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Microbiologia e Legislação de Alimentos Carolina Melati Gandolfi Avaliação de risco microbiológico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a origem da avaliação de risco microbiológico. � Esboçar a estrutura da avaliação de risco microbiológico. � Aplicar métodos de avaliação do risco microbiológico. Introdução Reduzir os riscos associados às contaminações transmitidas por alimentos é parte e responsabilidade essencial de qualquer empresa que fabrica ou manipula alimentos, que deve ter como prioridade garantir a segurança destes para proteger seus clientes. A avaliação do risco microbiológico é uma ferramenta efetiva usada para gerenciar possíveis riscos decorrentes de contaminações microbiológicas por alimentos. Essa ferramenta atua como uma estrutura básica para identificar os riscos em cada etapa do processo de produção, descrevendo as possíveis consequências adversas que cada contaminação pode causar. Também atua na identificação das estratégias de controle e gerenciamento para reduzir possíveis riscos microbiológicos nos alimentos. A ferramenta de avaliação do risco microbiológico desempenha um papel central durante toda a cadeia produtiva do alimento, estabelecendo padrões de segurança dos alimentos e tomando decisões quanto à saúde humana, garantindo que todos os resultados finais do processo produtivo sejam alimentos seguros ao consumidor. A avaliação do risco microbiológico é composta por três compo- nentes principais, sendo a avaliação do risco, o gerenciamento do risco e a comunicação do risco. Essas etapas são preconizadas pela Comissão do Codex Alimentarius (CAC), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Alimentar e Agrícola (FAO). Neste capítulo, você vai conhecer a origem da ferramenta de avaliação de risco microbiológico no contexto da segurança alimentar, compreen- dendo as três etapas fundamentais do processo (avaliação, gerenciamento e comunicação de risco), para, então, ser capaz de elaborar um diagrama de risco até a etapa de emissão de relatório, avaliando os riscos conforme grupo de microrganismos e a influência destes na saúde humana. História da avaliação de risco microbiológico Problemas de saúde gerados por alimentos contaminados têm sido uma preocu- pação desde os primórdios da humanidade, quando era realizada a caça, a pesca e a coleta de plantas. Durante anos, as tentativas de preservar alimentos foram baseadas nas experiências adquiridas ao associar a deterioração dos alimentos ao método usado para preservação. Vários relatos demonstram que o sucesso para a preservação era muitas vezes obtido quando o alimento permanecia seco e sem contato com o oxigênio. Mais tarde, passaram a utilizar o mel para preservar o alimento e, posteriormente, o azeite. Na sequência, métodos como o aquecimento e a salga foram sendo agregados como métodos de preservação. Mesmo com o desenvolvimento de técnicas de conservação dos alimentos, as contaminações alimentares ainda eram muito frequentes (NOTERMANS; BARENDSZ; ROMBOUTS, 2002; HARIDAS; BAUSE, 2017). Em 1795, o governo francês, impulsionado pela guerra, ofereceu uma grande recompensa para qualquer pessoa que conseguisse desenvolver um método seguro de conservação de alimentos. Nicholas Appert conseguiu desenvolver o método de conservação de alimentos em garrafas de vidro com a boca larga; com uma rolha e mantendo o alimento por seis horas sob fervura, desenvolveu o método conhecido como apertização. No período compreendido entre 1854 e 1864, Louis Pasteur forneceu a base científica para a utilização do calor como método de preservação de alimentos, mostrando que certas bactérias associadas à deterioração de alimentos ou causadoras de doenças eram eliminadas com o uso do calor. Passou-se então a utilizar o calor como método de eliminação de quaisquer espécies de microrganismos, e esse método ficou conhecido como pasteurização (FORSYTHE, 2013; MISRA et al., 2017). Avaliação de risco microbiológico2 Robert Koch, em 1884, conseguiu isolar pela primeira vez