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Síndrome da Imunodeficiência Adquirida HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus é o causador da aids, que é a sigla em inglês da síndrome da imunodeficiência adquirida, uma doença que enfraquece o sistema imunológico humano. HIV x AIDS Ter HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Vale ressaltar que independente de desenvolver ou não aids, todos os pacientes soropositivos para HIV podem transmitir o vírus a ouras pessoas por via sexual, vertical, sanguínea e por leite materno. O HIV é um retrovírus classificado na subfamília dos Lentiviridae. Caracterizam-se por período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença. Infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune. As células alvo do vírus são os linfócitos T CD4+. Através da alteração do DNA dessa célula o HIV faz cópias de si mesmo, posteriormente rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. A via de entrada do HIV no hospedeiro geralmente é a mucosa anogenital. A proteína do envelope viral, a glicoproteína 120 (GP 120), liga-se à molécula CD4 nas células dendríticas. As células dendríticas intersticiais são encontradas no epitélio cervicovaginal, bem como no tecido tonsilar e adenoidal, que podem servir como células-alvo iniciais em infecções transmitidas por sexo genital-oral. As células infectadas pelo HIV se fundem com as células T CD4+, levando à disseminação do vírus. O HIV é detectável em linfonodos regionais dentro de dois dias da exposição da mucosa e no plasma dentro de outros três dias. Assim que o vírus entra no sangue, ocorre uma disseminação generalizada para órgãos como o cérebro, baço e os gânglios linfáticos. A infecção pelo HIV é caracterizada pelas seguintes fases: • Infecção aguda: ocorre nas primeiras semanas da infecção, até a soroconversão (janela imunológica). É caracterizada pela queda dos linfócitos T CD4+ e aumento da carga viral, e seu diagnóstico é pouco DEFINIÇÃO FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO realizado devido ao baixo índice de suspeição. As manifestações clínicas podem ser sintomas como hipertermia, sudorese, cefaleia, fadiga, exantemas, gânglios linfáticos aumentados e um leve prurido. • Latência clínica: essa fase pode durar por anos e é caracterizado pelo aumento da interação das células de defesa e aumento das mutações do vírus. As manifestações clínicas são mínimas ou inexistentes, no qual apresenta exame físico normal, exceto pela linfadenopatia que pode persistir. • Sintomática inicial: é caracterizada pela redução acentuada dos linfócitos T CD4+ (entre 200 a 300 cel/mm³). As manifestações clínicas se caracterizam por processos oportunistas de menor gravidade, como a candidíase oral ou a presença de mais de um dos seguintes sinais e sintomas, com duração superior a um mês, sem causa identificada: linfadenopatia generalizada, diarreia, febre, astenia, sudorese noturna e emagrecimento. • HIV/Aids: é caracterizada pela redução acentuada dos linfócitos T CD4+ (<200 cel/mm³). As manifestações clínicas se caracterizam por processos oportunistas como tuberculose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi). Apesar a existência de outros tipos de testes, as técnicas rotineiramente utilizadas para diagnósticos da infecção pelo HIV são baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus, os chamados testes anti-HIV. Ou seja, detectam a resposta do hospedeiro contra o vírus (os anticorpos) e não o próprio vírus. São eles: • ELISA (ensaio imunoenzimático); • Imunoflorescência indireta; • Western-blot; • Testes rápidos. Outras técnicas de biologia molecular detectam diretamente o vírus, ou suas partículas, e são utilizadas em situações específicas, tais como: esclarecimento de exames sorológicos indeterminados, acompanhamento laboratorial de pacientes e mensuração da carga viral para controle de tratamento. Os anticorpos contra HIV aparecem principalmente no soro ou plasma de indivíduos infectados, numa média de 6 a 12 semanas após a infecção. Em crianças menores de 2 anos, o resultado dos testes sorológicos é de difícil interpretação, em virtude da presença de anticorpos maternos transferidos passivamente através da placenta. Nesses casos, devido os testes imunológicos anti-HIV não permitirem a caracterização da infecção, recomenda-se que a avaliação