e de intervenção social direta com psicólogos, juntos trabalham numa tentativa de construir uma consciência crítica tanto do agressor como da vítima. O Serviço Social passou a atuar no combate à violência doméstica inserido nas instituições que prestam atendimento à mulher vítima de violência. Desde então, a profissão tem sido mais reconhecida, valorizada e requisitada, merecendo a confiança de outras profissões, conquistando o seu espaço e demarcando a identidade da assistência social. O Serviço Social é uma profissão compromissada com a questão social, em busca pelas igualdades e liberdade de qualquer ser humano, visando à justiça social. Este é o motivo pelo qual a profissão é parceira nesta luta da violência contra a mulher. O assistente social vem atuando frente a este problema, investigando como ocorre e quais são as suas formas de agressão, para poder combatê-las. 23 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a violência contra a mulher é uma violação dos Direitos Humanos, e como tal faz-se necessário o empenho na erradicação das causas e conseqüências desta violação. A sociedade brasileira reconhece a violência doméstica, não apenas como privado e sim como um problema público, bem diferente de décadas atrás que ficavam bem restritas ao lar, sendo bem mais tarde rompido este silêncio que não era questionado. 24 Para entender o porquê das mulheres não denunciarem seus companheiros agressores, é necessário desvendar a realidade oculta que as oprimem em seu cotidiano e que as mantém na subordinação ou carceres. Os sentimentos mais expressados pelas mulheres são de revolta, desrespeito, medo, situação financeira, calúnias e a insatisfação de estarem denunciando àqueles que eram seus companheiros e pais de seus filhos. Muitas das vezes essas mulheres vítimas, querem romper com esse ciclo de violência, e outras preferem abafar o caso não denunciando seus parceiros para não prejudicar seus agressores e por não sentirem segurança na vigência da Lei Maria da Penha. Verificamos que ainda há muito que se fazer no sentido de evolução, no que se diz respeito, a legislação e implementação das políticas públicas. Algumas mulheres dizem conhecer a Lei Maria da Penha (2006), e que veem nas mídias sociais que mulheres morrem todos os dias, e quanto aos agressores, estes são presos, logo soltos. Assim, a existência da Lei, não parece contribuir para que as mulheres se considerem amparadas frente às situações de violência nas quais passam. Por ser uma Lei bastante discutida na sociedade, quando uma mulher chega a denunciar seu agressor, já possuem algum conhecimento sobre a mesma, mas não chegam a levar a denuncia adiante, temendo as consequências que possam acontecer após, e logo desistem. Sendo assim, a mulher após ser atendida no CREAS, e mesmo sendo orientada sobre seus direitos que lhe assiste e como prosseguir diante tal situação, muitas se recusa a realizar os procedimentos legais, outras até fazem Boletim de Ocorrência. Porem a grande maioria opta pelo arquivamento do processo. Há a desistência da denúncia por parte da mulher referente à violência cometida pelo companheiro agressor que se configura como uma impunidade que proporciona a insegurança da mulher, mas também a não vigência da Lei, já que na maioria de fato não desejam a prisão de seus companheiros e/ou de seus ex- companheiros. Apesar de algumas mulheres não terem continuado com o processo criminal, o registro do Boletim de ocorrência é visto de uma forma positiva já que várias mulheres nos dias de hoje estão com medida protetiva e consequentemente romperam com seus companheiros agressores. 25 Percebe-se também que as vítimas acreditamque a violência só é entendida de fato como uma violência quando ela acontece fisicamente, ou seja, acredita que as palavras ofensivas e os empurrões, assim como os outros tipos de violência, não se caracterizam de fato como violência. Para fazermos o manuseio dos instrumentais, é necessária a utilização da ética profissional, do posicionamento ético-político, pois estes são fundamentais para se estabelecer estratégias que possam responder às demandas e, assim, criar uma identidade profissional com compromisso no combate à violência doméstica. O profissional de serviço social deve escutar os problemas relatados pelas vitimas, mantendo a sua ética profissional, sem fazer julgamentos de valores, mantendo uma relação de respeito com a usuária dos seus serviços, para que ela perceba que o profissional está ali para ajudá-la e não para julgá-la. 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo (Coleção Brasil Urgente), 2004. BASTOS, Marcelo Lessa. Violência doméstica e familiar contra a mulher. Lei “Maria da Penha”. Alguns comentários. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1189, out./2006. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/9006 PASINATO, Wânia. Acesso à justiça e violência doméstica e familiar contra as mulheres: as percepções dos operadores jurídicos e os limites para a aplicação da Lei Maria da Penha. Revista Direito GV, São Paulo, v. 11, n. 2, jul.-dez. 2015. http://jus.uol.com.br/revista/texto/9006 26 PAULA, Leda Santana Elias e BICHARRA, Bruna Michele Cardoso 2005, p.8- O trabalho do Assistente Social frente à violência domestica e familiar no CREAS. GOMES, Luiz Flavio; BIANCHINI, Alice. Aspectos criminais da Lei de violência contra a mulher. Revista IOB de Direito Penal e Processo Penal, São Paulo, v.8, n.44, p. 7-15, jun.-jul.2007. CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. DEBERT, G. G. & PERRONE, T. S. Questões de poder e as expectativas das vítimas: dilemas da judicialização da violência de gênero. Revista Brasileira de Ciências Criminais. v 150, n. 26. P 423-47. dez. 2018. RODRIGUES, N. C. P. et al. O aumento da violência doméstica no Brasil, 2009- 2014. Ciência & Saúde Coletiva. v. 22, n.9, p. 2873-80. 2017.
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