Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OBJETIVOS Através do estudo deste módulo o leitor deverá tornar-se apto a: 1. Reconhecer e identificar os fatores nocivos aos trabalhadores, inerentes às operações de corte e soldagem, e quais os danos e lesões possíveis como consequência à exposição a tais fatores; 2. Avaliar, segundo a necessidade, quais os equipamentos de segurança a serem utilizados e sua correta forma de utilização; 3. Conhecer os equipamentos de segurança; 4. Adotar as medidas de segurança necessárias durante as operações de corte e soldagem; 5. Identificar as instruções de segurança que um trabalhador da área de soldagem deve receber. SUMÁRIO 1 – FATORES DE RISCO EM OPERAÇÕES DE SOLDAGEM E CORTE 1.1 – Radiação 1.2 – Calor 1.3 – Ruído 1.4 – Fumos e gases 1.5 – Eletricidade 2 – AMBIENTE DE SOLDAGEM 2.1 – Lay-out 2.2 – Piso 2.3 – Pintura 2.4 – Iluminação 2.5 – Ventilação 2.6 – Exaustão 3 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 3.1 – Proteção Ocular e Facial 3.1.1 – Área Protegida pelos Equipamentos 3.1.2 – Materiais Utilizados na fabricação dos Equipamentos 3.1.3 – Visor para Lente Filtrante e Lente de Cobertura 3.1.4 – Ventilação 3.1.5 – Lentes de Cobertura 3.1.6 – Lentes Filtrantes 3.1.7 – Manutenção 3.2 – Vestuário de Proteção 3.2.1 – Luvas 3.2.2 – Macacões, Casacos, Aventais, Mangas e Perneiras 3.2.3 – Vestuário tratado Quimicamente 3.2.4 – Capuz ou Gorro para a Cabeça 3.2.5 – Botina 3.2.6 – Protetores Auriculares 3.3 – Equipamentos de Proteção Respiratória 4 – CUIDADOS PARTICULARES AOS PROCESSOS DE SOLDAGEM E CORTE 4.1 – Soldagem à Arco Elétrico 4.2 – Soldagem à Arco Submerso 4.3 – Soldagem TIG 4.4 – Soldagem e Corte a Gás 1 – FATORES DE RISCO EM OPERAÇÕES DE SOLDAGE E CORTE Em uma operação de soldagem estão presentes vários fatores que, agindo isoladamente ou em conjunto, representam sério risco à saúde do trabalhador. Tais fatores, como: calor, ruído, radiação, fumos, gases, fogo e eletricidade devem ser mantidos sob controle, exigindo medidas de proteção tanto individuais quanto ambientais, no sentido de preteger, não só o trabalhador envolvido diretamente na operação, como, também, outras pessoas, máquinas, equipamentos e instalações. A inobservância a tais fatores pode conduzir à formação de um ambiente inseguro, com graves conseqüências, caso um acidente venha a ocorrer, levando a prejuízos, mutilações ou até mesmo a perda de preciosas vidas. 1.1 – RADIAÇÃO Durante os processos de soldagem ao arco elétrico são gerados raios ultravioletas de alta intensidade, raios infravermelhos e radiação dentro do espectro visível da luz. A pele exposta à radiação ultravioleta, mesmo que por poucos minutos, sofre queimaduras semelhantes às provocadas pelo sol, podendo provocar ulcerações e câncer de pele. Os raios infravermelhos, agindo sobre a pele, provocam efeito de aquecimento. Se o tempo de exposição for prolongado, provocará, também, queimaduras. Agindo sobre os olhos, os raios infravermelhos, ultravioletas e a radiação visível ocasionarão sérios danos aos mesmos, tais como: conjuntivite, irritação das pálpebras, cegueira temporária e catarata. No caso de exposição prolongada ou repetida, os danos serão maiores, podendo ocorrer uma lesão permanente. Torna-se, portanto, necessário a utilização pelo soldador de equipamentos de proteção como luvas, aventais, mangas compridas, capacetes, óculos e viseiras com lentes especiais. A escolha da lente adequada é de suma importância e estas são identificadas por números. Quanto maior o número tanto maior a proteção oferecida. O soldador deve escolher sempre o maior número possível. Caso a lente seja demasiada escura a