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Introdução ao Estudo do Direito

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1 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO 
ESTUDO DO DIREITO 
II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO II 
AULA 01 
 
Apresentação da Disciplina 
Indicação da Bibliografia 
Relação Jurídica 
 
 Conceito e conteúdo. 
 Relações Sociais Comuns e Relação Jurídica: Características e distinções. 
 Elementos da relação jurídica: sujeitos, objeto, vínculo, garantia e fato 
jurídico – noções gerais.1 
 
 Conceito e conteúdo: 
 
1
 Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 165/167 – pg 291/297. 
 
 
 
 
2 
 
 A doutrina da Relação Jurídica tem origem em Savigny, para quem a Relação 
Jurídica é: “um vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas pode 
pretender algo a que a outra está obrigada”. Tal definição encontrou amparo 
no nosso Direito, principalmente através de grandes juristas como Pontes de 
Miranda e Miguel Reale. 
 Hans Kelsen discorda, na medida em não enxerga a relação entre pessoas, 
mas sim, o vínculo entre fatos entrelaçados por normas jurídicas. O 
posicionamento de Kelsen, contudo sempre encontrou acolhida, visto ser 
originária do prócer da corrente normativista. 
 A Relação Jurídica integra o elenco dos conceitos jurídicos fundamentais e vem 
a ser o ponto de convergência de diversos componentes do Direito. Aliás, 
segundo Paulo Nader, “São as relações jurídicas que dão movimento ao 
Direito. Em cada uma ocorre a incidência de normas jurídicas, que definem os 
direitos e os deveres dos sujeitos”. 
 
 Relações Sociais Comuns e Relação jurídica: Características e distinções 
 
 
 Considerando que o homem é um ser social por natureza, a necessidade de 
suprir suas carências o leva – salvo raras distorções – a conviver em 
sociedade. Da convivência surgem as relações sociais. 
 Quando as relações de vida passam a repercutir no equilíbrio social, não 
podem permanecer no seio da sociedade de forma aleatória. É nesse 
momento, quando as relações sociais se tornam negativas ou prejudiciais ao 
interesse coletivo, que o Estado tem o dever de intervir e normatizar as 
relações sociais, transmutando-as em norma jurídica. 
 
 
 
 Pode ainda o Estado faze-lo de forma positiva, quando determinada relação 
social beneficia esse mesmo interesse comum. Reconhecendo a sua licitude, 
pode discipliná-la e até mesmo fornecer auxílio estatal. 
 
 Logo, as relações jurídicas estão intimamente ligadas à Política Jurídica. É ela 
que indica ao legislador as relações sociais que se sujeitam a normatização. 
 
 
 Elementos: 
 
1) Sujeito: 
a. Ativo; 
b. Passivo. 
2) Vínculo 
3) Objeto; 
4) Garantia; 
5) Fato jurídico 2 
 
 
2 Paulo Nader desconsidera fato jurídico como elemento, pois considera-o mais um 
pressuposto das relações jurídicas. Será estudado apropriadamente na Aula 7. 
 
 
 
 
3 
 
 Sujeito: 
 
 Para se tratar dos sujeitos, conquanto elementos da Relação Jurídica, é mister 
que se tenha a compreensão do conceito da chamada “alteridade”, que significa a 
relação de homem para homem. 
 
 Sujeito Ativo – detém o direito subjetivo. É a pessoa que, na relação jurídica 
ocupa a situação jurídica ativa, ou seja, é o portador do direito subjetivo que 
tem o poder de exigir do sujeito passivo o cumprimento do dever jurídico. 
 Sujeito passivo – possui o dever jurídico. Encontra-se no pólo oposto. É o 
indivíduo que integra a relação jurídica passiva, ou seja, com a obrigação de 
uma conduta ou prestação em favor do sujeito ativo. 
 
 É impossível a relação jurídica sem a bilateralidade de sujeitos, já que não 
existe direito onde não há dever. 
 
 
 Vínculo: 
 
 Vínculo de Atributividade, na denominação de Paulo Nader, pode ter origem 
tanto na lei, quanto no contrato. 
 No entender de Miguel Reale, “É o vínculo que confere a cada um dos 
participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo determinado ou 
determinável”. 
 
 
 Objeto: 
 
 O Vínculo existente na relação jurídica está sempre em função de um objeto. As 
relações jurídicas são estabelecidas visando a um fim específico. 
 O objeto da relação jurídica recai sempre sobre determinado bem, que tanto 
pode ser patrimonial ou não. 
 Ex: em um contrato onde se prevê a construção de uma casa, o objeto é a 
prestação de serviço; o sujeito ativo é o contratante, e o passivo o contratado; 
o vínculo se origina no contrato. 
 
 Garantia: 
 
 A partir do conceito de que cada relação jurídica possui sujeito ativo e passivo, 
vínculo e objeto, há que se pensar necessariamente em um quarto elemento que 
vem aperfeiçoá-la, qual seja a garantia. 
 Podemos, afirmar, portanto, que a garantia decorre justamente do poder de 
coerção da lei. Seja o vínculo a própria lei ou o contrato – que existe, pois a lei 
prevê a sua existência – é o fator de coerção que irá propiciar a garantia, visto que 
o descumprimento por parte do sujeito passivo em cumprir sua obrigação 
acarretar-lhe-á sanção como forma de punição. 
 
 
 Fato Jurídico: 
 
 
 
 
 
4 
 Conforme comentado acima, na visão de Paulo Nader, o fato jurídico antecede 
a relação jurídica, razão pela qual não pode ser um de seus elementos. Na 
verdade, tem fundamento sua assertiva já que, para que possa existir uma 
relação jurídica, a mesma deve advir de fato pré-existente. 
 Em uma visão mais global, o Direito decorre do fato. Se não existir um 
elemento causador (fato), não haverá nada a ser avaliado (valor), nem a 
necessidade de uma regra (norma) para regular eventual direito. 
 Como bem define o Prof. José Acir Lessa, “Fato é todo acontecimento que 
ocorre no meio social”.3 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 02 
 
 
 Relação Jurídica 4 
 
 Espécies 5 
 
 
 Relações Jurídicas quanto ao sujeito: 
 
 
 SIMPLES: Quando as relações contém apenas um direito subjetivo, ou seja, 
um dos sujeitos ocupa a posição ativa e o outro a posição passiva. Aquele que 
se coloca do lado ativo é o titular do direito subjetivo. Aquele que se coloca do 
lado passivo é o que tem o dever jurídico para com o outro. Exemplo: relação 
em que se configure um empréstimo de dinheiro. 
 
 COMPLEXAS: Quando encerram vários direitos subjetivos em cada lado, 
figurando como sujeito ativo e passivo os seus titulares. Exemplo: contrato de 
trabalho, contrato de locação de imóvel, dentre outros. 
 
 ABSOLUTAS: Quando a coletividade figura como sujeito passivo da relação 
jurídica. Seus efeitos vinculam todas e quaisquer pessoas do universo e não 
apenas aquelas diretamente envolvidas. Nas relações dessa natureza está 
implícita a obrigação de respeito ao direito de outrem que seja o respectivo 
 
3
 José Acir Lessa Giordano – Direito Civil, 2ª – Parte IV, Cap I - pg 169. 
4
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, Cap. XXVII. 
5
 Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, Caps. XXXV e XXXVI./ Paulo Dourado de Gusmão – 
Introdução ao Estudo do Direito, Caps, XVII e XVIII. 
 
 
 
 
5 
titular do direito. Por isso, diz-se que operam erga omnes (contra todos, para 
todos, que atinge a todos). Exemplo: Ocorre com o direito de propriedade ao 
qual todos devem respeito. 
 
 RELATIVAS: Quando uma pessoa ou um grupo de pessoas figura no pólo 
passivo da relação jurídica. Envolvem somente as partes relacionadas entre si. 
A obrigação ou dever recais somente sobre determinada(s) pessoa(s), 
perfeitamente identificada(s) ou identificável(eis), não tendo qualquer 
ingerência quanto às demais pessoas não envolvidas. São denominadas, ainda, 
como relações pessoais. Exemplo: É o caso das relações da família, em queos direitos e deveres circunscrevem-se, exclusivamente às pessoas dos 
cônjuges, dos pais e dos filhos; ou, nas relações sucessórias, cujos direitos e 
obrigações restringem-se às pessoas ligadas à herança, tais como os herdeiros 
legítimos e testamentários, legatários, credores do de cujus, dentre outros. 
 
 
 Relações Jurídicas quanto ao objeto: Podem ser pessoais, obrigacionais e reais, 
conquanto direitos da pessoa, de uma prestação ou de uma coisa. 
 
