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BENTOLOGIANECTOLOGIA-E-PLANCTOLOGIA

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1 
 
 
 
 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 SISTEMA BENTÔNICO .............................................................................. 4 
2.1 Ecologia dos bentos ............................................................................. 8 
2.2 Comunidades litorais .......................................................................... 10 
2.3 Amostragem dos organismos bentônicos ........................................... 16 
3 PLANCTOLOGIA ...................................................................................... 19 
3.1 Divisões do plâncton .......................................................................... 20 
3.2 Composição do Plâncton .................................................................... 23 
3.3 Importância do plâncton na aquicultura .............................................. 25 
3.4 Métodos de coleta para captura de plânctons .................................... 27 
3.5 Avaliação da biomassa planctônica ................................................... 29 
4 FITOPLÂNCTON ...................................................................................... 30 
4.1 Ecologia do Fitoplâncton .................................................................... 34 
4.2 Métodos de cultivo de fitoplâncton ..................................................... 37 
5 ZOOPLÂNCTON ....................................................................................... 40 
5.1 Amostragem do Zooplancton ............................................................. 42 
5.2 Fixação e conservação dos planctontes............................................. 45 
5.3 Nutrição e metabolismo do zooplancton............................................. 48 
5.4 Métodos de cultivo de Zooplancton .................................................... 50 
6 NECTOLOGIA .......................................................................................... 51 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
6.1 Composição do necton oceânico ....................................................... 52 
6.2 Adaptações do nécton oceânico ........................................................ 53 
6.3 Ecologia do necton ............................................................................. 55 
6.4 Ecossistemas nectônicos ................................................................... 57 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
2 SISTEMA BENTÔNICO 
 
Fonte: emsinapse.wordpress.com 
Os organismos bentônicos são aqueles que vivem obrigatoriamente em contato 
com o substrato (sedimento, pedaços de madeira, folhas, algas, rochas, etc.) de fundo 
de ecossistemas aquáticos (rios, lagos, oceanos, etc.), ao menos, durante parte de 
seu ciclo de vida. Tais organismos exibem uma relação íntima com o fundo, seja 
porque nele estão fixados, andam ou rastejam, vivam em seu interior, o utilizam como 
proteção e abrigo ou dele retiram seu alimento (SILVA, 2006). 
Constituem os bentos bactérias, fungos, protozoários e algas unicelulares; as 
macroalgas (os três últimos do Reino Protista, atualmente), algumas plantas 
vasculares como Spartina sp e as plantas de mangue, como Rizophora sp, e uma 
grande diversidade de metazoários (organismos multicelulares) de quase todos os 
grupos animais. O tamanho desses organismos varia em muitas ordens de grandeza 
https://emsinapse.wordpress.com/
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
desde formas microscópicas, como as bactérias, a grandes macroalgas de até 50 m 
de comprimento, como Macrocystis sp. (CORBISIER, 2012). 
Segundo o autor citado acima, os organismos dos bentos são notáveis na sua 
variedade de formas e nas adaptações à vida no fundo; diferem dos organismos 
planctônicos que em geral têm pequeno tamanho e baixa densidade específica pois 
estes precisam flutuar. Os animais do bentos podem ser classificados com base na 
sua posição no fundo: epifauna - vivem sobre a superfície da rocha ou do sedimento 
e podem ser fixos (sésseis) ou capazes de mover-se; infauna - animais que vivem 
dentro do sedimento, enterrando-se ou construindo tubos ou galerias, que são 
sedentários. 
Quanto ao tamanho, podem ser classificados de acordo com o tamanho da 
malha utilizada para separar os organismos: Nanobentos (< 0,062 mm), meio bentos 
(> 0,062mm e < 0,5 mm), macrobentos (> 0,5 mm) e megabentos (coletado com redes 
de malha de 3 cm). Quanto ao hábito alimentar, há 5 modos primários de obtenção de 
alimento: filtradores - que filtram alimento em suspensão na água, como por exemplo 
as cracas, os mexilhäes e as esponjas comedores de depósito - alimentam-se de 
partículas depositadas no sedimento, como muitos poliquetos (vermes anelídeos) 
predadores e necrófagos - muitos podem ser ambos, como camarões, polvos, 
caranguejos, estrelas do mar, gastrópodes herbívoros - que se alimentam de vegetais, 
sejam as microalgas da superfície da rocha, das algas ou do sedimento, ou das 
macroalgas em si, como gastrópodes, poliquetos ou crustáceos os que absorvem 
matéria orgânica dissolvida na água - como certos nematódeos (CORBISIER, 2012). 
Os macroinvertebrados bentônicos, macrozoobentos ou macrofauna bentônica 
compreendem organismos dos bentos com dimensões a partir de 0,5 mm, estando 
reunidas dentro deste grupo a maioria dos anelídeos, celenterados, crustáceos, 
esponjas, moluscos, dentre outros invertebrados. Organismos bentônicos encontram-
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
se presentes em todos os níveis tróficos e estão entre os principais componentes da 
dieta de muitas espécies de aves e peixes costeiros, influenciando profundamente na 
composição e na abundância destas (SILVA, 2006). 
A fauna bentônica desempenha importantes funções na reciclagem dos 
nutrientes e conservação da qualidade de água dentro dos sistemas 
estuarinos, uma vez que, por meio de seus mecanismos de movimentação, 
alimentação e respiração, modificam profundamente as propriedades físico-
químicas dos sedimentos, afetando, por exemplo, processos de ciclagem e 
transferência de matéria e energia na interface sedimento-água 
(SNELGROVE 1994 apud SILVA, 2006). 
A fauna bentônica do infralitoral tem um ciclo de vida complexo e curto e quando 
as condições ambientais ultrapassam o limite de tolerância das mesmas, pode resultar 
da morte do indivíduo. Considerando que tais organismos, em geral, não possuem 
hábitos de rápida migração, muitos deles sevem como indicadores naturais da 
qualidade do ecossistema (MONTEIRO,1980; VAN LOON et al., 2015). 
As populações de invertebrados bentônicos, coexistindo e interagindo entre si 
e com o meio ambiente num determinado hábitat, irão compor as associações de 
organismos. Aestrutura dessas associações é caracterizada por atributos ou 
descritores, tais como: composição específica, distribuição, abundância, biomassa, 
tamanho, relações tróficas e diversidade nos seus componentes, riqueza específica e 
equitatividade. A dinâmica temporal dessas associações, por sua vez, relaciona-se 
com flutuações nos recrutamentos, predação, disponibilidade de alimento ou da 
eficiência na recolonização do substrato após perturbações naturais ou artificiais 
(SILVA, 2006). 
De acordo com o autor citado acima, a estrutura das associações bentônicas 
em estuários pode variar consideravelmente em escala espacial e temporal. Diversos 
estudos têm apontado as características ambientais como os principais fatores 
determinantes dessas variações. Dentre estes se destacam: características do 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
sedimento, salinidade e hidrodinâmica). Outros trabalhos têm ainda destacado a 
importância das interações biológicas e dos efeitos introduzidos pelo homem. 
A fauna bêntica dos estuários da Costa Norte (Amapá, Pará e Maranhão) é 
uma das menos conhecidas do litoral brasileiro, a despeito da enorme 
representatividade e importância ecológica e econômica dessa área no contexto 
costeiro do Brasil. No Pará os trabalhos já realizados sobre este grupo concentram-
se em ambientes da planície costeira bragantina e Ilha Canela (Município de 
Bragança) e no estuário de Curuçá (SILVA, 2006). 
Ainda de acordo com o autor, a macrofauna bentônica dos estuários paraenses 
já foi estudada quanto à composição específica, variações espaço-temporais, 
distribuição quanto ao tipo de substrato, relações filogenéticas, modificações 
causadas por ação antrópica e dinâmica populacional. Ressalta-se que, os bentos em 
áreas de manguezal com diferentes graus de degradação ambiental em Bragança-
Pará, os trabalhos têm sido realizados em ambientes de manguezais bem 
preservados. Estudos sobre comunidades bentônicas em estuários localizados em 
áreas fortemente urbanizadas são inexistentes. 
No Brasil, assim como em outras partes do mundo, alterações na estrutura das 
associações bentônicas em áreas estuarinas têm sido freqüentemente associadas às 
mudanças ambientais promovidas pela crescente urbanização, porém dados 
históricos e estudos de monitoramento contínuo são raros. Relações de causa-efeito 
têm sido registradas apenas quando os impactos causados pela poluição são óbvios 
e evidentes ou em estudos experimentais (SILVA, 2006). 
Segundo autor citado, a presença de contaminantes antropogênicos no 
ambiente marinho pode não ser considerada como poluição, a menos que afete o 
ambiente ou biota. Segundo autor a poluição ocorre quando a introdução direta ou 
indireta de matéria ou energia dentro dos ambientes marinhos ultrapassa 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
concentrações cujos efeitos prejudiciais são manifestados, isto é, resulta em impactos 
mensuráveis em organismos individuais, populações ou comunidades biológicas. A 
contaminação, por sua vez ocorre quando essas concentrações na água, sedimento, 
ou organismos excede os níveis de base da área, sem causar mensuráveis efeitos 
prejudiciais. 
2.1 Ecologia dos bentos 
 