ponto de interferir na visualização de seu trabalho, ele deve experimentar valores inferiores, até encontrar a que melhor se adapte sem, contudo, jamais ultrapassar o limite mínimo estabelecido, indicado em tabelas. Os óculos de proteção servem ainda para proteger os olhos de respingos e fragmentos de escória, projetados durante a limpeza do cordão de solda. Caso existam outras pessoas presentes na área de soldagem, estas devem estar igualmente protegidas pelo uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI ou por meio de anteparos que impeçam a propagação da radiação. Caso não seja possível, estas devem se afastar do local até que a operação de soldagem esteja terminada. 1.2 – CALOR É um elemento sempre presente nas operações de soldagem ou corte. Seu controle é fácil, Dependendo apenas de uma boa ventilação do ambiente, que será igualmente útil em relação a outros fatores nocivos. O grande cuidado que se deve ter é em relação à projeção de centelhas e metal fundido, que chegam a atingir distâncias consideráveis. Em contato com a pele do soldador, provocará imediatamente uma queimadura. Portanto, as roupas devem ser resistentes, as mangas compridas e as calças não devem conter dobras para fora, para que o metal quente não fique preso a elas. As luvas devem ser de raspa de couro com proteção para os punhos. Deve ser dada atenção à presença de materiais combustíveis ou líquidos inflamáveis, que devem ser afastados ou isolados do local. 1.3 – RUÍDO Presente em operações de goivagem, preparação ou reparo de juntas com o uso de esmeril, deve ser controlado com o uso de protetores auriculares, pois a exposição contínua leva à diminuição da capacidade auditiva, podendo levar à surdez definitiva. Os protetores auriculares em forma de concha ( tipo head-phone ) tem a vantagem de proteger o pavilhão auricular contra a projeção de faiscas ou partículas metálicas. Os protetores tipo plug devem estar limpos antes de serem inseridos no canal auditivo, evitando-se, desta forma, infecções. Seu manuseio deve ser feito com as mãos limpas. Muitas vezes o ruído é presença constante no ambiente de trabalho devido a outras operações. É sempre mais vantajoso procurar eliminar o problema na origem ( por exemplo, isolando o agente causador em cabines ), adotando-se uma atitude preventiva e evitando-se problemas decorrentes da utilização inadequada ou mesmo da não utilização de equipamentos individuais de proteção. A perda da audição é gradual, podendo não ser percebida no início, porém sendo um processo cumulativo, torna-se um dano irrecuperável. 1.4 – FUMOS E GASES Os gases empregados nas operações de soldagem bem como os fumos emanados das peças ou consumíveis podem provocar riscos a saúde do soldador e de outros profissionais que trabalham na área, devido a presença de elementos químicos tais como carbono, cobre, cobalto, alumínio, níquel, fluoretos, zinco, manganês entre outros. Além disso, a fumaça desprendida durante a soldagem pode conter partículas sólidas também prejudiciais à saúde. Os efeitos da exposição aos fumos, ainda que temporários são: tonteiras, náuseas, irritação dos olhos e pele. Uma exposição constante, entretanto, pode conduzir a doenças crônicas tais como a siderose ( acúmulo de ferro nos pulmões ), A tabela 15.1 mostra os valores toleráveis e os efeitos de partículas, fumos e óxidos metálicos, recomendados pela American Welding Society. Valores Limites Toleráveis Elemento (mg/m³ /8 horas) Efeitos Alumínio ND A,F Cádmio 0,1 H,F,I,M* Cromo 1,0 I,N,B Cobre 0,1 A Fluoretos (fluxos) 2,5O,L,I Ferro 10,0 C.B Chumbo 0,2 H,L Magnésio 15,0 A Manganês 5,0 H,K Níquel 1,0 N,A Vanádio 0,1 A Zinco 5,0 