 
 PESSOAIS: Quando relativas aos direitos das pessoas. A conduta de uma parte 
depende da conduta da outra parte. Ocorrem nas relações estabelecidas no Direito 
de Família. Exemplo: Pátrio-poder, casamento, etc...; 
 OBRIGACIONAIS: Quando relativas às prestações, havendo liberdade de 
disposição. A conduta de uma parte é o meio de satisfazer o interesse da outra 
parte. Ocorrem nos contratos, de modo geral. Exemplo: O contrato de compra e 
venda, ao credor, gera a obrigação de entregar a coisa; ao devedor gera a 
obrigação de pagar a coisa. 
 REAIS: Quando relativas às coisas. Nessas relações, sobressaem os poderes e 
as faculdades que têm o titular em relação à coisa, colocando-se as demais 
pessoas do universo na situação jurídica de não impedir que ele os exerça. 
Exemplo: A transferência da propriedade de um titular para outro. 
 
 
 Relações Jurídicas quanto às normas: No que tange à disciplina normativa, 
podem ser tratados em várias subdivisões. 
 
 
 CIVIS: São aquelas estabelecidas pela lei aos particulares e reguladas pelos 
direito privado. Exemplo: O art. 159 do C.C. determina: Aquele que, agindo por 
ação ou omissão, causar prejuízo a outrem, fica obrigado a indenizar; 
 
 PENAIS: são aquelas que decorrem da infringência de um dever jurídico 
estabelecido na lei penal. Exemplo: O art. 121 C.P. proíbe matar. Se ocorre o 
homicídio, surge a relação jurídica entre o Estado e o agente, da qual pode resultar 
aplicação da sanção prevista em lei. 
 
 COMERCIAIS: São aquelas que dizem respeito às atividades dos comerciantes 
em geral. Exemplo: O art. 10, I, do Código Comercial diz que todos os 
 
 
 
 
6 
comerciantes são obrigados a seguir uma ordem uniforme de contabilidade e 
escrituração, e a manter livros para essas finalidades; 
 
 TRABALHISTAS: São aquelas que dizem respeito à convivência entre 
empregador e empregado dentro da empresa moderna. Exemplo: O art. 391 da 
CLT afirma não constituir justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da 
mulher, o fato de haver contraído matrimônio ou de se encontrar em estado de 
gravidez. Ocorrendo o contrário, estabelece-se uma relação jurídica trabalhista 
entre empregada e empregador. 
 
 
 CONSTITUCIONAIS: São aquelas que dispõem sobre a estrutura do Estado, 
definem a função de seus órgãos e estabelecem as garantias fundamentais da 
pessoa. As normas constitucionais dispõem sobre a auto-organização do Estado, 
limitando a ação de governo ao estabelecer faixas de competência; bem como 
consagram o Direito de garantia das pessoas, sendo certo que as constituições 
modernas estabelecem todo um rol de garantias fundamentais do homem.6 
 
 ADMINISTRATIVAS: São aquelas que buscam a regulação dos serviços 
públicos. Consideramos serviço público, a atividade estatal voltada para a 
satisfação das necessidades coletivas essenciais, dentre as quais, podemos citar os 
serviços de correios, fornecimento de água e energia elétrica, seguranças, obras 
públicas, etc. Está profundamente inserida no nosso cotidiano, pois não apenas 
estabelece as regras internas da administração pública, como tecem parâmetros de 
conduta externa, tais como os códigos de postura, caça e pesca, extratividade 
mineral, e outros. Ainda em plena fase desenvolvimento no Brasil, busca dar à 
administração pública uma “performance” mais profissional de modo a dar mais 
eficiência no atendimento à demanda dos serviços públicos. 7 
 
 TRIBUTÁRIAS: Decorrentes das relações financeiras. É o braço que rege 
impostos e taxas, impondo sanções para o não pagamento dos mesmos. Suas 
sanções são tanto patrimoniais (multa, correção monetária, etc) quanto pessoais 
(prisão), nesse caso com o diferencial de que, a prisão pode ser atenuada caso o 
contribuinte infrator quitar o débito fiscal, quando notificado para tal.8 
 
 PROCESSUAIS: São aquelas que disciplinam o processo judicial, ou seja, a 
seqüência de atos destinados a obter a sentença definitiva. Em termos mais claros, 
propiciam os meios necessários para fazer valer o direito material. Sua distinção do 
Direito Material é recente e divide-se em Processo Civil e Processo Penal. São 
chamadas triangulares ou trilaterais, pois além dos sujeitos está vinculada à 
atuação do juiz. 
 
1. O Direito Processo Civil regulamenta o processo que tem por 
objeto, matéria cível, ou seja, todo litígio não encampado na 
âmbito penal. A iniciativa depende da vontade das partes e 
 
6
 Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 196 – pg 342. 
7
 Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 197 – pg 343, 344./ Paulo Dourado de Gusmão – 
Introdução ao Estudo do Direito, 102 – 173, 174 
8
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 103 – 174. 
 
 
 
 
7 
seus efeitos alcançam somente os indivíduos que são parte no 
processo. 
2. O Direito Processual Penal dispõe sobre a ação penal, ou seja, 
o exercício do poder punitivo do Estado e, ao contrário de que 
ocorre no cível, a ação pode sofrer alteração no seu decorrer, 
atingindo indivíduos que inicialmente não integravam o 
processo. 
3. Além das distinções clássicas, no Brasil, começa-se a discutir a 
existência de relação processual administrativa, o que, num 
primeiro instante faz bastante sentido, na medida em que o 
processo administrativo segue ritualística bastante similar à do 
Direito Processual.9 
 
 
 Relações Jurídicas podem ser ainda: Direito Público (de subordinação) Direito 
Privado (de coordenação) 
 
 DIREITO PÚBLICO: Quando o Estado participa da relação jurídica com seu 
poder de mando (imperium) que lhe é inerente. Ocorrem quando são disciplinados 
os interesses gerais da coletividade, nos quais o interesse público se impõe. 
Exemplo: Relações entre o Fisco e o contribuinte, relações entre o Estado e seus 
funcionários, relações entre o Estado e cidadão que teve seu imóvel desapropriado, 
etc; 
 DIREITO PRIVADO: Quando integradas por particulares em plano de igualdade, 
podendo nelas o Estado participar, desde que não investido de sua autoridade ius 
imperium. Exemplo: As relações decorrentes de um contrato, seja entre 
particulares, seja entre o Estado e uma pessoa física ou jurídica, é uma relação de 
direito regulada pelos instintos constantes do Direito Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 111 – pg. 182 e 183 
 
 
 
 
8 
 
 
 
AULA 03 
 
 
Relação Jurídica 
 
 
 Elementos externos 
 Pessoas Naturais e Jurídicas 
 Personalidade Jurídica – Aquisição e Perda 
 Comoriência 
 Natureza Jurídica do Nascituro 
 Pessoa Jurídica 
 Desconsideração da Pessoa Jurídica 
 Análise dos institutos jurídicos à luz do CC/1916 e CC/2003 
 
 
 Elementos externos 
 
 
 Sujeito Ativo e Passivo: 
 
 A Sujeito Ativo – detém o direito subjetivo. É a pessoa que, na relação jurídica 
ocupa a situação jurídica ativa, ou seja, é o portador do direito subjetivo que 
tem o poder de exigir do sujeito passivo o cumprimento do dever jurídico. 
 Sujeito passivo – possui o dever jurídico. Encontra-se no pólo oposto. É o 
indivíduo que integra a relação jurídica passiva, ou seja, com a obrigação deuma conduta ou prestação em favor do sujeito ativo. 
 É impossível a relação jurídica sem a bilateralidade de sujeitos, já que não 
existe direito onde não há dever. 
 
 
 Pessoas reconhecidas pela Ordem Jurídica: Pessoas Naturais e 
Jurídicas 
 
 Maria Helena Diniz entende que “pessoa” é o ente físico ou coletivo 
suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito.10 
 Sujeito de direitos é o ente que, para o Direito, pode ser o titular de 
direitos e obrigações. Ente que, para o Direito Moderno, se reduz à pessoa, 
seja a pessoa física (homem) seja a pessoa jurídica (sociedade civil, 
sociedade comercial, fundação).11 
 
 
 
 PESSOA NATURAL: 
 
 
10
 Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B, pg. 503. 
11
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 153 – p. 271. 
 
