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Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente 4 ob jet ivo s A U L A Meta da aula Apresentar os fundamentos da Contabilidade Ambiental. Após o estudo desta aula, você deverá ser capaz de: identifi car o histórico da Contabilidade Ambiental; listar os principais aspectos da Contabilidade Financeira Ambiental; descrever os principais aspectos da Contabilidade Gerencial Ambiental. 1 2 3 90 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente INTRODUÇÃO Nós já vimos, na aula anterior de Avaliação Econômica do Meio Ambiente, que a inserção dos recursos naturais no contexto das decisões econômico-fi nanceiras é uma tarefa complexa e trabalhosa. São múltiplos os aspectos que devem ser observados nessas avaliações ambientais, e os resultados são carregados de subjetividades e juízos de valor. Contudo, uma vez que se tenha chegado a uma conclusão acerca do valor de um recurso ambiental ou do custo decorrente de sua degradação, é preciso atender a uma exigência fundamental da gestão de qualquer organização: o registro das transações que impliquem variações de valor ou de custos, que gerem direitos e obrigações para os agentes econômicos. A tarefa de realizar esses registros compete à contabilidade, e o objetivo desta aula consiste em apresentar a forma pela qual será possível conciliar as complexidades e nuanças do meio ambiente com os princípios de contabilidade em vigor. O HISTÓRICO E A CARACTERIZAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL Verifi camos em Ferreira (2003, p. 59) que a necessidade infor- macional da Gestão Ambiental impôs o desenvolvimento de uma Con- tabilidade Ambiental, de tal forma a prover as informações adequadas sobre o meio ambiente. Não obstante, é preciso enfatizar que a Contabilidade Ambiental não se refere a uma nova contabilidade, mas sim a uma especialização da Ciência Contábil. Essa nova área da contabilidade abrange aspectos distintos, tais como a Auditoria Ambiental, a Contabilidade Financeira Ambiental e a Contabilidade de Custos ou Contabilidade Gerencial Ambiental. A Auditoria Ambiental trata da avaliação dos procedimentos rela- tivos ao meio ambiente, bem como dos riscos que as ações da empresa sobre o ambiente natural podem acarretar sobre o seu patrimônio. Já a Contabilidade Financeira Ambiental tem por fi nalidade disponibili- zar, para o público externo, informações acerca dos ativos e passivos ambientais da empresa. Por fi m, a Contabilidade Gerencial Ambiental trata da mensuração dos eventos econômicos ligados ao capital natural e da produção de informações para os gestores do meio ambiente. A Contabilidade Ambiental surgiu a partir da necessidade de infor- mações econômico-fi nanceiras que permitissem lidar com os problemas de gestão do meio ambiente, haja vista que a contabilidade tradicional não era capaz de suprir esta demanda informacional. C E D E R J 91 A U LA 4Tal situação se tornou aguda na década de 1990, sobretudo em razão do agravamento dos problemas ambientais e em virtude da sensibilização que o debate promovido pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Eco-92, gerou nas esferas governamentais de vários países do mundo. Já no capítulo 8 da Agenda 21, que foi o documento gerado pela Eco- 92, estão previstas várias ações efetivas para o melhoramento do processo de tomada de decisão envolvendo o meio ambiente, tais como os trechos a seguir destacados do documento produzido pelo Senado Federal: Melhoria dos sistemas de planejamento e manejo: (...)(a) Melhorar o uso de dados e informações em todos os estágios do planejamento e do manejo, fazendo uso sistemático e simultâneo de dados sociais, econômicos, ecológicos, ambientais e relativos ao desenvolvimento; a análise deve enfatizar as interações e as sinergias; deve-se estimular a utilização de um amplo leque de métodos analíticos para a obten- ção de diversos pontos de vista; (b) Adotar procedimentos analíticos abrangentes para avaliação prévia e simultânea das consequências das decisões, inclusive para as esferas econômica, social e ambien- tal e os vínculos entre essas esferas; esses procedimentos devem ir além do plano do projeto para chegar às políticas e programas; a análise também deve incluir uma avaliação de custos, benefícios e riscos (2001, p. 116). Nesse sentido, os institutos de pesquisa, os organismos profi ssio- nais e alguns órgãos de governo se dedicaram a investigar e estudar o tema, com o propósito de desenvolver novos procedimentos e metodo- logias, bem como aperfeiçoar os métodos contábeis tradicionais, tendo em vista satisfazer a demanda informacional dos gestores com relação aos aspectos concernentes ao meio ambiente e à entidade. Em 1993, um relatório elaborado pelo Instituto Canadense de Contadores Certifi cados descreveu o resultado de algumas pesquisas realizadas sobre a forma pela qual os efeitos relativos ao meio ambiente poderiam ser considerados e registrados nos relatórios fi nanceiros das entidades. De acordo com esses pesquisadores, o objetivo dos relatórios fi nanceiros seria comunicar informações sobre os recursos econômicos de uma entidade, bem como as mudanças atinentes a esses recursos, ou seja, apenas deveriam ser registrados e mensurados os impactos ambientais que causassem mudança econômica nos recursos da entidade. 92 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente Não obstante, uma questão permanecia em aberto: quais seriam as mudanças relevantes nos recursos econômicos, relativamente ao meio ambiente, que deveriam ser objeto de contabilização? Para responder a essa indagação, conforme nos informa Ferreira (2003, p. 61), os pesquisadores se posicionaram no sentido de que os eventos econômicos de natureza ambiental seriam considerados apenas nos casos em que o dano fosse o resultado de ato contrário à legislação em vigor, no instante de sua ocorrência. Assim, quando ocorresse um dano ao meio ambiente, mas a lei admitisse sua ocorrência, tal fato não seria considerado um evento econômico. Destarte, essa sugestão deveria ser analisada sob a condição de que, ainda que a legislação autorizasse um determinado nível de poluição ambiental, isso não alteraria o fato de que um recurso natural estaria também sendo consumido, afetando um determinado patrimônio. Dessa forma, para efeito de elaboração de um relatório de conta- bilidade ambiental, um ativo ambiental representa todos os benefícios econômicos de natureza ambiental, futuros e prováveis, que são contro- lados ou obtidos por uma entidade ou organização, como consequência de prevenção, recuperação, monitoramento e reciclagem. Entrementes, a tarefa de mensurar esses efeitos não é tão simples como, à primeira vista, possa parecer. Determinados gastos, tais como os de conservação, preservação ou de reparação, tanto podem provocar uma redução nos níveis de polui- ção, quanto podem aumentar a produtividade, sobretudo se estiverem associados ao uso de uma nova tecnologia, e, por essa razão, seriam de difícil classifi cação. Porém, outros gastos, tais como o pagamento de multas, impostos e encargos, poderiam ser mais facilmente relacionados aos efeitos