B Monóxido de carbono 5,5 H Óxidos nitrosos - A,C,F,O Ozônio 0,2 A,E,F *2500 mg/m³ é FATAL ND – não determinado A – inflamação do sistema respiratório e pulmão: dores de cabeça, letargia, irritação dos olhos, fluído no pulmão; B – febre devido ao fumo: sabor de metal, calafrios, sede, febre, dor muscular, fadiga, dor de cabeça, náuseas, após 3 dias desaparecimento do sintomas. C – bronquite crônica D – distúrbios visuais E – crise de asma ( quando em presença de elementos alérgicos ) F – edema pulmonar G – efisema H – intoxicação I – gastrite ( inflamação do estômago e intestino ) J – dispnéia ( dificuldade de respiração, falta de ar ) K – manganismo ( efeitos neurológicos semelhantes ao “Mal de Parkinson” L – anemia M – nefrite crônica ( inflamação dos rins ) N – possibilidade de câncer O – aumento da densidade dos ossos e ligamentos Nota: dados obtidos de “Effects of Welding on Health”, American Welding Society, 1979 Tabela 15.1 – Efeitos de partículas, fumos e óxidos metálicos, conforme a Ocupacional Safety and Health Administration A maioria dos gases de proteção não apresentam toxidade, porém podem provocar asfixia por ocupar o lugar do oxigênio na atmosfera, cujos sintomas são tonteira, inconsciência e morte. A radiação ultravioleta, muito intensa nos processos TIG e MIG/MAG é capaz de decompor desengraxantes utilizados na limpeza das peças, como o tricloroetileno e o percloroetileno, além de ser grande auxiliar na formação de ozônio e óxidos nitrosos, responsáveis por irritação nos olhos e inflamações no nariz e garganta. Um cuidado especial deve ser tomado em relação ao Cádmio, presente em aços revestidos e nas brasagens com ligas de prata. Mesmo uma rápida exposição a este metal tóxico pode ser letal, com início dos sintomas em uma hora, sobrevindo a morte após 5 dias ( veja Tabela acima ). 1.5 – ELETRICIDADE A eletricidade, hoje presente na imensa maioria dos processos de soldagem e, ainda, nos Processos de corte por fusão ( corte e plasma ), torna nossa vida muito mais confortável. Mesmo o corpo humano é movido por impulsos elétricos, que podem ser medidos em um eletroencefalograma ou um eletrocardiograma. Se, entretanto, uma fonte externa de eletricidade for “conectada” ao nosso corpo, esta certamente irá interferir em seu funcionamento. Essa interferência poderá ser notada desde uma leve sensação de “formigamento” até a ocorrência de queimaduras graves ou parada cárdio-respiratória, provocando a morte. A Tabela 15.2 mostra os efeitos do choque elétrico no nosso organismo. Intensidade da corrente Efeito Até 5mA Formigamento fraco 5 até 15 mA Formigamento forte 15 até 50 mA Espasmo muscular 50 até 80 mA Dificuldade de respiração, desmaios 80 mA até 5 A Fibrilação ventricular, parada cardíaca, queimaduras de alto grau Acima de 5 A Morte Tabela 15.2 – Efeitos do choque elétrico Esses efeitos são consequência da quantidade de eletricidade que percorre o corpo humano, ou seja, dependem da intensidade de corrente elétrica, cuja unidade é o Ampère (A), e esta é função da tensão aplicada e da resistência elétrica conhecida. Obedecendo à Lei de Ohm V = R x I ou I = V / R Fórmula 1 Fórmula 2 Da fórmula 1 podemos concluir que quanto maior a tensão, maior a corrente que fluirá pela resistência R. E da fórmula 2 deduzimos que, para uma mesma tensão, a corrente aumentará se reduzirmos a resistência. Portanto, para se trabalhar com segurança, devemos possuir a MAIOR RESISTÊNCIA POSSÍVEL e devemos trabalhar com a MENOR TENSÃO POSSÍVEL. A maior resistência é conseguida com a utilização de materiais chamados isolantes, que estão presentes desde a conexão do equipamento à rede até o ponto do eletrodo, pistola