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1 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE AES 1- introdução à medicina (Problema 1) - Níveis de atenção: organizar os tratamentos oferecidos pelo SUS, a partir das recomendações da OMS ( Organização Mundial da Saúde). Entender o nível em que o paciente está inserido possibilita o investimento em estratégias de melhorias gerais. ➢ O sistema é descentralizado, o que significa que a esfera de governo municipal tem aumentado as suas responsabilidades. A descentralização permite uma melhor gestão, pois o planejamento local contempla as necessidades das comunidades atendidas, além de que é possível aumentar a democratização do sistema na medida em que o gestor local está mais perto da população. A participação popular se dá por meio dos conselhos e conferências de saúde, permitindo que haja controle da sociedade sobre o sistema. Os conselhos têm caráter permanente, são deliberativos, e os representantes da população têm paridade de representação em relação ao conjunto dos demais membros, representantes de profissionais da saúde, prestadores de serviços públicos e privados. Os conselhos e as conferências devem existir nas três esferas de governo (municipal, estadual e nacional). O setor privado participa do SUS dentro do princípio organizacional da complementaridade, sendo que as instituições filantrópicas têm precedência em relação às com fins lucrativos. - Desta forma, o atendimento pelo SUS acontece em três níveis de atenção: primário, secundário e terciário. ✓ Primário: “porta de entrada” ao SUS - > Unidades Básicas ou Postos de Saúde, baixa complexidade A Portaria do Ministério da Saúde n. 648/2006, que aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS), define assim a atenção básica em saúde: A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, e dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e da continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. A atenção básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo os preceitos do Sistema Único de Saúde. Portanto, a atenção básica é entendida como o primeiro nível da atenção à saúde no SUS (contato preferencial dos usuários), que se orienta por todos os princípios do sistema, inclusive a integralidade, mas emprega tecnologia de baixa densidade. Por tecnologia de baixa densidade, fica subentendido que a atenção básica inclui um rol de procedimentos mais simples e baratos, capazes de atender à maior parte dos problemas comuns de saúde da comunidade, embora sua organização, seu desenvolvimento e sua aplicação possam demandar estudos de alta complexidade teórica e profundo conhecimento empírico da realidade. De fato, na mesma portaria, quando é descrita a infraestrutura necessária para a atenção básica, destaca-se a unidade básica de saúde, com ou sem saúde da família, com equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, cirurgião dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico em higiene dental, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde, entre outros. o grau de complexidade é considerado baixo, encaixam-se os casos mais simples, ou seja. Aqui, encontra-se o trabalho desenvolvido pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). - o foco está no agendamento de consultas e exames básicos, como curativos, radiografias e eletrocardiogramas. Há também ações para promoção da saúde pública, como as Campanhas Na UBS, o usuário do SUS irá receber Caracterizar as diferenças entres os níveis de complexidade do SUS 2 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE atendimentos básicos e gratuitos em Pediatria, Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia, de segunda a sexta-feira. Os principais serviços oferecidos pelas UBS são consultas médicas, inalações, injeções, curativos, vacinas, coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico, encaminhamentos para outras especialidades clínicas e fornecimento de medicação básica. As UBS fazem parte da Política Nacional de Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, estruturando e organizando a rede de urgência e emergência no país, para integrar a atenção às urgências. - Tem caráter preventivo, ou seja, promove a redução do risco de doenças e a proteção da saúde. Outro ponto que é importante destacar, seria o processo de triagem X acolhimento: - Triagem: processo de separação, escolha ou seleção do paciente, a partir da queixa principal. Feito por algum profissional da unidade. - Acolhimento: atender o paciente como um ser único, considerando suas excentricidades, meio social, local e qualidade de vida. O processo de acolhimento tem como objetivo promover à saúde e a qualidade de vida localmente e, para isso, é necessário desenvolver uma série de características que possibilitam essa resolução. O processo exige responsabilidade e resolutividade, no qual o trabalho fica à cargo dos grupos multiprofissionais. + O acolhimento permite saber as demandas do local (queixas mais comuns) e a satisfação da comunidade com UBS. Feedback esses que permitem saber onde é o erro e, assim, melhorar o atendimento conforme as necessidades. + Considera o risco e vulnerabilidade do usuário, garantindo a acessibilidade dele. Como fazer/planejar o acolhimento: 1- Grupos multiprofissionais para mapear o fluxo, na escolha dos profissionais é preciso separar os que estejam sensibilizados com a proposta. 2- Levantamento e análise para a organização do serviço (definição da demanda programada e demanda espontânea). 3- Rodas de conversa objetivando a coletivização. 4- Construção coletiva dos passos no procedimento de pactuação, ou seja, fazer acordos para uma decisão conjunta. 5- Articulação com as redes de saúde para encaminhamento (casos mais complexos), processo de referência. ✓ Secundário: Unidades de Pronto Atendimento (UPA) complexidade média / intermediária. - Proporciona o acolhimento de pacientes oriundos do nível primário. Neste momento, surgem os especialistas, como cardiologistas, oftalmologistas, endocrinologistas etc. Vale lembrar que, neste estágio, os equipamentos e a infraestrutura são compatíveis com a demanda. Desta forma, os profissionais possuem o suporte adequado para realizar intervenções em doenças agudas ou crônicas, além de atendimentos emergenciais. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) são estruturas de complexidade intermediária, está entre as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e as portas de urgência hospitalares, onde em conjunto com estas compõe uma rede organizada de Atenção às Urgências. Com isso ajudam a diminuir as filas nos pronto-socorro dos hospitais. A UPA oferece estrutura simplificada, com raio-X, eletrocardiografia, pediatria, laboratório de exames e leitos de observação. Nas localidades que contam com UPA, 97% dos casos são solucionados na própria unidade. - O acesso do usuário: demanda livre para atendimento de urgência, classificaçãode risco ( verde, amarelo e vermelho) e a demanda regulada pelo SISreg, orientando o fluxo de atendimento ambulatoriais referenciados pela atenção básica. Quando devo procurar uma UPA? Somente em casos de urgência e emergência traumáticas e não traumáticas. Além disso, é a opção de assistência de saúde nos feriados e finais de semana quando a UBS está fechada. Há também a situação em que o usuário pode ser encaminhado da UBS para a UPA, dependendo da gravidade ou da necessidade. ✓ Terciário: Os grandes hospitais correspondem ao nível terciário, considerado de média e alta complexidade. Aqui, a tecnologia torna-se a principal aliada dos médicos e dos outros profissionais. cirurgias eletivas, tratamentos clínicos de acordo com cada especialidade. Para chegar ao hospital, geralmente o usuário é encaminhado depois de ser atendido por uma UBS ou UPA, dependendo de cada caso. Tudo isso acontece devido ao processo de troca de informações entre as redes de atenção à saúde no SUS. De acordo com a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), no âmbito do Sistema Único de Saúde(SUS), "os hospitais são instituição complexas, com densidade tecnológica específica, de caráter multiprofissional e interdisciplinar, responsável pela assistência aos usuários com condições agudas ou crônicas, que apresentem potencial de estabilização e de complicações de seu estado de saúde (...)". Apesar da divisão em três níveis de atenção à saúde, os recursos tecnológicos podem ser aplicados para beneficiar todos os estágios. Como o Prontuário eletrônico. A ferramenta registra, armazena e disponibiliza as principais informações sobre um paciente. Outro benefício agregado à utilização da ferramenta é a possibilidade de visualizar em um único espaço, o histórico completo do usuário. 3 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE - Casos singulares ou complexos que puderam ser atendidos no nível secundário. - Os procedimentos para a manutenção dos sinais vitais do paciente são priorizados. - A qualidade da gestão hospitalar depende diretamente da boa execução de todas as etapas, o programa precisa de uma boa logística estrutural. Tendo essa perfeita harmonia entre os componentes, o acolhimento humanizado tornar-se-á mais fácil de ser praticado. ATENÇÃO PRIMÁRIA É oferta de ações de atenção à saúde integradas e acessíveis segundo as necessidades locais, desenvolvidas por equipes multiprofissionais responsáveis por abordar uma ampla maioria das necessidades individuais e coletivas em saúde, desenvolvendo uma parceria sustentada com as pessoas e comunidades (STARFIELD, 1998). A mesma autora resume os princípios da APS em quatro características ou atributos essenciais (primeiro contato, integralidade, longitudinalidade (continuidade) e coordenação), mais três derivados (orientação familiar, comunitária, e competência cultural). Assim, a APS deve ser o primeiro contato das pessoas com o sistema de saúde, sem restrição de acesso às mesmas, independente de gênero, condições socioculturais e problemas de saúde; com abrangência e integralidade das ações individuais e coletivas; além de continuidade (longitudinalidade) e coordenação do cuidado ao longo do tempo, tanto no plano individual quanto no coletivo, mesmo quando houver necessidade de referenciamento das pessoas para outros níveis e equipamentos de atenção do sistema de saúde. Deve ser praticada e orientada para o contexto familiar e comunitário, entendidos em sua estrutura e conjuntura socioeconômica e cultural (STARFIELD, 1998, 2005). Assim, a APS vem sendo entendida como o primeiro nível de atenção nos sistemas de saúde nacionais, regionais e locais, como também como estratégia política e princípios para a (re)organização dos serviços e sistemas de saúde. Para tal, necessita de práticas profissionais específicas e construídas em um modo complexo, integral e sistêmico de pensar o PSA, incorporando o conceito mais moderno de promoção da saúde. No Brasil, adota-se muitas vezes o nome de Atenção Básica para tratar dos mesmos princípios e características, cuja expressão atual na política de saúde é a Estratégia Saúde da Família. Podemos concluir, em uma visão ampliada e positiva de saúde e atenção à saúde que, a rigor, os sistemas de saúde não deveriam se confundir com sistemas de serviços de saúde, pois eles não seriam restritos à produção de cuidados setoriais, mas envolveriam, além das ações e serviços específicos do setor saúde, também as ações intersetoriais (educação, saneamento etc.). Alguns princípios são básicos à atenção primaria, como: primeiro contato, longitunalidade, integralidade, coordenação, abordagem familiar e enfoque comunitário. Sendo esses princípios entrelaçados com o processo de acolhimento citado anteriormente. ✓ São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado." Portaria de Consolidação nº 03, de 28 de setembro de 2017. Tem como proposta lidar com projetos e processos complexos de gestão e atenção à saúde, onde há interação de diferentes agentes e onde se manifesta uma crescente demanda por ampliação do acesso aos serviços públicos de saúde e por participação da sociedade civil organizada. As redes temáticas acordadas de forma tripartite. ✓ As RAS são sistematizadas