De acordo com Corbisier (2012), todos os organismos, sejam eles plantas ou 
animais, que vivem associados ao fundo (soalho) marinho são coletivamente definidos 
como bentos. Uma pequena minoria das espécies marinhas habita as massas de água 
propriamente ditas (sistema pelágico); a maioria, cerca de 95% de todas as espécies 
marinhas, estão associadas ao fundo do mar. 
As plantas marinhas necessitam da luz solar para realizar a fotossíntese. Desse 
modo, são encontradas nas regiões mais costeiras e rasas (até cerca de 30 m de 
profundidade), onde há luz suficiente. As macroalgas retiram os nutrientes da água 
através das frondes e as angiospermas retiram-nos dos sedimentos através do 
sistema radicular. Dos fatores do ambiente, o mais importante para os organismos dos 
bentos é o tipo de fundo - rochoso ou o tipo de sedimento, como areia grossa, areia 
fina ou lama. Outros fatores do ambiente que afetam a ocorrência e abundância das 
espécies são a profundidade, a salinidade, a temperatura da água, a quantidade de 
alimento e a luz, para os vegetais. Temperaturas altas (>20ºC), luz e águas limpas 
são condições necessárias para a ocorrência dos recifes de corais (CORBISIER, 
2012). 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
Segundo o autor, os movimentos da água do mar são importantes para o 
transporte e distribuição das larvas pelágicas dos organismos dos bentos e dos 
propágulos das algas. A variação das marés é um fator importante na zona das marés, 
que condiciona a distribuição dos organismos, tanto no costão rochoso como na praia 
de areia, em função de suas diferentes tolerâncias à exposição ao ar durante a maré 
baixa. Ecologicamente, nos oceanos o sistema bentônico é dividido em três sistemas 
principais, de acordo com a profundidade e as características abióticas. Ocorrem 
mudanças na fauna e flora associadas a essas diferenças: 
1) Zona das marés 
2) Plataforma continental - até cerca de 200 m de profundidade 
3) Mar profundo - dos 200 m até o fundo das fossas oceânicas 
A zona das marés é caracterizada pela distribuição dos animais e vegetais em 
faixas distintas, segundo suas diferentes tolerâncias à exposição ao ar e outros fatores 
decorrentes. Geralmente, nos costões rochosos tipos similares de organismos e 
plantas ocupam níveis comparáveis em regiões climáticas diferentes. Por exemplo, a 
zona dos gastrópodes Littorina, das cracas, dos mexilhões e a zona das algas pardas 
ocorrem no mundo todo. Um costão ou uma praia, sujeitos a ondas fortes serão 
povoados por menos espécies e espécies diferentes de um local mais protegido. Nas 
plataformas continentais, as variações na natureza das comunidades são 
relacionadas ao tipo de sedimento de fundo, que é função da velocidade de correntes, 
são relacionadas à quantidade e natureza do suprimento de alimento, à temperatura 
da água e a interações entre espécies, como competição e predação. Estas 
comunidades de plataforma constituem os locais de alimentação de um grande 
número de peixes de fundo, dos quais muitos têm importância comercial (CORBISIER, 
2012). 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
O autor ainda relata que a região das marés e a plataforma concentram a maior 
parte da vida marinha devido à concentração de nutrientes e maior produção primária. 
No mar profundo não há luz, a temperatura, a salinidade e o teor de oxigênio da água 
são uniformes durante o ano; os sedimentos são geralmente muito finos e a 
quantidade de alimento ‚ muito baixa. O número de indivíduos por metro quadrado é 
muito pequeno. A fauna apresenta um grande número de adaptações morfológicas e 
ecológicas muito peculiares para viver neste ambiente de alta pressão, sem luz, com 
pouco alimento. A maioria da fauna é comedora de depósito e os pepinos do mar 
(holotúrias) ocorrem em grande número. 
Os únicos organismos produtores são bactérias quimiossintetizantes 
associadas às fontes hidrotermais quentes que ocorrem nas fendas das cordilheiras 
mesoceânicas. Essas fontes ou plumas constituem oásis no mar profundo. São 
circundadas por grandes populações de animais que se alimentam das bactérias que, 
por sua vez, utilizam o sulfeto eliminado nas plumas como fonte de energia. As 
comunidades de organismos do bento marinho são constituídas por organismos que, 
de modo geral, têm pouca mobilidade e passam a maior parte de suas vidas fixos ou 
enterrados no substrato. Desse modo, estão sujeitos às condições ambientais 
prevalecentes e refletem essas condições ambientais e suas alterações. O estudo 
dessas comunidades é um importante instrumento para o monitoramento do ambiente 
marinho (CORBISIER, 2012). 
2.2 Comunidades litorais 
A região entre marés constitui um dos biótopos marinhos de mais fácil acesso. 
Apesarde apresentar uma extensão reduzida, é talvez aquele que melhor tem sido 
estudado ao longo dos tempos. É neste biótopo que os povoamentos marinhos se 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
encontram sujeitos a uma variação dos fatores do meio superior à verificada nos 
outros ambientes marinhos. Os povoamentos de entre maré constituem uma extensão 
do ambiente marinho e são formados quase exclusivamente por organismos marinhos 
(JUNIOR, 2007). 
O autor relata que as adaptações destes são particulares (resistência à 
dessecação, manutenção do balanço térmico, resistência à ação mecânica das águas, 
respiração) uma vez que, devido à ação das marés, estão sujeitos a uma emersão e 
imersão periódicas. Uma das particularidades mais evidentes da região das marés é 
a existência de uma zonação marcada dos organismos estabelecendo-se uma 
verdadeira transição entre os povoamentos terrestres e os povoamentos marinhos, 
que por vezes se traduz numa distribuição dos organismos de substrato rochoso em 
bandas ou faixas quando a agitação das águas é pouco intensa. 
Os primeiros povoamentos marinhos que surgem logo a seguir ao domínio 
terrestre constituem um biótopo particular e formam o andar supralitoral. Os 
organismos que aí encontramos estão sujeitos a uma emersão praticamente contínua 
apenas sendo imersos nas marés vivas equinociais. Estão, deste modo, 
particularmente bem adaptados para sobreviverem fora de água durante longos 
períodos. Apesar de exigirem e/ou suportarem emersões prolongadas estes 
organismos estão também sujeitos à umectação, ou seja, à aspersão por gotículas de 
água provenientes das ondas de tal modo que a umidade é mantida por vezes com 
um teor elevado. A extensão vertical deste andar varia naturalmente em função da 
exposição da costa à intensidade hidrodinâmica e da amplitude da maré. Os 
povoamentos do andar supralitoral apresentam uma relativa uniformidade fisionômica 
a nível mundial. São espécies características da biocenose da rocha supralitoral o 
gastrópode Melaraphes neritoides, o crustáceo isópode Ligia oceanica e o líquen 
Verrucaria maura (JUNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
De acordo com o autor, os povoamentos que constituem está biocenose são 
caracterizados pela presença de Melaraphe neritoides, que pode ser encontrado em 
quantidades apreciáveis nas fissuras dos rochedos, e pela presença de algas azuis 
microscópicas (cianofíceas endólitas) que conferem uma coloração acinzentada à 
rocha. Esta coloração permite delimitar superiormente o supralitoral estabelecendo 
uma fronteira por vezes muito nítida entre o domínio terrestre e o domínio marinho. 
Melaraphe neritoides pode, igualmente, ser encontrado em menor densidade, na parte 
superior do mesolitoral e até nos níveis superiores do infralitoral, tendo a sua presença 
nessas regiões um caráter transitivo. Nos locais em que a agitação hidrodinâmica é 
intensa o povoamento do supralitoral apresenta uma extensão vertical de cerca de 1,5 
m e sobe, em relação ao limite inferior do mesolitoral, até cerca de 4m de altura. 
O seu limite inferior é indicado pelo aparecimento de povoamentos distintos, 
sobretudo representados pelo cirrípede Chthamalus stellatus, embora por vezes se 
assista a uma zona de sobreposição dos elementos correspondentes a cada um dos 
andares. Nos locais mais calmos observa-se o aparecimento do líquen Verrucaria 
maura. Nestas zonas, o andar supralitoral apresenta uma extensão não superior a 
80cm de altura, podendo elevar-se acima do limite inferior do mesolitoral até cerca de 
2,5m. Característico também deste andar é o crustáceo isópode Ligia oceanica, que 
pode ser encontrado em quantidades elevadas em fissuras das rochas, pequenas 
concavidades ou tetos de grutas. A captura destes isópodes torna-se por vezes difícil, 
uma vez que estes se abrigam nas zonas em que a umidade é retida durante mais 
tempo (fissuras e anfractuosidades rochosas) nos períodos em que a temperatura do 
ar é mais elevada (JUNIOR, 2007). 
O mesolitoral é composto pelas comunidades que suportam ou exigem 
emersões e imersões periódicas. Constituem a maioria das comunidades entre marés. 
Os primeiros elementos pertencentes a este andar, e que se encontram logo abaixo 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
do povoamento supralitoral, são constituídos por indivíduos do crustáceo cirrípede 
Chthamalus stellatus. Na parte superior do mesolitoral, pode-se encontrar 
conjuntamente com a supracitada espécie, os moluscos da família Patellidae (Patella 
lusitanica e Patella vulgata, e Patella intermédia). Na região mais baixa do mesolitoral 
existem povoamentos densos de mexilhões, Mytillus galloprovincialis, sendo o limite 
inferior do andar delimitado pela alga calcária, Lithophylum tortuosum. Na região desta 
alga, podemos encontrar um crustáceo cirrípede, Balanus perforatus, que estabelece 
a transição para os povoamentos infralitorais (JUNIOR, 2007). 
Segundo o autor, nos locais em que o hidrodinamismo é mais atenuado, pode-
se observar perto do limite superior do andar uma cintura de cor negra, constituída 
pelo líquen Lichina pygmaea, e na parte inferior uma outra cintura formada pela alga 
marrom Fucus spiralis. No espaço vertical ocupado pelo mesolitoral podemos 
encontrar numerosas poças permanentemente repletas de água onde as condições 
prevalecentes são semelhantes às existentes no andar infralitoral e apresentam 
numerosos organismos com afinidades infralitorais, por exemplo o ouriço 
Paracentrotus lividus. 
Nos mares em que as marés são de pequena amplitude, como é o caso do 
Mediterrâneo, é possível distinguir no mesolitoral dois horizontes distintos (superior e 
inferior) com características e povoamentos distintos. Os horizontes superior e inferior 
são dominados respectivamente por cirrípedes (biocenose do mesolitoral superior) e 
algas calcárias incrustantes (biocenose do mesolitoral inferior). A associação da 
amplitude de maré elevada e do hidrodinamismo assegura quase sempre que a 
umectação seja mais ou menos regular ao longo de todo o andar O infralitoral é 
constituído pelos povoamentos sempre imersos ou raramente emersos (nível superior 
que fica descoberto durante a baixa-mar) (JUNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
O autor afirma que se estende desde o limite inferior do andar mesolitoal até à 
profundidade compatível com a existência de algas fotófilas (que exigem uma 
iluminação elevada). Este andar é essencialmente ocupado pela biocenose das algas 
fotófilas. Nesta biocenose, podemos reconhecer a existência de numerosas fácies. Na 
zona mais superficial ocupada por este andar podemos encontrar numerosos 
exemplares do cirrípede Balanus perforatus, habitualmente com uma distribuição 
esparsa. Logo abaixo surge uma fácie constituída por Corallina elongata. 
Os talos desta alga, nos locais de elevado hidrodinamismo apresentam um 
porte pequeno e a fácies apresenta pequenos tufos separados uns dos outros pelo 
desenvolvimento de coralináceas encrustantes (Lithophyllum incrustans). Nas zonas 
de menor hidrodinamismo a fácie de Corallina diminuem sendo mesmo substituída 
pela de Gigartina acicularis. O andar circalitoral desenvolve-se desde o limite inferior 
do andar infralitoral até ao nível compatível com a presença de algas ciáfilas (algas 
que toleram luminosidades muito atenuadas). Estende-se por vezes até à extremidade 
da plataforma continental (150/200m) (JUNIOR, 2007). 
É caracterizado por certa uniformidade fisionômica, devido à constância dos 
fatores físicos prevalecentes. Esta uniformidade traduz-se, em parte, pela 
homogeneidade de povoamentos. O aspecto fisiográfico dos fundos circalitorais 
rochosos é fundamentalmente constituído por esponjas de porte elevado (Axinella 
polypoides), hidrozoários (Nemertesia antennina e Halicornia montagui), gorgônias 
(Eunicella verrucosa e Lophogorgia lusitanica) e briozoários de grandes dimensões 
(Pentapora foliaceae Myriapora truncata). Fixo às rochas da região mais profunda do 
circalitoral é possível encontrar o coral Dendrophyllia ramea que atinge dimensões 
elevadas. Por vezes assiste-se ao aparecimento de uma sedimentação importante, 
que cobre totalmente as superfícies horizontais. Nestas condições, apenas os 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
organismos de porte elevado emergem do sedimento desenvolvendo-se por vezes um 
importante povoamento de espongiários (JUNIOR, 2007). 
Os fundos circalitorais são geralmente percorridos por correntes unidirecionais 
de fraca intensidade. Estas correntes dão origem a marcas ondulantes (“ripple-marks”) 
no substrato móvel de areia grossa. As colônias de espongiários (Axinella polypoides) 
e gorgônias Eunicella verrucosa de grande porte apresentam um desenvolvimento 
(plano da colônia) perpendicular às correntes prevalecentes que tende a maximizar a 
captura de partículas alimentares. As grutas submarinas apresentam povoamentos 
abundantes e com afinidades circalitorais. Pertencentes à biocenose das grutas semi-
obscuras podemos mencionar como espécies características a esponja Petrosia 
ficiformes e o cindário Parazoanthus axinellae. Na maioria das grutas, assiste-se uma 
zonação marcada dos organismos desde a entrada da mesma até às regiões mais 
recuadas onde a iluminação é muito atenuada. É, por vezes, possível recolher nestas 
grutas, nas zonas mais obscuras, o coral bem como alguns organismos com 
afinidades batiais (JUNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
2.3 Amostragem dos organismos bentônicos 
 
