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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais

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HISTÓRIA DO 
ENSINO RELIGIOSO E 
PERSPECTIVAS ATUAIS
Autoria: Giseli Cristina dos Passos
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
P289h
 Passos, Giseli Cristina dos
 História do Ensino Religioso e perspectivas atuais. / Giseli 
Cristina dos Passos. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 132 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-319-3
 ISBN Digital 978-65-5646-318-6
1. Ensino Religioso. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 200
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
A História do Ensino Religioso no Brasil .................................. 7
CAPÍTULO 2
Ensino Religioso: Legislação Normativa ................................. 49
CAPÍTULO 3
Ensino Religioso: Sala de Aula, Desafios e Perspectivas ..... 91
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando, o Ensino Religioso é a disciplina em que se confia 
a educação referente à religiosidade, do ponto de vista das escolas laica e 
pluralista. As religiões estão diretamente ligadas à história humana e refletem nos 
comportamentos pessoal e social da humanidade.
É preciso elucidar que o Ensino Religioso existe sob o fundamento do 
conhecimento, sendo, atualmente, de matrícula facultativa e oferta obrigatória. 
Assim, buscaremos compreender como a disciplina se apresentou e se 
reestruturou no cenário educacional.
O primeiro capítulo fará referência à historicidade da disciplina, analisará o 
percurso do Ensino Religioso do Brasil-Colônia, os desdobramentos no período 
da República, a partir de 1889, até a aprovação da Lei nº 9.475/97. Destacará 
a luta empreendida pela Igreja Católica para a manutenção do Ensino Religioso 
no ordenamento curricular, além dos constantes conflitos para a manutenção e a 
estruturação da disciplina no ensino fundamental das escolas públicas do país. 
Apresentará o FONAPER como importante associação não governamental para 
reestruturação da disciplina, promovendo a criação das Diretrizes Curriculares do 
Ensino Religioso.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO 
BRASIL
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Situar o Ensino Religioso de cada período histórico no Brasil. 
 Identifi car as características educacionais do Ensino Religioso no decurso da 
história, além da transformação ao longo do tempo. 
 Desenvolver uma visão panorâmica da história do Ensino Religioso no Brasil.
 Entender as relações entre o Ensino Religioso e a sociedade no passado e no 
presente, e identifi car as projeções para a disciplina no futuro.
8
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
9
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro pós-graduando, a discussão acerca do Ensino Religioso, na educação 
pública do Brasil, é ponto de debate frequente. Com matrícula facultativa e oferta 
obrigatória, é, por vezes, identifi cada a partir de padrões históricos e culturais 
que a associam a uma prática pedagógica contrária à laicidade e à diversidade 
religiosa.
Agora, buscaremos compreender como a disciplina se apresentou e se 
reestruturou no cenário educacional, uma vez que a presença foi motivada por 
contextos históricos, econômicos, sociais e políticos, que mudaram, de acordo 
com os interesses dos gestores políticos, religiosos e lideranças da área ao longo 
do processo histórico.
O primeiro capítulo fará referência à historicidade da disciplina, analisará o 
percurso do Ensino Religioso do Brasil-Colônia, os desdobramentos no período 
da República, a partir de 1889, até a aprovação da Lei nº 9.475/97. Destacará 
a luta empreendida pela Igreja Católica para a manutenção do Ensino Religioso 
no ordenamento curricular, além dos constantes confl itos para a manutenção e a 
estruturação da disciplina no ensino fundamental das escolas públicas do país. 
Apresentará o FONAPER como importante associação não governamental para 
reestruturação da disciplina, promovendo a criação das Diretrizes Curriculares do 
Ensino Religioso.
A partir de agora, prezado pós-graduando, você inicia a sua leitura para 
compreender como essa disciplina se constituiu no cenário educacional brasileiro 
ao longo da história. Descubra conosco como se deram a formação da identidade 
e o papel dessa disciplina. Bons estudos!
2 O ENSINO RELIGIOSO NOS 
PERÍODOS COLONIAL E IMPERIAL
Entendemos, por Período Colonial, a fase que vai de 1530 a 1822, sendo 
caracterizada pela colonização portuguesa em terras que, posteriormente, 
chamar-se-iam de Brasil. Importante demarcar que o período de 1500 a 1530 é 
conhecido por Período Pré-Colonial, pois, apesar da chegada dos portugueses 
a essas terras, houve uma marginalização de Portugal em relação ao Brasil, e o 
interesse português, naquele momento, era o comércio, com as chamadas Índias, 
apenas existindo efetiva colonização posteriormente (SCHWARCZ; STARLING, 
2015).
10
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Observe, a seguir, uma fi gura que remeterá ao primeiro ato ofi cial do Brasil, 
a primeira missa. Trata-se de uma pintura histórica do brasileiro Victor Meirelles e 
foi inspirada na carta escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal.
