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– Aleitamento Materno Diz-se que uma criança está em AM (Aleitamento Materno) quando ela recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. O padrão de AM pode ser assim classificado: • AM exclusivo (AME): quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos; • AM predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões) e sucos de frutas; • AM complementado: quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos complementares, definidos como qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementar o leite materno. O termo “suplemento” tem sido utilizado para água, chás e/ou leite de outras espécies; • AM misto ou parcial: quando a criança recebe, além do leite materno, outros tipos de leite. A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam AM por 2 anos ou mais, sendo de forma exclusiva nos primeiros 6 meses. Além de aparentemente ser o comportamento esperado para a espécie humana, a amamentação por 2 anos ou mais pode ser vantajosa em razão do valor nutritivo do leite materno e da proteção contra doenças infecciosas, que se mantém enquanto a criança for amamentada, independentemente da idade. Com relação à duração do AME, existem evidências de que não há vantagens em oferecer alimentos complementares a crianças menores de 6 meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, como maior chance de adoecer por infecção intestinal e hospitalização por doença respiratória. Além disso, a introdução precoce dos alimentos complementares diminui a duração do AM, interfere na absorção de nutrientes importantes nele existentes, como o ferro e o zinco, e reduz a eficácia da lactação na prevenção de novas gestações. Os efeitos do AM sobre a saúde da criança e da mulher que amamenta, apresentados a seguir, comprovam a superioridade da amamentação sobre outras formas de alimentar a criança pequena: • redução da mortalidade infantil: estima-se que o AM pode reduzir em 13% a mortalidade em crianças menores de 5 anos por causas preveníveis. Nenhuma outra estratégia alcança o impacto da amamentação na redução das mortes de crianças dessa faixa etária. A amamentação na primeira hora de vida tem sido associada à redução da mortalidade neonatal; • redução da incidência e gravidade da diarreia: há fortes evidências epidemiológicas de que a amamentação confere proteção contra diarreia, sobretudo em crianças de baixo nível socioeconômico de países de baixa renda. É importante salientar que essa proteção diminui quando o AM deixa de ser exclusivo; • redução da morbidade por infecção respiratória: a proteção da amamentação contra infecções respiratórias e otite média foi demonstrada em vários estudos; • redução de alergias: há evidências de que o risco de dermatite atópica em crianças com história familiar de atopia, nascidas a termo e amamentadas exclusivamente por pelo menos meses, é menor quando – comparadas com crianças amamentadas por menos tempo, assim como é menor a chance de desenvolver asma em crianças sem história familiar de asma, quando comparadas com crianças não amamentadas. A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso, é muito importante evitar o uso desnecessário de fórmulas infantis nas maternidades; • redução de doenças crônicas: há relatos bem consistentes da associação entre AM e menor chance de desenvolver obesidade e diabete tipo 2, pressões sistólica e diastólica mais baixas e níveis menores de colesterol total; • melhor nutrição: por ser próprio da espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. Atualmente, o crescimento da criança amamentada é a referência utilizada nas curvas de crescimento da OMS; • melhor desenvolvimento cognitivo e inteligência: a maioria dos estudos publicados sobre AM e desenvolvimento cognitivo conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto, quando comparadas com as não amamentadas ou amamentadas por um período inferior. Essa vantagem foi observada em diferentes faixas etárias, até mesmo em adultos; • melhor desenvolvimento da cavidade bucal: a interrupção precoce do exercício que a criança faz para retirar o leite do seio da mãe pode determinar ruptura do desenvolvimento motor-oral harmônico, prejudicando o alinhamento adequado dos dentes e as funções de mastigação, deglutição, respiração e fala; • proteção contra doenças na mulher que amamenta: há evidências de proteção do AM contra câncer de mama e de ovário, e o desenvolvimento de diabete tipo 2, além do efeito anticoncepcional; • economia: não amamentar tem implicações