Buscar

A Revolução das Fintechs

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 80 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A revolução
dAs fintechs
Bancos debatem no 260 Ciab 
FEBRABAN como aproveitar 
as soluções trazidas por
jovens empresas inovadoras
no setor financeiro
entrevistA com
roberto setubAl
INCERtEzAs ECoNômICAs 
Não ImpEdIRão “FoRtEs” 
INvEstImENtos dos 
BANCos Em tECNologIA
henrique meirelles
no ciAb
tECNologIA
mudA RElAção
dA soCIEdAdE 
Com dINhEIRo
REVISTA Jul/Ago 2016 • Nº 64
2 revista Ciab FEBRABAN
sumário
revista Ciab FEBRABAN 3
segurança
4 revista Ciab FEBRABAN
sumário
www.ciab.org.br
www.facebook.com/CiabFEBRABAN
Twitter: @ciabfebraban
www.febraban.org.br
imprensa@febraban.org.br
Twitter: @febraban
6
Ciab 2016
Maior congresso de TI para o setor
financeiro da América Latina debate 
tecnologias emergentes
 
14
Entrevista com
Roberto Setubal
Internet trará mais de
um milhão de novas contas
ao Itaú em 2017
 
18
Startups de serviços 
financeiros
Fintechs trazem desafios e
oportunidades para bancos
30
Inovação
Seguradoras frente a frente
com mudanças
36
Tecnologia
Bancos integram consórcio
sobre blockchain
 
42
Inteligência artificial
Computação cognitiva abre novo 
horizonte de negócios
 
52
Nova demanda
Bancos digitais personalizam 
produtos para clientes
58
Meios de pagamento
Cartão de plástico será
desconstruído com novas
tecnologias
 