 
 
 
9 
 O Homem. O Ser Humano. A Pessoa Física. 
 Pessoa Natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e 
obrigações.12 
 
 PESSOA JURÍDICA:13 
 
 Entidade a que a Lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na 
vida jurídica, com personalidade diversa das dos indivíduos que a compõe, 
capaz de ser sujeito de direitos e obrigações na ordem civil. Sua personalidade 
não se confunde com a personalidade de seus integrantes. 
 A pessoa jurídica surge para suprir a deficiência humana. Freqüentemente, o 
homem não encontra forças suficientes para realizar empreitadas de maior 
vulto, de forma que busca se associar a outras pessoas visando a realização e 
um objetivo. 
 Não necessariamente, a pessoa jurídica irá se nortear por finalidades 
econômicas, já que, por vezes, indivíduos se unem para realizar atividades 
recreativas, religiosas, de caridade ou assistência social, dentre outros. 
 
 
 Personalidade Jurídica – Aquisição e Perda 
 
 Personalidade: Para o Direito, é a qualidade que tem a pessoa de ser sujeito 
de direitos e obrigações. Afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo 
que dizer que ele tem capacidade para ser titular de direitos.14 
 
 A aquisição da personalidade dá-se com o nascimento (art. 2º -C.C.), ao passo 
que a perda da personalidade ocorre com a sua morte (art. 6º - C.C.). 
 Nascituro é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. 
A lei não lhe concede personalidade, a qual somente lhe será conferida se 
nascer com vida. 
 No instante em que o indivíduo falece, morre com ele a sua personalidade, ou 
seja, sua aptidão para ser titular de direitos. Seus bens, entretanto, passam 
para os herdeiros, já que sua morte produz efeitos civis. 
 
 
 Comoriência 
 
 Ocorre comoriência quando pessoas falecem na mesma ocasião, sem que se 
possa aferir qual delas pré-morreu à outra. Está intimamente ligado ao fim da 
personalidade e é relevante, na medida em que influi na questão sucessória.15 
 
 Em obra recente, Silvio de Salvo Venosa verifica que o novo Código Civil em seu 
art. 8º, repete ipsis litteris a redação do art.11 do CC/1916. 
 
 
 
12
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B, pg. 505. 
13
 Sílvio Rodrigues - Direito Civil (Parte Geral), 40 – 85 a 87. 
14
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 16 – 35 e 36. 
15
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 17 – 37. 
 
 
 
 
10 
o Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, 
presumir-se-ão simultaneamente mortos.16 
 
 
 Natureza Jurídica do Nascituro 
 
 Duas correntes divergem quanto ao início da personalidade. Enquanto uma 
defende que aquela somente se inicia com o nascimento com vida; a outra 
entende que a personalidade jurídica se adquire na concepção. 
 O legislador pátrio optou pela primeira corrente. O Art. 2º do CC dispõe: ”Art. 
2o. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
 Ao referir-se ao nascituro, a lei alcança o embrião, garantindo-lhe direitos.17 O 
nascituro tem proteção jurídica de ordem patrimonial, subordinada a uma 
condição suspensiva. Se nascer com vida, os bens que lhe foram reservados, 
lhe pertencerão...Se nascer com vida, a aquisição ocorre a partir do momento 
da concepção. 18 
 
 Pessoa Jurídica 
 
 Conceito 
 
 É a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa a consecução de 
certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e 
obrigações.19 
 
 Classificação 
 
 A principal classificação dos seres coletivos é uma projeção da maior divisão do 
Direito Positivo (art. 40 CC).20 
 
1. Pessoa Jurídica de Direito Público 
 
1.1. Pessoa Jurídica de Direito Público Interno – art. 41 C.C. 
 
 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
 I - a União; 
 II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
 III - os Municípios; 
 IV - as autarquias; 
 V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
1.2. Pessoa Jurídica de Direito Público Externo – art. 42 C.C. 
 
16
 Sílvio de Salvo Venosa – Código Civil (Texto Comparado) – pg. 43 
17
 Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 163 – p. 284. 
18
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 153 – p. 272. 
19
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B3, pg. 508. 
20
 Paulo Nader – Introdução ao Estudo do Direito, 164 – p. 289/290. 
 
 
 
 
11 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público. 
2. Pessoa Jurídica de Direito Privado – art. 44 C.C. 
 
 Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
 I - as associações; 
 II - as sociedades; 
 III - as fundações. 
 
 As associações (universitas personarum) são entidades que visam a fins 
culturais, beneficentes, esportivos, religiosos. Não carregam em seu bojo o 
objetivo de lucro. 
 As fundações (universitas bonorum) caracterizam-se pela existência de um 
acervo econômico, instituído como instrumento ou meio para a realização de 
um fim. 
 As sociedades são pessoas jurídicas que objetivam fins lucrativos, com a 
finalidade de partilhar os resultados com seus membros. À exceção da 
sociedade anônima, que continua regida por lei própria, as demais se acham 
reguladas no C.C., a partir do art. 981. 
 
 Formação 
 
 As pessoas jurídicas de direito público, iniciam-se em razão de fatos históricos, 
de criação constitucional, de lei especial e de tratados internacionais, quando se 
tratar de pessoa jurídica de direito público externo.21 
 
 O Processo genético da pessoa jurídica de direito privado apresenta duas fases: 
 
 Ato Constitutivo: Antes de tudo, deve ser escrito. Tem-se a 
constituição da pessoa jurídica por ato jurídico unilateral inter vivos 
ou causa mortis, nas fundações, e por ato jurídico bilateral ou 
plurilateral inter vivos, nas associações e sociedades. 
 Determinadas sociedades dependem de prévia autoriza-ção 
governamental para adquirirem personalidade jurídica, como por 
exemplo, as sociedades estrangeiras, agencias de seguro, caixas 
econômicas, bolsas de valores, etc.. 
 
 Registro: Para que a pessoa jurídica de direito privado exista 
legalmente é necessário inscrever os contratos, estatutos ou 
compromissos no seu registro peculiar, regulado por lei especial. O 
mesmo deve ocorrer quando conseguir a imprescindível autorização 
governamental. 
 Uma vez registrado o estatuto, contrato ou instrumento similar, a 
pessoa jurídica começa a existir. (art. 45, CC)Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição 
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou 
 
21
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5-B3, pg. 513. 
 
 
 
 
12 
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o 
ato constitutivo.22 
 
 Representação 
 
 Partindo do pressuposto de que, uma vez registrada a pessoa jurídica, a 
mesma adquire personalidade, cabe dispor sobre a sus representação, ou seja, que 
irá representa-la judicialmente e extra-judicialmente. 
 Para exercer tais direitos, para atuar na vida cotidiana, a pessoa jurídica recorre 
a pessoas físicas que a representam. 
 O CC/1916 dispunha sobre a matéria em seu artigo 17: 
 
Art. 17. As pessoas jurídicas serão representadas, ativa e passivamente, nos 
atos judiciais e extrajudiciais, por quem os respectivos estatutos 
designarem, ou, não o designando, pelos seus diretores. 
 
 O CC/2003 embora dispense a repetição, em seu art. 46, III, dispõe o seguinte: 
 
Art. 46. O registro declarará: 
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente; 
 
 Responsabilidade 
 
 A pessoa jurídica é responsável na órbita civil, contratual e extracontratual. 
 No que se refere à responsabilidade contratual, a matéria é pacífica, e, uma vez 
inadimplente, a situação é contemplada no art. 389 do C.C. 
 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado. 
 
 
 
 No entender de Silvio Rodrigues a responsabilidade extracontratual não foi 
recepcionada no novo CC, já que não há dispositivo equivalente ao do art. 1521 do 
CC/1916. Assim, o ato ilícito cometido por representante da pessoa jurídica, não 
mais a vincula como responsável, salvo, se provada a sua participação no evento. 
 Traz o novo códice uma inovação no que tange à representação e 
responsabilidade. (art. 50) 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou 
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério 
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações 
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa 
jurídica. 
 
 Extinção 
 
 
22
 O Código Civil 1916 dispunham sobre a matéria em seu art. 18 (ver Silvio de Salvo Venosa). 
 
 
 
 
13 
 O C.C./1916 contemplava a extinção da pessoa jurídica. O art. 21 dispunha da 
seguinte forma. 
 
 Art. 21. Termina a existência da pessoa jurídica: 
 I – pela sua dissolução, deliberada entre seus membros, salvo o direito de 
minoria e de terceiros; 
 II – pela sua dissolução, quando a lei determinar; 
 III – pela sua dissolução em virtude de ato do Governo, que lhe casse a 
autorização para funcionar, quando a pessoa jurídica incorra em atos opostos aos 
seus fins ou nocivos ao bem público. 
 