para responder a condições específicas de saúde, por meio de um ciclo completo de atendimentos (PORTER e TEISBERG, 2007), que implica a continuidade e a integralidade da atenção à saúde nos diferentes níveis Atenção Primária, Secundária e Terciária; ✓ Devem ter foco na população, de forma integral, por meio de serviço contínuo de cuidados que visem prioritariamente à promoção da saúde. têm responsabilidades sanitárias e econômicas inequívocas para sua população; são organizadas sem hierarquia entre os pontos de atenção à saúde; implicam um contínuo de atenção nos níveis primário, secundário e terciário; implicam a atenção integral com intervenções promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas; operam sob coordenação da atenção primária à saúde; e prestam atenção oportuna, em tempo e lugares certos e com a qualidade (24). - Determina a estruturação dos pontos de atenção à saúde secundários e terciários, a partir do processo de territorialização, sendo que esses se diferenciam por suas respectivas densidades tecnológicas. - As linhas de cuidados definem as ações e os serviços a serem desenvolvidos. Envolvidos nesse processo temos a gestão que orienta os gestores públicos à planejar, programar e avaliar as linhas de cuidados. E, também, a assistência que servem de roteiro ou guia para orientar os profissionais sobre os procedimentos mais efetivos para o controle da doença. Redes de Atenção à Saúde (RAS) 4 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE São Redes Temáticas de Atenção à Saúde: - Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil - Rede Cegonha: Rede Materno-Infantil Visa garantir o fluxo adequado para o atendimento ao planejamento sexual e reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento, puerpério e primeira infância com o objetivo de qualificar a assistência e enfrentar a mortalidade materna, infantil e fetal. Está vinculada ao programa federal denominado Rede Cegonha, ao programa estadual Primeira Infância Melhor (PIM) e a outros financiamentos estaduais como: Ambulatório de Gestante de Alto Risco (AGAR), Ambulatório de Egressos de UTI neonatal, incentivo estadual para atendimento de alto risco e casa da gestante, entre outros. - Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE): A Rede está organizada em dois componentes: o pré hospitalar (móvel e fixo) e o hospitalar. As diretrizes da RUE estão definidas na Portaria GM/MS no 1.600/2011. - Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas: Serviços Assistenciaisem Oncologia, Linha de Cuidado de Sobrepeso e Obesidade. - Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência - Rede de Atenção Psicossocial. O sistema de referência e contrarreferência na saúde consiste no encaminhamento de usuários de acordo com o nível de complexidade requerido para resolver seus problemas de saúde. Referência, é ao ato formal de encaminhamento de um paciente atendido em um determinado estabelecimento de saúde a outro de maior complexidade, e contrarreferência refere-se ao ato formal de encaminhamento de paciente ao estabelecimento de origem (que o referiu) após resolução da causa responsável pela referência (20). por referência compreende-se o trânsito do nível menor para o de maior complexidade. Inversamente, a contra-referência compreende o trânsito do nível de maior para o de menor complexidade (WITT, 1992). - é o mecanismo de encaminhamento mútuo de paciente entre os diferentes níveis de complexidade do SUS. Sendo esse um sistema definido como um dos elementos-chave de reorganização das práticas de trabalho que devem ser garantidas pelas equipes de saúde da família. O Sistema de Referência e Contrarreferência diz respeito a uma rede hierarquizada e integrada de cuidados e serviços que começa na unidade de saúde da família, porta de entrada do sistema, e estende-se até às estruturas de alta complexidade e que proporciona o fluxo orientado dos pacientes nos dois sentidos. Um bom funcionamento deste sistema poderá contribuir para uma maior resolubilidade, uma vez que a grande maioria dos casos deverá ser atendida e resolvida à entrada do sistema, rompendo as grandes filas e aliviando as pressões sobre as estruturas de referência da retaguarda. Além disso, os casos só seriam referenciados após um adequado estudo prévio realizado à entrada do sistema, o que facilitaria a intervenção e reduziria o tempo de permanência na estrutura de referência. O SUS preconiza, dentro de suas premissas básicas, que as ações de saúde sejam descentralizadas, hierarquizadas e regionalizadas, a rede de atenção deve ser constituída de forma a agregar serviços de complexidade crescente, configurando, basicamente, três níveis de atenção: as unidades de atenção primária, que são ambulatoriais e devem ser providas com profissionais com formação geral e capacidade cognitiva para oferecer os cuidados básicos de promoção, manutenção e recuperação da saúde; as unidades de atenção secundária, que podem ser cuidados nas várias especialidades para as afecções de maior prevalência; e as unidades de atenção terciária, geralmente, constituídas pelos centros hospitalares, com suas unidades ambulatoriais, unidades de emergência e unidades de internação, sendo, nelas, aferidos cuidados de maior complexidade, muitas vezes sob o regime de internação hospitalar. Agregados a essa rede, existem os serviços de atenção domiciliar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) com a Regulação Médica (RM).Após o atendimento especializado, o paciente deverá ser contra referenciado à estrutura de entrada que o encaminhou munido do relatório que descreve a sua condição clínica com recomendações para o seguimento ulterior. Uma alta eficiência do sistema de referência e contrarreferência enquadra-se no princípio da integralidade da atenção prevista no Programa Saúde da Família e reforça a resolubilidade por proporcionar ao paciente um seguimento contínuo, até a resolução do caso, independentemente de sua complexidade. A notificação de casos de recidiva deverá ser realizada pelo serviço de referência que procedeu a confirmação