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_missa_no_Brasil>. Acesso em: 9 abr. 2021.
FIGURA 1 – PRIMEIRA MISSA
Caro pós-graduando, aprofunde o seu conhecimento a respeito 
da obra anterior de Victor Meirelles. Acesse o site e veja o vídeo: 
https://www.youtube.com/watch?v=El3nhTDreyw.
Nesse processo de domínio português em terras brasileiras, é 
importante destacar a participação da Companhia de Jesus, ordem 
religiosa católica, que foi fundada em 1534, mas que desembarcou 
por aqui apenas em 1549, com os objetivos de difundir o cristianismo 
nas terras americanas, converter indígenas e integrá-los à civilização 
ocidental (SCHWARCZ; STARLING, 2015).
Com os jesuítas, o ensino da religião católica, no Brasil, tornou-
se uma questão de cumprimentos de acordos entre a Igreja Católica 
e a Coroa Portuguesa, visando, principalmente, a uma doutrinação e 
a uma imposição das ideologias colonialistas, baseadas nos valores 
sociais cristãos. Para Borin (2018, p. 131), “o ‘Ensino Religioso’ se 
caracterizava como ‘doutrinação’, promovendo as ‘aulas de catequese’ 
aos nativos e negros ‘pagãos’. O enfoque central da proposta era 
Para Borin (2018, 
p. 131), “o ‘Ensino 
Religioso’ se 
caracterizava como 
‘doutrinação’, 
promovendo as 
‘aulas de catequese’ 
aos nativos e negros 
‘pagãos’. O enfoque 
central da proposta 
era promover 
uma ‘Verdade 
de Fé’, tendo um 
conhecimento 
vinculado à religião 
cristã”.
11
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
promover uma ‘Verdade de Fé’, tendo um conhecimento vinculado à religião 
cristã”. Esse momento demarcaria os primeiros passos de uma educação religiosa 
no nosso país.
Em 1707, surgiram as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, 
considerado o primeiro documento ofi cial que tratou da educação religiosa 
no Brasil e que previa a obrigação dos senhores proprietários decuidarem da 
educação religiosa dos escravizados, pois, para Torres-Londono (2006, p. 276), “ao 
contrário do que aconteceu com a população indígena, os membros da hierarquia 
da igreja, bispos, cónegos, visitadores eclesiásticos e as ordens religiosas, não se 
preocuparam em defender os africanos, questionar a legitimidade do cativeiro ou 
defi nir, para eles, formas de atendimento religioso”.
Cabe destacar que não se falava, ainda, do Ensino Religioso como uma 
disciplina, tratava-se mais de uma formação religiosa.
Já em 1759, o então Marquês de Pombal, ministro português, expulsou os 
jesuítas de Portugal e das colônias, o que incluía o Brasil. A educação formal, 
antes, a cargo da igreja, passou para as mãos de leigos, nas chamadas aulas 
régias (SCHWARCZ; STARLING, 2015).
Para melhores compreensões histórica e legal do Ensino 
Religioso, o quadro a seguir servirá como uma síntese da leitura 
anterior.
LINHA DO TEMPO ENSINO RELIGIOSO PERÍODO COLONIAL
FONTE: A autora
12
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
1 - Vindos para a América do Sul com um projeto claro de 
catequizar grupos indígenas que encontrassem. O início 
das atividades jesuítas, na América Portuguesa, deu-se em 
1549. São famosas as cartas dos padres jesuítas Manuel 
de Nóbrega e José de Anchieta, desde meados do século 
XVI, relatando as tentativas de conversão. A seguir, você 
encontrará um trecho de uma delas:
“Convidamos os meninos a ler e a escrever e, conjunctamente, lhes 
ensinamos a doutrina christã [...], porque muitos se admiram de como 
sabemos ler e escrever e têm grande inveja e vontade de aprender 
e desejam ser christãos como nós outros, mas somente os impede 
o muito que custa tirar os maus costumes delles, e nisso está, hoje, 
toda a fadiga nossa”.
(Carta de Pe. Manuel da Nóbrega ao D. Navarro, seu mestre, em 
Coimbra - Salvador, 10 de agosto de 1546)
A partir da leitura do trecho exposto, é possível identifi car 
um dos principais instrumentos utilizados pelos jesuítas na 
catequização dos indígenas. Qual seria? Além disso, para 
Manuel de Nóbrega, qual seria o maior impedimento para a 
catequese?
