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Thais Alves Fagundes AIDS - SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA INTRODUÇÃO • Tipo de imunossupressão que leva à inversão na relação de linfócitos CD4 e CD8. • Infecção do HIV pode ser dividida nos seguintes estágios: o 1. transmissão viral o 2. infecção primária, aids aguda ou síndrome aguda da soroconversão o 3. Soroconversão o 4. período de latência clínica com ou sem linfadenopatia persistente generalizada o 5. infecção sintomática inicial pelo HIV, anteriormente conhecida como complexo relacionado à aids o 6. aids propriamente dita. ▪ Definida pelos critérios do CDC (Centers for Diseases Control). ▪ Contagem de linfócitos abaixo de 200 células/mm3 ETIOLOGIA Vírus da imunodeficiência humana (HIV): • Aids é causada pelo vírus da imunodeficiência humana o Vírus de RNA. o Retrovírus o Dois tipos biológicos, HIV-1 e HIV-2. o Vírus dessa família se caracterizam por: ▪ Apresentarem curso crônico da doença. ▪ Longo período de latência clínica. ▪ Replicação viral persistente. ▪ Envolvimento do sistema nervoso central. o Ambos replicam nas células T CD4. o Vírus politrópico, isto é, pode infectar quase todas as células do organismo. FISIOPATOLOGIA HIV penetra no organismo do hospedeiro: • Penetração ocorre através da mucosa genital (relação sexual). • Glicoproteína (GP-120) liga-se às células dendríticas. • Através dos receptores CD4 presentes no epitélio cervicovaginal, nas amígdalas e adenoide (sexo oral). • Molécula CD4 (glicoproteína): o Detectada na superfície de linfócitos T, precursores de células T na medula óssea e timo; monócitos, macrófagos, eosinófilos; células dendríticas, células da micróglia do sistema nervoso central. • Ligação da GP-120 ao CD4: o Crucial para a entrada do vírus na célula. o Interfere com as vias dos sinais de transdução intracelular. o Promove apoptose nas células CD4. • Molécula CD4 é um receptor primário e necessário para o HIV-1 e o HIV-2. • OBS.: existência de correceptores necessários para a entrada do vírus CXCR4 e CCR5. Thais Alves Fagundes Alterações causadas pelo HIV nas células efetoras da imunidade: • Promove modificações na membrana celular. • Formação de sincícios e apoptose e necrose por ação direta das proteínas virais ou por efeito de citocinas. • Macrófagos: o Vírus se multiplicam tão bem como nos linfócitos T CD4. o Servem de reservatório, com produção viral contínua. o Nas fases tardias da doença, cepas citopáticas do HIV podem destruí-los por necrose. o Macrófagos infectados: ▪ Perdem parte de suas funções fagocíticas. ▪ Aumentam a produção de citocinas pró e anti-inflamatórias. ▪ Perdem a quimiotaxia e os mecanismos de lise dos parasitos intracelulares. • Monócitos diminuem a capacidade de migração a determinados estímulos. • Células NK perdem parte da sua citotoxicidade direta e dependente de anticorpos. Replicação viral: • HIV entra nas células T. • No citoplasma ocorre a conversão do RNA viral em DNA viral, mediada pela enzima viral transcriptase reversa. • DNA viral transportado do citoplasma para o núcleo da célula. • DNA viral - no núcleo -, é integrado pela integrasse ao genoma / DNA da célula do hospedeiro. • DNA viral - no genoma -, ocorre: o Ativação da replicação viral. o Síntese de proteínas para geração de novas partículas virais, pela ação de proteases. • Novo HIV-1 RNA é formado. Período de incubação: tempo entre a infecção pelo HIV e os sinais e sintomas da fase aguda é de 1 a 3 semanas. Disseminação viral: • Células infectadas com o HIV se fundem com linfócitos CD4 e disseminam o vírus pelo organismo. o Detectado nos linfonodos regionais dentro de 2 dias da exposição. o Detectado no plasma surgem em mais 3 dias da exposição. ▪ Outros órgãos são também infectados pelo HIV, como cérebro, baço e demais linfonodos. Manifestações clínicas (síndrome da infecção aguda pelo HIV): • Organismo ainda não desenvolveu qualquer resposta imune. • Medida quantitativa do RNA viral circulante (carga viral) revela níveis significativamente elevados. • Podem ocorrer manifestações clínicas de uma infecção aguda viral. o Sintomas semelhantes aos de outras doenças virais frequentes, dificilmente são identificados. o Sintomas semelhantes às da mononucleose infecciosa, mais facilmente reconhecida. Resposta inata: • Infecção pelo HIV estimula inicialmente a resposta inata. • Células reconhecem o patógeno e respondem de maneira