a bactéria Vibrio cholerae durante uma epidemia mundial. A partir dessa data, o isolamento de microrganismos ficou a cargo dos microbiologistas de alimentos e permaneceu por aproximadamente 100 anos (NOTERMANS; BARENDSZ; ROMBOUTS, 2002; ZACCHEO et al., 2016; CUSTER, 2014). Após esses períodos, iniciou a fase de criação e aplicação de boas práticas para a fabricação de alimentos, surgindo diferentes processos de avaliação de contaminação alimentar, incluindo o pedido da Agência Espacial Norte- -Americana (NASA) para o desenvolvimento de alimentos seguros para os astronautas. O processo para a elaboração de alimentos seguros ficou conhecido e popularizado nas indústrias de alimentos como Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), sendo essa metodologia recomendada pela NASA para uso comum no ano de 1987. A dinâmica do comércio internacional de alimentos a partir da década de 90 coloca a qualidade dos alimentos como um ponto central para o comércio exterior. O Acordo Geral de Tarifas e Comércio, que teve início em 1947, foi substituído em 1º de janeiro de 1995 pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A criação ocorreu durante a Rodada Uruguai, que ocorreu entre os anos de 1986 e 1994. Esta trata das questões do comércio internacional, mediando relações comerciais entre diferentes países, para que toda negociação seja justa, estável e sem barreiras. Atualmente, 164 países fazem parte da OMC. Durante a Rodada Uruguai foi criado um acordo sobre Aplicação de Me- didas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) para o comércio internacional, com o objetivo de estabelecer medidas sanitárias referentes às questões que envolvem a saúde animal e inocuidade dos alimentos e sanidade vegetal (BRASIL, 2018). O acordo SPS foi o primeiro a adotar princípios básicos da análise de risco para a área de segurança dos alimentos. Com isso, os padrões adotados, juntamente com a CAC, passaram a ser a base para a produção e a comercia- lização de alimentos seguros, garantindo, assim, a proteção do consumidor (SANT'ANA; FRANCO, 2009). O acordo SPS exige que a legislação de segurança alimentar seja baseada em dados científicos, com isso, a FAO e a OMS organizam consultas a espe- cialistas referentes ao tema da avaliação de risco à segurança de alimentos. O objetivo era fornecer aos países membros da OMC diretrizes e princípios 3Avaliação de risco microbiológico para realizar as avaliações de risco microbiológico. Inicialmente, a pesquisa foi sobre a aplicação da análise de risco para questões referentes às normas de segurança alimentar. O objetivo foi fornecer para FAO, a OMS e a CAC, assim como para os países membros, as abordagens práticas para a aplicação da análise de risco em alimentos. Essas informações foram apresentadas na 41ª Sessão do Comitê Executivo da CAC. Durante a reunião, também foram definidos os termos referentes ao modelo de avaliação de risco (NOTERMANS; BARENDSZ; ROMBOUTS, 2002; FORSYTHE, 2013). Em 1997, em outra consulta a especialistas, foi então criada a estrutura de gerenciamento de riscos e princípios gerais do gerenciamento de riscos à segu- rança dos alimentos, e novos termos foram conceituados, como (i) avaliação de risco, (ii) avaliação de risco/opções de gerenciamento, (iii) implementação de decisões de gerenciamento e (iv) monitoramento e revisão (FAO/WHO, 1997). Em continuação, uma terceira reunião de especialistas acontece no ano de 1998, sendo que o tema tratado foi sobre a aplicação da comunicação de riscos, incluindo as barreiras e estratégias que deveriam ser realizadas para tornar o processo de comunicação eficaz. Foram incluídos nesse documento que todas as partes devem estar envolvidas no processo, sendo que os indivíduos envolvidos devem ser devidamente capacitados para atuar, fazendo com que a comunicação do risco seja bem compreendida, havendo,assim, sempre muita transparência durante o processo (FAO/WHO, 1998). Em 1999, ocorre a quarta reunião que tratou especificamente sobre a avaliação dos riscos microbiológicos em alimentos. O