inicial de diagnóstico seja realiza por testes de biologia molecular para detecção direta do vírus. Os medicamentos antirretrovirais (ARV) tem como objetivo impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a DIANÓSTICO TRATAMENTO evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Existem três classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV: • Inibidores Nucleosídeos Transcriptase Reversa: medicamentos que atuam sobre a enzima transcriptase reversa, tornando defeituosa a cadeia de DNA que o vírus HIV cria dentro das células de defesa do organismo. Essa ação impede que o vírus se reproduza. São eles: Abacavir (ABC); Didanosina (ddl); Lamivudina (3TC); Tenofovir (TDF); Zidovudina (AZT). • Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa: medicamentos que atuam sobre a enzima transcriptase reversa, bloqueando diretamente sua ação e a multiplicação do vírus. São eles: Efavirenz (EFZ); Nevirapina (NVP); Etravirina (ETR). • Inibidores da Protease: medicamentos que atuam na enzima protease, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV. São eles: Atazanavir (ATV); Darunavir (DRV); Fosamprenavir (FPV); Lopinavir (LPV); Nelfinavir (NFV); Ritonavir (RTV); Saquinavir (SQV); Tipranavir (TPV). • Inibidores da Integrase: medicamentos que bloqueiam a atividade da enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do HIV ao DNA humano (código genético da célula). Assim, inibe a replicação do vírus e sua capacidade de infectar novas células. São eles: Dolutegravir (DTG); Raltegravir (RAL). • Inibidores de Entrada: nova classe de medicamentos que impedem a entrada do vírus HIV nas células de defesa do organismo, impedindo a sua reprodução. No caso específico do Maraviroc, sua atuação se baseia no bloqueio dos receptores CCR5 (proteína localizada na superfície dos macrófagos - células do sistema imunológico) impedindo a entrada do HIV e a infecção destas células. São eles: Maraviroc (MRV). Para combater o HIV é necessário incluir combinações de três antirretrovirais (ARV), sendo dois ITRN (Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa análogos de nucleosídeos)/ ITRNt (Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa análogos de nucleotídeos) associados a uma outra classe de ARV (ITRNN – Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa, IP/r – Inibidores de Protease ou INI – Inibidores da Integrase). Para os casos em início de tratamento, o esquema inicial preferencial deve ser a associação de dois ITRN/ITRNt – lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) – associados ao inibidor de integrase (INI) – dolutegravir (DTG). Exceção a esse esquema deve ser observada para os casos de coinfecção TB-HIV e gestantes. Então o esquema inicial de escolha no Brasil é a combinação de Tenofovir/lamivudina/ dolutegravir. Sendo que na impossibilidade de usar tenofovir (função renal alterada) as outras opções são o abacavir e zidovudina. Na coinfecção HIV/TB usar o raltegravir no lugar no dolutegravir. Na gestação também usarraltegravir O tratamento é complexo, necessita de acompanhamento médico para avaliar as adaptações do organismo ao tratamento, seus efeitos colaterais e as possíveis dificuldades em seguir corretamente as recomendações médicas, ou seja, aderir ao tratamento. A adesão é maximizada quando os esquemas são acessíveis e toleráveis e quando se utilizam doses únicas por dia (preferível) ou 2 vezes/dia. Comprimidos contendo combinações fixas de >2 fármacos são amplamente utilizados para simplificas os esquemas e melhorar a adesão. Define-se falha terapêutica em pacientes fazendo uso de terapia antirretroviral, analisando-se três parâmetros: Clínico - surgimento de sintomas relacionados com aids ou manifestações oportunistas; Imunológico - queda >25% da contagem de linfócitos T CD4+; Virológico - elevação da carga viral. Ao se optar pela troca de tratamento, cabe ao médico e ao paciente a preferência por uma combinação de drogas para resgate. A escolha dos medicamentos deve ser realizada baseada na circunstância em que ocorreu a falha do tratamento inicial. A prevenção ao HIV no Brasil se dá a partir de um conjunto de ferramentas, sendo elas: Testagem para o HIV; Profilaxia Pós- Exposição ao HIV (PEP); Uso regular de preservativos; Diagnóstico oportuno e tratamento adequado de infecções sexualmente transmissíveis (IST); Redução de