diagnóstica. Após avaliação, os casos confirmados e sem complicação, deverão ser contra referenciados para tratamento e acompanhamento na unidade básica. Referência e contra-referência 5 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE As ações voltadas para o diagnóstico precoce e tratamento adequado são de responsabilidade das secretarias municipais de saúde (SMS), com o apoio das SES e MS. deve-se oferecer as condições para a realização do diagnóstico e tratamento precoces, bem como, estabelecer o fluxo de referência e contrarreferência. O atendimento dos pacientes pode ser realizado por meio de demanda espontânea nas unidades de saúde, busca ativa de casos em áreas de transmissão, quando indicado pela vigilância epidemiológica ou pela equipe de saúde da família, ou ainda nas áreas de risco onde é difícil o acesso da população às unidades de saúde. Obs.: Quanto mais estruturado o fluxo de referência e contra-referência maiores serão sua eficácia e eficiência. Contudo, sua não efetivação pode ser considerada uma deficiência, no contexto do sus, já que compromete a qualidade e continuidade da assistência prestada. Para a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de saúde vai além da mera ausência de doenças. Na verdade, só é possível ter saúde quando há um completo bem estar físico, mental e social de uma pessoa. Diversos fatores podem colocar em risco a saúde mental dos indivíduos; entre eles, rápidas mudanças sociais, condições de trabalho estressantes, discriminação de gênero, exclusão social, estilo de vida não saudável, violência e violação dos direitos humanos. Mas resta a esse conceito uma crítica, é uma utopia, visto que espera que seja possível um “completo estado de bem estar”. Se não é possível ter “o completo estado de bem estar”, é preciso buscar “o mais completo estado de bem estar” que as nossas ações tornem possível. Os principais e decisivos fatores de saúde estão ligados a: (1) biologia humana; (2) serviços de saúde; (3) meio ambiente; (4) estilo de vida. Sendo que os dois últimos tinham maior impacto que os primeiros. - Fatores determinantes do processo Saúde-doença: fatores sociais, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Ao longo da história, o homem tem buscado compreender os processos e fatores determinantes do adoecimento e da morte na tentativa de retardá-los ou evitá-los pelo máximo possível de tempo. - Podem-se destacar cinco principais modelos explicativos (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006): • Modelo mágico-religioso ou Xamanístico • Modelo holístico (hindu e chinesa) • Modelo empírico-racional (hipocrático) (início Egito e depois Hipócrates) • Modelo biomédico; Modelo de medicina científica ocidental (até dec. 70) • Modelo sistêmico; (início dec. 70). • Modelo processual; Modelo da História Natural das Doenças (leavell; clark, 1976) • Modelo de determinação social da doença. SISTEMICO • Modelo unicausal • Modelo multicausal Até o séc. XX utilizou-se a teoria unicausal, centrada na microbiologia (Na Teoria Unicausal, os vírus e as bactérias passaram a ser as únicas causas das doenças). Mas essa teoria mascarava os efeitos sociais produzidos pelo sistema de exploração capitalista”, porém, atualmente, dentre os modelos de multicausalidade, tem vital importância, o modelo da História Natural das Doenças de Leavell e Clark, por ser estruturante da medicina preventiva e propor níveis de aplicação de medidas preventivas, assim como os Determinantes de Marc Lalonde, (PORTO, 8ed). O homem passa a ser concebido como participante da natureza e da cultura. Assim, tendo o biológico como pano de fundo, a teoria multicausal diz que a doença é resultante de várias causas, que se ordenam dentro de três categorias: o agente, o hospedeiro (a pessoa doente), e o meio ambiente (físico, social e econômico). Modelo mágico-religioso ou Xamantistico Era a predominante na Antiguidade. Os povos da época concebiam as causas das doenças como derivadas tanto de elementos naturais como sobrenaturais. O adoecer era concebido como resultante de transgressões de natureza individual e coletiva, sendo requeridos, para reatar o enlace com as divindades, processos liderados pelossacerdotes, feiticeiros ou xamãs (HERZLiCH, 2004). Modelo holístico As medicinas hindu e chinesa, também na Antiguidade, traziam uma nova forma de compreensão da doença. A noção de equilíbrio é que vai dar origem à medicina holística. Esta noção associa a ideia de “proporção justa ou adequada” Processo de saúde e doença e os modelos de história natural da doença 6 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE com a saúde e a doença. A saúde era entendida como o equilíbrio entre os elementos e humores que compõem o organismo humano. Um desequilíbrio desses elementos permitiria o aparecimento da doença. Cuidado, em última instância, significa a busca pela saúde que, nesse caso, está relacionada à busca do equilíbrio do corpo com os elementos internos e externos. Ex: Yin e Yang. Modelo empírico-racional (hipocrático) Tem seus primórdios no Egito (3000 a.C.). A tentativa dos primeiros filósofos (século VI a.C.) era encontrar explicações não sobrenaturais para as origens do universo e da vida, bem como para a saúde e a doença. Hipócrates (século VI a.C.) estabeleceu a relação homem/meio com o desenvolvimento de sua Teoria dos Humores, teoria a qual defendia que os elementos água, terra, fogo e ar estavam subjacentes à explicação sobre a saúde e a doença (HERZLiCH, 2004). Saúde, na concepção hipocrática, é fruto do equilíbrio dos humores; a doença é resultante do desequilíbrio deles, e o cuidado depende de uma compreensão desses desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio. Modelo de medicina científica ocidental (biomédico) O modelo de medicina científica ocidental ou biomédica, predominante na atualidade, tem suas raízes vinculadas ao contexto do Renascimento e de toda a Revolução Artístico-Cultural, que ocorreram a partir do século XVI pelos trabalhos de Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910). - O conceito biomédico da doença