Após um longo período de domínio português, o Brasil proclamou a sua 
independência em 1822, e passou a ser governado por D. Pedro I. A história do 
Brasil-Império se estendeu até 1889. A primeira Constituição brasileira, e única 
do Império, foi outorgada em 25 de março de 1824, e defi nia o governo como 
monarquia constitucional hereditária, além disso, manteve a religião católica como 
religião ofi cial do Império, além de restringir a vivência das outras religiões aos 
cultos doméstico e particular. 
Art. 5. A Religião Cathólica Apostólica Romana continuará 
a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão 
permitidas com seu culto doméstico, ou particular, em casas 
para isso destinadas, sem forma alguma que seja exterior do 
templo (BRASIL, 1824).
13
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
Esse período da história do Brasil demarcou uma segunda fase do Ensino 
Religioso no nosso país, agora, conectada ao Estado, porém, ainda voltada para 
um ensino da fé católica, servindo como aparelho ideológico, devido ao poder que 
a igreja ainda detinha. Para Junqueira (2011, p. 37), o Ensino Religioso, nessa 
fase, “caracterizava-se como catequese dirigida aos índios, escravos e ao povo 
como um todo”.
Durante o Império, vimos surgir a primeira lei de educação do Brasil, a Lei 
Nacional de Instrução Pública, de 15 de outubro de 1827. Nela, determinava-se a 
criação de Escolas de Primeiras Letras, a serem implementadas em cidades-vilas 
e locais populosos. Verifi que o Art. 6º, que contemplava o Ensino Religioso:
Art. 6. Os professores ensinarão a ler e a escrever as quatro 
operações de aritmética, prática de quebrados, decimais e 
proporções, as noções mais gerais de geometria prática, 
a gramática de língua nacional, e os princípios de moral 
cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, 
proporcionados à compreensão dos meninos, preferindo, para 
as leituras, a Constituição do Império e a história do Brasil 
(BRASIL, 1827).
Naquele momento em que a rede pública de ensino começou a existir 
timidamente e lentamente, ainda se verifi cava uma imposição de credo e de 
religião, e a fi nalidade esperada do Ensino Religioso era a catequização e a 
formação moral do indivíduo. Importante observar que, durante o período imperial, 
a instrução primária era privilégio usufruído somente para os mais favorecidos, 
sendo notável a distância entre a classe dominante e a grande massa analfabeta. 
Surgiam, nas cidades mais populosas, as escolas para meninas.
1 - Com base na leitura anterior e na do trecho a seguir, da 
Lei Nacional de Instrução Pública, de 1827, será possível 
perceber que, no período do Império, prevaleceu a 
presença do Ensino Religioso no currículo escolar, 
visando dar legitimidade à aliança estabelecida entre 
o Estado e a Igreja. Além da imposição de credo e de 
religião, qual outra fi nalidade era esperada do Ensino 
Religioso no período imperial?
14
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
TRECHOS DA LEI NACIONAL DE INSTRUÇÃO PÚBLICA DE 1827
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/
nas-escolas-do-imperio-menino-estudava-geometria-e-menina-
aprendia-corte-e-costura>. Acesso em: 9 abr. 2021.
Para melhores compreensões histórica e legal do Ensino Religioso, o 
quadro a seguir servirá como uma síntese da leitura anterior.
LINHA DO TEMPO ENSINO RELIGIOSO PERÍODO IMPERIAL
FONTE: A autora
15
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
FIGURA 2 – PINTURA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, DE BENEDITO CALIXTO
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/11/12/republica-completa-
130-anos-com-problemas-ainda-a-espera-de-solucao>. Acesso em: 9 abr. 2021.
3 O ENSINO RELIGIOSO NO 
PERÍODO REPUBLICANO 
Pós-graduando, Proclamação da República, no Brasil, aconteceu em 1889. 
Esse período da nossa história é dividido em fases, para melhor entendimento:
• República Velha 1889 – 1930.
• Era Vargas 1930-1945.
• República Populista 1945-1964.
• Ditadura Civil-Militar 1964-1985.
• Nova República 1985 – hoje.
Abordaremos as três primeiras fases do período republicano, sendo que as 
duas últimas terão partes próprias para abordagem. Assim, voltemos ao início 
dessa história. A Proclamação da República foi, em grande parte, resultado da 
aliança dos cafeicultores com o exército, visando vencer um inimigo comum: o 
Império. Nos primeiros dias, após 15 de novembro de 1889, houve um consenso 
que mencionava que os militares deveriam exercer o poder político, unidade 
que se romperia posteriormente. O governo provisório da recém-instalada 
República desejava resolver os primeiros e mais urgentes problemas criados pela 
proclamação, até que fosse redigida uma nova Constituição.
16
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Aprofunde o seu conhecimento acerca da Proclamação da 
República em https://www.youtube.com/watch?v=T2gMKpADSQU. 