imediata com a produção de citocinas. • Citocinas atingem o agente infeccioso e ativam a resposta imune adaptativa (células NK e linfócitos T). • Macrófagos e as células dendríticas fazem a ponte entre os dois sistemas. Thais Alves Fagundes Resposta imune adaptativa / Soroconversão: • Anticorpos específicos contra o HIV são sintetizados 1 ou 2 semanas após a infecção. o Mediada pela atividade citotóxica dos linfócitos CD8. o Níveis plasmáticos do RNA viral (carga viral) caem para níveis mais baixos. • Apesar de presentes, os anticorpos neutralizantes são produzidos em níveis insuficientes. Manifestações clínicas: • Sintomas da fase da síndrome retroviral aguda desaparecem. • Quanto menor for a carga viral após essa fase: o Mais tempo o indivíduo permanecerá com contagem de linfócitos CD4 elevada. o Mais tempo o indivíduo levará para desenvolver aids nas formas avançadas. ▪ O contrário irá ocorrer nos pacientes que estabilizam sua carga viral em níveis elevados. Latência clínica • Após a fase aguda, ocorre o estado de latência clínica, ficando assintomático por 5 a 10 anos em média. • Período de latência clínica, com replicação viral (não é latência virológica). • Em decorrência da atividade citotóxica dos linfócitos CD8. • Depleção das células T CD4+ começa a comprometer a resposta imunológica e a replicação viral aumenta. Fases avançadas da doença: • Evoluir da replicação viral. • Sinais clínicos da imunodeficiência causada pela ação do vírus, em especial nos linfócitos CD4. Velocidade de desenvolvimento da aids: depende do nível da carga viral e o estado imunitário, que pode ser mensurado pela contagem dos linfócitos CD4. OBS.1: desde o momento da aquisição da infecção, o portador do HIV é transmissor. OBS.2: • Desregulação das células T: o Proliferação de células B. o Com ativação policlonal e hipergamaglobulinemia induzida por proteínas virais e citocinas. o Entre as imunoglobulinas liberadas por células B estão os autoanticorpos. o Estando o HIV associado a várias alterações autoimunes. Thais Alves Fagundes EPIDEMIOLOGIA • Desde o primeiro caso em 1981 até 2010, a infecção pelo HIV e aids atingiu aproximadamente 34 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo adultos e crianças (OMS). • Brasil: o De 1980 a junho de 2011, o Ministério da Saúde identificou 608.230 pessoas infectadas. o Somente em 2010 foram notificados 34.212 novos casos. o Programa de distribuição gratuita de medicamentos antirretrovirais pelo MS é mundialmente reconhecido e considerado responsável, em boa parte, pela diminuição de casos novos no país. o Taxa de prevalência da infecção pelo HIV maior que 5% em subgrupos populacionais sob maior risco para infecção pelo HIV (usuários de drogas ilícitas, gays e outros HSH e profissionais do sexo). o Taxa de prevalência da infecção pelo HIV, no país, na população de 15 a 49 anos, mantém-se estável em aproximadamente 0,6% desde 2004, sendo 0,4% entre as mulheres e 0,8% entre os homens. FORMAS DE TRANSMISSÃO • Relação sexual desprotegidas (heterossexual ou homossexual). • Sangue. • Aleitamento materno. • Vertical, da mãe infectada para o feto durante a gestação ou durante o trabalho de parto. o Recepção de órgãos ou sêmen de doadores não testados. o Reutilização e compartilhamento de seringas e agulhas. o Acidente ocupacional - instrumentos perfurocortantes contaminados com sangue ou secreções.SUSCETIBILIDADE • Gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH). • Mulheres profissionais do sexo. • Usuários de drogas. FORMAS DE PREVENÇÃO • Uso de camisinha nas relações sexuais. • Prevenção da transmissão vertical com AZT e outros antirretrovirais na gestação e no parto. • Evitar que mães HIV positivas amamentem seus filhos. • Não usar sangue e hemoderivados testados e positivos para o HIV. FATORES DE RISCO PARA A EVOLUÇÃO DA AIDS • Síndrome retroviral aguda sintomática com mais de 2 semanas de duração. • Infecções transfusionais têm o pior prognóstico. • Idade parece ser determinante para a evolução das pessoas mais idosas. • Fatores genéticos. • Desnutrição. • Coinfecções com vírus das hepatites B e C e outras infecções virais sistêmicas. Thais Alves Fagundes MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA INFECÇÃO AGUDA (síndrome retroviral aguda) Síndrome retroviral aguda: • Dependendo do volume da infecção, do subtipo do vírus e da competência imunológica do hospedeiro, o paciente poderá ou não