financeiras, podendo onerar uma família de modo substancial. Ao gasto com leites industrializados, devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas. Onera também o sistema público de saúde e as empresas/serviços públicos e privados, pelas faltas ao trabalho de mães e pais por doença da criança; • promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho: apesar de difícil comprovação, é praticamente consenso que a amamentação traz benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. É uma oportunidade ímpar de intimidade e afeto, gerando sentimentos de segurança e proteção na criança e de autoconfiança e realização como mãe na mulher. A técnica de amamentação, em especial o posicionamento da dupla mãe-bebê e a pega/sucção do bebê, são importantes para a retirada efetiva do leite pela criança e proteção dos mamilos. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, podendo resultar em “má pega”. Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração de leite, dificultando o esvaziamento da mama, com consequente diminuição da produção do leite e ganho de peso insuficiente do bebê, apesar de, muitas vezes, ele permanecer longo tempo no peito. – Muitas vezes, o bebê com pega inadequada é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais nutritivo e rico em gorduras. Além disso, a má pega favorece traumas mamilares. Estudos ultrassonográficos mostram que quando o bebê faz a pega correta, o mamilo fica posicionado na parte posterior do palato, protegido de fricção e compressão, prevenindo traumas mamilares. Durante as mamadas, é importante que mãe e bebê estejam em posição confortável, que não haja obstáculos para o bebê abocanhar tecido mamário suficiente (p.ex., dedos em forma de tesoura), retirar o leite efetivamente e deglutir e respira livremente. A mãe deve estar relaxada e segurar com firmeza o bebê completamente voltado para si. É importante enfatizar que quando a criança é amamentada em posição adequada e tem pega boa, a mãe não sente dor. Toda dupla mãe/bebê em AM deve ser avaliada por meio de observação completa de uma mamada. A OMS destaca quatro pontos-chave para posicionamento e quatro para pega, que caracterizam uma boa técnica. Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação: bochechas do bebê encovadas a cada sucção, ruídos da língua, mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada, mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama e dor durante a amamentação. A amamentaçãodeve ser iniciada tão logo quanto possível após o parto. A OMS e o MS recomendam contato pele a pele na primeira hora de vida, sempre que as condições de saúde da mãe e do bebê permitirem. A maioria dos bebês suga na primeira hora de vida, se lhe for dada oportunidade. A sucção precoce da mama reduz o risco de hemorragia pós-parto, ao liberar ocitocina, e de icterícia no recém-nascido, por aumentar a motilidade gastrointestinal. Os primeiros dias após o parto são cruciais para o sucesso da amamentação. É um período de intenso aprendizado para mãe, pai, bebê e demais membros da família. Nesse período, o pediatra não deve poupar esforços para garantir que as mães/bebês/pais/demais familiares sejam assistidos de acordo com as suas necessidades. Habitualmente, o recém-nascido mama com frequência, sem regularidade quanto a horários. É comum um bebê em AME sob livre demanda mamar de 8 a 12 vezes ao dia. Muitas mães, em especial as inseguras e com baixa autoestima, costumam interpretar esse comportamento como sinal de fome do bebê, leite fraco ou insuficiente, culminando, quando não assistidas adequadamente, com a introdução de suplementos. – O tamanho das mamas da mãe pode exercer alguma influência na frequência das mamadas. As mulheres com mamas maiores têm maior capacidade de armazenamento de leite e, por isso, podem ter mais flexibilidade com relação ao padrão de amamentação. Já as mulheres com mamas pequenas podem necessitar amamentar com mais frequência em virtude da sua pequena capacidade de armazenamento de leite. No entanto, o tamanho da mama não tem relação com a produção do leite. Toda criança experimenta períodos de aceleração do crescimento, o que se manifesta por um aumento da demanda por leite. Esse período, que dura de 2 a 3 dias, pode ser equivocadamente interpretado como incapacidade da mãe em produzir leite suficiente para o seu bebê, induzindo à suplementação com outros leites. Esses períodos podem ser antecipados, diminuindo a ansiedade das mães e preparando- as para uma maior demanda. Em geral, ocorrem três episódios de aceleração do