documento emitido descreveu estratégias e mecanismos para a abordagem da avaliação do risco microbiológico e recomendou que os resultados das avaliações de risco fossem integrados ao plano de APPCC (FAO/WHO, 2000a). Em 2000, o tema abordado foi a relação entre os avaliadores do risco mi- crobiológico e os gerentes de risco, fornecendo informações detalhadas sobre identificação de um problema de segurança alimentar e como estabelecer perfil de risco para a avaliação e tomada de decisões eficazes durante o processo de avaliação de risco microbiológico (FAO/WHO, 2000b). O Quadro 1 apresenta uma relação dos documentos emitidos pela FAO/ WHO e que tratam da análise de riscos relacionados aos alimentos. Avaliação de risco microbiológico4 Fonte: Adaptado de Notermans, Barendsz e Rombouts (2002). Ano Documento de análise de risco Referência 1995 Aplicação da análise de risco a questões de padrões alimentares FAO/WHO. Application of risk analysis to food standards issues. Report of a joint FAO/WHO Expert Consultation, Geneva, 1995. 1997 Gerenciamento de riscos e segurança alimentar FAO/WHO. Risk management and food safety. Report of a joint FAO/WHO Expert Consultation, Rome, 1997. 1998 A aplicação da comunicação de risco aos alimentos e normas e questões de segurança FAO/WHO. The application of risk communication to food standards and safety matters. Report of a joint FAO/ WHO Expert Consultation, Rome, 1998. 1999 Avaliação dos riscos microbiológicos em alimentos FAO/WHO. Risk assessment of microbiological hazards in foods. Report of a joint FAO/WHO Expert Consultation, Rome, 2000a. 2000 Interação entre avaliadores e gerentes de riscos microbiológicos em alimentos FAO/WHO. The interaction between assessors and managers of microbiological hazards in food. Report of a joint WHO Expert Consultation, Kiel, 2000b. Quadro 1. Documentos da FAO/OMS sobre as análises de risco relacionadas aos alimentos O objetivo de todas as consultas com especialistas foi fornecer uma revisão detalhada e científica sobre todo o processo da avaliação de risco microbio- lógico, desenvolvendo meios de obter avaliações quantitativas sobre os riscos de patógenos específicos por grupos de alimentos. Todo esse trabalho tem como objetivo comum garantir a saúde e a segurança do consumidor final de alimentos. 5Avaliação de risco microbiológico Estrutura da avaliação de risco microbiológico As doenças transmitidas por alimentos constituem um grave problema de saúde pública. A evolução dos sistemas de segurança alimentar que são baseados em riscos é necessária para gerenciar os riscos existentes em todas as etapas do processo, garantindo o estabelecimento de padrões e diretrizes que garantam a segurança dos alimentos. O processo de avaliação do risco microbiológico deve incluir a maior quantidade possível de informações quantitativas a respeito da estimativa de um risco. É importante compreender algumas definições usadas pela FAO/ OMS e pelo Codex Alimentarius (REIJ; VAN SCHOTHORST, 2000; FAO/ WHO, 2003; 2008; OPAS, 2006; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008). � Avaliação da dose-resposta: é a determinação entre proporção da ex- posição (dose) a um determinado agente contaminante, seja ele químico, físico ou biológico, e a frequência entre os efeitos adversos (resposta) associados a estes. � Avaliação da exposição: a avaliação pode ser tanto qualitativa como quantitativa em relação à provável ingestão de alimentos contendo substâncias contaminantes, sejam elas químicas, físicas ou biológicas, bem como exposições a outras fontes, quando relevantes. � Perigo: é qualquer agente químico, físico ou biológico, ou um alimento em condição potencial para causar um dano ou efeito adverso à saúde. � Risco: é a probabilidade de um perigo causar um efeito adverso à saúde e seu grau de severidade após a ingestão de um alimento contaminado. � Caracterização do perigo: é a determinação qualitativa/quantitativa das condições relacionadas aos efeitos adversos à saúde associados ao perigo (microbiológico). � Identificação do perigo: