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83 UNIDADE 2 GESTÃO DA LOGÍSTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • compreender a importância da gestão na logística integrada; • conhecer os aspectos que envolvem a gestão da cadeia de suprimentos; • compreender a importância da administração dos estoques na cadeia de suprimentos; • identificar os custos logísticos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de conhecimen- tos na área. TÓPICO 1 – GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS TÓPICO 2 – ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TÓPICO 3 – CUSTOS LOGÍSTICOS 85 TÓPICO 1 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO A gestão da cadeia de suprimentos compreende um conjunto de atividades de grande relevância no processo logístico, pois é a área responsável pelo conjunto de atividades que envolve toda a movimentação dos insumos e produtos, desde o seu ponto de origem, passando pela transformação da matéria-prima em produto acabado até a sua chegada ao consumidor final. O desenvolvimento deste processo forma uma rede na qual empresas, clientes e fornecedores têm o seu papel determinado para que o produto pronto possa chegar ao seu destino final. Considerando este contexto, neste tópico, veremos como toda a movimentação acontece, levando em conta o dinamismo do mercado. 2 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS A gestão em logística se destaca na gerência da cadeia de suprimentos por ser responsável pela movimentação dos produtos na empresa. Toda a movimentação da cadeia logística está diretamente ligada ao sistema produtivo da empresa e sofre influência dos seus fatores internos e externos. Entre os fatores externos está toda a rede de distribuição dos fornecedores da empresa, e entre os fatores internos está a movimentação dos insumos, adquiridos pelos fornecedores para o processo de produção e que devem impactar de forma positiva nos resultados da empresa. Toda esta movimentação faz parte da gestão dos resultados logísticos. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 86 ESTUDOS FU TUROS A gestão dos resultados logísticos é uma área que vamos estudar no Tópico 3 desta unidade. A cadeia de suprimentos é constituída por um conjunto de atividades funcionais, tais como transportes, controle de estoques, entre outros, que se repetem diversas vezes durante o processo pelo qual matérias-primas são transformadas em produtos prontos para serem disponibilizados ao consumidor com valor agregado. Novaes (2001, p. 38) contribui dizendo que “[...] o longo caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores e chegando finalmente ao consumidor através do varejista, constitui a cadeia de suprimentos”. Observe, na figura a seguir, as condições externas da empresa. Há uma rede de fornecedores que se relacionam entre si, isto é, uma empresa A extrai e encaminha a matéria-prima para a empresa B, que beneficia essa mesma matéria- prima. Nessa situação já existe a relação entre duas empresas que também dependem da empresa C para o transporte (é comum o transporte ser terceirizado). Na sequência, a empresa B, que beneficia a matéria-prima, encaminha a sua produção para o seu cliente, a empresa D, que utiliza esse produto no seu processo industrial. Por sua vez, a empresa D utiliza os produtos da empresa B e assim cria novos produtos para vender ao seu cliente, que é a empresa E. Finalizando este ciclo, a empresa E utiliza os produtos da empresa D para produzir mercadorias com destino ao consumidor final. FIGURA 40 – A CADEIA DE SUPRIMENTOS IMEDIATA DA EMPRESA Fornecimento Distribuição Cliente Final Rede Total Rede Imediata Rede Interna FONTE: Slack (1993) TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 87 Imagine que a empresa A produz o polipropileno e o vende para a empresa B, que beneficia esse polipropileno e produz o fio sintético. O transporte destes materais de uma empresa a outra é feito pela transportadora, aqui denominada como empresa C. A empresa B vende o fio sintético para a empresa D, que utiliza este componente como um dos itens para a produção de tela industrial. Quando este produto estiver finalizado, a empresa D vende para a empresa E, que utiliza esta tela industrial para a produção do papel a partir da celulose e, em seguida, fornece o papel pronto para o consumidor final através do atacado. Com a formação de toda esta rede, surge a preocupação de orientar o fluxo de produção para que seja atendida a demanda necessária na cadeia de suprimentos de uma empresa para outra, muitas vezes, relacionando atividades intercaladas com empresas transportadoras. Segundo Christopher (2010, p. 4), A logística é essencialmente a orientação e a estrutura de planejamento que procuram criar um plano único para o fluxo de produtos e de informação ao longo de um negócio. O gerenciamento da cadeia de suprimentos apoia-se nessa estrutura e procura criar vínculos e coordenação entre o processo de outras organizações existentes no canal, isto é, fornecedores e clientes, e a própria organização. A preocupação dos gestores de empresas está relacionada com as boas práticas administrativas, gerenciamento de relações, para atingir os melhores resultados com o menor custo de deslocamento e de fornecimento (estudaremos isto um pouco melhor no Tópico 3 sobre custos logísticos). Segundo Christopher (2010, p. 4), “[...] o foco do gerenciamento da cadeia de suprimentos objetiva, no gerenciamento de relações, atingir um resultado mais lucrativo para todas as partes da cadeia”. A figura a seguir mostra a cadeia de suprimentos entre as empresas fornecedoras da matéria-prima até o cliente consumidor final. De acordo com a figura, podemos observar que antes da empresa focal existe uma teia de relacionamentos em que empresas extratoras da matéria-prima transferem estes produtos in natura para empresas beneficiadoras que utilizam, inclusive, serviços de armazenagem e novos serviços de transporte até chegar a essa empresa focal para, então, transformar as matérias-primas em novos produtos. Após a empresa focal, há uma nova teia de relacionamentos em que estes produtos (da empresa focal) são utilizados para a produção de novos produtos até chegar ao consumidor final. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 88 UNI Lembre-se do que vimos anteriormente entre as empresas A até E. FIGURA 41 – REDE DE SUPRIMENTOS Fornecedores de 3º nível ou de ponto de origem Fornecedores de 2º nível Fo rn ec ed or es n o po nt o de o rig em Fo rn ec ed . d o 3º a o ní ve l " n" C lie nt es d o 3º a o ní ve l " n" C lie nt e Fi na l Empresa Focal Membros da Cadeia de Suprimentos da Empresa Focal Fornecedores de 1º nível Clientes de 1º nível Clientes de 2º nível Clientes de 3º nível ou finais FONTE: Lambert, Cooper e Pagh (1998 apud TALAMINI; PEDROZO; SILVA, 2005, p. 1) Mais um exemplo para esclarecer esta rede de relacionamentos na cadeia de suprimentos pode ser visualizado na figura a seguir, em que as atividades do fluxo dos produtos em trânsito podem eliminar algumas etapas entre elas. FIGURA 42 – ATIVIDADES LOGÍSTICAS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS IMEDIATA DA EMPRESA FONTE: Lara (2008) Fluxo do Merge in Transit Cliente 01 Cliente 02 Cliente 03 Consolidação 2 Consolidação 1Fornecedor 01 Fornecedor 02 Fornecedor 03 TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 89 Observe, na figura, que está sendo eliminado um armazém de estocagem, porque os fornecedores estão encaminhando seus produtos diretamente a seus clientes, que irão transformá-los ou simplesmente transportá-los aos consumidores finais. Esse tipo de atividade é comum de se observar nas operações back to back. Por exemplo: uma empresa multinacional atende um cliente no mercado nacional, mas essa empresa não possui o produto que o cliente deseja em estoque. No entanto, uma de suas empresasfiliais situada em outro país encaminha o produto diretamente do país de onde está para o cliente mencionado, sem passar pelo estoque da empresa matriz no território nacional. Este procedimento elimina uma etapa de estocagem e, portanto, elimina os custos do armazenamento e do transporte que seriam utilizados nesta etapa, reduzindo-se consideravelmente esses tipos de gastos. A logística integrada destaca interações que ocorrem entre as funções de marketing, logística e produção de uma empresa e entre empresas no que concerne ao fluxo de produtos. Devido a isso, hoje as empresas que atuam no varejo obtêm sucesso compartilhando informações com os fornecedores, os quais concordam em manter e gerenciar estoques nas estantes dos varejistas, proporcionando manutenção mais eficaz de estoques. Um exemplo de marketing integrado à logística e produção são as grandes redes de supermercados, que disponibilizam produtos de determinadas marcas em pontos estratégicos do estabelecimento comercial para fácil visualização, permitindo, assim, a divulgação dessas marcas. Cookson (2001 apud CHRISTOPHER, 2010, p. 179) aborda que “[...] alguns processos fundamentais precisam estar conectados [...]”, para que ocorra a sincronização da cadeia de suprimentos: • Planejamento e programação: posicionamento/ visibilidade da matéria-prima, planejamento avançado, programação, previsão, gerenciamento da capacidade. • Design: design mecânico, design elétrico, design para a cadeia de suprimentos, seleção de componentes. • Lançamento de um novo produto: gerenciamento da lista de matérias-primas, prototipagem, validação do design, testagem, validação da produção, ajustes e mudanças necessárias para que o novo produto seja manufaturado e distribuído ao nível máximo da capacidade. • Gerenciamento do conteúdo do produto: geração de mudanças, avaliação do impacto da mudança, comunicação sobre a mudança do produto, interrupção/desaceleração da mudança. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 90 • Gerenciamento do pedido: captação/configuração do pedido, disponibilidade, acompanhamento do pedido, gerenciamento de exceções. • Aquisições e compra de matéria-prima: gerenciamento do fornecedor aprovado, aquisições estratégicas, seleção de fornecedores, seleções de componentes. (COOKSON, 2001 apud CHRISTOPHER, 2010, p. 179). As fábricas que operam no sistema de produção just in time (no tempo certo) fazem determinados acordos de relações comerciais com seus fornecedores que beneficiam ambas as partes com a redução dos estoques. Os fornecedores produzem os produtos para as fábricas de acordo com a demanda requerida, planejando seus recursos em função dessa demanda, enquanto as fábricas recebem estes produtos dos fornecedores no tempo programado e na quantidade necessária. Ballou (2011) afirma que o gerenciamento da cadeia de suprimentos é nada mais nada menos que a integração das atividades mediante relacionamentos aperfeiçoados na cadeia de suprimentos, com a finalidade de conquistar vantagem competitiva sustentável. O modelo de gerenciamento de cadeia de suprimentos da figura a seguir mostra o escopo desta definição. FIGURA 43 – UM MODELO DO GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS FONTE: Blog PMG&E (2012) Atendimento ao Cliente na Linha Distribuição Expedição Produção Matéria Prima Planejamento de Produção e Materiais TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 91 Conforme a figura anterior, o sistema de gerenciamento da cadeia de suprimentos funciona da seguinte forma: No planejamento de produção e materiais se elabora todo o plano da produção com o devido consumo dos recursos. Com base nisso, se encaminha a necessidade da matéria-prima para o setor de almoxarifado, que disponibiliza os materiais necessários ou comunica ao setor de compras as possíveis necessidades para novas aquisições. Ao disponibilizar a matéria-prima para a área da produção, esta, por sua vez, processa todos os recursos necessários até deixar os produtos em condições de encaminhá-los ao departamento da expedição, que tem a incumbência de encontrar a melhor forma de promover a distribuição para atender o cliente nesta rede logística. Ballou (2011) destaca o gerenciamento da cadeia de suprimentos como uma função responsável pela coordenação do fluxo de produtos ao longo de funções e de empresas, com o propósito de adquirir ou aumentar a vantagem competitiva e a lucratividade de cada uma das empresas envolvidas e também do conjunto dos integrantes dessa cadeia. A cadeia de suprimentos, então, compreende um conjunto de instalações localizadas em diversos espaços diferentes que interagem entre si. Podemos exemplificar estas instalações como fornecedores de matéria-prima, centros industriais, centros de distribuição, centros varejistas, administração do estoque em trânsito e demais produtos intermediários e produtos acabados. Desta maneira, compreendemos que a cadeia de suprimentos é um subconjunto das atividades da cadeia de valor e tem por foco agregar valor aos serviços e produtos físicos, pois a cadeia de suprimentos está voltada apenas à produção, distribuição física e respectivas vendas. IMPORTANT E O foco na gestão da cadeia de suprimentos está na integração de cada fase da rede de distribuição, pois cada componente desta rede tem por atribuição maximizar a eficiência, determinando a maior satisfação do cliente e o crescente nível do market share (diversidade de produtos). UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 92 Com isso, entendemos que as empresas se preocupam com a maximização da utilização dos ativos da atual cadeia de suprimentos, fazendo grande uso da tecnologia da informação. Na década de 70 a preocupação estava voltada para a melhoria das eficiências operacionais (produzir o máximo possível com o menor volume de recursos, o que comprometia consideravelmente a qualidade dos produtos). A partir dos anos 80, a maior preocupação passou a ser a eficiência estratégica do atendimento ao cliente (exemplo: reservas de passagens aéreas funcionavam como uma forte vantagem competitiva). O foco das empresas passou a ser a busca pela satisfação do cliente e, com isso, começou a haver uma maior preocupação com a oferta de melhores produtos e serviços, mesmo que onerasse um pouco mais o custo desses serviços, pois cliente satisfeito é cliente fiel. Hoje, percebemos que as eficiências dos setores operacional e estratégico estão sendo atendidas com o uso da tecnologia da informação. Embora as atividades envolvidas no relacionamento da cadeia de suprimentos tenham se tornado bastante complexas, o objetivo é atender à missão do cliente e à missão do fornecedor, considerando que suas práticas devem atender o mercado com padrão ético. O gerenciamento eficaz destas atividades está pautado no relacionamento direto dos profissionais que trabalham nessas atividades e tem a fundamental tarefa de reduzir os lead times e estoques ao mínimo necessário. A tecnologia da informação, basicamente toda on-line, permite acompanhar todas as rotas da cadeia de suprimentos a fim de evitar qualquer transtorno que possa gerar ao cliente ou mercado consumidor. Qualquer situação adversa é corrigida em tempo hábil, para evitar que se prejudique a pessoa física ou jurídica que esteja no destino final deste ciclo logístico. Percebe-se que os sistemas informatizados da cadeia de suprimentos muitas vezes se confundem entre as empresas. Hoje é possível acessar dados de outra empresa via internet, por exemplo, rastrear encomendas nos correios e planejar o seu recebimento. A isto chamamos de sistemas abertos, cuja facilidade de acesso e controle possibilita antever qualquer necessidade de ajuste ou adaptação e corrigir possíveis falhas. Desta forma, fica difícil identificar onde se inicia e termina a concorrência e a cooperação, já que, com os sistemas abertos, é possível mapear todas as etapas logísticas, viabilizar as fronteiras organizacionais e melhorar a gestão de processo entre as empresas.TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 93 Isso quer dizer que os conceitos de logística evoluíram a tal ponto que se tornou possível identificar o produto certo para ser disponibilizado na hora certa no respectivo local solicitado e ao menor custo possível. Portanto, a logística é definida como uma área do processo da cadeia de suprimentos que realiza o planejamento, a implantação e o controle, de forma eficiente e eficaz, do fluxo e do fluxo reverso, da estocagem de materiais, do fornecimento de serviços e da disposição das informações correlacionadas a partir do ponto de origem até o ponto de consumo, de forma a atender as necessidades dos clientes. De modo mais abrangente, a logística empresarial abarca as áreas que atuam diretamente no fluxo de beneficiamento das matérias-primas em produtos acabados e envolve todos os fornecedores de matérias-primas e partes que compõem um produto, até o ponto de ocorrência da demanda deste produto pelo consumidor final. Isto significa dizer que tanto o ambiente interno como as relações e influências externas da empresa fazem parte da rede logística. Esta integração envolvendo os agentes externos, por exemplo, fornecedores, tem em seu funcionamento o desenvolvimento de relacionamentos baseados na confiança, capacitação técnica e troca de informações, permitindo eliminar duplicidades, reduzir custos, acelerar o aprendizado e customizar serviços. As empresas transnacionais que adotarem o planejamento das cadeias de abastecimento globais poderão obter economias de abrangência, escala e velocidade, que são fatores-chave para a liderança mundial. 2.1 IMPLEMENTAÇÃO DO SUPPLY CHAIN MANAGEMENT (SCM) OU CADEIA DE LOGÍSTICA INTEGRADA Nos dias atuais, cada vez mais se torna evidente a necessidade de ampliar o conceito de integração na logística para fora do ambiente da empresa, estendendo aos fornecedores e clientes. O aumento da produtividade, a qualidade do produto e o excelente nível de atendimento prestado ao cliente são fatores fundamentais para a obtenção ou permanência de vantagens competitivas por parte das empresas. Esta é uma realidade que não pode mais depender exclusivamente dos processos internos da empresa, devendo incluir todas as partes envolvidas no processo e que estão fora da empresa, como fornecedores e clientes. Dentro deste contexto é que surge a Cadeia de Logística Integrada ou Supply Chain Management (SCM). Sua função é o foco no alinhamento dos processos-chave do negócio como um todo, isto é, o acompanhamento do produto desde a sua fonte, na extração da matéria-prima, até o consumo final, enquanto as informações e os recursos financeiros fazem o caminho oposto, iniciam nos consumidores e vão até a origem do produto. De acordo com Ching (2009, p. 67-68), este conceito pode ser assim explicitado: UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 94 Supply chain é todo o esforço envolvido nos diferentes processos e atividades empresariais que criam valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final. A gestão do supply chain é uma forma integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias, procurando administrar as relações na cadeia logística de forma cooperativa e para o benefício de todos os envolvidos. A gestão do supply chain é um conceito mais amplo e estrategicamente mais importante, que se inicia na saída das matérias-primas dos fornecedores, passa pela produção, montagem e termina na distribuição dos produtos acabados aos clientes finais. Inclui considerações estratégicas que passam por focalizar a satisfação do cliente, formular e implementar estratégias baseadas na retenção dos clientes atuais e obtenção de novos e gerenciar a cadeia de forma eficaz. O desempenho do supply chain depende principalmente de quatro fatores, a saber: • capacidade de resposta às demandas dos clientes; • qualidade de produtos e serviços; • velocidade, qualidade e timing