apresentar manifestações clínicas. • Síndrome retroviral aguda precede a elevação dos anticorpos, sugerindo que os sinais e sintomas são mediados por células e produção de citocinas pró-inflamatórias. • Gravidade dos primeiros sintomas está associada a mau prognóstico de progressão para a aids, assim como as manifestações neurológicas e o baixo nível de T CD4. • Evolução autolimitada, o paciente se recupera e permanece assintomático. Fase aguda assintomática: 40% Fase aguda sintomática: período de 1 a 4 semanas. • Síndrome febril inespecífica: o Febre elevada ou moderada o Cefaleia o Dor retro-orbitária o Sudorese noturna o Mialgia e artralgia o Odinofagia • Sintomatologia mais intensa (resposta inflamatória com grande produção de citocinas): o Vômitos e diarreia o Hepatite subclínica o Gengivites o Candidíase oral o Ulcerações de boca, esôfago, anus e vagina o Adenomegalia nas cadeias cervicais e axilares. o Exantema macular não pruriginoso, de início em face e tronco e, depois, nos membros. • Manifestações clínicas ainda mais graves: o Pneumonite o Meningoencefalite viral o Pneumocistose Exames de laboratório: • Intensa replicação viral (mais de 1.000.000 de vírus/mL de sangue). • Intensa depleção de células T CD4+. • Aumento de células T CD8. Diagnóstico diferencial: mononucleose por vírus Epstein-Barr (monoteste negativo), citomegalovírus e toxoplasma, sífilis secundária, dengue, infecção gonocócica disseminada, tuberculose ganglionar e leucemias e linfomas. Thais Alves Fagundes INFECÇÃO CRÔNICA ASSINTOMÁTICA (latência clínica) • Fase de latência clínica. • Replicação viral lenta e persistente, eliminando células T CD4+ por citotoxicidade direta ou apoptose indireta. • Sinais e sintomas: o Linfadenopatia generalizada persistente: ▪ Replicação viral ocorre nos linfonodos, que passam a ser o maior reservatório do HIV. ▪ Modificação da função imunológica dos linfonodos, por destruição da sua arquitetura e dos centros germinativos. o Longos períodos de febre, de 38ºC a 39ºC, intermitente ou contínua o Emagrecimento o Fadiga o Sudorese noturna o Diarreia Diagnóstico diferencial: sarcoidose, linfomas, tuberculose ganglionar, sífilis secundária, toxoplasmose. SÍNDROME PRÉ-AIDS • Primeiros sinais de baixa imunidade são doenças menos graves: o Candidíase oral de repetição o Herpes zoster em pacientes com menos de 60 anos o Gengivite e úlceras recorrentes na boca o Infecção respiratória alta de repetição o Candidíase vulvovaginal persistente ou resistente • Sintomas mais graves se sucedem: o Febre intermitente com ou sem calafrios, de 38ºC a 39ºC por mais de 30 dias o Emagrecimento progressivo de até 10% do peso corporal o Ansiedade, depressão, astenia, anorexia o Diarreias prolongadas, sem pus ou sangue e sem tenesmo o Anemia, plaquetopenia e neutropenia inexplicáveis. Diagnóstico diferencial: síndromes consumptivas, anemias graves, diabetes descompensados, gastrenterites crônicas. AIDS Portador de aids: • Dois testes de triagem para detecção de anticorpos anti-HIV e um teste confirmatório reagentes. • Contagem de T CD4 no sangue abaixo de 350/mm3. • Apresente doença definidora de aids com qualquer nível de T CD4. Existem três tipos de progressão em infectados não tratados: • Progressores rápidos: o Evoluem para aids em menos de 3 a 5 anos, às vezes meses (4-10%). • Progressores médios: o Evoluem para a aids no tempo médio de 8 a 11 anos (55% a 80%). • Não progressores lentos (LTNP): o Permanecem na fase latente por mais de 10 anos, controlando a multiplicação viral (10% a 15%). o Controladores de elite: ▪ Viremia persistentemente baixa, menos de 50 cópias/mL (1%). Thais Alves Fagundes Critérios para a definição de caso de aids em indivíduos com 13 anos ou mais (Ministério da Saúde): Infecções oportunistas: • Causadas, geralmente, por agentes etiológicos de baixa patogenicidade, sendo dificilmente erradicadas. • Aproveitam a imunodeficiência para promover infecções disseminadas. • Requerem o uso de medicações profiláticas até o restabelecimento da imunidade. • Órgãos mais atingidos: sistema nervoso central, trato gastrintestinal e pulmões. o Leucoplasia pilosa: lesão específica da mucosa oral. o Candidíase: comuns nas mucosas na fase pré-aids (orofaringe). o Tuberculose: HIV facilita a infecção primária e a reativação da infecção latente. o Leucoencefalopatia multifocal progressiva: doença desmielinizante. o Pneumocistose o Toxoplasmose: entre as