conhecer com clareza os agentes químicos, físicos e biológicos que, estando presentes em um determinado alimento, têm condições de causar danos à saúde. � Avaliação quantitativa de risco: expressa por uma caracterização numérica da probabilidade de um risco em alimentos. � Avaliação qualitativa de riscos: expressa por uma caracterização de dados coletados em meios científicos que possibilita a classificação dos riscos em categorias. Avaliação de risco microbiológico6 � Caracterização do risco: “O processo de determinação da estimativa quantitativa e/ou qualitativa, incluindo as incertezas associadas, da probabilidade da ocorrência e gravidade de efeitos adversos conhecidos ou potenciais para a saúde de uma dada população, sobre a base de identificação do perigo, a caracterização do mesmo e a avaliação da exposição” (FAO/WHO, 2003, p. 49). � Análise de risco: consiste no processo de avaliação do risco de um determinado alimento causar dano ao consumidor; é um processo que avalia o alimento da fazenda à mesa e tem três componentes: avaliação de risco, gerenciamento de risco e comunicação de riscos. � Avaliação de riscos: é a primeira etapa do processo de avaliação do risco microbiológico e tem quatro fases distintas, sendo: (i) identificação de perigos, (ii) caracterização de perigos, (iii) avaliação da exposição e (iv) caracterização do risco. � Comunicação de risco: é a etapa do processo de avaliação do risco microbiológico no qual é realizada a comunicação entre as partes cons- tituintes do processo sobre as informações coletadas relacionadas aos riscos do processo, as decisões da gestão e as conclusões referentes ao processo. Ela ocorre entre avaliadores e gerentes, indústria, meio acadêmico, consumidores e demais interessados no processo. A comu- nicação de risco deve ser transparente. � Gerenciamento de riscos: é a etapa do processo de avaliação do risco microbiológico no qual são expostas diferentes possibilidades de contro- les dos riscos microbiológicos, que estejam de acordo com a qualidade do alimento e a segurança do consumidor. Risco e perigo são dois termos bem diferentes entre si, mas que, no processo de avalição do risco microbiológico, se complementam. Entenda a diferença entre risco e perigo no link a seguir. https://qrgo.page.link/QZPZL 7Avaliação de risco microbiológico Princípios gerais de avaliação de riscos microbiológicos A avaliação de risco microbiológico deve ter como base dados científicos, identificando os objetivos e a forma de estimativa de risco. Deve ser realizada de maneira estruturada, incluindo a identificação e a caracterização de peri- gos, avaliação de exposição e caracterização de riscos. Devendo haver uma separação entre a avaliação e o gerenciamento dos riscos. O sistema de coleta de dados deve ter qualidade e precisão suficientes para minimizar a incerteza na estimativa de risco. A realização da avaliação deve considerar a dinâmica do crescimento microbiano em todas as suas fases (fase de lag, fase de crescimento exponencial, fase estacionária e fase de declínio ou morte) e a complexidade da interação com o meio e o ser humano. Deve ser também transparente, incluindo, quando necessário, restrições de custo, recursos e tempo quando houver, descrevendo as possíveis consequências durante o processo. Sempre que surgir novas informações sobre o processo, este deve ser reavaliado. A avaliação do risco microbiológico é estruturada em três grandes com- ponentes que interagem entre si, como apresentado na Figura 1. Figura 1. Esquema geral do processo de análise de risco que inclui os três grandes componentes da avaliação de risco microbiológico. Fonte:Adaptada de Dubugras e Pérez-Gutiérrez (2008). Comunicação de risco Gerenciamento de risco Avaliação de risco Avaliação de risco microbiológico8 Para que uma análise de risco seja possível de ser realizada, o país deve ter um sistema de segurança alimentar com legislações bem definidas, no qual o serviço de inspeção sanitária é eficiente, com disponibilidade de dados epide- miológicos, além de pessoal capacitado