sobre o meio ambiente. Neste ponto da aula, convém lembrar que a contabilidade possui algumas características que lhe são próprias, sobretudo aquelas que dizem respeito à necessidade de classifi car, conceituar e identifi car os elementos contábeis, bem como as que se referem a transações e eventos econômicos passíveis de alterar o patrimônio de uma entidade. Nesse sentido, é impe- rativo que, no âmbito da contabilidade ambiental, também sejam adotadas as classifi cações fundamentadas na teoria contábil tradicional. Por essa razão, conforme nos ensinam Braga et al. (2007, p. 36), também as contas ambientais possuem uma classifi cação própria, sendoC E D E R J 93 A U LA 4designadas da seguinte forma: ativos, passivos e patrimônio líquido meio ambiente; e as contas de resultado, ou seja, receitas, custos, despesas, ganhos e perdas meio ambiente. Em regra, emprega-se o termo “meio ambiente” após o nome tradicional da conta. Também é válido o emprego do termo “ambiental”, de maneira que é possível designar ativo meio ambiente ou ativo ambiental. A defi nição e a caracterização das contas ambientais também nos são oferecidas pelos autores citados. Dessa forma, um ativo ambiental representa todos os benefícios econômicos de natureza ambiental, futuros e prováveis, que são controlados ou obtidos por uma entidade ou organização, como consequência de prevenção, recuperação, monitoramento e reciclagem. Passemos a caracterizar cada uma delas. A reciclagem compreende as ações que têm por objetivo possibilitar a reutilização de materiais e produtos, de tal maneira a esten- der o seu ciclo de vida e reduzir os problemas ocasionados pelos depósitos de dejetos ou de emissão de substâncias poluentes. A recuperação envolve as ações que pretendem sanar danos decorrentes da poluição, reconstituindo a situação original. Quando a reconstituição não for possível, a ação de recuperação busca ao menos melhorar um pouco a situação atual. Figura 4.2: Vemos na fi gura as distintas possibilidades que surgem quando se deseja corrigir os efeitos da degradação. A recuperação consiste em restabelecer a condição original. Fonte: http://www2.igc.usp.br/disciplinasweb Figura 4.1: A coleta seletiva do lixo caracteriza a reciclagem. Fonte: http://www.fcf.usp.br/SGA/Apresentacoes 94 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente A prevenção ou proteção compreende as ações específi cas que têm o objetivo de evitar ou proteger o meio ambiente de agressões causadas pela ação antrópica ou por catástrofes naturais. Por fi m, o monitoramento diz respeito às ações de controle e acompanhamento dos níveis de poluição, bem como dos programas de prevenção, e, ocasionalmente, também dos programas de recuperação do meio ambiente. Convém destacar que o critério que permite distinguir um ativo ambiental de um ativo de natureza não ambiental passa pelo objetivo principal que a entidade tinha ao adquirir o mesmo. Tal critério, eivado de subjetividade, de certa forma é incompatível com a contabilidade tra- dicional, que se fulcra na objetividade. Para amenizar esta contradição, Braga et al. (2007, p. 38) afi rmam que os ativos ambientais devem ser assim considerados quando a sua utilidade se restringir à operacionali- zação do meio ambiente. Dessa forma, atendendo à concepção objetiva da contabilidade tra- dicional aplicada ao Sistema de Informação Contábil Ambiental (SICA), são considerados como elementos “meio ambiente” todos aqueles que estiverem vinculados às atividades ora descritas. Após essa etapa preliminar, é preciso estabelecer uma classifi cação relativa aos elementos contábeis do ativo ambiental. Nesse sentido (RIBEI- RO apud BRAGA, 2007, p. 39), estabelece a seguinte conceituação: a) Estoques – consistem nos insumos adicionáveis ao processo produtivo com o objetivo de eliminar, reduzir ou controlar os níveis de emissão de resíduos, incluindo-se os materiais destinados à recuperação do meio ambiente que porventura for afetado [sic] pela ação da empresa. b) Permanentes – classifi cam-se em imo- bilizado e diferido. Incluem-se no imobilizado meio ambiente as máquinas, os equipamentos, as instalações, bem como a tecnologia adquirida ou desenvolvida para ser empregada nas atividades de recuperação, prevenção, reciclagem e monitoramento, de tal forma a diminuir o impacto ambiental causado pela ação da empresa. Por sua vez, o diferido ambiental compreende, por exemplo, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias a longo prazo, com vistas à busca de soluções para problemas decorrentes de impactos ambientais. Um passivo meio ambiente, de acordo com (RIBEIRO apud BRAGA, 2007, p. 43), compreende as obrigações que exigirão a entrega C E D E R J 95 A U LA 4de ativos ou a prestação de serviços num momento futuro, em virtude de transações passadas ou presentes e que envolveram a entidade e o meio ambiente. O entendimento é no sentido de que o passivo está no futuro, originado por um fato gerador passado ou presente decorrente de uma dívida ou de um ato que cause impacto, e esteja relacionado ao meio ambiente, que vai demandar, num prazo fi xado, a entrega de ativos ou a prestação de serviços. Por exemplo, se uma empresa fabril lança seus detritos contaminados num terreno baldio e, com o tempo, as substâncias tóxicas contaminam o lençol freático que abastece os poços de água da região, a responsabilidade pelos danos à saúde das pessoas que se utilizam da água será dessa empresa. A empresa que procede dessa forma está gerando um passivo ambiental no futuro. Os passivos ambientais, via de regra, são defi nidos em lei e não refl etem o valor econômico do meio ambiente, pois a avaliação do meio ambiente nem sempre consegue capturar todos os aspectos que compõem este valor. Quando for possível registrar um passivo ambiental por mais de um valor, utiliza-se o princípio contábil da prudência, registrando aquele que possuir o maior valor. Convém dar destaque a uma afi rmação de Ferreira (2003, p. 61), no sentido de que a classifi cação de um gasto como sendo integrante do ativo, ou como despesa do período, representa uma tarefa complexa e fundamental para a confi abilidade das informações, uma vez que os impactos ambientais que são percebidos hoje podem ter ocorrido em períodos passados. Ademais, com muita frequência, os impactos que ocorrem no presente apenas são percebidos no futuro. A mesma autora assinala a importância do pesquisador Rob Gray para a evolução doutrinária da contabilidade ambiental. Para Gray, a contabilidade do meio ambiente pode contribuir em cinco áreas: (i) mudança nos sistemas de contabilidade existentes (cita como exemplo o custeio de energia, que pode passar a incluir os efeitos sobre o meio ambiente advindos do emprego de termoelétricas movidas a carvão); (ii) eliminação de aspectos confl itantes nos sistemas de contabilidade; (iii) planejamento das implicações fi nanceiras de projeções sobre as despesas de capital; (iv) introdução do desempenho ambiental nos relatórios externos; (v) desenvolvimento de uma nova contabilidade e sistema de informações. 