75
Caixas eletrônicos
Fabricantes lançam ATMs
antibombas e terminais virtuais
Conselho Ciab FebRaban 2016
Maurício Minas-Bradesco (presidente), Gustavo
Fosse – Banco do Brasil (diretor setorial de 
Tecnologia e Automação Bancária da FEBRABAN), 
Geraldo Dezena – Banco do Brasil, Gilson
Girardi – HSBC, Gustavo Roxo – BTG Pactual, Jorge 
Ramalho – Itaú-Unibanco, José Paiva – Santander,
Keiji Sakai – BM&FBOVESPA, Roberto Zambon – Caixa
Comissão dE CoNtEúdo:
Keiji Sakai – BM&FBOVESPA (coordenador),
Nilton Cesar Gratão – FEBRABAN, Adauto Del
Favero – HSBC, Antonio Lombardi Neto – Rede,
Carlos Augusto de Oliveira – Original, Eliane Grotti 
Borges – Caixa, Mário Lopes – Societè Generali, Marco 
Aurélio Crestoni – CITI, Paulo Cherberle – Bradesco, 
Ricardo Shigueaki Nozuma – Santander, Ronei 
Maranssati – Banco do Brasil, Jorge Krug – Banrisul, 
Lusmary Ribeiro – BTG Pactual, Wallace Jagiello – 
Banco Votorantim
diREtoRiA dE EvENtos FEBRABAN:
Nair Macedo (diretora), Marcelo Assumpção, Élita 
Cristina Borges Simionato, Anna Carolina Abrunhosa 
Tapias, Mayra Bazzo Tome, Fernanda Paradizo Castillo, 
Ludmila Prado, Marília de Meo Borges, Renata Moreira 
Carvalho, Keti Granzotto Casarri
Revista do Ciab FebRaban
diREtoRiA dE ComuNiCAção:
Sergio Leo (diretor), Adriana Mompean, Cleide 
Sanchez Rodriguez, Evelin Ribeiro, Anna Carolina 
Gabiatti, Jessica Magalhães Graça
mARkEtiNg:
Roseli Rapouso, Silvia Mazzola
PRoJEto gRáFiCo E EditoRAção:
Ideia Visual
Esta é uma publicação da Federação Brasileira de 
Bancos – FEBRABAN, Av. Brigadeiro Faria Lima, 1485 – 
15º andar – Torre Norte – 01452-921 – São Paulo – SP
Copyright 2016 - julho/agosto. Todos os direitos 
reservados.
revista Ciab FEBRABAN 5
editorial
A mudança de comportamento dos clientes pro-vocada pelas novas tendências digitais e as transfor-mações nas empresas em resposta às demandas por 
avanços tecnológicos foram alguns dos principais assuntos 
debatidos no 26º Ciab FEBRABAN, ocorrido entre 21 e 
23 de junho, em São Paulo. 
Com o tema central “Cultura Digital Transformando a 
Sociedade”, o congresso de tecnologia da informação para o 
setor financeiro, considerado o mais importante da América La-
tina, recebeu palestrantes de peso, como o ministro da Fazenda, 
Henrique Meirelles, e o presidente do Itaú Unibanco, Roberto 
Setubal, que lotaram o principal auditório do evento.
Como em outros setores, o segmento financeiro também 
passa por mudanças, com modelos disruptivos de negócios que 
já transformaram a indústria da música e a dos transportes, para 
citar os exemplos mais evidentes. A aproximação dos bancos 
com as fintechs, empresas desbravadoras de um novo horizonte 
tecnológico do setor, foi um dos grandes destaques desta edição 
do congresso, e o assunto é o tema da capa desta edição da revista 
Ciab FEBRABAN. 
Essas startups chamam a atenção das instituições financei-
ras tradicionais por criarem modelos de negócios, produtos e 
serviços inovadores com forte apoio da tecnologia. Os bancos 
acompanham com interesse o desenvolvimento das fintechs, 
porque inovações tecnológicas capazes de trazer benefícios ao 
consumidor mantendo a solidez e a confiabilidade dos servi-
ços contribuem para a expansão e aumento da qualidade do 
serviço bancário. 
Muitas dessas empresas precisam, legalmente, vincular-
-se a uma instituição financeira para prestarem seus serviços. 
Os bancos desenvolvem estratégias próprias para lidar com esse 
elemento de inovação e já mostram exemplos bem-sucedidos 
de associação com empresas capazes de aproveitar, com grande 
eficiência, as oportunidades trazidas pela tecnologia.
Além de painéis específicos para discutir o tema, o Ciab 
FEBRABAN 2016 também abriu, pela primeira vez, um espa-
ço privilegiado na programação para incentivar negócios entre 
instituições financeiras e as startups, por meio da realização 
do Ciab Fintech Day, assunto que também será abordado 
nesta edição.
Outro grande tema de destaque do 26º Ciab FEBRA-
BAN foi o debate sobre o blockchain, uma tecnologia que 
permite certificar transações em uma plataforma aberta e 
criptografada, que começa a chamar a atenção dos bancos 
por abrir novas fronteiras em plataformas de negociações, 
remessas de dinheiro, identificação e autorização de transa-
ções, confirmação de pagamentos e outras operações, com 
significativa redução de custos. 
A edição 64 de nossa revista dá um completo panorama 
do que foi o 26° Ciab FEBRABAN, onde também se discutiram 
novidades como o uso de sistemas de inteligência artificial e os 
desdobramentos da 4ª Revolução Industrial. As inovações da 
indústria de meios de pagamento lançadas para atender con-
sumidores cada vez mais exigentes e conectados e as estratégias 
implementadas pelos profissionais da área de segurança da in-
formação também foram temas de reportagens.
A revista ainda traz uma entrevista exclusiva com Roberto 
Setubal, que revelou as expectativas do Itaú sobre a abertura de 
contas bancárias pela internet e o crescimento do mobile banking 
na instituição financeira. 
Nesta edição da revista, convido a todos a navegar pelos prin-
cipais resultados do 26º Ciab FEBRABAN, o melhor palco para 
discutir as transformações advindas de uma cultura cada vez mais 
digital para os profissionais do setor financeiro. Uma boa leitura! n
Transformação digital
gustavo Fosse
Diretor Setorial de Tecnologia e
Automação Bancária da FEBRABAN
6 revista Ciab FEBRABAN
Maior congresso de 
tecnologia da informação 
do setor financeiro 
da América Latina 
analisa o fenômeno das 
fintechs, empresas que 
revolucionam transações 
no mercado financeiro
Serviços financeiros mais ágeis, com menos exigências, soluções inovadoras e custos menores, oferecidos com tec-
nologia de ponta. Assim podemos definir as 
fintechs, como são conhecidas as startups de 
tecnologia que atuam no campo das finanças e 
desafiam modelos de negócios tradicionais, um 
fenômeno que está revolucionando o mercado 
financeiro. As estratégias dos bancos para lidar 
com essa novidade e aproveitá-la em seus proje-
tos de inovação, com exemplos bem-sucedidos 
de parcerias entre as instituições financeiras e 
estas empresas, estiveram no centro de debates 
do 26º Ciab FEBRABAN, ocorrido entre 21 e 
23 de junho em São Paulo.
Um dos destaques desta edição do fórum 
de TI foi a realização do Ciab Fintech Day, com 
nove startups selecionadas para apresentar suas 
É inovação?
Interessa aos 
bancos
Por Adriana Mompean
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
Fo
to
A
nd
re
s/
FE
BR
A
BA
N
Fo
to
A
nd
re
s/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 7
 ciab febraban 2016
soluções. Um júri formado por especialistas 
de grandes bancos e empresas de tecnologia 
escolheu as três vencedoras,que se reuniram 
com executivos das instituições financeiras para 
estudar possibilidades de negócios e parcerias. 
Atentos aos desafios impostos pela dis-
rupção digital, os organizadores do Ciab 2016 
também promoveram debates relevantes para 
os profissionais do setor bancário e de finanças, 
como o uso da tecnologia do blockchain para 
registros e transações bancárias e o desenvolvi-
mento de novos produtos e serviços baseados 
na capacidade de aprendizado das máquinas e 
na chamada computação cognitiva.
Duzentos palestrantes apresentaram as 
principais soluções e inovações de tecnologia 
para o setor bancário em uma área de mais de 
22 mil m², no Transamerica Expo Center. Com 
tema central “Cultura Digital Transformando 
a Sociedade”, o fórum contou com mais de 60 
painéis, divididos em cinco trilhas técnicas: TI 
e Telecom, Segurança da Informação, Meios de 
Pagamentos, Seguros e Bancos Internacionais, 
de Investimento, Comerciais e Financeiras. 
Pioneirismo
O presidente da FEBRABAN, Murilo Portu-
gal, destacou que os bancos acompanham com 
interesse as empresas emergentes e inovadoras 
apelidadas de fintechs, levando a discussão para 
o fórum de TI. “O setor bancário, longe de 
temer as novidades, tem se aproveitado delas 
para sofisticar e expandir serviços que facilitam 
bilhões de pagamentos e recebimentos através 
do sistema brasileiro de pagamentos”, afirmou, 
ao abrir o evento.
“o sEtoR BANCáRio, loNgE dE tEmER As
NovidAdEs, tEm sE APRovEitAdo dElAs
PARA soFistiCAR E ExPANdiR sERviços”
murilo Portugal, presidente da FEBRABANC
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
Fo
to
A
nd
re
s/
FE
BR
A
BA
N
8 revista Ciab FEBRABAN
 ciab febraban 2016
Portugal também ressaltou que os bancos 
brasileiros estão entre os pioneiros no uso da 
biometria para garantir a segurança nas transa-
ções digitais. A oferta de serviços por meio de 
aplicativos para celulares e computadores per-
mite aos bancos estar cada vez mais presentes 
no cotidiano dos clientes, e ampliar a qualidade 
e quantidade dos serviços oferecidos, ressaltou.
“No futuro não muito distante, é pos-
sível imaginar um cenário em que as pessoas 
transitarão na internet tendo como ponto de 
partida a página ou aplicativo de seu banco, 
que lhe trará os serviços tradicionais aliados 
a facilidades de consumo e de navegação nas 
redes sociais”, afirmou Portugal.
O brasileiro tem no “setor bancário a sua 
referência em termos de modernização e inova-
ção”, disse o ministro da Ciência, Tecnologia, 
Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, 
em seu discurso, também na abertura do Ciab 
FEBRABAN. Essa característica, disse ele, já 
estava presente no primeiro ano em que par-
A tecnologia está mudando a relação da 
sociedade com o dinheiro e, principalmen-
te, com o sistema financeiro, o que resulta 
em custos mais baixos, transparência, me-
lhores serviços e velocidade nas transações 
financeiras. A análise foi feita pelo ministro 
da Fazenda, Henrique Meirelles, que abriu 
o último dia de atividades da 26ª edição do 
Ciab FEBRABAN, em uma das mais concor-
ridas palestras do fórum de tecnologia.
“A tecnologia, hoje, não só já é o pre-
sente, como cada vez mais o futuro do sis-
tema financeiro. O e-commerce cada vez 
mais chega às transações financeiras e chega 
para ficar.” O ministro também relatou que a 
tecnologia pode ser a solução para resolver 
dificuldades em serviços percebidas, muitas 
vezes, na relação da sociedade com o siste-
ma financeiro. “É um desafio de todos aqui 
presentes”, disse para uma plateia formada 
pelos renomados executivos do sistema fi-
nanceiro e congressistas do evento de TI.
Em boa parte de sua apresentação, Mei-
relles abordou a situação econômica brasileira. 
O ministro ressaltou que o Brasil vive hoje um 
momento de decisão, intensificado pela crise 
econômica, que pode levar o Brasil neste ano a 
ter a maior recessão desde que o Produto Inter-
no Bruto (PIB) começou a ser medido em 1902.
Meirelles destacou que as despesas públi-
cas não podem continuar a crescer no país – de 
1997 até 2015, elas cresceram em termos reais, 
acima da inflação, quase 6% ao ano. Também 
relatou que há uma previsão de deficit de 
R$ 170 bilhões. “Essa trajetória não é susten-
tável a longo prazo.” O ministro afirmou que o 
governo não permitirá mais que o crescimento 
dos gastos públicos supere a inflação. “Tem 
que manter um controle rígido”, disse o mi-
nistro, defendendo que a determinação seja de 
longo prazo, pelos próximos 20 anos.
Tecnologia muda 
relação da sociedade 
com dinheiro, diz 
Henrique Meirelles
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 9
 ciab febraban 2016
ticipou do congresso de tecnologia, quando 
ainda era prefeito de São Paulo. “São a porta de 
entrada da tecnologia para o desenvolvimento 
do país: é a partir dos bancos, que [a tecnolo-
gia] é distribuída por todos os outros setores, 
com muita rapidez e capilaridade.”
Antes da solenidade de abertura, Kas-
sab percorreu o Ciab com Murilo Portugal 
e os organizadores do evento. O ministro 
declarou-se impressionado com os avanços 
da computação cognitiva e de tecnologias 
que estavam presentes em anos anteriores e 
estão cada vez mais aperfeiçoadas. “É efeti-
vamente a tradução de quanto o Brasil pode 
avançar e quanto o nosso desenvolvimento 
pode crescer tendo como um de seus prin-
cipais pilares o setor de bancos.” 
Também estiveram na abertura o diretor 
Setorial de Tecnologia e Automação Bancária 
da FEBRABAN, Gustavo Fosse, e o chefe do 
Departamento de Tecnologia da Informação 
do Banco Central, Marcelo José Oliveira Yared.
O ministro da Fazenda relatou duran-
te sua palestra que tem recebido repre-
sentantes de alguns setores da economia, 
como industriais, que reportam ociosidade 
acima de 40%. “Isso é uma situação dra-
mática da economia: nós termos um par-
que de fábricas parado, com investimentos 
recentes, dotado de tecnologia e parado 
em 50% da sua capacidade.”
O ministro também afirmou que 
toda grande crise oferece oportunidade. 
“A crise de 99 ofereceu oportunidade 
além da responsabilidade fiscal. A crise de 
2002, 2003 ofereceu uma grande oportu-
nidade de uma estabilização monetária, 
inflação etc. Então, eu acho que este é o 
momento exatamente em que a socieda-
de demanda soluções.” 
De acordo com o ministro, o governo 
quer estabelecer confiança na economia, 
para que o país volte a crescer. É a partir 
daí, segundo ele, que é possível aumentar 
a arrecadação e o superávit primário, ter 
maiores recursos para o consumo e a vol-
ta de investimentos. “A ideia é entrarmos 
num período de crescimento sustentado 
no Brasil.” (Adriana Mompean)
“o BRAsilEiRo tEm No sEtoR 
BANCáRio A suA REFERêNCiA
Em tERmos dE modERNizAção
E iNovAção”
gilberto kassab, ministro da Ciência, 
Tecnologia, Inovações e Comunicações
Fo
to
A
nd
re
s/
FE
BR
A
BA
N
10 revista Ciab FEBRABAN
 ciab febraban 2016
Cerca de 3.000 congressistas participaram 
do evento neste ano, um aumento de 50% 
em relação ao fórum do ano passado. Dezoi-
to mil pessoas circularam pelo congresso, que 
contou com a presença de 127 expositores e 
41 patrocinadores. “O Ciab FEBRABAN tem 
crescido a cada ano e nesta edição, em espe-
cial, dedicamos meses de planejamento para 
trazer os maiores especialistas de mercado e 
escolher temas que realmente têm movimenta-
do o setor”, afirmou Gustavo Fosse. “Tivemos 
discussões que contribuirão para que o setor 
financeiro brasileiro continue como precursor 
de inovações, um exemplo para os mercados 
de outros países.”
Cultura digital
Logo após a abertura, o presidente do Itaú 
Unibanco, Roberto Setubal, proferiu a palestra 
“Cultura Digital Transformando a Sociedade”, 
tema central do evento, com exemplos das ini-
ciativas do banco que preside para aumentar o 
componente digital em suas operações. Setubal 
“tivEmos disCussõEs quE CoNtRiBuiRão PARA
quE o sEtoR FiNANCEiRo BRAsilEiRo CoNtiNuE 
Como PRECuRsoR dEiNovAçõEs, um ExEmPlo
PARA os mERCAdos dE outRos PAísEs”
gustavo Fosse, diretor setorial de tecnologia e Automação
Bancária da FEBRABAN
Para greg 
Brandeau, inovação 
não significa apenas 
criar uma nova 
tecnologia; consiste 
em promover 
algo realmente 
relevante e útil
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 11
 ciab febraban 2016
falou sobre o impacto da tecnologia nas trans-
formações da sociedade. 
Dos 7,4 bilhões de habitantes do globo 
terrestre, 3,4 bilhões são usuários de internet, 
citou. “Os números no Brasil também são 
bastante relevantes: mais da metade da po-
pulação hoje já é usuária de internet; temos 
uma atividade nas mídias sociais muito elevada 
comparada com qualquer país do mundo, e 
89 milhões de smartphones que também dão 
uma dimensão de como as interações via digital 
estão crescendo rapidamente.”
Setubal mostrou que, no Itaú, o núme-
ro total de transações pelos canais tradicionais 
(agência, caixa eletrônico e telefone) passou de 
74%, em 2008, para 29% no primeiro trimestre 
de 2016. No mesmo período, as operações com 
os canais eletrônicos remotos (celular e internet) 
aumentaram de 26% para 71% do total. 
Segundo o executivo, a tecnologia sem-
pre fez parte do DNA do banco, desde a in-
trodução comercial dos computadores nas 
empresas, e, em particular, nos bancos, no 
final dos anos 50 e começo dos anos 60. Ele 
relembrou que em 1983 o Itaú inaugurou o 
primeiro caixa eletrônico do Brasil, e citou 
que, em 2014, o banco criou um modelo 
inovador de relacionamento com o cliente: 
o Personnalité Digital, que permite atendi-
mento personalizado do banco por e-mail, 
WhatsApp, SMS, telefone e Skype.
De acordo com Setubal, a criação de uma 
infraestrutura e da arquitetura necessárias para 
lidar com o mundo digital é um dos maio-
res desafios atualmente para o banco. “É um 
desafio que é pouco visto pelo cliente”, disse. 
“Ter essa infraestrutura bem montada, bem 
preparada, uma arquitetura correta dos nos-
sos sistemas interligados entre si e interagindo 
diretamente com os clientes, é sem dúvida um 
dos elementos essenciais, um pilar essencial, 
para que a gente consiga ter clientes satisfeitos.” 
(leia entrevista exclusiva com Roberto Setubal 
nesta edição).
 