para realizar as atividades inerentes ao processo (DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008). A avaliação de riscos inclui os itens apresentados a seguir. Identificação de perigo É o primeiro ponto da avaliação de risco. Neste item, o perigo é identificado, ou seja, os microrganismos que podem contaminar alimentos, com potencial de causar efeito adverso à saúde, são identificados. Devem ser incluídos a natureza e o potencial de efeitos associado à saúde e o risco aos indivíduos expostos a esse perigo. De modo geral, esses microrganismos são identificados com base na literatura científica ou no banco de dados disponíveis nos órgãos de saúde como a Vigilância Sanitária (relatórios de observações de inspeções e série histórica de dados microbiológicos) e a Vigilância Epidemiológica (incidência e taxa de ataque). A identificação de perigo também deve forne- cer informações referentes aos tipos de doenças transmitidas por alimentos que os microrganismos podem causar e quais os grupos populacionais mais suscetíveis. Precisa estar descrito também, neste item, o modo de transmissão para o hospedeiro, identificando o impacto de uma contaminação para a saúde pública. Essa primeira etapa deve conter o máximo de detalhes possíveis, sendo uma etapa qualitativa (OPAS, 2006; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; FORSYTHE, 2013; NUNES, 2013). Caracterização de perigo Nesta etapa é preciso descrever quali e quantitativamente os efeitos adversos que um microrganismo ou uma toxina podem causar na saúde de em um indivíduo ou na população. A relação entre o microrganismo e o resultado de uma contaminação, ou seja, efeito dose-resposta (FORSYTHE, 2013), busca determinar qual a dose considerada infectante para que seja possível causar uma doença alimentar na população. Os dados quali e quantitativos referentes ao perigo podem ser obtidos por meio de dados clínicos (atendimento médico) e epidemiológicos e também pode ser utilizada a literatura científica com modelos in vitro, animais e seres humanos. É importante descrever a patoge- nicidade que o perigo causado por uma exposição oral tem no ser humano, incluindo informações referentes à transferência de material genético entre 9Avaliação de risco microbiológico espécies, à resistência a antibióticos e aos dados como período de incubação, sintomas, fonte de transmissão e retransmissão, características do alimento que favorecem a contaminação e processo de preparo dos alimentos, ou seja, todos os fatores que interferem no processo de contaminação alimentar. A população também deve ser caracterizada (condição imunológica do in- divíduo, idade, acesso a serviços de saúde, gravidez, entre outros), pois é o hospedeiro humano do microrganismo e tem relação quanto ao estado nutricional e de saúde (OPAS, 2006; FAO/WHO, 2006). Avaliação da exposição Esta etapa tem como objetivo avaliar de forma quali ou quantitativa a “[...] ocorrência de um determinado patógeno em dado nível de contaminação no alimento, no momento do consumo, numa dada população e/ou subpopulação” (NUNES, 2013, p. 30). Trata-se da probabilidade de no momento do consumo o alimento estar contaminado, seja com o microrganismo ou toxina. “Des- creve as vias de exposição e considera a frequência provável e a quantidade de consumo do alimento contaminado com o perigo” (FORSYTHE, 2013, p. 444). É necessário integrar a variabilidade da adaptação do microrganismo ao estresse e as respostas associadas ao crescimento, ao desenvolvimento e à sobrevivência deste ao longo de toda a cadeia alimentar. É incluída aqui a descrição dos fatores intrínsecos e extrínsecos aos alimentos que podem afetar o nível de contaminação alimentar. Para considerar os níveis de conta- minação microbiológica, podem ser utilizadas legislações específicas, como, no Brasil, a RDC nº. 12/2001 e outros documentos que contenham dados referentes a níveis de contaminação. A exposição é definida de acordo com a dose de um determinado microrganismo contida na porção consumida em uma determinada frequência de