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Dessensibilização, taquifilaxia e tolerância - Quando um fármaco se liga ao receptor, ele o ativa e além dele produzir um efeito terapêutico ele pode gerar uma dessensibilizaçãoou taquifilaxia e tolerância - O efeito do fármaco diminui gradativamente quando ele é administrado de maneira continua e repetida e isso acontece devido a diversos mecanismos. Dessensibilização ou taquifilaxia: quando a diminuição da atividade do fármaco ocorre rapidamente, após minutos ou horas. Ela acaba sendo imperceptível pelo paciente, não trás impacto. A dessensibilização é o mecanismo responsável pela taquifilaxia. Tolerância: quando a diminuição da atividade do fármaco ocorre em um tempo maior, após dias, semanas, meses ou anos de uso. É quando um individuo deixa de experimentar o efeito terapêutico máximo do medicamento devido ao seu uso crônico. Trás impacto ao paciente pois não faz mais o mesmo efeito de quando se começou a usar. Comum em fármacos que agem no SNC, antidepressivos, ansiolíticos e em fármacos para emagrecimento. Após um tempo tem que trocar de remédio - O termo “resistência” é a perda da eficácia dos fármacos antimicrobianos ou antitumorais. - O medicamento pode diminuir sua eficácia devido a diversos mecanismos endógenos: 1. Alteração nos receptores ou dessensibilização nos receptores: Sabemos que existe o estado ativo e o inativo do receptor, mas pode existir o estado dessensibilizado, que é quando fármaco se liga, ativa o receptor e este sofre uma dessensibilização, irá ocorrer uma alteração conformacional do receptor devido a uma grande concentração de agonista. O receptor será superativado, sofrerá dessensibilização por um tempo muito curto e enquanto isso o fármaco não consegue se ligar, a informação é paralisada no meio do caminho, porem o receptor retorna depois pro seu estado normal ativo ou inativo. Portanto isso não altera significamente a clinica no paciente. Existe a presença da molécula, porem em grande quantidade. Ex: acetilcolina. Quando ela se liga ao receptor, ela o ativa e promove um alto influxo de sódio, porem em grande concentração no momento da ativação o receptor será dessensibilizado e a acetilcolina não vai conseguir se ligar a ele devido a alteração conformacional que durará milésimos de segundos. Após isso ele se altera novamente e a acetilcolina consegue se ligar. Ex: receptor nicotínico muscular 2. Perda de receptores ou down regulation: Existem receptores que após serem ativados continuamente, são internalizados pelo processo de endocitose para que haja uma recuperação do receptor para que depois ele seja reativado e liberado para novas reações. No momento da internalização o fármaco para de fazer seu efeito e para se normalizar basta suspender o medicamento. Ex: opioides (analgésicos). A morfina é um opioide, e quando o paciente faz a utilização de horário chega um ponto que ela não produz mais o efeito devido ao mecanismo de perda de receptores, pois sempre que utilizamos a morfina ela chega, se liga e ativa os receptores e produz sua ação, e quando o fármaco se desliga do receptor ele sofre sua internalização. Devido ao uso de horário, quando a morfina é utilizada novamente ela chega para se ligar mas ainda não deu tempo do receptor ser liberado, então ela não produz o efeito e então começa-se a aumentar a dose pois esse aumento, aumenta a possibilidade da morfina se ligar e buscar os receptores que ainda estão disponíveis. Ex: Após 8 horas de administração continua de isoprenalina, o numero de receptores beta- adrenérgico cai para cerca de 10% do normal. Essa internalização acaba sendo vantajosa no tratamento de algumas patologias, como a endometriose ou o câncer de próstata: ação paradoxal (apesar de ser ruim, pode ser boa em alguns casos) Ex: na endometriose temos um hormônio que se liga aos receptores no endométrio e manda acontecer a morte do endométrio fora do período menstrual, então utiliza-se um fármaco com hormônios análogos só que de forma excessiva, e de tanto se ligar aos receptores isso vai causar internalização dos receptores, no caso a tolerância, e os hormônios não vão conseguir se ligar e a endometriose para de acontecer. Ex: no câncer de próstata o hormônio derivado da testosterona se liga aos receptores da próstata e promove seu crescimento, então basta aplicar de forma exógena um derivado em quantidade excessiva. 