 O novo CC dispõe diretamente sobre a dissolução, sem utilizar a Expressão 
extinção: (verbis) 
 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu 
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
 § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua 
dissolução. 
 § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais 
pessoas jurídicas de direito privado. 
 § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
 
 
 Desconsideração da Pessoa Jurídica 
 
 “DISREGARD THEORY”: Como em toda parte do mundo, as pessoas jurídicas 
sob a forma de sociedade por ações se difundiram enormemente, inclusive sob a 
forma de sociedade holding, cujo escopo primeiro é ocultar os verdadeiros 
proprietários dos bens. A possibilidade que tais sociedades oferecem, de ocultar a 
pessoa do verdadeiro proprietário dos bens, provocou, em alguns países, uma 
reação da doutrina e da jurisprudência., visando por termos aos abusos que esta 
prática propiciaria. 
 
 
 Essa concepção desenvolvida por alguns tribunais americanos e alemães é 
conhecida naquele primeiro país pela denominação de disregard theory ou 
disregard of the legal entity, ou ainda pela locução lifting the corporate veil, ou 
seja, erguendo-se a cortina da pessoa jurídica. O que pretendem os adeptos 
dessa doutrina é justamente permitir ao juiz erguer o véu da pessoa jurídica, 
para verificar o jogo de interesses que se estabeleceu em seu interior, com o 
escopo de evitar o abuso e a fraude que poderiam ferir os direitos de terceiros 
e o Fisco.23 
 
 Com sua clareza habitual, Silvio Rodrigues ensina que a disregard theory vem a 
ser a defesa jurídica quando se recorre à ficção da pessoa jurídica para enganar 
credores, fugir da incidência da lei ou mesmo para encobrir atos ilícitos ou 
desonestos. Aponta que essa teoria, muito provavelmente, inspirou a redação 
do referido art. 40, do CC. Não obstante, lembra que o art. 28 do Código de 
Proteção e Defesa do Consumidor já autoriza o juiz a desconsiderar a persona-
lidade jurídica da sociedade nos casos de abuso, infração da lei, etc, quando 
resultar em prejuízo ao consumidor. 
 
23
 Sílvio Rodrigues - Direito Civil (Parte Geral), 46 – 96/97. 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 04 
 
 Capacidade de direito ou gozo e capacidade de fato ou de exercício 
da pessoa física 
 Maioridade e Emancipação 
 Hipóteses legais de incapacidade civil: Absoluta e Relativa 
 Declaração de ausência: finalidade. 
 Análise dos institutos jurídicos à luz do CC/1916 e CC/2002 
 
 
 Capacidade de direito ou gozo e capacidade de fato ou de 
exercício da pessoa física24 
 
 Um dos atributos da pessoa é o fato de ser dotada de personalidade 
(jurídica). Por ter personalidade isto implica em conseqüências, uma destas 
conseqüências é a capacidade. Capacidade é a aptidão que qualquer pessoa 
tem de exercer direitos e deveres. Todo aquele que tem personalidade tem 
uma determinada capacidade de direito e pode ter uma capacidade de fato. Ele 
pode ter apenas a capacidade de direito, nem sempre a pessoa tem a 
capacidade de fato. Se possuir as duas o indivíduo tem uma capacidade plena. 
 
24
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 18 – 39. 
 
 
 
 
15 
 Toda a pessoa tem capacidade ao nascer (de direito) e esta capacidade, que 
mais tarde pode ser de direito e de fato, só termina quando a pessoa morre. 
 Todo ser humano, desde o seu nascimento até a sua morte tem personalidade, 
ou seja, capacidade para ser titular de direitos e obrigações. No entanto, não 
quer dizer que todos podem exercer tais direitos, em razão de situações 
pessoais. 
 A lei, tendo em vista a idade, saúde ou o desenvolvimento mental de certas 
pessoas, ainda que lhes confira personalidade, não lhes permite o exercício 
pessoal de direitos, com o intuito de protegê-los. 
 Tais pessoas são classificadas como incapazes. Incapacidade nada mais é, do 
que o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos que a 
lei considera indispensáveis para que possa exercer seus direitos. 
 
 Maioridade e Emancipação 
 
 Maioridade:25 
 
 De acordo com o art. 5º do CC, aos 18anos finda a menoridade, ficando o 
indivíduo habilitado a exercer todos os atos da vida civil. Trata-se de um dispositivo 
de caráter geral, rígido e que não admite dúvidas. Mesmo sendo precoce, o menor 
continuará sendo incapaz até completar 18 anos, exceto nos casos de 
emancipação. 
 
 Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada 
à prática de todos os atos da vida civil. 
 
 O CC/1916 garantia a maioridade somente aos 21 anos. 
 Se olharmos bem verificaremos que não há uma total coerência em relação a 
capacidade. A lei brasileira permite o voto aos 16 anos, mas não permite dirigir. 
A responsabilidade penal só ocorre aos 18 anos, mas hoje em dia existem 
marginais perigosos bem mais novos. Isto ocorre porque os critérios de idade 
são estabelecidos com base em dados estatísticos e por isso nem sempre se 
ajustam perfeitamente a todos os casos. 
 
 Emancipação:26 
 
 É a aquisição da capacidade civil, antes da idade legal. 
 O parágrafo único do mesmo art. 5º, elenca os casos de emancipação. 
 
 Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
 I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
 II - pelo casamento; 
 III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
 IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
 V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, 
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
 
25
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 24 – 54/55. 
26
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 25 – 55/59. 
 
 
 
 
16 
 No caso do inciso I, a emancipação dar-se-á por ato unilateral quando os 
responsáveis, reconhecendo que o filho possui maturi-dade suficiente, 
proclamam-no plenamente capaz. No entanto, a emancipação enseja na 
lavratura de escritura pública, sem a qual o ato não terá validade. A 
emancipação dar-se-á, ainda, por decisão judicial. Uma vez requerida a 
emancipação, o juiz citará o tutor e o MP para ouvirem a justificação do menor 
e decidirá de acordo com o seu livre arbítrio. A sentença, igualmente, deverá 
ser registrada. 
 O inciso II dispõe sobre a emancipação advinda do casamento. O casamento 
válido conduz os cônjuges à maioridade e de forma irreversível. Nem a viuvez 
ou a separação podem devolver o estado de incapacidade. 
 Na hipótese prevista no inciso III, pressupõe-se que se o Poder Público 
reconheceu a maturidade no indivíduo para representá-lo, como então negar a 
sua capacidade civil. Note-se que a emancipação nesse caso dar-se-á não 
apenas nos cargos efetivos, como também se o menor assumir cargo de 
confiança. 
 
 
 
 O inciso IV, em que pese ser de pouca aplicabilidade em nosso cotidiano, visto 
a natural dificuldade de se chegar ao término da vida universitária antes de se 
completar 18 anos, tem fundamento filosófico, pois ocorrendo a hipótese, 
presumir-se-á que o indivíduo é merecedor da capacidade civil. 
 Por fim, o inciso V dispõe que a iniciativa do menor em auferir renda própria e 
manter sua subsistência, pode integrar o rol dos capazes. Sua emancipação 
nesse caso é automática. 
 
 
 Hipóteses legais de incapacidade civil: Absoluta e Relativa27 
 
 O novo Código Civil, nos artigos 3º e 4º identifica os incapazes, subdividindo-os 
em absolutamente incapazes e relativamente incapazes. 
 
 Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
 I - os menores de dezesseis anos; 
 II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento 
para a prática desses atos; 
 III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
 I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
 II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o 
discernimento reduzido; 
 III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
 IV - os pródigos. 
 Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
 Absolutamente Incapazes:28 
 
 
27
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 20 – 40/42. 
28
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 21 – 42/47. 
 
 
 
 
17 
 São absolutamente incapazes aqueles que não podem, por si mesmos, praticar 
atos jurídicos. O Direito tendo em vista a condição do menor impúbere, a do 
psicopata, ou a do surdo-mudo que não pode se externar, despreza sua 
vontade, e não lhe dá qualquer efeito como criadora de relações jurídicas. 
 Na medida em que o negócio jurídico é ato da vontade humana a que a lei 
empresta conseqüências, o ato jurídico praticado por pessoa absolutamente 
incapaz é nulo de pleno direito (quod nullum est, nullum producit effectum). O 
CC/2003 dispõe o seguinte: 
 
 Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
 I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
 
 Passamos a aprofundar a situação dos absolutamente incapazes, com base na 
legislação. 
 
