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Relatório individual de Tutoria - TURMA A Camila Arimatéa Anunciação Dias MÓDULO 1 - PROBLEMA 2 OBJETIVOS: O1: Debater os determinantes socioculturais e a prática do alojamento conjunto; O2: Compreender a importância e os tipos de aleitamento materno (inclusive características do leite, fisiologia da lactação) ; O3: Identificar a importância da alimentação complementar para crianças menores de 2 anos destacando os 10 passos para uma alimentação saudável e os problemas nutricionais mais prevalentes na infância; O4: Conhecer as etapas do crescimento e desenvolvimento. DESENVOLVIMENTO DOS OBJETIVOS DO1: Debater os determinantes socioculturais e a prática do alojamento conjunto. (link) ALOJAMENTO CONJUNTO Sempre que as condições a mãe e do recém-nascido permitirem, o primeiro contato pele-a-pele deve ser feito na sala de parto. Após os procedimentos de sala de parto, estando o bebê em condições, deverão mãe e filho seguir para um local que permita a eles ficarem juntos 24 horas por dia até a alta hospitalar. Este é o sistema de alojamento conjunto. Vantagens do alojamento conjunto: ● Convivência contínua ● Maior envolvimento dos pais ● Promoção do vínculo afetivo e do aleitamento materno ● Oportunidade para as mães aprenderem noções básicas dos cuidados com o RN (orientação da equipe de saúde) ● Tranquilidade para as mães por estarem sempre com o filho ● Troca de experiências com outras mães ● Diminuição de risco de infecção hospitalar Indicação do alojamento conjunto: ● Rn com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico ● Em geral, com peso acima de 2000g, mais de 35 semanas de gestação e Apgar maior que 6 no quinto minuto ● É recomendável que o binômio mãe-bebê permaneça no alojamento conjunto por, no mínimo, 36 horas http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/neonatologia/alojamento_conjunto_atu.pdf ● O atendimento do alojamento conjunto deve ser feito na presença da mãe. ● As boas práticas no alojamento conjunto incluem: acolhimento, aconselhamento e orientações. Orientações de Alta hospitalar: ● Orientar a amamentação exclusiva sob livre demanda. ● Manutenção da limpeza do coto umbilical com álcool 70%, após banho e troca de fraldas, até sua queda. ● Recomendações sobre cuidados gerais: posição supina para o RN dormir, cuidados no banho, exposição ao sol. ● Comprovante de vacinação contra hepatite B na caderneta de vacinas do bebê. ● Encaminhar a uma unidade mais próxima da residência materna para a administração da vacina BCG, coleta da triagem matabólica neonatal (“teste do pezinho”), a partir do terceiro dia de vida, e acompanhamento de puericultura. ● Entrega da declaração de nascido vivo (DNV) à família ● Resumo de alta, caso o recém-nascido tenha apresentado algum problema durante a permanência na maternidade. Encaminhamento para atendimentos especializados, se necessário. DO2: Compreender a importância e os tipos de aleitamento materno (inclusive características do leite, fisiologia da lactação). Para compreender a importância do aleitamento materno, é preciso primeiro conhecer a fisiologia da lactação, que inclui o estudo sobre composição, função e produção do leite materno. A fisiologia da lactação se relaciona intimamente com a esfera neuroendócrina e pode ser dividida, fundamentalmente, em três processos: 1. Mamogênese, o desenvolvimento da glândula mamária 2. Lactogênese, o início da lactação 3. Lactopoese, a manutenção da lactação. Desenvolvendo esses tópicos, temos: 1. Mamogênese, o desenvolvimento da glândula mamária ▶ Anatomia. A unidade morfofuncional das mamas é o ácino mamário, forrado por camada única de células epiteliais secretoras de leite (figura a seguir). Cada ácino está envolvido por células mioepiteliais e rede capilar encorpada. Células contráteis musculares abraçam os canais intralobulares que se relacionam com o lúmen dos ácinos e alcançam o mamilo pelos canais galactóforos. O desenvolvimento da glândula mamária inicia-se com a puberdade e termina com o climatério ou com a castração. Na gravidez, o crescimento é acelerado. Na Figura abaixo são apresentados os efeitos dos diversos hormônios sobre a mamogênese. ▶ Esteroides sexuais. As mamas começam a se desenvolver na puberdade com o estímulo do estrogênio dos ciclos sexuais mensais da mulher adulta (menacma). A mamogênese é possível a partir de uma constelação hormonal em que participam: os