ou tocha. Devemos então, nos proteger do contato com a peça-obra, que estará energizada durante a operação, e a maneira mais adequada é pela utilização de roupas isolantes, que deve estar em boas condições e seca. Uma roupa úmida reduz acentuadamente as condições de segurança, como indicado na tabela 15.3 Elemento Resistência oferecida (Ohm) Seco Molhado Cabo de solda 0,1 0,1 Luvas de couro 10.000 50 Botas de segurança 10.000 50 Corpo humano 3.000 1.000 Tabela 15.3 – Variação de resistência O choque da tensão primária do equipamento é muito mais perigoso, portanto, as tampas das máquinas não devem nunca ser removidas. Qualquer reparo deve ser feito por pessoal especializado e a máquina deverá estar corretamente aterrada para, em caso de problema, oferecer a necessária proteção. 2 – AMBIENTE DE SOLDAGEM As operações de soldagem e corte, sempre que possível, devem ser realizadas em ambiente apropriado afim de oferecer a máxima condição de segurança e conforto do soldador. Quando a operação for realizada no campo deve-se reproduzir as condições ideais sempre que possível. 2.1 – LAY-OUT Os acessos e vias de fuga devem ser mantidos livres e desimpedidos. Equipamento, cabos, mangueiras devem estar protegidos contra calor e salpicos. A área de soldagem deve ser protegida com instalação de anteparos. Qualquer material combustível ou inflamável deve ser removido das áreas de soldagem e corte, e esta deve estar provida de sistema de combate a incêndio. 2.2 – PISO Deve ser de concreto antiderrapante, com isolamento térmico ou revestimento a prova de fogo. 2.3 – PINTURA Devem ser utilizadas cores frias, de baixa refletividade como por exemplo cinza azulado. 2.4 – ILUMINAÇÃO O Nível de iluminamento deve ser constante, inclusive quando houver boxes estes devem ser providos de iluminação individual. A luz do dia ou artificial deve incidir sobre a área de trabalho vinda do alto por trás a fim de evitar ofuscamento e produzir luminosidade uniforme. O índice mínimo de iluminação e de 250 lux. 2.5 – VENTILAÇÃO A ventilação natural é aceitável para operações em áreas não confinadas. Em oficinas de soldagem deve-se tomar o seguinte cuidado: • Ventilação transversal deve ser livre sem bloqueios; • O pé direito da oficina deve ser superior a 6 metros para facilitar corrente de ar por convecção; • A área de soldagem deve ter no mínimo 285 m³ de ar por soldador; Se a ventilação natural não for suficiente deve ser adotado sistema mecânico capaz de renovar no mínimo 57 m³/min. de ar por soldador. Diâmetro do Eletrodo Ventilação Mínima Requerida Polegadas Milímetros(m³/min. por soldador) 3/16 ou menor 4,8 ou menor 57 ¼ 6,4 100 3/8 9,5 128 Tabela 15.4 – Ventilação mínima requerida em função do diâmetro do eletrodo 2.6 – EXAUSTÃO Quando necessário uma exaustão local junto a fonte geradora, para retirada dos elementos contaminantes antes que atinjam a zona de respiração do soldador, esta deve ser adequada, e possuir sistemas de tratamento dos gases a fim de não poluir a área externa. Segue abaixo sugestões de valores para uma exaustão adequada. Zona de Soldagem do arco ou tocha (mm) Fluxo de Soldagem (m³/min.) Diâmetro do duto pol mm 100 até 150 4,25 3 75 150 até 200 7,8 3 ½ 90 200 até 250 12,1 4 ½ 115 250 até 300 16,6 5 ½ 140 Tabela 15.5 – Valores para uma exaustão adequada 3 – EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Os EPI’s tem a finalidade de evitar lesões ou doenças que possam ocorrer nas operações de corte e soldagem, ou outras pertinentes ao ambiente. 