da inovação nos produtos; • efetividade dos custos de produção e entrega e utilização de capital. Coronado (2000) aborda que os excelentes resultados obtidos pelas empresas que já conseguiram implementar o SCM na prática são uma garantia de que este não é apenas mais um modismo gerencial. É um assunto que vem despertando a atenção da alta cúpula nas grandes e mais modernas empresas internacionais, pela redução de custos e melhoria dos serviços na cadeia. Pesquisas preliminares sobre os ganhos que podem ser obtidos pela utilização correta do conceito indicam que as empresas têm obtido reduções substanciais nos custos operacionais da cadeia de suprimentos. Também os movimentos setoriais organizados com o objetivo de tirar proveito do SCM, como o Efficient Consumer Response – ECR no setor de produtos de mercearia, e o Quick Response – QR no setor de confecções e têxteis, têm demonstrado o potencial de redução de custos e melhoria de serviços na cadeia. No caso do ECR, por exemplo, a estimativa nos EUA era de uma redução de custo de cerca de US$ 30 bilhões. (CORONADO, 2000, p. 152). Uma das fases mais importantes na implementação deste conceito é a montagem de equipes. Para atingir o máximo de eficiência e extrair todo o potencial, a empresa deve permanecer ligada aos participantes externos na cadeia de suprimentos. Esses participantes são fornecedores, distribuidores, atacadistas, prestadores de serviços e clientes. Para se ter uma ideia, Ching (2009, p. 66) apresenta alguns resultados de empresas que estão integrando a cadeia logística. A Motorola reduziu em 75% sua base de fornecedores; 85% de seus fornecedores são preferenciais, e obteve assim economia anual de 5% a 7%. A Procter & Gamble integrou-se com a Kmart, e as vendas dobraram em cinco anos; os custos da cadeia logística caíram em 25% e os estoques foram limitados a no máximo 20 dias. A Quaker Oats reformulou a cadeia logística com seus clientes e com isso obteve ganho de margem em 2,5% e redução de estoques [...]. TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 95 Contudo, devido à natureza colaborativa da cadeia logística na sua integração, torna-se imprescindível a seleção de parceiros corretos. Para serem integradas, as empresas devem ter excelência de qualidade em seus produtos e serviços e também solidez e estabilidade financeira, uma vez que a relação de parceria é de longo prazo. É possível observar a logística integrada com a cadeia de suprimentos na figura a seguir, onde existe uma forte tendência entre os canais de abastecimento e os canais da logística reversa entre a fábrica, a transportadora, a central de distribuição e os hipermercados. Cada um exerce papel fundamental para o desempenho da outra empresa até fechar o ciclo em que o canal de distribuição e o hipermercado possam fornecer produtos aos clientes, inclusive podendo haver a utilização de vendas on-line. FIGURA 44 – CADEIA DE SUPRIMENTOS Cadeia de Suprimentos - Supply Chain Management (CSM) FÁBRICA/INDUSTRIA HIPERMERCADO Canal de Vendas On-Line (Internet) Canal Abastecimento/Entregas Canal Logística Reversa CLIENTES TRANSPORTADORAS VENDAS ON-LINE CENTRAL DE DISTRIBUIÇÃO FONTE: Blog Logística BR (2008) É muito importante estabelecer um mecanismo que permita o acesso das informações entre todos os participantes da cadeia. Muitas empresas possuem as condições tecnológicas para tal, porém não as utilizam da forma mais adequada ao bom funcionamento da cadeia logística. Coronado (2000) afirma que o ideal é disponibilizar e compartilhar a informação com os demais participantes (transportadoras, fabricantes, fornecedores de componentes e de matéria-prima, entre outros) a partir do momento em que o consumidor efetiva a compra. O autor ainda complementa que dar visibilidade às informações partindo do ponto de venda do produto, em tempo real, contribui para que todos os participantes gerenciem a verdadeira demanda de mercado de forma mais precisa, resultando na redução da necessidade de estoque na cadeia de suprimento de forma substancial.UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 96 É fundamental a criação de um canal de comunicação para conectar todos os participantes e assim permitir o trânsito das informações do modo mais correto para o bom funcionamento da cadeia logística. ATENCAO Ching (2009, p. 68) demonstra, na figura a seguir, que “[...] as empresas líderes utilizam a integração da cadeia logística para alcançar vantagens competitivas [...].” FIGURA 45 – INTEGRAÇÃO DA CADEIA LOGÍSTICA Fluxo de processos otimizados Melhores características dos produtos Atendimento, disponibilidade, velocidade e qualidade Melhor preço do produto Tudo isso para agregar maior valor ao cliente final! Melhor performance do negócio; Lucratividade a longo prazo. Melhor funcionalidade dos produtos Pesquisa e desenvolvimento em conjunto com marketing Design e conjunto com engenharia Planejamento conjunto fornecedor/empresa/cliente FONTE: Ching (2009, p. 68) De modo geral, a implantação da cadeia de logística integrada requer reavaliações e possíveis mudanças, em algumas situações significativas nos procedimentos internos e externos das empresas, especialmente no relacionamento com clientes e fornecedores. TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 97 2.2 CICLO DE PEDIDOS A realidade do mercado consumidor mudou drasticamente nos últimos anos. Determinados produtos possuem tempo de vida útil ou prazos de validade cada vez menores, como no caso dos produtos alimentícios. A própria tecnologia tem um grande efeito nestas características, pois muda frequentemente e existe uma maior demanda por equipamentos avançados, modernos, ágeis e que constantemente precisam ser trocados no ambiente físico da empresa. A isso chamamos de cadeia de suprimentos responsiva, cuja pressão pela demanda de novos produtos no mercado faz com que o público consumidor, sejam empresas ou pessoas, exija cada vez mais novidades, gerando, assim, um ciclo vicioso entre consumo e produção. Segundo Christopher (2010, p. 116), Um dos maiores desafios que atualmente se impõe às organizações é a necessidade de responder a níveis cada vez maiores de volatilidade na demanda. Por várias razões, os ciclos de vida dos produtos e da tecnologia estão diminuindo, pressões competitivas forçam, com frequência, mudanças nos produtos, e os consumidores demandam variedades como jamais se viu. O uso da mídia televisiva através de propagandas com apelos visuais é uma das opções de marketing que exerce forte influência na cadeia de suprimentos. A imagem de um ator famoso ou atriz famosa utilizando determinados produtos ou novas tecnologias provoca no consumidor o desejo de adquirir esses produtos (produtos de beleza etc.) ou utilizar essas novas tecnologias (celulares, computador, carros etc.). O resultado é o aumento da produção e maior movimentação da cadeia produtiva, impulsionados pelo aumento do consumo. Em síntese, muitas vezes uma simples propaganda na TV exerce influência na demanda de consumo pelo produto, que, por sua vez, está diretamente ligada à determinação do volume de produção e, por consequência, possui reflexos em toda a cadeia de suprimentos. Christopher (2010, p. 116) prossegue em seu raciocínio dizendo que “[...] para enfrentar esse desafio, a organização precisa concentrar seus esforços de modo que obtenha maior agilidade, a fim de responder em intervalos de tempo menores, tanto em termos de mudança de volume quanto em termos de mudança de variedade”. As empresas captam essa tendência de mercado e assim passam a se preocupar em desenvolver ou adaptar metodologias de enxugamento na cadeia produtiva para agilizar os processos de produção e atender o mercado consumidor de forma rápida, pois ele está sempre em busca de novidades, e quem não estiver preparado poderá sofrer dificuldades. Prossegue Christopher (2010, p. 117): UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 98 A agilidade, [...], não é sinônimo de ‘enxugamento’, mas pode desenvolver-se a partir desse princípio. Em certo sentido, enxugamento significa fazer mais por menos. Tem origem no sistema de produção Toyota (TPS, do inglês Toyota production system) e sua preocupação com redução ou eliminação do supérfluo [...]. Como vimos, um exemplo é a Toyota, que adotou um programa para a redução dos desperdícios em todos os aspectos da produção e que podemos visualizar na figura a seguir. FIGURA 46 – ÁGIL OU RESPONSIVA Ba ix a Baixo Va rie da de /v ar ia bi lid ad e Al ta Alto "Enxuta" funciona me- lhor em ambientes previ- síveis, de alto volume e baixa variedade. A "agilidade" é necessá- ria e, ambientes menos previsíveis, nos quais a demanda por variedade é alta. Enxuto Volume Ágil FONTE: Christopher (2010, p. 118) Como o conceito de enxuta funciona melhor em ambientes previsíveis, de alto volume e baixa variedade de produtos, não há preocupação de controlar variedades de produtos, mas sim de administrar as pequenas variedades, porém de maior volume físico. Já em ambientes onde a agilidade torna-se necessária, acontece apenas em ambientes menos previsíveis, nos quais a demanda por variedade de produtos é alta, e assim a empresa necessita de agilidade na sua administração de processos. Podemos chamar esse espaço-tempo de demanda e produção de lead time. Mas, o que vem a ser esse lead time? Lead time é o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, porque neste processo ainda há etapas a serem geridas, tais como a entrada do pedido, processamento do pedido, montagem do pedido e o transporte dos produtos. Do ponto de vista do cliente, existe apenas um lead time: aquele que decorre entre o pedido e a entrega. [...]