96 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente Podemos concluir esse tópico com a afi rmação de Ferreira (2003, p. 69), no sentido de que há a expectativa de que a contabilidade ambiental esteja ligada à existência de uma gestão ambiental. Para tanto, será necessário que exista uma formação de profi ssionais que pensem ambientalmente, de forma que essa consciência ambiental se integre à prática dos negócios. É preciso compreender as necessidades atuais e futuras do negócio com relação aos efeitos sobre o meio ambiente, não apenas com relação aos recursos que emprega ou emissões que realiza, mas também com relação às novas oportunidades de negócios que se apresentem. A fi gura a seguir apresenta o esquema básico da contabili- zação de fatos ambientais. ESQUEMA BÁSICO DE CONTABILIZAÇÃO Figura 4.3: Contabilização de fatos ambientais. Fonte: O autor. Aquisição de equipamento Dano ocorrido Prevenção de dano Aquisição de equipamento Ativo Despesa A empresa XYZ, que monta paisagens cenográfi cas para fi lmagens, adquiriu um conjunto de contendores (recipientes apropriados para receber determinado material) de materiais para iniciar um programa de coleta seletiva de lixo e posterior venda desse material. A atividade da XYZ resulta num grande descarte de vidros, papéis, madeiras e plásticos, que muitas vezes eram abandonados apósas fi lmagens realizadas por seus clientes. Ocorre que, eventualmente, os materiais abandonados entupiam redes de água e esgoto, bem como eram espalhados pelo vento, sujando uma grande extensão de área. A XYZ já havia sido multada por esse motivo. Após a aquisição dos contendores, a empresa contratou dois auxiliares de serviços gerais para realizar o recolhimento dos materiais descartados durante a montagem dos cenários. O contador da empresa tinha muitas dúvidas acerca de como realizar os registros contá- beis. De acordo com a situação anteriormente descrita, relacione os atos da empresa XYZ com os conceitos apresentados. ___________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ______________________________________________________ Atividade 1 1 C E D E R J 97 A U LA 4 ASPECTOS DE CONTABILIDADE FINANCEIRA AMBIENTAL A designação Contabilidade Financeira Ambiental não deve sugerir a existência de uma nova contabilidade, mas sim a evidenciação para os clientes externos da organização, tais como os debtholders e stockholders, dos fatos contábeis que envolvam as alterações das con- tas relativas ao meio ambiente, com base nos postulados e princípios contábeis tradicionais. _______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Resposta Comentada Em primeiro lugar, é preciso dizer que as ações em questão são típicas do que se convencionou designar por evento ambiental. No caso, a aquisição dos contendores caracteriza um evento que tem reflexos sobre o meio ambiente, na medida em que se propõe a reduzir o nível de impacto no meio ambiente. Tal evento configuraria um ativo ambiental. Nesse sentido, um ativo ambiental representa todos os benefícios econômicos de natureza ambiental, futuros e prováveis, que são controlados ou obtidos por uma entidade ou organização, como consequência de prevenção, recuperação, monitoramento e reciclagem. No caso em questão, trata-se de reciclagem. De acordo com a Resolução 750 do CFC, os Princípios Fundamentais de Contabilidade são os seguintes: o da Entidade, o da Continuidade, o da Oportunidade, o do Registro pelo Valor Original, o da Atualização Monetária, o da Competência e o da Prudência. Além desses princípios, existem as Convenções Contábeis. Dentro da ampla margem de liberdade que os princípios permitem ao contador, no registro das operações, as convenções vêm restringir ou limitar, ou mesmo modifi car parcialmente os conteúdos dos princípios, defi nindo mais precisamente seu signifi cado. Na contabilidade brasileira, existem as seguintes convenções: a Convenção da Consistência; a Convenção do Conser- vadorismo; a Convenção da Materialidade; a Convenção da Objetividade. ?? 98 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente Um elemento importante para a contabilização de eventos eco- nômicos que alterem o patrimônio da entidade, e que esteja direta ou indiretamente ligado ao meio ambiente, é denominado fato gerador e deve ser reconhecido contabilmente, ainda que o seja apenas em notas explicativas. Em regra, um fato gerador relativo ao meio ambiente está associado a um fato na empresa. Por exemplo, quando uma empresa industrial decide iniciar a sua produção, pode ocorrer a poluição do meio ambiente em razão dos efl uentes que são lançados na atmosfera ou nas águas, degradando a qualidade do meio ambiente. Dessa forma, o fato gerador degradação ocorrerá associado ao fato gerador produção. A Contabilidade Ambiental também requer o emprego de um Plano de Contas, que se constitui em peça fundamental de um pla- nejamento contábil. Ferreira (2003, p. 97) assinala que um efetivo Plano de Contas deve permitir a emissão de relatórios fi nanceiros e gerenciais que atendam às necessidades de informações dos gestores de demais partes interessadas nas operações da empresa. Um Plano de Contas deve ser objetivo e claro, contendo as contas que receberão os registros das transações econômicas realizadas ou dos fatos geradores. Ademais, um Plano de Contas deve ter uma estrutura fl exível, de tal forma a permitir atualizações que garantam a fi delidade dos registros em face das transações realizadas. Debtholders e stockholders são, respectivamente, os portadores de títulos de dívida das empresas e os portadores de ações da empresa. Constituem, portanto, aqueles que compõem, com seus haveres, as fontes de recursos que fi nanciam os ativos da empresa. No seu conjunto, podem também ser designados por shareholders (ambos debtholders e stockholders). Atualmente, em virtude de um maior nível de responsabilidade social corporativa, existe uma tendência na conciliação dos interesses de todas as partes interessadas ou impactadas pelas ações da empresa, e por essa razão emprega-se o conceito de stakeholder, que compreende os shareholders mais os clientes, fornecedores, governo e demais partes interessadas, como, por exemplo, a comunidade do entorno de uma fábrica. ?? C E D E R J 99 A U LA 4A seguir, apresentamos uma sugestão de Plano de Contas genérico para empresas que consideram o meio ambiente uma variável estratégica para a continuidade dos seus negócios. O conceito de ativo usado no exemplo está considerado num sentido amplo, na medida em que inclui a posse e não apenas a propriedade dos recursos econômicos postos à disposição da empresa, com o objetivo de gerar um fl uxo de benefícios futuros. Lembramos que também existem observações a serem feitas no caso dos passivos. Nessas contas, foram consideradas também as restrições sobre os ativos, advindas de algum fato gerador. Os fatos geradores são os impactos ambientais no momento de sua ocorrência, e não apenas quando seus efeitos se manifestam. Quadro 4.1: Modelo de plano de contas relativas ao meio ambiente ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Estoques Matéria-prima - renovável - não renovável - reciclada - reutilizável Produtos acabados - renováveis - não renováveis - reciclados - reutilizáveis