crescimento antes dos 4 meses: o primeiro entre 10 e 14 dias de vida, outro entre 4 e 6 semanas e um terceiro em torno dos 3 meses. Bebês prematuros podem experimentar vários períodos de aceleração do crescimento nos primeiros meses. O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser preestabelecido, pois o tempo necessário para esvaziar uma mama varia entre os bebês e, em uma mesma criança, pode variar dependendo da fome, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros fatores. Independentemente do tempo necessário, é importante que a criança esvazie a mama, pois o leite do final da mamada – leite posterior – contém mais calorias e sacia a criança. Água, chás e, sobretudo, outros leites devem ser evitados, pois há evidências de que o seu uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil. A mamadeira, além de ser importante fonte de contaminação, pode ter efeito negativo sobre o AM, pois algumas crianças desenvolvem preferência por bicos de mamadeira, apresentando dificuldade para amamentar ao seio. Alguns autores atribuem esse comportamento à “confusão de bicos”. O uso de chupeta tem sido desaconselhado por diversas razões, entre as quais a possibilidade de interferir com o AM. Crianças que usam chupetas, em geral, são amamentadas menos frequentemente, o que pode prejudicar a produção de leite. Embora não haja dúvidas quanto à associação entre uso de chupeta e desmame precoce, ainda não está esclarecida a relação causa/efeito. É possível que o uso da chupeta seja um sinalizador de que a mãe está tendo dificuldades na amamentação ou de que tem menor disponibilidade para amamentar. Além de interferir com o AM, o uso de chupeta afeta negativamente a formação do palato. A comparação de crânios de pessoas que viveram antes do advento dos bicos de borracha com crânios mais modernos sugerem o impacto negativo dos bicos na formação da cavidade oral. A fluoração da água, a escovação dos dentes com cremes dentais (dentifrícios) fluoretados e o hábito alimentar saudável constituem as melhores medidas para prevenção de cárie e outros problemas bucais nas crianças (BRASIL, 2009b). Recomenda-se a higiene da cavidade bucal do bebê a partir da erupção do primeiro dente decíduo, com fralda de pano ou gaze limpa ou com uma escova de dente umedecida em água filtrada ou fervida, com a finalidade de se estabelecer desde cedo o hábito da higienização. Enquanto a criança possuir apenas os dentes anteriores, a higiene pode ser feita com fralda ou gaze. Entretanto, a partir do nascimento do primeiro dente posterior, que ocorre entre 12 e 18 meses, é indispensável realizar a higiene bucal – (dentes e dorso da língua) com uma escova dental de cabeça pequena, cabo longo e cerdas macias. Desde a erupção do primeiro dente e durante os 4 primeiros anos de vida orienta-se utilizar pouca quantidade de creme dental (dentifrício), não superior a um grão de arroz cru, por duas vezes ao dia, e deve-se ensinar a criança a não engolir a espuma do creme dental, já que o excesso pode provocar a fluorose (manchas esbranquiçadas que aparecem nos dentes por excesso de absorção de flúor). Dos quatro aos oito anos, a quantidade de creme dental em cada escovação pode ser um pouco maior: o equivalente a um grão de ervilha. Os pais e responsáveis devem higienizar a cavidade bucal da criança até que ela aprenda a escovar corretamente sozinha e saiba cuspir o creme dental. Mesmo depois que consigam escovar os dentes é importante que os pais ou responsáveis estejam juntos com a criança, ajudando-a na tarefa (BRASIL, 2006a). A limpeza dos dentes, antes de dormir, é a mais importante sob o ponto de vista de prevenção da cárie. Enquanto a criança ainda mamar, deve-se fazer a limpeza noturna dos dentes após a última mamada, mas se isso não for possível, pode ser feita a limpeza dos dentes antes dessa mamada. Vale ressaltar que só a criança só desenvolve cárie se consumir açúcar e que tanto a quantidade quanto a frequência de ingestão de açúcar estão associadas ao risco de cárie. Em caso de ser utilizado leite de vaca líquido ou em pó, chá, suco ou água, deve-se desestimular o acréscimo de açúcares. Igualmente importante é recomendar que, após uso de xaropes e outros medicamentos (que são adocicados), seja feita a higienização dos dentes, independentemente do horário. Além disso, deve ser desestimulado o consumo de alimentos açucarados, principalmente aqueles que contêm sacarose, como biscoitos e sucos industrializados, nos intervalos das refeições. IMPORTÂNCIA DOS DENTES DECÍDUOS: Os dentes decíduos guardam espaço