estrogênios, progesterona, prolactina, hormona lactogénica placentar (HLP), hormonio de crescimento, hormônios da tiroide, insulina e cortisol. São esses hormônios que tornam possível o crescimento do estroma e a diferenciação do sistema de ductos, assim como a deposição de gordura. O estrogênio estimula o crescimento da glândula mamária e a deposição de gordura para dar massa às mamas. Durante a gravidez as mamas têm um crescimento ainda maior em função dos altos níveis de estrogênio. ▶ Complexo lactogênico. A diferenciação completa do tecido funcional da mama requer, além dos esteroides sexuais, a participação de diversos outros hormônios que constituem o complexo lactogênico: prolactina (PRL), hormônio do crescimento humano, cortisol e, secundariamente, tireoxina e insulina. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732802/epub/OEBPS/Text/chapter16.html#fig16-2 ▶ Gestação. A mastogénese compreende o desenvolvimento da mama durante o período da gravidez. Nesta etapa há um aumento evidente da glândula mamária, devido a produção acentuada de estrogênios e progesterona (liberação estimulada pela placenta) apesar de só a partir do segundo trimestre da gravidez estar completamente desenvolvida e preparada para produzir leite. O estrogénio estimula o crescimento do sistema canalicular, o aumento do estroma e do tecido adiposo. Por sua vez, a progesterona estimula a diferenciação das estruturas alveolares e desenvolve as suas capacidades secretoras. A velocidade do crescimento mamário é promovida pelas hormonas: HLP, prolactina e a gonadotrofina coriónica. 2. Lactogênese, o início da lactação Ao quinto mês de gestação a mama está completamente desenvolvida, no entanto, a lactoejecção só começará após o parto sob efeito das hormonas prolactina e HLP responsáveis pela produção e secreção do leite. Durante os primeiros 2 dias do pós-parto, há poucas transformações nas mamas. É possível observar apenas secreção de colostro, substância amarelada já existente na gravidez, com grande concentração de proteínas, anticorpos e células tímicas, que ajudam a imunizar o bebê contra infecções, particularmente gastrintestinais. Por volta do 3o dia de pós-parto, todavia, ocorre aumento na consistência das mamas, que se tornam pesadas, congestas e dolorosas, levando algumas pacientes a relatarem a sensação de parestesia (formigamento). Ocorre o processo de um afluxo volumoso de leite às mamas da mulher que amamenta, denominado apojadura. Este fenômeno indica a mudança na regulação hormonal da lactação, que deixa de ser endócrina e torna-se autócrina -> que atua de acordo com o número de mamadas, de uma boa pega, ou da correcta extracção de leite retirado manualmente. Este importante mecanismo é regulado pelo estímulo da sucção, que setransmite, pelas terminações sensitivas do mamilo e da aréola, desencadeando o reflexo neuroendócrino essencial à manutenção da lactação Constituição: O leite materno é constituído por proteínas, carboidratos, lipídios, sais minerais e vitaminas (ver Tabela abaixo). https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732802/epub/OEBPS/Text/chapter16.html#tab16-1 A lactogênese é considerada o início da produção láctea, que não ocorre na gravidez em função do efeito inibitório da progesterona, que impede a atuação da PRL nos seus receptores nas células mamárias. Após o parto, com o declínio acentuado dos esteroides ovarianos placentários, desaparecem os efeitos inibidores sobre os receptores de PRL, que se constitui como o principal hormônio da lactogênese. A produção láctea adequada pressupõe que a glândula mamária esteja plenamente desenvolvida, sendo relevante a contribuição de outros hormônios, como insulina, corticoide, tireoxina. Os mecanismos neuroendócrinos envolvidos na lactação são complexos. Progesterona, estrogênio e hormônio lactogênio placentário humano (hPL), assim como PRL, cortisol, tireoxina e insulina, agem em conjunto para estimular o crescimento e o desenvolvimento do sistema lácteo-secretor da glândula mamária. Após o parto, há queda abrupta e profunda dos níveis de progesterona e de estrogênio, o que remove a influência inibitória da progesterona na produção da α-lactalbumina pelo retículo endoplasmático, promovendo a ação da PRL. O aumento da α-lactalbumina estimula a secreção da lactose láctea. 