microrganismos. Utilizam-se diferentes tipos de software para determinar a “dose” e estes fazem simulações para determinar exposição versus contaminação. São conhecidos como microbiologia predi- tiva. As concentrações de microrganismos sempre são dadas pela unidade de medida unidade formadora de colônia (UFC/g) (OPAS, 2006; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; FAO/WHO, 2008; NUNES, 2013; MEMBRÉ; GUILLOU, 2016). Caracterização do risco Este tópico reúne os dados das três primeiras etapas e estima a probabilidade de ocorrer uma dose tóxica em uma determinada população, incluindo os Avaliação de risco microbiológico10 efeitos que podem ser causados por esta dose, ou seja, apresenta a probabili- dade de uma determinada população ter sido contaminada (incluindo efeitos adversos) em razão da exposição a um alimento contaminado. É necessário comparar a dose de exposição identificada nas etapas anteriores com a dose considerada tóxica, assim, o risco é caracterizado quando a dose estimada for igual ou superior à dose tóxica. Sempre que for possível quantificar essas informações, tem-se, então, avaliação quantitativa do risco microbiológico, portanto, a caracterização do risco pode ser quali-quantitativa (DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; NUNES, 2013; FORSYTHE, 2013). A Figura 2 apresenta uma forma esquemática das etapas da avaliação do risco microbiológico. Figura 2. Diagrama das etapas da avaliação de risco microbiológico. Fonte: Adaptada de Forsythe (2013). Declaração do propósito Identi�cação do perigo Identi�cação dos microrganismos capazes de causar efeitos adversos à saúde Avaliação da exposição Avaliação do provável grau de ingestão Caracterização do perigo Avaliação da natureza dos efeitos adversos associados a perigos microbiológicos que podem estar presentes no alimento Uma avaliação de dose-resposta deve ser realizada se os dados estiverem disponíveis Caracterização do risco Integração da avaliação da exposição e da caracterização do perigo Uma estimativa de risco é realizada sobre os prováveis efeitos adversos que possam ocorrer em uma determinada população, incluindo incertezas e variações Produção de um relatório formal 11Avaliação de risco microbiológico Gerenciamento de risco Os resultados obtidos na etapa de avaliação de risco devem ser utilizados no momento do gerenciamento de riscos para adotar medidas para reduzir a combinação entre patógeno e alimento. O gerenciamento é uma das etapas do processo que envolve avaliar as possíveis alternativas capazes de reduzir ou aceitar os riscos que foram avaliados na etapa anterior, além de selecionar os planos de ação capazes de eliminar ou reduzir os riscos. As medidas de redução de contaminação devem incluir a constante reavaliação dos parâmetros descritos no item avaliação de riscos, seguir com inspeções constantes, além de capacitar permanentemente todos os envolvidos no processo de manipulação de alimentos, incluindo os da fazenda à mesa. Quando um produto apresentar um risco iminente à saúde da população, este pode ser retirado do mercado (CORBELLINI; COSTA, 2015). Comunicação de risco É o momento em que ocorre a troca de informações entre avaliadores, gestores, indústria, comércio, comunidade acadêmica e consumidores, além de quaisquer outras pessoas/órgãos interessados nos resultados. A comunicação de risco deve ser realizada durante todo o processo, assim, é possível que os avaliadores possam desenvolver relatórios explicativos sobre as decisões tomadas em cada etapa conformeo nível de risco existente. Uma comunicação eficiente melhora a atuação dos manipuladores em todos os processos produtivos da cadeia (NUNES, 2013; FORSYTHE, 2013). Métodos de avaliação do risco microbiológico Para cada etapa do processo de avaliação de risco microbiológico podem ser aplicados diversos métodos, conforme a necessidade. A Figura 3 apresenta de forma detalhada as etapas do processo de avaliação do risco microbiológico do campo à mesa. Avaliação de risco microbiológico12 Figura 3. Etapas do processo de avaliação