e preparam o caminho para os dentes permanentes, servindo de guia para que estes se posicionem de forma correta. Dentes decíduos saudáveis proporcionam alimentação prazerosa, mastigação eficiente, sem desconforto, e fonação adequada. Além disso, dentes decíduos sadios são importantes para que a criança não se sinta diferente do restante do grupo de sua faixa etária e apresente algum problema emocional/social. O leite materno humano (LH) é o alimento mais adequado para qualquer recém-nascido (RN). Por sua composição nutricional balanceada e capacidade imunoprotetora, favorece a nutrição e a imunização do recém-nascido, além de motivar a construção e o fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e bebê. Os anticorpos presentes no LH são principalmente das classes de IgA e IgG, que são transferidos para o bebê através da amamentação e visam prevenir a translocação bacteriana, apoiando o trato gastrointestinal através do tecido linfoide associado ao trato gastrointestinal (GALT). O recém-nascido recebe cerca de 10 bilhões de leucócitos/dia. Cerca de 80%deles são macrófagos, que fortalecem a barreira da imunidade e podem recrutar linfócitos para atuar contra patógenos. A colonização do intestino microbiano em lactentes é influenciada por diversos fatores, incluindo a localização do nascimento, tipo de parto (vaginal ou cesariana), período gestacional, uso de antibióticos e método de alimentação. O uso de prebióticos e probióticos promove a saúde gastrointestinal, ao conduzir a composição da microbiota. A microbiota de crianças amamentadas é nutrida por bifidobactérias e lactobacilos, enquanto a microbiota alimentada com fórmula láctea é altamente variável na sua composição. A dieta, a maturidade e a idade pós-natal são os maiores impulsionadores na constituição da microbiota infantil. Os bebês que foram alimentados através da mama apresentaram maior diversidade bacteriana inicial e um alcance mais gradual dessa diversidade em – relação aos lactentes que receberam as fórmulas como fonte alimentar. A microbiota de lactentes nutridos com leite materno era mais semelhante, independentemente do peso de nascimento, ao contrário da microbiota de lactentes alimentados com fórmulas lácteas, que se comportou de forma diferente com base no mesmo peso ao nascer. Os lactentes alimentados com leite humano de doadora pasteurizado foram relativamente bem- sucedidos na promoção de uma microbiota, de forma mais similar aos alimentados exclusivamente com leite materno e contribuindo para um cenário de simbiose intestinal. Em 2016, Kantecka, estudando os componentes bioativos do leite materno, observou que hormônios e fatores de crescimento têm atividade no trato digestivo vascular, nervoso e endócrino. No que se refere ao trato digestivo, destacam-se os fatores de crescimento celular, especificamente epidérmico, conhecido por EGF (fator de crescimento epidérmico). O nível médio desse fator no colostro é duas mil vezes maior do que no leite maduro. Ele desempenha papel na maturação da mucosa intestinal, que é responsável pela renovação da mucosa após danos ocasionados por síndromes isquêmicas/hipóxicas, sangramento ou inflamação por intestino necrosado. O fator que regula o sistema vascular é estudado pelo fator de crescimento endotelial. Nesse contexto, ressalta-se a função da eritropoietina, que além da relação direta na formação do intestino, atua na prevenção da anemia. Outro fator determinante relaciona-se aos benefícios na calcitonina, hormônio que, além de ter a função de regular a concentração de cálcio sérico, atua associadamente a outros hormônios na adequação do crescimento. Conjuntamente, a adiponectina e outros hormônios atuam na sistematização do metabolismo, além dos reguladores de energia, composição corporal e apetite. Como a adiponectina é um hormônio multifuncional ajustador do metabolismo, este interage na barreira intestinal modulando o sistema metabólico infantil e diminuindo a inflamação, certamente propiciando menor tendência para sobrepeso e obesidade na vida adulta. Alguns fatores imunológicos são reconhecidos no leite humano além da imunoglobulina A, como as concentrações de IgM e IgG, conhecidas como as imonuglobulinas. O fluido materno contém algumas células competentes com função imunológica, especificamente as células T, células estaminais, macrófagos, granulócitos, linfócitos, fatores de crescimento, quimiocinas e citocinas. Quando amamentado, o recém-nascido adquire em torno de 10 bilhões de leucócitos por dia e cerca de 80% deles são macrófagos. A mucosa do