 
1. Os menores de 16 anos: 
 
 
 A lei pressupõe que o indivíduo que antes de alcançar essa idade, não possui 
discernimento para distinguir o que convém ou não, de modo que a lei ignora 
sua vontade, impedindo que atue de per si na vida jurídica. 
 
 Até aí, nenhuma alteração em relação ao CC/1916, cujo art. 5º trazia redação 
absolutamente idêntica. Antes dele, as Ordenações mencionavam o varão 
menor de 14 anos e a mulher menor de 12, visto que tomava-se por base a 
puberdade e não o desenvolvimento intelectual, que efetivamente vai influir na 
relação jurídica. 
 
2. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos: 
 
 O códice civilista recém revogado trazia como absolutamente incapazes “Os 
loucos de todo gênero” (art. 5º, II)29. O Decreto nº 24.559/34 inovou com a 
expressão “psicopata” ora ratificada pelo novo códice. 
 
 No entanto, a interdição de amentais não é automática e depende de processo 
judicial cujo rito está estabelecido no CPC (arts. 1.177 e seguintes). O juiz, 
mediante provocação de pessoa interessada, analisará a capacidade do 
indivíduo, sendo obrigatória a perícia médica e o acompanhamento do MP. 
Decretada a interdição, o juiz nomeará curador e determinará o registro da 
interdição em cartório. 
 
 “Não é a sentença de interdição que cria a incapacidade. É a loucura. A 
sentença apenas a reconhece” (Ementário Forense, n 80, jul. 1955 – Supremo 
Tribunal Federal). 
 
 
29
 Ver Sílvio de Salvo Venosa – Código Civil (Texto Comparado) – pg. 41. 
 
 
 
 
18 
 Interessante comparar esse instituto jurídico em relação ao ordenamento 
anterior. O CC/1916 considerava como válidos os atos praticados pelo amental 
em seus intervalos de lucidez. Grande era a confusão na medida em que era 
difícil comprovar o fato. Em razão disso, o novo código suprimiu tal 
possibilidade. 
 
 Embora o ato praticado por absolutamente incapaz seja nulo, a jurisprudência 
tem se manifestado no sentido de validar ato praticado pelo amental antes de 
sua interdição, desde que a outra parte estivesse de boa-fé, ignorando a 
doença mental. 
 
3. Os que, mesmo por motivo transitório, não puderem exprimirsua 
vontade. 
 
 Adotando a linha de raciocínio acima, sendo o negócio jurídico um ato de 
vontade, é imperativo que se o indivíduo não pode externar sua vontade, ainda 
que provisoriamente, o ato não há de prevalecer. 
 
 
 Relativamente Incapazes:30 
 
 No caso da incapacidade relativa, a inaptidão físico-psíquica dos beneficiários é 
menos intensa. Parte-se do pressuposto que mesmo sem alcançarem um juízo 
adequado das coisas, apresentam grau de perfeição intelectual não desprezível. 
Permite, portanto, que pratique ato jurídico, desde que assistido por 
responsável (pai, tutor, curador). 
 Como se pode ver, ao contrário do absolutamente incapaz que há de ser 
representado, este é assistido. Destarte, seu ato jurídico não é nulo, porém 
anulável, conforme disposição do Art. 171 do novo Código Civil. 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
 Passamos a aprofundar a situação dos relativamente incapazes, com base na 
legislação. 
 O Código de 1916 trazia a seguinte configuração: 
 
Art. 6o São incapazes, relativamente a certos atos (art. 147, n.I), ou à maneira de os exercer: 
 I - os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos (arts. 154 a 156); 
 II - os pródigos; 
 III – os silvícolas. 
 
1. Os maiores de 16 e os menores de 18 anos. 
 No caso presente, a lei admite que o indivíduo alcançou estágio intelectual que 
lhe permita atuar na vida jurídica, ainda que não possua pleno discernimento. 
Logo, não despreza sua vontade, porém, limita-a desde que preenchidos os 
requisitos legais. O mais relevante é o de que esteja assistido por seu 
 
30
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 22 – 48/53. 
 
 
 
 
19 
representante (pai ou tutor) que o aconselhará, e se estiver de acordo, o 
assistirá. 
 Diferentemente do menor de 16 anos, a sua vontade é que motivará o ato 
jurídico. No entanto, se desassistido por seu representante o ato é passível de 
anulação. Todavia, se o menor dolosamente enganar o outro contratante não 
poderá se escudar na idade para se eximir. Tal disposição encontra-se no art. 
180 do CC/2002. 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, 
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato 
de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
2. Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento reduzido. 
 
 Aqui, nota-se um reflexo do Decreto n.º 24.559/34 que dispôs sobre os 
psicopatas, ébrios e viciados, ao passo que o CC/1916 dispunha sobre “loucos 
de toda espécie”. 
 Obviamente, o alcoolismo e a dependência de substâncias entorpecentes 
impedem a plena compreensão. No entanto, a lei terá dificuldades em 
identificar o grau de aplicabilidade do presente dispositivo, já que o alcoolismo 
até determinado estágio é bastante tolerado e o problema das drogas no que 
concerne a identificação do viciado é tratado com inequívoca hipocrisia. 
 
3. Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. 
 
 O presente dispositivo é bastante flexível, na medida em que abrange casos de 
deficiência mental de menor intensidade. Aqueles que tiverem enfermidade que 
os impeça de discernir ou portadores de deficiência mental serão impedidos de 
realizar negócio jurídico, sem assistência. 
 
4. Os pródigos. 
 
 Pródigo é aquele que gasta desordenadamente, de forma a destruir seu próprio 
patrimônio e o de sua família, a ponto de por em risco a subsistência familiar. 
 Tal instituto gera inevitáveis reações, na medida em que muitos entendem que 
constitui desrespeito à liberdade individual. Não obstante, é tradicional em 
nosso Direito e visa a proteção da família. 
 Em razão disso, mesmo interditado possui capacidade para atuar no mundo 
jurídico, ficando impedido tão somente de dispor de seu patrimônio. O CC/2002 
estabelece as hipóteses de impedimento. 
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar 
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não 
sejam de mera administração. 
 Importa finalizar o assunto, deixando claro que o legislador buscou proteger os 
incapazes, de forma que, na impossibilidade de agir de per si, tem na figura dos 
pais, tutores e curadores, a possibilidade de realizar negócio jurídico sob a 
 
 
 
 
20 
representação ou assistência, onde sua deficiência é suprida pela inteligência 
de seu representante. 
 
 
 Declaração de ausência: finalidade.31 
 
 Direito, por vezes se depara com situações inusitadas e necessitar dar solução 
ao problema. Como fazer quando uma pessoa desaparece de seu domicílio sem 
deixar paradeiro, ou mesmo, sem deixar representante que, ao menos, tenha 
conhecimento de seu destino? Pode parecer incomum num primeiro momento. 
Imaginemos, porém, em casos de guerra ou grandes catástrofes, quando não 
se pode aferir se efetivamente morreram. Imaginemos, ainda, que essa pessoa 
possui bens; a sua ausência há de gerar inevitáveis conseqüências. 
 A Ausência, portanto, deve ser analisada sob dois prismas. No primeiro caso, 
existe a possibilidade de o “ausente” estar vivo, tendo direito, portanto, à 
proteção de seus bens. De outro lado, existe a possibilidade de ter morrido, 
deixando em aberto o interesse de seus herdeiros que passariam a ter direito 
sobre o seu patrimônio. 
 O legislador buscou proteger seus bens, visando eventual retorno, fixando, 
contudo, limites para o seu retorno. A lei prevê três fases: a) curadoria do 
ausente; b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. 
 
 
1) Curadoria de ausentes.32 
 
 Desaparecendo a pessoa sem deixar rastros, ou representante com poderes 
para tocar seus bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do 
Ministério Público, arrecadará tais bens e nomeará curador para administrá-los. 
Via de regra, a escolha do curador recai sobre o cônjuge, desde que não se 
encontre separado judicialmente, ou companheiro(a) estável. Na ausência 
destes, virão na ordem de preferência os ascendentes e os descendentes, e 
também ausentes, caberá ao juiz a escolha do curador. 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por 
mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
 § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos 
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
 § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
 § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
 Efetuada a arrecadação dos bens, empossado o curador, o juiz determinará a 
publicação de editais bimestrais durante um ano, convocando o ausente para 
retornar e assumir a posse de seu patrimônio. 
 Ao término de um ano (três anos, se existente procurador), sem que retorne o 
ausente, presume-se maior a hipótese de falecimento. A requerimento de seus 
sucessores, abre-se a sucessão provisória. 
 
