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Prof. Janaílson Ramos História de Mato Grosso Período Colonial Missão: Polícia Civil MT www.supremorondon.com.br HISTÓRIA DE MATO GROSSO 1. PERÍODO COLONIAL – BRASIL: 1500 - 1822 Antecedentes: Tratado de Tordesilhas - 07 de julho 1494 Território de Mato Grosso: pertencente a Coroa Espanhola 1.1 POVOS INDÍGENAS EM MATO GROSSO: Até o início do século XVIII as terras pertencentes ao atual Mato Grosso eram habitadas apenas pelos povos indígenas, de diferentes etnias. Curiosidade: Estima-se que antes da chegada dos europeus, havia cerca de 100 milhões de índios por todo continente. Em território brasileiro havia aproximadamente 5 milhões que estavam divididos em tribos conforme a língua a qual pertenciam: “tupi-guaranis (região do litoral), macro- jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia)”. A região onde hoje estão os estados de Mato Grosso, Mato grosso do Sul e Rondônia, era habitada por vários grupos de indígenas: Guarani, Tupi, Paiaguá, Guaicuru. Quando essas terras começaram a ser ocupadas entraram em guerra. Isso aconteceu a partir de 1709, quando começaram a chegar às primeiras bandeiras em terras mato-grossenses. 1.2 PERÍODO COLONIAL EM MATO GROSSO – AS BANDEIRAS Final do século XVII começou a passar pelo território de Mato Grosso as primeiras Bandeiras provenientes do planalto vicentino – Capitania de São Paulo Principais Bandeiras: 1. Preação e Apresamento / 2. Mineração e/ou Prospecção / 3. Sertanismo de Contrato; Curiosidade: As Bandeiras que chegaram a Mato Grosso tinham como objetivo aprisionar indígenas para serem vendidos como escravos no planalto vicentino. 1.3 OS BANDEIRANTES: 1673-1682: Manuel de Campos Bicudo e Bartolomeu Bueno da Silva – Arraial de São Gonçalo; 1717: Antônio Pires de Campos – rebatizou o local, dando o nome de São Gonçalo Velho; 1719: Pascoal Moreira Cabral - A Descoberta do Ouro e o Início do Povoamento das Terras Mato- Grossenses – Arraial da Forquilha. (O dia 08 de abril de 1719 serviu como marco para Fundação de Cuiabá); Curiosidade: Fixação dos bandeirantes nesta localidade, dando início a extração aurífera e ao povoamento; 1722: Miguel Sutil – Descoberta da 3º jazida aurífera – Lavras do Sutil – Córrego da Prainha – Surgimento do Arraial de Bom Jesus de Cuiabá. http://www.supremorondon.com.br/ Prof. Janaílson Ramos História de Mato Grosso Período Colonial Missão: Polícia Civil MT www.supremorondon.com.br 1.4 ABASTECIMENTO DAS MINAS CUIABANAS - MONÇÕES As minas cuiabanas eram abastecidas efetivamente por duas formas, sendo elas: Interna e Externa. Agricultura de subsistência: provenientes de duas localidades: Serra Acima – Chapada dos Guimarães e Rio Abaixo - Santo Antônio do Leverger Monções – sistema de abastecimento e transporte das regiões mineradoras por meio de embarcações que saiam de São Paulo transpondo os rios utilizando dois trajetos, as chamadas “Monções do Sul”. Essa viagem demorava em média de 4 a 6 meses dependendo do volume das águas. Caminhos de Goiás – 1732: primeira via terrestre que ligava São Paulo, passando por Goiás chegando às minas mato-grossenses. Alternativa de acesso para fugir dos ataques dos povos indígenas. Por essas vias é que foram introduzidas as primeiras cabeças de gado em Mato Grosso 1.5 O GOVERNADOR DA CAPITANIA DE SÃO PAULO VEM MORAR NAS MINAS CUIABANAS 1726: D. Rodrigo César de Menezes, governador (Capitão-general) da Capitania de São Paulo decide mudar para as Minas Cuiabanas, elevando o arraial à categoria de Vila, vindo a se chamar Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Consequências: a) Administração portuguesa; b) Maior controle sobre a extração do ouro, por meio da cobrança de impostos, dentre eles o quinto (20%); c) Construção do Pelourinho – símbolo do poder metropolitano e da casa do governador; d) Construção da Igreja Matriz; e) Criação do Senado da Câmara d) Criação de cargos públicos dentre eles: Provedor da Fazenda Real, Provedor dos Quintos e para cuidar da justiça, o Ouvidor Geral; 1.6 A ORIGEM DO NOME CUIABÁ Origem indígena, da etnia bororo – Ikuiãpa. Ikúia: tipo de túgo, flecha, denominada também túgo, i k ú ia. Ikuiapá – ikúia. Flecha-arpão; pá = lugar (lugar da flecha-arpão). Designação: 1. Localidade onde se pesca com a flecha-arpão. 