Positivismo foi uma corrente fi losófi ca de Auguste Comte (1798-
1857), que surgiu como reação ao idealismo, cuja proposta era dar, à 
fi losofi a, um caráter distante da teologia e da metafísica, e considerar, 
como único e verdadeiro, o conhecimento humano, baseando-se 
apenas em fatos da experiência. 
FONTE: https://www.michelis.uol.com.br. Acesso em: 9 abr. 2021.
O primeiro presidente da República, o marechal Deodoro da Fonseca, desde 
o início, cercou-se de positivistas, dentre eles, Rui Barbosa. Importante precursor 
para as mudanças educacionais, reivindicou, também, a Igreja e o Estado livres, 
e defendia a liberdade de culto religioso, mas em local próprio e desvinculado das 
escolas. 
Para Tomazini (2016, p. 38), “o Estado assume uma postura laica, isto é, 
passa a não professar nenhuma crença em particular e desvincula a religião de 
qualquer interferência na educação.Isso gera a eliminação da aula de religião nas 
escolas públicas”.
Nesse contexto, foi ofi cializado o Decreto nº 119-A, de 07 de janeiro de 1890 
(BRASIL, 1890). Nele, houve a separação entre Estado e igreja no Brasil, iniciando-
se, assim, um novo momento na história do país, que repercutiria fortemente no 
campo educacional, e, em particular, no Ensino Religioso, pois esse projeto de 
laicidade do Estado brasileiro se efetivaria com a Constituição de 1891. O Art. 
72, parágrafo 6°, cita que “será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos 
públicos” (BRASIL, 1891). Para Cury (2004, p. 76), a Carta Magna de 1891 
17
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
se laiciza, repondo a liberdade plena de culto 
e a separação da Igreja e do Estado [...], e põe 
o reconhecimento exclusivo, pelo Estado, do 
casamento civil, a secularização dos cemitérios 
e, fi nalmente, determina a laicidade nos 
estabelecimentos de ensino mantidos pelos poderes 
públicos (CURY, 2004, p. 76).
Para Cury (2004, 
p. 76), a Carta 
Magna de 1891 se 
laiciza, repondo a 
liberdade plena de 
culto e a separação 
da Igreja e do 
Estado [...], e põe 
o reconhecimento 
exclusivo, pelo 
Estado, do 
casamento civil, 
a secularização 
dos cemitérios 
e, fi nalmente, 
determina a 
laicidade nos 
estabelecimentos 
de ensino mantidos 
pelos poderes 
públicos (CURY, 
2004, p. 76).
O termo laico signifi ca algo alheio ao clero ou a qualquer outra 
ordem religiosa; leigo. Oposto ao controle do clero sobre a sociedade.
FONTE: https://www.michelis.uol.com.br. Acesso em: 9 abr. 2021.
Em https://www.youtube.com/watch?v=Y77Sg6Npv0A&t=615s, 
você encontrará um debate a respeito do Estado laico e da intolerância 
religiosa, de suma importância para a prática da educação.
18
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Aprofunde o seu conhecimento acerca da intolerância religiosa 
no nosso país, fazendo a leitura da obra NOGUEIRA, S. Intolerância 
religiosa. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.
O Estado laico pode autorizar o Ensino Religioso nas suas escolas?
Em um paradigma cartesiano, dicotômico, pode-se afi rmar que cabe, 
ao Estado “laico”, a preocupação com os corpos, e não com os 
espíritos, com as ciências e as tecnologias, e não com as crenças e 
as religiões, com a vida terrena presente, e não com a vida depois da 
morte, com o natural, e não com o sobrenatural, com o imanente, e 
não com o transcendente.
Entende-se que Ensino Religioso é coisa de espírito, de igreja, 
assunto confessional, dogmático, sobrenatural, próprio de grupos 
religiosos. Estado e igrejas não só estão separados, mas, como água 
e óleo, vivem em mundos e paradigmas diferentes e, não poucas 
vezes, também divergentes. Acontece, porém, que o cidadão crente 
se sente dividido, pois pertence, ao mesmo tempo, ao estado civil 
(matéria, corpo) e ao estado religioso (espírito, alma).
A partir de uma visão globalizante do ser humano, pode-se ver as 
duas realidades integradas (a profana e a sagrada), e, a partir daí, 
também, pode-se visualizar, em uma sociedade democrática, a 
possibilidade de cooperação e a parceria entre os gestores dessas 
realidades profanas e religiosas, entre ciência e religião, entre Estado 
e igrejas. Consequentemente, autorizar o Ensino Religioso não 
confessional, o que já existe, não fere a natureza do Estado laico, 
pois respeita a diversidade religiosa da população.
A religião não é assunto tão somente do indivíduo que crê e milita 
em alguma igreja, mas é um fato antropológico e social que perpassa 
todos os âmbitos de vida dos cidadãos que compõem o Estado plural 
e laico. Daí que, em uma proposta de formação integral, a dimensão 
religiosa não pode ser excluída.