trato gastrointestinal do recém- nascido alimentado pelo leite da própria mãe dispõe de um efeito ativo no metabolismo e imunológico. Nesse processo ocorre a modulação das células T-anti-inflamatórios e células T reguladoras do sistema imunológico, assim conhecido como linfócitos T. Estes são ativados no trato digestivo por bactérias presentes no leite humano. A intervenção do profissional em unidades de cuidados intensivos, com crianças prematuras e baixo-peso ao nascer, é de extrema importância na promoção do aleitamento materno. Este deve ser iniciado o mais precoce possível, pois assim apresenta-se como uma benéfica intervenção para manutenção e qualidade de vida. Os recém-nascidos se adaptam ao ambiente extrauterino no intuito de promover uma homeostase imune intestinal, sendo que uma colonização bacteriana apropriada é necessária para o bom desenvolvimento imunológico. A causa decisiva dessa colonização é a ingestão do leite materno. Embora o bebê seja capaz de desenvolver uma resposta do próprio sistema imunológico, o componente imune encontrado no fluido materno é capaz de gerar uma estimulação protetora. O leite humano impulsiona a proliferação de uma microbiota diversa e bem equilibrada, que a princípio atua no crescimento de microorganismos peculiares (bifidobactérias, lactobacilos e bacteroides). Como exemplo de sua eficiência, os oligossacarídeos no leite materno são – fermentados por bactérias colônicas, formando um meio ácido para a multiplicação bacteriana. Além disso, os ácidos graxos de cadeia curta no leite provocam os receptores de genes bacterianos, que preferivelmente moderam a expressão intestinal anti-inflamatória. Outros componentes do leite materno (defensinas, lactoferrina, etc.) impedem os patógenos e ainda favorecem a composição de uma microbiota saudável. O benefício do leite materno na microbiota intestinal inicial também previne a expressão de doenças imunomediadas (asma, doença inflamatória intestinal, diabetes tipo 1), realçando a utilidade da amamentação como primeira fonte de nutrição. Primeiramente, os bebês começam a adquirir microbiota intestinal no parto. A colonização iniciada por bactérias pioneiras participa de um ciclo dinâmico, sobretudo no que se discutem a questão materna e seu papel na provisão da microbiota funcional. O inóculo fecal inicial da microbiota é consequência da proximidade do canal do nascimento pela vagina e o ânus. Devido à relevância biológica dessa proximidade anatômica, estão subentendidas as diferenças existentes na composição da microbiota do parto vaginal e cesárea. Posteriormente, as fontes de inóculos envolvem a boca, parentes, animais, objetos e o microbioma de leite humano. Nesse contexto materno, os glicanos, sejam os polissacarídeos ou oligossacarídeos do leite humano, se diferenciam de acordo com o genótipo da mãe. A colonização efetiva através do parto vaginal pode intervir permanentemente na composição e funcionamento da microbiota com repercussões para a saúde do bebê. Os oligossacarídeos do leite humano (HMO) têm um papel essencial na efetivação do desenvolvimento normal da fisiologia do intestino e sistema imunológico em lactentes. O leite humano possui um composto diversificado de oligossacarídeos, sua constituição varia de acordo com diversos fatores extrínsecos e intrínsecos. No que concerne a esses fatores, abrangem a base genética da mãe, estado de saúde materna, dieta e tipo de grupo sanguíneo. Esses corpúsculos de HMO cooperam na preservação de uma microbiota intestinal saudável de três maneiras. Primeiramente, impedem a colonização de bactérias patogênicas bloqueandoas, e atuando como equivalente ao receptor, consequentemente aderindo à superfície bacteriana. Por consequência, evitando que os patógenos se juntem a seus oligossacarídeos na membrana da célula epitelial. O segundo benefício é que eles agem como compostos prebióticos, viabilizando o crescimento de bactérias benéficas, conhecida como as bifidobactérias, dessa forma dificultando simultaneamente a adesão de bactérias potencialmente nocivas por meio da resistência de colonização. O terceiro privilégio é na modulação de células epiteliais intestinais, induzindo a geração de citoquinas linfocíticas e rolo de leucócitos e adesão, impulsando um melhor desencadeamento das respostas imunes.REFERÊNCIAS: TRATADO DE PEDIATRIA (SBP), MANUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SOBRE ALEITAMENTO, ARTIGO: ALEITAMENTO MATERNO E MICROBIOTA INTESTINAL INFANTIL (REVISÃO DE LITERATURA)
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