Ativo Permanente Investimentos - CERTIFICADOS NEGOCIÁVEIS: referem-se à aquisição de títulos nego- ciáveis em mercado aberto que foram emitidos em decorrência de investimen- tos realizados em refl orestamento para sequestro de carbono. - REFLORESTAMENTO PARA SE- QUESTRO DE CARBONO: refere-se ao in- vestimento em área de refl orestamento com o objetivo de realizar o sequestro de carbono. - DIREITOS SOBRE RECURSOS NATURAIS: referem-se ao registro dos direitos de exploração de jazidas de recursos minerais pelo total dos custos incorridos na obtenção desses direitos. Ligados diretamente à produção (de- vem ser classifi cados neste grupo os ativos utilizados no processo de produ- ção de bens e serviços que não causam agressão ao meio ambiente). - TECNOLOGIA LIMPA: consiste em equipamentos de produção que geram pouco ou nenhum esforço e que conservam materiais e energia. Passivo Circulante Provisão para Contingências Am- bientais: refere-se ao registro estimado da poluição gerada como resultado do processo produtivo (sugestões de classifi cação). - meio ambiente a recuperar - indenizações por doenças causadas - multas prováveis - aposentadorias precoces - compensações diversas - contingências de impactos causados na água - contingências de impactos causados no solo - contingências de impactos causados no ar Gastos Ambientais a Pagar: refe- rem-se aos valores de indenizações a pagar decorrentes de impactos ambien- tais causados por terceiros identifi cados e vencíveis até360 dias da data do Balanço Patrimonial. Exigível a longo prazo Provisão para Contingências Am- bientais: refere-se ao registro estimado da poluição gerada como resultado do processo produtivo, contudo, aqui são registrados os eventos com vencimentos a partir de 360 dias da data do Balanço Patrimonial. 100 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente Com relação aos custos, existem algumas considerações impor- tantes a fazer para que se possa estabelecer sua conexão com o meio ambiente. Dependendo de cada objeto que se pretenda custear, os cus- tos podem ser classifi cados como diretos ou indiretos, podendo ter sua abrangência delimitada na empresa ou fora dela: a) Custos diretos – são aqueles cujos fatos geradores afetam o ambiente natural e cujos impactos podem ser associados diretamente a - TECNOLOGIAS DE ADIÇÃO DE PEQUENAS QUANTIDADES: consiste em equipamentos que provocam pequena emissão de resíduos. - TECNOLOGIA POLUENTE: consis- te em equipamentos cuja tecnologia não contempla qualquer preocupação com o meio ambiente. Não diretamente ligados à produção (devem ser classifi cados neste grupo aqueles ativos permanentes que têm por objetivo proteger ou recuperar o meio ambiente). - TECNOLOGIA DE LIMPEZA: diz respeito aos equipamentos empregados para a limpeza do meio ambiente. - TECNOLOGIA DE PREVENÇÃO NA EMISSÃO DE RESÍDUOS: consiste nos equipamentos acoplados a ou- tros equipamentos que poluem de modo a evitar que os resíduos emiti- dos pelos primeiros sejam despejados no meio ambiente. - TECNOLOGIA DE MITIGAÇÃO: consiste nos equipamentos emprega- dos para a recuperação dos danos já causados ao meio ambiente. - TECNOLOGIA PARA CONSERVA- ÇÃO DE RECURSOS NATURAIS: essa tecnologia tem a fi nalidade de manter sem alterações signifi cativas os recursos naturais de propriedade ou de posse da entidade contábil. (-) CONTINGÊNCIAS AMBIENTAIS ESPERADAS: são contas redutoras do Ativo Permanente cujo objetivo consis- te em reconhecer as restrições causadas ao meio ambiente que reduzem os benefícios futuros do ativo pelo uso potencial de um dado equipamento. Diferido - renovável - não renovável Patrimônio Líquido - Reservas para Contingências Ambientais Esperadas: referem-se ao valor do potencial de poluição dos equipamentos da entidade que se configurarão em restrições para os lucros futuros. Uma vez que a poluição efetivamente venha a ocorrer, o seu valor específi co passa a ser um passivo contingente, devendo esse evento ambiental ser imediatamente reconhecido. CONTAS DE RESULTADO Despesas Ambientais (as contas de despesas, quando relacionadas ao pro- cesso produtivo, devem acompanhar a contabilização do custo de produção) Recuperação de áreas degradadas - degradação do ar - degradação do solo - degradação da água Depreciação de equipamentos - tecnologia limpa - tecnologia de adição de pe- quenas quantidades - tecnologia poluente - tecnologia de limpeza - tecnologia de prevenção na emissão de resíduos - tecnologia de mitigação - tecnologia para conservação de recursos Outras despesas ambientais - prevenção - treinamento - indenizações a terceiros Receitas ambientais - receita de serviços - receita de venda de material reciclado Fonte: Adaptado de Ferreira (2003). C E D E R J 101 A U LA 4uma ação poluidora ou recuperadora ocorrida numa área sob a respon- sabilidade da entidade, tais como os custos de produção e estocagem. b) Custos indiretos – são os fatos geradores que afetam o meio ambiente de forma indireta e cujos impactos poluidores se manifestam fora da área física sob a responsabilidade da entidade, tal como ocorre com as baterias de telefones celulares. A ideia de lucro ambientalmente correto está relacionada à capaci- dade evidenciada pela empresa de gerar resultados econômicos positivos sem desrespeitar o meio ambiente, ou seja, sem provocar poluição. Por sua vez, como a Contabilidade Ambiental não constitui uma outra contabilidade, todos os eventos econômicos ou fatos contábeis rela- tivos às operações da empresa, e que causem impacto no meio ambiente, devem ser registrados normalmente no sistema de informações contábeis tradicionais. Dessa forma, o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), as Notas Explicativas, o Balanço Social (BS) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) são os instrumentos contábeis adequados para evidenciar como essas questões estão sendo tratadas pela entidade. Para a contabilização do meio ambiente, segundo Ferreira (2003, p. 108), deve ser empregada a regra “evidenciar quando não se puder estimar e reconhecer quando for possível estimar”, o que signifi ca dizer que, se o cálculo não permitir estimativas razoáveis, deve ser evidenciado em Notas Explicativas. Caso seja possível estimar com um razoável grau de acuidade, deve ser feita a provisão. Tal regra é válida tanto para os ativos quanto para os passivos ambientais. O uso de Notas Explicativas é muito efi caz para a demonstração das memórias de cálculo e para melhor esclarecer a composição dos investi- mentos em prevenção, recuperação e reciclagem de material. A divulgação, por parte da empresa, de um Relatório Ambiental em separado também consiste em uma boa prática de evidenciação dos fatos contábeis relativos ao meio ambiente, como um complemento às Notas Explicativas. Apresentamos neste tópico os principais elementos para o atendi- mento das necessidades de informações dos clientes externos à empresa, que precisam de relatórios contábeis em padrão e periodicidade adequa- dos. A fi gura a seguir sintetiza o processo desde a contabilização até o Plano de Contas Ambiental. 