19
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
Entende-se que a escola é o espaço de construção de conhecimentos 
e, principalmente, de socialização dos conhecimentos historicamente 
produzidos e acumulados. Se o conhecimento religioso faz parte do 
conhecimento humano, o patrimônio da humanidade deve, também, 
estar disponível a todos os educandos.
O Ensino Religioso, na matriz curricular, deve apresentar a religião 
como fato antropológico e social que permeia a vida dos cidadãos, 
crentes e não crentes, de qualquer sociedade, de todas as culturas.
Em uma educação integral e de qualidade, a dimensão religiosa 
não pode ser excluída. Entende-se, pois, que a única maneira de 
viabilizar a laicidade do Estado, com o Ensino Religioso nas escolas 
públicas, é através do modelo não confessional, que traz doutrinas, 
dimensões sociais das diferentes religiões. Tal entendimento se 
justifi ca em razão de que a laicidade impõe que o Estado se mantenha 
neutro em relação às diferentes concepções religiosas presentes na 
sociedade, sendo-lhe vedado tomar partido em questões de fé, além 
de buscar o favorecimento ou o embaraço de qualquer crença ou 
grupo de crenças.
FONTE: CORDEIRO, D. Diversidade religiosa, direitos humanos e Ensino 
Religioso. In: POZZER, A. et al. Ensino religioso na educação básica: 
fundamentos epistemológicos e curriculares. Florianópolis: Saberes em 
Diálogo, 2015. p. 145-153. Disponível em: https://fonaper.com.br/biblioteca/
ensino-religioso/ensino-religioso-na-educacao-basicafundamentos-
epistemologicos-e-curriculares-2015/. Acesso em: 9 abr. 2021.
1 - Faça uma pesquisa dos seguintes termos e dos respectivos 
exemplos de países na atualidade: Estado laico, Estado 
confessional, Estado teocrático e Estado ateu. 
Para Saviani (2008, p. 179), “a exclusão do Ensino Religioso das escolas foi 
algo que a Igreja jamais aceitou, o que a levou a mobilizar todas as suas forças 
para reverter esse estado de coisas”. A Igreja Católica lutará, a todo o momento, 
para garantir a inserção da disciplina no currículo e para defender a importância e 
a legitimidade com o Estado laico. Importante observar que, ao longo da história 
20
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
da Primeira República (1889 - 1930), a oportunidade de ingresso e a qualidade 
do ensino brasileiro permaneceram como privilégios de uma pequena classe 
dominante em detrimento de uma grande parcela da população, formada apenas 
para trabalhar.
A crise de 1929 gerou um desgaste na economia cafeeira brasileira. 
Surgiu, assim, um movimento revolucionário que derrubou a República Velha. 
Encabeçado por Getúlio Vargas, o movimento aglutinou diversas forças sociais: 
oligarquias dissidentes, classe média, burguesia urbana e instituições, como o 
exército, reivindicando a participação política em um cenário dominado, até então, 
quase que, exclusivamente, pela oligarquia cafeeira.
FIGURA 3 – GETÚLIO VARGAS
FONTE: <https://www.bbc.com/portuguese/
brasil-46159747>. Acesso em: 9 abr. 2021.
Getúlio Vargas, líder máximo da Revolução de 30, governou 
o Brasil até 1945. O governo atravessou uma fase provisória (1930-
1934), uma fase constitucional (1934-1937) e uma fase ditatorial (1937-
1945) (SCHWARCZ; STARLING, 2015). Naquele momento da nossa 
história, chamada de Era Vargas, aconteceram mudanças signifi cativas 
na relação entre a Igreja e o Estado, principalmente, no que se refere 
ao Ensino Religioso nas escolas públicas.
Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde, ocupado por 
Francisco Campos. O novo ministro, articulado com a hierarquia 
católica e antiliberal, colaborou para o retorno do Ensino Religioso ao 
currículo, por meio do Decreto nº 19.941, de 30 de abril de 1931, que 
promovia o Ensino Religioso, de modo facultativo, nos estabelecimentos 
educacionais, a níveis primário, secundário e normal.
Vargas criou o 
Ministério da 
Educação e Saúde, 
ocupado por 
Francisco Campos. 
O novo ministro, 
articulado com a 
hierarquia católica e 
antiliberal, colaborou 
para o retorno do 
Ensino Religioso 
ao currículo, por 
meio do Decreto nº 
19.941, de 30 de 
abril de 1931, que 
promovia o Ensino 
Religioso, de modo 
facultativo, nos 
estabelecimentos 
educacionais,a 
níveis primário, 
secundário e 
normal.