infecções oportunistas do SNC, toxoplasmose cerebral é a mais frequente. Thais Alves Fagundes Síndrome consumptiva: indicador de progressão para aids, que consiste na perda inexplicável de mais de 10% do peso corpóreo, acompanhada de febre e diarreia, não atribuíveis a outras condições associadas à aids, como as infecções oportunistas. Trata-se de estado complexo multifatorial, resultante de anorexia, vômitos, aumento de metabolismo, interação de citocinas, má absorção dos nutrientes devido à inflamação do intestino e distúrbios psicológicos. Alterações dermatológicas na infecção por HIV: presentes em todas as fases. Três tipos de alterações mais frequentes: infecções causadas por bactérias, vírus, fungos e parasitas, infecções tumorais e infecções iatrogênicas. Outras lesões por recrudescimento de doenças prévias à medida que a imunidade baixa (psoríase, dermatite seborreica, escabiose). Alterações do sistema nervoso: ocorrem na fase aguda e predominam nas fases tardias. Citocinas liberadas por macrófagos infectados alteram a permeabilidade vascular e são nocivas para neurônios. Discretas alterações de comportamento, graves plegias, incoordenações motoras e demência. Sistema nervoso autônomo: sudorese noturna, hipotensão postural, impotência sexual, paradas cardiorrespiratórias. Distúrbios psiquiátricos: ansiedade, depressão, perda da autoestima, culpa irracional, delirium. Alterações do sistema digestório: enteropatia atinge todas as pessoas infectadas e caracteriza-se por alterações da permeabilidade das células intestinais, pela perda da resposta imunológica (facilita infecções oportunistas). Alterações pulmonares: tuberculose, hipertensão pulmonar, carcinomas broncogênicos, síndrome da reconstituição imunológica. Lesões sistêmicas causadas pelo HIV: • Anemia: diminuição da produção de hemácias e aumento da sua destruição. • Leucopenia: depleção celular. • Plaquetopenia: diminuição da vida média das plaquetas e formação de anticorpos contra as mesmas. • Tromboses venosas profundas. Tumores associados à aids: ocorre devido a alterações causadas por HIV no sistema imunológico. Supressão imunológica impede devida vigilância da replicação celular e aumento das células transformadas.Thais Alves Fagundes EXAMES PARA O DIAGNÓSTICO ETAPA I: Testes de triagem (imunoenzimáticos / sorológicos): • Demonstram a presença de anticorpos contra o HIV em material (sangue, saliva, líquor). • Teste padrão: o Teste imunoenzimático (ELISA). o Teste imunoenzimático de quarta geração. ▪ Detectam antígeno p24 e anticorpo simultaneamente: ▪ Positivando 5 a 10 dias antes de surgir anticorpos anti-HIV, reduzem a janela imunológica. • Resultado reagente: o Presença de anticorpos anti-HIV, indicando a infecção. o Amostras com resultado reagente na etapa I devem ser submetidas à etapa II. • Resultado não reagente: o Não há infecção pelo HIV. o Resultado falso-negativo: ▪ Realização do exame durante a “janela imunológica” (14 a 21 dias). ▪ Fase de imunodeficiência celular e humoral muito grave. • Resultado “indeterminado”: o Ocorre quando há reatividade em apenas um dos métodos. o Exame deverá ser repetido após 30 dias. o Reação cruzada com anticorpos inespecíficos (gestação, doenças autoimunes, neoplasias). Etapa II Testes confirmatórios (sorológicos): • Testes: Imunofluorescência indireta (IFI); Imunoblot (IB); Western blot (WB). o Detecta a presença de anticorpos contra diferentes proteínas (antígenos) do HIV. o Proteínas podem ser: ▪ Do core, que é a porção central do vírus (p17, p24, p55). ▪ Da polimerase (p31, p51, p66). ▪ Do envelope (gp41, gp120, gp160). o Resultado expresso em “bandas”. • Resultado negativo: ausência de bandas. • Resultado positivo: pelo menos duas das três principais proteínas virais (p24, gp41 e gp120/160). • Resultado indeterminado: qualquer padrão de bandas que não corresponda aos critérios para positividade. Resultados reagentes nas etapas I e II: liberar o laudo como “amostra reagente para HIV”. Solicitar a coleta de uma segunda amostra para a comprovação do resultado da primeira. Thais Alves Fagundes DETECÇÃO DE ANTÍGENOS DO HIV Testes de biologia molecular: • Infecção pelo HIV diagnosticada por meio da detecção do: antígeno viral p24; DNA viral por PCR; RNA do HIV. • Não substituem a sorologia como método diagnóstico. • Indicados em situações específicas: o Avaliação de pacientes com resultados de sorologias contraditórios ou