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Antropologia da Dança ensaio bibliográfio - Giselle Guilhon Antunes Carmago

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Antropologia da Dança: ensaio bibliográfico Giselle Guilhon Antunes Carmago
Giselle escreve esse ensaio bibliográfico com o intuito de apresentar a disciplina de “antropologia da dança” às artes cênicas, procurando buscar o interesse de seus estudantes. Ela inicialmente cita Adrienne Keappler uma das responsáveis pela sistematização, consolidação e propagação da teoria antropológica da dança dentro do mundo acadêmico ocidental. 
Ela continua agora trazendo o exemplo dos índios Hopi, estudado pela antropóloga Joann Kealiinohomoku, que, apesar de não possuírem a o termo arte em sua língua sabem identificar todas as variações de “estilo” na Dança de Favas, que é executada por várias tribos desse povo, com isso ela faz uma analogia com O ballet Giselle, mostrando ele como se fosse uma representação de nossa cultura, e que nós ocidentais saberíamos como todo o processo aconteceria, desde o momento em que o tetro desliga suas luzes para o início do primeiro ato, o momento de pausa de um ato para o outro e assim o segundo ato anunciando o final da apresentação, por fim os aplausos. E que ao generalizar o Ballet Giselle como sendo uma clara representação da dança ocidental para nós seria errado, pois temos em nosso meio vários tipos de dança e variação delas. 
Assim ela abre discursão para a generalização e o uso do termo “dança primitiva” que para a antropologia não existe e sim danças que são executadas por povos primitivos e que essas são muito diversificadas e assim não correspondendo a esse estereótipo. Com isso cita autores que seriam especializados nesse conceito – dança primitiva – como Walter Sorell que foi criador de grande parte das características desse termo (ler pag 18), Lincoln Kirstein que afirmava que dança primitiva representaria as primeiras manifestações de atividade humana e Walter Terry que afirma com exceção das épocas antigas a dança do homem branco e completamente diferente da indígena. Porem todas essas características não seriam atribuídas no caso do homem branco e que até os dias atuais elas são dadas a tribos vivas africanas e indígenas das américas. E para piorar tais especialistas ignoram completamente sistemas classificatórios da cultura participante.
Seu principal intuito com o ensaio é chamar a atenção para o perigo de uma pesquisa superficial. E evitar a classificação conjunta de determinadas culturas, uma vez que, por mais que pertençam a uma mesma nação como é no caso da citação de Adrienne kaeppler utilizada pela autora essa cultura seria diferente. Chama atenção também para as especificidades que em nossa cultura é comum, porém não quer dizer obrigatoriamente que devam estar presentes em outras culturas também.
Para ela a antropologia da dança traz a importância de se analisar toda a diversidade cultural de um determinado povo, porem pontua que nem sempre foi assim, uma vez que a antropologia era comprometida com um pensamento universalizante citando como exemplo o livro de Curt Sachs World History of Dance (História Mundial da Dança) que por muito tempo foi tido como um estudo definitivo sobre a dança, e que afirmava a existência de uma evolução unilinear que se propagaria em escala mundial. Porem tal pensamento foi diluído ao menos no âmbito antropológico nos anos 50. A partir daí se viu que da mesma forma que os povos modernos não ocidentais não representam os primeiros estágios da cultura ocidental, não existiria nenhuma razão para acreditar-se que a dança não ocidental representaria os estágios anteriores da dança ocidental. 
Para ela Boas foi muito mais importante que Sachs para o estudo da dança em uma perspectiva antropológica, mesmo não se aprofundando no assunto foi ele que nos permitiu analisar a dança como cultura. Cita também Mr. Taylor e Sir James Frazer que pouco falaram sobre dança. Taylor acreditava que a dança seria uma atividade frívola e sem significado e tinha uma visão pessimista de seu futuro na civilização moderna, supondo que os “restos” da “dança folclórica” na Inglaterra e que as danças “esportivas” estariam morrendo, pois, a civilização moderna estaria deixando de lado a dança sagrada. James por sua vez fixou a dança em um sistema de desenvolvimento intelectual humano, onde no nível mais baixo a dança seria atribuída a mágica, cita como exemplo uma dança de guerra quando uma determinada tribo não pudesse entrar em guerra com uma tribo vizinha. Essa é visão etnocêntrica quando não evolucionista e universalizantes. 
Finaliza fazendo uma comparação entre os antropólogos por ela citados e chegando à conclusão de que o que mais teria influenciado a teoria antropológica da dança seria Boas que mesmo vendo a dança como um fenômeno humano universal, conseguiu explicar as semelhanças com um olhar mais particular que os outros. 
Foi pela influência de Boas que de Joann Kealiinohomoku passou a se interessar pela temática e assim desenvolver sua teoria em seu “Estudo comparativo da dança como constelação de comportamentos motores entre os negros da África e da América” conciliou que a análise da dança é uma importante ferramenta de pesquisa para a antropologia e que os métodos de pesquisa antropológicos eram úteis para o estudo da dança. 
Mudança de Perspectiva na Etnografia da Dança Theresa Jill Buckland
A partir da década de 90, são publicados uma série de trabalhos sobre dança utilizando a metodologia etnográfica, estes trabalhos são assinados como “etnografia da dança”.
A etnografia da dança consiste num intenso trabalho de campo, onde não há restrição quanto ao tipo de dança a ser pesquisado, pois todos os movimentos humanos são vistos como produto social e cultural, a etnografia da dança busca compreender a cultura dos grupos a partir da perspectiva deles próprios, são utilizadas análises quantitativas como questionários e entrevistas, bem como são feitas análises qualitativas, por meio da observação participante.
Até o final do século XX, os estudos etnográficos em dança tomavam como referência as danças europeias e norte-americanas, por isto mesmo denominavam as demais danças como “outras”.
Com a chegada da pós-modernidade ocorre uma mudança radical no discurso das ciências sociais e artes, o que provoca um deslocamento da pesquisa em dança para novas áreas de debate, como: O estudo da performance e os estudos culturais.
O discurso pós-moderno substitui o abstrato pelo experiencial, as danças pela dança, a categoria “cultural” é usada no lugar de “cultura”.
A abordagem da etnografia da dança, consiste agora numa reflexão acerca da dinâmica das práticas culturais, o outro a ser pesquisado não está mais distante, ele encontra-se no mesmo tempo e espaço do pesquisador.
Com o tempo, os etnógrafos da dança passaram a utilizar o próprio corpo como forma de documentar a pesquisa em dança, no entanto o etnógrafo corre o risco de produzir uma narrativa pessoal e limitada.
Ainda no século XX, as etnografias da dança passam a expandir seus estudos sobre gênero, bem como passam a realizar suas pesquisas de campo em contextos em que os pesquisadores estão familiarizados e podem falar como “nativo”.
Na página 151, a autora cita a antropóloga Susan Reed (1998), que identificou uma tendência, desde a década de 80, à analises das histórias do passado da dança, muitas vezes a partir de uma perspectiva política, de identidade nacionalista.
De fato, muitos etnógrafos da dança procuram compreender como a memória coletiva pode ser incorporada ou mantida e expressa na dança.
A autora também fala da importância de se produzir uma etnografia visual da dança, mas aponta também as dificuldades existentes, bem como chama a atenção para a necessidade do etnógrafo da dança atentar para o papel que a tecnologia desenvolve nas comunidades de dança, fazendo da internet, um possível campo de pesquisa.

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