Fonte: static.danilorvieira.com 
Os organismos bentônicos podem ser coletados utilizando-se uma variedade 
de aparelhos. A metodologia e a forma de utilização dos equipamentos dependem de 
uma série de fatores, tais como o tipo de substrato, da profundidade local, 
embarcação, etc. Alguns equipamentos são apropriados para realizar amostragens 
quantitativas, enquanto que outras servem somente para amostragem qualitativa. Em 
ambientes de costões e praias, devido às facilidades de acesso ao local de 
amostragem, não há necessidade do emprego de equipamentos sofisticados de 
coleta. Mas há a necessidade do estabelecimento prévio do plano de coleta para 
prevenir eventuais erros ou vícios de amostragem. Dentre os métodos adotados os 
mais conhecidos são: método do quadrado, fotografias, amostragem sistemática em 
grade de amostragem (JUNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
Segundo o autor, em ambientes submersos, ao contrário, há necessidade de 
utilização de equipamentos, geralmente caros e sofisticados, tanto para alcançar os 
locais de coleta como efetuar a coleta propriamente dita. Em águas mais rasas que 
30 m, a observação direta, contagem e coleta através do mergulho autônomo, 
constituem técnicas efetivas, que permitem ao mergulhador fazer coleta em todos os 
tipos de substrato, assim como fazer uma boa apreciação das condições naturais e 
distribuição dos organismos do megabentos. Comumente utilizam-se também 
pequenas embarcações e equipamentos de pequeno porte. 
Em profundidades além do limite dos mergulhadores, a maioria das 
informações sobre a ecologia do fundo marinho provém de inferências indiretas 
baseadas em amostragens. As amostragens tornam-se praticamente dependentes de 
aparelhos de coleta, sendo as mais tradicionais utilizadas para bentos os pegadores-
de-fundo (Petersen, Van-Veen), corers (corer hidráulico, box corer), dragas, e redes 
de arrasto. A técnica da filmagem também é utilizada. Principalmente em região da 
plataforma continental estes equipamentos, embora longe do ideal, têm permitido a 
obtenção de grande volume de amostras o que possibilitou um largo conhecimento 
sobre os bentos, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. A eficiência 
destes aparelhos vai diminuindo à medida que se vai aumentando a profundidade. 
Muito pouco se conhece a respeito da vida nas zonas batial, abissal e hadal, devido a 
problemas relacionados ao acesso. Neste caso, têm-se recorrido ao uso de 
submersíveis ou câmaras controladas para descer milhares de metros de 
profundidade (JUNIOR, 2007). 
Nas últimas décadas, com o avanço da engenharia oceânica e robótica, têm 
sido desenvolvidos aparelhos, tanto tripulados como não tripulados (Alvin, Keiko), 
capazes de alcançar grandes profundidades, de modo que algumas comunidades de 
oceanos profundos, como as de fontes hidrotermais, puderam ser descobertas. Essas 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
metodologias, porém, são muito caras o que limita as pesquisas do fundo marinho. 
Uma outra limitação é o fato de a vida animal não ser muito abundante em muitas 
áreas do fundo marinho, portanto seria desejável ter um grande número de amostras. 
O pegador e “box corer” são, normalmente, usados para amostrar a comunidade do 
substrato mole. Estes equipamentos são adequados para proceder uma amostragem 
quantitativa, sendo que os organismos podem ser separados do sedimento através 
do peneiramento. Corers hidráulicos para amostragem não perturbada também são 
usados, mas devido ao tamanho da amostra, estes são mais adequados para o 
meiobentos e microbentos (JUNIOR, 2007). 
As dragas são armações pesadas de metal que são arrastadas sobre o 
assoalho marinho, enquanto os materiais vão sendo depositados num saco em forma 
cônica, geralmente constituído por panagens de rede reforçadas. Estes aparelhos não 
fornecem uma amostra quantitativa, mas permitem a coleta de grande quantidade de 
material, o que é útil em casos de locais muito pobres, como em oceanos profundos. 
As redes de arrasto de fundo são comumente utilizadas na pesca, mas como no caso 
da draga, podem ser úteis na amostragem da epifauna, principalmente do 
megabentos (JUNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
3 PLANCTOLOGIA 
 
Fonte: invdes.com 
A origem do nome plâncton vem do grego plankton que significa errante, que 
vaga, flutua. A planctologia é o estudo dos organismos que nascem, vivem, 
alimentam-se e reproduzem-se na água livre, sem necessidade de frequentar por 
períodos prolongados o fundo da água, suas margens ou a vegetação, e cuja 
locomoção não lhes permite independência dos movimentos da água. Atualmente já 
existem muitas informações a respeito de organismos planctônicos ao redor do mundo 
todo e estes estudos possibilitaram fazer a classificação do plâncton. O plâncton é 
composto por organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplâncton) e pelo 
bacterioplâncton (NETO et al, 2016). 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
3.1 Divisões do plâncton 
Os organismos planctônicos podem ser classificados em função das suas: 
• Dimensões; 
• Biótopo; 
• Distribuição vertical; 
• Duração da vida planctônica; 
• Nutrição. 
Apesar destas classificações serem artificiais, tornam-se úteis na 
sistematização das diversas categorias desses organismos (JUNIOR, 2007). 
 