Keynotes
Inovação não significa apenas criar uma nova 
tecnologia. Consiste em promover algo que 
prove ser relevante e útil. Com este argumen-
to, Greg Brandeau, considerado um dos mais 
renomados especialistas em inovação do mun-
do, encerrou o primeiro dia de atividades do 
Ciab FEBRABAN com a palestra “Guiando a 
Inovação: Impulsionando o ‘Gênio Coletivo’ 
de sua empresa”.
Atual presidente da Maker Media, Bran-
deau iniciou sua carreira trabalhando na NeXT 
Computer, de Steve Jobs foi diretor vice-pre-
sidente e diretor de tecnologia da The Walt 
Disney Studios, e também vice-presidente 
sênior de tecnologia na Pixar. Na empresa de 
animação digital, Brandeau foi o responsável 
pela tecnologia por trás de sucessos como Toy 
Story (1995), Monstros (2001), Procurando 
Tim Harford, 
colunista do jornal 
britânico Financial 
Times, na palestra 
“A arte de cometer 
bons erros”
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
12 revista Ciab FEBRABAN
 ciab febraban 2016
Nemo (2003) e Carros (2006), que mudaram 
a indústria dos filmes animados. 
Três conceitos abordados por Brandeau 
para que as empresas se tornem realmente 
inovadoras foram o destaque da apresentação 
no Ciab: a habilidade de gerar ideias atra-
vés de debates; a aptidão de testar e refinar 
ideias por meio de buscas rápidas, reflexão e 
ajustes; e, ainda, a capacidade de promover 
decisões integradas. 
Brandeau destacou que as organizações 
interessadas em ser inovadoras devem ancorar-
-se em valores como ambição, responsabilida-
de, colaboração e capacidade de aprendizagem. 
“É importante que se construa uma comuni-
dade com um propósito que deve ser com-
partilhado e regras de engajamento”, afirmou.
A necessidade de aprender a abraçar os in-
sucessos e de lidar com adaptações constantes 
foi o tema escolhido por Tim Harford, colunista 
do jornal britânico Financial Times, na palestra 
“A arte de cometer bons erros”, que encerrou o 
segundo dia do congresso de tecnologia.
“Se você ler a biografia dos grandes líde-
res, você encontrará erros e mais erros”, afir-
mou. “Mas podemos cometer bons erros, e o 
aprendizado pode nos levar ao sucesso”, com-
plementou o jornalista, famoso por abordar 
uma linguagem popular em seus artigos com 
temas complexos de economia.
O britânico listou quatro motivos pelos 
quais as pessoas cometem erros. O primeiro 
é o psicológico. “Não é fácil fazer algo dife-
rente do resto da multidão. As pessoas não 
querem discordar da maioria, não querem 
tentar coisas novas.”
O segundo e terceiro tipos de erros mais 
comuns estão ligados ao processo de realimen-
tação das informações, o“feedback”. “É necessá-
rio ver se as ideias estão funcionando, precisa-
mos do retorno dos clientes, dos funcionários”, 
disse. “É essencial falar com as pessoas certas. 
Se você não obtém feedback, vai continuar co-
metendo os mesmos erros.” O jornalista tam-
bém alertou para processos de feedback caros e 
lentos. “Temos que aprender a dar um retorno 
rápido e o mais barato possível.”
Por último, Tim Harford destacou que 
muitas pessoas depois de cometerem o erro, 
continuam com a mesma atitude, pelo receio 
de admitir que estavam erradas. “O problema 
é recusar-se a parar e a aprender”, disse. É pos-
sível consertar os fracassos transformando-os 
em grandes sucessos, concluiu o britânico. “É 
preciso compreender os obstáculos existentes 
para transformá-los em uma aprendizagem 
bem-sucedida.”
Esportistas
Os benefícios da tecnologia para aprimorar o 
rendimento de esportistas foi o tema escolhi-
do para o encerramento do Ciab FEBRABAN 
2016, ano de Olimpíada sediada no Brasil (que 
tem entre os principais patrocinadores um dos 
maiores bancos do país, o Bradesco). A últi-
ma palestra do evento teve a participação dos 
medalhistas olímpicos Tande, Lars Grael e Fer-
nando Scherer, o Xuxa, e debate mediado pela 
apresentadora Fernanda Gentil, da TV Globo. 
Grael, que tem duas medalhas olímpi-
cas, relatou como a tecnologia permitiu, lite-
ralmente, um maior avanço em seu esporte, 
com novos materiais, mais leves e resistentes. 
“Barcos de madeira viraram de fibra de vi-
dro; os mastros de madeira se tornaram de 
alumínio; e as velas feitas de algodão egípcio 
viraram sintéticas de poliéster”, afirmou. “Eu 
vivi a chegada da fibra de carbono, o kevlar, 
material que proporcionou uma revolução 
muito grande neste esporte”, afirmou. De 
acordo com o velejador, “hoje os barcos estão 
voando sob a água”.
revista Ciab FEBRABAN 13
 ciab febraban 2016
O jogador de vôlei Tande, campeão 
olímpico em Barcelona em 1992, listou, 
entre as mudanças desencadeadas pela tec-
nologia em seu esporte, inovações maneja-
das por pessoas que pisam fora das quadras, 
não precisam saltar e muito menos tocar na 
bola. Houve, claro, mudanças no equipa-
mento usado por cada esportista: os modelos 
de tênis evoluíram, os uniformes ganharam 
tecidos aprimorados para absorver melhor 
o suor e os jogadores passaram a usar um 
canhão de bolas para treinar saques. “Mas 
o principal foi a estatística, que revolucio-
nou o esporte: marcar na hora do jogo os 
percentuais de cada jogador para orientá-lo 
contra erros é fundamental durante o jogo”, 
afirmou. “O time que não tiver alguém fa-
zendo estatística no banco, começará atrás 
no jogo e terá dificuldades.”
Sete vezes medalha de ouro em Jogos Pan-
-Americanos e duas vezes medalhista olímpico, 
Fernando Scherer, o Xuxa, lembrou, durante a 
palestra, que a tecnologia trouxe uma revolução 
a partir de 1998, com a filmagem dos treinos. 
No esporte, como em toda atividade humana, o 
feedback é fundamental, e a tecnologia, um ins-
trumento precioso para garantir essas informações 
sobre o desempenho real.“Atualmente, os atletas 
treinam com equipamento que mede a pressão 
da braçada para ver se o movimento feito com o 
braço direito está igual ao do esquerdo, essencial 
para você conseguir nadar o mais reto possível”, 
disse. “A tecnologia está em tudo hoje no esporte 
e faz os recordes caírem”, finalizou o atleta. n
Os medalhistas 
olímpicos Fernando 
Scherer, o Xuxa,
lars grael e 
Tande, com a 
apresentadora 
Fernanda gentil, 
falaram sobre os 
benefícios que a 
tecnologia traz 
para aprimorar 
o rendimento de 
esportistas 
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
14 revista Ciab FEBRABAN
entrevista
Internet reduz custos e
trará mais de um milhão
de novas contas ao Itaú
em 2017, diz Setubal 
Por Adriana Mompean
Para o presidente do 
Itaú Unibanco, um dos 
destaques do 26º Ciab 
FEBRABAN, em até 
três anos o celular será 
o principal canal de 
comunicação entre o 
banco e o cliente
Mais de um milhão de novos clientes abrirão contas por meio da internet no Itaú Unibanco em 2017, de acordo 
com estimativa feita por Roberto Setubal, pre-
sidente da instituição financeira, em entrevista 
exclusiva concedida à revista Ciab FEBRABAN. 
Setubal afirma que as incertezas no cenário eco-
nômico não impedirão “fortes” investimentos 
em tecnologia nos bancos. Ele diz que a redução 
de custos com o avanço tecnológico possibilita 
que mais pessoas acessem os serviços bancários 
e façam mais transações financeiras, e também 
prevê que, em um período entre dois e três anos, 
o celular será o principal canal de comunicação 
do cliente com o banco.
“É uma tendência inevitável”, afirmou 
o executivo, considerado uma das vozes mais 
influentes do empresariado brasileiro. Para Se-
tubal, que neste ano foi um dos destaques do 
26º Ciab FEBRABAN, a tecnologia traz ao se-
tor financeiro oportunidades de alcançar mais 
clientes e de projetar melhores serviços para o 
consumidor. “Os bancos têm aproveitado as 
oportunidades realizando investimentos que 
acompanham o comportamento desse consu-
midor cada vez mais digital.”
revista Ciab FEBRABAN 15
entrevista
Na entrevista a seguir, o presidente do 
Itaú Unibanco também falou sobre o fenô-
meno das fintechs, startups de tecnologia do 
setor financeiro que têm desafiado as empre-
sas tradicionais do setor. “As fintechs são um 
desafio e, ao mesmo tempo, uma oportuni-
dade. Um desafio porque muitas são nossas 
concorrentes, mas também considero que são 
oportunidades, porque podemos fazer parce-
rias e aprender com elas.” 
O Itaú vem investindo muito no relacio-
namento digital com o cliente nos últimos 
anos. O que a tecnologia proporcionou de 
melhoria na experiência do cliente?
Roberto Setubal – Investimos constantemen-
te para melhorar a experiência do cliente de 
diversas formas. Hoje, em função dos aportes 
pesados em infraestrutura, temos uma dispo-
nibilidade altíssima, ou quase permanente, que 
garante o acesso ao banco muito superior ao 
que era dois ou três anos atrás. Ampliamos bas-
tante a oferta de produtos e serviços para que 
o cliente consiga fazer praticamente tudo por 
meio do celular de forma segura. Aliás, segu-
rança é outro aspecto que requer investimentos 
grandes. Também investimos constantemente 
em usabilidade para facilitar a interação do 
cliente com o banco, mas sei que este é um 
item que requer evolução constante. 
O Itaú e a Microsoft anunciaram recente-
mente uma parceria para desenvolverem 
empresas de tecnologia no Brasil. Como 
este tipo de parceria pode gerar oportu-
nidades de melhores serviços e produtos 
para o cliente?
Roberto Setubal – A Microsoft é uma das 
nossas parceiras no Cubo, plataforma de co-
working e empreendedorismo tecnológico que 
inauguramos em 2015, em São Paulo. Essa é 
uma iniciativa que nos ajuda a desenvolver o 
melhor modelo para trabalharmos em conjun-
to com as mais de 50 startups residentes e, dessa 
forma, estarmos próximos a esse ecossistema 
cada vez mais relevante. A tecnologia traz ao 
setor financeiro oportunidades de alcançar 
mais clientes e de projetar melhores serviços 
para o consumidor. 
Em sua opinião, os bancos brasileiros sa-
bem aproveitar estas oportunidades? 
Roberto Setubal – O setor bancário brasilei-
ro é considerado um dos mais modernos do 
mundo. Os bancos têm aproveitado as opor-
tunidades realizando investimentos que acom-
panham o comportamento desse consumidor 
cada vez mais digital. Mesmo em um cenário 
econômico mais desafiador, o Brasil está entre 
os 10 países que mais investem em tecnologia 
(fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia 
Bancária 2015).
Roberto Setubal 
durante palestra 
no Ciab FEBRABAN 
2016
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
16 revista Ciab FEBRABAN
entrevista
O Brasil tem uma taxa de bancarização 
de quase 90%, segundo dados do Banco 
Central. Em sua opinião, ainda é possível 
aumentar este percentual? Que tipos de 
produtos e soluções os bancos ainda po-
dem desenvolver para a população que não 
é bancarizada?
Roberto Setubal – A relação entre bancari-
zação e custo é direta, ou seja, quanto menor 
os custos de servir o cliente, maior o acesso. A 
tecnologia vem, ao longo dos anos, baixando 
o custo unitário, possibilitando mais pessoas 
acessarem serviços e fazer mais transações. A 
cada ano novos clientes conseguem acesso aos 
serviços bancários graças à tecnologia. Por 
exemplo: em breve a abertura de uma conta 
corrente no Itaú, através da internet, será uma 
realidade. Acreditamos que em 2017 vamos 
atrair mais de um milhão de novos correntistas 
que abrirão suas contas neste canal. 
de acordo com a Pesquisa FEBRABAN de 
Tecnologia Bancária 2015, o mobile ban-
king já representa 21% de todas as tran-
sações feitas pelos clientes e hoje é o se-
gundo canal mais usado para transações 
bancárias, ficando atrás apenas do inter-
net banking, com 33% de participação. O 
número de transações via mobile banking 
no Brasil cresceu mais de 100 vezes desde 
2011. O senhor acredita que neste ano o 
mobile banking se tornará o canal preferido 
do cliente para suas transações?
Roberto Setubal – Acreditamos que em dois 
ou três anos o celular será o principal canal de 
comunicação do banco com o cliente. Isso fica 
claro ao olharmos a velocidade de crescimento 
das transações de mobile banking, que hoje já 
representam 20% do total de participação dos 
canais do banco. É uma tendência inevitável.
 