danos; Gerenciamento de vulnerabilidade; Supressão da replicação viral pelo tratamento antirretroviral; Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). PrEP x PEP PREVENÇÃO A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) consiste no uso de antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. O esquema recomendado para uso na PrEP é a combinação dos antirretrovirais Fumarato de Tenofovir Desoproxila (TDF) e Entricitabina (FTC), cuja eficácia e segurança foram demonstradas, com poucos eventos adversos associados a seu uso. A efetividade dessa estratégia está diretamente relacionada ao grau de adesão à profilaxia., sendo o uso diário e regular da medicação fundamental para a proteção contra o HIV. Deve-se enfatizar que PrEP não previne as demais IST ou hepatites virais, sendo necessário, portanto, orientar a pessoa sobre o uso de preservativos. Também é muito importante realizar sorologia anti- -HIV e outras ISTs antes da introdução da PrEP e oferecer imunização para hepatites virais (A e B) e HPV. Além disso, a cada três meses os indivíduos em uso dessa estratégia devem ser monitorizados com sorologias para as ISTs, especialmente para sífilis e hepatites virais. Vale ressaltar que a função renal necessita ser regularmente avaliada, pela dosagem de creatinina sérica e urinária para o cálculo do ClCr, devido à possibilidade de dano renal associado ao TDF. Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma forma de prevenir a multiplicação do vírus HIV e desenvolvimento da AIDS após um comportamento de risco, como relação sexual sem camisinha (preservativos), além de também ser indicado nos casos de violência sexual e acidentes com materiais perfurocortantes, em alguns casos. A PEP consiste na combinação de três medicamentos antirretrovirais, sendo eles: Tenofovir (TDF), Lamivudina (3TC) e Dolutegravir (DTG), que devem ser usados em conjunto por 28 dias de acordo com a orientação do médico. É importante que o tratamento seja feito até o fim, pois caso tenha havido de fato exposição do HIV, é possível garantir a neutralização de todas as partículas virais e, assim, evitar o desenvolvimento da doença. O uso da PEP é indicado apenas em situações específicas, não devendo ser usado como rotina, isso porque ainda não se conhecem os efeitos relacionados com o uso contínuo da combinação desses medicamentos em pessoas negativas para o HIV. Adultos e adolescentes vivendo com HIV podem receber todas as vacinas do calendário nacional, desde que não apresentem deficiência imunológica importante. À medida que aumenta a imunodepressão, eleva-se também o risco relacionado à administração de vacinas de agentes vivos, bem como se reduz a possibilidade de resposta imunológica consistente. Princípios gerais para vacinação em pacientes HIV +: Preferir vacinar quando a contagem de células TCD4 estiver acima de 200; Cuidado com vacinas de vírus vivo atenuado; Prestar atenção que para algumas doenças o esquema de vacinação contempla mais doses. A Tuberculose (TB) é a principal causa de óbito por doença infecciosa em HIV+, e por isso deve ser pesquisada em todas as consultas. A pesquisa deve iniciar-se com o questionamento sobre a presença dos seguintes sintomas: tosse, febre, emagrecimento e/ou sudorese noturna. A presença de qualquer um desses sintomas pode indicar TB ativa e requer investigação. A PT (prova tuberculínica) é importante para o diagnóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB) e constitui um marcador de risco para o desenvolvimento de TB ativa, devendo ser realizada em todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), mesmo que assintomáticas para TB. Caso a PT seja inferior a 5 mm, recomenda-se sua repetição anual e após a reconstituição imunológica com o uso da TARV. Para indicar o tratamento da infecção latente, deve-se excluir TB ativa utilizando critérios clínicos, exame de escarro e radiografia de tórax. O tratamento da infecção latente com isoniazida (INH) é recomendado para todas as PVHIV com PT maior ou igual a 5mm, desde que excluída TB ativa. O tratamento da ILTB com isoniazida reduz significativamente o risco de desenvolvimento de TB em PVHIV com PT reagente nos anos seguintes, constituindo, portanto, estratégia importante e duradoura de proteção contra a TB. ESQUEMA VACINAL HIV / TUBERCULOSE: PPD
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