2) Sucessão provisória.33 
 
31
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Capítulo IV – 77/84. 
32
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 35 – 78/79. 
 
 
 
 
21 
 
 Findo o prazo de um ano, publicados os editais, sem que o ausente reapareça, 
cresce a presunção de que menos provável será o retorno. Entende a lei, que 
se estiver vivo, declinou de retornar, permitindo portanto, que os interessados 
possam requerer a abertura provisória desua sucessão, presumindo o seu 
falecimento. 
 A lei não despreza, contudo, a hipótese de o ausente estar vivo. Assim, 
encarando como plausível o seu retorno, busca assegurar seus direitos da 
seguinte forma: 
 A sentença referente a abertura da sucessão provisória somente produz 
efeitos decorridos seis meses de sua publicação em diário oficial. Dá-se um 
prazo suplementar para que o ausente, tendo ciência das conseqüências de 
seu silêncio, resolva aparecer. 
 Faz-se a partilha dos bens do ausente. Todavia, os herdeiros darão garantias 
de sua restituição, compatíveis com seus respectivos quinhões. 
 A lei veda a venda de bens imóveis do ausente, salvo no caso de 
desapropriação, ou em face de ordem judicial para lhes evitar a ruína. O art. 
475 do CC/1916 previa a hipótese de conversão de bens em títulos da dívida 
pública. Tal possibilidade não mais consta do novo ordenamento cível: 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou 
hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. 
 As rendas decorrentes do patrimônio do ausente pertencerão aos herdeiros, 
desde que descendentes, ascendentes, cônjuges ou companheiros. Caso 
existam terceiros como herdeiros, terão direito a apenas metade da renda, 
devendo a outra metade ser poupada para fins de resgate por parte do 
ausente em caso de retorno. 
 
3) Sucessão definitiva.34 
 
 Transcorridos dez anos após a abertura da sucessão provisória, sem que 
retorne o ausente, ou caso tenha oitenta anos e não dê notícias há cinco anos, 
a lei presume que é muito improvável a sua possibilidade de retorno. 
 
 Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da 
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento 
das cauções prestadas. 
 Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta 
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 
 
 
 
 Nesse ponto, o legislador abandona a proteção aos direitos do ausente e se 
concentra nos direitos dos herdeiros. Podemos afirmar que a sucessão é quase 
definitiva, já que a lei ainda prevê a hipótese – ainda que remota – de seu 
retorno. Determina que, se retornar a contar de dez anos da abertura da 
 
33
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 36 – 79/81. 
34
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 36 – 81/82. 
 
 
 
 
22 
sucessão definitiva, terá direito aos bens ainda existentes, no estado em que se 
encontrarem. 
 O CC/1916 previa o prazo de 30 anos. A Lei n.º 2.437/55 reduziu-o para 20 e o 
novo códice fechou questão em 10 anos. 
 
 Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou 
algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no 
estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais 
interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 
 
 Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e 
nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio 
do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, 
incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. 
 
 No caso do efeitos matrimoniais o novo código prevê que a ausência, após a 
abertura da sucessão é equiparada à morte. O art. 1.571 dispõe o seguinte: 
 
 Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
 I - pela morte de um dos cônjuges; 
 II – pela nulidade ou anulação do casamento; 
 III - pela separação judicial; 
 IV - pelo divórcio. 
 § 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, 
aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. 
 § 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá 
manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de 
separação judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AULA 05 
 
 Domicílio Civil dos Sujeitos de Direito: Conceito, importância da 
fixação de domicílio. 
 Distinção entre domicílio e residência. 
 Análise dos institutos jurídicos à luz do CC/1916 e CC/2002 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 Domicílio Civil dos Sujeitos de Direito: Conceito, importância da 
fixação de domicílio.35 
 
 Para vários fins do Direito, é indispensável que a pessoa natural tenha um 
domicílio, o qual corresponde ao lugar onde reside com ânimo definitivo. O Art. 
70 do CC traz a seguinte disposição: 
 Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo 
definitivo. 
 
 Como pode-se depreender da interpretação do texto legal, existe uma ligação 
intrínseca entre um elemento material, representado pela idéia de residência; e 
o elemento psicológico, representado pelo ânimo definitivo. 
 
 Tal conceito, aparentemente subjetivo, na verdade é passível de ser aferido em 
razão das circunstâncias externas que revelam a sua intenção, ou seja, o seu 
propósito de fazer daquele local o centro de suas atividades. 
 
 É o ponto central de seus negócios, o lugar de onde ele se irradia para a vida 
jurídica. 
 
 O Direito Brasileiro, na esteira do alemão e, em oposição ao francês, admite a 
pluralidade de domicílios. O art. 71 do novo Código Civil dispõe o seguinte: 
 Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, 
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
 
 Espécies de Domicílio: 
 
 Pode-se proceder à classificação do domicílio tendo em vista a pessoa de seu 
titular; nesse caso, salienta-se,de um lado, o domicílio da pessoa natural, e de 
outro, da pessoa jurídica.36 
 
 A classificação clássica relativa á pessoa natural é a seguinte: 
 
 Domicílio Voluntário: É o domicílio estabelecido livremente pelo indivíduo, 
sem sofrer outra influência, que não a de sua vontade ou conveniência.37 
 
 Domicílio Legal ou Necessário: É aquele que a lei impõe a determinadas 
pessoas, que se encontram em determinadas circunstâncias.38 
 
 Domicílio de Eleição: É defluente de ajuste entre as partes contratantes.39 
 
 Domicílio Voluntário da Pessoa Natural: Como já foi visto é o domicílio 
escolhido pelo indivíduo. Há que se atentar, contudo que a lei admite a pluralidade 
de domicílios, bem como, a possibilidade de a pessoa, em razão do tipo de 
 
35
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 49 – 103/112. 
36
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 50 – 106. 
37
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 52 – 108. 
38
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 53 – 108/109. 
39
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 51 – 107. 
 
 
 
 
24 
negócios que pratica, viver em viagem sem residência fixa. Nesse caso, seu 
domicílio será o local onde for encontrado (arts. 72 e 73). 
 
 Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, 
o lugar onde esta é exercida. 
 Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles 
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
 Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar 
onde for encontrada. 
 
 Domicílio Necessário da Pessoa Natural: O domicílio é necessário quando 
a lei, tendoem vista a condição de determinadas pessoas, lhes impõe um 
determinado. 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor 
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, 
sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente 
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que 
cumprir a sentença. 
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade 
sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou 
no último ponto do território brasileiro onde o teve. 
 
 Os incapazes: A lei, sem diferenciar o relativamente, do absolutamente 
incapaz, impede que possa fixar domicílio próprio. Seu domicílio será sempre o 
de seu representante. 
 
Interessante destacar que, no código anterior, a mulher possuía domicílio necessário, 
visto que cabia ao marido fixar o domicílio da família (art. 233, II CC/1916). Com a 
nova Constituição, qualquer dos cônjuges pode fixar o domicílio, porém, em caso de 
divergência, resolve o juiz. 
 
 Servidores Públicos: Serão obrigatoriamente domiciliados onde exercerem 
seu cargo ou função em caráter permanente. Aí deverão ser citados, 
notificados e demandados. 
 
 Militares: Sendo servidores públicos, obrigatoriamente, terão domicílio no 
lugar onde estiverem servindo. No caso de militar da Aeronáutica e Marinha, o 
domicílio se valerá da sede do comando a que está subordinado. 
 
 Marítimos: O domicílio do marítimo será aquele onde o navio estiver 
matriculado. 
 
 Presos: Nesse caso, como não poderia deixar de ser, o domicílio do preso será 
o do lugar onde estiver cumprindo a sentença. A lei despreza 
momentaneamente a sua residência, visto que a mesma não poderá servir de 
base para a prática de atos jurídicos. 
 
 Domicílio de Eleição: Também denominado convencional, é o escolhido 
pelos contratantes, nos contratos escritos, para fins de exercício dos direitos e 
cumprimento das obrigações que dos mesmos contratos decorrem. 
 