3. Lactopoese, a manutenção da lactação Depois de iniciada, a lactação (lactogênese) é mantida (lactopoese) pela existência do reflexo neuroendócrino da sucção (ver Figura 16.2) do mamilo pelo lactente, que age no eixo hipotalâmico-hipofisário e culmina por determinar a liberação de PRL (aumento dos níveis de 6 a 9 vezes) e de ocitocina. A sucção por via medular inibe a dopamina hipotalâmica, aqui chamada PIF, promovendo, em última análise, a liberação da PRL. A PRL mantém a secreção láctea (proteínas, caseína, ácidos graxos, lactose), e a ocitocina age nas células mioepiteliais e musculares situadas, respectivamente, ao redor dos ácinos e ao redor dos canais intralobulares, determinando a contração deles com a consequente ejeção láctea. A solicitação repetida do mamilo, com o esvaziamento continuado dos ácinos, resulta em produção intensificada de leite. A intensidade e a duração da lactação são controladas, em parte, pelo estímulo repetitivo da amamentação. A PRL é essencial para a lactação. Embora, após o parto, a PRL plasmática caia a níveis inferiores aos da gravidez, cada ato de sucção do mamilo estimula a sua produção. Provavelmente o estímulo do mamilo refreia o PIF hipotalâmico, possibilitando o aumento da secreção de PRL. A neuro-hipófise também secreta ocitocina em pulsos. Isso estimula a ejeção do leite ao contrair as células mioepiteliais do alvéolo mamário. O leite é produzido no intervalo das mamadas e fica armazenado na glândula mamária. A síntese do leite é um processo lento e não poderia completar-se no decurso da amamentação, episódio fisiológico relativamente rápido. Na 1a semana pós-parto forma-se colostro, segue-se um leite de transição, por 2 a 3 semanas, para, finalmente, surgir o leite maduro, definitivo. Metade do conteúdo proteico elevado do colostro é composto de globulinas, que parecem idênticas às gamaglobulinas do plasma. Por esse meio, há proteção imunológica pós-natal, posto que anticorpos maternos assim veiculados são absorvidos no intestino sem digestão (presença de inibidor da tripsina). Os corpúsculos de Donné, compostos de leucócitos, histiócitos, linfócitos e células epiteliais descamados, são típicos do colostro. Lactopoese. A sucção do mamilo determina a inibição (setas vermelhas) da dopamina hipotalâmica, liberando a secreção da prolactina. PIF, fator inibidor da prolactina. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732802/epub/OEBPS/Text/chapter16.html#fig16-2 Mais características e funções do leite materno: A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido -> favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e Escherichia coli. Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente destruídos pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5o C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. Visto isso, é possível desenvolver melhor sobre a importância do aleitamento materno. OMS: A amamentação é importante à saúde do lactente sob o aspecto nutricional, imunológico, gastrintestinal, psicológico, do desenvolvimento e da interação entre mãe e filho. Recomendação: aleitamento materno exclusivo (AME) até o 6º mês de vida e a sua complementação até os 2 anos de idade ou mais, com a finalidade de prevenir a desnutrição precoce e reduzir a morbimortalidade infantil. Benefícios da amamentação: minimização de risco para desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes melito, câncer antes dos 15 anos de idade e sobrepeso/obesidade. O efeito protetor do leite materno contra o sobrepeso/obesidade é de crescente importância em virtude do problema da obesidade infantil em todas as regiões do mundo, em particular nos países desenvolvidos. Atenção: A lactação faz solicitações fisiológicas nutricionais expressivas à mãe. A quantidade adicional de nutrientes requeridos foi tratada no Capítulo 11. Nessa fase é importante considerar a possibilidade de diversos medicamentos, nicotina, álcool e outras substâncias a serem eliminados pela secreção láctea, o que pode prejudicar o recém-nascido. Doenças virais também podem ser transmitidas pelo leite materno, como síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e infecções causadas pelo vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1). A amamentação na primeira meia hora de vida intensifica a formação de laços afetivos entre mãe e filho, promove a colonização da pele do recém-nascido pelamicrobiota da mãe e promove o início do ato de amamentar, momento extremamente profícuo para a mãe e o recém-nascido. São inúmeras as vantagens da amamentação natural para a mãe e para o filho: ● O leite materno