Divisão do plâncton em função das suas dimensões 
 
Relativamente às dimensões os organismos planctônicos podem ser 
classificados em 6 grupos distintos segundo Júnior (2007): 
 
• Ultraplâncton (<5μm); 
• Mesoplâncton (0.5-1mm); 
• Nanoplâncton (5-60μm); 
• Macroplâncton (1- 10mm); 
• Microplâncton (60-500μm); 
• Megaplâncton (>10mm); 
 
Outras classificações dimensionais dos planctontes têm sido propostas. 
Dussart, em 1965, distinguiu duas grandes categorias de organismos planctônicos: 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
• Os que passam através das redes de plâncton de malha reduzida (20μm) 
• Os que são facilmente colhidos com o auxílio de redes de plâncton. 
Os planctontes ainda estão divididos nas seguintes categorias: 
• Ultrananoplâncton (<2μm); 
• Nanoplâncton (2-20μm); 
• Microplâncton (20-200μm); 
• Mesoplâncton (200- 2000μm); 
• Megaplâncton (>2000μm); 
Os planctontes que podem ser amostrados com o auxílio de redes de plâncton 
possuem dimensões não inferiores a 200μm. Planctontes com dimensõesinferiores a 
esta não são facilmente amostrados de um modo quantitativo recorrendo à utilização 
de outros equipamentos mais adequados. O Micronecton é formado por organismos 
que possuem exoesqueletos ou endoesqueletos tais como crustáceos ou pequenos 
peixes mesopelágicos. 
O Megaplâncton é constituído por formas gelatinosas tais como cifomedusas e 
pyrosomata que são, geralmente, difíceis de capturar de um modo adequado com o 
auxílio de redes de plâncton (JUNIOR, 2007). 
 
Haliplâncton e Limnoplâncton 
 
Os organismos planctônicos podem igualmente ser agrupados em função do 
biótopo do seguinte modo: 
Haliplâncton: plâncton marinho que engloba o Plâncton oceânico, o Plâncton nerítico 
e o Plâncton estuarino; 
Limnoplâncton: Plâncton de águas doces. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
Divisão do plâncton em função da distribuição vertical 
 
Podemos ainda reconhecer no plâncton categorias distintas de organismos se 
considerarmos a sua distribuição vertical: 
Pleuston - Animais e vegetais cujas deslocações são fundamentalmente asseguradas 
pelo vento; 
Neuston - animais e vegetais que vivem na camada superficial (primeiros 
centímetros) das massas de água (Epineuston- neustontes vivendo na interface 
ar/água e Hiponeuston neustontes vivendo sob a interface ar/água); 
Plâncton epipelágico - planctontes que vivem nos primeiros 300m da coluna de água 
durante o período diurno; 
Plâncton mesopelágico - planctontes que vivem em profundidades compreendidas 
entre 1000 e 300m, durante o período diurno; 
Plâncton batipelágico - planctontes que vivem em profundidades compreendidas 
entre 3000/4000m e 1000m durante o período diurno; 
Plâncton abissopelágico - planctontes que vivem em profundidades compreendidas 
entre 3000/4000m e 6000m; 
Plâncton hadopelágico - planctontes que vivem em profundidades superiores a 
6000m; 
Plâncton epibentónico planctontes - vivem próximo do fundo ou temporariamente 
em contacto com o fundo. 
 
Holoplâncton e Meroplâncton 
 
Podemos finalmente distinguir dois grupos de organismos zooplanctônicos, se 
considerarmos a duração da sua existência planctônica: 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
Holoplâncton (plâncton permanente) - Constituído pelos planctontes que vivem no 
seio das comunidades planctônicas durante todo o seu ciclo vital; 
Meroplâncton (plâncton temporário ou transitório) - Constituído pelos planctontes que 
ocorrem unicamente durante parte do seu ciclo vital no seio do plâncton (ovos e/ou 
estados larvais). 
 
Divisão do plâncton em função da nutrição (fitoplâncton e zooplâncton) 
 
O modo de nutrição dos planctontes permite separar o plâncton vegetal ou 
Fitoplâncton (autotrófico) do plâncton animal ou Zooplâncton (heterotrófico). Existem, 
no entanto, organismos planctônicos que são simultaneamente autotróficos e 
heterotróficos (mixotróficos) (JUNIOR, 2007). 
3.2 Composição do Plâncton 
 
Fonte: lostipos.net 
https://lostipos.net/
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
Bacterioplâncton (planctobactérias e epibactérias) 
 
O Bacterioplâncton engloba as bactérias existentes no domínio pelágico e as 
Cianophyceae. As bactérias pelágicas podem ser encontradas em todos os oceanos 
sendo relativamente mais abundantes próximas à superfície. Podem ser livres 
(planctobactérias) associadas a partículas da coluna de água, ou a material orgânico 
proveniente de planctontes (epibactérias). O papel desempenhado pelo 
Bacterioplâncton no meio marinho e estuarino só recentemente tem vindo a ser 
investigado. A grande maioria das bactérias encontradas nos meios marinho e 
estuarino são formas ubíquas. Algumas bactérias têm um período de vida limitado no 
meio aquático, tais como um grande número de formas patogênicas para o homem. 
A composição da flora bacteriana é muito variável, dependendo, fundamentalmente, 
das características da massa de água em que se encontre. A maioria das bactérias 
aquáticas são heterotróficas, alimentando-se de substâncias orgânicas. Quase todas 
as formas são saprófitas (JUNIOR, 2007). 
Segundo autor, algumas bactérias são, no entanto, fotoautotróficas ou 
quimioautotróficas. A biomassa procariótica (Bacterioplâncton) pode representar 
cerca de 30% da biomassa planctônica na zona eufótica e cerca de 40% da mesma 
biomassa microbiana na zona afótica. As bactérias presentes nos domínios marinho 
e estuarino não constituem um único grupo homogêneo do ponto de vista sistemático, 
uma vez que estão representadas a quase totalidade das ordens da classe bactéria. 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
3.3 Importância do plâncton na aquicultura 
 
Fonte: fcav.unesp.br 
As zonas de maior riqueza pesqueira do mundo são aquelas onde o plâncton é 
abundante, porque é parte essencial da dieta de pelo menos uma fase de vida de 
muitos peixes. A considerável ascensão da atividade aquícola no Brasil e no mundo 
faz-se necessário cada vez mais obter larvas e/ou alevinos de qualidade para o 
sucesso das fases posteriores de cultivo. Este êxito está diretamente relacionado ao 
fornecimento de uma alimentação de qualidade e em quantidade sufi cientes às 
necessidades específicas de cada espécie. Em termos de importância, o plâncton 
constitui uma unidade básica de produção da matéria orgânica nos ecossistemas 
aquáticos. Na presença de nutrientes adequados e sufi cientes, os componentes 
vegetais do plâncton são capazes de acumular energia solar em forma de compostos 
químicos energéticos a partir da fotossíntese (NETO et al, 2016). 
https://www.fcav.unesp.br/
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
Segundo ao autor, a composição do plâncton em lagos e em outros corpos de 
água (rios de longo curso, lagoas, poças, etc.) varia em qualidade não somente de 
uma água para outra, mas também dentro de um mesmo corpo de água, durante as 
estações do ano, e, freqüentemente, de ano para ano. Essas variações são 
ininterruptas, principalmente as quantitativas. Oscilações diurnas ocorrem e 
migrações do plâncton em sentido vertical são comuns em todos os lagos. Sobre a 
existência de migrações horizontais as opiniões divergem e, contrariamente à que se 
julga, não parece haver muita evidência para tais migrações. Os fatores que causam 
as migrações do plâncton podem ser mecânicos e biológicos. 
 Entre os fatores mecânicos está o peso específico do plâncton em relação ao 
da água, a luz e a temperatura. Talvez o fator mecânico mais importante é a produção 
de correntes de convecção causadas por diferenças de densidade, em conseqüência 
de diferenças de temperatura. A penetração da luz na água depende de vários fatores, 
como a profundidade, quantidade e qualidade das partículas em suspensão, teor de 
matéria orgânica, minerais, etc. As melhores condições luminosas são sempre 
encontradas na camada superficial da água. A composição química da água também 
é de grande importância na distribuição vertical do plâncton, principalmente o teor de 
oxigênio dissolvido que é decisivo em muitos casos. Onde não há oxigênio, todo 
plâncton desaparece. De acordo com algumas observações, abaixo de 10 m de 
profundidade não existe mais oxigênio e o plâncton fica limitado às camadas acima 
dessa profundidade. A alimentação interfere em alguns fatores biológicos, importantes 
na distribuição vertical de plâncton (NETO et al, 2016). 
Ainda de acordo com o autor, a influência da alimentação, ou herbivoria, sobre 
a distribuição do plâncton é pouco definida. A escolha de alimento vivo para alimentar 
os primeiros estágios larvais, em detrimento de dietas formuladas, está relacionada 
com o fato de as últimas tenderem a agregar, ao contrário do alimento vivo que está 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
sempre disponível na coluna de água. Além disso, as larvas de peixe são 
consideradas predadores visuais, e estão adaptadas para atacarem presas em 
movimento como acontece na natureza. Assim, a escolha de alimento vivo é 
importante para as larvas de peixe. 
Nos ecossistemasaquáticos naturais a perpetuação das espécies depende do 
equilíbrio estabelecido entre os diferentes níveis da cadeia trófica. Assim, o 
desenvolvimento e sobrevivência de larvas e juvenis dependem da presença de 
organismos microscópicos que constituem o fitoplâncton e o zooplâncton. Na 
aquicultura, os maiores problemas para o cultivo de animais marinhos a nível 
comercial são a adequada disponibilidade e qualidade do alimento, bem como os 
custos de produção deste alimento (NETO et al, 2016). 
3.4 Métodos de coleta para captura de plânctons 
Qualquer tipo de estudo biológico inicia-se pela coleta de organismos e 
observação em campo, e a metodologia depende do objetivo das pesquisas. Os 
objetivos podem ser vários, tais como classificação sistemática, distribuição espacial 
e sazonal, relação biota/biótopo, produtividade primária e total, migração, hábito 
alimentar, reprodução, constituição populacional e outros. Tradicionalmente, as 
amostras de plâncton são coletadas através de redes. Existem vários tipos de redes 
que variam conforme os objetivos do estudo segundo Neto (2016): 
• HENSEN net: para análise quantitativa do fitoplâncton; 
• NANSEN net: para análise quantitativa do zooplâncton; 
• INTERNATIONAL STANDARD net: para análise quali-quantitativa do zoo e 
fitoplâncton; 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
• KITAHARA net: para análise quantitativa do fitoplâncton Para os estudos 
quantitativos também podem ser empregadas as redes do tipo “closing net”, cuja boca 
pode ser fechada de acordo com a necessidade, ou ainda o tipo “flow meter”, que 
mede o volume filtrado. De acordo com os tamanhos de plâncton, são utilizadas 
diferentes malhas das segundo Neto (2016): 
• nº 20 – 25 (76-64N): microplâncton; 
• nº 3 – 5 (333-282N): macroplâncton; 
• nº 1 – 000 (417-102N): captura de larvas; 
• PVC (sampler): é utilizado para nannoplâncton ou na coleta de plâncton total 
para a avaliação da produtividade primária. Avanços na eficiência das coletas 
surgiram com o desenvolvimento dos sistemas de redes múltiplas, BIONESS no 
Canadá e MOCNESS nos Estados Unidos. As redes destes equipamentos abrem e 
fecham ao longo da coluna d’água, conforme desejado. Assim é possível realizar 
amostragens em diferentes profundidades e correlacioná-las com os organismos 
encontrados. 
Outros aparatos utilizados para a coleta do plâncton são as garrafas e as 
bombas. Entre as garrafas, a mais conhecida é a de Van Dorn, um recipiente 
geralmente cilíndrico que se introduz em posição vertical ou horizontal até a 
profundidade onde se deseja retirar a amostra. As bombas utilizadas para a coleta do 
plâncton podem ser acionadas de forma mecânica ou elétrica. Qualquer que seja o 
método de amostragem utilizado é necessário estimar seu erro para tratar de 
minimizá-lo, sem que ele implique um investimento exagerado de tempo e trabalho na 
análise da amostra (NETO et al, 2016). 
No entanto, segundo autor citado, nas amostras de plâncton geralmente nunca 
são observadas distribuições comparáveis com uma distribuição normal ou ao acaso. 
Em meados de 1960, surgiu a primeira geração dos contadores eletrônicos de 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
plâncton, baseada nas propriedades de condutividade elétrica das células. E no final 
da década de 80, surgiu a segunda geração de contadores eletrônicos de plâncton. 
Usando luz para contar os organismos marinhos, o novo dispositivo conhecido por 
OPC (Optical Plankton Counter) realizava medidas instantâneas de abundância do 
zooplâncton ao longo do tempo e profundidade, nas quais as coletas eram realizadas. 
Atualmente, no competitivo mundo das pescarias, a pesca vem se tornando 
cada vez mais uma ciência, onde equipamentos sofisticados têm um papel crucial. Os 
pescadores de hoje utilizam ecossondas, radares e GPS para baratear seus custos e 
otimizar as capturas e estes equipamentos também são utilizados no estudo do 
plâncton. Recentemente, para a análise do plâncton tem-se utilizado as fotografias 
tiradas pelo satélite LAND-SAT na detecção da área e direção do deslocamento de 
marés vermelhas ou áreas de poluição, por exemplo. No entanto, as informações do 
LAND-SAT são limitadas extremamente à superfície da água. Em estudos, após as 
coletas de plâncton, é necessário a utilização de alguma técnica de preservação e 
conservação. Para o Fitoplâncton pode-se utilizar solução de Lugol ou solução de 
Transeau e para o Zooplâncton pode-se utilizar Formalina, Formalina neutralizada 
com bórax, Formalina neutralizada com hexamina (NETO et al, 2016). 
3.5 Avaliação da biomassa planctônica 
A avaliação da biomassa coletada, ou análise quantitativa do plâncton tem sido 
uma das principais dificuldades no estudo desta comunidade. Os mais em pregados 
são a contagem de organismos, filtração, contagem eletrônica, fluorescência, Câmara 
de Sedgwick-Rafter, sedimentação em câmaras, volume de organismos (bio-volume), 
composição química, peso seco e teor de matéria orgânica, pigmentos e adenosina 
trifosfato (ATP). Dentre essas técnicas para o estudo, a mais comum para o 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
fitoplâncton é com a utilização de microscópio e para o zooplâncton verdadeiro a 
observação é realizada com lupa. Para os dois tipos de aparelhos, a iluminação 
artificial deve ser feita com lâmpadas que emitem luz natural e com um filtro azul 
(NETO et al, 2016). 
4 FITOPLÂNCTON 
 