. Da perspectiva do fornecedor, tão importante quanto isso é o tempo que se leva para converter um pedido em caixa e, de fato, o tempo total em que o capital de giro é utilizado, desde a compra de materiais, até o momento em que é recebido o pagamento do cliente. (CHRISTOPHER, 2010, p. 151-152). Veja na figura a seguir os principais componentes do ciclo do pedido. TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 99 FIGURA 47 – O CICLO DO PEDIDO Cliente faz o pedido Entrada do pedido Processamento do pedido Montagem do pedido Transporte Pedido recebido FONTE: Christopher (2010, p. 152) Há várias etapas no desenvolvimento do ciclo do pedido, e cada uma delas demanda um tempo consumido na cadeia de suprimentos. A tarefa do gestor da empresa é empenhar-se para reduzir o lead time das etapas do ciclo de distribuição de materiais. Acerca dos impactos da cadeia de abastecimento e os impactos nas organizações e na sociedade, Bertaglia (2009, p. 4) contribui com exemplo prático da seguinte forma: O nosso dia a dia está repleto de exemplos de comportamento relacionados às demandas que desencadeiam atividades muito parecidas com aquelas executadas dentro das organizações. A preparação de uma feijoada exige processos administrativos e logísticos importantes, tais como: estimativa de demanda, que irá variar em função do número de pessoas; compra de ingredientes; armazenagem dos ingredientes, alguns exigindo tratamentos especiais; tempo de preparação, distribuição do produto e retroalimentação – quando os consumidores emitem opiniões, favoráveis ou não – relacionadas diretamente à qualidade da feijoada, acomodação, ambiente e outros. As empresas que atuam na área de gestão da cadeia de suprimentos devem observar fatores como: número da demanda a ser atendida, as necessidades dos seus clientes e o tempo necessário para dispor desses recursos para que a empresa possa processá-los e melhor atender os clientes. Para isso, podemos observar na figura a seguir a importância de identificar o tempo consumido de acordo com a variabilidade do pedido. FIGURA 48 – CICLO TOTAL DO PEDIDO COM VARIABILIDADE FONTE: Adaptado de: Christopher (2010, p. 153) { { { { { {1. Comunicação do pedido. 2. Entrada e processamentodo pedido. 3 dias de tempo Intervalo de tempo 1 a 5 dias 3 dias de temoi Intervalode temoi 1 a 5 dias 2 dias de temoi Intervalo de temp 1 a 3 dias 5 dias 15 dias 25 dias Intervalo de tempo 1 a 9 dias 2 dias de tempo Intervalo de temoi 1 a 3 dias 5 dias de temoi Intervalo de tempo 1 a 9 dias 3. Separação ou produção do pedido. 4. Transporte 5. O cliente recebe o pedido TOTAL UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 100 Observe que cada etapa do ciclo do suprimento de materiais possui um tempo necessário para a execução de cada atividade, partindo da comunicação do pedido, depois a entrada e processamento do pedido, a separação ou produção do pedido e, em seguida, o devido transporte dos produtos até o momento em que o cliente recebe o pedido. No exemplo da figura anterior há um lead time de 15 dias do ciclo inteiro. Há a necessidade de identificar o lead time de cada etapa para evitar que ocorram falhas em alguma delas. IMPORTANT E O administrador dos materiais da empresa precisa estar atento ao lead time do ciclo da logística de suprimentos para adequar a qualidade com o menor tempo possível na entrega do produto final. Por sua vez, quando existe a previsibilidade da demanda de produtos, os tempos para reabastecimento são curtos e a melhor ferramenta de gestão da cadeia de suprimentos responsiva é o tipo kanban. O sistema kanban é um sistema que, por medidas de sinalização, controla os fluxos de produção ou transportes em uma indústria. Esta é uma filosofia de reabastecimento de forma continuada, na qual a reposição dos materiais é feita à medida que o produto é vendido ou usado (isso ocorre em casos extremos de administração da cadeia de suprimentos). Veja na figura a seguir o funcionamento das estratégias genéricas para a cadeia de suprimentos. FIGURA 49 – ESTRATÉGIAS GENÉRICAS PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS Previsível Imprevisível Le at im es cu rto s Le ad tim es lo ng os Características da demanda C ar ac te rís tic as d e of er ta Enxuta Planejar e otimizar Ágil Resposta rápida Híbrido Desacoplar por adiamento Kanban Reabastecimento contínuo FONTE: Christopher (2010, p. 119) TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 101 Podemos ter lead times diferentes de acordo com a produção enxuta, pois a produção será em grande escala e há menor necessidade de emissão de pedidos entre um lote de produção e outro. O lead time curto existe em modelos de produção com a metodologia kanban, pois as reposições dos estoques são feitas à medida que determinados volumes de insumos vão sendo consumidos, assim há necessidade de encurtar o tempo de reposição dos produtos com maior número de emissão de pedidos. 2.3 SISTEMAS “EMPURRADOS” VERSUS SISTEMAS “PUXADOS” Em logística de suprimentos temos o chamado sistema “empurrado” versus sistema “puxado”, e determinada atividade, ao completar o seu ciclo, obedece ao cumprimento de várias etapas de desenvolvimento. Mas, como isso funciona? Veja a contribuição de Christopher (2010, p. 123) a esse respeito: Muitas ideias novas e muitos novos conceitos surgiram na área de administração [...]. Um dos mais importantes, que foi amplamente adotado e praticado nas empresas, é o just in time (JIT). O JIT é tanto uma filosofia quanto uma técnica. Baseia-se na ideia relativamente simples de que, sempre que possível, nenhuma atividade deve ocorrer em um sistema até que ocorra a necessidade para tal. Isso quer dizer que nenhum tipo de atividade em cadeia de suprimentos deverá iniciar ou ocorrer sem que haja a emissão de um determinado pedido ou uma necessidade de um cliente para que ocorra o início desses eventos no ciclo logístico de suprimentos. Conforme Christopher (2010, p. 123): Assim, nenhum produto deve ser produzido, nenhum componente encomendado, até que haja um pedido à jusante. Basicamente, o JIT é um conceito de “puxar”, em que a demanda, no término do canal, puxa os produtos em direção ao mercado e, por trás desses produtos, o fluxo de componentes também é determinado pela mesma demanda. Isso contrasta com o tradicional sistema “empurrado”, em que os produtos são fabricados ou montados em lotes antes da demanda e posicionados na cadeia de suprimentos como “estoques de segurança” entre várias funções e atividades [...]. O sistema JIT, nesse caso, serve como uma forma para “puxar” os produtos. A demanda no término do canal de distribuição acaba puxando os produtos para o mercado e, em contrapartida a esses produtos, os componentes que o agregam (peças de reposição, serviços prestados, entre outros) são determinados também por essa demanda. Isso significa que deverá ocorrer a manutenção de estoques de segurança ou de reposição para que se atenda a demanda de mercado e a devida manutenção da oferta dos produtos para os serviços de reposição. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 102 Sobre o controle básico de estoques puxados, vamos buscar a contribuição de Ballou (2011, p. 282): [...] o controle de estoque puxado resulta em níveis reduzidos de estoque nos pontos de armazenagem devido à sua reação às condições de demanda e custos específicas de cada um desses pontos. [...] Especificamente, será estabelecido um contraste entre: 1) demanda única, altamente sazonal, ou perpétua; 2) ordens de compras desencadeadas por um determinado nível de estoque ou por um processo de revisão de nível de estoque; 3) o grau de incerteza em demanda e no tempo médio de reposição. Mas o sistema de puxar os estoques tem determinadas influências que devem ser observadas, como a alta demanda por aspectos sazonais. Por exemplo: o abastecimento de sorvete no verão deverá atender a demanda nas regiões mais quentes cujo mercado consome esse produto; há situações em que o volume das ordens de compras emitidas por um determinado departamento em uma empresa deverá ser ajustado em decorrência das revisões orçamentárias (revisão de orçamento por ajuste de mercado, quando há a previsão no aumento ou redução da participação da empresa no mercado) e também por motivos de incerteza do próprio mercado. Esse nível de incerteza é gerado pela inflação ou variação nas taxas de câmbio, entre outros fatores. Isso corrobora a afirmação de Christopher (2010, p. 123): O método convencional para atender as exigências do cliente baseia- se em alguma forma de controle estatístico do estoque, que pode contar com novas encomendas quando os níveis de estoque atingem determinado ponto – o assim chamado reorder point (ROP) ou quantidade do ponto de pedido. Observe na figura a seguir como são apresentados os processos no sistema “empurrar” versus “puxar” na cadeia de suprimentos. FIGURA 50 – “EMPURRAR” VERSUS “PUXAR” NA CADEIA DE SUPRIMENTOS Fornecedor Fornecedor Pr od uç ão E m pu rra da Pr od uç ão P ux ad a Produção Produção Cliente Cliente Entrega Requisição Requisição Entrega Estoque Estoque FONTE: Freire (2012) TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 103 Na produção empurrada, o fornecedor fabricante de determinado tipo de produto efetua a sua devida produção, que permanece armazenada em estoques de produtos prontos oferecidos aos clientes. Para Ballou (2011), os métodos para empurrar quantidades aos pontos de estocagem possuem alguns passos a ser seguidos, que são: 1. determinar as necessidades para o período entre hoje e o próximo processo de produção ou próxima compra de fornecedores por meio de previsão ou outros meios; 2. conferir as atuais quantidades disponíveis em cada ponto de estoque; 3. estabelecer o nível de disponibilidade de estoque em cada ponto de estocagem; 4. apurar as necessidades totais das previsões mais as quantidades adicionais necessárias para cobrir incertezas na previsão de demanda; 5. determinar as necessidades líquidas como as diferenças entre as necessidades totais e as quantidades disponíveis; 6. distribuir o excedente das necessidades totais da rede aos pontos de estoque com base na taxa de demanda média prevista; 7. somar as necessidades líquidas e ratear proporcionalmente os excedentes a fimde determinar o total a ser alocado a cada ponto de estocagem; 8. como exemplo, podemos citar uma fábrica de roupas de malhas ou de tecidos (camisas e calças sociais) onde são produzidas de acordo com uma demanda necessária. A moda divulgada em diversos tipos de mídia é oferecida ao consumidor, que consome esses produtos conforme as empresas os disponibilizam no mercado. No caso da produção puxada ocorre o inverso da produção empurrada. Neste caso, o ponto de partida é o mercado consumidor. Exemplo disso são os produtos sob medida, como a fabricação de móveis. Sobre produção empurrada, Christopher (2010, p. 131) faz a sua contribuição: O Kanban é um sistema “puxado” direcionado pela demanda no ponto mais próximo ao cliente. Em uma operação de produção, a meta seria produzir apenas a quantidade necessária para a demanda imediata. Quando há a necessidade de peças na linha de montagem, estas são fornecidas a partir da próxima etapa na cadeia, na quantidade exata necessária e no momento em que são necessárias. Da mesma maneira, esse movimento ativará a demanda no próximo elo da cadeia e assim sucessivamente. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 104 Observe que, neste caso, o cliente faz o pedido de acordo com as suas necessidades de consumo, e a empresa que irá produzir o móvel sob medida (no caso, a marcenaria) fará o pedido necessário da matéria-prima (madeira ou materiais de acabamento) para a empresa que extrai a madeira da natureza e a beneficia. Assim, uma etapa da produção somente é atendida ou cumprida se houver uma situação anterior que a desencadeou. Somente haverá produção se houver um pedido emitido do mercado consumidor. 2.3.1 Gestão de fornecedores Atualmente, as cadeias de suprimentos têm demonstrado uma tendência à reestruturação e consolidação da base de fornecedores, com uma definição mais acurada e determinada do conjunto daqueles com os quais se deseja construir uma parceria, manter um alinhamento estratégico e estabelecer um canal de comunicação direto, ágil e eficaz. É sabido que esse processo envolve basicamente a redução do número de fornecedores com os quais se estabelece a parceria. Para que esta relação com os fornecedores seja viabilizada com sucesso, é fundamental, primeiramente, a identificação dos potenciais da empresa que possam trazer diferenciação perante a concorrência e os clientes. Desse modo, as cadeias são ajustadas com base no foco de atuação no mercado, e a partir daí os fornecedores dessa empresa poderão ser claramente selecionados conforme o grau de aderência do core business (significa negócio central ou principal da organização e foco dado a este). O relacionamento da empresa com seus fornecedores deve ter como observância o nível de atividades (qualidade oferecida) com o seu custo de serviço agregado. Contudo, é importante salientar que as definições de fornecedores não podem ser baseadas somente nos custos, elas devem ter um cunho estratégico, pois em vários casos envolve a decisão de terceirização de atividades ou processos. Assim sendo, os fornecedores devem oferecer produtos e serviços capazes de agregar valor aos seus clientes e, por conseguinte, proporcionar eficiência e eficácia para que sejam cumpridos os seus planos de resultados que têm impacto na satisfação do cliente, na cadeia de suprimentos. Esses planos de resultados são mensurados com base em: a) disponibilidade; b) desempenho operacional; e c) serviço confiável. Vejamos cada um desses parâmetros separadamente. a) Disponibilidade: refere-se à manutenção do nível de estoques consistentes de acordo com as necessidades dos clientes em relação aos volumes dos materiais e produtos. Existia o paradigma de que quanto mais altos os volumes de estoques, mais altos são os investimentos da empresa para a manutenção da sua comercialização. Mas atualmente a tecnologia permite que as empresas tenham sistemas informatizados que contribuem para o controle dos volumes de estoques nos níveis ideais para o bom atendimento aos clientes, sem que sejam necessários altos investimentos financeiros para a manutenção da sua comercialização. TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 105 b) Desempenho operacional: refere-se ao lapso de tempo da ordem de recebimento para a ordem de entrega. Envolve entregas rápidas e consistentes, com a utilização de conceitos de gerenciamento de cadeia de suprimentos, contendo o ECR – Efficient Consumer Response –, que significa Resposta Rápida ao Consumidor, e se traduz num sistema de controle e acompanhamento do trâmite dos produtos entre fornecedor e cliente. c) Serviço confiável: requer qualidade para que o cliente também sinta segurança no tipo de produto ou serviço oferecido pelo seu fornecedor para que se promova a continuidade da parceria entre fornecedor e cliente. Para obter a eficácia no trabalho é preciso uma correta mensuração da disponibilidade dos estoques e na performance operacional com rapidez nas entregas. A finalidade é a de assegurar que as mercadorias necessárias estejam disponibilizadas no momento e local certos, sem risco de perda de oportunidade da realização de vendas por parte do cliente. Conforme Ching (2009, p. 61), As empresas estão cada vez mais racionalizando sua base de fornecedores. Empresa e fornecedores estão estreitando suas relações e criando sistemas de parceria em que ambos atuam de forma harmoniosa, na busca de qualidade, preço, tempo de entrega exato e muitos outros atributos que fazem parte da logística de suprimento. Todavia, não se trata somente da parceria entre clientes e fornecedores. Em muitos casos a cadeia torna-se muito mais complexa para dar conta das necessidades de provimento de todas as etapas da fabricação do produto. Neste sentido, existe o chamado sistema modular de fornecimento, que Ching (2009, p. 61) elucida a seguir: As empresas estão procurando adotar o que se prega como ‘sistema modular de fornecimento’ [...], em que alguns fornecedores ficam responsáveis por manter abaixo de si uma cadeia de outros subfornecedores. Essa cadeia fornece peças e componentes para o fornecedor acima que se encarrega de montar conjuntos ou módulos e entregá-los para a empresa. Isso está ocorrendo de maneira assustadora na indústria automobilística, com seus fornecedores de autopeças. Esses diversos níveis de fornecedores são chamados, tecnicamente, de tier ou layer de fornecedores. Seguindo na linha de raciocínio da definição de Ching, para entendermos melhor o que significa tier ou layer de fornecedores, veja na figura a seguir um sistema modular de fornecimento. A centralidade do fornecedor será mais elevada quanto maior a diferenciação de seu produto e melhor apresente o valor criado e percebido pelo cliente. O custo de troca é aquele que pode ocorrer em uma eventual troca de fornecedor e será maior ou menor de acordo com a especificidade dos ativos, o grau de monopólio do fornecedor e os custos de transação. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 106 FIGURA 51 – EXEMPLO DE SISTEMA MODULAR DE FORNECIMENTO Empresa Cliente Fornecedor 1First tier ou layerde fornecedores Second tier ou layer de fornec. Subforn. 1 Subforn. 2 Subforn. 1 Subforn. 2 Subforn. 3 Fornecedor 2 FONTE: Ching (2009, p. 62) De modo geral, as empresas devem dar atenção especial ao relacionamento com seus clientes e fornecedores. Nesta parceria é fundamental que haja identidade de linguagem e que os vários participantes da cadeia tenham noção da importância do giro do produto em seus negócios, fazendo a sua parte dentro desta cadeia para que a logística funcione. 2.3.2 Gestão de compras A área de compras existe com a finalidade de adquirir serviços, materiais e mercadorias solicitados por outros departamentos da empresa. Cabe ao gestor da área de compras viabilizar as compras necessárias ao andamento das atividades da empresa, no mercado, buscando os melhores fornecedores com o intuito de agregar valores, refletindo no resultado econômico específicoe global. Catelli (1999, p. 430) enfatiza que a “[...] missão do gestor, nesse contexto, consiste em aumentar o nível de eficácia da organização, área, departamento, atividade que administre. Toda decisão que um gestor toma deve ter por objetivo a eficácia empresarial”. Para tanto, existem várias formas de se efetuar o processo de compras, às quais o gestor deve estar atento (TEIXEIRA, 2012), que são: • Compras de emergência: são realizadas com urgência devido a uma necessidade surgida inesperadamente. É uma situação que pode resultar em desvantagem de valores na negociação com o fornecedor. As situações emergenciais acabam ocasionando compras com altos preços, além da possibilidade de parar a unidade de produção pela falta da mercadoria. Isso pode ser motivado pela falta de controle por parte de quem requisita ou por parte de quem compra. Com um controle de estoque adequado, podem-se reduzir ou anular as compras de emergência. TÓPICO 1 | GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 107 • Compras especulativas: são feitas com base em especulações sobre um futuro aumento de preços, sem que a necessidade de aquisição de determinado produto ou serviço se apresente naquele período. Esta forma de compra compromete o capital de giro, podendo acarretar prejuízos para a empresa se a previsão de alta de preços não se confirmar. Por isso é uma forma de compra que requer muito cuidado ao se decidir efetivá-la. • Compras contratadas: são compras feitas mediante contrato com datas determinadas para a entrega dos produtos. Costuma-se utilizar na indústria, para fornecimento de matéria-prima, e no comércio, para mercadorias especiais, modelos exclusivos ou produtos novos não lançados ainda no mercado. • Compras de reposição: são aquisições de mercadorias com