2. Localidade onde antigamente os bororó costumavam pescar com flecha-arpão – foz do Ikuiébo, córrego da Prainha, afluente da esquerda do Rio Cuiabá. (Albisetti & Venturelli, 1962, p.610-611) 1.7 A ORIGEM DO NOME MATO GROSSO Por volta de 1723 em uma dada região próxima ao Guaporé dois irmãos denominados Artur e Fernando de Barros na captura de índios descobriram um veio aurífero, próximo ao rio Galera. Essa jazida e posteriormente a localidade foi batizada de Minas de Mato Grosso, devido a vegetação ser fechada, densa, espessa e “grossa” - futuramente o nome de todo o território: Mato Grosso. 1.8 CRIAÇÃO DA CAPITANIA DE MATO GROSSO E SUA PRIMEIRA CAPITAL – VILA BELA DA SANTISSIMA TRINDADE http://www.supremorondon.com.br/ Prof. Janaílson Ramos História de Mato Grosso Período Colonial Missão: Polícia Civil MT www.supremorondon.com.br Criada por meio da Carta Régia de 09 de maio de 1748 por D. João V, rei de Portugal. Nomeado para ser o Primeiro Governador (Capitão-general) da capitania o fidalgo português D. Antônio Rolim de Moura Tavares – Conde de Azambuja, no futuro durante o período imperial tornou-se o Vice-rei do Brasil. O mesmo partiu de Portugal no mesmo ano da nomeação, chegando a Cuiabá em 1751. Consequências da Criação da Capitania de Mato Grosso: a) Implantação das primeiras missões jesuítas, chefiadas pelos padres: Estêvão de Castro (Chapada dos Guimarães) e Agostinho Lourenço, na região do Guaporé; b) Doação/concessão de Cartas de Sesmarias nas regiões próximas a Cuiabá; c) Criação da Primeira Capital de Mato Grosso – 19 de março de 1752 – Vila Bela da Santíssima Trindade da região do Guaporé para ser uma espécie de antemural da colônia. d) Construção de repartições governamentais, bem como da catedral; e) Criação da Companhia de Pedestres – companhia militar formada por indígenas, mestiços; f) Controle administrativo e fiscal das regiões mineradores; g) Criação de fortificações militares, destinada a proteção e defesa da fronteira Oeste de Mato Grosso Curiosidade: O abastecimento da capital Vila Bela da Santíssima Trindade era feito por meio das Monções do Norte, pela Companhia do Grão Comércio do Grão-Pará e Maranhão. 1.9 EXPANSÃO TERRITORIAL – TRATADO DE LIMITES E FORTIFICAÇÕES Processo de colonização do território mato-grossense não obedeceu aos limites traçados pelo Tratado de Tordesilhas em 07 de julho 1494. Neste sentido foram assinados outros tratados entre as duas coroas no intuito de oficializar e demarcar as fronteiras, dentre eles citamos: Tratado de Madri – 1750: Principio do Uti Possidetes, por meio deste tratado o território mato-grossense passa oficialmente a pertencer a coroa portuguesa; Edificação do Marco de Jauru – estrutura arquitetônica em pedra em formato piramidal que foi colocado as margens do rio Jauru para servir de limites fronteiriços as duas coroas. Tratado de El Pardo - 12 de fevereiro de 1761: Assinado em substituição ao Tratado de Madri. Território mato-grossense não sofreu alterações em sua geografia. Forte Coimbra – 1775 (Corumbá) Forte Príncipe da Beira e Viseu – 20 de junho de 1776 (Cáceres) Tratado de Santo Ildefonso – 01 de outubro de 1777: por esse tratado a coroa portuguesa perdia para a coroa espanhola o território das Missões, no Sul da colônia. Em Mato Grosso a geografia territorial não sofreu alterações, sendo criadas estrategicamente algumas vilas, dentre elas: Vila Maria – Cáceres: criada em 06 de outubro de 1788 Vila Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque http://www.supremorondon.com.br/ Prof. Janaílson Ramos História de Mato Grosso Período Colonial Missão: Polícia Civil MT www.supremorondon.com.br 1.10 SOCIEDADE COLONIAL EM MATO GROSSO ELITES: Fazendeiros, Grandes Comerciantes, e Burocratas do Estado; CAMADA MÉDIA: Profissionais Liberais, Baixo Clero, Professores, Funcionários Públicos, Militares e alguns Pequenos Comerciantes; HOMENS LIVRES POBRES: Militares de Baixa Patente, Mineiros (trabalhadores das minas), Pequenos Agricultores; ESCRAVOS: constituíam uma significativa parcela da sociedade mato-grossense. Essa camada social era composta de