Fonte: saudedica.com 
O Fitoplâncton ou fração vegetal do plâncton é capaz de sintetizar matéria 
orgânica através da fotossíntese. O Fitoplâncton é responsável por grande parte da 
produção primária nos oceanos (definida como a quantidade de matéria orgânica 
sintetizada pelos organismos fotossintéticos e quimiossintéticos) (JUNIOR, 2007). 
As microalgas que constituem o fitoplâncton fazem parte da base da cadeia 
trófica em ambientes aquáticos e, através do processo de fotossíntese, constituem a 
principal fonte de oxigênio dissolvido na água. Além de sua importância ecológica no 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 
 
ecossistema aquático, o fitoplâncton é também uma excelente fonte de biomoléculas 
e sua utilização pode variar de acordo com a finalidade, tais como o uso na dieta de 
organismos aquáticos cultivados, tratamento de efluentes industriais e domésticos, 
produção de fármacos, cosméticos e até mesmo biocombustíveis. Na presença de 
nutrientes adequados e sufi cientes (principalmente nitrogênio e fósforo) o fitoplâncton 
é capaz de acumular a radiação solar por meio da fotossíntese, pela qual sintetiza a 
matéria orgânica. Com excesso de nutrientes, o fitoplâncton se desenvolve 
rapidamente, até atingir uma biomassa crítica, entrando em senescência e morte 
parcial ou total (morte súbita ou die-off s) (NETO et al, 2016). 
Ainda de acordo com o autor, o fitoplâncton é o grupo de algas mais estudado 
e amplamente distribuído. Os organismos fitoplanctônicos são encontrados em 
praticamente todas as coleções de água, onde vivem flutuando livremente. No 
entanto, ocorrem em maior diversidade no ambiente lacustre do que no meio marinho. 
As algas fitoplanctônicas são na maioria unicelulares, no entanto também são 
encontradas muitas formas coloniais e filamentosas, especialmente em água doce. 
Em águas interiores podem ser encontrados representantes de praticamente todos os 
grupos de algas. Os principais grupos com representantes no plâncton de água doce 
são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e Pyrrophyta. A 
predominância de um ou outro grupo em determinado ecossistema é função, 
principalmente, das características predominantes do meio. 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
Fonte: JÚNIOR, 2007. 
As adaptações do fitoplâncton à flutuação possibilitaram a estes organismos 
superar as desvantagens de sua alta densidade, como por exemplo, a bainha 
mucilaginosa, densidade, formação de gotículas de óleo, aumento da superfície de 
contato, formação de vacúolos gasosose regulação iônica. A tendência a afundar e 
as adaptações para flutuar fazem que haja um deslocamento na coluna d’água o que 
melhora a captação de nutrientes, evita a ação de predadores e a ação nociva da 
elevada radiação solar na superfície da água. A taxa de renovação da água é 
especialmente importante naqueles ambientes com entrada e saída de grandes 
volumes de água. Neste caso, a parte superior do reservatório é fortemente afetada, 
apresentando, em conseqüência, baixa densidade fitoplanctônica. Em represas, a alta 
taxa de renovação da água é um dos principais fatores determinantes da distribuição 
vertical do fitoplâncton (NETO et al, 2016). 
O fitoplâncton também recicla o CO2 e a amônia, porém o excesso de 
fitoplâncton pode ainda, levar a um aumento na ocorrência de níveis críticos de 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
oxigênio dissolvido no período noturno e causar mortandade de organismos. Outra 
complicação está na decomposição do fitoplâncton, que pode levar a uma grande 
variação nos parâmetros físico-químicos e consequentemente, a uma queda 
acentuada da qualidade da água. Quanto maior a disponibilidade de nutrientes na 
água (eutrofização) maior será a densidade do plâncton, a produção de O2 e 
supersaturação na camada com luminosidade, o consumo de O2 à noite, a magnitude 
de variação da concentração de O2 entre o dia e à noite, a estabilidade da 
estratificação química, a instabilidade ambiental, o risco de ocorrência da Síndrome 
do Baixo Oxigênio Dissolvido baixa concentração de oxigênio dissolvido (OD), alto 
dióxido de carbono livre (CO2), baixo pH e alto nitrito (NO2) (NETO et al, 2016). 
Classificação dos ecossistemas lacustres tropicais, considerando a 
produtividade do fitoplâncton de acordo com Neto (2016). 
• Euprodutivos – > 500 g C/m2/ano 
• Mesoprodutivos – 200 a 500 g C/m2/ano 
 • Oligoprodutivos – < 200 g C/m2/ano 
As microalgas são componentes essenciais na dieta de moluscos bivalves 
marinhos como ostras, vieiras e mexilhões, sendo mundialmente empregadas na 
alimentação de muitas espécies de camarões marinhos e de algumas espécies de 
peixes como tilápia, carpa prateada e “milkfish”. Além de serem empregadas 
diretamente (vivas, concentradas, criopreservadas, desidratadas ou liofilizadas). 
As microalgas também podem ser utilizadas de forma indireta, servindo de 
alimento a fitoplanctofágos (artemia, rotíferos, copépodes, cladóceros etc.), os quais 
são comumente utilizados como alimento em larviculturas de moluscos, peixes e 
crustáceos. Apesar da existência do alimento artificial (rações) para proporcionar os 
nutrientes necessários às larvas, principalmente os ácidos graxos polinsaturados 
(“HUFA”), a utilização de microalgas vivas continua sendo a base alimentar das 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
larviculturas comerciais. Pois a utilização exclusiva de alimento artificial, em 
larviculturas comerciais, pode não suprir satisfatoriamente os requerimentos 
nutricionais da espécie cultivada ou não ser nem mesmo aceito por algumas espécies 
(NETO et al, 2016). 
4.1 Ecologia do Fitoplâncton 
A fração vegetal do plâncton (fitoplâncton) é constituída por organismos 
fotoautotróficos capazes de sintetizar matéria orgânica através do processo 
fotossintético. O fitoplâncton é responsável por grande parte da produção primária nos 
oceanos (definida como a quantidade de matéria orgânica sintetizada pelos 
organismos fotossintéticos e quimiossintéticos). O fitoplâncton é essencialmente 
constituído por algas microscópicas unicelulares (excepcionalmente pluricelulares) 
isoladas ou coloniais, com dimensões compreendidas entre alguns μm e algumas 
centenas de μm. Como exemplos de fitoplanctontes pluricelulares podemos citar os 
Sargassum, algas pardas da ordem Fucales com algumas dezenas de cm, dotados 
de flutuadores esféricos e que abundam no Atlântico central (25º a 35º Lat.N) (mar 
dos Sargassos) e ainda algumas algas do gênero Antithamion que ocorrem nas costas 
australianas (JÚNIOR, 2007). 
Segundo o autor, dentre as algas unicelulares do fitoplâncton pode-se mencionar 
em primeiro lugar, as Diatomáceas (Bacillariophyceae) e em segundo lugar os 
Dinoflagelados (Dinophyceae). Outros grupos de algas flageladas podem constituir 
igualmente uma fração importante do fitoplâncton, por exemplo: Coccolithophoridae, 
Haptophyceae, Chrysophyce-ae, Cryptophyceae e algumas algas Chlorophyceae. As 
Diatomáceas constituem as formas dominantes do fitoplâncton. Muitos gêneros são 
unicelulares (Coscinodiscus) mas existem formas coloniais em cadeia ou com padrões 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
distintos (Asterionella). Estas associações parecem ter uma função essencialmente 
mecânica, uma vez que as células podem subsistir independentemente. As formas 
coloniais podem representar adaptações à vida no domínio pelágico com o 
consequente aumento de flutuabilidade. A principal característica das Diatomáceas é 