comportamento estável de vendas. É amplamente utilizada no comércio, por exemplo, em supermercados. Também se deve atentar para uma avaliação criteriosa na escolha dos melhores fornecedores antes de definir a compra, pois existem condições necessárias a ser observadas, tais como: • preço justo e que ofereça condições de estabelecer um preço de venda competitivo e obter uma boa margem de lucro; • qualidade dos produtos ou mercadorias; • quantidade suficiente para suprir as necessidades de produção e vendas de um determinado período; • prazos de entrega satisfatórios; • prazos de pagamento acessíveis que não comprometam o capital de giro próprio. E para que uma boa avaliação possa ser feita, a empresa deve implantar e manter um bom cadastro, onde são registradas as informações necessárias sobre os fornecedores, como: endereço, número do CNPJ, número da inscrição, objetivos sociais, pessoas para contato, linhas de produtos ou mercadorias, prazo médio de entrega, condições de pagamento, política de descontos etc. 108 RESUMO DO TÓPICO 1 Chegamos ao final do Tópico 1. Vamos fazer uma revisão do que estudamos até agora? • A gestão em logística se destaca na gerência da cadeia de suprimentos porque é responsável pela movimentação dos produtos na empresa. Toda a movimentação da cadeia logística está diretamente ligada ao sistema produtivo da empresa e sofre influência dos fatores internos e externos à empresa. • A cadeia de suprimentos é constituída por um conjunto de atividades funcionais, tais como transportes, controle de estoques, entre outros, que se repetem diversas vezes durante o processo pelo qual matérias-primas são transformadas em produtos prontos que serão disponibilizados ao consumidor com valor agregado. • A logística integrada destaca interações que ocorrem entre as funções de marketing, logística e produção de uma empresa e entre empresas no que concerne ao fluxo de produtos. • As fábricas que operam no sistema de produção just in time (no tempo certo) fazem determinados acordos de relações comerciais com seus fornecedores que beneficiam ambas as partes com a redução dos estoques. Os fornecedores produzem os produtos para as fábricas de acordo com a demanda requerida, planejando seus recursos em função dessa demanda, enquanto as fábricas recebem estes produtos dos fornecedores no tempo programado e na quantidade necessária. • O foco na gestão da cadeia de suprimentos está na integração de cada fase da rede de distribuição, pois cada componente desta rede tem por atribuição maximizar a eficiência, determinando a maior satisfação do cliente e o crescente nível do market share (diversidade de produtos). • A tecnologia da informação, basicamente toda on-line, permite acompanhar todas as rotas da cadeia de suprimentos a fim de evitar qualquer transtorno que possa gerar ao cliente ou mercado consumidor. Qualquer situação adversa é corrigida em tempo hábil, para evitar que se prejudique a pessoa física ou jurídica que esteja no destino final deste ciclo logístico. • Lead time é o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, porque neste processo ainda há etapas a ser geridas, tais como a entrada do pedido, processamento do pedido, montagem do pedido e o transporte dos produtos. • Na produção empurrada, o fornecedor fabricante de determinado tipo de produto efetua a sua devida produção, que permanece armazenada em estoques de produtos prontos oferecidos aos clientes. • Na produção puxada ocorre o inverso da produção empurrada. Neste caso, o ponto de partida é o mercado consumidor. 109 3 Alguns processos da cadeia de suprimentos precisam estar conectados entre si, garantindo assim maior agilidade e qualidade para o atendimento dos clientes. Para atendimento na cadeia de suprimentos, seguem algumas premissas. Correlacione a 1ª coluna com a 2ª coluna de acordo com essas premissas. AUTOATIVIDADE 1 Em atividades relacionadas com a cadeia de suprimentos, há situações em que várias empresas interligadas entre si realizam o fornecimento das mercadorias para uma determinada indústria. A partir desse ponto, a indústria processa todos os insumos e, com o uso de um canal de distribuição, efetua o fornecimento dos produtos para os clientes. A este processo podemos chamar de REDE TOTAL, na qual uma empresa A produz o polipropileno e o vende para a empresa B, que beneficia esse polipropileno e produz o fio sintético. O transporte destes materiais de uma empresa a outra é feito pela transportadora, aqui denominada como empresa C. A empresa B vende o fio sintético para a empresa D, que utiliza este componente como um dos itens para a produção de tela industrial. Quando este produto estiver finalizado, a empresa D vende para a empresa E, que utiliza esta tela industrial para a produção do papel a partir da celulose e, em seguida, fornece o papel pronto para o consumidor final através do atacado. Este processo está caracterizado como: a) ( ) Cadeia de suprimentos em transportes fluviais. b) ( ) Cadeia de estocagem de produtos. c) ( ) Custos de estocagem da empresa. d) ( ) Cadeia de suprimentos imediata da empresa. 2 Algumas empresas que possuem relações com o mercado externo conseguem abastecer o mercado interno dos seus clientes com determinadas operações que visam eliminar etapas no processo de estocagem. Esse processo de estocagem geralmente é caro, pois os custos de translado da mercadoria envolvem determinadas somas de recursos financeiros na composição dos seus gastos, podendo-se ganhar tempo enviando o produto diretamente do fornecedor exterior para o cliente. Identifique, a seguir, qual é esse processo que visa atender a situação acima. a) ( ) Operação low cost prices. b) ( ) Operação taxes improvement fright. c) ( ) Operação back to back. d) ( ) Operação free on board. 110 5 Existem empresas em que o tempo de reabastecimento é rápido e corresponde à previsibilidade de atendimento da demanda, e, para isso, a empresa poderá adotar uma ferramenta de gestão na cadeia de suprimentos. 1) Planejamento e programação ( ) gerenciamento da lista de matérias-primas, prototipagem, validação do design, testagem,validação da produção, ajustes e mudanças necessárias para que o novo produto seja manufaturado e distribuído ao nível máximo da capacidade. 2) Design ( ) captação/configuração do pedido, disponibilidade, acompanhamento do pedido, gerenciamento de exceções. 3) Lançamento de um novo produto ( ) geração de mudanças, avaliação do impacto da mudança, comunicação sobre a mudança do produto, interrupção/desaceleração da mudança. 4) Gerenciamento do conteúdo do produto ( ) posicionamento/visibilidade da matéria-prima, planejamento avançado, programação, previsão, gerenciamento da capacidade. 5) Gerenciamento do pedido ( ) gerenciamento do fornecedor aprovado, aquisições estratégicas, seleção de fornecedores, seleções de componentes. 6) Aquisições e compra de matéria-prima ( ) design mecânico, design elétrico, design para a cadeia de suprimentos, seleção de componentes. 4 Todo o trabalho efetuado no campo da logística estuda o tempo da demanda e a produção das empresas. Esse espaço- tempo pode demorar horas ou dias, conforme o ramo de atividades da companhia, e compete aos gestores a capacidade de otimizar este tempo. Com base nessas informações, identifique a alternativa que esteja de acordo com o tema lead time. a) ( ) É o tempo da emissão do pedido até o pagamento dos produtos desse pedido, porque nesses processos ainda há etapas a ser geridas, como a entrada do pedido, processamento do pedido, montagem do pedido e o transporte dos produtos. b) ( ) É o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, porque nesses processos ainda há etapas a ser geridas, como a entrada do pedido, processamento do pedido, montagem do pedido e o transporte dos produtos. c) ( ) É o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido. d) ( ) É o tempo da emissão do pedido até o recebimento dos produtos desse pedido, porque nesses processos ainda há etapas a ser geridas, como a entrada do pedido, processamento dos componentes da matéria-prima na produção e montagem do pedido. 111 De acordo com esses dados, analise a seguinte sentença: Por sua vez, quando existe a ___________________ da demanda de produtos, os tempos para ___________________ são curtos e a melhor ferramenta de gestão da cadeia de suprimentos responsiva é o tipo ________________. Com base nessas informações, assinale a alternativa a seguir. a) ( ) previsibilidade, reabastecimento, kanban. b) ( ) resposta, envio, lead time. c) ( ) opção, efetivação, kanban. d) ( ) resposta, reabastecimento, free on board. 6 O sistema kanban é um modelo de controle de estoque que adota a filosofia do reabastecimento contínuo. Com base na informação acima, analise a seguinte frase: O sistema ____________________ é um sistema que, por medidas de sinalização, controla os __________________________ ou transportes em uma indústria. Esta é uma filosofia de reabastecimento de forma continuada, na qual a reposição dos materiais é feita à medida que o produto é vendido ou usado (isso ocorre em casos extremos de administração da_________________ _______________). Agora assinale a alternativa com a opção CORRETA: a) ( ) de controle de estoques, fluxos de materiais, produção. b) ( ) Kanban, fluxos de produção, cadeia de suprimentos. c) ( ) de controle de estoques, fluxos de vendas, logística da empresa. d) ( ) Kanban, fluxos de vendas, cadeia de vendas. 113 TÓPICO 2 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O Tópico 2 tem o objetivo de mostrar que a administração de materiais é muito importante para a gestão dos resultados da empresa, pois envolve o controle dos estoques. E são os estoques das empresas que geram a riqueza em uma organização, que está fundamentada nas vendas e na geração dos respectivos lucros. 