102 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente PASSOS FUNDAMENTAIS PARA MENSURAR OS FATOS CONTÁBEIS AMBIENTAIS Figura 4.4: Da contabilização até o Plano de Contas Ambiental. Fonte: O autor. Avaliação dos gastos e benefícios ambientais Sanar os impactos negativos através da utilização dos Sistemas de Gestão Ambiental Avaliação, classifi cação e mensuração dos eventos ambientais em um Plano de Contas Ideal Responda se as afi rmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justifi cando a sua resposta, caso a mesma seja falsa: a) Um fato gerador relativo ao meio ambiente pode ocorrer de forma independente de outros fatos nas atividades da empresa. ( ) verdadeiro ( ) falso ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ b) Um Plano de Contas deve ser objetivo e claro, contendo as contas que receberão os registros das transações econômicas realizadas ou dos fatos geradores. ( ) verdadeiro ( ) falso ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ c) Em virtude das questões específi cas tratadas na Contabilidade Ambiental, é preciso que a entidade estabeleça modelos adequados de relatórios contábeis. Dessa forma, o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), as Notas Explicativas, o Balanço Social (BS) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) não são os instrumentos contábeis adequados para evidenciar como as questões ambientais estão sendo tratadas pela entidade. ( ) verdadeiro ( ) falso ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ d) A ideia de lucro ambientalmente correto está relacionada à capacidade evidencia- da pela empresa de gerar resultados econômicos positivos, sem desrespeitar o meio ambiente, ou seja, sem provocar poluição. ( ) verdadeiro ( ) falso ________________________________________________________________ __________________________________________________________ Atividade 2 2 C E D E R J 103 A ULA 4 ASPECTOS DE CONTABILIDADE GERENCIAL AMBIENTAL Enquanto a Contabilidade Financeira tem como principal usuário de suas informações o cliente externo à organização, tal como o fi sco e o mercado de capitais em geral, os usuários das informações gerenciais ambientais são internos à empresa, em geral aqueles colaboradores res- ponsáveis diretamente pela gestão ambiental da empresa. Nesta aula, apresentamos um modelo de Contabilidade Gerencial Ambiental denominado sistema Gecon (Gestão Econômica), que, de acor- do com Ferreira (2003, p. 111), é um dos instrumentos mais empregados atualmente nas pesquisas desenvolvidas no âmbito do Laboratório de Pesquisa em Gestão Econômica da Fipecafi /FEA/USP. No sistema Gecon, considera-se o gestor como o responsável pelos aspectos operacionais, econômicos e fi nanceiros de suas decisões. Do ponto de vista operacional, os objetos do gerenciamento, ou aspectos físicos do processo de gestão, são a quantidade, a qualidade e os prazos. Sob a ótica econômica, o gerenciamento é voltado para os custos dos recursos consumidos e para as receitas geradas pelos produtos e serviços. Por sua vez, o aspecto fi nanceiro é representado pelos impac- tos causados nos fl uxos de pagamentos e recebimentos, bem como pelos prazos em que esses eventos ocorrem. Assim, o resultado de cada decisão tomada deve ser mensurado com base nesses aspectos. Passemos para a análise das atividades específi cas que envolvem o meio ambiente. a) Atividade de Produção – Em regra, a Atividade de Produção gera um impacto ambiental negativo representado pela poluição. No sistema Gecon, esse impacto é reconhecido como um evento econômico- Respostas Comentadas a) Falso. Um fato gerador relativo ao meio ambiente está associado a um fato na empresa. b) Verdadeiro. c) Falso. O Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), as Notas Explicativas, o Balanço Social (BS) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) são os instrumentos contábeis adequados para evidenciar como essas questões estão sendo tratadas pela entidade. d) Verdadeiro. 104 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente ambiental denominado Degradação Produzida. A Atividade de Produção recebe os custos efetivos relacionados ao meio ambiente. Nos casos em que provoca a degradação, os custos são assumidos pela atividade. Quando ela deixa de provocar a degradação em virtude dos serviços prestados pela atividade ambiental, passa a receber o equivalente aos custos incorridos nesses serviços. b) Atividade de Prevenção – a proteção do meio ambiente da ação da poluição requer tanto gastos em investimentos quanto em insumos. Os primeiros devem gerar benefícios em períodos futuros e, por isso, são considerados investimentos. Os gastos em insumos são considerados como despesas e têm seus benefícios considerados apenas no momento de seu consumo. c) Atividade de Recuperação – essa atividade manifesta-se sobre a degradação ocorrida, tendo como objetivo deixar o meio ambiente em condições próximas ou equivalentes às condições preexistentes antes de ocorrer a degradação. d) Atividade de Reciclagem – a reciclagem tem como objetivo permitir que os materiais empregados na produção ou os resíduos de matérias-primas possam ser utilizados novamente, a partir de proces- samento específi co. Figura 4.5: As atividades de produção geram poluição ambiental. Esses custos devem ser assumidos pela atividade. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Nrborderborderentrythreecolor smay05-1-.JPG Essas atividades eventualmente vão demandar gastos com insumos, o que deve se refl etir na geração de benefícios em períodos futuros, que serão designados por investimentos; ou na geração de benefícios imediatos ao momento do consumo, que serão designados por despesas. Passemos a analisar os principais eventos econômicos e sua mensuração: C E D E R J 105 A U LA 4 (i) Evento: Degradação produzida Trata-se do principal evento econômico ambiental a ser considera- do. A sua mensuração é baseada nos efeitos econômicos previstos, resul- tante da degradação ocorrida e que deve ser reconhecida no momento da ocorrência. Os efeitos econômicos são mensurados considerando-se o custo de oportunidade, ao menor preço de mercado à vista para cada um dos efeitos previstos, conforme a matriz de identifi cação específi ca, apresentada na Tabela 4.1, a seguir: Obs.: Outros eventos podem ser identifi cados, dependendo do contexto em que as degradações ocorrem. Tabela 4.1: Matriz de identifi cação específi ca EFEITOS PREVISTOS – $ Tipologia do evento: degradação produzida Quantidade emitida Multas Indenização/ recuperação Adicional de insalubridade Tratamento de doenças Impostos e taxas Vendas Dejetos Total Emissão de resíduo sólido – água Emissão de resíduo sólido – ar Emissão de resíduo sólido – solo Emissão de resíduo líquido – água Emissão de resíduo líquido – solo Emissão de resíduo gasoso - ar 106 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente O reconhecimento da degradação constitui-se num passivo con- tingente, caracterizado pela Previsão para Contingências Ambientais. (ii) Evento: Formação de investimento Este evento diz respeito à decisão da empresa no sentido de desenvolver internamente um projeto com vistas a prevenir, recuperar ou reciclar. Os investimentos poderão ser de naturezas