o seu esqueleto externo (frústula), constituído essencialmente por silício e composto 
por duas valvas que se sobrepõem. Em muitas Diatomáceas a valva superior (epiteca) 
e a inferior (hipoteca) sobrepõem-se de um modo idêntico ao de uma caixa de Petri. 
Cada valva consiste numa placa achatada e convexa cuja forma é característica para 
cada espécie (circular, elíptica, triangular, quadrada, poligonal ou irregular). Estas 
valvas podem exibir uma ornamentação mais ou menos desenvolvida. 
Alguns autores dividiram as Diatomáceas em Penadas e Cêntricas. As 
Diatomáceas Penadas têm células mais ou menos alongadas numa direção podendo 
apresentar uma simetria bilateral na estrutura das valvas. Podem existir assimetrias 
secundárias por deformação. A maioria das Diatomáceas Penadas são formas 
bentônicas, mas algumas formas são tipicamente planctônicas (Thalassiothrix, 
Thalassionema, Asterionella, Nitzschia, etc.) (JUNIOR, 2007). 
Ainda segundo autor, nas diatomáceas cêntricas as valvas possuem uma 
simetria radial, por vezes menos aparente (Coscinodiscus, Skeletonema, 
Thalassiosira, Rhizosolenia, etc.). Os dinoflagelados constituem também uma parte 
importante do fitoplâncton. Possuem dois flagelos quase sempre com uma disposição 
ortogonal: um longitudinal e outro perpendicular ao primeiro. Existem espécies de 
dinoflagelados fotoautotróficos e outras desprovidas de pigmentos clorofilinos (formas 
heterotróficas). Outras formas existem que podem exibir os dois tipos de nutrição 
(formas mixotróficas). Alguns dinoflagelados libertam toxinas que podem ser 
prejudiciais a um grande número de organismos. Algumas espécies são responsáveis 
por marés vermelhas. 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
Os Coccolitoforídeos são flagelados por vezes muito abundantes que se 
caracterizam essencialmente por possuírem uma célula revestida exteriormente por 
pequenas placas calcáreas (cocolitos). Apresentam formas extremamente variadas. 
No ambiente estuarino o fitoplâncton é sobretudo constituído, tal como no meio 
marinho, por diatomáceas e dinoflagelados. As Diatomáceas são comparativamente 
mais abundantes, mas os dinoflagelados podem proliferar em certas épocas do ano. 
Na maioria dos sistemas estuarinos a produção primária do fitoplâncton não 
desempenha um papel preponderante nas cadeias tróficas. As algas e plantas 
bentônicas (Zostera) são responsáveis por grande parte da produtividade primária. 
Populações marinhas temporárias ou permanentes de diatomáceas (Skeletonema, 
Nitzschia, Thalassiosira, Coscinodiscus, Rhizosolenia, Chaetoceros) e dinoflagelados 
(Prorocentrum, Peridinium) podem desempenhar um papel importante nas regiões a 
jusante de um estuário (JUNIOR, 2007). 
O autor afirma que espécies tipicamente estuarinas são naturalmente muito 
abundantes. Algumas Diatomáceas bentônicas podem igualmente surgir no plâncton 
devido sobretudo aos movimentos de turbulência induzidos pelas correntes de maré. 
Pode assistir-se igualmente nos sistemas estuarinos àocorrência de marés vermelhas 
causadas sobretudo pela proliferação maciça de dinoflagelados. Os fitoplanctontes 
presentes nos estuários tendem a ser quantitativamente abundantes, mas a sua 
diversidade é geralmente pouco elevada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ceratium sp. Diatomacea. Sargassum sp. 
 
 
 
 
 Chaetoceros 
4.2 Métodos de cultivo de fitoplâncton 
Para um crescimento ótimo as microalgas têm necessidade de uma série de 
nutrientes, sendo que a quantidade requerida depende do microrganismo em estudo. 
Quanto aos macronutrientes, requerem carbono, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e 
fósforo, além de cálcio, magnésio, enxofre e potássio. Como micronutrientes, 
geralmente requerem ferro, manganês, cobre, molibdênio e cobalto, enquanto 
algumas microalgas também necessitam baixas concentrações de vitaminas no meio 
de cultura (NETO et al, 2016). 
No Brasil, segundo o autor citado, a produção da microalga em nível 
experimental tem se tornado freqüente devido à necessidade de pesquisas visando o 
desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos sistemas de produção. Ainda que exista 
uma grande quantidade de espécies que podem ser utilizadas como alimento para as 
pós-larvas, são poucas aquelas que se tem conseguido cultivar de maneira 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
satisfatória, a fim de serem utilizadas na produção comercial de pós-larvas de 
camarões marinhos. 
A escolha de determinada espécie algal está baseada principalmente no valor 
nutricional da microalga, nas facilidades que permitam seu cultivo em grande escala, 
bem como o tempo de cultivo necessário até que esta seja atingida, além disso, 
também são importantes os custos de produção, a manutenção de uma produção 
estável e de elevada qualidade. De uma maneira geral, os laboratórios de produção 
de fitoplâncton buscam alcançar a maior densidade celular no menor tempo possível 
e com baixos custos de produção. Atualmente, alguns laboratórios comerciais têm se 
preocupado com a composição bioquímica e consequentemente o valor nutricional da 
microalga para a espécie de animal cultivado (NETO et al, 2016). 
Ainda de acordo com o autor, nas larviculturas normalmente são utilizadas 
misturas de microalgas, já que existe uma grande variação no conteúdo nutricional 
das células. A composição bioquímica das microalgas também varia de acordo com a 
fase de crescimento, sendo mais completa na fase exponencial por ter maior 
quantidade de ácidos graxos necessários para as pós-larvas de muitos organismos 
marinhos. Sistemas e métodos de produção podem ser extensivos, semi-intensivos e 
intensivos. 
E os métodos ou tipos de cultivo são o cultivo tipo “batch” ou estacionário, 
semicontínuo e o cultivo contínuo. Os meios de cultivo são empregados para 
promover o crescimento e a reprodução das microalgas de maneira intensiva. Tais 
meios podem ser classificados em indefinidos, semidefinidos e definidos. As culturas 
podem ser classificadas em cultura axênica, cultura xênica, cultura mista e cultura 
polialgal. Para a avaliação do crescimento e determinação da densidade celular 
diversos métodos podem ser empregados para a determinação do crescimento celular 
nas culturas (NETO et al, 2016). 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
Os mais conhecidos de acordo com o autor, são a contagem direta ao 
microscópio, o emprego de contadores de partículas e a determinação de constituintes 
celulares como proteínas, carboidratos e pigmentos, por meio de espectrofotometria. 
Devido à simplicidade e ao custo reduzido, o primeiro método é o mais utilizado, uma 
vez que além da determinação precisa da densidade celular, permite ainda uma 
inspeção visual do estado das células e de uma possível contaminação da cultura. 
A Curva de crescimento expressa o incremento da biomassa ou do número de 
organismos (densidade celular) no decorrer do tempo. Num cultivo do tipo estacionário 
o crescimento apresenta 5 fases ou etapas distintas a Fase de indução ou Fase Lag, 
Fase exponencial ou Fase Log, Fase de diminuição do crescimento relativo, Fase 
estacionária e Fase de morte da cultura. Para a estrutura de um laboratório e 
produção, é importante a existência de um cepário, um setor de produção 
intermediário e o local para produção em grande escala pode ser realizada ao ar livre, 
em salas cobertas por um teto transparente, ou ainda em ambiente fechados com 
iluminação artificial e temperatura controlada (NETO et al, 2016). 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
5 ZOOPLÂNCTON 
 
