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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA ORGÂNICA I: GRUPOS FUNCIONAIS E NOMENCLATURA DE ALCANOS Aluno: Vítor Patrício da Silva Medeiros Nº Matrícula: 201721027-5 Seropédica/RJ 2017 1. NOMENCLATURA DE ALCANOS[14] Os conceitos de química orgânica começaram a se desenvolver a partir do século XIX, a partir daí um número significativo de compostos orgânicos foram sendo descobertos, e diante da enorme variedade tornou-se necessário um método sistemático para nomeá-los. A nomenclatura dos alcanos está diretamente relacionada ao número de átomos de carbono na cadeia. Os prefixos na nomenclatura de alcanos se baseiam em números gregos. O sufixo "ano" é adicionado ao final de cada nome para identificar a molécula como um alcano. Por exemplo, propano é um alcano com três átomos de carbono, hexano é um alcano com seis átomos de carbono, e assim por diante. A nomenclatura dos alcanos serve de base para todos os outros compostos orgânicos. Portanto, se você compreende a regra para nomear os hidrocarbonetos mais simples saberá nomear também outros mais complexos. Os nomes dos dez primeiros alcanos ficaram mais conhecidos por serem empregados constantemente. Verifica-se então na Figura 1, a nomenclatura para alcanos com mais de 10 C (carbonos): Figura- Nomenclatura de alcanos A nomenclatura exposta neste contexto foi sistematizada pela Internacional Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC - União Internacional de Química Pura e Aplicada). 2. GRUPOS FUNCIONAIS 2.1 Isocianato Os isocianatos são compostos orgânicos que apresentam radicais isocianatos NCO ligados à cadeia carbônica, podendo ser alifáticos, aromáticos, cicloalifáticos ou policíclicos. Onde o átomo de carbono é eletrofílico, o que confere a estes compostos um caráter altamente reativo e suscetível a reações com centros ricos em elétrons. Os isocianatos reagem com compostos que apresentam na cadeia átomos de hidrogênio ativos, como grupos hidroxila de alcoóis primários ou secundários e aminas primárias ou secundárias, formando respectivamente ligações uretana e uréia (WEGENER, G.,2001). A Figura 2 mostra o efeito de ressonância do grupamento isocianato. Os principais isocianatos utilizados na fabricação de poliuretanos podem ser alifáticos ou aromáticos. Com base nesta escolha é possível obter propriedades diversas do produto final, pela combinação dos isocianatos escolhidos com outras matérias-primas como polióis e aditivos (KOECT, 2008). As principais diferenças, entre os poliuretanos obtidos a partir de isocianatos aromáticos ou alifáticos, são mostradas no Quadro 1. 2.1.1 Efeito da Estrutura na Reatividade A estrutura do isocianato tem grande importância na reatividade do grupo NCO. A reatividade dos isocianatos é aumentada por substituintes que elevem a carga positiva no carbono do grupo NCO. Assim, isocianatos alifáticos são menos reativos que os aromáticos. Estes últimos serão mais reativos quanto maior a eletronegatividade dos substituintes do anel aromático (VILAR, 1999). Em adição, ao efeito eletrônico, os fatores estéricos são também importantes. Substituintes volumosos próximos ao sítio de reação diminuem a velocidade de reação. Estes fatores estéricos também influenciam a especificidade dos catalisadores, visto que eles igualmente necessitam se aproximar do sítio de reação, para exercer seu efeito catalítico (WEGENER, 2001). Diversos compostos apresentam reatividades diferentes frente aos isocianatos, conforme pode ser observado na ordem descrita na Figura 3. 