negros africanos e/ou seus descendentes e pelos índios denominados de “negros da terra”. Eram mercadorias, podendo ser comercializados e até mesmo mortos por seus proprietários. SIMULADO – AULA I PERÍODO COLONIAL 1. A sempre conflituosa relação entre índios e não índios, ao longo do processo de ocupação de Mato Grosso, adquiriu conotação diferenciada após a descoberta de ouro na região. Com relação a esse fato, assinale a opção correta. a) Moveu-se guerra contra os índios com o intuito de ser-lhes tomada a terra para que nela se efetivasse o povoamento branco. b) Os índios passaram a ser objeto de captura para que servissem de mão-de-obra escravizada. c) Os indígenas foram deslocados para o litoral da colônia, onde desempenharam papel central na agroindústria açucareira. d) Os indígenas de Mato Grosso associaram- se aos espanhóis na guerra para impedir o adensamento da presença portuguesa na porção oeste da colônia. 2. (SEDUC-MT) Esse governador elevou Cuiabá à categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, aumentou os quintos e as taxas tributárias referentes às passagens pelos rios. Estamos nos referindo à: a) Manoel Carlos de Abreu Menezes. b) Pedro de Toledo. c) Luís Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. d) Rodrigo César de Menezes. e) Antônio Rolim de Moura. 3. A fundação de Vila Bela da Santíssima Trindade por Antônio Rolim de Moura pode ser entendida como: a) estratégia da Coroa espanhola para aproximar-se de Portugal. b) ação repressiva da Coroa portuguesa contra os povos conhecidos como “chiquitanos”. c) operação de espionagem da Coroa espanhola sobre a prospecção mineral portuguesa. ELITES CAMADA MÉDIA HOMENS LIVRES POBRES http://www.supremorondon.com.br/ Prof. Janaílson Ramos História de Mato Grosso Período Colonial Missão: Polícia Civil MT www.supremorondon.com.br d) estratégia da Coroa portuguesa para assegurar os territórios a oeste de Tordesilhas para si. 4. Assinale a questão abaixo que não corresponde à história do período colonial mato-grossense. a) A Rusga foi um conflito político que envolveu as facções dos Liberais e dos Caramurus, usando o povo para que realizasse motins e rebeliões. b) O conflito entre o governador de São Paulo, Rodrigo César de Menezes, e os Irmãos Leme. c) O Rio Jauru, por ocasião do Tratado de Madri, foi considerado um marco geográfico muito importante, o que fez com que a Coroa Portuguesa, em 1754, mandasse despachar, de Portugal, grandes blocos de pedra esculpidos em forma piramidal com inscrições que declaravam que aquelas terras eram de domínio português. d) O rei de Portugal, considerando o pedido do governador, autorizou que fossem montadas bandeiras e expedições para exterminar os índios Paiaguá. e) Uma construção estrategicamente erguida ao longo da fronteira ocidental foi o Forte Real Príncipe de Beira, por ordem de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, pois a posição geopolítica dessa fortificação era estratégica. 5. Em 1748, ao criar a Capitania de Mato Grosso, o rei de Portugal nomeou D. Antônio Rolim de Moura Tavares para administrá-la. Esse nobre português recebeu uma série de instruções que lhe possibilitaram, inclusive, ao chegar às margens do rio Guaporé, escolher o local onde seria estabelecida a primeira capital mato-grossense: Vila Bela da Santíssima Trindade. Sobre o assunto, julgue os itens: I – A longa distancia de Vila Bela da Santíssima Trindade dos centros fornecedores e o excessivo número de cachoeiras na rede fluvial elevariam o custo das mercadorias, inviabilizando o comércio monçoeiro. II – A Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, interligando Belém a Vila Bela, poderia resolver o problema de abastecimento da capital e contribuir para garantir os interesses de Portugal em relação ao extremo Oeste da Colônia. III – A proximidade com o domínio espanhol exigiu que a Coroa lusitana adotasse uma política de povoamento intensivo da área fronteiriça por meio da criação de missões jesuíticas, construção de fortes militares e doação de terras para extração de poaia e mate. IV – O abastecimento de Cuiabá, em meados do século XVIII, continuou sendo feito pelo roteiro fluvial Cuiabá/Tietê, estabelecidas