21
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
Desde então, a inclusão do Ensino Religioso é profundamente 
questionada no cenário republicano de um país laico. Após discussões 
acerca da inclusão, ou não, na Carta Magna de 1934, o artigo 153 
propôs: 
Art. 153 O Ensino Religioso será de frequência 
facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confi ssão 
religiosa do aluno, manifestada pelos pais ou responsáveis, e 
constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, 
secundárias, profi ssionais e normais (BRASIL, 1934).
Para Cury (2004, p. 189), “o Ensino Religioso aparece em todas as 
constituições federais desde 1934, sob a fi gura de matrícula facultativa. Contudo, 
tal permanência não se deu sem confl itos”, e fez “parte de um capítulo próprio 
da história da educação brasileira, nas mais diferentes legislações de ensino”. 
Interessante perceber que a lei não oferecia alternativa com o que fazer com os 
alunos que optassem por não assistir às aulas, fato que permanece em questão 
até os dias atuais.
Após discussões 
acerca da inclusão, 
ou não, na Carta 
Magna de 1934, o 
artigo 153 propôs.
O caráter facultativo
O caráter facultativo da oferta do Ensino Religioso merece uma 
pequena refl exão. Ser facultativo é não ser obrigatório na medida 
em que não é um dever. O caráter facultativo caminha na direção de 
salvaguardas para não ofender o princípio da laicidade. O mesmo 
se pode dizer da vedação de quaisquer formas de proselitismo e 
do fato de deixar, a uma entidade civil multirreligiosa, a defi nição de 
conteúdos. Como diz o parecer CP/CNE nº 05/97:
A Constituição apenas reconhece a importância do 
Ensino Religioso para a formação básica comum do 
período de maturação da criança e do adolescente 
que coincide com o ensino fundamental e permite uma 
colaboração entre as partes, desde que estabelecida 
em vista do interesse público e respeitando – pela 
matrícula facultativa – opções religiosas diferenciadas 
ou, mesmo, a dispensa de frequência de tal ensino na 
escola (p. 2).
O caráter facultativo de qualquer coisa gera o livre-arbítrio da 
pessoa responsável por realizar ou deixar de realizar algo que é 
proposto. A faculdade demonstra a a possibilidade de poder fazer ou 
não, de agir ou não como algo inerente ao direito subjetivo da pessoa. 
22
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Ora, para que o caráter facultativo seja efetivo e a possibilidade de 
escolha se exerça como tal, é necessário que, dentro de um espaço 
regrado como é o das instituições escolares, haja a oportunidade 
de opção entre o Ensino Religioso e outra atividade pedagógica, 
igualmente signifi cativa para tantos quantos que não fi zerem a 
escolha pelo primeiro. Não se confi gura, como opção, a inatividade, 
a dispensa ou as situações de apartamento em locais que gerem 
constrangimento. 
Ora, a (s) atividade (s) pedagógica (s) alternativa (s), constante 
(s) do projeto pedagógico do estabelecimento escolar, igualmente, 
do Ensino Religioso, deve (m) merecer, da parte da escola para os 
pais ou os alunos, a devida comunicação, a fi m de que estes possam 
manifestar vontade perante uma das alternativas. Esse exercício de 
escolha, então, é um momento importante para a família, e para os 
alunos exercerem, conscientemente, a dimensão da liberdade como 
elemento constituinte da cidadania.
FONTE: CURY, C. R. J. Ensino Religioso na escola pública: o retorno de 
uma polêmica recorrente. Revista Brasileira de Educação, Minas 
Gerais, v. 1, n. 27, p. 183-213, 2004. Disponível em: https://www.scielo.
br/pdf/rbedu/n27/n27a12.pdf. Acesso em: 9 abr. 2021.
Com a instauração do Estado Novo, em 1937, a Constituição de 
1934, logo, foi substituída por uma nova Carta Magna, que mantinha 
o Ensino Religioso com a seguinte ressalva, no Art. 133: “O Ensino 
Religioso poderá ser contemplado como matéria do curso ordinário 
das escolas primárias, normais e secundárias. Não poderá, porém, 
constituir objeto de obrigação dos mestres ou dos professores, nem de 
frequência compulsória por parte dos alunos” (PAULY, 2004, p. 175).
Durante essa fase ditatorial varguista, é importante destacar o 
Decreto-Lei nº 4.244, de 9 de abril de 1942, que instituiu a lei orgânica 
do ensino secundário e dispunha, no Art. 21: 
Art. 21 O ensino de relação constitui parte integrante da 
educação da adolescência, sendo lícito, aos estabelecimentos 
de ensino secundário, incluí-lo nos estudos do primeiro e do 
segundo ciclos. 