2.1.2 Reações dos Isocianatos Na obtenção dos PU’s, a maioria das reações dos isocianatos ocorre através da adição à dupla ligação C=N. Um centro nucleofílico contendo um átomo de hidrogênio ativo ataca o carbono eletrofílico e o átomo de hidrogênio ativo é então adicionado ao nitrogênio, como mostrado na Figura 4. Grupos aceptores de elétrons, ligados ao grupamento NCO, aumentam sua reatividade e os doadores a reduzem, e por isso, os isocianatos aromáticos são mais reativos do que os alifáticos. A ocorrência de impedimento estérico tanto no grupo isocianato, quanto no composto com hidrogênio ativo provocam diminuição na reatividade. Os compostos hidroxilados (polióis) podem variar quanto à massa molecular, natureza química e funcionalidade. Os polióis podem ser poliéteres, poliésteres ou policarbonatos. A natureza química bem como a funcionalidade dos reagentes deve ser escolhida de acordo com as propriedades finais desejadas. Esta flexibilidade possibilita a obtenção de materiais com diferentes propriedades físicas e químicas, e faz com que os PU’s ocupem posição importante no mercado mundial de polímeros sintéticos de alto desempenho. Wurtz foi o primeiro a sintetizar isocianatos pela reação de dietilsulfato e cianeto de potássio, em 1848. A primeira síntese de isocianato através da fosgenação de amina foi mencionada por Hentschel em 1884. Embora exista uma variedade de métodos para a síntese de isocianatos a fosgenação de aminas tornou-se o único método de importância industrial (Figura 5). Todos os isocianatos usados comercialmente têm ao menos dois grupos NCO por molécula que reagem com os polióis, água, extensores de cadeia e formadores de ligações cruzadas, formandos os PU's. FIGURA 5 – Reação de obtenção dos isocianatos. Ressalta-se que, todos os isocianatos usados comercialmente possuem no mínimo dois grupos funcionais, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 - Principais isocianatos utilizados na síntese de poliuretanos (VILLAR, 1999). 2.2 Isonitrila As isonitrilas ou nitrilas isômeras também chamadas carbilaminas foram descobertas por Gautier em 1866. São compostos orgânicos derivados do isocianeto de hidrogênio [ (H-N=C:) ácido isocianídrico em solução aquosa], pela substituição do átomo de hidrogênio por radical orgânico monovalente alquila ou arila. A união nitrogênio- carbono é de natureza mista covalente coordenada e o carbono terminal atua como um aceptor do par de elétrons do nitrogênio. A isonitrila é um dos poucos ligantes, cujo átomo de carbono bivalente tem um par de elétrons separados e por isso são semelhantes à estrutura do monóxido de carbono (FIESER, 1964; CRAM, 1959; MORRISOM et. al.,1961) ), conforme verifica-se na Figura 6. Figura 6 – Grupos isonitrila Nas alquilas, a valência livre está presa ao carbono saturado (R-N=C: ou R-N+= C-:) e nas arilas a valência livre está presa diretamente ao núcleo benzênico. Os alquil derivados ou alquil-isonitrila e arilisonitrilas são líquidos incolores de odor repelente, pouco solúveis em água e, por aquecimento quase sempre se isomerizam em nitrilas correspondentes ( R – N=C: -> R-C=N: ). As isonitrilas são mais reativas do que as nitrilas e menos estáveis do que estas (FIESER, 1964; CRAM, 1959). Os ácidos minerais diluídos hidrolisam as isonitrilas em amina primária e ácido fórmico. As isonitrilas podem ser obtidas por (FIESER, 1964, CAMPOS, M.,1980): 1) Reação de haletos com cianeto de prata segundo a reação: R-X + AgCN => R-NC + AgX 2) Reação de aminas primárias (aminas secundárias e terciárias não produzem esta reação) com clorofórmio, em meio fortemente básico: R-NH2 + CHCl3+ 3 NaOH => R-NC + 3 NaCI + 3 H2O As reações mais importantes das isonitrilas são: 2.1) Hidrólise (origina ácidos carboxílicos e aminas): R-NC + 2 H2O => HCOOH + R-NH2 Com base na reação de hidrólise das isonitrilas em meio ácido, o armazenamento de complexos contendo como ligante uma isonitrila deve ser adequado de modo a proteger o produto de contato como o meio aquoso e ácido para evitar sua decomposição. 2.2) Reação com composto de Grignard (produz aldeídos e aminas): R-NC + RMgX + 2 H2O => RCHO + R-NH2 + Mg(OH)X 2.3) Redução (produz aminas secundárias): R-CN + H2 => R-N=CH2 (imina) R-N=CH2 + H2 => R-NH-CH3 (amina secundária)2.4) Reações de adição: R-NC + 1/2 O2 => R-C=N=0 (isocianato) R-NC + S => R-C=N=S (isotiocianato) As isonitrilas não têm muitas aplicações, porém, são importantes para a produção de outros compostos, como os isocianatos, que são utilizados na síntese de polímeros. 