Novas tecnologias desorganizaram indús-
trias inteiras nas últimas décadas, como a do 
cinema e a da música. Como o senhor analisa 
o fenômeno das fintechs? Os bancos estão 
preparados para enfrentar empresas que tra-
zem novas ofertas de serviços financeiros?
Roberto Setubal – O mundo hoje é dinâmi-
co. O consumidor muda e isso faz com que o 
mercado mude também. As fintechs são um 
Auditório lotado
na palestra de 
Roberto Setubal
no Ciab FEBRABAN
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 17
entrevista
desafio e, ao mesmo tempo, uma oportuni-
dade. Um desafio porque muitas são nossas 
concorrentes, mas também considero que são 
oportunidades porque podemos fazer parce-
rias e aprender com elas. Não por acaso, apos-
tamos no ano passado na criação do Cubo. 
A iniciativa tem nos ajudado a entender qual 
melhor modelo para trabalharmos em parce-
ria com startups e, dessa forma, melhorar a 
experiência dos consumidores. Temos a nossa 
disposição hoje um arsenal tecnológico como 
big data, melhorando a análise do perfil dos 
clientes e a entrega de ofertas diferenciadas; o 
cloud computing, que tem o poder de reduzir 
nossos custos, entre outros exemplos que nos 
tornaram mais capazes e aptos a competir com 
as fintechs. Sabemos que novos competidores 
entrarão no mercado, levando clientes e pres-
sionando margens, o que na minha opinião é 
inevitável, mas acreditamos que seremos um 
dos vencedores.
 
A Pesquisa FEBRABAN de tecnologia Ban-
cária 2015 revelou que mais da metade 
das operações bancárias já são feitas por 
mobile banking e internet banking. Neste 
cenário, como fica agorao perfil das agên-
cias bancárias? Elas terão mais um perfil 
de negócios?
Roberto Setubal – Acredito que ao longo 
do tempo haverá redução no número de 
agências bancárias, como já observamos em 
outros países, e que já começou por aqui 
também. Será um processo lento, mas ocor-
rerá inevitavelmente; no entanto, ainda que 
em menor número, elas continuarão existin-
do por muitos anos pelo menos. A tendência 
é elas adquirirem um papel menos transacio-
nal e mais de atendimento, especialmente 
para aqueles clientes que buscam o canal 
físico ao digital.
O atual cenário de incertezas políticas e 
econômicas traz quais consequências para 
a estratégia de investimentos do banco em 
tecnologia?
Roberto Setubal – A crise não altera as opor-
tunidades que estão à nossa frente. Mesmo que 
no curto prazo a economia ande mais devagar, 
vamos continuar nessa agenda. Além disso, acre-
dito que o Brasil vai se recuperar e voltaremos a 
crescer. Sabemos que sem investimentos fortes em 
tecnologia o futuro dos bancos ficará ameaçado.
Como os clientes do Itaú têm reagido às 
novidades mencionadas pelo senhor na sua 
apresentação?
Roberto Setubal – As novidades que apresentei 
são o resultado daquilo que nossos clientes nos 
demandam. A primeira coisa que pensamos é na 
necessidade do cliente. Trabalhamos para construir 
um negócio em que ele é o grande beneficiário. 
Pelas respostas que temos recebido e pelos resulta-
dos alcançados, acredito que estamos no caminho 
certo. A tendência é o banco ficar cada vez mais 
digital, que é o que o cliente deseja. Isso torna a 
oferta de produtos e atendimento mais eficiente.
 