2 ESTRATÉGIAS PARA ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES Os estoques são constituídos de bens tangíveis ou intangíveis e podem ser adquiridos ou produzidos pela empresa com objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades. Eles representam um dos ativos mais importantes do capital circulante no Balanço Patrimonial e da posição financeira de uma empresa. Para uma apuração adequada do lucro líquido do exercício, é essencial a correta posição da quantidade de estoque no início e fim do período contábil. Por ser um setor ou departamento intimamente ligado às principais áreas de operação da empresa, envolve aspectos da administração, controle, contabilização e, principalmente, de avaliação. A preocupação que os gestores precisam ter em relação aos estoques da empresa está pautada em saber o momento certo para aquisição das mercadorias, o volume mínimo necessário das quantidades de mercadorias, para evitar estoques em demasia e o nível de segurança dos estoques mínimos que a empresa precisa manter para atender a demanda da produção. Além disso, o montante de capital investido em estoque também faz parte das preocupações do gestor da empresa. Mas o valor do capital investido deve ser confrontado com o chamado giro de estoques. A este respeito, Ballou (2011, p. 204) diz que: A armazenagem de mercadorias, prevendo seu uso futuro, exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 114 IMPORTANT E O giro de estoque corresponde ao número de vezes em que o estoque está sendo consumido na sua totalidade em determinado período (geralmente de um ano). Acompanhe um exemplo de cálculo de giro de estoques: Tomemos um determinado produto que tenha realizado vendas anuais na ordem de R$ 1.000.000,00 com um investimento médio em estoque no valor de R$ 100.000,00. Isso representa um giro médio de investimentos em 10 vezes durante um ano, o que significa que o estoque foi reposto 10 vezes durante esse período. Segundo Bertaglia (2009, p. 334), a fórmula para o cálculo do giro do estoque é: ou estoque médio (unidades) Giro de estoque = vendas anuais (unidades) estoque médio ($) Giro de estoque = vendas anuais ($) Nesta situação, as vendas anuais têm relação com o valor ou quantidade vendida durante o período de um ano, e o estoque médio está relacionado à quantidade média ou valor médio dos recursos que foram mantidos em estoque. 2.1 CONCEITOS E TÉCNICAS PARA CONTROLE DE ESTOQUES As técnicas para controle de estoque devem atender situações como necessidades de produção e estratégias de marketing da empresa, pois em muitos casos as empresas têm um alto volume de investimentos em estoque, mas dependem das políticas de marketing para o seu giro. Vamos observar a tabela que segue, onde constam os percentuais de investimentos em estoque de algumas empresas conceituadas. TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 115 TABELA 3 – DADOS SELECIONADOS DE ALGUMAS EMPRESAS FABRICANTES E COMERCIAIS DE PRODUTOS INDUSTRIAIS E DE CONSUMO ($ milhões) Empresa Vendas Lucro líquido Ativos totais Invest. em estoques % de estoque Johnson & Johnson 13.753 1.030 11.884 1.742 14,70 RJR-Nabisco 15.734 319 32.041 2.776 8,70 Dow Chemical 18.971 276 25.360 2.692 10,60 Bergen Brunswig 5.048 61 1.412 548 38,80 Fleming Companies 12.938 113 3.118 959 30,80 Ace Hardware 1.871 61 595 213 35,80 Kmart 37.724 941 18.931 8.752 46,20 JC Penney 18.009 777 13.563 3.258 24,00 Dillards 4.714 236 4.107 1.106 26,90 FONTE: Bowersox e Closs (2010, p. 224) Podemos observar que algumas empresas, como a Johnson & Johnson e a Nabisco, possuem um percentual de investimentos em estoque relativamente baixo, o que denota que seus ramos de atuação possivelmente proporcionam um giro mais rápido dos estoques. As demaisempresas possuem elevados percentuais de investimentos em estoque, e a maioria está na ordem de 30% a 40% em relação aos seus ativos totais. Isso demonstra que possivelmente estas empresas têm um lead time maior e, assim, o tempo de processamento e de giro destes estoques também é grande. Talvez um bom trabalho em marketing possa contribuir para que estes estoques tenham um giro mais rápido e assim as empresas possam reduzir o volume de recursos investidos nesta área. Chopra e Meindl (2003, p. 226, grifo dos autores) a este respeito enfatizam que: O nível de disponibilidade do produto é medido usando-se o nível de serviço por ciclo ou o grau de atendimento. O nível de disponibilidade do produto mede a fração de demanda do cliente que é satisfeita com o estoque disponível. O nível de disponibilidade do produto é também denominado nível de serviço ao cliente. O nível de disponibilidade do produto é parte importante da responsividade de qualquer cadeia de suprimento. A cadeia de suprimento pode adotar um alto nível de disponibilidade do produto para melhorar sua responsividade e atrair consumidores. Isso aumenta as receitas da cadeia de suprimentos devido ao crescimento nas vendas e à garantia de disponibilidade do produto quando os clientes aparecem para efetuar uma compra. Entretanto, o alto nível de disponibilidade do produto exige grandes estoques e grandes estoques costumam elevar os custos da cadeia de suprimentos. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 116 Observa-se então que uma boa ferramenta para controle de estoques e uma contribuição para a minimização dos custos da cadeia de suprimentos está no uso do cálculo do ponto de ressuprimento. 2.2 PLANEJAMENTO DO INVENTÁRIO Uma das características mais importantes da logística de suprimentos é o planejamento do inventário dos estoques. Como é um recurso que demanda elevados valores de investimentos e é o principal item gerador das riquezas da empresa, nada mais importante que tomar certos cuidados na gestão destes recursos. Mas, como gerir estes recursos? Uma das formas utilizadas na gestão é a identificação da quantidade a ser adquirida e a definição adequada da época para que ocorram estas aquisições. 2.2.1 Quando pedir a reposição do estoque Várias empresas sofrem com diversos fatores externos a ela e que condicionam a sua existência no mercado. Entre alguns fatores, citam-se o marketing e as políticas do governo. Por exemplo, existem incentivos a determinados segmentos industriais, como o automobilístico e o de produtos eletrodomésticos, que estão relacionados à redução da carga tributária. Como o mercado consumidor é impulsionado pela oferta de produtos com preços reduzidos, a tendência é que estes segmentos da economia tendem a aquecer o mercado, e a busca desenfreada por estes produtos a partir do mercado consumidor acelera o sistema de produção das empresas industriais. Sobre a reposição do estoque, vamos buscar em Ballou (2011, p. 344-345) a sua contribuição a respeito: A programação just in time (JIT) é uma filosofia operacional que representa alternativa ao uso de estoques para que se possa cumprir a meta de disponibilizar os produtos certos, no lugar certo e no tempo certo. É uma maneira de gerenciar o canal de suprimentos de materiais popularizada a partir da experiência dos japoneses, que a desenvolveram com base nas circunstâncias econômicas e logísticas diferenciadas em seu país nos últimos 40 anos. [...] Suas características principais: • relações privilegiadas com poucos fornecedores e transportadores; • informação compartilhada entre compradores e fornecedores; • produção/compra e transporte de mercadorias em pequenas quantidades são frequentes e se traduzem em níveis mínimos de estoques; • eliminação das incertezas sempre que possível ao longo do canal de suprimentos; • metas de alta qualidade. TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 117 De acordo com Ballou, as metas de alta qualidade estão relacionadas à implantação do JIT. Com a redução dos níveis de estoque devido às parcerias clientes/fornecedor, é possível otimizar a movimentação interna de mercadorias. Com o método just in time (JIT), as empresas necessitam fortemente manter parcerias com os seus fornecedores, e estes geralmente devem estar próximos aos fabricantes dos produtos. Há características positivas quanto a isto, já que reforça o compromisso de parceria entre elas, mas há risco de algum desses fornecedores ir à falência e, assim, romper a parceria. É interessante que estas empresas aproximem as suas relações operacionais e financeiras para evitar uma possível ruptura entre elas. No que tange ao ponto de ressuprimento, o mesmo é muito bem aceito quando há aquecimento do mercado, pois, com o mercado consumidor em alta, as empresas necessitam agilizar os seus processos industriais. Com esse aquecimento do mercado, os níveis de abastecimento de matéria-prima se tornam mais rápidos, e as empresas necessitam determinar o momento de realizar as compras dos seus estoques. Conforme Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 247), […] o ponto de reabastecimento define quando um embarque de reposição deve ser iniciado. O ponto de reposição pode ser especificado em termos de unidades ou de dias de suprimentos. Essa discussão concentra-se na determinação dos pontos de reposição sob condições de certeza de demanda e do ciclo de desempenho. Isso nos remete ao entendimento de que devemos identificar o ciclo de produção com a demanda em unidades necessárias para atender esse ciclo. É em circunstâncias de mercado aquecido que esse ciclo se torna mais rápido, e é necessário que os gestores da cadeia de suprimentos fiquem atentos para evitar estoques em demasia. Para isso buscamos em Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 247) a seguinte fórmula do ponto de reposição: R = D x T Onde R = Ponto de reposição em unidades D = Demanda média diária em unidades T = Duração média do ciclo de desempenho em dias UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 118 Agora vamos ilustrar na prática a resolução desta fórmula. Imaginemos uma demanda de 40 unidades ao dia com um ciclo de desempenho de 10 dias. Qual é a quantidade a ser pedida? R = D x T R = 40 unidades ao dia x 10 dias R = 400 unidades em 10 dias Assim, podemos identificar que o tempo de reposição de estoques encontra- se a cada 10 dias entre um pedido e outro, bem como o estoque de reposição estará com 400 unidades para atender a demanda produtiva até que o produto seja entregue. 