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Infecções congênitasInfecções congênitas S5-Ped Gabriela Brito TORCHS ossos, articulações, coração, rim, pân- creas, pulmão, fígado e baço, carac- terizando doenças multisistêmicas. CASO CLÍNICO Diagnóstico sindrômico: Diagnóstico anatômico: Diagnóstico nosológico: Você está na UBS trabalhando como pediatra da prefeitura de Caucaia realizando atendimentos na pueri- cultura. Chega uma mãe com seu filho de 20 dias de vida (prematuro de 33 semanas), para sua primeira consulta. A mãe fez apenas 2 consultas de pré- natal. A mãe refere que ele está com coriza purulenta desde a primeira semana de vida ("resto de parto"- sic), colúria e dor intensa no MSD (ela acha que foi por causa da BCG). Ao exame físico você detecta icterícia cutâneo-mucosa e hepatomegalia. Ele não realizou as tria- gens neonatais. Síndrome colestática, ictérica e álgica. Fígado e osteo-articular. Nome da doença. INFECÇÕES CONGÊNITAS Podem ser assintomáticas, manifestar- se ao nascimento ou nos primeiros meses. Podem causar morte fetal, aborto, RCIU, prematuridade. Podem afetar olho, ouvido, SNC, pele, mucosa, SÍNDROME COLESTÁTICA Investiga por: BTF, TGO, TGP, FA, GGT, Albumina, US abdominal, Culturas SEM PRÉ-NATAL E TRIAGENS PREMATURIDADE CORIZA PURULENTA E DOR NO MSD Triagens neonatais feitas e com resultado negativo Sorologia para TORCHS positiva SÍFILIS CONGÊNITA TO xoplasmose --> Protozoário R ubéola --> Vírus (não tem tto) C itomegalovírus --> Vírus H erpes --> Vírus S ífilis --> Bactéria Toxoplasmose O hospedeiro intermediário da toxo- plasmose é o gato. Toxoplasma gondii é parasita intracelular obrigatório, vai S5-Ped Gabriela Brito ocorrer após a infecção materna primária ou reativação em pacientes imunodeprimidas. Infecção materna primária --> Infecção transplacentária do feto (risco de cerca de 40%). ETIOPATOGENIA Quanto menor a idade gestaciona, menor é a probabilidade de transmis- são, porém mais grave a infecção (irrigação placentária X embriogênese) a replicação ativa na placenta da para- sitemia atingindo todos os sistemas or- gânicos do corpo (predileção pelo SNC e olho). No SNC áreas de necrose, acompanhadas de processo infla- matório perivascular, que sofrem calcificação precoce. QUADRO CLÍNICO Cerca de 70% não apresentam manifestações clínicas, 20% vão ter casos leves e somente 10% vão apresentar manifestações graves. 80-90% dos RNs infectados são oligo/ assintomáticos, e apresentam princi- palmente manifestações neuro-oftal- mológicas e viscerais. Forma neuro-oftalmológica: Ocorrem mais nas fases iniciais da gestação. Alterações do LCR, calcifica- ções intracranianas difusas, hidroce- falia obstrutiva (mais comum), macro ou microcafelia, convulsões e coriorre- tinite. Coriorretinite: Comprometimento clássico mais frequente na toxoplas- mose congênita (bilateral na maioria dos casos). Pode estar presente ao nasci- mento ou aparecer mais tardiamente (meses). Infec- ção da câmara posterior do olho. As principais complicações são: - Iridociclite; - Glaucoma; - Catarata; - Estrabismo; - Microftalmia (20%); - Deslocamento de retina São recorrentes e progressivas. S5-Ped Gabriela Brito Forma generalizada: São as apresentações viscerais e neurológicas, fases mais tardias da gestação. Apresenta como manifesta- ções clínicas: - Coriorretinite; - Adeno/hepatoesplenomegalia; - Icterícia; - Alterações ósseas; - Anemia hemolítica; - Plaquetopenia; - Petéquias; - Embolias; - Miocardite, endocardite, pericardite, pneumonite, síndrome nefrótica. Tétrade de Sabin: Coriorretinite + calcificações difusas + hidrocefalia (macro ou microcefalia) + retardo do DNPM/convulsões IMAGEM Radiografia simples de crânio: Tomografia e USTF de crânio: Presença de calcificações intracrania- nas difusas é um achado típico, vistas a partir do 3º mês de vida até os 2 anos. Evidenciam melhor a atrofia cortical e as dilatações