As pessoas mais velhas e as menos fami-
liarizadas com tecnologia têm dificuldade 
de acompanhar e lidar com as inovações. 
Como os senhores têm lidado com esse 
tipo de cliente?
Roberto Setubal – De fato, os jovens têm 
mais facilidade e se adaptam mais rapidamen-
te, mas observamos uso crescente de internet 
mesmo nos clientes de mais idade, e sabemos 
que eles também valorizam e gostam, apenas 
levam mais tempo para se adaptar. De qualquer 
forma, manteremos os formatos tradicionais de 
atendimento para quem preferir esse caminho. 
O cliente é quem vai escolher como prefere ser 
atendido, ele é o senhor a ser servido. n
18 revista Ciab FEBRABAN
ambiente de negócios
Instituições buscam parcerias
com startups de TI do setor 
financeiro para adquirir e testar 
novas tecnologias ou mesmo 
contratá-las como fornecedores
de produtos e serviços
Fintechs desafiam e
atraem interesse de bancos
Por Toni Sciarretta
revista Ciab FEBRABAN 19
ambiente de negócios
Uma nova forma de fazer negócios, impulsionada pela geração habituada com a internet desde o nascimento, a 
partir dos anos 80, elimina intermediários, bus-
ca a comparação exaustiva de produtos e preços, 
e valoriza o testemunho (ou reclamação) de ou-
tros consumidores. É nesse ambiente que sites e 
aplicativos criados por jovens recém-saídos das 
universidades fazem agora transações que, até 
pouco tempo, eram exclusividade das agências 
bancárias e outros canais de atendimento das 
instituições financeiras: pagamentos de contas, 
renegociação de dívidas, transferência de valores 
e contratações de seguros. 
As chamadas fintechs, startups de tecnolo-
gia do setor financeiro, têm desafiado as em-
presas tradicionais do setor, como afirmou o 
presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, 
na abertura do 26º Ciab FEBRABAN.
 “Se a gente não souber trabalhar, olhan-
do tudo o que está acontecendo no mundo, 
corre o risco de ficar para trás”, disse Setubal, 
em sua palestra no Ciab, reconhecendo que 
nunca esteve tão envolvido com tecnologia nos 
22 anos em que está à frente do maior banco 
privado do país.
O desafio vem sob a forma de serviços 
de qualidade, ágeis, convenientes e com preço 
competitivo, e tem levado instituições finan-
ceiras tradicionais a aprender com os novatos 
sobre como lidar com o novo ambiente de 
negócios. Mas as fintechs também encontram 
desafios, elas próprias, que a associação com os 
bancos pode ajudar a enfrentar.
Vistas como as “entrantes” do setor, as 
fintechs surgiram com a popularização dos 
smartphones e a digitalização da indústria e 
dos serviços. Elas são a vertente financeira 
da revolução digital que obrigou empresas 
de diferentes setores_ gravadoras de música, 
radiodifusão, imprensa, telecomunicações, 
comércio varejista, moda, entre outras_ a re-
ver antigos processos em nome da interação 
contínua com o consumidor. 
Com estrutura enxuta e sem a pressão de 
reguladores e do compliance das grandes empresas, 
essas startups conseguem entregar com rapidez e 
transparência serviços que respondem a deman-
das bastante específicas dos clientes, como apro-
var um empréstimo, fazer a cotação de um seguro 
ou escolher um investimento. Algumas escapam, 
inclusive, dos impostos locais por oferecerem ser-
viços do exterior ou atuarem em nichos fora do 
escopo da legislação tributária local.
Por outro lado, as fintechs esbarram em 
limitações de difícil superação para empresas 
de pequeno porte. Uma delas é a dificuldade de 
captar dinheiro, o insumo de maior relevância 
na competição dentro do sistema financeiro. 
Para Rodrigo Corumba, vice-presidente da Capgemini,
o apelo das fintechs passa por resolver de forma simples
os problemas dos clientes 
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
20 revista Ciab FEBRABAN
ambiente de negócios
Nove em cada dez startups do Vale do 
Silício hoje se dedicam a serviços financeiros, 
a maioria atuante na cadeia de pagamentos 
móveis. Juntas, essas empresas já receberam 
um total de US$ 27,5 bilhões em investimen-
tos de fundos de venture capital desde 2010, 
segundo a consultoria Accenture.
Os investimentos nas fintechs são tão 
expressivos que alguns críticos questionam 
se não estamos prestes a ver o estouro de 
uma bolha fintech, como ocorreu com as 
empresas pontocom em 2000.
Profissionais de sucesso também 
largam carreiras promissoras em setores 
tradicionais para abrir sua própria finte-
ch, exatamente como aconteceu pouco 
antes de 2000. Empresas sem receita são 
novamente avaliadas por múltiplos con-
siderados irreais se forem analisadas as 
perspectivas de geração de caixa.
Veterano dos investimentos em tec-
nologia, o ex-Goldman Sachs J.Christopher 
Flowers, hoje na firma de private equity 
(companhia que investe em empresa ainda 
não listada em Bolsa para fomentar seu 
crescimento) que leva seu nome, disse re-
centemente ao The Wall Street Journal que 
a revolução fintech vai acabar mal para a 
maioria das startups do setor. Isso porque 
as empresas que fazem empréstimo online, 
por exemplo, tendem a ficar com os piores 
clientes. 
“Nas finanças, quem expande mais 
rapidamente os empréstimos são sempre 
os que mais perderão”, disse. “Não espe-
rem que o bitcoin ocupe o lugar do dólar 
nem que a Visa quebre. Os bancos são tão 
necessários para as transações que não há 
cenário em que eles não façam parte da 
foto”, completou. 
Para Alessandro Hadami, diretor de 
inovação e pagamentos digitais do Lloyds 
Group, há várias semelhanças do que chama 
de bolha atual das fintechs com a das pon-
tocom em 2000. No entanto, afirma ele, o 
tamanho da bolha atual é apenas uma fração 
da anterior. Isso porque, à época, a internet 
tinha cerca de 500 milhões de usuários, en-
quanto hoje soma mais de 3,3 bilhões. 
“Os serviços financeiros são produtos 
tipicamente digitais que podem ser vendidos 
remotamente, diferentemente da comple-
xidade do passado quando se pensava em 
vender bens físicos. A qualidade dos negócios 
que estamos vendo hoje também é bastante 
superior a de 2000”, disse.
Robert Contri, chefe global de serviços 
financeiros da Deloitte, afirma que os US$ 
27,5 bilhões investidos nas fintechs suge-
rem, de fato, a emergência de uma bolha. 
No entanto, pondera ele, esse volume é 
apenas uma pequena porcentagem dos 
US$ 390 bilhões investidos em tecnologia 
da informação em 2015, estimados pela 
consultoria Gartner.
“É verdadeque as fintechs têm tido 
valuations [avaliações de valor do negócio, 
com base na expectativa de receita de longa 
duração] muito acima das demais startups; 
isso ocorre simplesmente porque elas pre-
cisam de muito mais dinheiro para entrar 
em um mercado consolidado” argumenta. 
“Os preços são elevados porque os inves-
tidores veem uma oportunidade de entrar 
nesse negócio.”
Contri lembra ainda que, além dos ban-
cos, algumas fintechs são disputadas tam-
bém por gigantes digitais como Amazon, 
Google, Facebook e Apple, o que impulsiona 
ainda mais os preços dessas empresas.
Estamos vivendo uma bolha
de fintech?
revista Ciab FEBRABAN 21
ambiente de negócios
No Brasil, elas não podem fazer empréstimos 
se não estiverem associadas a uma instituição 
financeira. Por esse motivo, muitas fintechs 
buscam se associar a bancos.
A maioria também não conta com áreas 
importantes de suporte para implementação dos 
serviços e o cumprimento dos contratos com 
os clientes, como assessoria jurídica, ouvidoria, 
atendimento ao consumidor e mesmo tecno-
logia. Pouquíssimas estão também preparadas 
para lidar com questões de segurança da infor-
mação que, em breve, serão exigidas também 
pelos reguladores. Nos EUA, o Federal Reserve 
(Banco Central americano) trabalha com ou-
tras agências na elaboração de procedimentos 
mínimos de segurança exigidos nas transações e 
manipulação de informações dos clientes.
Indicação e confiança
Para Rodrigo Corumba, vice-presidente de 
serviços financeiros da consultoria Capgemi-
ni, parceira tecnológica da Caixa Econômica 
Federal, o apelo das fintechs passa por resolver 
de forma simples os problemas dos clientes sem 
o inconveniente de deslocamentos desnecessá-
rios, ligações telefônicas longas ou o assédio de 
funcionários tentando empurrar outros produ-
tos para cumprir metas de venda.
Por esse motivo, destaca ele, os clientes 
estão mais dispostos a recomendar aos ami-
gos os serviços que descobriram em fintechs 
do que o dos bancos tradicionais. Uma pes-
quisa da consultoria feita neste ano com 16 
mil pessoas, em 32 países, mostra que 54,9% 
dos entrevistados recomendariam um serviço 
prestado por uma fintech, enquanto apenas 
38,4% indicariam o de um banco. Na Améri-
ca Latina, a recomendação das fintechs atinge 
67,2%, segundo a Capgemini.
Curiosamente, a mesma pesquisa revelou 
que as instituições financeiras tradicionais ain-
da são detentoras de mais confiança dos clien-
tes do que as fintechs; 54,5% dos entrevistados 
disseram ter confiança total no seu banco, en-
Fo
nt
e:
 A
cc
en
tu
re
* até o 1º trimestre
Volume
global de
investimentos,
em US$ bilhões
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
27,565*
22,265
12,688
4,5903,1752,5371,791
FINTECH BOOM 
Fundos de venture capital aumentam financiamentos em startups financeiras
22 revista Ciab FEBRABAN
MADE IN BRAZIL
No país, maioria investe em pagamentos digitais
2/3 já receberam
algum aporte
de capital
Fo
nt
e:
 F
in
te
ch
La
b
ambiente de negócios
quanto apenas 30,8% deram o mesmo crédito 
às fintechs.
Banking x bancos
No último Ciab, Robert Contri, chefe global 
de serviços financeiros da consultoria Deloitte, 
chocou a plateia em sua apresentação ao des-
crever como factível, num futuro não muito 
distante, um cenário em que os clientes fazem 
diretamente, com aplicativos, serviços hoje 
prestados exclusivamente pelos bancos. 
“Podemos ter empréstimos sendo fei-
tos por organizações que não têm depósi-
tos; serviços sem agências bancárias, seguros 
vendidos sem corretores, investimentos sem 
gestores de recursos, planejamento financeiro 
31
18
16
10
8
7
5
5
Pagamentos
Gerenciamento financeiro
Empréstimos e negociação de dívida
Funding
Investimentos
Eficiência financeira
Bitcoin e blockchain
Seguros
Segmentos de atuação (participação, em % do total)
130 é o numero
de fintechs brasileiras
mapeadas pelo
FintechLab
1 em cada 5
fintechs tem mais
de 20 funcionários
3 em cada 10
faturam mais de
R$ 1 milhão por ano
revista Ciab FEBRABAN 23
Robert Contri, da deloitte, chocou a plateia do Ciab FEBRABAN ao 
descrever como factível, num futuro não muito distante, um cenário 
em que os clientes fazem diretamente, com aplicativos, serviços hoje 
prestados exclusivamente pelos bancos
ambiente de negócios
“Vejo como um desafio, mas também 
como uma oportunidade porque podemos 
fazer parcerias e aprender muito com elas; 
acredito muito mais em redução de margens 
do que em perda de mercado”, disse Roberto 
Setubal, no Ciab. “Redução, porque essas em-
presas trazem novas formas de fazer o serviço 
que os bancos prestam; isso, certamente, vai 
levar à pressão de preço”, explicou. “Por outro 
lado, nós, bancos, via tecnologia, teremos uma 
grande capacidade de reduzir custos operacio-
nais; as margens vão se reduzir, mas os custos 
também, e essa equação continuará fechando, 
se soubermos trabalhar direito”, completou.
O primeiro banco brasileiro a se apro-
ximar das fintechs no Brasil foi o Bradesco, 
sem planejadores, transações sem traders, fu-
sões e aquisições sem advisors etc”, afirmou. 
“Não sei se será assim, mas são, todos, ce-
nários possíveis.”
O cenário hipotético vai ao encontro da 
afirmação atribuída ao empresário Bill Ga-
tes, fundador da Microsoft, e repetida pelos 
entusiastas de serviços tecnológicos, de que 
as pessoas não precisam de bancos, mas de 
serviços bancários_ “we don’t need bank, but 
banking”.“Mas não acho que será esse o ca-
minho; o mais provável é que tenhamos um 
pouco disso convivendo com os serviços feitos 
pelos bancos tradicionais”, completou Contri.
Cooperação e parcerias
Vários bancos estrangeiros e brasileiros têm 
buscado parcerias com fintechs para adquirir e 
testar novas tecnologias ou mesmo contra-
tá-las como fornecedoras de produtos e servi-
ços. Para algumas instituições, as fintechs fun-
cionam como um laboratório de “oxigenação” 
e de reciclagem de processos, além de celeiro 
para encontrar novos talentos profissionais.
“Todos os grandes bancos estão investindo 
pesado em fintechs; não estão sentados, esperando 
para ver o que vai acontecer”, disse Sajal Mukher-
jee, líder de transformação bancária global da 
IBM, destacado para estudar a transformação dos 
serviços bancários. “Esses bancos aproveitam o 
contato com as fintechs para se tornarem institui-
ções digitais; e a maior dificuldade é a cultural.”
Nos Estados Unidos, bancos como Gold-
man Sachs, Morgan Stanley e JP Morgan Cha-
se investem em plataformas de pagamentos e 
outros serviços financeiros de fintechs do Vale 
do Silício. Os três lideram um consórcio com 
a participação de 40 instituições financeiras 
globais, da qual o brasileiro Itaú Unibanco faz 
parte, para acertar a padronização e discutir o 
uso da tecnologia de moeda virtual.
Fo
to
An
dr
es
/F
EB
RA
BA
N
24 revista Ciab FEBRABAN
ambiente de negócios
que lançou ainda em 2014 o seu programa 
InovaBra. O programa, que está na segunda 
edição, seleciona em média 10 startups por ano, 
a maioria desenvolvendo produtos financei-
ros com aplicação potencial no banco. Essas 
fintechs passam a interagir durante seis meses 
com o alto comando do Bradesco, em visitas 
frequentes à Cidade de Deus, na sede do ban-
co, em Osasco.
No final do programa, as empresas que 
concluírem com sucesso a formatação de suas 
soluções terão a possibilidade de comercializar 
seus produtos para o Bradesco. O banco pode 
ainda se tornar um investidor estratégico nessa 
startup ou mesmo comprá-la. 
Segundo Rony Sakuragui, consultor de 
gestão de tecnologia da Scopus/Bradesco, uma 
startup selecionada pelo Bradesco consegue po-
tencializar a captação de recursos junto à sua 
rede de investidores. Cada startup recebe em 
média R$ 150 mil indiretos do Bradesco, a 
maioria sob a forma de serviços contratados 
para melhorar o desenvolvimento de seus pro-
dutos. Em troca, o banco não pega uma parti-
cipação na empresa, como ocorre normalmente 
nesse tipo de parceria.
“Esse modelo funciona porque conse-
guimos engajaro empreendedor a fazer uma 
experimentação e a entregar algo que real-
mente funciona”, afirma Sakuragui. “Coloca-
“o BANCo APRENdE, ANtEs dE 
TUdO, A TRABALHAR COM AS 
STarTupS; APRENdE A lidAR Com As 
tECNologiAs dE FoRA, métodos 
dE tRABAlho diFERENtEs”
Erica Jannini, do Itaú Unibanco
“todos os gRANdEs BANCos 
Estão iNvEstiNdo PEsAdo Em 
FinTechS; Não Estão sENtAdos, 
EsPERANdo PARA vER o quE vAi 
ACoNtECER”
Sajal Mukherjee, da IBM 
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 25
26 revista Ciab FEBRABAN
ambiente de negócios
mos o produto à prova em áreas diferentes do 
banco _comercial, jurídico, tecnologia etc_ 
e, ao final, sai formatado em condições de ser 
vendido para uma grande corporação.” De 
acordo com o consultor, como contraparti-
da, o Bradesco consegue experimentar essas 
inovações em um tempo menor e com um 
custo inferior ao que teria se tentasse fazer 
internamente.
No ano passado, o Itaú criou o Cubo, es-
paço de coworking em São Paulo, que já conta 
com 55 startups em funcionamento. Inspirado 
nos chamados ecossistemas de inovação do Vale 
do Silício, o Cubo busca reunir num mesmo local 
startups de diferentes naturezas, investidores de 
venture capital (capital de risco), especializados 
em aportar recursos em empresas nascentes, além 
de fornecedores de tecnologia e grandes empresas 
para fomentar o empreendedorismo digital.
Após um ano de funcionamento, o banco 
contabiliza o treinamento de mais de 3.000 
funcionários em eventos no Cubo. “O ban-
co aprende, antes de tudo, a trabalhar com as 
startups; aprende a lidar com as tecnologias de 
fora, métodos de trabalho diferentes, tanto de 
desenvolvimento quanto na forma de pensar 
em novos negócios”, disse Erica Jannini, supe-
rintendente de gestão de TI do Itaú. “Aprende-
mos a trabalhar com essa cultura de escassez, 
mas com uma agilidade maior; é uma mudança 
cultural muito grande.” 
Na aproximação com o mundo digital, 
o Santander escolheu replicar no Brasil um 
laboratório de inovações desenvolvido pela 
Mastercard em Dublin, na Irlanda. Chamado 
SantanderLab, a ideia inicial era focar no de-
senvolvimento de produtos de meios de paga-
mentos por causa da parceria com a bandeira 
de cartões. No entanto, outras áreas do banco 
se interessaram em participar e agora o labo-
ratório trabalhará também com demandas das 
dos segmentos de seguros e de investimentos, 
entre outros setores.
Diferentemente do Cubo, que abriga 
startups fora do banco e de diferentes áreas 
de atuação, o SantanderLab vai desenvolver 