Parágrafo único. Os programas de ensino de religião e o 
regime didático serão fi xados pela autoridade eclesiástica 
(BRASIL, 1942).
Com a instauração 
do Estado Novo, em 
1937, a Constituição 
de 1934, logo, foi 
substituída por uma 
nova Carta Magna, 
que mantinha o 
Ensino Religioso 
com a seguinte 
ressalva, no Art. 
133: “O Ensino 
Religioso poderá 
ser contemplado 
como matéria do 
curso ordinário 
das escolas 
primárias, normais 
e secundárias. Não 
poderá, porém, 
constituir objeto 
de obrigação dos 
mestres ou dos 
professores, nem 
de frequência 
compulsória por 
parte dos alunos” 
(PAULY, 2004, p. 
175).
23
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
A participação do Brasil, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ao lado 
dos aliados, criou uma situação complicada: combatia-se a ditadura nazifascista na 
Europa, enquanto aqui se mantinha um regime ditatorial, já desgastado. Em 1943, 
começou a articulação para a redemocratização do país. Getúlio, percebendo que 
tal processo era inevitável, sinalizou em direção ao abrandamento da ditadura, 
antecipando o processo de redemocratização. Marcaram-se as eleições, porém, 
o exército, em 1945, desencadeou um golpe, derrubando Vargas e garantindo as 
eleições democráticas sem a participação dele.
FIGURA 4 – JORNAL O GLOBO EDIÇÃO DE 30 DE OUTUBRO DE 1945
FONTE: <https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos>. Acesso em: 9 abr. 2021.
Por fi m, pouco restava do pacto de 1934, e o futuro regime 
restabeleceria a tradição republicana de afastamento entre o Estado e 
a igreja, porém, mesmo assim, o Ensino Religioso fi cou garantido na 
Constituição Federal de 1946, devido à articulação de grupos religiosos 
vinculados à Igreja Católica. 
Art. 168 A legislação do ensino adotará os seguintes 
princípios:
[...] V - o Ensino Religioso constitui disciplina 
dos horários das escolas ofi ciais, é de matrícula 
facultativa e será ministrado, de acordo com a 
confi ssão religiosa do aluno, manifestada por ele, 
se for capaz, ou pelo seu representante legal ou 
responsável (BRASIL, 1946).
Para Tomazini (2016, p. 44), “neste período de redemocratização 
do país, o Ensino Religioso foi visto como uma disciplina que propiciou 
um constrangimento no cotidiano escolar pelos defensores da escola 
laica, visto que legitimaria, mais uma vez, o modelo confessional”.
Art. 168 A legislação 
do ensino adotará 
os seguintes 
princípios:
[...] V - o Ensino 
Religioso constitui 
disciplina dos 
horários das escolas 
ofi ciais, é de 
matrícula facultativa 
e será ministrado, 
de acordo com 
a confi ssão 
religiosa do aluno, 
manifestada por ele, 
se for capaz, ou pelo 
seu representante 
legal ou responsável 
(BRASIL, 1946).
24
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Em 1961, foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB), que defi nia e regularizava a organização da educação brasileira 
com base nos princípios presentes na Constituição. Um ponto importante de 
disputa foi a questão do Ensino Religioso nas escolas públicas, que se formaram, 
no período da elaboração, dois grupos opostos: um a favor da inclusão do Ensino 
Religioso na LDB, esse grupo, liderado pela Igreja Católica; e, o outro, contra, 
como a Associação Brasileira de Educação. Como resultado dessa disputa, o 
Ensino Religioso continuou a difundir os ensinamentos em sala de aula. Veja o 
quea Lei n° 4024/61 propôs no Art. 97:
Art. 97 O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários das 
escolas ofi ciais, é de matrícula facultativa, e será ministrado, 
sem ônus, para os poderes públicos, de acordo com a confi ssão 
religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo 
seu representante legal ou responsável.
§ 1° A formação de classe, para o Ensino Religioso, independe 
de número mínimo de alunos.
§ 2° O registro dos professores de Ensino Religioso será 
realizado perante a autoridade religiosa respectiva (BRASIL, 
1961).
Nesse período, a disciplina de Ensino Religioso continuava a ser 
de matrícula facultativa, com professores escolhidos por autoridades 
religiosas, de forma voluntária ou fi nanciada por tradições religiosas e 
com o desafi o de lecionar, conforme crença de cada estudante. 
Art. 97 O Ensino 
Religioso constitui 
disciplina dos 
horários das escolas 
ofi ciais, é de 
matrícula facultativa, 
e será ministrado, 
sem ônus, para os 
poderes públicos, 
de acordo com 
a confi ssão 
religiosa do aluno, 
manifestada por 
ele, se for capaz, 
ou pelo seu 
representante legal 
ou responsável.