 
 
 
 
25 
 O CC/2002 traz essa possibilidade no art. 78, cuja redação é a seguinte: 
 Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se 
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
 
 A classificação clássica relativa á pessoa jurídica é a seguinte: 
 
 Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Público: É o domicílio dos entes 
públicos.40 O art. 75, em seus incisos I a III estabelece: 
 
 Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
 I - da União, o Distrito Federal; 
 II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
 III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
 
 Domicílio da Pessoa Jurídica de Direito Privado: O domicílio das Pessoas 
Jurídicas de Direito Privado é o lugar onde funcionarem as respectivas 
diretorias e administrações, desde que nos estatutos não conste domicílio 
especial.41 
 
 Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
 IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e 
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 
 
 
 
 A lei determina obrigatória a declaração de sua sede no ato de registro, no 
entanto, se não constar do ato constitutivo, o domicílio será o do lugar onde a 
empresa ou associação for administrada. Até esse ponto, nenhum problema, 
no entanto, a coisa tende a se complicar quando a entidade possui vários 
estabelecimentos em locais diversos, já que fica a dúvida sobre o foro 
competente. 
 Caso a lei previsse que o domicílio haveria de ser o da matriz, em caso de 
demanda judicial, mesmo tendo o indivíduo contratado com a filial, haveria de 
demandar contra a empresa no foro de sua sede, em prejuízo daquele que se 
julga lesado. 
 Para que tal situação não ocorra, o códice civilista traz no parágrafo único do 
referido artigo 75, a referida disposição sobre a matéria: 
 § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um 
deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. 
 Nada mudou, portanto em relação ao código revogado, cujo § 3º, do art. 35 
trazia as mesmas disposições em relação a pluralidade de domicílios da pessoa 
jurídica de direito privado para efeito de foro. 
 
 
 Distinção entre domicílio e residência. 
 
 O conceito de domicílio se distingue do de residência. Este representa uma 
relação de fato entre uma pessoa e um lugar, envolvendo a idéia de habitação, 
 
40
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 54 – 109/111. 
41
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 55 – 111/112. 
 
 
 
 
26 
enquanto que o domicílio compreende o de sua residência, acrescido do ânimo 
de aí fazer o centro de sua atividade jurídica.42 
 O fato de uma pessoa ter mais de uma residência não quer dizer que possui 
mais de um domicílio. O fator determinante da constituição do domicílio é a 
intenção de fazer daquela residência um lugar para agir no mundo jurídico. 
Assim, uma casa de praia vem a ser uma residência, porém não será 
considerado domicílio; ao passo que residindo em uma cidade, porém tendo 
negócios em outro, pode ter outra residência com o animus de utilizá-la como 
base para agir, intenção esta que a diferencia como domicílio. 
 Residência é o local em que a pessoa se encontra de fato, e não de direito, por 
não ser o lugar em que tem o centro de seus negócios ou atividade, isto é, o 
centro de suas relações jurídicas. Mas, quando nela tem o centro de sua 
atividade jurídica, domicílio e residência se confundem. É o local em que, de 
modo definitivo, fixa a residência.43 
 Para vários fins de Direito, é indispensável que a pessoa natural tenha um 
domicílio, o qual corresponde ao lugar onde reside com ânimo definitivo.44 
 
 
 
 
AULA 06 
 
 
 Elementos Externos da Relação Jurídica: Objeto – Conceito e 
Espécies 
 Noção de Patrimônio 
 Distinção entre bem e coisa 
 Classificação dos bens: bens considerados em si mesmos; bens 
reciprocamente considerados; bens em relação ao sujeito. 
 Análise dos institutos jurídicos à luz do CC/1916 e CC/2002 
 
 
 Elementos Externos da Relação Jurídica: Objeto – Conceito e 
Espécies 
 
 Toda relação jurídica, todo direito subjetivo e toda obrigação têm um objeto 
(objeto do Direito). De modo amplo pode-se dizer que, sendo o direito a 
vinculação de, pelo menos, uma pessoa a outra para que essa satisfaça 
interesse legítimo daquela, o objeto do direito é a ação da pessoa que está, 
por lei ou contrato, obrigada a praticá-la.45 
 Maria Helena Diniz destaca a divisão em objeto imediato e objeto mediato.46 
 
 Objeto Imediato: 
 
 Obrigação de dar 
 Obrigação de fazer; 
 
42
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 49 – 105. 
43
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 153 – p. 273/274 
44
 Paulo Nader - Introdução ao Estudo do Direito, 163 – p. 287. 
45
 Paulo Dourado de Gusmão – Introdução ao Estudo do Direito, 156 – p. 282/283. 
46
 Maria Helena Diniz – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 516/517. 
 
 
 
 
27 
 Obrigação de não fazer. 
 
 Objeto Mediato. 
 
 
 Distinção entre bem e coisa.47 
 
 
 Passado o estudo do Livro I da Parte Geral do Código Civil, relativo às pessoas, 
passamos a estudar o Livro II que trata dos bens. Antes, contudo,faz-se mister 
ressaltar a distinção entre bem e coisa.Do ponto de vista científico, bens são aquelas coisas que possuem valor para o 
homem, a ponto de despertar seu desejo de possuí-la. Logo, o fato de ser 
coisa, não significa ser um bem. Para isso, o Direito Econômico define bem 
como coisa que, sendo útil ao homem, existindo em quantidade limitada, tendo 
caráter de relativa raridade. 
 
 Como bem define Silvio Rodrigues, enquanto coisa é gênero, bem é espécie. 
Coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. Como só o 
homem tem personalidade, coisa é tudo que existe exteriormente a ele. Bens 
são coisas que, sendo úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm 
valor econômico. 
 
 Noção de Patrimônio.48 
 
 
 O patrimônio de determinada pessoa pode ser mensurado pelo acervo de 
seus bens, conversíveis em dinheiro. A noção de patrimônio está 
intimamente ligada à idéia de valor econômico que pode ser convertido em 
pecúnia. 
 
 Na lição de Clóvis Beviláqua patrimônio é “o complexo das relações jurídicas 
de uma pessoa que tiverem valor econômico”. Ensina ainda o afamado 
autor que o patrimônio vem a ser composto pelo ativo e passivo do 
indivíduo, de modo que pode ter o patrimônio negativo, como ocorre nas 
situações de insolvência. 
 
 A noção de patrimônio é fundamental importância, na medida em que cria o 
fundamento que embasa todo o Direito das Obrigações contemplado no 
Código Civil. Apenas para efeito de ilustração, basta dizer que o 
inadimplente, o devedor terá seu patrimônio disponibilizado para efeito de 
garantia de seus credores, ou seja, uma vez que o indivíduo não paga sua 
dívida, o credor acionará o Judiciário e promoverá a liquidação do 
patrimônio do devedor, separando bens que possam ressarci-lo. 
 
 
 Classificação dos bens.49 
 
 
47
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 57 – 115/116. 
48
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 58 – 116/118. 
49
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 59 – 118/119. 
 
 
 
 
28 
 A operação de classificar consiste na tentativa de agrupar várias espécies de 
um gênero, de forma a aproximar as que apresentam um elemento comum e 
afastar aquelas que não o apresentam. É procedimento de ordem lógica que 
visa facilitar o entendimento de determinado fenômeno. 
 
 Seguindo parcialmente o enfoque adotado pelo CC/1916, o novo Código se 
ateve na seguinte classificação: 
 
 Bens considerados em si mesmos; 
 Bens reciprocamente considerados; 
 Bens em relação ao sujeito. 
 
 
 
 bens considerados em si mesmos.50 
 
 Analisando os bens em si mesmos, faz-se necessária a distinção entre bens 
imóveis e bens móveis. Bens imóveis, no dizer de Clóvis Beviláqua, são as 
coisas que se não podem transportar, sem destruição, de um lugar para outro. 
O novo código civil trata da matéria nos artigos 79 a 81. 
 
 Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
 
 Imóveis por sua natureza51: A rigor, somente o solo é imóvel por sua natureza. 
 
 Imóveis por acessão52: Acessão significa justaposição, aderência de uma coisa 
à outra, de modo que a primeira absorva a segunda. O inciso II, do art. 43 do 
antigo códice trazia a seguinte redação: 
 
 Art. 43. São bens imóveis: 
II – Tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada 
à terra, os edifícios e construções, de modo que não se possa retirar sem destruição, 
modificação, fratura ou dano. 
 
 O atual código admitiu, como se pode depreender na leitura do 
art. 79, a noção de imóvel por acessão, na medida em que define 
imóvel tudo o que se incorpora ao solo, natural ou artificialmente. 
 
 Imóveis Por acessão intelectual ou destinação do proprietário53: Nesse caso, 
trata-se de bens móveis, mas que em virtude do animus do proprietário de mantê-
los incorporados a um imóvel, a lei, em caráter de ficção, também os considera 
imóveis. 
 
Assim, um maquinário em uma empresa, ou um trampolim à beira da 
piscina, se tornam bens imóveis em razão do animus do proprietário em 
incorpora-los em definitivo. 
 
 
50
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Cap II – 121/136. 
51
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 61 – p. 122. 
52
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 62 – p. 123. 
53
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 63 – p. 124/125. 
 