soluções para demandas próprias. “Esse la-
boratório vai ter funcionários do banco _ou 
do Lab_ trabalhando exclusivamente para o 
Santander”, disse Rodrigo Cury, superinten-
dente de cartões do Santander.
Para atuar especificamente com as fin-
techs, o Santander preferiu seguir com seu 
programa de apoio à pesquisa universitária, 
o Universia. O banco também faz concursos 
para aportar recursos em startups que desper-
tarem o seu interesse.
O Banco do Brasil também prepara no-
vidades sobre parcerias com startups e univer-
sidades para anunciar em agosto. Até então, a 
Rodrigo Cury, do Santander, afirma que 
banco vai desenvolver soluções para 
demandas próprias
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 27
segurança
28 revista Ciab FEBRABAN
ambiente de negócios
O site QueroQuitar, que faz a rene-
gociação online de dívida em atraso, foi o 
primeiro colocado na premiação de melhor 
fintech participante da última edição do Ciab 
FEBRABAN, ocorrida entre 21 e 23 de junho, 
em São Paulo. O QueroQuitar, que tem hoje 
498 mil consumidores cadastrados, garante 
oferecer diversas oportunidades de acordo 
para recuperar um total de R$ 1,6 bilhão de 
dívidas de inadimplentes. 
Segundo Marc Antonio Lahoud, funda-
dor da startup, a principal inovação do site foi 
criar um canal transparente que possibilite 
uma negociação rápida e sem constrangi-
mentos para os devedores.
“Mais do que recuperar créditos, recu-
peramos clientes para as empresas. Temos 
60 milhões de CPF negativados, 40% da 
população brasileira. São pessoas que não 
têm crédito e não podem consumir”, disse 
Lahoud. A startup também participou do pro-
grama InovaBRA, do Bradesco.
Participaram da etapa final da premia-
ção nove fintechs, que puderam expor seus 
trabalhos para um júri composto por profis-
sionais dos setores de tecnologia e de negó-
cios dos bancos. As startups foram analisadas 
segundo critérios como inovação, simplici-
dade, relevância, possibilidade de expansão 
e qualidade dos gestores.
O segundo lugar ficou com a EasyCredi-
to, uma startup que avalia e oferece crédito 
de diferentes instituições para consumidores 
com pouco ou nenhum acesso a serviços fi-
nanceiros. Para analisar o crédito dos consu-
midores, a EasyCredito busca informações 
nas redes sociais, além dos serviços de geo-
localização e dos bureaus de crédito.
“Verificamos a popularidade do usu-
ário nas redes sociais, seu perfil no Face-
book e no LinkedIn. Normalmente, somos 
os primeiros a saber se a pessoa tem um 
novo trabalho. Também sabemos se mu-
dou de endereço antes mesmo de ela atu-
alizar os dados no banco”, disse o fundador 
Marcos Ramos.
A israelense PayKey foi a terceira colo-
cada neste ano com a plataforma que per-
mite realizar transferências de pequenos va-
lores entre usuários dentro de redes sociais 
Ciab premia startup de renegociação de dívida
instituição tem dado preferência a programas 
internos para incentivar o empreendedorismo 
entre os funcionários. Um dos projetos incuba-
dos desenvolveu um aplicativo para celular que 
gerencia as filas nas agências. O app, que indi-
cará em tempo real o tempo de espera previsto, 
deve substituir em breve os totens físicos que 
imprimem senhas por ordem de chegada nas 
agências. O portal de renegociação de dívidas 
também surgiu desse programa.
Segundo Marco Mastroeni, diretor de 
negócios digitais do BB, o próximo passo 
será atuar com grupos fora do banco. "O 
convívio com essas startups é muito impor-
tante. É onde você vê, de fato, os problemas 
reais dos clientes para depois gerar uma so-
lução”, afirma. “Hoje, levamos mais de um 
ano para desenvolver um produto e depois 
descobrimos que ele não funciona; esse am-
biente favorece conceber rapidamente um 
revista Ciab FEBRABAN 29
como o Facebook Messenger, WhatsApp 
e Twitter. A proposta da startup é permi-
tir que os pagamentos sejam efetuados 
da mesma forma com que ocorrem as 
mensagens instantâneas.
Para efetuar as transações, no en-
tanto, os usuários precisam conectar o 
seu internet banking às redes sociais. 
No momento, a startup israelense testa 
a plataforma em um projeto-piloto do 
Citibank. A empresa faz parte também do 
FinTech Innovation Lab da Accenture, em 
Londres, que conta com o financiamento 
de 16 bancos internacionais. “Transferir 
dinheiro tem que ser tão fácil como bater 
papo no WhatsApp ou no Messenger”, 
disse Omer Paz, fundador da PayKey, que 
esteve no Ciab para apresentar a solu-
ção às instituições financeiras nacionais. 
“Nossa tecnologia pode atingir mais de 
2 bilhões de pessoas.”
Omer Paz, da PayKey; Marc Antonio
Lahoud, da QueroQuitar, e Marcos Ramos,
da EasyCredito: empresas vencedoras
do Ciab Fintech day
produto, errar logo, se for o caso, descartá-lo 
ou aperfeiçoá-lo”, complementa.
Outras iniciativas
Fora dos grandes bancos, a Porto Seguro tam-
bém desenvolveu a aceleradora de startups Oxi-
gênio, em parceria com a americana Plug and 
Play, aceleradora do Vale do Silício. O foco 
também é gerar soluções para demandas de 
interesse da Porto Seguro.
O tema fintech motivou a criação de um 
grupo de trabalho no Banco Central focado es-
pecificamente na digitalização de documentos, 
que permitiu a abertura de instituições total-
mente digitais no país, como o Banco Original. 
O grupo também acompanha os debates inter-
nacionais para regulamentar o uso de moedas 
eletrônicas,como o bitcoin.
Na FEBRABAN (Federação Brasileira de 
Bancos), o assunto também é acompanhado com 
interesse, especialmente por trazer ao mercado 
inovações tecnológicas com benefícios ao con-
sumidor. A entidade defende que a atualização 
das normas e do arcabouço legal hoje existentes 
seja capaz de garantir condições equivalentes de 
atuação para os agentes do mercado e facilitar a 
absorção de novas tecnologias e processos pelas 
instituições financeiras já existentes, sem tolher 
a contribuição das empresas inovadoras mais re-
centes para o bom funcionamento do sistema.
Diante das demandas do cliente hiper-
conectado e das inúmeras possibilidades de 
serviços prestados pelo mundo digital, o se-
tor financeiro não quer ser o próximo taxista 
surpreendido tarde demais por um aplicativo 
como o Uber. n
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
30 revista Ciab FEBRABAN
integração
Em seguros, a frase “o futuro pertence às fintechs” espalha-se como um mantra. Boa parte dos executivos acredita que os pe-
quenos empreendedores com grandes ideias vão 
ditar o ritmo e a forma de inovação do mercado. 
“A integração com a internet das coisas 
(IoT) e a exploração do big data para incre-
mentar a experiência do consumidor e reduzir 
os riscos são os caminhos prováveis para a evo-
lução do setor”, afirmou Daniel Rocha, diretor 
de Serviços Financeiros da Capgemini, durante 
a 26ª edição do Ciab FEBRABAN.
Ciente disso, a CNseg (Confederação Na-
cional das Empresas de Seguros Gerais, Pre-
vidência Privada e Vida, Saúde Suplementar 
e Capitalização) selecionará em agosto cinco 
projetos com estas startups que agreguem valor 
ao mercado de seguros. 
Estão previstos investimentos de R$ 
1 milhão nesta primeira etapa, informou 
Marco Barros, diretor geral da CNseg e um 
dos idealizadores do projeto. “O progra-
Conectar para segurar
Por Denise Bueno
Internet das coisas oferece oportunidade para que 
mercado segurador se aproxime de clientes
revista Ciab FEBRABAN 31
integração
ma pretende estimular e colaborar com o 
empreendedorismo, identificando ideias e, 
consequentemente, seus impactos diante das 
inovações que chegam ao setor.”
Apresentada no Ciab FEBRABAN, a 
pesquisa Voice of the Consumer (Voz do Con-
sumidor) realizada pela Capgemini e pela Efma 
com mais de 15,5 mil usuários de seguradoras 
do mundo inteiro traz dados que estimulam 
todos no mundo de seguros a correr atrás de 
núcleos de aceleradoras de startups. Um deles 
é relevante para quem está na posição de es-
pectador. Aproximadamente um quarto dos 
clientes da geração Y diz que provavelmente 
contrataria seguros de empresas de tecnologia 
não tradicionais, o que significa que há no ar 
uma grande ameaça de novos concorrentes.
“Na BB Seguridade, nos preocupamos 
muito mais com empresas de tecnologia que 
podem vender seguro do que com competi-
dores tradicionais”, afirmou a diretora Angela 
Beatriz. “Tenho participado de eventos sobre 
inovação dentro e fora do Brasil e percebo que 
o modelo disruptivo pode não vir de uma se-
guradora, mas de uma empresa que investe em 
conhecer a dor do cliente”, afirmou. 
Segundo ela, a praticidade gera uma utili-
zação muito grande. O canal mobile, uma vez 
acertado, pode mudar as vendas de patamar, 
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
daniel Rocha, da 
Capgemini, afirma 
que a integração 
com a internet 
das coisas (IoT) e 
a exploração do 
big data são os 
caminhos prováveis 
para a evolução do 
setor de seguros
* Fonte: Pesquisa Capgemini
Um quarto de todos os clientes planeja comprar ou renovar o seguro por meio
de canais digitais nos próximos 12 meses
Mais de 45% dos clientes da classe A e B da geração X (nascidos entre os anos 60
e meados dos 70) devem adotar ecossistemas inteligentes, dispositivos conectados 
e vestíveis. Já na geração Y (nascidos entre o fim dos anos 70 e no início dos 90), 
esse percentual sobe para 50%
31% dos clientes com alto poder aquisitivo afirmam que podem vir a contratar 
seguros de empresas de tecnologia, percentual que sobe para 47% entre os
clientes mais abonados da geração Y
Apenas 16% das seguradoras acreditam que os clientes aceitarão carros sem 
motoristas, enquanto 23% dos clientes demonstram esse interesse
A voz do consumidor*
32 revista Ciab FEBRABAN
integração
caso a empresa de seguros atenda completamente 
as necessidades do cliente. “O mobile já supera as 
transações via internet em cinco vezes, e, juntos, 
representam mais de 60% das transações reali-
zadas no BB.”, diz. “Já vemos essa tendência nas 
empresas que compõem o grupo BB Seguridade”. 
Em tempos de crise, as seguradoras afir-
mam que precisam analisar muito antes de in-
vestir em tecnologia e também aguardam mu-
danças na regulamentação para poderem adotar 
processos mais simples, como, por exemplo, 
fechar um negócio sem assinatura do cliente 
ou mesmo sem um corretor de seguros, o que 
hoje não é permitido pelo arcabouço legal do se-
tor, regulado pela Superintendência de Seguros 
Privados (Susep). “Não adianta mais relutar. O 
Uber é um exemplo clássico. Pode ter protestos, 
mas se o cliente quer, a regulamentação virá”, 
comentou Fabiano Droguetti, diretor de Ope-
rações e Gestão de Aplicações da Tivit.
Segundo Marcelo Blay, CEO da Minuto 
Seguros, a complexidade dos produtos e a fal-
A Porto Seguro, maior seguradora de 
automóvel do Brasil, deu o pontapé inicial 
do mercado deste segmento em relação ao 
tema fintech, não na relação com clientes, 
mas também para aumentar sua eficiência e 
gerir pessoal. No final do ano passado abriu 
a Oxigênio, a aceleradora do grupo, e, em 
junho deste ano, já tinha cinco projetos es-
colhidos para integração a várias empresas 
do grupo. Outros sete estão em análise, pre-
vistos para entrar em cena até o primeiro 
trimestre de 2017.
A Bynd, startup de caronas com mais 
de 15 mil usuários em quatro clientes 
corporativos, passou a ser oferecida aos 
funcionários da Porto Seguro. Quem dá e 
quem recebe caronas ganha pontos e os 
acumula no cartão, para trocar por milhas 
ou outros produtos. 
“O app oferece experiência de uso sim-
ples e em tempo real para conectar pessoas e 
promover integração, economia e sustenta-
bilidade nas empresas; e tem grande sinergia 
com a Porto Cartões”, explicou Italo Firmino, 
da Oxigênio, a aceleradora do grupo.
A PDVend é um ponto de venda para 
loja física que permite a varejistas vender 
produtos e gerenciar lojas por meio de ta-
blets e celulares. A sinergia com a Porto está 
no uso do sistema pelos prestadores de ser-
viços que atendem clientes da seguradora. 
A Planejei descomplica o planejamen-
to financeiro. Foi criado o robô Marvin, um 
consultor que acompanha os objetivos e 
metas do usuário diariamente. Ele é 100% 
automático, integrado com bancos e car-
tões e pode ser aproveitado pela Porto Vida 
e Previdência.
O Trackage monitora bagagens, indica 
sua localização exata e alerta sobre eventuais 
violações em tempo real. É um app indicado 
para ser integrado ao seguro viagem. 
Já a Telep complementa a atuação da Co-
necta, empresa de telecomunicações do grupo. 
O aplicativo móvel permite que as empresas 
economizem nas contas telefônicas, monito-
rando e analisando os gastos dos funcionários, 
identificando o mau uso e cobranças indevidas, 
e sugerindo o plano mais adequado para as 
necessidades de cada empresa.
Porto Seguro integra startups em atividades
revista Ciab FEBRABAN 33
integração
ta de conhecimento a respeito do seguro em 
si fazem com que o elemento humano ainda 
seja parte importante do processo de contra-
tação. “Até o Google, gigante do mundo da 
tecnologia, decidiu interromper sua incursão 
no mundo da venda de seguros pela internet, 
pois chegou à conclusão que os clientes pre-
cisam de um apoio humano durante e após o 
processo de contratação.”
Até 2015, as startups no setor eram todas 
corretoras de seguros, como a Minuto Seguros, 
Smartia, Sossego, TaCerto, Escolher Seguro, 
Bidu e Compara. Eram chamadas praticamen-
tede comparadoras de preços de automóvel. Só 
que rapidamente elas passaram a acompanhar a 
jornada digital do consumidor, trazendo, para 
o mercado de seguros, novos clientes, princi-
palmente os que faziam buscas que remetiam 
à organização das próprias férias. O seguro via-
gem passou a ser o produto de maior sucesso 
dessas fintechs. E, a partir daí, vieram os seguros 
de carros, de vida, para animais, de acidentes 
pessoais, entre outros. 
Neste segundo semestre, mais duas pla-
taformas digitais de peso devem entrar na 
disputa pelos consumidores: a Youse, da Cai-
xa Seguradora, e a ThinkSeg, idealizada por 
André Gregori, ex-BTG Pactual. O plano de 
negócios da ThinkSeg prevê investimentos de 
R$ 50 milhões no prazo de cinco anos, com 
300 mil itens segurados e mais de 2 milhões 
de usuários. “É realmente uma nova forma 
de fazer negócio, que vai ao encontro do 
que o cliente quer comprar e pagar, e não 
mais daquilo que uma empresa quer vender”, 
explica Gregori, que há quatro anos viaja o 
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
“NA BB sEguRidAdE, Nos PREoCuPAmos muito mAis 
Com EmPREsAs dE tECNologiA quE PodEm vENdER 
sEguRo do quE Com ComPEtidoREs tRAdiCioNAis”
Angela Beatriz, da BB Seguridade
Fernando Nogueira César, da dell,
proferiu a palestra sobre a revolução
gerada pela internet das coisas Cac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
34 revista Ciab FEBRABAN
integração
mundo pesquisando novas formas de negó-
cios em seguros.
Segundo Daniel Rocha, da Capgemini, 
mais de US$ 16 bilhões já foram investidos 
em fintechs de seguros nos Estados Unidos. O 
especialista acredita na tendência de que a ge-
ração Y, apesar de se comunicar com frequência 
com as seguradoras, tenha menos experiências 
positivas com elas do que os consumidores de 
outras faixas etárias. Esse público interage mais 
em todos os canais de comunicação, principal-
mente nos digitais, sendo até 2,5 mais vezes nas 
mídias sociais do que os outros clientes, e duas 
vezes mais por meio de dispositivos móveis.
Fernando Nogueira César, gerente da Dell 
que proferiu a palestra sobre a revolução gerada 
pela IoT, mostrou o potencial transformador da 
indústria de seguros. Os smartwatches, que ser-
vem para monitorar a frequência cardíaca e as 
atividades dos usuários, ajudarão cada vez mais 
as empresas de seguro de vida a fazerem estima-
tivas mais precisas sobre a expectativa de vida de 
seus clientes. As conexões tecnológicas com a casa 
podem mandar avisos de fogo, água ou assalto. 
Lemonade, um aplicativo que 
se propõe a aproximar grupos 
de pessoas querendo comprar 
seguros e investidores querendo 
bancar esse risco 
Bought by Many se 
especializou em juntar 
pessoas com necessidades 
específicas para solicitar o 
desenvolvimento de produtos 
adequados ou pleitear descontos
O aplicativo Oscar é tido 
com um de mais sucesso 
nos EUA e atua com 
saúde. O app é muito simples e 
intuitivo, e tem a função de ajudar 
as pessoas a buscarem na rede 
referenciada médicos e clínicas 
para agendamento de consultas. 
Os usuários podem informar pelo 
aplicativo quais são os sintomas e 
assim um atendente pode iniciar 
o primeiro atendimento médico já 
pelo telefone
A escocesa Cuvva 
faz o seguro do 
carro emprestado 
de um amigo, pelo tempo do 
empréstimo, como, por exemplo, 
pelo período de uma hora. Todo o 
processo é feito num smartphone
A Sure faz o seguro 
viagem específico para 
o voo, cobrindo desde o 
momento em que o avião levanta 
voo até o pouso
 