é definido como: Desajuste ou falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto [...], processo que conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, de um sistema ou de todo o organismo ou de suas funções vitais (JEniCEK; CLÉRouX, 1982 apud HERZLiCH, 2004). Houve assim mais de meio século de otimismo, com o advento dos antimicrobianos e da prevenção por vacinas, entre outras medidas que controlaram a maioria das doenças infecciosas. Era a teoria da unicausalidade das doenças a balizar as pesquisas e a prática médica. O modelo biomédico focou-se, cada vez mais, na explicação da doença e passou a tratar o corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento mecânico (BARRoS, 2002). Numa perspectiva crítica, Fritjof Capra (1982) destaca a concepção fragmentária do modelo biomédico ao defender que este consiste num tipo de modelo da teoria mecanicista, em que o homem é visto como corpo-máquina; o médico, como mecânico; e a doença, o defeito da máquina. A percepção do homem como máquina é datada historicamente com o advento do capitalismo. Foi também no Renascimento que a explicação para as doenças começou a ser relacionada às situações ambientais; a causa das doenças passava a estar num fator externo ao organismo, e o homem era o receptáculo da doença. Destas elaborações teóricas sobre o contágio firmou-se a teoria dos miasmas, que foi a primeira proposta de explicação, dentro dos parâmetros da ciência, da associação entre o surgimento de epidemias e as condições do ambiente. A intervenção de cuidado é baseada numa visão reducionista e mecanicista, em que o médico especialista é o mecânico que tratará da parte do corpo-máquina defeituosa ou do ambiente para o controle das possíveis causas de epidemias. O cuidado, na concepção biomédica, está focado, segundo Foucault (1979), no controle do espaço social, no controle dos corpos. Modelo sistêmico (modelo de determinação social da doença. (início dec. 70) sistemas e variáveis relacionadas a doença) Para uma compreensão mais abrangente do processo saúde-doença, no final da década de 1970 começou a ganhar força a concepção deste como um processo sistêmico que parte do conceito de sistema. O sistema, neste caso, é entendido como “um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos” (RoBERTS, 1978 apud ALMEidA FiLHo; RouQuAyRoL, 2002). Ou seja, essa noção de sistema incorpora a ideia de todo, de contribuição de diferentes elementos do ecossistema no processo saúde-doença, fazendo assim um contra- ponto à visão unidimensional unicausal e fragmentária do modelo biomédico. Segundo essa concepção, a estrutura geral de um problema de saúde é entendida como uma função sistêmica, na qual um sistema epidemiológico se constitui num equilíbrio dinâmico. Ou seja, cada vez que um dos seus componentes sofre alguma alteração, esta repercute e atinge as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. É importante enfatizar que por sistema epidemiológico entende-se: o conjunto formado por agente suscetível e pelo ambiente, dotado de uma organização interna que regula as interações determinantes da produção da doença, juntamente com os fatores vinculados a cada um dos elementos do sistema. Essa definição de sistema epidemiológico aproxima-se da ideia de necessidade de um sistema de saúde complexo, que contemple um conjunto de ações e serviços de saúde capaz de identificar as interações dos determinantes da produção e reprodução das doenças e de atuar de forma efetiva no enfrentamento destes. 7 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE Modelo da História Natural das Doenças (modelo processual) Busca por explicações causais do processo saúde-doença resultou na configuração da História Natural das Doenças (HND), conhecido como modelo processual dos fenômenos patológicos. Os principais sistematizadores desse modelo foram Leavell e Clark, no ano de 1976, quando definiram história natural da doença como o conjunto de processos interativos que cria o estímulo patológico no meio ambiente ou em qualquer outro lugar, passando da resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. O modelo da HND visa ao acompanhamento do processo saúde-doença em sua regularidade, compreendendo as inter- relações do agente causador da doença, do hospedeiro da doença e do meio ambiente e o processo de desenvolvimento de uma doença. Esta forma de sistematização ajuda a compreender os diferentes métodos de prevenção e controle das doenças. O sistema de história natural das doenças apresenta uma dimensão basicamente qualitativa de todo o ciclo, dividindo em dois momentos sequenciais o desenvolvimento do processo saúde-doença: o prépatogênico e o patogênico. O primeiro, também considerado período epidemiológico, diz respeito à interação entre os fatores do agente, do hospedeiro e do meio ambiente. O segundo corresponde ao momento quando o homem interage com um estímulo externo, apresenta sinais e sintomas e submete-se a um tratamento. De acordo com o apresentado na Figura 2, o período prépatogênico permite ações de promoção da saúde e a proteção específica, enquanto o período patogênico envolve a prevenção secundária e a prevenção terciária. A sistematização sugerida no modelo da HND orientou a organização do cuidado por diferentes níveis de complexidade, em termos de recursos e ações. Ao considerar a possibilidade de evitar a morte, são trazidas com este modelo diferentes possibilidades de prevenção e promoção da saúde, como interromper a transmissão, evitar o caso e promover vida com qualidade. Em 1965, Hugh Rodman Leavell e Edwin Gurney Clark lançaram, nos EUA, um livro que se tornaria referência por muitas décadas e cujas proposições deram sustentação para as práticas de prevenção. Tratava-se da obra Medicina preventiva para o médicoem sua comunidade, descrevendo a evolução das doenças em um esquema denominado "A história natural das doenças os autores propuseram o conhecimento de todas as etapas do adoecimento a partir da situação de saúde, reconhecendo esta como um equilíbrio instável entre o ser suscetível ao adoecimento, o