3.1 – PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL As máscaras devem ser usadas pelos soldadores durante as operações de corte e soldagem a arco elétrico. Exemplos de máscaras: • Máscara de soldador com empunhadura manual; • Máscara de soldador com fixação por carneira e visor fixo • Máscara de soldador com fixação por carneira e visor articulado 3.1.1 – ÁREAS PROTEGIDAS PELOS EQUIPAMENTOS A áreas protegidas pelas máscaras de soldador são: a face, a testa, o pescoço e os olhos contra radiações emitidas pelo arco e contra salpicos da soldagem. 3.1.2 – MATERIAIS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS Os materiais utilizados para a fabricação das máscaras devem ser resistentes leves isolantes térmicos, elétricos e acústicos, não combustíveis e opacos. Devem ter a possibilidade de desinfetados. 3.1.3 – VISOR PARA LENTES FILTRANTE E COBERTURA O visor para lente filtrante e de cobertura devem ser adequados para afixação der filtros e lentes de modo a ser de fácil remoção ou de substituição. A grande vantagem da máscara com fixação por carneira e visor articulado é a de deixar o soldador com as mãos livres. 3.1.4 – VENTILAÇÃO Os óculos devem ter a condição de assegurar uma ventilação perfeita a fim evitar o embaçamento das lentes. 3.1.5 – LENTES DE COBERTURA As lentes de cobertura tem a finalidade de proteger os filtros nos capacetes contra salpicos de soldagem e arranhões. 3.1.6 – LENTES FILTRANTES As lentes filtrantes tem a função de absorver os raios infravermelhos e ultravioletas protegendo os olhos contra lesões que poderiam ser ocasionadas. Essas lentes são marcadas pelo fabricante afim de que possa ser facilmente identificada. Quando estas lentes forem tratadas para resistência ao impacto, tem na marcação em adição a letra H. A tabela sugere os tipos de lentes filtrantes nos processos de soldagem e corte. PROCESSO / OPERAÇÃO DE SOLDAGEM SUGESTÃO PARA O N° DE LENTES FILTRANTE Eletrodo revestido – diâmetro até 4mm Eletrodo revestido – diâmetro de 4,8mm até 6,4mm Eletrodo revestido – diâmetro acima de 6,4mm TIG MIG / MAG Soldagem a gás – espessuras até 3.2mm Soldagem a gás – espessuras de 3.2mm até 12,7mm Soldagem a gás – espessuras acima de 12,7mm Corte (leve) – espessura até 25mm Corte (médio) – espessura de 25mm até 150mm Corte (leve) – espessura acima de 150mm 10 12 14 12 12 4 ou 5 5 ou 6 6 ou 8 3 ou 4 4 ou 5 5 ou 6 Tabela 15.6 – Seleção de Lentes Filtrantes de Proteção 3.1.7 – MANUTENÇÃO As máscaras de soldas, óculos de proteção, como todos os EPI’s são de uso pessoal e intransferíveis para outros. Devem ser submetidas frequentemente a rigorosas inspeções afim de assegurar a limpeza a desinfecção e a manutenção. 3.2 – VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO O vestuário protetor deve ser apropriado para cada tipo de corte e soldagem, e variável com a natureza do trabalho a ser desenvolvido. Estes vestuários devem ser utilizados para proteger todo o corpo do soldador contra as radiações de energia emitida pelo arco como também de salpicos e faiscas provenientes da soldagem. 3.2.1 – LUVAS Os soldadores devem usar luvas em bom estado nas duas mãos. As luvas protegem as mãos contra queimaduras, radiações e evitam choques elétricos. Para trabalhos leves as luvas podem ser de raspa de couro, luvas de vaqueta ou de couro de porco. Para trabalhos pesados devem ser utilizados luvas de couro ou outro material, resistentes ao fogo. 3.2.2 – MACACÕES, AVENTAIS, MANGAS E PERNEIRAS Devem ser especificadas cada um destes em função do tipo de trabalho e do processo de soldagem ou corte. Pode ser feito de couro ou outro material resistente ao fogo. É sempre preferível que o vestuário seja feito de tecidos a base de amianto. A superfície exterior das roupas devem estar limpas e totalmente isenta de óleo e graxa. Devido