A Kroodle usa o 
perfil da pessoa no 
Facebook para coletar 
informações importantes na 
formação do preço, permitindo 
a compra de seguro de vida em 
apenas um passo
O Metromile, empresa 
sediada em São Francisco 
(EUA), é a mais famosa 
por cobrar por milha dirigida, 
além de monitorar o uso de 
combustível, a manutenção do 
veículo e sua localização
A Social Intelligence busca 
informações nas redes sociais 
para ajudar seguradoras a 
precificar um risco com
carência de dados
O Snapsheet é 
um aplicativo 
que permite 
que o cliente tire as fotos de 
seu carro batido e, em menos 
de três horas, já receba um 
orçamento para o conserto
 
A Spex atua no 
dia-a-dia de 
vistoriadores 
através de ferramentas 
tecnológicas que facilitam
a análise de documentos
 
A Bauxy permite 
que os segurados 
apenas tirem
uma foto do recibo de pagamento 
de um conserto de lente de
óculos e faz todo o processo
para ajudar o cliente a
receber o ressarcimento da 
seguradora
 
Até em organização
há espaço para as 
startups ajudarem
no tema seguros. A Knip e a 
Getafe, por exemplo, permitem 
que o cliente armazene em 
apenas um lugar todas as 
informações sobre seus
seguros
InsurTechs no mundo
revista Ciab FEBRABAN 35
integração
A mudança também já é realidade no seg-
mento de seguro de carros. Estão ficando cada 
vez mais populares produtos como “PAYD – Pay 
as You Drive” (pague baseado no uso do veícu-
lo) e PHYDd – “Pay How You Drive” (pague 
baseado em como você dirige). No Brasil, as 
seguradoras começam a ingressar neste segmen-
to, usando informações geradas através da IoT e 
telemática para prevenção de acidentes e precifi-
cação de riscos. A Porto Seguro acompanha um 
grupo de jovens com esse objetivo, e a Liberty 
Seguros pôs em prática um projeto-piloto que 
está perto de se tornar uma estratégia definitiva.
O mesmo acontece com os grandes riscos, 
como os existentes para seguros de plataformas 
de petróleo, portos e satélites. Resseguradoras e 
seguradoras já usam drones para inspecionar ris-
cos, como ocorreu em agosto de 2015 na Chi-
na. O incêndio do porto Tianjin, com mais de 
100 mortos, durou dias e deixou uma conta de 
mais de US$ 3,5 bilhões para as seguradoras. 
O uso de drones e imagens de satélite permiti-
ram uma primeira avaliação dos estragos, mais 
agilidade dos gestores de riscos que puderam 
mitigar perdas, e mais rapidez no pagamento 
de indenizações aos clientes.
Segundo Cristiano Barbieri, diretor de 
TI da SulAmérica, a área de tecnologia da 
informação tem que funcionar como uma 
startup, e não mais como uma área tecnoló-
gica. “Temos de ser muito mais inovadores, 
mais baratos e mais rápidos”, afirma. 
Barbieri acredita que o setor terá finte-
chs parceiras, usará fintechs de concorrentes e 
outras startups para ajudar a consolidar toda a 
cadeia de valor. A SulAmérica, uma compa-
nhia que atua em todos os segmentos e que 
tem 7 milhões de clientes, conseguiu chegar 
há mais de 5 milhões de transações e 1 milhão 
de downloads em seu aplicativo de saúde. Ele 
cita também o cartão virtual de saúde, com a 
qual o segurado checa descontos em farmácias 
e o andamento do pedido de reembolso, entre 
outras funções. “Isso gerou a redução de mais 
de 1 milhão de ligações no call center”, conta.
As seis palestras realizadas na Trilha de Se-
guros no Ciab FEBRABAN 2016 deixaram claro 
que as companhias de seguros estão atentas aos 
danos causados às operadoras de Telecom com 
comunicadores instantâneos, como o WhatsApp. 
E as companhias estão assustadas com o impacto 
do que chamam de InsurTech, ou seja, a explosão 
de startups no mercado segurador.
Segundo estudo da Pricewaterhouse-
Coopers, uma em cada cinco seguradoras no 
mundo está engajada com uma fintech para 
inovar algum ponto da cadeia entre a criação de 
produtos ao atendimento do cliente. No Brasil, 
a tendência é a mesma: com parcerias entre 
fintechs, seguradoras e corretores reinventam-se 
para agregar valor nessa cadeia de negócio. “O 
cliente é o protagonista”, garantiu Cristiano 
Barbieri, diretor da SulAmérica. n
Fo
to
A
nd
re
s/
FE
BR
A
BA
N
Para Cristiano 
Barbieri, da 
SulAmérica, a área 
de tecnologia da 
informação tem 
que funcionar como 
uma startup, e não 
mais como uma 
área tecnológica
36 revista Ciab FEBRABAN
decifrar para não
ser devorado
Por Ediane Tiago
Bancos brasileiros integram consórcio
internacional para soluções baseadas em 
plataformas de contabilidade distribuída
 