do risco microbiológico do campo à mesa. Fonte: Adaptada de Forsythe (2013). Prevalência do patógeno Concentração do patógeno P Campo P Proces- samento Campo Proces- samento P Distri- buição Distri- buição P Consu- midor Consu- midor C C C C D ad os d e vi gi lâ nc ia M icrobiologia preditiva Módulo 1 Produção Módulo 2 Transporte e processamento Módulo 3 Varejo e distribuição Módulo 4 Preparo pelo consumidor Módulo 5 Modelo de consumo Estimativa de exposição Dose-resposta Probabilidade de infecção Probabilidade de doença Risco � Formulação do problema: definida pela equipe — formulação de perguntas e hipóteses. 13Avaliação de risco microbiológico Para a avaliação de riscos: � Identificação de perigo: identificar o patógeno causador da doença e os agentes químicos, físicos e biológicos presentes nos alimentos e que são nocivos à saúde; busca na literatura científica; dados disponíveis em órgãos governamentais internacionais e nacionais como Ministério da Saúde, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Unidades de Saúde (contato com dados médicos sobre casos de contaminação alimentar); informações de laboratórios de análise microbiológica (tipo de alimento versus patógeno). Devem ser incluídas informações sobre surtos alimentares e consumo alimentar e inocuidade de alimentos. Sem- pre que possível, é importante contar com especialistas (BROWN; CAM- PDEN, 2002; FAO/WHO, 2008; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; SANT'ANA; FRANCO, 2009; CORBELLINI; COSTA, 2015). � Caracterização do perigo: avaliar quali ou quantitativamente a exten- são dos possíveis efeitos adversos de um patógeno. Determinar o perfil que envolve o perigo, com a descrição de patogenicidade, período de in- cubação, sintomatologia e resistência. Descrever dos fatores intrínsecos e extrínsecos que podem influenciar o crescimento, a multiplicação e a sobrevivência do patógeno no alimento e o modo de preparo. Estimar, sempre que possível, a relação entre dose e resposta em diferentes modos de exposição ao perigo, possibilitando determinar a dose infectante. Recomenda-se o uso de software para determinar a concentração do patógeno e o grau de efeitos adversos no organismo humano (FAO/WHO, 2008; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; NUNES, 2013). � Avaliação da exposição: determinar qual segmento populacional está exposto ao patógeno no momento do consumo. Avaliar as matérias- -primas usadas para a elaboração de um determinado produto e os riscos que oferecem e podem ser comparados à frequência dos alimentos con- sumidos pela população. Devem ser considerados os fatores intrínsecos e extrínsecos no momento do consumo dos alimentos. Deve ser usada a legislação pertinente sobre critérios microbiológicos. No Brasil, a RDC nº. 12/2001 recomenda os limites toleráveis para contaminações micro- biológicas (FAO/WHO, 2008; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; CHAPMAN et al., 2016). � Caracterização de risco: junção das informações coletadas nos itens anteriores para estimar a probabilidade de ocorrer efeitos adversos em razão da ingestão de doses tóxicas. Deve ser comparada a dose Avaliação de risco microbiológico14 estimada de exposição com a dose tóxica, então, será considerado que um risco existe quando a dose estimada existente em um alimento for igual ou maior que a dose tóxica (FAO/WHO, 2008; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; MEMBRÉ; BOUÉ, 2018). É importante estar atento à escolha do método que será utilizado para determinar os processos. O Quadro 2 apresenta uma relação das características dos perigos microbiológicos e químicos que podem influenciar nos métodos de escolha para a avalição de risco. Fonte: Adaptado de Dubugras e Pérez-Gutiérrez (2008). Perigos microbiológicos Perigos químicos A contaminação pode ocorrer em diversos pontos da cadeia alimentar, desde a produção até o consumo. Normalmente entram em contato com o alimento cru ou ingredientes, ou durante determinadas etapas do processamento. A prevalência e a concentração do perigo variam