 
 
 
29 
 Bens imóveis por definição da lei54: 
 
 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
 I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
 II - o direito à sucessão aberta. 
 
 
 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
 I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas 
para outro local; 
 II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
 
No caso presente, ainda tratamos de ficção da lei, já que esta atribui a condição 
de imóveis a determinados direitos em decorrência de situações especiais. 
 
 Bens móveis55: Conforme ocorre com os bens imóveis, os bens móveis também 
sofrem diferenciação por sua natureza e por lei. O art. 82 do CC/2002 define os 
primeiros, ao passo que o art. 83, os últimos. 
 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. 
 
 Os bens que se movem por força alheia são os bens móveis, 
propriamente ditos. Aqueles que se movem por meios próprios, ou seja, os 
animais, são denominados semoventes. 
 
 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
 I - as energias que tenham valor econômico; 
 II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
 III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
 
 Os bens podem ser ainda: fungíveis e não fungíveis; consumíveis e não 
consumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivas. 
 
 Fungíveis: São os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. “Contrario sensu” infungíveis são os que não 
podem. Ex: São fungíveis o café, o dinheiro, o arroz, etc..., e infungíveis, 
determinado quadro de Van Gogh, um violino Stradivarius, uma partitura rara 
dos Beatles...56 
 Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. 
 Consumíveis: São os que terminam logo com o primeiro uso, havendo imediata 
destruição da substância (ex: alimentos); e inconsumíveis – os que podem ser 
 
54
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 64 – p. 125/126. 
55
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 65 – p. 126. 
56
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 518/ Sílvio Rodrigues – 
Direito Civil (Parte Geral), 67 – p. 128/129. 
 
 
 
 
30 
utilizados continuadamente, possibilitando que se retirem todas as sua 
utilidades, sem atingir sua integridade (ex: roupas).57 
 Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria 
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. 
 
 Divisíveis: Que podem ser fracionados em partes homogêneas e distintas, sem 
alterações das qualidades essenciais do todo, e sem desvalorização, formando 
uma totalidade perfeita (ex: Se dividirmos uma saca de café, cada metade 
conservará as qualidades do produto). Indivisíveis, portanto, quando a divisão 
traz prejuízo ao todo. (ex: Não se pode cortar um cavalo ao meio, ou uma tela 
de um artista).58 
 Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionarsem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação 
da lei ou por vontade das partes. 
 
 Singulares: São bens que, em razão de sua natureza simples ou composta, 
material ou imaterial, podem ser singulares ou compostos. O art. 89 aduz que 
bens singulares são bens que, embora reunidos, se consideram por si, 
independentemente dos demais. Logo, coletivos são os que são considerados 
quando agregados a outros. 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independen-temente dos demais. 
 Simples: Coisas simples são as que constam de partes homogêneas ou de 
partes da mesma espécie, ligadas entre si, como os animais e os vegetais, 
etc; 
 Compostos: São as que constam de partes heterogêneas, como as 
máquinas, uma caneta. 
 Materiais: São aquelas que possuem forma física, como a casa, o livro, 
etc. 
 Imateriais: São as coisas incorpóreas, como os direitos autorais, o 
crédito, etc. 
 
 Universais ou Compostos: São bens constituídos por vários bens singulares, 
que considerados em conjunto, formam um todo único, que passa a ter 
individualidade própria, distinta das partes que a compõem. Ex. Biblioteca, 
rebanho, etc.59 
 
 São chamados universais, e podem ainda ser categorizados dentro da 
universalidade de fato (universalidade de coisas ou universitas rerum), por 
formar conjunto de bens singulares, corpóreos e homogêneos, ligados em 
si pela vontade humana (biblioteca) e universalidade de direito 
(universalidade de direitos ou universitas júris), constituídos por bens 
singulares corpóreos heterogêneos ou incorpóreos, a que a norma jurídica, 
 
57
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 518/ Sílvio Rodrigues – 
Direito Civil (Parte Geral), 68 – p. 129/130. 
58
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 519/ Sílvio Rodrigues – 
Direito Civil (Parte Geral), 69 – p. 130/132. 
59
 Maria Helena Diniz - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 5 C, p. 519 
 
 
 
 
31 
com o intuito de produzir certos efeitos dá unidade. Ex: o patrimônio, a 
massa falida, a herança, etc. 
 
 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à 
mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
 Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações 
jurídicas próprias. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, 
dotadas de valor econômico. 
 
 
 bens reciprocamente considerados.60 
 
 Agora, muda-se o prisma, analisando os bens entre si mesmos. Nesse casso, o 
legislador fez a distinção entre principais e acessórios. 
 Faz-se necessária, portanto, a distinção entre principal e acessório, partindo do 
pressuposto de que o acessório segue o principal. O art. 92 do CC/2002 traz a 
seguinte definição: 
 Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele 
cuja existência supõe a do principal. 
 
 Principal: Que existe por si, exercendo sua função e finalidade 
independentemente de outra. Ex: O solo. 
 Acessório: Para existir juridicamente, é preciso que decorra de um bem 
principal. Ex: Os frutos. 
 Nas relações jurídicas, uma obrigação acessória é sempre subsidiária da 
obrigação principal. Cite-se como exemplo a teoria da acessão (art. 1.248 
CC/2002), onde os proprietários ribeirinhos adquirem o domínio da ilha que se 
forma no rio divisório que corre entre as suas propriedades, porque, sendo 
donos do principal, adquirem o acessório. 
 
 FRUTOS: São as utilidades que o bem, periodicamente produz. Dividem-se em 
três categorias: 
 
 Naturais: quando resultam do desenvolvimento próprio de sua força orgânica. 
Ex: A cria do semovente, o café produzido e colhido pelo cafeicultor; 
 Industriais: os devidos à intervenção do esforço humano, tais como os 
produtos manufaturados; 
 Civis: rendimentos tirados da utilização da coisa por terceiros como as rendas e 
os alugueres. 
 
 PRODUTOS: São as utilidades que se retiram do bem, diminuindo-lhe a 
quantidade, visto que não se reproduzem periodicamente. Ex: Extração de 
petróleo, carvão, etc. 
 
 
 
 
60
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), Cap III – 137/144. 
 
 
 
 
32 
 Frutos e produtos se diferenciam, na medida em que o fruto não diminui 
quantitativamente o bem, que se renova; ao passo que o produto, a cada 
retirada esgota parte do principal. 
 Por fim, a BENFEITORIA, que para Silvio Rodrigues “É uma espécie de 
acessório, constante de obra levada a efeito pelo homem, com o propósito de 
conservar, melhorar ou simplesmente embelezar uma coisa determinada”. O 
art. 96 do Código Civil tratou a benfeitoria da seguinte forma: 
 
 Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
 § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do 
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
 § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 
 § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. 
 
 Voluptuária: Quando sua construção traz só maior deleite, sem aumentar a 
utilidade da coisa, embora possa torná-la mais agradável ou aumentar-lhe o 
valor. Ex: A construção de um jardim. 
 Útil: Quando tem por fim a melhoria da utilização da coisa, como por exemplo, 
a construção de uma garagem; 
 Necessária: Quando é realizada com o propósito de conservar a coisa, de evitar 
a sua deterioração ou de poupar-lhe um estrago iminente. Ex: A reforma de 
um telhado para que não haja vazamento e infiltração. 
 
 
 bens em relação ao sujeito.61 
 
 
 Resta, por fim, analisar os bens sob a ótica do titular do domínio, ou seja, em 
relação ao sujeito. O legislador os distingue em públicos e particulares. 
 BENS PÚBLICOS: São aqueles do domínio nacional, pertencentes à União, 
Estados e Municípios. Por exclusão, todos os demais são particulares. Destarte, 
de acordo com a pessoa jurídica que pertencerem, poderão ser federais, 
estaduais ou municipais. 
 Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de 
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem. 
 Quanto ao fim a que se destinam, valemo-nos da redação do art. 99 do novo 
Código Civil. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
 I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
 II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de 
suas autarquias; 
 
 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, 
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito 
privado. 
 
61
 Sílvio Rodrigues – Direito Civil (Parte Geral), 76/78 – 146/148. 
 
 
 
 
33 
 
 OS DE USO COMUM DO POVO: São os bens que qualquer pessoa, cumprindo 
os regulamentos, pode utilizar. A listagem prevista no artigo não é restritiva, 
pois há, certamente, outros bens públicos de uso comum, como é o caso das 
praias e cascatas.62 
 OS DE USO ESPECIAL: São aqueles destinados a algum serviço da pessoa

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