Fonte: mundoecologia.com 
No Zooplâncton, podemos reconhecer organismos pertencentes à grande 
maioria dos Phyla do reino animal. As formas Meroplanctônicas, ou formas larvais de 
muitos invertebrados, têm na maior parte dos casos designações próprias. Por 
exemplo, a larva véliger dos moluscos, o naúplio dos crustáceos entre outros 
(JÚNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
Representantes do zooplancton. Fig 1: Copepoda (Crustacea); Fig 2 Larva véliger 
(Molusca); Fig 3 Larva de Polichaeta 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
 
 
Zooplâncton é um termo genérico para um grupo de animais de diferentes 
categorias taxonômicas, tendo como característica comum a coluna d’água como seu 
hábitat principal. A comunidade zooplanctônica tem sido reportada como organismos 
importantes para a dinâmica e estruturação dos ambientes aquáticos. Estes grupos 
constituem a principal fonte de alimentos para diferentes peixes. Servem de elo entre 
produtores e consumidores de nível superior na cadeia trófica, também exercem papel 
fundamental na reciclagem de nutrientes e decomposição da matéria orgânica. Além 
disso, os organismos zooplactônicos desempenham um importante papel na ecologia 
dos ambientes aquáticos enquanto componente da manutenção da qualidade da 
água, através da filtragem do fitoplâncton (NETO et al, 2016). 
Segundo o autor, no zooplâncton os Protozzoa, Rotifera e Crustacea 
(Cladocera, Copepoda, Ostracoda) consituem a massa principal. Além destes 
representantes do plâncton verdadeiro, existem organismos que passam apenas parte 
de sua existência fl utuando na água e outros que são essencialmente sésseis ou 
habitam a vegetação aquática. Assim, larvas e ninfas de certos insetos aquáticos 
(Ephemeroptera, Chironomidae, Odonata) podem ser encontradas entre os 
organismos planctônicos, o mesmo acontece com a fase larval de muitos peixes 
(ictioplâncton) e larvas de certos moluscos. Os ciliados que são protozoários 
planctônicos alimentam-se principalmente com bactérias e, por sua vez, servem de 
alimentação a micro-crustáceos. Na piscicultura moderna, esse conhecimento é 
aplicado na criação de Daphnia, um micro- crustáceo particularmente valioso na 
criação de alevinos de muitos peixes. O náuplio de Artemia é o alimento básico 
utilizado no cultivo de larvas de peixes e crustáceos. Este fato é devido ao seu alto 
valor nutricional e boa aceitação por parte das pós-larvas cultivadas. Podem ser 
comercializadas sob a forma de cistos, biomassa congelada e/ou liofilizada (NETO et 
al, 2016). 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
 
 
Os principais representantes da comunidade zooplânctonica de água doce 
segundo Neto (2016), são: 
• Protozoários (flagelados, sarcodinas e ciliados); 
• Metazoários: - Rotíferos (asquelmintos); - Cladóceros (crustáceos); - 
Copépodes (crustáceos); - Larvas e ovos de peixes e moluscos; - Larvas de 
insetos (dípteros); - Alguns vermes (turbelários e trematódeos); - Cnidários 
(medusa). 
Nos ecossistemas aquáticos continentais, o zooplâncton está representado 
principalmente pelos: 
• Copépodos; 
• Cladóceros; 
• Ostracodas; 
• rotíferos; 
• protozoários (radiolários, foraminíferos e tintinídios); 
• Quetognatos; 
• Larvas e ovos de peixes e moluscos; 
• cnidários (Hidromedusas). 
5.1 Amostragem do ZooplanctonOs zooplanctontes são usualmente amostrados recorrendo ao auxílio de redes 
de plâncton arrastadas em trajetos diversos. São três os tipos de redes utilizadas 
segundo Júnior (2007): 
• Cônicas; 
• Cilíndrico-cônicas; 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
 
• Cônicas com uma redução da abertura igualmente cônica. Foram igualmente 
concebidas redes com uma abertura quadrada ou retangular e uma estrutura cônica. 
Estas redes podem ser acopladas ao cabo de arrasto de modo diverso. A 
utilização de redes de plâncton permite amostrar um volume de água variado 
(dependente do equipamento utilizado e da velocidade de arrasto). Os principais 
problemas associados à amostragem quantitativa de zooplâncton são 
fundamentalmente três: 
• Evitamento dos organismos que não são de interesse na rede; 
• Passagem dos mesmos através dos poros da rede; 
• Variações na eficiência de filtragem devido à acomodação do tecido filtrante. 
A minimização de um destes inconvenientes usualmente acarreta o aumento 
dos restantes. Por exemplo, a utilização de redes de plâncton arrastadas a 
velocidades elevadas minimiza os fenômenos de evitamento, mas tende a aumentar 
os fenômenos de passagem dos organismos pelos poros da rede e acomodação da 
rede. O tecido filtrante das redes de plâncton é uma malha de nylon de poro calibrado. 
As dimensões do poro podem variar entre 10 e 1400μm, ou seja, entre (190 e 5,4 
poros por cm). As redes de poro mais reduzido têm maior tendência não abrirem o 
que acarreta uma diminuição da sua eficiência de filtragem. Ao contrário as redes de 
plâncton de poro elevado são utilizadas na coleta de zooplanctontes de dimensões 
elevadas perdendo consequentemente por extrusão os organismos de tamanho mais 
reduzido (JÚNIOR, 2007). 
Ainda de acordo com o autor, desse modo, é fácil deduzir que não existe uma 
única rede de plâncton adequada para a colheita das diversas categorias de 
organismos planctônicos. A rede usualmente utilizada como padrão para a colheita de 
zooplâncton (rede WP-2) apresenta um tecido filtrante com um poro de 200μm. A 
massa de plâncton amostrada com o auxílio deste tipo de engenhos é habitualmente 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
recolhida num copo terminal. Este copo deve possuir duas a quatro aberturas munidas 
de um tecido filtrante de poro igual ao da rede por forma a minimizar os danos 
provocados nos planctontes pelo processo de colheita. 
 
Tipos de arrastos (trajetos verticais, horizontal e oblíquo) 
 
As redes de plâncton podem ser arrastadas segundo três trajetos principais: 
• Vertical; 
• Horizontal; 
• Oblíquo. 
A velocidade de arrasto pode ser variável dependendo do tipo de engenho 
utilizado e do tipo de planctontes a amostrar. As coletas efetuadas segundo um trajeto 
vertical são usualmente efetuadas a baixa velocidade (0,7 a 1,0 ms-1), recorrendo-se 
por vezes alastragem do equipamento (dependente do tipo de rede utilizada). Os 
arrastos horizontais podem ser realizados a diversas profundidades e as redes 
utilizadas podem estar munidas de dispositivos de abertura e fecho. Podem ser 
realizados a velocidades lentas (1 a 2 nós) ou rápidas (4 a 8 nós). Num arrasto oblíquo 
a rede é geralmente lastrada com um auxílio de um depressor por forma a estabilizá-
la durante o trajeto. Os arrastos verticais e os arrastos oblíquos são talvez os mais 
utilizados na colheita quantitativa de zooplanctontes. Nalguns estudos específicos, 
tais como a avaliação das migrações verticais, ou ainda a coleta de zooplâncton 
estuarino, os arrastos horizontais a diversas profundidades da coluna de água são 
realizados de um modo sistemático. A distância percorrida pelo equipamento de 
coleta, o volume de água filtrado e a máxima profundidade atingida por este podem 
ser avaliadas recorrendo a diversos dispositivos (fluxômetros, inclinômetros, sondas 
batimétricas, etc.) (JÚNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
Segundo o autor, os fluxometros são utilizados na determinação do volume de 
água filtrado pela rede de plâncton durante a amostragem. Estes dispositivos contêm 
uma hélice e um contador de revoluções que, após uma calibração prévia, permitem 
a avaliação rigorosa da distância percorrida, da velocidade de arrasto e finalmente do 
volume de água filtrado. Após a realização de cada colheita, deve efetuar-se, 
imediatamente, a leitura do fluxômetro e da sonda batimétrica e posteriormente 
proceder à lavagem cuidadosa da rede utilizando água corrente, com a finalidade de 
evitar a “contaminação” de amostragens posteriores. 
Esta operação deve ser efetuada utilizando uma pressão da água sufi ciente 
para destacar os organismos planctônicos aderentes à rede, sem, no entanto, os 
danificar. A massa de plâncton concentrada no copo da rede é posteriormente fixada 
e conservada para estudo posterior, recorrendo a diversos produtos químicos 
(JÚNIOR, 2007). 
5.2 Fixação e conservação dos planctontes 
Após a realização de uma coleta, os planctontes devem ser imediatamente 
fixados, podendo para isso utilizar diversos produtos químicos. A fixação rápida do 
material recolhido minimiza a degradação dos planctontes (os fenômenos de autólise 
e degradação bacteriana têm início logo após a morte). O fixador e conservante mais 
utilizado é o formol. Pode-se, no entanto usar outros produtos químicos com bons 
resultados. A fixação do Fitoplâncton pode ser feita, por exemplo, com Lugol. Um 
grande número de organismos microzooplanctônicos são destruídos durante o 
processo de fixação tornando a sua posterior identificação praticamente impossível 
(neste caso é necessário realizar a análise da amostra não fixada). As amostras de 
zooplâncton são habitualmente fixadas com formol a 3 ou 5% tamponado (por 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
exemplo com tetraborato de sódio). É importante que o pH do líquido fixador seja 
básico (compreendido entre 8 e 9) para que as substâncias esqueléticas dos 
zooplanctontes se mantenham intactas. Podemos utilizar anestesiantes antes da 
fixação no intuito de preservar em melhores condições os planctontes (JÚNIOR, 
2007). 
Ainda de acordo com o autor, a conservação definitiva dos organismos 
planctônicos deve ser feita alguns dias após a sua fixação. O líquido conservante deve 
ser escolhido tendo em consideração os taxa. Cnidaria, Ctenophora, Annelida e 
Cordata podem ser conservados em álcool. Na maioria dos casos, no entanto, os 
planctontes devem ser conservados de um modo definitivo com formol tamponado (pH 
8,5) em concentrações de 2,5 a 5%. As amostras de plâncton devem ser armazenadas 
em frascos de vidro com uma capacidade adequada (o líquido conservante deve 
preencher pelo menos 2/3 do volume do recipiente) e devidamente etiquetada. A 
conservação definitiva dos planctontes deve ser igualmente feita em frascos de vidro 
de pequenas dimensões. 
 