ao processo de soldagem onde podem ser arremessados salpicos e faiscas causando lesões aos soldadores é recomendável que punhos, golas e todas as aberturas sejam bem abotoadas sem bolsos, e as calças e macacões não poderão ter bainhas. Cuecas, meias e quaisquer outras peças de vestuário não deverão ser usadas quando forem feitas a partir de nylon ou poliéster pois, ao queimar este material derrete formando uma massa quente que adere causando queimaduras ou no mínimo obstruindo os poros da pele. 3.2.3 – VESTUÁRIO TRATADO QUIMICAMENTE São também utilizados vestimentas com materiais tratados com retardadores de fogo, neste caso após cada lavagem ou limpeza estas deverão sofrer novo tratamento. 3.2.4 – CAPUZ OU GORRO PARA A CABEÇA Para evitar lesões na cabeça dos soldadores devem ser utilizados capuzes ou gorros fabricados em couro ou material resistente ao fogo. 3.2.5 – BOTINA Todos os soldadores, operadores de solda e corte devem proteger os pés através do uso de botina de segurança com biqueira de aço, solado injetado e sem cadarço. Este é um EPI de uso obrigatório. 3.2.6 – PROTETORES AURICULARES Os protetores auriculares devem ser utilizados nos setores determinados pelo departamento de segurança no interior da fábrica. Podem ser do tipo plugue de inserção ou tipo concha. 3.3 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA Em áreas confinadas ou quando se tratar de processos com alto risco de gases tóxicos devem ser utilizados equipamentos respiração individual. Como todo EPI deve ser monitorado com frequência afim de garantir a limpeza, desinfecção e manutenção adequada. 4 – CUIDADOS PARTICULARES AOS PROCESSOS DE SOLDAGEM Para operações seguras, com qualquer tipo de equipamentos, devem ser seguidas as recomendações dos fabricantes e o soldador deve ser qualificado e treinado para o tipo de operação que irá executar. 4.1 – SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO Para a realização de trabalhos com máquina de solda a arco elétrico existem algumas condições ambientais; os equipamentos normais são projetados e construídos para operarem em locais onde a temperatura não é menor que 0 °C, entretanto são adequados para operar em atmosferas que contem gases e pó. Antes de iniciar a operação todas as ligações e cabos devem ser examinados para determinar o atendimento das necessidades mecânicas e elétricas. Os cabos devem ter seu revestimento preservado, limpo e isento de óleo e graxa. Inspeções frequentes devem ser realizadas a fim de verificar o estado de todos os componentes do equipamento, evitando a ocorrência de acidentes como choques elétricos. O aterramento das peças metálicas a serem soldadas deve ser efetuado com cabos adequados e sistema defixação robusto. Não deverão ser utilizados aterramento em correntes, a arames ou equipamentos de elevação e transporte. O soldador nunca deve rolar ou prender o cabo de soldagem em volta de partes do seu corpo. O processo de soldagem com eletrodo revestido, além de emitir radiações e projeções de partículas libera gases e fumos nocivos a saúde, portanto uma ventilação adequada é imprescindível. 4.2 – SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO Visto que a extremidade do eletrodo (arame) e a região de soldagem estão completamente protegidos, a solda é executada sem centelhas, salpicos ou fumos que são observados em outros processos de solda a arco. Assim não é obrigatório o uso da capacetes, viseiras ou máscaras, entretanto óculos de segurança deve ser usado como rotina de proteção aos olhos. Visto que a soldagem a arco submerso pode produzir gases nocivos a saúde deve ser proporcionada ventilação adequada. 