é altamente nutritivo e pode suprir todas as necessidades alimentares do recém-nascido durante os 4 a 6 primeiros meses de vida. De 6 a 12 meses, fornece 3/4 das proteínas necessárias para a criança e daí em diante permanece como valioso suplemento proteico à dieta infantil. Além desses elementos, o leite materno contém açúcar, gorduras, sais minerais e vitaminas. Com exceção das gorduras e das vitaminas, sua composição é relativamente independente da nutrição materna https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527732802/epub/OEBPS/Text/chapter11.html ● Devido à sua composição e, principalmente, ao seu conteúdo rico em substâncias imunológicas, o leite materno protege o recém-nascido contra infecções bacterianas do sistema digestório e infecções respiratórias ● O leite materno não é perecível e está isento de bactérias, eventos triviais na amamentação artificial em áreas tropicais, onde a esterilização e a refrigeração dos alimentos são deficientes ou inexistentes ● O ato de amamentar estimula o crescimento adequado da boca e mandíbula do recém-nascido, o que promove uma adequação anatômica do sistema estomatognático e diminui em mais de 50% cada um dos indicadores de maloclusões dentárias (apinhamento, mordida cruzada posterior, mordida aberta, rotações dentárias, entre outros), que afetariam mais tarde a função dentofacial da criança ● A amamentação cria uma ligação especial entre a mãe e o recém-nascido, o que repercute positivamente na vida da criança em termos de estimulação, fala, sensação de bem-estar e segurança e no seu modo de se relacionar com outras pessoas ● A amamentação diminui o risco de asma e leucemia na infância, além de diminuir os riscos de doenças crônicas na vida adulta, como obesidade, dislipidemia, hipertensão e diabetes ● A amamentação natural é econômica e conveniente, desde que a mãe possa alimentar o filho quando queira, sem necessidade de preparo ● Ajuda a reduzir o risco de hemorragia pós-parto, é relativamente efetiva como método anticoncepcional (uma vez que as lactantes, enquanto amenorreicas, tendem a não conceber, em sua grande maioria) e, a longo prazo, reduz o risco de diabetes tipo 2 e câncer de mama, útero e ovários. Além disso, é muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela OMS e reconhecidas no mundo inteiro (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007a). Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em: ● Aleitamento materno exclusivo (AME): a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. ● Aleitamento materno predominante: a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. ● Aleitamento materno: a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. ● Aleitamento materno complementado: a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar. ● Aleitamento materno misto ou parcial: a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. É importante conhecer as restrições do aleitamento materno: São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do leite materno. Nas seguintes situações o aleitamento materno não deve ser recomendado: ● Mães infectadas pelo HIV; ● Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2; ● Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são considerados contra-indicados absolutos ou relativos ao aleitamento materno, como por exemplo, os antineoplásicos e radiofármacos. Como essas informações sofrem frequentes atualizações, recomenda-se que previamente à prescrição de medicações a nutrizes o profissional de saúde consulte o manual “Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias” (BRASIL, 2010b); ● Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose. Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação: ● Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia; ● Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz), disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIES) (BRASIL, 2006), que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais precocemente possível; ● Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente; ● Consumo de drogas e abuso de álcool Nas seguintes condições maternas, o aleitamento materno não deve ser contraindicado: ● Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (duas primeiras semanas após início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Nesse caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia por três meses. Após esse período, deve-se fazer teste