Tratamento laboratorial 
 
Na análise laboratorial de uma amostra de plâncton é comum recorrer ao 
partilhamento da mesma com a finalidade de facilitar o seu estudo. O número de 
planctontes recolhido é usualmente muito elevado o que torna impraticável estudar a 
totalidade da amostra. Podemos utilizar diversos fracionadores, de acordo com Júnior 
(2007), por exemplo: 
• pipeta de Stempel; 
• fracionador de Folsom (“Folsom Plankton Splitter”); 
• fracionador de Motoda, entre outros. 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
 
A pipeta de Stempel é habitualmente usada no estudo das comunidades 
fitoplanctônicas e microzooplanctônicas. O fracionador de Folsom e o de Motoda têm 
uma utilização mais ampla. Ambos permitem subdividir a amostra em sucessivas 
alíquotas com um grau de precisão variável. 
A utilização do fracionador de Folsom permite obter erros compreendidos entre 
5 e 15% nas estimativas de abundância. O estudo dos planctontes efetuado com base 
nestas sub amostras podem ser posteriormente extrapolado para a totalidade da 
colheita (JÚNIOR, 2007). 
 
Triagem e enumeraçãodos planctontes 
 
Depois de realizadas as sucessivas sub amostras torna-se necessário separar 
ou triar e enumerar os planctontes. A separação dos planctontes a estudar pode ser 
realizada na totalidade (no caso destes serem pouco abundantes) ou em parte da 
amostra. A enumeração dos mesmos pode ser feita simultaneamente (JÚNIOR, 
2007). 
A triagem e enumeração dos planctontes de acordo com o autor citado, 
acontecem com o auxílio de um microscópio (fitoplanctontes e microzooplanctontes) 
e de uma lupa estereoscópica (zooplanctontes). Estas operações são realizadas em 
câmaras específicas de contagem (câmara de sedimentação, câmara de Dollfus, 
câmara de Bogorov, câmara de Sedwick-Rafter, etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipamentos utilizados na análise e identificação do plâncton. 
Fig1. Microscópio estereoscópico; Fig 2 Microscópio óptico 
5.3 Nutrição e metabolismo do zooplancton 
 O conhecimento dos hábitos alimentares dos zooplanctontes permite avaliar o 
papel desempenhado por cada espécie nas cadeias tróficas. Os termos herbívoro, 
carnívoro e onívoro são correntemente utilizados no caso dos zooplanctontes que se 
alimentam sobretudo à base de fitoplanctontes, zooplanctontes ou de fito e 
zooplanctontes respectivamente. Os termos monofágico e polifágico são também 
empregados no caso dos zooplanctontes se alimentarem de uma ou várias presas 
respectivamente. O método mais comum para estudar os hábitos alimentares dos 
zooplanctontes consiste na análise dos conteúdos do tubo digestivo. Os resultados 
obtidos através deste tipo de estudos devem, no entanto, ser interpretados 
cuidadosamente (JÚNIOR, 2007). 
 Segundo o autor, as espécies-presa são, na maior parte dos casos, difíceis de 
identificar devido ao estado avançado de digestão que normalmente exibem. Durante 
o processo de amostragem os zooplanctontes de maiores dimensões podem ingerir 
durante o tempo de arrasto outros organismos zooplanctônicos e fitoplanctônicos 
devido às perturbações causadas pela coleta. Finalmente os conteúdos dos tubos 
 
 
 
 
 
49 
 
 
 
 
 
digestivos de alguns zooplanctontes podem conter alimentos ingeridos pelas suas 
espécies-presa após a digestão parcial destas. Se todos estes fatores forem 
considerados previamente torna-se possível realizar estudos quantitativos e 
quantitativos da ecologia alimentar de organismos zooplanctônicos. 
 Com a finalidade de minimizar a quantidade de organismos ingerida 
acidentalmente durante o processo de colheita, é por vezes necessário anestesiar os 
zooplanctontes in situ (logo após a sua entrada na rede de plâncton), por exemplo, 
utilizando determinados produtos químicos. Pode-se, igualmente, estudar-se o regime 
alimentar de alguns zooplanctontes que constituem presas preferenciais de 
predadores de níveis tróficos mais elevados (bentônicos ou nectônicos), através da 
análise dos conteúdos gástricos destes últimos (JÚNIOR, 2007). 
 Ainda de acordo com o autor, os hábitos alimentares de alguns zooplanctontes 
podem ser determinados através do estudo das características morfológicas dos 
apêndices alimentares. Por exemplo, nos Copepoda, as maxilas de espécies 
herbívoras (Calanus, Eucalanus) contêm numerosas setas e, cada uma possuindo 
inúmeras sétulas, que têm por finalidade capturar, através de um processo de 
filtração, organismos fitoplanctônicos. O aparelho bucal destas espécies é adequado 
à ingestão e trituração de partículas geralmente de pequenas dimensões. 
Nos Copepoda carnívoros (Candacia, Tortanus) as maxilas são providas de 
setas e apropriadas à captura de pequenos organismos zooplanctônicos. As suas 
mandíbulas possuem dentes robustos. As espécies de hábitos onívoros possuem 
apêndices alimentares intermédios. Com exceção de algumas espécies 
exclusivamente carnívoras, a grande maioria apresenta um regime alimentar 
eurifágico ou onívoro (JÚNIOR, 2007). 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
 
 
 
 
Fig 1: zooplanctoontes carnívoro e Fig 2: zooplanctoontes herbívoro 
5.4 Métodos de cultivo de Zooplancton 
Em geral, os métodos cultivo de zooplâncton são os de retirada parcial, de 
retirada total, de criação contínua e de eutrofização artificial. Deve-se observar a 
qualidade da água para o cultivo de zooplâncton, os valores de salinidade, 
temperatura, pH, razão NH3/NH4 e oxigênio dissolvido. O método mais empregado 
até o momento para a produção em grandes quantidades é o sistema de retirada 
parcial em tanques, porque costuma proporcionar maior facilidade de manutenção e 
manejo, além de ser o mais tradicional. E para a utilização de naúplios de artêmia, na 
grande maioria das empresas, não tem sido realizado o cultivo, apenas a eclosão dos 
cistos. A descapsulação de cistos abrange três passos principais: hidratação, 
oxidação do córion e lavagem. Empresas e instituições ligadas ao setor, interessadas 
em aumentar suas produtividades, investiram em pesquisas no cultivo intensivo e 
semi-intensivo deste microcrustáceo (NETO et al, 2016). 
 
 
 
 
 
51 
 
 
 
 
 
6 NECTOLOGIA 
 
Fonte: granadadigital.es 
Ao contrário dos planctontes os animais que constituem o nécton, podem 
deslocar-se ativamente e vencer a força das correntes. O plâncton e o nécton são 
englobados na designação de organismos pelágicos. Por oposição os organismos 
bentônicos são aqueles cuja vida está diretamente relacionada com o fundo, quer 
vivam fixos, quer sejam livres (JÚNIOR, 2007). 
Ainda segundo autor citado, podemos considerar no meio marinho os domínios 
pelágico e bentônico. Não existe, contudo, uma delimitação nítida entre organismos 
pelágicos e bentônicos. Os organismos geralmente de pequenas dimensões com 
algumas capacidades natatórias são usualmente englobados no micronecton. 
Enquanto que a maioria dos planctontes é invertebrada, os nectontes são, 
predominantemente, constituídos por vertebrados (sobretudo peixes, mais numerosos 
em espécies e em indivíduos). O nécton engloba representantes de todas as classes 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
 
 
de vertebrados com a exceção dos anfíbios. Podem considerar-se duas categorias de 
organismos nectônicos: o nécton oceânico e o nécton costeiro, respectivamente os 
nectontes frequentam as províncias oceânica e costeira. 
As adaptações exibidas pelos organismos do nécton oceânico são 
essencialmente distintas daquelas que observamos no nécton das águas profundas 
ou no nécton costeiro. Uma vez que a maioria dos nectontes oceânicos possui 
capacidades natatórias importantes habitando vastas regiões dos oceanos, são 
habitualmente difíceis de estudar no seu habitat sendo quase sempre muito difícil o 
seu estudo em condições controladas. Na ausência de dados sobre a ecologia da 
maioria dos organismos nectônicos torna-se necessário inferir muitos destes aspectos 
de um modo indireto (estudo das características anatômicas e fisiológicas dos 
indivíduos capturados) (JÚNIOR, 2007). 
6.1 Composição do necton oceânico 
O necton oceânico é constituído por um número variável de peixes 
(Osteichthyes e Chondrichthyes) bem como por um número mais reduzido de 
mamíferos marinhos, répteis e aves. Os únicos invertebrados que são englobados no 
nécton são os cefalópodes. Podemos reconhecer diversos grupos zoológicos no 
nécton (sobretudo peixes que vivem na zona epipelágica) segundo Júnior (2007): 
• Nécton holoepipelágico - Organismos que passam toda a sua existência no 
nécton; 
• Necton meroepipelágico - Passam unicamente parte da sua existência no 
nécton. 
Na primeira categoria englobam-se alguns tubarões, a maioria dos peixes 
voadores, tunídeos, espadartes, marlins, etc. Na segunda categoria consideram-se os 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
 
 
peixes que passam parte do seu ciclo vital na zona epipelágica da província oceânica 
reproduzindo em águas costeiras no meio marinho ou estuarino. Os mamíferos 
marinhos que

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