distintas, tais como: a construção de um prédio, o desenvolvimento de uma nova tecnologia, ou mesmo os gastos necessários para que um equipamento entre em operação. Além disso, os investimentos devem incluir os dispêndios com os insumos que formarão um ativo operacional. Estes insumos podem ser: materiais empregados, equipamentos, pessoal, serviços técnicos contratados etc. (iii) Evento: Conclusão do investimento Trata-se do reconhecimento do fi m de um projeto. Para essa tarefa, é necessário avaliar se a opção pelo desenvolvimento foi economicamente mais apropriada do que a aquisição do projeto pronto, em condições de funcionamento, junto a terceiros. Caso o preço de mercado seja superior ao montante pago para o desenvolvimento do projeto pela própria empresa, ela pode reconhecer um ganho de capital. Ao contrário, se o preço de mercado for menor, a empresa deve reconhecer uma perda de capital. Nos casos em que o valor de mercado for igual, não haverá ganho ou perda a ser reconhecida. (iv) Evento: Entrada em operação do ativo Depois de concluído o investimento, ele se torna um ativo opera- cional, e a partir de então é preciso reconhecer os benefícios esperados do projeto sob a responsabilidade da gestão ambiental. Nos projetos ambien- tais, os benefícios esperados dizem respeito aos custos de degradação que serão eliminados ou diminuídos a partir da entrada em funcionamento do ativo. Este é o reconhecimento das economias de custo. O resultado deve ser a diferença entre o valor de mercado do ativo e o valor das economias de custo geradas. Quando as economias de custo superarem o valor total investido, a decisão pelo investimento é considerada correta, sob a ótica C E D E R J 107 A U LA 4econômica, uma vez que, com a entrada em operação do investimento, a empresa deixa de incorrer nos custos de degradação. (v) Evento: Amortização do investimento Este evento se refere ao reconhecimento, por ocasião da entra- da do ativo em operação, de que seus benefícios esperados devem ser amortizados. No caso de projetos que tenham sido feitos para funcionar por um período determinado de tempo, a amortização será constante e, portanto, se constituirá num custo fi xo. Por sua vez, nos casos em que o projeto gera benefícios proporcionais aos volumes de produção, a amortização será um custo variável. (vi) Evento: Provisão para gastos operacionais de manutenção do ativo Neste caso,é necessário reconhecer que os benefícios esperados do ativo devem ser deduzidos dos custos esperados para a sua operação, tam- bém chamados de custos de manutenção. Assim, o ativo operacional estaria representado por valores líquidos dos benefícios futuros esperados. (vii) Evento: Amortização da provisão para gastos operacionais de manutenção do ativo operacional Diz respeito à amortização dos gastos operacionais previstos para o ativo em operação. Essa amortização deve corresponder ao período previsto na provisão e deve ser registrada numa conta de resultado. (viii) Evento: Custos de manutenção do ativo operacional Refere-se aos custos de manutenção que foram efetivamente incor- ridos no período considerado. A conciliação entre os gastos previstos e os efetivamente realizados deve representar o resultado obtido com a manutenção do ativo. (ix) Evento: Receita de serviços da Gestão Ambiental Essa receita compreende os serviços prestados pelas atividades de prevenção, manutenção e recuperação. Esses serviços são mensurados tomando-se por base os benefícios que trazem para a entidade, em termos de economia de custos gerada sobre multas que deixarão de ocorrer, tratamento de doenças que serão evitadas, adicionais sobre salários que 108 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente não serão mais necessários, impostos sobre o meio ambiente cujo fato gerador não mais se manifestará etc. (x) Evento: Receita de venda de produto reciclado Refere-se ao preço de mercado para o produto reciclado pronto, que poderá ser transferido para a produção ou ser vendido a terceiros. (xi) Evento: Custos de estrutura de atividade Diz respeito aos custos fi xos necessários para manter a atividade em operação. Via de regra, são os custos de pessoal, depreciação e outros. (xii) Evento: Reversão da previsão para contingências ambientais Este evento representa o reconhecimento de uma mudança de expectativas sobre os efeitos previstos da degradação, cuja contingência já tenha sido registrada. As mudanças de expectativas podem ser de múltiplas origens e signifi cam tanto um aumento quanto uma diminuição no valor inicialmente estipulado. As razões para essa mudança podem ser uma consequência dos seguintes fatores: - negociações com o governo que resultem em não incorrência de multa ou imposto; - alteração nos preços dos tratamentos de saúde; - inclusão ou exclusão de doenças relativas à poluição causada pela entidade; - mudanças na conjuntura econômica em geral; - mudanças nas exigências do mercado em relação a produtos e processos que agridam o meio ambiente; - efeitos sobre a degradação provocada pela entidade, em virtude de projetos de recuperação; - efeitos no marketing, em razão da mudança da imagem da empresa, com o advento de projetos de preservação ambiental, o que pode acarretar aumentos de vendas; - outros fatores que se constituam em mudanças de parâmetros usados para o cálculo da contingência. Uma vez que a entidade tenha reconhecido e contabilizado os even- tos que produzem impacto ambiental, ela deve ser capaz de gerar relatórios C E D E R J 109 A U LA 4que evidenciem a situação econômica, fi nanceira e patrimonial da gestão, bem como os resultados que a mesma obteve em determinado período. Nesse sentido, a empresa deve ser capaz de avaliar a atuação da gestão não apenas nos aspectos qualitativos, como também nos aspectos econômicos. A seguir, apresentaremos um quadro de uma situação fi ctícia que exemplifi ca a comparação dos custos assumidos pela produção, no caso de existência e de não existência de gestão ambiental na empresa. Nessa análise, são considerados apenas os custos relativos ao meio ambiente, deixando de lado os custos relativos à produção que conti- nuam a ocorrer, supondo que apenas a produção seja responsável pela degradação. Caso outras áreas também degradem, tratamento análogo deve ser dispensado para a apuração do resultado de cada uma delas. Com base na tabela, tem-se que, sem considerar a gestão ambien- tal, o custo da degradação provocado pela atividade de produção seria de R$ 10 milhões, ao passo que, com a gestão ambiental, a produção passa a incorrer com os custos de R$ 1,84 milhão, referentes aos serviços prestados. Ocorre uma mudança na natureza dos custos de produção na medida em que são trocados os custos de degradação por custos de prevenção, recuperação e reciclagem. Destaca-se que, além da redução de custos, a empresa também se benefi cia com a redução do seu passivo ambiental contingente. Isso signifi ca dizer que a aplicação do modelo pressupõe o reconhecimento do passivo ambiental contingente por parte da empresa, embora alguns céticos considerem que ela não tem interesse em evidenciar este passivo por questões de imagem. Porém, a despeito dessa consideração, é preciso que a empresa reconheça este passivo, ainda que apenas internamente, para que possa gerenciá-lo. Tabela 4.2: Situação de custos ambientais Contas Sem Gestão Ambiental Com Gestão Ambiental Custos Ambientais - Degradação ambiental - Serviços de prevenção - Serviços de recuperação - Serviços de reciclagem - Material reciclado R$ 10.000.000,00 0 0 0 0 0 R$ 1.200.000,00 R$ 470.000,00 R$ 95.000,00 R$ 75.000,00 Total R$ 10.000.000,00 R$ 1.840.000,00 Fonte: Adaptado pelo autor. 