2.3 Carbamato Também conhecidos como uretanos, os carbamatos são ésteres ou derivados N-substituídos do ácido carbâmico (CH3NO2), substância altamente instável conforme apresentado na Figura 7. Na figura 8, R2 pode conter radicais alquil ou aril. Os carbamatos inseticidas possuem um grupamento metil em R1 enquanto os herbicidas possuem um radical aromático. Já os CBs fungicidas contêm um grupamento benzimidazol em R1. Dentre esses, apenas os CBs inseticidas apresentam atividade anticolinesterásica Figura 7 – Obtenção do carbamato Figura 8 – Fórmula geral do carbamato Na natureza, os carbamatos estão presentes na hemoglobina, onde são constituídos no momento em que o gás carbônico se liga com as cadeias de globina. Também há a formação de um grupo carbamato no início do Ciclo de Calvin (fase não luminosa da fotossíntese), o que torna possível a ação da enzima ribulose-bisfosfato carboxilase oxigenase (proteína mais abundante do planeta, responsável pela fixação do dióxido de carbono na fotossíntese). A principal aplicação do grupo carbamatos pela indústria é na composição de pesticidas sintéticos. Trata-se de compostos amplamente eficazes, introduzidos no mercado consumidor desde 1950, muito utilizados pelos países em desenvolvimento. Existem hoje aproximadamente 14 tipos diferentes de inseticidas carbamatos disponíveis no mercado. A ação desses pesticidas pode ser por contato ou ingestão e se baseia na inibição da enzima acetilcolinesterase, que desempenha a função de degradação do neurotransmissor acetilcolina. A inibição dessa enzima provoca um acúmulo da acetilcolina na sinapse do inseto, paralisando a transmissão na sinapse colinérgica, sem a passagem de impulsos nervosos, o organismo é levado à morte. Os carbamatos são tóxicos aos seres humanos e aos animais, são bem absorvidos por inalação e via oral e pouco absorvidos pela pele, podem causar efeitos adversos aos Sistemas Nervosos Central e Periférico, além de ações imunodepressoras e cancerígenas. São instáveis e voláteis, podem ser degradados por excesso de umidade, altas temperaturas, alcalinidade e luminosidade. São metabolizados por seres vivos (animais, vegetais e microrganismos de um modo geral). Sua decomposição produz substâncias tóxicas como amônia e dióxido de carbono, e outros compostos como aminas, álcoois e fenóis. Além de pesticidas, os carbamatos também são empregados na produção de polímeros como o poliuretano, encontrados comercialmente sob a forma de espumas, adesivos de alto desempenho, selantes, fibras, vedações, preservativos, carpetes, tintas, peças de plástico rígido e elastômeros. Os carbamatos também podem ser utilizados na produção de medicamentos, especialmente, os destinados ao tratamento do Mal de Alzheimer. 2.4 Imidas[5] As imidas são compostos que contém o grupo –CO-NHCO- e são denominadas de maneira semelhante ao das amidas. Essas, contêm dois grupos ácidos ligados a um nitrogênio por ligações simples. A succinimida e a ftalimida são bem conhecidas (Figura 10). As imidas cíclicas podem ser preparadas aquecendo os diácidos com amônia (Figura 11). A IUPAC definiu como "diacil derivados de http://www.oocities.org/vienna/choir/9201/polimeros.htm amônia ou aminas primárias, especialmente compostos cíclicos derivados de diácidos". Estes compostos estão estruturalmente relacionados aos anidridos de ácido, uma vez que as imidas são menos reativas. De acordo com suas aplicações comerciais, as imidas são altamente resistentes a polímeros de alta resistência. Figura 10 – Exemplos de imidas. Figura 11 – Exemplo de imida cíclica. 