meio ambiente e os agentes agressores. Este é o período prépatogênico da história natural das doenças e o médico deve atuar preferencialmente já nessa fase. Para isso, é necessário que o médico e demais profissionais da saúde atendam pessoas sadias e atuem junto a elas, orientando práticas saudáveis de vida. Assim, tornam-se educadores sanitários. As medidas preventivas aplicadas no período pré-patogênico são a promoção da saúde, e a prevenção de doenças, sendo chamadas de prevenção primaria. Porém, a capacidade de agressão dos agentes nocivos (infecciosos ou não) pode superar a capacidade de defesa do ser suscetível quando este habita um ambiente desfavorável à manutenção da saúde, daí pode advir o desequilíbrio, representado por Leavell e Clark pela figura de uma balança na qual o agente agressor e o hospedeiro suscetível ocupam os pratos da balança e o meio ambiente funciona como suporte. Nesse caso, os indivíduos entrariam no período patogênico iniciado normalmente por alterações teciduais não detectáveis clinicamente, evoluindo para doença precoce discernível, depois avançada e convalescença, podendo ter como desfecho a morte, cronicidade, invalidez ou recuperação. As medidas preventivas aplicadas nesse período são o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, além da limitação de invalidez, correspondendo à prevenção secundária. A prevenção terciária se dá no final do processo como reabilitação. Conhecer a história natural das doenças para intervir cada vez mais cedo é a nova proposta para os médicos. Não apenas para os que atuam na saúde pública, mas para todos, principalmente aqueles que atuam em saúde individual, em seus consultórios, motivados tradicionalmente apenas para o diagnóstico e tratamento das doenças. Deste modo, Leavell e Clark procuram romper com a dicotomia entre medicina preventiva e curativa. Determinação do processo saúde-doença o processo saúde-doença se configura como um processo dinâmico, complexo e multidimensional por englobar dimensões biológicas, psicológicas, socioculturais, econômicas, ambientais, políticas, enfim, pode-se identificar uma complexa interrelação quando se trata de saúde e doença de uma pessoa, de um grupo social ou de sociedades. A saúde, a doença e o cuidado são determinados socialmente, variando conforme os tempos, os lugares e as culturas, o que implica dizer que a organização das ações e serviços de saúde e das redes de apoio social precisa ser planejada e gerida de acordo com as necessidades da população de um dado território. A noção de promoção da saúde no conceito da OMS significa incluir indivíduos e grupos no processo saúde-doença, de modo que possam identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente, o que significa compreender os indivíduos e grupos como agentes na promoção da saúde, com estratégias de promoção a saúde. 8 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE Promoção da saúde + a promoção da saúde é o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. Sendo o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo. A promoção da saúde moderna visa incrementar a saúde e o bem-estar gerais, promovendo mudanças nas condições de vida e de trabalho capazes de beneficiar a saúde de camadas mais amplas da população, ou seja, facilitar o acesso às escolhas mais saudáveis. A promoção da saúde deve possuir enfoque mais amplo e abrangente, pois deve trabalhar a partir da identificação e enfrentamento dos macrodeterminantes do PSa, procurando transformá-los favoravelmente na direção da saúde. Para a promoção, o objetivo contínuo é um nível ótimo de vida e de saúde, portanto a ausência de doenças não é suficiente (DEMARZO, 2008). Leavell & Clark, em 1965, propuseram o modelo da história natural da doença, composto por três níveis de prevenção (apud DEMARZO, 2008), descritos no Quadro 1: prevenção primária, secundária e terciária. Nesse modelo, a promoção da saúde se limitava e compunha um nível de atenção da Medicina Preventiva (prevenção primária), constituindo ações destinadas ao desenvolvimento da saúde e bem-estar gerais no período de pré-patogênese. O novo conceito de promoção a saúde, surgiu Como produto da Conferência, foi emitida a Carta de Ottawa para a promoção da saúde (WESTPHAL, 2006). Promoção da saúde se define como o processo de fortalecimento e capacitação de indivíduos e coletividades (municípios, associações, escolas, entidades do comércio e da indústria, organizações de trabalhadores, meios de comunicação), no sentido de que ampliem suas possibilidades de controlar os determinantes do PSa e, com isso, ensejem uma mudança positiva nos níveis de saúde. Implica na identificação dos obstáculos à adoção das políticas públicas de saúde e em um modo de removê-los, além de considerar a intersetorialidade das ações, a implementação de ações coletivas e comunitárias, além da reorientação dos serviços de saúde (DEMARZO, 2008). Assim, a nova promoção da saúde consiste em proporcionar às pessoas e comunidades os meios necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior controle sobre ela. A Carta de Ottawa propôs também 5 campos de ação principais para a promoção da saúde (DEMARZO, 2008), descritos a seguir: Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis Minimização das desigualdades por meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde (equidade). As políticas públicas saudáveis podem ser estabelecidas por qualquer setor da sociedade (intersetorialidade) e devem demonstrar potencial para produzir saúde socialmente. Como exemplos de políticas saudáveis citamos o Estatuto da Criança e do Adolescente e a política nacional de promoção da saúde do Ministério da Saúde. Criação de ambientes favoráveis à saúde, é fundamental que as escolas, os municípios, os locais de trabalho e de habitação sejam ambientes saudáveis. Reforço da ação comunitária Engloba a participação social (Estado e sociedade civil) na elaboração e controle das ações de promoção da saúde e visa o empoderamento da comunidade. Preza pelo fortalecimento das organizações comunitárias, pela redistribuição