indeterminados. o Pacientes com agamaglobulinemia. o Infecção retroviral aguda. o Infecção neonatal. ▪ Anticorpos anti-HIV em crianças com menos de 18 meses de idade não caracteriza infecção. ▪ Podendo ser atribuída à transferência de anticorpos maternos pela placenta. ▪ Realização de teste molecular (antígeno) para o diagnóstico da infecção pelo HIV. o Período de janela imunológica após a exposição ao vírus. OUTROS TESTES Teste rápido: • Resultado (Anti-HIV): o Reagente: resultado deve ser confirmado pela sorologia padrão. o Não reagente: não há necessidade de realização de teste adicional. ▪ Teste deverá ser repetido após 30 dias, se houver suspeita de infecção pelo HIV. • Indicado nas seguintes situações: o Para a fonte de exposição nos casos de acidentes com material biológico. o Gestantes, parturientes e puérperas que não tenham sido testadas no pré-natal. o Gestantes cuja idade gestacional não garante o recebimento do resultado do teste antes do parto. o Parceiros de pessoas com HIV. o Regiões sem infraestrutura laboratorial ou de difícil acesso. o Centros de testagem e aconselhamento. o Em casos de abortamento espontâneo. o Pessoas com doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose, hepatites virais, com manifestações clínicas relacionadas à infecção pelo HIV, especialmente nos casos clinicamente graves. Teste da saliva: • Coletar saliva e concentrar imunoglobulina IgG para a realização de teste EIA. Dispositivo semelhante a cotonete é colocado entre a parte inferior da bochecha e a gengiva por 2 minutos e enviado ao laboratório. INDICAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DA SOROLOGIA PARA O HIV • Avaliação de achados sugestivos de imunodeficiência. • Presença de doença sexualmente transmissível (DST). • Pessoas de alto risco: usuários de drogas injetáveis, relação sexual sem uso regular de preservativo, receptores de sangue ou derivados antes de 1985, parceiros sexuais de pessoas de risco ou com infecção pelo HIV. • Pessoas que se consideram de risco ou que pedem para fazer o exame. • Gestante, parturiente ou puérpera. • Crianças expostas ao HIV (filhos de mães HIV positivas ou amamentados por mulheres infectadas pelo HIV). • Tuberculose ativa. • Acidente com material biológico – tanto o profissional quanto a fonte do acidente devem ser testados. • Doadores de sangue, sêmen, órgãos: essa é a única categoria na qual a testagem é compulsória. Thais Alves Fagundes EXAMES PARA A AVALIAÇÃO E O ACOMPANHAMENTO Contagem de linfócitos CD4+: Contagem de linfócitos CD4+: • Valores normais: 800 a 1.000 células/mm³ • Aids: inferior a 200 células/mm³, mesmo em pacientes assintomáticos. Avaliação do percentual de células CD4+: • Correspondência entre esse percentual e o valor absoluto de CD4+. o Percentual de CD4+ inferior a 14% correlaciona-se com CD4+ inferior a 200 células/mm³. o Percentual de CD4+ acima de 29% correlaciona-se com CD4+ superior a 500 células/mm³. Indicações para contagem de linfócitos CD4+: • Estadiamento e prognóstico da doença. • Decisões quanto ao início do tratamento antirretroviral (TARV). • Monitoração do tratamento. • Definir instituição ou suspensão de profilaxias para infecções oportunistas. Frequência de realização da contagem de linfócitos CD4+: • Pacientes que não estão em uso de TARV: exame a cada 3 a 6 meses. • Pacientes em uso de antirretrovirais: exame a cada 4 meses. Quantificação do RNA do HIV plasmático (carga viral do HIV): Exame: • Concentração do HIV no plasma (linfócitos infectados), expresso em número de cópias/mL. o Reação em cadeia da polimerase (PCR Amplicor): detecta entre 50 e 75.000 cópias/mL. o Branched chain DNA (bDNA): detecta entre 50 a 500.00 cópias/ mL. o Amplificação baseada em sequência de ácidos nucleicos (NASBA): detecta entre 80 e 500.00 cópias/mL o PCR em tempo real (RT-PCR Abbott): detecta entre 40 e 107 cópias/mL. Indicações para realização da carga viral: • Avaliar o prognóstico da infecção: o Infecção aguda: > 500.000 cópias/mL (intensa multiplicação viral). o Latência: queda da carga viral, que se mantém relativamente estável ao longo do tempo. • Monitorar a resposta ao tratamento: o Uso de TARV cursa com queda significativa da carga viral. o Efeito antiviral máximo é atingido após 4 a 6 meses de tratamento. o Objetivo do tratamento é atingir carga viral indetectável. • Avaliar o risco de transmissão vertical e definir o tipo de parto: o Forte correlação entre