tuberculínico (PPD): se reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente em relação ao acometimento pulmonar; se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada; em caso contrário, deve-se manter isoniazida por mais três meses; e, se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a medicação, e a criança deve receber a vacina BCG; ● Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança com a mãe sem tratamento, e considerando que a primeira dose de rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar tratamento da mãe; ● Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno; ● Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a transmissão da doença; ● Dengue: não há contraindicação da amamentação em mães que contraem dengue, pois há no leite materno um fator antidengue que protege a criança; ● Consumo de cigarros: acredita-se que os benefícios do leite materno para acriança superem os possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não é uma contraindicação à amamentação. O profissional de saúde deve realizar abordagem cognitiva comportamental básica, que dura em média de três a cinco minutos e que consiste em perguntar, avaliar, aconselhar, preparar e acompanhar a mãe fumante (BRASIL, 2010b). No aconselhamento, o profissional deve alertar sobre os possíveis efeitos deletérios do cigarro para o desenvolvimento da criança, e a eventual diminuição da produção e da ejeção do leite. Para minimizar os efeitos do cigarro para a criança, as mulheres que não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzirem o máximo possível o número de cigarros (se não possível a cessação do tabagismo, procurar fumar após as mamadas) e a não fumarem no ambiente em que a criança se encontra; ● Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se desestimular as mulheres que estão amamentando a ingerirem álcool. A ingestão de doses iguais ou maiores que 0,3g/kg de peso pode reduzir a produção láctea. O álcool pode modificar o odor e o sabor do leite materno levando a recusa do mesmo pelo lactente. Quanto às técnicas de amamentação: Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal. O ciclo de movimentos mandibulares (para baixo, para a frente, para cima e para trás) promove o crescimento harmônico da face do bebê. A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também para não machucar os mamilos. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se denomina de “má pega”. A má pega dificulta o esvaziamento da mama, podendo levar a uma diminuição da produção do leite. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada não ganha o peso esperado apesar de permanecer longo tempo no peito. Isso ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais calórico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca quatro pontos-chave que caracterizam o posicionamento e pega adequados: ● Pontos-chave do posicionamento adequado 1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; 2. Corpo do bebê próximo ao da mãe; 3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); 4. Bebê bem apoiado. ● Pontos-chave da pega adequada 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê; 2. Boca bem aberta; 3. Lábio inferior virado para fora; 4. Queixo tocando a mama. Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação: - Bochechas do bebê encovadas a cada sucção; - Ruídos da língua; - Mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada; DO3: Identificar a importância da alimentação complementar para crianças menores de 2 anos destacando os 10 passos para uma alimentação saudável e os problemas nutricionais mais prevalentes na infância. A definição do período adequado para iniciar a introdução dos alimentos deve levar em consideração a maturidade fisiológica e neuromuscular da criança e as necessidades nutricionais: ● Até os quartos meses de idade, a criança ainda não atingiu o desenvolvimento fisiológico necessário para que possa receber alimentos sólidos. Apesar de o reflexo de protrusão estar desaparecendo, a criança ainda não senta sem apoio e não obtém o controle neuromuscular da cabeça e do pescoço para mostrar desinteresse ou saciedade, afastando a cabeça ou jogando-a para trás. Portanto, em função dessas limitações funcionais, nessa fase ela está preparada para receber basicamente refeição líquida, preferencialmente pastosa melhoram sensivelmente não só em função do desaparecimento do reflexo de protrusão da língua, como também