19/10/2021 Isabela Machado 3. Depleção de mediadores: Ocorre a perda de uma substancia intermediaria essencial. O paciente fica tolerante ao medicamento devido a diminuição de mediadores devido ao esgotamento do seu deposito. Ex: esgotamento do depósitos de aminas durante administração contínua de anfetaminas. Ex: esgotamento do deposito de noradrenalina durante a administração de anfepramona. Isso ocorre pois a anfepramona usada pra emagrecer impede agindo sobre o transportador de monoaminas o armazenamento da noradrenalina nas vesículas e consequentemente leva a um aumento da sua liberação na fenda sináptica e secreção, gerando uma ação maior, assim o paciente aumenta sua atividade adrenérgica e gasto calórico, assim como também provoca efeitos adversos devido ao excesso. Porem, para gerar o efeito precisa-se ter noradrenalina já armazenada antes, para se estimular sua liberação e secreção mais rápida. Vai sendo liberada noradrenalina da vesícula ate o ponto que a velocidade de liberação passa a ser mais rápido que a velocidade de produção da noradrenalina e nesse momento o fármaco para de fazer o efeito pq não tem noradrenalina sendo produzida para ser armazenada e liberada. Por isso a maioria dos fármacos de emagrecimento tem um prazo de utilização e precisam ser trocado. Ex: fármacos como os antidepressivos vão aumentar a concentração dos hormônios que estão faltando ou então vão causar o mesmo efeito deles, uma vez que depressão é devido a falta destes hormônios 4. Alteração no metabolismo dos fármacos: A administração repetida da mesma dose leva a uma redução progressiva da concentração plasmática do fármaco em virtude do aumento de sua degradação metabólica, o fármaco passa a ser metabolizado rapidamente e perder seu efeito devido a exposição do fármaco as enzimas, levando a uma atividade enzimática aumentada. Com o aumento da metabolização a meia vida diminui, e a eliminação aumenta. Ex: álcool e cafeína. Para quem nunca teve contato, uma dose de álcool é o suficiente para deixar a pessoa tonta, mas com seu uso continuo e repetido, as enzimas metabolizadores do etanol ficam superativadas e adquirem a capacidade de metabolizar o etanol muito mais rápido, então ele não faz mais o efeito que fazia antes em uma dose. Ex: barbitúricos (anti-convulsivante), Fenobarbital, Tiopental, Tiamilal, Metohexital, Secobarbital, Pentobarbital, Topiramato. 5. Adaptação fisiológica: Quando um afeito é anulado por uma resposta homeostática (adaptação fisiológica) a partir de outro sistema - anulamos um sistema mas hiperativamos um outro para compensar o que foi bloqueado. Ex: um paciente começa a utilizar um medicamento que lhe trás reações adversas mas o medico lhe informa que esses efeitos acabaram em 3 meses: irá acontecer uma adaptação fisiológica. Metformina: é um medicamento usado para diabetes tipo 2, porem trás como efeito adverso o emagrecimento pq diminui a absorção de gordura pelo intestino provocando diarreia. Muita gente usa para emagrecer, mas após 3 meses ocorre uma adaptação fisiológica e esse efeito colateral é cessado. Hidroclorotiazida + Captocril: a ação da Hidroclorotiazida é diminuir a reabsorção de sódio e consequentemente diminuir a volemia, aumentar a excreção de sódio e água e resultar no controle da pressão arterial sistêmica. Esse medicamento não pode ser utilizado sozinho para o tratamento da hipertensão pois no momento que ele inativa a reabsorção de sódio no túbulo contorcido distal, o sistema renina-angiotensina-aldosteronaé ativado como adaptação fisiológica. Em decorrência disso, a aldosterona aumenta, a volemia aumenta, e a retenção de sódio e água também aumenta como um efeito compensatório da diminuição da reabsorção de sódio no túbulo contorcido distal. Por isso, utiliza -se Captopril + Hidroclorotiazida pois Captopril é um inibidor da ECA que age ativando sobre o sistema renina-angiotensina-aldosterona, impede a ação compensatória do sistema e resulta na potencialização do efeito anti-hipertensivo. 6. Extrusão ativa do fármaco das células: Ação principalmente na glicoproteína P que é uma proteína de membrana presente nos órgão. O fármaco se liga ao seu alvo, produz seu efeito e com seu uso continuo a glicoproteina p reconhece a molécula como um agente toxico, e então começa a promover a extrusão do fármaco, ele é expulso da célula e eliminado sem atingir seu alvo e produzir seu efeito. Ex: antineoplasicos. Isabela Machado Dessensibilização, taquifilaxia e tolerância
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