o nível de carga viral da gestante e o risco de transmissão do HIV para o bebê. o Realizados na avaliação inicial da gestante e repetido na 34ª semana de gestação. o Indicada a cesariana eletiva se a carga viral estiver acima de 1.000 cópias/mL. • Utilizado antes da soroconversão (janela imunológia), enquanto a sorologia está negativa ou inconclusiva. Frequência de realização da carga viral: 4 a 6 meses. Thais Alves Fagundes EXAMES INESPECÍFICOS PARA A AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO Hemograma: • Realizados na avaliação inicial. Repetido a cada 3 a 6 meses ou mais se houver intercorrências clínicas. o Comum a ocorrência de anemia, leucopenia e plaquetopenia, mesmo em paciente assintomático. o Pode ocorrer uma ou mais alterações em pacientes infectados indicando progressão da infecção. o Linfometria total é útil quando não se dispõe da contagem de linfócitos CD4+ ▪ Linfócitos < 1.000 linfócitos/mm³ → contagem de CD4+ < 200 células/mm³. o Pode ser a primeira alteração detectada, iniciando a investigação que resulta no diagnóstico de HIV. o Monitora a ocorrência de efeitos colaterais das medicações. Bioquímica do sangue: • Identificar doenças comenvolvimento multissistêmico e efeitos de medicamentos potencialmente tóxicos. • Exames: TGO, FA, gama-GT, bilirrubina, ureia, creatinina, glicemia, TG, CT e frações, desidrogenase lática. Sorologias para sífilis, toxoplasmose, hepatites virais: • Realizados na avaliação inicial do paciente. • Sífilis (VDRL): repetido anualmente. o Considerar falso-positivos (infecção pelo HIV, uso de drogas injetáveis e gestação). • Sorologia para toxoplasmose: o Identifica os suscetíveis (IgG e IgM negativos), que devem receber profilaxia primária. • Sorologia para hepatite A: o Identifica os suscetíveis (IgM e IgG negativos), que devem ser vacinados. • Sorologia para hepatite B: o Identifica os portadores crônicos. o Identifica os suscetíveis (todos os marcadores negativos), que devem ser vacinados. ▪ Anti-HBs confirma resposta antigênica 1 a 2 meses após a terceira dose da vacina. • Sorologia para hepatite C: o Identifica os portadores. o Considerar falso-negativos (imunodepressão grave, CD4+ < 100 células/mm³). Radiografia de tórax: • Realizada na avaliação inicial para determinar o padrão basal e para detecção de tuberculose assintomática. PPD: • Realizada na avaliação inicial, avalia quimioprofilaxia para tuberculose. Repetido anualmente, se for negativo. • Quimioprofilaxia para tuberculose indicada no PPD reator, descartada tuberculose em atividade por exames. Exame de urina: • Realizado na avaliação inicial, para detectar alterações renais. • Deverá ser repetido para monitoração de efeitos colaterais de medicamentos utilizados na infecção pelo HIV. Exame parasitológico de fezes: • Realizado na avaliação inicial, para identificar parasitoses, que devem ser tratadas. • Deverá ser repetido de acordo com as alterações clínicas (ex. ocorrência de diarreia). Exame ginecológico com colpocitologia pelo papanicolaou: realizado na avaliação inicial da paciente. Deverá ser repetido após 6 meses e, a seguir, anualmente. Thais Alves Fagundes TRATAMENTO TERAPIA ANTIRRETROVIRAL Início da terapia antirretroviral: • Início da terapia antirretroviral nunca é uma emergência. o Não iniciar antes que se complete a avaliação clínica e laboratorial. o Não iniciar antes que se obtenha completa compreensão do mesmo sobre os objetivos do tratamento, a necessidade da medicação e do rigoroso cumprimento de doses e horários. o Exceção relativa a estas considerações é a gravidez. Escolha do esquema antirretroviral: • Existência de coinfecções (hepatites B e C, tuberculose). • Estado imunológico (nível de linfócitos CD4+). • Nível de replicação viral. • Doença cardiovascular estabelecida, ou com alta probabilidade de ocorrência. • Dislipidemias ou distúrbios do metabolismo de glicídios. • Uso concomitante de diversas medicações (rifampicina). • Comorbidades (hepatopatias, nefropatias, osteopatias, endocrinopatias, doenças neuropsiquiátricas). • Gestação ou risco gestacional. • Número de doses, frequência de tomadas, necessidade de jejum ou alimentação concomitante. Avaliar a terapia: • Melhora da condição clínica do paciente (caso sintomático). • Recuperação na contagem de linfócitos CD4+. • Correção de parâmetros hematológicos porventura alterados. • Indetecção da carga viral plasmática. Critérios de falha terapêutica: • Não ocorre a queda da carga viral abaixo do limite de detecção após 6 meses de tratamento. • Detecção confirmada da carga viral é indicativa de falha virológica. • Confirmação de resultado inesperado, em nova coleta de sangue, após 4 semanas da primeira. • Elevação da carga viral transitória discreta (< 1.000 cópias/mL – blips) pode ocorrer e não caracteriza falha. Conduta: • Não deve obrigar necessariamente a uma mudança na TARV. • Resposta incompleta (não obtenção da indetectabilidade) ou falha podem estar associadas a: o Aspectos da baixa potência de determinados esquemas. o Introdução inadvertida de uma medicação que interfira negativamente naqueles parâmetros (rifampicina, cetoconazol, inibidores da bomba de prótons). o Dificuldades em cumprir as recomendações de jejum, ou de alimentação concomitante às tomadas. o Possibilidade de resistência primária da cepa viral aos medicamentos empregados. Thais Alves Fagundes DROGAS ANTIRRETROVIRAIS Drogas antirretrovirais distribuem-se por cinco grupos: • Inibidores da transcriptase reversa o Impedem a transcrição do RNA viral presente no citoplasma para o DNA celular. o Análogos de nucleosídeos (INTR): ▪ Inibição competitiva do sítio enzimático de ligação aos nucleosídeos. ▪ Principalmente da transcriptase reversa. o Não análogos de nucleosídeos (INNTR): ▪ Ligam-se de modo reversível à transcriptase reversa. ▪ Em local diferente ao de ligação do nucleosídio, alterando a conformação espacial. • Inibidores da protease (IP): o Inibem a atividade da protease. o Evitando a formação de novo vírus. • Inibidores da fusão (IF): o Impedem a fusão da membrana viral com a membrana celular. o Evitando que o vírus entre na célula do hospedeiro. • Inibidores da transferência de cadeira pela integrasse (ICNIn): o Impedem que o DNA viral seja incorporado ao núcleo da célula e integrado ao genoma do hospedeiro. Terapia inicial: • Combinações de três drogas. • Esquema preferencial: o Dois INTR + INNTR ▪ Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Efavirenz (EFV) • Esquema alternativo: o Dois INTR + IP Thais Alves Fagundes PROFILAXIA Quimioprofilaxia para o HIV: • Indicação da profilaxia pós-exposição requer avaliação do risco e inclui: o Tipo de material biológico envolvido o Gravidade da exposição o Tipo da exposição o Identificação ou não do paciente-fonte e do status sorológico (anti-HIV) o Condições clínicas e imunológicas do paciente-fonte • Profilaxia pós-exposição: o Iniciada o mais rápido possível, idealmente nas 2 horas após a exposição, no máximo, até 72 horas. o Duração do tratamento é de 28 dias. • Esquemas preferenciais: o Esquemas com 2 fármacos (esquema básico) ou 3 fármacos (esquema expandido) antirretrovirais. o Esquema básico ▪ Preferencial: • Zidovudina (AZT) 300 mg + lamivudina (3TC) 150 mg, de 12/12 h. ▪ Esquema alternativo: • Tenofovir (TDF) 300 mg + lamivudina (3TC) 150 mg, de 12/12 h. o Esquema expandido: ▪ Situações de alto risco de transmissão do HIV. ▪ Possibilidade de transmissão de vírus resistentes. ▪ Esquema preferencial: • Zidovudina (AZT) + lamivudina (3TC) + Lopinavir/r (400 mg + 100 mg), de 12/12 h. ▪ Esquemas opcionais: • Tenofovir (TDF) + lamivudina (3TC) + Lopinavir/r. • Estavudina (D4T) + lamivudina (3TC) + Lopinavir/r. Thais Alves Fagundes Prevenção da transmissão sexual: • Intervenções clássicas: o Possuem evidência científica. o Relacionadas a métodos de barreira física ao vírus (preservativos masculino e feminino). • Incentivar mudanças de comportamento que contribuam para a redução do risco do HIV. • Intervenções biomédicas disponibilizadas no Brasil: o Distribuição de preservativos e gel lubrificante. o Oferta de testagem voluntária. o Prevenção e manejo das ISTs, coinfecções e comorbidades. o Profilaxia pós exposição (PeP). o Profilaxia pré exposição (PreP). o Tratamento para todos. • Quimioprofilaxia antirretroviral pós-exposição ao HIV. Prevenção da transmissão materno-infantil do HIV: Exame sorológico da gestante: • Teste sorológico deve ser oferecido a todas as gestantes, preferencialmente no início da gestação. • Teste voluntário de caráter confidencial. Registrado no prontuário se paciente realizou ou não o teste. • Aconselhamento pré-teste: o Significado do exame, o que significa ser portadora do vírus, consequências para o bebê. o Vantagens das intervenções que podem diminuir a transmissão do vírus para o bebê. • Aconselhamento pós-teste: o