110 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente Responda se as afi rmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justifi cando a sua resposta quando a mesma for falsa. a) O evento que representa o reconhecimento de uma mudança de expectativas sobre os efeitos previstos da degradação, cuja contingência já tenha sido registrada, denomina-se Amortização da Provisão para Gastos Operacionais de Manutenção do Ativo Operacional. ( ) verdadeiro ( ) falso ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ b) A formação do investimento é o principal evento econômico ambiental a ser considerado. A sua mensuração é baseada nos efeitos econômicos previstos, resultante da degradação ocorrida e que deve ser reconhecida no momento da ocorrência. ( ) verdadeiro ( ) falso _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ c) A Reversão da Previsão para Contingências Ambientais pode ser uma consequên- cia dos efeitos no marketing, em razão da mudança da imagem da empresa, com o advento de projetos de preservação ambiental, o que pode acarretar aumentos de vendas. ( ) verdadeiro ( ) falso _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ d) A Receita de venda de produto reciclado refere-se ao preço de mercado para o produto reciclado pronto, que poderá ser transferido para a produção ou ser vendido a terceiros. ( ) verdadeiro ( ) falso _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Respostas Comentadas a) Falso. Trata-se do evento Reversão da Previsão para Contingências Ambientais. b) Falso. A degradação produzida é o principal evento econômico ambiental a ser considerado. c) Verdadeiro. d) Verdadeiro. Atividade 3 3 C E D E R J 111 A U LA 4CONCLUSÃO Acredito que agora você reconheça que a Contabilidade tem uma grande aplicação para o campo da Gestão Ambiental. Por essa razão, é muito importante que um administrador conheça estes conceitos e saiba como aplicá-los no seu cotidiano de gestão. Depois que a entidade tenha reconhecido e contabilizado os eventos que produzem impacto ambiental, ela deve gerar relatórios que demons- trem a situação econômica, fi nanceira e patrimonial da gestão, bem comoos resultados que a mesma obteve em determinado período. Um gestor resolveu adquirir e instalar um equipamento para reciclar os materiais empregados no processo produtivo. Para tanto, adotou uma atividade de reciclagem, cujos eventos são descritos a seguir: 1º) Formação do investimento: O custo do investimento (aquisição e instalação) é de R$ 85.000,00. É representado pelos gastos com material, equipamentos, pessoal, serviços técnicos e outros. 2º) Conclusão do investimento: Na conclusão do investimento, verifi cou-se que o preço de mercado do investimento é de R$ 100.000,00. 3º) Entrada em operação: Os benefícios esperados, representados pela eliminação dos custos de degradação, são: tratamento de doenças, R$ 5.000,00; impostos/ multas, R$ 100.000,00; indenizações, R$ 100.000,00; vendas não canceladas, R$ 90.000,00; adicional de insalubridade, R$ 5.000,00. O total de benefícios é de R$ 300 mil, e o valor do ativo é de R$ 100 mil. 4º) Provisão para gastos operacionais (eles devem ser deduzidos dos benefícios esperados na apuração do resultado): custos de manutenção previstos para o equipamento no montante de R$ 40.000,00. Atividade Final 2 3 112 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente 5º) Amortização do investimento: a amortização realizada com base em 10.000 unidades produzidas no período será de R$ 30.000,00. 6º) Amortização da Provisão para gastos operacionais: os custos de amortização provisionados (que podem ou não ser incorridos) são de R$ 4.000,00. 7º) Custos de manutenção do ativo operacional: os custos incorridos no período foram de R$ 2.000,00. 8º) Receita de serviços da gestão ambiental: os serviços de prevenção ambiental prestados foram de R$ 30.000,00. 9º) Custos de estrutura de atividade: os custos fi xos da atividade de prevenção foram de R$ 500,00. Realize a apuração de resultado dessa atividade de prevenção e levante o balanço patrimonial, com base nos eventos descritos, completando os quadros a seguir apresentados: Modelo de Apuração do Resultado – Atividade: Prevenção Contas Itens Total Receitas Serviços de gestão ambiental/benefícios do investimento Outros ( - ) Custos Variáveis Amortização Outros Margem Operacional Receitas Financeiras Custos Financeiros Margem Financeira Resultado do Investimento Ganho/perda do projeto Ganho/perda da incorporação da atividade Resultado da Manutenção Custos de manutenção Reversão da provisão para manutenção do ativo Custos fi xos Resultado da Atividade C E D E R J 113 A U LA 4 COMENTÁRIO Para a elaboração do Balanço Patrimonial, vamos começar com o preenchimento do ativo e, em seguida, do passivo: Na conta corrente produção, que é o único item do ativo circulante, entram as receitas de serviços ambientais (8º evento), R$ 30.000,00. O Ativo Imobilizado é representado pelo valor dos benefícios, que devem ser deduzidos da amortização acumulada e da baixa na provisão para gastos de manutenção (3º, 4º, 5º e 6º eventos). No 3º evento, aparecem os benefícios no valor de R$ 300.000,00 (saldo devedor no Ativo Imobilizado). No 5º evento, é informada a amortização do investimento; logo, a Amortização acumulada será de R$ 30.000,00 (saldo credor no ativo imobilizado). No 4º evento, aparece a Provisão para gastos operacionais no valor de R$ 40.000,00 (saldo credor no ativo imobilizado). Esta provisão deve ser reduzida no montante do valor da amortização da provisão para gastos operacionais referida no 6º evento (R$ 4.000,00), ficando com saldo credor de R$ 36.000,00 no ativo imobilizado. No Passivo Circulante, estão os fornecedores que viabilizam o investimento no montante do gasto (1º evento), R$ 85.000,00 com saldo credor. As Contas a Pagar são representadas pelos custos de manutenção do ativo operacional e pelos custos de estrutura de atividade (7º e 9º eventos), perfazendo R$ 2.000,00 com saldo credor. Balanço Patrimonial – Atividade: Prevenção ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Conta corrente produção Fornecedores Contas a pagar Previsão para contingências ambientais Ativo Imobilizado Patrimônio Líquido (PTLQ) Ativo para prevenção ambiental Prejuízo ambiental exercício anterior Amortização acumulada Resultado do exercício Provisão para gastos de manutenção Valor do Ativo Imobilizado TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO + PTLQ 114 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente O resultado constante no balanço vem da apuração de resultado a seguir descrita. No campo Receitas, entram as receitas de serviços