2.2.2 Quanto pedir na reposição do estoque O outro ponto a ser planejado pelo gestor de suprimentos da empresa está em identificar as quantidades necessárias para atender a sua demanda produtiva. Situações de cadeia de abastecimento com lead times maiores dependem de um volume bem maior de reposição em quantidades, e empresas com lead times menores irão depender de menores quantidades de reposição dos seus estoques. Além de definir a época para reposição de estoque, é necessário identificar também a quantidade a ser adquirida e, nesse caso, é necessário observar algumas situações importantes. O tamanho do lote equilibra o custo de manutenção de inventários com o custo dos pedidos. A chave para entender essa relação é lembrar que o inventário médio é igual à metade da quantidade do pedido. Portanto, quanto maior a quantidade do pedido, maior o inventário médio e, consequentemente, maior o custo anual de manutenção. Porém, quanto maior a quantidade do pedido, menos pedidos serão feitos por período de planejamento e, consequentemente, mais baixo será o custo total. Fórmulas para a quantidade de lotes identificam as quantidades precisas, cujo custo total anual combinado dos custos de pedido e de manutenção de inventário é o mais baixo para um determinado volume de vendas. (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2006, p. 247). Para entendermos o raciocínio dos autores, vamos buscar a ferramenta do Lote Econômico de Compra (LEC), que permite identificar a quantidade quesupostamente atende a demanda onde os custos sejam relativamente estáveis durante um determinado período. Este modelo tem por incumbência apurar o menor custo combinado entre o pedido e a manutenção dos inventários da empresa. Matematicamente, esta relação de quantidades é apurada com uma fórmula padrão para o LEC, apresentada por Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 248), conforme a seguir. TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 119 LEC = 2CoD CiU√ LEC = Lote Econômico de Compra Co = Custo por pedido Ci = Custo anual de manutenção do inventário D = Volume anual de vendas, unidades U = Custo por unidade Vamos aplicar esta fórmula em um exemplo prático, onde o custo por pedido é R$ 19,00, o volume de vendas anual é 2.400 unidades, o custo anual de manutenção do inventário é estimado em R$ 0,20 e o custo de cada unidade das peças de reposição é de R$ 5,00. LEC = 91.200√ LEC = 2x19x2400 0,20x5√ LEC = 302 unidades Para entendermos este resultado, Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 248) esclarecem que: Para se beneficiarem do sistema de compras mais econômico, os pedidos de quantidade devem ser de 302 unidades em vez de 100, 200 ou 600. Dessa forma, oito pedidos seriam feitos durante o ano e o inventário básico médio seria de 150 unidades. Mas esta ferramenta possui algumas limitações e peculiaridades que devem ser observadas e, para isso, Bowersox, Closs e Cooper (2006, p. 248) afirmam: Ao mesmo tempo em que o modelo do LEC determina a quantidade de reposição ideal, ele impõe algumas condições um tanto rígidas. As principais condições impostas pelo modelo simples do LEC são: 1) que toda a demanda seja atendida; 2) que a taxa de demanda seja contínua, invariável e conhecida; 3) que o tempo do ciclo de desempenho da reposição seja invariável e conhecido; 4) que o preço do produto seja invariável, independentemente da quantidade do pedido ou do tempo; 5) que o horizonte de planejamento seja infinito; 6) que não haja interação entre os múltiplos itens do inventário; 7) que não haja nenhum inventário em trânsito; e 8) que a disponibilidade de capital seja ilimitada. UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 120 Embora o cálculo do ponto de ressuprimento seja importante para que o administrador do estoque (cadeia de suprimentos) possa identificar as necessidades ideais para reposição dos produtos na empresa, as limitações que são impostas são matemáticas. De acordo com a citação anterior, a demanda do estoque deve ser linear com investimento ilimitado e não pode ocorrer nenhum tipo de interferência do mercado, pois a fórmula estudada anteriormente não permite calcular certas variáveis que o mercado nos coloca. 2.3 CUSTO DE MANUTENÇÃO DO ESTOQUE Assim como todas as operações da empresa que possuem custos relacionados à sua manutenção e visam sua permanência no mercado, outros custos são preponderantes e essenciais para promover a perenidade da empresa. A manutenção do estoque também tem um custo a ser analisado pelos gestores logísticos, com especial observação para alguns itens importantes, de acordo com Bowersox e Closs (2010, p. 232-233): a) Custo de capital. O aspecto mais controverso do custo de manutenção de estoque é a determinação da taxa de custo mais apropriada a ser aplicada ao capital investido. A experiência de muitas empresas mostra que os valores variam entre a taxa de juros básica (prime rate) e 25%. O motivo para usar a taxa de juros básica, ou outra taxa praticada no mercado financeiro, é que ela seria uma taxa de oportunidade com que o mercado estaria disposto a remunerar o capital se este não estivesse investido em estoque. Quando são usadas taxas mais altas, estas são aquelas aplicadas no retorno do investimento de todo o capital da empresa. Recursos investidos em estoque perdem seu poder de gerar lucro, restringem a disponibilidade de capital e limitam outros investimentos. b) Impostos. Nos Estados Unidos, algumas regiões tributam estoque como propriedade enquanto está armazenado em instalações de distribuição. A alíquota de imposto e a base de cálculo geralmente diferem de região para região. Normalmente, o imposto é calculado sobre o volume de estoque em determinado dia do ano ou sobre o estoque médio de determinado período. Algumas regiões não tributam estoque. c) Seguro. Normalmente, o custo do seguro é calculado com base em estimativa de risco ou exposição a risco, em determinado período. Risco e exposição dependem da natureza dos produtos e das instalações de armazenagem. Produtos de grande valor, facilmente sujeitos a roubo, e produtos perigosos, como combustíveis, têm custos de seguro mais elevados. O custo de seguro também depende de características preventivas nas instalações, como câmaras de segurança e sistemas automáticos de extinção de incêndio. TÓPICO 2 | ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 121 d) Obsolescência. É a perda de utilidade de um produto armazenado que não está coberto por seguro. Os cálculos desse custo são baseados na experiência passada relativamente a quantidades de produtos que devem ter seus preços rebaixados e quantidades que devem ser descartadas. O conceito de obsolescência também pode ser ampliado para incluir produtos que se tornam obsoletos pelo modelo. O custo de obsolescência deve ser tratado com cautela e deve ser limitado à perda direta relativa à armazenagem de estoque. e) Armazenagem. O custo de armazenagem refere-se ao custo de permanência incorrido com as instalações, sem considerar o custo de manuseio dos produtos. Esse custo deve ser atribuído especificamente aos produtos, pois não tem relação direta com o valor do estoque. Dependendo do tipo de depósito usado (público ou próprio, por exemplo), o custo total de armazenagem pode ser direto ou pode necessitar de apropriação. Percebe-se que o custo de capital na manutenção dos estoques é tão fundamental quanto o próprio valor do seu custo de reposição, pois o custo de capital envolve taxas de captações de recursos financeiros do mercado. Os recursos financeiros do mercado geralmente são remunerados por taxas de juros. Devemos entender que quanto mais a empresa investe em estoques físicos, menos recursos financeiros ela terá e, em casos de necessidade de recursos financeiros para outros investimentos, a empresa acabará optando por captações no mercado financeiro. Por exemplo, se a empresa disponibiliza o valor de R$ 1.000.000,00 em estoque, então ela não tem esse valor no seu caixa. Em caso de necessidade de captação de recursos no mercado financeiro, a uma taxa de 6% ao ano, significa que ela teve uma perda de oportunidade em R$ 60.000,00, o que deve ser considerado como custo de estoque. Não é comum ocorrer no Brasil, porém é importante conhecer os aspectos da tributação dos impostos nos estoques, prática esta realizada nos Estados Unidos. Em certas regiões da América, enquanto os estoques estiverem armazenados e não estiverem em circulação, ou seja, não estão gerando recursos para a empresa e, por consequência, não estão gerando empregos e renda, o governo tributa em um determinado percentual (embora isso não ocorra em alguns estados norte- americanos). Caso isso ocorra naquele país e alguma empresa brasileira estiver importando alguma mercadoria, esta também sofrerá com esses custos adicionais. O seguro sobre os estoques também tem fundamental importância no cálculo do seu custo de estocagem, pois fatores como incêndio, roubo, ações de natureza climática podem gerar grande influência nos resultados de uma empresa, caso esta não tiver o seu estoque devidamente assegurado. Na ocorrência de algum tipo de sinistro, a empresa que não tiver os seus estoques segurados incorrerá em sérios problemas, tanto na manutenção do próprio estoque como no resultado econômico e financeiro, pois a perda do valor de estoque decorrente UNIDADE 2 | GESTÃO DA LOGÍSTICA 122 do não ressarcimento de uma indenização reduzirá significativamente o seu lucro. E no caso de a empresa conseguir o ressarcimento do
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