Negativo: ▪ Exame deve ser repetido nas futurasgestações, resultado não significa imunidade. ▪ Reforçar a importância das medidas preventivas. o Positivo: ▪ Coletar segunda amostra de sangue para confirmar o exame. ▪ Encaminhar para acompanhamento e avaliação da função imune e a necessidade de TARV. ▪ Informar sobre o dever de testar o parceiro. ▪ Informar sobre a importância de não amamentar. Conduta diante da gestante HIV-positivo: • Identificada a gestante portadora do HIV: o Avaliação clínica e laboratorial, com quantificação de linfócitos CD4+ e da carga viral. o Início da terapia antirretroviral para todas as gestantes infectadas pelo HIV. o Manutenção da terapia antirretroviral após o parto, independente do nível de linfócitos CD4+ no início do tratamento. • Terapia antirretroviral: o Objetiva menor carga viral possível, indetectável ou < 1.000 cópias/mL no momento do parto. ▪ Risco de transmissão vertical do HIV é durante o 3º trimestre e o momento do parto. ▪ Quanto menor a carga viral materna, menor a possibilidade de transmissão. o Esquema antirretroviral: ▪ Dois inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) + ▪ Um inibidor da protease (IP) ou da transcriptase reversa não nucleosídeo (ITRNN). ▪ ITRN de escolha: asociação zidovudina + lamivudina (AZT + 3TC). ▪ IP de escolha: lopinavir (LPVr). ▪ ITRNN de escolha: nevirapina (NVP) – potencial teratogênico do efavirenz (EFZ). Thais Alves Fagundes Gestante em trabalho de parto: • Toda grávida infectada pelo HIV deve receber AZT desde o início do trabalho de parto até o nascimento do bebê e o clampeamento do cordão umbilical, de preferência por via intravenosa. • Se não houver disponibilidade do AZT venoso, ou na impossibilidade de administração por essa via, AZT deve ser administrado por via oral. Gestante que não foi testada durante a gravidez ou que não recebeu antirretroviral profilático: • Gestante que não foi testada ou que não recebeu o resultado do exame deve ser submetida ao teste rápido. • Teste rápido positivo: paciente considerada infectada pelo HIV e deverá receber AZT venoso, infecção p deverá ser posteriormente confirmada pelos métodos habituais. Decisão quanto ao tipo de parto: • Cesariana eletiva: o Realizada antes do início do trabalho de parto e antes que ocorra ruptura da membrana amniótica. o Reduz em muito a transmissão do HIV. o Risco de prematuridade com todas as suas consequências, maior morbidade e mortalidade maternas. • Definição da via de parto baseada na carga viral materna na 34ª semana de gestação: o Carga viral > 1.000 cópias/mL ou com carga viral desconhecida: ▪ Cesariana eletiva, agendada para a 38ª semana de gestação. o Carga viral = ou < 1.000 cópias/mL: ▪ Permitido o parto normal, desde que se sigam as orientações quanto ao manejo do parto. ▪ Evitar trabalho de parto prolongado, exames pélvicos repetidos e procedimentos invasivos. ▪ Cordão umbilical deve ser clampeado imediatamente. ▪ Bebê imediatamente lavado com água e sabão para remoção das secreções maternas. ▪ Orofaringe do bebê deve ser aspirada para retirada das secreções maternas Criança exposta: • Infectado: dois resultados de carga viral detectáveis, ou sorologia reagente após os 18 meses de vida. • Não infectado: dois resultados de carga viral indetectáveis, ou sorologia não reagente aos 18 meses de vida. • Indeterminado: resultados laboratoriais não conclusivos. Prevenção da transmissão sanguínea: • Injeções e instrumentos perfurocortantes: o Agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa com as mãos. o Material perfurocortante deve ser desprezado em recipiente com tampa e resistentes à perfuração. o Recipientes de descarte não devem ser preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade. o Recipientes de descarte devem ser colocados próximos do local onde é realizado o procedimento. • Transfusão de sangue e hemoderivados: o Triagem cuidadosa e testagem dos doadores. o Doador deverá ser triado, afastando aqueles em risco de infecção pelo HIV. o Todo sangue aceito para ser transfundido deverá ser testado para detecção de anticorpos anti-HIV. • Doação de sêmen e órgãos: o Triagem cuidadosa e testagem dos doadores. NOTIFICAÇÃO • Infecção pelo HIV está incluída na lista nacional de doenças de notificação compulsória. • Obrigatória aos médicos e outros profissionais de saúde que atuam na assistência ao paciente.
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