revista Ciab FEBRABAN 37
blockchainNeste ano, o ciab febraban recebeu profissionais ávidos por decifrar o blockchain – uma tecnologia recen-
te, ainda de difícil entendimento para leigos, 
também conhecida como plataforma de con-
tabilidade distribuída. Os auditórios lotaram e 
houve quem assistisse às palestras em pé. Nos 
corredores e estandes, o tema também agitou o 
congresso. O interesse em torno da tecnologia 
foi incentivado pela entrada do Itaú Unibanco 
e do Bradesco no consócio internacional R3, 
que lidera a pesquisa e o desenvolvimento de 
soluções baseadas em blockchain para um gru-
po formado por mais de 50 instituições finan-
ceiras em todo o mundo.
O mercado financeiro está globalmente 
empenhado em dominar o blockchain – uma 
grande rede contábil que integra, de forma 
descentralizada, transações realizadas com di-
ferentes ativos (físicos, digitais e contratos). “A 
diferença está na movimentação de valores di-
retamente entre as partes, sem intermediários”, 
explicou Fábio Chesini, diretor de pesquisa do 
Gartner. Os bancos ainda não sabem como 
utilizar a tecnologia em seus negócios, diz ele. 
“É uma ruptura importante para o setor; 
as instituições financeiras precisam redefinir a 
forma como trabalham”, confirmou Nitin Gaur, 
diretor do laboratório de blockchain da IBM. 
Na prática, adotar o blockchain significa deixar 
um modelo centralizado e fechado para operar 
de forma aberta. “O maior desafio é construir 
uma rede de confiança, com sistemas capazes 
de assegurar clientes e instituições”, disse Gaur. 
A única certeza do mercado é que não dá 
para fugir desta onda tecnológica. Os espe-
"BANCos BRAsilEiRos vão 
dissEmiNAR soluçõEs NA 
AméRiCA lAtiNA"
Charley Cooper, do R3
"os BANCos AiNdA Não sABEm 
Como utilizAR A tECNologiA Em 
sEus NEgóCios"
Fábio Chesini, do gartner
D
u 
A
m
or
im
/F
EB
RA
BA
N
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
38 revista Ciab FEBRABAN
blockchain
cialistas que se apresentaram durante o Ciab 
FEBRABAN 2016 foram categóricos: a con-
tabilidade distribuída é uma ruptura tão im-
portante para os serviços financeiros como foi 
a internet. “Não há opção: quem não desven-
dar o blockchain, será devorado por ele”, disse 
Marco Aurélio Crestoni, chefe do escritório de 
tecnologia do Citi. Por isso, é tão importante 
criar um ecossistema para desenvolver as solu-
ções. “Também é algo que não dá para tocar 
sozinho”, lembrou Crestoni.
 “A adesão dos bancos brasileiros é funda-
mental para disseminar a tecnologia na Amé-
rica Latina”, destacou Charley Cooper, diretor 
do R3. Ele reconhece a importância global do 
Brasil em tecnologia bancária e acredita que as 
instituições brasileiras terão papel relevante no 
desenvolvimento do blockchain. 
Cooper lembrou que o R3 já lançou uma 
plataforma de contabilidade distribuída para o 
mercado financeiro, chamada Corda. “Alguns 
de nossos clientes estão operando a solução 
para testá-la e validá-la.” Além dela, o executivo 
afirmou que o R3 está identificando soluções 
para resolver problemas de negócios específicos 
do setor bancário. “Pretendemos lançar novos 
produtos no próximo ano.”
Mauricio Salas, superintendente de ar-
quitetura do Itaú Unibanco, fez questão de 
lembrar que o Itaú foi o primeiro banco bra-
sileiro a se juntar ao R3 (no final de abril). “A 
associação nos permite estudar a tecnologia e 
seus casos de uso; o objetivo é entender onde 
existe maior benefício para o consumidor e 
oportunidade de captura de eficiência para os 
nossos negócios”, explicou. 
O Itaú, segundo o executivo, aprofunda 
os conhecimentos técnicos sobre o blockchain 
para analisar como a tecnologia pode mudar 
a indústria financeira e seus modelos de negó-
cios. “Nosso centro de competência interno 
tem discutido e acompanhado a evolução do 
blockchain”, diz. Além de comandar os traba-
lhos com as áreas de negócios do banco, a equi-
pe do Itaú realiza eventos para discutir o tema 
com especialistas, fintechs e outras empresas.
O Bradesco anunciou associação com o R3 
durante o Ciab. “Esta é uma das nossas frentes 
de trabalho”, afirmou Rony Sakuragui, consultor 
de Gestão de Tecnologia da Scopus/Bradesco. O 
consórcio tornou-se a voz dos bancos na pesquisa 
e desenvolvimento de soluções de contabilidade 
distribuída, e é uma ponte importante para criar pa-
drões globais de operação, disse ele. “Estamos ava-
liando se vamos ou não testar o Corda”, adiantou. 
Para ampliar a capacidade de análise de 
soluções, a equipe da Scopus trabalha com a 
área de tecnologia e inovação do Bradesco. O 
interesse em blockchain também se reflete na se-
"AssoCiAção Com o R3 PERmitE 
ENtENdER oNdE ExistE mAioR 
BENEFíCio PARA o CoNsumidoR"
Mauricio Salas, do Itaú Unibanco
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
revista Ciab FEBRABAN 39
blockchain
leção de fintechs, pelo programa InovaBra (que 
apoia financeiramente projetos de empresas 
novatas), e a conversa com outros bancos. “A 
ideia é ter uma espécie de comitê brasileiro, 
do qual o R3 quer participar”, diz Sakuragui.
O Bradesco anunciou que, até o final 
deste ano, começará a testar soluções de 
contabilidade distribuída. Serão dois servi-
ços distintos. “Fechamos parcerias com duas 
fintechs, ambas participantes do InovaBra, 
para aprender sobre a tecnologia e avançar 
nos pilotos”, comenta Sakuragui. A eWally 
desenvolveu uma carteira digital_ que pode 
ser utilizada em telefones inteligentes (smar-
tphones)_ baseada na tecnologia de conta-
bilidade distribuída. O serviço consiste em 
permitir depósitos e saques pela rede de cor-
respondentes bancários Bradesco Expresso.
Já a BitOne, também selecionada pelo 
Bradesco, desenvolve soluções para facilitar 
transferências de valores, processamento de 
pagamentos e gestão financeira. “Vamos testar 
as soluções e também o modelo de inovação 
aberta”, explicou Sakuragui. 
Para testes em larga escala, lembra Gaur, 
os bancos podem buscar integração aos negó-
cios de cadeias produtivas mais avançadas em 
soluções de blockchain, com os segmentos de 
saúde e logística. “Essas redes estão se forman-
do e há intensa troca de valores e produtos; 
como há sempre um ativo físico relacionado, 
a segurança é maior”, disse. 
Joaquim Kiyoshi Kavakama, superin-
tendente geral da Câmara Interbancária de 
"O BRASIL PRECISA SER
mAis ágil NA ElABoRAção dE 
REgRAs PARA A tECNologiA"
Paschoal Baptista, da deloitte
C
ac
al
os
 G
ar
ra
st
az
u/
FE
BR
A
BA
N
"A iNtEgRAção dE sERviços 
FiNANCEiRos A CAdEiAs 
PRodutivAs mAis AvANçAdAs 
AMPLIA A BASE dE TESTES"
Nitin gaur, da iBm
D
u 
A
m
or
im
/F
EB
RA
BA
N
40 revista Ciab FEBRABAN
Pagamentos (CIP), alertou sobre outro ponto 
importante: a regulamentação. “No setor fi-
nanceiro, não dá para lançar uma tecnologia 
nova sem conversar com os reguladores”, disse. 
Por isso, ele vê sinalização positiva na entrada 
de entidades como Banco Central, Comissão 
de Valores Mobiliários (CVM) e da própria 
CIP na discussão. “É preciso um consórcio de 
bancos brasileiros que converse com essas enti-
dades; todos têm de andar juntos”, comentou. 
De acordo com Paschoal Pipolo Baptista, 
sócio da Deloitte, 80% dos maiores bancos 
do mundo estão envolvidos com projetos de 
blockchain. Os investimentos em fintechs dedi-
cadas à tecnologia também têm crescido. Nos 
últimos três anos, US$ 1 bilhão foram aplica-
dos em novatas com projetos de contabilidade 
distribuída. Os ganhos anuais projetados para a 
indústria financeira chegam a US$ 20 bilhões. 
“Para aproveitar o potencial da tecnologia e da 
criação dela, o Brasil tem de ser mais ágil em 
discutir a regulamentação”, alertou Baptista. 
Além de observar as regras vigentes em 
cada país, a tecnologia enfrenta outros desa-
fios. Segundo Kavakama, é preciso formar mão 
de obra especializada em blockchain (o tema 
é novo para todos), criar padrões de opera-
ção (uma rede ampla e global só funcionará se 
todas as instituições envolvidas conversarem) 
e garantir a latência (tempo de resposta) e a 
escalabilidade da solução. Até agora, apenas

Continue navegando