de recursos, pelo acesso a informações e pela capacitação dos setores marginalizados do processo de tomada de decisões. ✓ Desenvolvimento de habilidades pessoais Por meio de estratégias educativas, são programas de formação/atualização que capacitam indivíduos a participar/criar ambientes de apoio à promoção da saúde e desenvolver habilidades relacionadas à adoção de estilos de vida saudáveis. ✓ Reorientação do sistema de saúde Esforços para a ampliação do acesso, efetivação da equidade e adoção de ações preventivas por meio da moderna abordagem da promoção da saúde a tendência à adoção de uma visão holística da saúde e ao entendimento da determinação social do processo saúde-doença e à compreensão da equidade social como objetivos a serem atingidos. Assim, a intersetorialidade, a participação social para o fortalecimento da ação comunitária e a sustentabilidade são considerados como princípios ao se definirem estratégias de ação (DEMARZO, 2008). - Princípios modernos da promoção da saúde: Equidade, Intersetorialidade, Participação social e Sustentabilidade As ações de promoção da saúde devem pautar-se por uma concepção holística de saúde voltada para a multicausalidade do processo saúde- doença. Definir prevenção e promoção da saúde 9 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE No Brasil, em 2006, o Ministérioda Saúde propôs a Política Nacional de promoção da saúde (ALMEIDA, 2005), com o objetivo de promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes (modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais). O documento traz a promoção da saúde como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribuindo para a construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde (DEMARZO, 2008). Ações propostas pela Política Nacional da promoção da saúde (ALMEIDA, 2005). - Divulgação e implementação da Política Nacional de promoção da saúde; -Alimentação saudável; - Prática corporal/atividade física; -Prevenção e controle do tabagismo; - Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas; -Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito; - Prevenção da violência e estímulo a cultura de paz; - Promoção do desenvolvimento sustentável. Prevenção de saúde - Prevenção primaria: considerado o período pré-patogênico no modelo de história natural da doença de leavell e Clark; Proteção específica contra agentes etiológicos ou estabelecimento de barreiras contra agentes do meio ambiente; Desenvolvimento de ações que impeçam a ocorrência de determinada patologia; Evitar a exposição a fatores de risco; Campanhas de conscientização para disseminar informações; Ainda podemos dividir em prevenção universal que é dirigida a população de uma comunidade inteira e prevenção seletiva quando visa determinada população de risco. - Prevenção secundaria: diagnóstico e tratamento precoce. Aqui o processo de doença já está instaurada, porém ainda não foi detectado. Temos o rastreamento e exames para o diagnostico precoce da doença. O objetivo é evitar a prevalência da doença no indivíduo com medidas individuais e coletivas. Ex.: mamografia de rotina, exame citopatológico do colo uterino etc. + isolamento para evitar a propagação de doenças e também a limitação da incapacidade. - Prevenção terciaria: aqui temos as ações de reabilitação. Então, tem como objetivo a redução dos prejuízos funcionais, consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo sua reabilitação. Promove, também, a redução da incapacidade do indivíduo, a partir da adaptação de sequelas. Ex.: prevenir complicações do diabetes e reabilitação de pacientes pós-infarto, IAM ou AVC. - Prevenção Quaternária: As ações em saúde, tanto preventivas quanto curativas, têm sido consideradas, em algumas situações, excessivas e agressivas, tornando-se também um fator de risco para a enfermidade e a doença. Por essa razão, em 1995, Jamoulle e Roland propuseram o conceito de Prevenção Quaternária (Prevenção da Iatrogenia) (ALMEIDA, 2005), aceito pelo Comitê Internacional da Organização Mundial dos Médicos de Família (WONCA) em 1999. Esse novo nível de prevenção pressupõe ações clínicas centradas na pessoa, e pautadas na epidemiologia clínica e na saúde baseada em evidências, visando melhorar a qualidade da prática em saúde, bem como a racionalidade econômica. Portanto, as ações devem ser cultural e cientificamente aceitáveis, necessárias e justificadas, prezando pelo máximo de qualidade da atenção com o mínimo de quantidade/intervenção possível. Outro objetivo da prevenção quaternária é construir a autonomia dos usuários e pacientes por meio de informações necessárias e suficientes para poderem tomar suas próprias decisões, sem falsas expectativas, conhecendo as vantagens e os inconvenientes dos métodos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos propostos. Em suma, consiste na construção da autonomia dos sujeitos e na detecção de indivíduos em risco de sobre tratamento ou excesso de prevenção, para protegê-los de intervenções profissionais inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis (ALMEIDA, 2005). - Prevenção primordial: evitar o surgimento e a consolidação de padrões de vida sociais, econômicos e culturais que contribuem para elevar o risco de adoecer. Ex.: medidas contra efeitos da poluição atmosférica ou o estabelecimento de uma dieta nacional com baixa ingestão de gordura animal. 