ventriculares e vê as calcificações que não são vistas na radiografia. DIAGNÓSTICO Baseado na clínica e na pesquisa do agente etiológico. Pesquisa direta (LCR, sangue periféri- co, urina e cordão umbilical) --> Confir- matório, baixo custo benefício. Sorologia (ELISA) IgM nos 6 primeiros meses de vida, persistência do IgG por mais de 12 meses ou teste de avidez +. TRATAMENTO Em RNs sadios cujas mães tiveram toxoplasmose na gravidez: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ác. folínico (por 30 dias). Toxoplasmose congênita sintomática: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ác. folínico (por 1 ano). Acrescentar prednisona se houver processo inflamatório (coriorretinite ou hiperproteinorraquia). Rubéola Ser humano é o único hospedeiro do vírus. O risco de defeitos anatômicos é maior quando a infecção é adquirida no 1º trimestre da gestação. As malfor- mações dependem da fase da gestação em que ocorreu a viremia. S5-Ped Gabriela Brito ETIOPATOGENIA Viremia materna --> Infecção placentá- ria --> Viremia fetal (instalação nos órgãos). Infecção após 20 semanas de gestação geralmente NÃO está associ- ada a malformações fetais. Replicação viral --> Anormalidades mi- tocondriais e do esqueleto celular, apoptose, inibição da mitose --> HIPO- PLASIA DE ÓRGÃOS (tudo pequeno). TRÍADE CLÁSSICA Microcefalia ou Surdez + Persistência do canal arterial + Catarata. QUADRO CLÍNICO Deficiência auditiva: Mais de 50% dos recém nascidos infec- tados são assintomáticos. O retardo do crescimento intrauterino (RCIU) ocorre em 50-85% dos casos. A rubéola congênita é a infecção mais associada a RCIU e baixo peso ao nascer. Acomete cerca de 60-70% dos RN infectados. É a manifestação mais comum, alterações degenerativas da cóclea e do órgão de Corti. Manifestações cardíacas: Acometem cerca de 50% dos casos infectados. As principais são persistên- cia do canal arterial e estenose pulmo- nar. Malformações oculares: Catarata (25%), estrabismo, galucoma, retinopatia e microftalmia. SNC: Outras: Microcefalia (30%), meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor. Hepatoesplenomegalia, icterícia, lesão óssea, anemia hemolítica, púrpura trombocitopênica, miocardite, miosite, diarréia, disfunção tireoideana. DIAGNÓSTICO Mãe com rubéola suspeita ou confir- mada na gestação. O diagnóstico é feito ao nascimento pelas malforma- ções (RCIU + manifestações clínicas sugestivas), IgM + (confirma) ou IgM - e IgG + (repetir após 3 meses e se + Rubéola Congênita). S5-Ped Gabriela Brito Isolamento viral: Outros exames: Pode ser encontrado por vários meses na urina, orofaringe (melhor) e diversos órgãos. Hemograma, raio-x de ossos longos, ecocardiograma, neuroimagem e ava- liação auditiva. TRATAMENTO A rubéola NÃO tem tratamento medicamentoso específico que altere o curso da infecção. São feitas correções cirúrgicas das complicações (catarata e cardiopatia). É feita vacinação de RN suscetíveis e precauções de contato de infectantes no 1º ano. Citomegalovírus É a infecção congênita mais comum, o ser humano é o único hospedeiro, é a principal causa infecciosa de sequelas neurológicas e surdez neurossensorial, Faz parte do grupo herpesvírus (infec- ção primária --latência -- recidivas -- cronicidade): - CMV e EBV; - Vírus herpes simples 1 e 2; - Vírus varicela-zoster; - Herpesvírus humano 6 e 7; ETIOPATOGENIA Ocorre por primoinfecção da mãe na gestação ou reativação do processo latente. A transmissão viral de 40% dos casos de infecção na gravidez (trans- placentário, durante o parto ou pelo leite materno). Só cerca de 10% dos RNs infectados serão sintomáticos, e desse 20-30% serão casos graves. Maior gravidade ocorre se infecção nas fases iniciais da gestação. A maior probabilidade de contaminação ocorre no 3º trimestre. A eliminação do vírus pelo RN é de longa duração,podendo ocorrer pela urina, saliva e orofaringe. QUADRO CLÍNICO - Prematuridade e RCIU; - Hepatoesplenomegalia; - Icterícia; - Hepatite; - Pneumonite intersticial; - Anemia; - Trombocitopenia; - Linfocitose; S5-Ped Gabriela Brito SNC: Microcefalia, calcificações periventri- culares, coriorretinite, atrfia óptica, surdez neurossensorial (principal causa infecciosa na infância- 15% dos sintomáticos). Icterícia + Hepatoesplenomegalia + Petéquias --> Forma mais comum ao nascimento. DIAGNÓSTICO A sorologia tem um papel limitado, pois tem muito falso + e passagem de IgG materno pela placenta. Isolamento viral (PCR): Urina e saliva. Tem maior sensibilidade e especifici- dade. Histopatológico e citológico: Células citomegálicas com inclusões nucle- ares e citoplasmáticas. TRATAMENTO Ganciclovir por 6 semanas, IV, promove a diminuição da progressão da doença auditiva e neurológica em RNs graves. Tem toxicidade elevada!! Herpes O herpes simples pode ser tipo 1 e tipo 2. Tipo 1: Lesões labiais e gengivoesto- matite. Tipo 2: Lesões genitais (DST)--> Afecção do recém-nascido. ETIOPATOGENIA Infecção neonatal na maioria das vezes ocorre na passagem do RN pelo canal do parto, causando uma infecção PERINATAL e não congênita. A infecção congênita (rara) acontece após infecção primária pelo HSV, com viremia e infecção fetal por via hemato- gênica (transplacentária). Nos primeiros meses pode causar aborto e no final da gestação tem maior risco de infecção do RN. QUADRO CLÍNICO Infecção congênita: Abortamento espontâneo (hidropsia). Apresenta tríade clássica: Vesículas cutâneas/escaras de cica- trização + Ceratoconjuntivite + micro/hidrocefalia S5-Ped Gabriela Brito Infecção perinatal: O recém nascido só se torna sintomáti- co após a 1ª semana. Tem forma localizada (olhos, boca e pele), forma neurológica (aparece a partir da 2ª se- mana) e a forma disseminada (mais co- mum, mais grave, sepse-like e tem alta letalidade). DIAGNÓSTICO O melhor método diagnóstico é o isolamento do vírus em cultura de teci- dos. PCR, alterações no LCR. Sorologia tem valor limitado. TRATAMENTO Faz isolamento de contato do RN pelo risco de transmissão. Profilaxia é o parto cesário e trata com: Aciclovir EV (por 14-21 dias) --> Trata- mento de escolha. Sífilis É resultado da disseminação hemato- gênica do treponema pallidum a partir da infecção materna. A via de transmissão é a transplacentária em qualquer idade gestacional ou através do canal de parto (mais raro). Cerca de 50% dos RN infectados não apresenta sintomas ao nascimento (até 3 meses de vida). ETIOPATOGENIA Há risco de 70% na fase primária, 100% na forma secundária e 30% na forma terciária de transmissão em não tratadas (bacteremia). O risco de transmissão aumenta com o passar da gravidez (2º e 3º trimestre). Pode afetar fígado, pele, mucosas, pâncreas, pulmões, esqueleto e SNC. Pode evoluir para óbito fetal ou morte neonatal precoce em gestantes não tratadas. SÍFILIS CONG. PRECOCE Lesões cutâneo-mucosas: Pênfigo palmo-plantar, condilomas planos, placas mucosas, fissuras labiais, rinite piossanguinolenta (coriza sifilítica- nariz em sela é complicação). S5-Ped Gabriela Brito Lesões ósseas: Osteocondrite metafisária (75-100% dos casos), pseudoparalisia de Parrot (patognomônico da sífilis) e periostite. Lesões viscerais: Hepatoesplenomegalia e icterícia, sín- drome nefrítica e nefrótica, manifesta- ções hemorrágicas e pneumonite. Anemia hemolítica, leucocitose, plaquetopenia, CIVD, meningite, hidro- cefalia obstrutiva, coriorretinite, cerati- te intersticial, catarata, uveíte, atrofia óptica, miocardite, desnutrição, baixo ganho de peso, prematuridade. SÍFILIS CONG. TARDIA A partir dos 2 anos (descartar sífilis adquirida). Apresenta bossa frontal, espessamento da junção esterno-clavi- cular, arqueamento tibial, dentes de Hutchinson, maxilar curto, nariz em sela, surdez neurossensorial, hidroce- falia, retardo mental, ceratite intersticial, catarata, coriorretinite, atrofia