4.3 – SOLDAGEM TIG Na soldagem por esse processo devem ser observadas as precauções aplicadas em todos os processos de soldagens. O soldador deve usar todos os EPI’s indicados escolhidos em função do processo. Nesta soldagem a quantidade de radiação ultravioleta é muito grande. Parte da pele diretamente expostas a tais radiações queimam-se rapidamente o que exige maiores precauções. Estas radiações tem a capacidade de decompor solventes liberando gases tóxicos, portanto deve-se evitar depósito de solventes nas áreas de trabalho principalmente em ambientes confinados. FILTRO N° INTENSIDADE DE CORRENTE DE SOLDAGEM (A) 6 8 10 12 14 Até 30 De 30 até 75 De 75 até 200 De 200 até 400 Acima 400 Tabela 15.7 – Lentes Filtrantes para soldagem TIG 4.4 – SOLDAGEM E CORTE A GÁS O oxigênio sob alta pressão pode reagir violentamente com óleo ou graxa. Logo, as válvulas que fazem a sua regulagem devem ser isentas destes materiais. Os cilindros nunca devem ser estocados próximos a materiais combustíveis, pois embora não se incendeie ou explodam sozinhos, ajudam a manter a combustão dos materiais combustíveis. O oxigênio nunca deve ser usado para limpar roupas ou para ventilar espaços confinados. O acetileno é um gás altamente combustível e é preciso, portanto, que seja guardado longe do fogo, em limpos e secos, com boa ventilação e protegido contra aumentos excessivos de temperatura. Os cilindros precisam ser estocados e utilizados com válvulas de segurança, em local livre de outros combustíveis. Cilindros de outros gases devem ser manuseados com estes mesmos cuidados. Os cilindros de gases liqüefeitos são construídos com paredes duplas, existindo um vácuo entre a parede interna e a parede externa. Por isso eles devem ser manuseados com extremo cuidado para prevenir danos na tubulação interna, que poderia provocar a perda do vácuo. Tais cilindros devem sempre ser transportados e utilizados na posição vertical, pois podem tornar-se perigosos se virados de cabeça para baixo; todos os cuidados devem ser tomados para se evitar tal possibilidade. Cilindros de acetileno, em particular, devem ser usados na posição vertical. Como prática padrão, deve-se prender o cilindro em um suporte rígido, o qual pode Ter rodas para facilitar a locomoção e posicionamento. Somente reguladores, válvulas e mangueiras projetadas especialmente para servirem a equipamentos de soldagem devem ser utilizados. Todas as conexões e mangueiras devem ser firmes, bem apertadas e livres de furos e rasgos. O regulador de oxigênio deve sempre estar limpo e o regulador de pressão deve estar completamente fechado antes da abertura do cilindro ou da válvula da tubulação interna. Combustão interna ou retrocesso de chama pode ocorrer se for falho o purgamento das mangueiras antes do acendimento da tocha, ou devido ao superaquecimento da extremidade da tocha. Retrocessos são as queimas dentro ou além da câmara de mistura da tocha. É uma condição grave, e pode ser realizada uma ação corretiva para se extinguir essa queima, fechando-se imediatamente a válvula de oxigênio da tocha e, em seguida a válvula do gás combustível. Válvulas de retenção (ou contra fluxo), para impedir o refluxo dos gases e sua conseqüente mistura na mangueira ou tubulação, e válvulas corta-chama além daquele ponto, por meio do abafamento da mesma, devem ser constantemente verificadas com relação ao seu perfeito funcionamento.. Bibliografia Estas notas estão baseadas em pesquisas de diversos autores mais principalmente na parte de Proteção do curso de Inspetor de Soldagem da Fundação Brasileira de Tecnologia de Soldagem, à qual recomendo para o leitor que precisar se aprofundar sobre o assunto.
Compartilhar