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Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 1 Principai� Parasita� CHAGAS Trypanosoma cruzi Morfologia - alternância de formas celulares no ciclo biológico (fenômeno de diferenciação celular) dos hospedeiros vertebrados e invertebrados Nomenclatura baseada em: Exteriorização e ponto de emergência do flagelo do corpo celular; Extensão de membrana ondulante presente; Posição do cinetoplasto relativa ao núcleo; Porções anterior e posterior da célula e Formato geral da célula Morfologia do T. cruzi no hospedeiro vertebrado: Amastigota: forma esférica ou ovalada, flagelo curto que não se exterioriza (multiplicação intracelular) Tripomastigota: forma fusiforme e alongada com cinetoplasto posterior ao núcleo, o flagelo torna-se livre a partir da porção anterior da célula (forma infectante) Apresenta-se sob duas formas: Larga: sangue circulante, menos infectante, parasitemias tardias, mais resistentes aos Ac, tropismo por células musculares lisa, cardíaca e esquelética - miotrópicas Delgada: sangue circulante, mais infectantes, mais susceptíveis a Ac, tropismo celular pelo SFM Morfologia do T. cruzi no hospedeiro invertebrado Esferomastigota: organismos arredondados, circundados ou não por flagelos Podem se transformar em: Tripomastigotes metacíclicos infectantes Epimastígotas curtos (divisão binária) Epimastígotas longos – não se multiplicam e nem se diferenciam Epimastígota: forma fusiforme, cinetoplasto situado perto do núcleo, membrana ondulante curta e flagelo livre bem desenvolvido. Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 2 Ciclo biológico do T. cruzi Parasito heteroxênico: fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado (homem e mamíferos) e extracelular no inseto vetor (triatomíneos). Início da infecção (fase aguda): parasitemia alta, morte entre crianças; Fase crônica: baixa parasitemia; Interação parasito X célula hospedeira Adesão celular; Interiorização Fenômenos intracelulares: tripomastigota e amastigota, desenvolvem livre no citoplasma e rompem a célula hospedeira iniciando novo ciclo celular. Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 3 Transmissão Vetorial Transfusional Congênita Oral - aleitamento Acidental Transplante de órgãos Coito – sem comprovação, apenas experimentalmente O Vetor - Triatomíneos Classe Insecta Ordem Hemiptera Família Reduviidae Subfamília Triatominae Gênero Triatoma, Rhodnius, Panstrongylus Espécies Triatoma infestans; T. brasiliensis; Rhodnius prolixus; Panstrongylus megistus A- Panstrongylus – Possui cabeça globosa, e as antenas implantadas próximas aos olhos. B- Triatoma – cabeça alongada e antenas implantadas num ponto médio entre os olhos e a extremidade anterior da cabeça. C- Rhodnius – cabeça alongada e delgada e antenas implantadas bem próximas da extremidade anterior da cabeça. A Doença de Chagas - Patogenia Relação parasito-hospedeiro (equilíbrio e estabilidade em vetores); apresenta os seguintes processos patológicos: Inflamação - Penetração em SMF e fibroblastos (3-5 dias) multiplicação e rompimento das células imunógenos resposta inflamatória focal. Lesões celulares - ação direta do parasito e citotóxica de células T CD8+ e T CD4+ (principalmente na fase aguda – miocárdio e neurônios). Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 4 Fibrose - Instala-se desde a fase aguda (lenta e gradualmente), mas é típica da fase crônica; Substituição das miocélulas destruídas por colágeno, vascularização pobre do tecido, restrição da função hemodinâmica que culmina em insuficiência cardíaca. Compreende as seguintes fases: Fase Crônica Sintomática - Forma Cardíaca; Forma Digestiva e Forma Nervosa Fase aguda, caracteriza-se por: Parasitemia abundante; Transitoriedade dos sintomas e sinais; Insipiência das defesas humorais específicas; Duração de 2 a 4 meses; Acomete ambos os sexos até 15-20 anos, mais exuberante até 3-5 anos; Período de incubação: 4-10 dias; Fase Aguda Forma Assintomática: mais frequente; Forma Sintomática: Febre; Sinais de porta de entrada (sinal de Romaña e chagoma de inoculação); Edema localizado e generalizado; Poliadenia; Linfonodomegalia; Hepatoesplenomegalia; Insuficiência cardíaca; Meningoencefalite; Fase Crônica Assintomática (Forma Indeterminada) Positividade no exame sorológico e/ou parasitológico (xenodiagnóstico); Ausência de sintomas e/ou sinais da doença; ECG – Normal; Coração, esôfago e cólon – Radiologicamente normais; Forma Cardíaca: Insuficiência Cardíaca Congestiva (fibrose e destruição do SNA simpático e parassimpático – exsudato inflamatório); Arritmias (lesão vorticilar); Fenômenos tromboembólicos (infarto de coração, pulmões, rins e outros órgãos); Bloqueio do ramo direito do feixe de Hiss – alteração patognomônica; Cardiomegalia intensa; Forma Digestiva: Megaesôfago - disfagia, dor retroesternal, regurgitação; Megacólon - obstruções intestinais e perfurações (peritonite); Forma Nervosa: Perda ou diminuição de Neurônios – isquemia devido a ICC, arritimias cardíacas e processos auto-imunes; Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 5 Diagnóstico Laboratorial - Fase Aguda Exames Parasitológicos: Exame de sangue a fresco e de gota espessa; Esfregaço sanguíneo; Exames Sorológicos: IgM e IgG (Imunofluorescência indireta e ELISA); Diagnóstico Laboratorial – Fase Crônica Exames Sorológicos: IgM e IgG (Imunofluorescência indireta e ELISA); Reação de Hemaglutinação Indireta (RHA); Epidemiologia Transmissão pelas fezes e por transfusão sanguínea; Quebra do ciclo silvestre (zoonose); Cafua em áreas rurais são ambientes ideais para o barbeiro; Êxodo rural (favelas e exemplares de barbeiros); Estados afetados: RS, parte de SC e Paraná, MG (exceto sul), SP, GO e estados do Nordeste. Profilaxia Melhoria das habitações rurais c/ higiene e limpeza da mesma; Combate ao barbeiro (químico); Tratamento dos infectados; Controle do doador de sangue; Normas de biossegurança em laboratórios; Tratamento Benzonidazol Efeitos contra as formas sanguíneas (5-8 mg/kg/dia -60 dias). Nifurtimox Age contra as formas sanguíneas e teciduais (8-12mg/Kg/dia – 90 dias). *Obs: Indicados principalmente em casos agudos TOXOPLASMOSE Classificação Taxonômica Filo - Apicomplexa Classe -Sporozoae Ordem - Eucoccidia Família -Sarcocystidae Gênero -Toxoplasma Especíe -T. gondii Introdução Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório; Toxoplasmose é uma zoonose de ampla distribuição geográfica; OMS relata alta soroprevalência (60% da população em determinados países); A doença é mais grave em recém-nascidos (encefalite, microcefalia, hidrocefalia, coriorretinite); Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 6 Morfologia Possui diferentes formas evolutivas (dependente do hábitat); Formas infectantes: 1.Taquizoítos: forma proliferativa encontrada durante a fase aguda da infecção; 2. Bradizoítos: forma encontrada em cistos teciduais (nervoso, cardíaco, muscular esquelético, retina) com reprodução lenta; Obs :Os cistos conferem aos bradizoítos proteção aos mecanismos imunológicos do hospedeiro; 3. Oocistos: Produzidos no epitélio intestinal dos felídeos e eliminados com as fezes. Resistentes às adversidades ambientais. Ciclo Biológico Desenvolve-se em duas fases: Fase assexuada: nos linfonodos e nos tecidos de vários hospedeiros; Fase sexuada: nas células do epitélio intestinal de gatos jovens não imunes; Ciclo heteroxênico: Hospedeiro definitivo: gatos e outros felídeos - ciclo sexuado); Hospedeiro intermediários: homem e animais de produção (bovino, caprinos, ovinos, suínos e aves) - ciclo assexuado; Transmissão 1. Ingestão de oocistos presentes nos alimentos, caixas de areia ou disseminados mecanicamente por baratas ou moscas; 2. Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida; 3. Congênita ou transplacentária; 4.Transfusão sanguínea; Raramente: transplante de órgãos, ingestão de leite contaminado, acidente de laboratório; Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 7 Patogênese da toxoplasmose 1 - Proteínas (ancorados a GPI) interagemcom receptores na célula; 2 - Adesão e internalização do protozoário (micronemas); 3 - Formação do vacúolo parasitóforo, estabelecimento e multiplicação parasitária; Imunidade inata na toxoplasmose Mecanismos da resposta imune inata que atuam contra taquizoítos de Toxoplasma gondii. Resposta imune celular na toxoplasmose Papel dos linfócitos TCD4 e TCD8 na resposta imune celular contra Toxoplasma gondii. 1.Toxoplasmose congênita É necessário que a mãe se encontre na fase aguda ou que ocorra uma reagudização da doença. Primeiro trimestre: Aborto; Segundo trimestre: aborto ou nascimento prematuro (criança apresenta-se normal ou com anomalias); Terceiro trimestre: Nasce normal ou apresenta evidências da infecção; Comprometimento ganglionar generalizado, hepatoesplenomegalia, miocardite, lesões oculares, lesões do SNC (microcefalia e hidrocefalia); 2.Toxoplasmose oftálmica Coriorretinite: (difusa ou retinite focal necrotizante); 30% a 60% dos pacientes com esta entidade; Usualmente resulta de infecção congênita; Assintomática até a segunda e terceira década de vida. Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 8 Dois tipos de lesões: Retinite aguda, com intensa inflamação, Retinite crônica com cegueira progressiva. 3. Toxoplasmose aguda em hospedeiro imunocompetente Sintomas inespecíficos: Rash maculopapular ou urticariforme; Hepatoesplenomegalia: ocasionais; Linfadenopatia generalizada ou linfadenopatia retroperitoneal e mesentérica com dor abdominal; Geralmente: infecção crônica latente persistente (cistos = bradizoitos). 4. Toxoplasmose aguda em hospedeiro imunocomprometido Infecção primária ou reativação: doença grave disseminada ou em órgãos específicos: cérebro, pulmões e olhos (mais comuns); coração, pele, trato gastrointestinal e fígado; pode ser associada a: AIDS, câncer, imunossupressão terapêutica Diagnóstico Diagnóstico clínico: Sugestivo Diagnóstico laboratorial Fase aguda Parasitológico - demonstração do parasita • Sorológico – detecção de IgM • Molecular - PCR Fase crônica • Sorológico – detecção de IgG Acompanhamento da Gestante: Exame pré-natal; IgG infecção crônica; IgM trimestralmente se negativa; Tratamento As drogas utilizadas atuam contra taquizoítos e não contra os cistos; Pirimetamina: 75 a 100 mg nos primeiros 3 dias, após 25/50 mg/dia por 3 - 4 semanas. Associada a: Sulfadiazina: 100 mg/Kg/dia, até 8 g/dia (em geral até 2 g/dia) ou Clindamicina Azitromicina Toxoplasmose oftálmica: mesmo esquema por 1 a 2 meses. Prednisona: 40 mg/dia na primeira semana, 20 mg/dia nas 7 semanas seguintes. Toxoplasmose aguda em gestante: mesmo regime após a 16º semana de gestação. Espiramicina: 50 mg/Kg/dia até 3 g/dia, de 8/8 h, por 3 semanas, no 1º trimestre, Clindamicina: 600 mg de 6/6 h para evitar a infecção placentária. Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 9 Profilaxia Saneamento (pessoal e ambiental); Educação; Fezes e contato com gatos (Caixas de areias); Controle da população de gatos e de insetos sinantrópicos; Tratamento preventivo de gatos de companhia; Não ingerir carne crua ou mal cozida e leite crú; Higienização adequada das verduras. LEISHMANIA Leishmania chagasi e L. infantum Leishmaniose Visceral Americana Doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, causada por parasitos do complexo Leishmania donovani. Conhecida no Brasil como leishmaniose ou calazar; L. chagasi e L. infantum - parasito heteroxeno (hospedeiro vertebrado e invertebrado) Hospedeiro vertebrado - homem Mecanismo de infecção envolve o flebotomíneo Lutzomyia longipalpis; Segundo a OMS o calazar está entre as 6 principais endemias do mundo; Epidemiologia Zonas Rurais tropicais e subtropicais do mundo: Ásia, Oriente Médio, África, América Central e do Sul No Brasil: Estados costeiros, do Pará ao Paraná e em Estados centrais como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul Doença de notificação compulsória; Apresenta dois tipos epidemiológicos: zoonose Reservatórios: animais silvestres (chacal, raposa, roedores) e domésticos (cão); 60% dos casos - gênero masculino 54,4% dos casos - crianças menores de 10 anos Destes 41% - menores de 5 anos Morfologia Formas evolutivas: Amastigotas - ovais ou esféricas, cinetoplasto em forma de bastão, bolsa flagelar. Dimensão: 1,5 a 3 μm X 3,0 a 6,5 μm Hábitat: interior das células ou livres (macrófagos humanos) Paramastigotas - arredondados ou ovais com flagelo curto Dimensão: 5 a 10 μm X 4,0 a 6,0 μm Hábitat: intestino do vetor (aderidas ao epitélio) Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 10 Promastigotas - alongadas com flagelo livre e logo, cinetoplasto em forma de bastão. Dimensão: 16 a 40 μm X 1,5 a 3,0 μm Hábitat: intestino do vetor (livres) Ciclo biológico Ciclo silvestre e peridomiciliar Transmissão Picada da fêmea de L. longipalpis; Formas promastigotas infectantes nadando na probóscida do vetor são inoculadas; Outros mecanismos (raros): Congênita (circulação materno fetal ou parto) Transfusão sanguínea (seringas ou agulhas contaminadas) Acidentes de laboratório (auto-inoculação) Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 11 Ciclo biológico-vetor Vetor Quadro clínico Período incubação: 10 dias a 24 meses, com média entre 2 a 6 meses. Forma assintomática (áreas endêmicas) Febre baixa recorrente; Diarréia; Sudores e prostação; Cura espontânea ou mantém o parasitismo sem evolução clínica Forma aguda Febre alta; Palidez das mucosas e Hepatoesplenomegalia Forma sintomática crônica ou calazar clássico Febre irregular; Emagrecimento/desnutrição; Hepatoesplenomegalia (Ascite); Edema generalizado; Dispnéia; Dores musculares; Pertubações digestiva; Epistaxes; Retardo da puberdade. Manifestações cutâneas causada pela L. donovani que ocorre após o tratamento da forma visceral; Aparecimento após 5 meses - 6anos da cura do calazar; Áreas com Carolina Pithon Rocha | Medicina | 4o semestre 12 hiperpigmentação, pápulas, nódulos na face; tronco ou membros; Etiologia inexplicada; Diagnóstico Parasitológico – encontro do parasito em amostras biológicas dos tecidos (baço, médula, fígado) PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) – pesquisa do DNA do parasito em amostras clínicas Métodos Imunológicos Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) - Fixação das formas amastigotas em lâmina Tratamento Quimioterapia Antimoniais pentavalentes Sb5+ (1ª opção) Antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime ®) Estibogliconato sódico (Pentostam ®) Administrar = 20 mg de Sb5+ /Kg/dia, VM ou VI por 20 dias *Obs: Critério de cura - aspectos clínicos Imunoquimioterapia Drogas imunorreguladoras: IFNγ humano recombinante + antimoniais Fator estimulador de colônias e IL-12 recombinantes Profilaxia Base tríade Diagnóstico e tratamento dos doentes Eliminação dos cães com sorologia positiva Combate às formas adultas do inseto vetor Cuidados adicionais: Uso de coleiras impregnadas com inseticidas
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