óptica. DIAGNÓSTICO Pesquisa direta do treponema (por campo escuro ou placenta). Coleta de lesões úmidas, placenta, coto umbili- cal e fossas nasais --> Definitivo. Reações sorológicas (detecção de anticorpos): - Teste não treponêmico: VDRL. - Teste treponêmico: FTA-ABS TRATAMENTO PENICILINA por 10 dias. Isolamento nas primeiras 24h, negativação do VDRL após 12-15 meses de tratamento. Fazer avaliação oftalmológica, audio- lógica e neurológica até 2 anos de idade. Neurosífilis--> Penicilina CRISTALINA (atravessa barreia hematoencefálica). S5-Ped Gabriela Brito S5-Ped Gabriela Brito 1. A clássica tétrade de Sabin caracteriza infecção congênita grave da toxoplasmose congênita. Assinale a opção que NÃO contém uma característica dessa tétrade: A. Coriorretinite B. Retardo mental C. Surdez neurossensorial D. Hidrocefalia E. Calcificações cerebrais 2. A coriorretinite é uma das principais manifestações clínicas da toxoplas- mose congênita. Sobre essa alteração, assinale verdadeiro ou falso: (F)Ocorre quando a infecção ocorre nas fases finais da gestação. (V)É mais frequentemente bilateral. (F)Sua principal complicação é a ceratite e úlcera de córnea. (F)Manifesta-se em 100% dos casos ao nascimento. (F)Caracteriza-se pelo envolvimento da câmara anterior do olho. 3. Lactente de 2 meses chega ao ambulatório para atendimento e a mãe relata ter notado que a criança não reage aos ruídos. Na história gestacional e do parto, vimos que nasceu de parto vaginal, a termo e que foi pequeno para a idade gestacional. O teste da orelhinha foi anormal e o reflexo vermelho está ausente unilateralmente. Ao exame apresentava sopro sistólico 2+/6+ em bordo esternal esquerdo alto e perímetro cefálico está abaixo do percentil 5. Diante do diagnóstico mais provável, a conduta é: A. Iniciar sulfadiazina e pirimetamina B. Administrar ganciclovir por 6 semanas C. Administrar penicilina cristalina por 10 dias D. Manejo das sequelas e cuidados com a transmissão por 1 ano 4. Qual a clínica clássica da síndrome da rubéola congênita? Catarata + Surdez + Microcefalia + Cardiopatia 5. Na avaliação de um RN com 2300g, 46 cm de comprimento e 29 cm de perímetro cefálico, solicita-se radiografia de crânio e de ossos longos, que demonstram apenas calcificações cerebrais. As infecções congênitas mais compatíveis com o quadro descrito são: A. Rubéola e Toxoplasmose. S5-Ped Gabriela Brito B. Citomegalovirose e rubéola. C. Toxoplasmose e citomegalovirose D. Herpes simples e toxoplasmose. E. Sífilis e citomegalovirose. 6. Faça a correlação entre as colunas: 1-Surdez neurossensorial 2-Periostite e osteocondrite 3-Catarata congênita 4-Vesículas na boca, olhos e pele (1) Citomegalovírus (3) Vírus da rubéola (2) Treponema pallidum (4) Herpes simples A. 1 - 2 - 3 - 4 B. 1 - 3 - 4 - 2 C. 1 - 3 - 2 - 4 D. 3 - 1 - 2 - 4 E. 4 - 1 - 2 - 3 7. Qual a clínica clássica da síndrome do herpes congênito? - CERATOCONJUNTIVITE - ESCARAS - MICRO/HIDROCEFALIA - VESÍCULAS 8. A sífilis congênita resulta da disseminação transplacentária do Tre- ponema pallidum da gestante infec- tada não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto. Assinale a alternativa que enumera carac- terísticas clínicas da sífilis congênita tardia. A. Pênfigo palmo-plantar e condiloma plano B. Periostite, icterícia e hepatoes- plenomegalia C. Rinite serossanguinolenta e hepato- megalia D. Tíbia em sabre e nariz em sela E. Anemia e pseudoparalisia de membros 9. Lactente com história materna de sífilis, não tratada adequadamente no sétimo mês de gestação, apresenta-se assintomático, com anemia no hemograma e exame do LCR com aumento de celularidade. A conduta mais adequada é: A. Acompanhamento radiológico e do LCR B. Acompanhamento clínico e sorológico C. Penicilina procaína por 10 – 14 dias D. Penicilina benzatina dose única E. Penicilina cristalinapor 10 – 14 dias
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