pela maturação as funções gastrointestinal e renal e também do desenvolvimento neuromuscular. ● Por volta dos seis meses de vida, o grau de tolerância gastrointestinal e a capacidade de absorção de nutrientes atingem um nível satisfatório e, por sua vez, a criança vai se adaptando física e fisiologicamente para uma alimentação variada quanto a consistência e textura. ● Na idade de 6 a 12 meses o leite materno pode contribuir com aproximadamente metade da energia requerida nessa faixa de 1/3 da energia necessária no período de 12 a 24 meses. Assim, o leite materno continua sendo uma importante fonte de nutrientes após os 6 meses de idade, além dos fatores de proteção que fazem parte de sua composição. O leite materno é uma importante fonte de energia e nutrientes para crianças doentes e reduz o risco de mortalidade em crianças mal nutridas. Os dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos é um Manuel técnico para subsidiar os profissionais de saúde a promover praticas alimentares saudáveis para a criança pequena. Problemas nutricionais mais prevalêntes na infância: Em todo o mundo cerca de 30% das crianças menores de cinco anos apresentam baixo peso, como consequência da má alimentação e repetidas infecções. As situações mais comuns relacionadas à alimentação complementar oferecida de forma inadequada são: ● anemia. A anemia por deficiência de ferro, em termos de magnitude, é na atualidade um dos principais problemas de saúde pública do mundo. ● deficiência de vitamina A. A vitamina A desempenha papel fundamental na visão, no crescimento e desenvolvimento ósseo, no processo imunológico e sua fortificação ou suplementação está dentro do rol de intervenções, juntamente com o apoio ao aleitamento materno, com o maior potencial para reduzir a carga de morbidade e mortalidade infantil. ● outras deficiências de micronutrientes, ● excesso de peso. A obesidade infantil pode gerar consequências no curto e longo prazo e é importante preditivo da obesidade na vida adulta. ● desnutrição. A desnutrição pode ocorrer precocemente na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do aleitamentomaterno exclusivo e alimentação complementar inadequada nos primeiros dois anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas diarreicas e respiratórias (BRASIL, 2005). A desnutrição possui múltiplos determinantes e as condições sociais da família são determinantes importantes dessa condição. O déficit estatural é melhor que o ponderal como indicador de influências ambientais negativas sobre a saúde da criança, sendo o indicador mais sensível de má nutrição nos países. A baixa estatura é mais frequente nas áreas de piores condições socioeconômicas. DO4: Conhecer as etapas do crescimento e desenvolvimento. É válido primeiro destacar o porquê do monitoramento do crescimento da criança, qual sua importância. O crescimento é um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do tamanho corporal. Constitui um dos indicadores de saúde da criança. A vigilância nutricional e o monitoramento do crescimento objetivam promover e proteger a saúde da criança e, quando necessário, por meio de diagnóstico e tratamento precoce para sub ou sobrealimentação (ARAUJO et al., 2008), evitar que desvios do crescimento possam comprometer sua saúde atual e sua qualidade de vida futura (AERTS; GIUGLIANI, 2004) [D]. O melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do peso, da estatura e do IMC da criança na Caderneta de Saúde da Criança A Caderneta de Saúde da Criança utiliza como parâmetros para avaliação do crescimento de crianças (menores de 10 anos) os seguintes gráficos: ● perímetro cefálico (de zero a 2 anos), ● peso para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), ● comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), ● índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). O acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção básica objetiva sua promoção, proteção e a detecção precoce de alterações passíveis de modificação que possam repercutir em sua vida futura. Isso ocorre principalmente por meio de ações educativas e de acompanhamento integral da saúde da criança. Aspectos do desenvolvimento das crianças menores de 10 anos: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvi mento.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_c ab23.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf
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