10 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE ✓ Outras divisões dos níveis de prevenção: - 1º nível: promoção da saúde Ações destinadas a manter o bem-estar geral de uma população, sem visar nenhuma doença em particular, com o objetivo de manter a qualidade de vida. Ex.: educação alimentar, incentivo a prática de atividades físicas, campanhas contra o uso de álcool e tabaco etc. - 2º nível: proteção específica Ações que incidem no período pré-patogênico. A diferença é que elas são dirigidas ao combate de uma enfermidade específica ou um grupo de doenças em particular. Ex.: vacinação, pré-natal, quimioprofilaxia, eliminação de focos de vetores de doenças. - 3º nível: diagnostico e tratamento precoce Detectar o mais rapidamente possíveis processos patogênicos, já instalados, antes do aparecimento dos sintomas. Com o uso de medidas protetoras antes mesmo de um agravo em curso cruzar o horizonte clínico. Tem caráter estratégico. Ex.: checkups, screening para doenças infectocontagiosas, auto-exames, intervenções médicas ou cirurgias precoces. - 4º nível: limitação do dano Aqui o processo de adoecimento já está instalado. O processo tem como objetivo limitar a extensão das lesões e retardar o aparecimento de complicações. Medidas de suporte terapêutico. Ex.: grupos de apoio a pacientes crônicos, telemonitoramento, o acesso facilitado a serviços de saúde, hospitalizações etc. - 5º nível: reabilitação (fase terciaria) Ações que buscam desenvolver o potencial residual do organismo após ser afetado pela doença. Tem como objetivo contribuir para que o individuo aprenda a conviver com sua condição de saúde e consiga levar uma vida útil e produtiva. Ex.: acompanhamento de complicações em pacientes diabéticos, reabilitação pós-infarto, terapia ocupacional, treinamento do deficiente, próteses, órteses etc. ✓ - Epidemia: É a elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em um determinado lugar e período de tempo, caracterizando, de forma clara, um excesso em relação à frequência esperada. (temporalmente ilimitada), permitindo variações cíclicas e sazonais. Podem ser a nível municipal, estadual ou nacional. O conceito operativo usado na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência constante de determinada doença, ultrapassando valores do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstância e doença. Devemos tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo. Antigamente só se falava de epidemia para doenças infecto contagiosas, porém, hoje se refere também para acidentes, violência e doenças crônico degenerativas. As epidemias também devem ser encaradas como experimentos naturais, cuja investigação permite a identificação de novas questões a serem objeto de pesquisas, e seus resultados poderão contribuir no aprimoramento das ações de controle. Existem dois tipos de casos epidêmicos: autóctone e alóctone. Caso Autóctone: caso originário do mesmo local onde ocorreu. Caso Alóctone: caso originário de outra localidade A ocorrência de um único caso autóctone em uma região onde nunca tenha ocorrido ou que estejam há muitos anos sem casos de uma determinada doença, já é considerada uma Epidemia. O número de casos de uma epidemia, varia de acordo com as características da população exposta (tipo e tamanho),o agente etiológico, a zona epidemiológica afetada, e o período de tempo. Existem dois tipos de epidemia: EXPLOSIVA e PROGRESSIVA Explosiva ou por fonte comum, ocorre uma rápida progressão no número de casos, alcançando um pico de incidência em um curto período, caindo logo em seguida, indica exposição simultânea. Progressiva ou propagada, é quando existe uma progressão lenta no número de casos, sugerindo transmissão por contato pessoa – pessoa, infectado contamina o suscetível, formando uma cadeia de novos casos. Diferenciar os conceitos de epidemia, pandemia, surto, endemia e processo de sazonalidade 11 LEONARDO VERAS (MEDICINA)- 1º SEMESTRE Fatores de suscetibilidade, são facilitadores para a propagação do agente causador. ✓ - Pandemia: É quando uma epidemia vira uma disseminação mundial de uma doença, atingindo vários países e continentes. A doença, Afeta um grande número de pessoas, com transmissão sustentada de novos casos nesses locais. (e as pessoas ainda não possuem imunidade). Mas não há um número fixo de casos ou de países afetados para que a situação seja classificada como pandemia. Um exemplo de pandemia é a que estamos vivendo agora, pelo novo coronavírus, que foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020, quando o vírus já estava presente em 114 países, de diferentes continentes. - Transmissão comunitária/sustentada de novos casos: A fase de transmissão sustentada da doença ocorre quando o vírus já circula livremente e há transmissão de uma pessoa para a outra sem que haja vinculação com países infectados anteriormente ao Brasil ou com indivíduos infectados provenientes do exterior. Incapacidade de relacionar casos confirmados através de cadeias de transmissão para um grande número de casos ou pelo aumento de testes positivos através de amostras sentinela (testes sistemáticos de rotina de amostras respiratórias de laboratórios estabelecidos) - Transmissão local: A identificação do caso suspeito ou confirmado em que a fonte de infecção seja conhecida OU Até a 4ª geração de transmissão. ✓ - Endemia: A endemia é uma doença de causa e atuação local. Ela se manifesta com frequência em determinada região, mas tem um número de casos esperado – um padrão relativamente estável que prevalece. Se houver alta incidência e persistência de doença, pode ainda ser chamada de hiperendêmica. É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais. ✓ - Surto: é um tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas etc.). é quando acontece um repentino e inesperado aumento de casos de uma doença em uma determinada região, comunidade ou estação do ano. Um surto acontece quando há um aumento acima do esperado do número de casos de determinado evento ou doença em uma região específica. É o surgimento repentino de uma doença com uma frequência mais alta que o normal, em um determinado momento e local como, por exemplo, escola, uma comunidade, um povoado, uma instituição fechada. Para doenças raras, basta um único caso para representar a ocorrência de um surto. Um exemplo de surto é quando há vários casos de dengue no mesmo bairro. ✓ - Processo de sazonalidade: É a propriedade de um fenômeno considerado periódico (cíclico) repetir-se sempre na mesma estação do ano. Algumas doenças são sujeitas à variação sazonal com aumentos periódicos em determinadas épocas do ano e isto geralmente está relacionado ao seu modo de transmissão (Dicionário de Epidemiologia, Saúde Pública e Zoonoses da USP).
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