desde a descoberta das primeiras jazidas auríferas no rio Coxipó do Ouro, no início do mesmo século. a) V F F V b) V V F V c) V V F F d) V F V F e) F F V V 6. Segundo a historiografia oficial a expansão geográfica luso-brasileira aconteceu devido ao desprendimento dos paulistas. A respeito da colonização de Mato Grosso no século XVIII, é valido afirmar que: I - As monções abasteciam as minas de Cuiabá de ferramentas, artigos de luxo, produtos alimentares. Esses produtos eram vendidos nas minas por preços modestos podendo ser consumido por toda a população. II - As monções para chegar a Cuiabá usavam os caminhos fluviais. Ao chegar à região do Pantanal enfrentavam vários perigos como o ataque dos índios paiaguás (remadores) e dos guaicurus (Cavaleiros). III - Em 1752, com o propósito de efetivar o “uti possedetis”, o governo metropolitano resolveu fundar a primeira capital de Mato Grosso; Vila Bela da Santíssima Trindade. IV - Antônio Rolim de Moura foi nomeado como o primeiro capitão-general de Mato Grosso. Esta autoridade desenvolveu uma http://www.supremorondon.com.br/ Prof. Janaílson Ramos História de Mato Grosso Período Colonial Missão: Polícia Civil MT www.supremorondon.com.br política voltada para o povoamento e militarização da fronteira Oeste. a) I, II e III são corretas. b) II, III e IV são corretas. c) III e IV são corretas. d) I, II, III e IV são corretas. e) Somente a IV esta correta 7. (Concurso SEFAZ – UNEMAT /2008) Ao Sistema de Abastecimento e transporte de pessoas, implementado através dos rios, que se dirigiam a Mato Grosso no período colonial, deu-se o nome de Monções. Em relação a esse sistema, é incorreto afirmar. a) Os varadouros eram partes do trajeto, em que as canoas e as bagagens eram carregadas no ombro dos índios ou dos africanos, atravessando trechos de terra, localizados entre as cabeceiras dos rios navegados. b) Os índios aliados auxiliaram os paulistas como guias nas viagens, uma vez que dominavam as melhores rotas a percorrer, identificavam as cachoeiras, suas transposições e os varadouros. c) Esse sistema era feto duas vezes ao ano e a viagem durava de quatro a seis meses, dependendo do volume das águas. d) As monções que se dirigiam de São Paulo para Mato Grosso percorriam um único roteiro, saindo de Porto Feliz, seguindo pelos rios Tietê, Grande, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá. _____________________________________________________________________________ Dicas de Filme: A Missão. O Padre Jesuíta Gabriel (Jeremy Irons) vai para a terra dos Guaranis, na América do Sul, com o propósito de converteros nativos ao Cristianismo. Rapidamente ele constrói uma missão, juntamente com Rodrigo Mendoza (Robert De Niro), um comerciante de escravos em busca de redenção. Quando um tratado transfere a terra da Espanha para Portugal, o governo português quer capturar os nativos para o trabalho escravo. Mendoza e Gabriel protegem a missão, discordando da realização da tarefa. Data de lançamento: 1986 (Noruega) Direção: Roland Joffé Música composta por: Ennio Morricone Roteiro: Robert Bolt Prêmios: Palma de Ouro, Oscar de Melhor Fotografia. Obs: O filme retrata a atuação bandeirante na captura do índio bem como o Tratado de Madri sacramentado em 1750 entre as coroas portuguesa e espanhola. Vale a pena lembrar que o filme trata-se de uma obra ficcional, não sendo o mesmo a História, mas uma visão acerca da História. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BASTOS, Manoela Rondon Ourives. Rota fluvial no rio Cuiabá. [S.l.:s.n.], 2008. CARVALHO, Sílvio Augusto de. Festança de Vila Bela da Santíssima Trindade. [S.l.]: Takano, 2002. FELIX, Pedro Carlos Nogueira. História de Mato Grosso. 3ª ed. Cuiabá: Defanti Editora, 2013. FERRAZ, Antônio Leôncio Pereira. Memória sobre as fortificações de Mato Grosso. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1930. GUERREIRO, Gonçalo. Estrutura da sociedade cuiabana e mato-grossense. Cuiabá: Adriana, 1999. FILGUEIRAS, Valéria. Apostila História de Mato Grosso. 1º ed. Rondonópolis. 2016 SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002. http://www.supremorondon.com.br/
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