ao longo da cadeia de produção. Após a introdução no alimento, com frequência não há mudanças significativas no nível do perigo. A presença no alimento não é homogênea. Presença homogênea (aditivos alimentares) ou heterogênea (substâncias químicas). Alto grau de variabilidade do patógeno e também na resposta do hospedeiro. A toxicidade do perigo é inevitável e a toxicologia usualmente não varia entre os indivíduos. Frequentemente, a manifestação do efeito nocivo tem curso agudo, após exposição única. Os efeitos nocivos podem ter manifestação aguda, porém, usualmente o curso é crônico. Quadro 2. Características dos perigos microbiológicos e químicos que influenciam a es- colha da metodologia de avaliação de risco 15Avaliação de risco microbiológico � Gerenciamento de risco: esta etapa é a que o gestor reúne todas as informações coletadas nas fases anteriores para possibilitar a imple- mentação de decisões a respeito das medidas de controle que serão implementadas durante o processo. Deve ser incluido o monitoramento e a revisão constante do processo, além da identficação e da seleção de opções de gerenciamento nas diversas etapas do processo. As ca- pacitações de pessoas para a execução das boas práticas devem ser previstas nesta fase (WIJTZES, 2002; FAO/WHO, 2008; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008). A Figura 4 representa a sequência genérica proposta pela FAO/WHO (2006) referente ao gerenciamento de risco. Figura 4. Esquema geral do processo de gerenciamento de risco. Fonte: Dubugras e Pérez-Gutiérrez (2008, documento on-line). Avaliação de risco microbiológico16 A alimentação é essencial desde a gestação. Após o nascimento, as crianças têm contato com o leite materno até os seis meses de idade, mas em algumas situações, em que o aleitamento materno não é possível, a criança passa a receber fórmulas infantis. Nessas situações, as fórmulas precisam estar livres de contaminações, pois uma contaminação pode colocar em risco a saúde da criança. Rodrigues et al. (2019) publicaram um artigo sobre os riscos microbiológicos de fórmulas para lactentes, o qual você pode ler acessando o link a seguir. https://qrgo.page.link/ib5yZ Comunicação de risco: nesta fase ocorrem as trocas de informações que devem ser interativas e contínuas entre todos os envolvidos no processo. A comunicação deve ser interna e externa, sendo que isso inclui avaliadores, consumidores, indústria, gestores, comunidade acadêmica, sociedade, entre outros. É importante que este processo ocorra durante todas as etapas do processo de avaliação do risco microbiológico, pois isso melhora a qualidade das decisões de gestão e fortalece a credibilidade das informações (FAO/ WHO, 2008; DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008). É importante lembrar que a comunicação de risco não substitui as capacitações que devem acontecer com os envolvidos no processo que irá garantir a qualidade do produto final servido ao consumidor. A análise de risco microbiológico é uma “[...] ferramenta para o processo de tomada de decisão sobre questões de segurança dos alimentos” (DUBU- GRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008, p. 24). É por meio dela que é possível identificar onde há necessidade de controle durante o processo da cadeia alimentar (fazenda à mesa) sempre com o objetivo de reduzir os riscos que um alimento exposto a um patógeno pode causar no ser humano (DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008).17Avaliação de risco microbiológico BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 12, de 2 de ja- neiro de 2001. Brasília, DF, 2001. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/docu- ments/33880/2568070/RDC_12_2001.pdf/15ffddf6-3767-4527-bfac-740a0400829b. Acesso em: 14 out. 2019. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Multilaterais. Brasília, DF, 2018. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/relacoes-internacionais/ negociacoes-nao-tarifarias/multilaterais. Acesso em: 14 out. 2019. 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