2.5 Azida As azidas constituem intermediários extremamente versáteis em síntese para a preparação de uma ampla variedade de compostos nitrogenados. Desde a preparação da primeira azida orgânica, a fenilazida ( Figura 12), por Peter Griess em 1864, esta classe de derivados sintéticos vem despertando grande interesse (BRÄSE et. al., 2005; SCRIVEN, 1988). O interesse industrial nas azidas orgânicas começou com o uso destas na síntese de heterociclos, como triazóis e tetrazóis, bem como com sua aplicação como explosivos e como grupos funcionais em fármacos. Por exemplo, pode-se citar o uso de azidonucleosídeos, como o 3’-azido-3’- deoxitimidina (AZT) no tratamento da AIDS (Figura 12) (PATHAK, 2002). Figura 12 – fenilazida (8) e AZT (9) Diversas azidas com baixo peso molecular, como metilazida (CH3N3) e diazidometano (N2CH2N2), são substâncias explosivas que sofrem decomposição com liberação de nitrogênio se submetidas a uma energia externa, como pressão, impacto ou aquecimento. Azotetos de metais pesados são utilizados, por exemplo, como detonadores de explosivos. Já o azoteto de sódio (NaN3) é utilizado em airbags. Apesar de suas propriedades explosivas, as azidas orgânicas são intermediários bastante valiosos em síntese orgânica. Elas são utilizadas, por exemplo, em cicloadições, na síntese de anilinas (KUMAR, 1999), e como precursores de nitrenos. 2.5.1 Propriedades físico-químicas de azidas orgânicas A determinação estrutural do grupamento azida tem origem no postulado inicial de Curtius e Hantzsch, que sugeriram uma estrutura cíclica (A). Porém, esta foi rapidamente revisada em favor da estrutura linear B (Figura 13) (GLUKHOVTSEV, M. et al., 1999) Figura 13 - Estruturas cíclica (A) e linear (B) propostas para a azida (-N3) 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. BRÄSE, S.; GIL, C.; KNEPPER, K.; ZIMMERMANN, V. Organic Azides: An Exploding Diversity of a Unique Class of Compounds; Angew. Chem. Int. Ed. 2005, 44, 5188-5240. 4. 2. CAMPOS M.M., Fundamentos de química orgánica, Ed.Edgard Blucher, p 237,419-431/, 1980. 3. CARDOSO, Mayara. “Compostos químicos - Carbamatos”. Info Escola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/carbamatos/>. Acesso em 07 de outubro de 2017. 4. CRAM, D.J.; HAMMOND G.S., Organic Chemistry, v. 1,p.124, N. York, 1959 5. FERNANDÉZ, German. “Imidas”. Disponível em:< http://www.quimicaorganica.org/amidas/477- imidas.html>. Acesso em 08 de outubro de 2017. 6. FIESER F.L. AND FIESER M., Advanced Organic Chemistry, p. 57, Ed. _ Reverte, México, 1964. 7. GLUKHOVTSEV, M. N.; BACH, R. D.; LAITER, L. High-Level Computational Study on the Thermochemistry of Saturated and Unsaturated Three- and Four-Membered Nitrogen and Phosphorus Rings; Int. J. Quantum Chem. 1997, 62, 373-384. 8. Ionescu, M.; Chemistry and Technology of Polyols for Polyurethanes, 1th ed., Rapra Technology Limited: United Kingdom, 2005. 9. Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Technology - Urethane Polymers. Disponível em: . Acesso em: 10/12/2008. 10. KUMAR, H. M. S.; REDDY, B. V. S.; ANJANEYULU, S.; YADAV, J. S. A. Novel and Efficient Approach to Mono-N-Alkyl Anilines via Addition of Grignard Reagents to Aryl Azides; Tetrahedron Lett. 1999, 40, 8305- 8306. 11. MORRISON, ROBERT T.- Química Orgânica, vol.1, Ed.Cardoso. p.176- 202,1961. 12. PATHAK, T. Azidonucleosides: Synthesis, Reactions, and Biological Properties; Chem. Rev.2002, 102, 1623-1667. 13. SCRIVEN, E. F. V.; TURNBULL, K. Azides: Their Preparation and Synthetic Uses; Chem. Rev. 1988, 88, 297-368. 14. SOUZA, Líria Alves de. "Nomenclatura de alcanos com mais de dez carbonos"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/nomenclatura-alcanos-com-mais-dez-carbonos.htm>. Acesso em 07 de outubro de 2017. 15. VILAR, W. D. Química e Tecnologia dos Poliuretanos. Rio de Janeiro, Brasil: Vilar Consultoria, 1999, 400p. 16. WEGENER, G.; et al. Trends in industrial catalysis in the polyurethane industry. Applied Catalysis A: General,Dormagen, Germany, v. 221, p. 303- 335, 2001. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
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