ambientais (8º evento), R$ 30.000,00. No campo relativo aos custos variáveis, são lançadas as amortizações variáveis com a produção (5º evento), (R$ 30.000,00). A margem operacional é o resultado das duas contas (receitas menos custos). Não existem receitas nem despesas financeiras. Os ganhos do projeto decorrem da diferença entre o valor do investimento e o preço do ativo no mercado (1º e 2º eventos), R$ 15.000,00. Os ganhos e as perdas da atividade decorrem dos benefícios esperados deduzidos do valor do ativo e estes deduzidos das provisões para gastos operacionais (3º e 4º eventos). Valor do benefício: R$ 300.000,00 (3º evento). Valor do ativo: (R$ 100.000,00) (3º evento). Valor da provisão: (R$ 40.000,00) (4º evento). Resultado: R$ 160.000,00. O resultado da manutenção é apurado com base nos custos de manutenção deduzidos da reversão da provisão para manutenção do ativo (6º e 7º eventos). Custos de manutenção: R$ 2.000,00 (7º evento). Reversão da Amortização da Provisão: R$ 4.000,00 (6º evento). Resultado da manutenção: R$ 2.000,00 Os custos fixos estão descritos no 9º evento. R$ 500,00 O resultado da atividade é levado para o Balanço. Balanço Patrimonial – Atividade: Prevenção ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Conta corrente produção 30.000,00 Fornecedores 85.000,00 Contas a pagar 2.500,00 Previsão para contingências ambientais 0,00 Ativo Imobilizado Patrimônio Líquido (PTLQ) Ativo para prevenção ambiental 300.000,00 Prejuízo ambiental exercício anterior 0,00 Amortização acumulada (30.000,00) Resultado do exercício R$ 176.500,00 Provisão para gastos de manutenção (36.000,00) Valor do Ativo Imobilizado 234.000,00 TOTAL DO ATIVO 264.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PTLQ R$ 264.000,00 C E D E R J 115 A U LA 4 Modelo de Apuração do Resultado – Atividade: Prevenção Contas Itens Total Receitas • Serviços de gestão ambiental/ benefícios do investimento • Outros 30.000,00 – 30.000,00 ( - ) Custos Variáveis • Amortização • Outros (30.000,00) – (30.000,00) Margem Operaconal R$ 0 Receitas Financeiras R$ 0 Custos Financeiros R$ 0 Margem Financeira R$ 0 Resultado do Investimento Ganho/perda do projeto Ganho/perda da incorporação da atividade R$ 15.000,00 R$ 160.000,00 R$ 175.000,00 Resultado da Manutenção • Custos de manutenção • Reversão da provisão para manutenção do ativo (R$ 2.000,00) R$ 4.000,00 R$ 2.000,00 Custos fi xos R$ 500,00 R$ 500,00 Resultado da Atividade R$ 176.500,00 Com o avanço das questões ambientais postas pelo aumento da degradação do meio ambiente, surgiu a necessidade de processar e analisar um conjunto maior de informações nessa área. Em especial, havia a necessidade de informações econômico-fi nanceiras que permitissem lidar com os problemas de gestão do meio ambiente, pois a contabilidade tradicional não supria esta demandainformacional. Por essa razão, a necessidade informacional da Gestão Ambiental impôs o desenvolvimento de uma Contabilidade Ambiental, de tal forma a prover as informações adequadas sobre o meio ambiente. R E S U M O 116 C E D E R J Gestão Ambiental | Os elementos da Contabilidade do Meio Ambiente A Contabilidade Ambiental não se refere a uma nova contabilidade, mas sim a uma especialização da Ciência Contábil. Essa nova área da Contabilidade abrange os seguintes aspectos: a Auditoria Ambiental, a Contabilidade Financeira Ambiental e a Contabilidade de Custos ou Contabilidade Gerencial Ambiental. A Auditoria Ambiental diz respeito à avaliação dos procedimentos relativos ao meio ambiente, bem como dos riscos que as ações da empresa sobre o ambiente natural podem acarretar sobre o seu patrimônio. A Contabilidade Financeira Ambiental tem por fi nalidade disponibilizar, para o público externo, informações acerca dos ativos e passivos ambientais da empresa. Por fim, a Contabilidade Gerencial Ambiental trata da mensuração dos eventos econômicos ligados ao capital natural e da produção de informações para os gestores do meio ambiente. A Contabilidade Ambiental surgiu a partir da necessidade de informações econômico-fi nanceiras que permitissem lidar com os problemas de gestão do meio ambiente, uma vez que a contabilidade tradicional não estava capacitada para suprir esta demanda informacional. O problema relativo à escolha de quais mudanças relevantes nos recursos econômicos, relativamente ao meio ambiente, deveriam ser objeto de contabilização foi uma questão muito debatida. Os pesquisadores foram da opinião de que os eventos econômicos de natureza ambiental seriam considerados apenas nos casos em que o dano fosse o resultado de ato contrário à legislação em vigor, no instante de sua ocorrência. Assim, quando ocorresse um dano ao meio ambiente, mas a lei admitisse sua ocorrência, tal fato não seria considerado um evento econômico. As contas ambientais possuem uma classifi cação própria, sendo designadas da seguinte forma: ativos, passivos e patrimônio líquido meio ambiente; e as contas de resultado, ou seja, receitas, custos, despesas, ganhos e perdas meio ambiente. Empregamos o termo meio ambiente após o nome tradicional da conta. A Contabilidade Ambiental também requer o emprego de um Plano de Contas, que se constitui em peça fundamental de um planejamento contábil. C E D E R J 117 A U LA 4 Como a Contabilidade Ambiental não constitui uma outra contabilidade, todos os eventos econômicos ou fatos contábeis relativos às operações da empresa, e que causem impacto no meio ambiente, devem ser registrados normalmente no sistema de informações contábeis tradicionais. Vimos que um ativo ambiental representa todos os benefícios econômicos de natureza ambiental, futuros e prováveis, que são controlados ou obtidos por uma entidade ou organização, como consequência de prevenção, recuperação, monitoramento e reciclagem. Na Contabilidade Financeira Ambiental, vimos que a contabilização dos eventos ambientais também requer o emprego de um Plano de Contas, que se constitui em peça fundamental de um planejamento contábil. Um Plano de Contas deve ser objetivo e claro, contendo as contas que receberão os registros das transações econômicas realizadas ou dos fatos geradores. Ademais, um Plano de Contas deve ter uma estrutura fl exível, de tal forma a permitir atualizações que garantam a fi delidade dos registros em face das transações realizadas. Por fim, vimos a Contabilidade Gerencial Ambiental. Os usuários das informações gerenciais ambientais são internos à empresa. Em geral, são aqueles colaboradores responsáveis diretamente pela gestão ambiental da empresa. Emprega-se recorrentemente na Contabilidade Gerencial Ambiental o sistema Gecon. Nele, sob o ponto de vista operacional, os objetos do gerenciamento, ou aspectos físicos do processo de gestão, são a quantidade, a qualidade e os prazos. Sob a ótica econômica, o gerenciamento é voltado para os custos dos recursos consumidos e para as receitas geradas pelos produtos e serviços. Por sua vez, o aspecto fi nanceiro é representado pelos impactos causados nos fl uxos de pagamentos e recebimentos, bem como pelos prazos em que esses eventos ocorrem. Assim, o resultado de cada decisão tomada deve ser mensurado com base nesses aspectos.