§ 1° A formação 
de classe, para o 
Ensino Religioso, 
independe de 
número mínimo de 
alunos.
§ 2° O registro dos 
professores de 
Ensino Religioso 
será realizado 
perante a autoridade 
religiosa respectiva 
(BRASIL, 1961).
Para melhores compreensões histórica e legal do Ensino 
Religioso, o quadro a seguir servirá como uma síntese da leitura 
anterior.
25
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
LINHA DO TEMPO ENSINO RELIGIOSO REPÚBLICA VELHA, 
ERA VARGAS E REPÚBLICA POPULISTA
FONTE: A autora
4 O ENSINO RELIGIOSO NA 
DITADURA CIVIL-MILITAR
A Ditadura Civil-Militar, instaurada em 1964, estendeu-se por 21 anos, nos 
quais a presidência da República foi ocupada, sucessivamente, por generais 
do exército. Foi um período marcado por extremo autoritarismo e ausência de 
democracia no nosso país. Vimos fl orescer, na história do Brasil, violência, censura 
e repressão, “gerando profundas mudanças em diversos setores, inclusive, na 
educação” (TOMAZINI, 2016, p. 45).
26
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FIGURA 5 – PASSEATA DOS CEM MIL, DE 1968
FONTE: <https://www.memorialdademocracia.com.br>. Acesso em: 9 abr. 2021.
Aprofunde o seu conhecimento acerca da Ditadura Civil-Militar 
do Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=EoJDRsV_TiU.
Abordamos, ao longo deste capítulo, alguns termos que 
defi niremos a seguir.
A Constituição é a lei maior de um país, superior a todas as outras 
leis. A respeito da maneira como ela foi feita, encontraremos dois 
tipos:
A Constituição Federal, de 24 de janeiro de 1967, assim se referia ao Ensino 
Religioso nas escolas públicas, no Art. 176, Inciso V: “O Ensino Religioso, de 
matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas de 
graus primário e médio” (BRASIL, 1967). Para Tomazini (2016, p. 45), nesse 
período, o ponto mais relevante foi a “questão da remuneração dos professores, 
que proveu alguns debates”, e que, pela “primeira vez na história brasileira, 
a Constituição Federal apresentou um artigo que não explicitava o caráter 
confessional ao Ensino Religioso”.
27
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
a) Constituição outorgada: imposta ao povo pelo governante. Foram 
Constituições outorgadas, no Brasil: 1824, 1937 e 1967.
b) Constituição promulgada: democrática, ou seja, feita pelos 
representantes do povo. Foram Constituições promulgadas, no 
Brasil: 1891, 1934, 1946 e 1988 (atual).
Além da Constituição, outras leis e decretos foram criados com a fi nalidade 
de ensinar valores e noções considerados necessários à formação do cidadão 
ideal que se pretendia para o Brasil. Em 1971, foi outorgada a nova Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei n° 5.692/71, que fazia 
referência ao Ensino Religioso nas escolas públicas, no Art. 7°, § único: “O Ensino 
Religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos 
estabelecimentos ofi ciais de 1° e 2° graus”. A LDB, de 1971, excluiu a 
expressão sem ônus para os cofres públicos. O Estado passou a assumir 
os custos da realização, e não estabeleceu que o Ensino Religioso devia 
ser lecionado, de acordo com a crença religiosa do aluno. 
Nesse momento, uma nova disciplina, no currículo escolar de 1° e 
2° graus, tornou-se de matrícula obrigatória, a Educação Moral e Cívica.
Os objetivos dessa disciplina, na escola, eram 
promover e fortalecer o civismo no Brasil, tendo, 
como meios, o ‘culto’ aos símbolos nacionais e as 
tradições. Além dessa ‘formação cultural’, outro 
propósito era estimular os educandos a obedecerem 
às leis, desenvolvendo um senso moral baseado em 
pressupostos religiosos (BORIN, 2018, p. 22).
 Houve, outra vez, uma reaproximação entre Estado e igreja, sendo, a 
Educação Moral e Cívica, um meio para difundir as ideias das duas instituições 
aos alunos. “Cabia, à igreja, a função de ensinar os preceitos morais, tão importan-
tes para a consolidação das forças militares. As responsabilidades eclesiais eram 
esti mular e desenvolver, nos estudantes, o caráter” (BORIN, 2018, p. 23).
A LDB, de 1971, 
excluiu a expressão 
sem ônus para os 
cofres públicos. O 
Estado passou a 
assumir os custos 
da realização, e não 
estabeleceu que o 
Ensino Religioso 
devia ser lecionado, 
de acordo com a 
crença religiosa do 
aluno.
28
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
1 - Durante a Ditadura Civil-Militar, também foi criado o Guia 
de Civismo, selecionado após um concurso, em 1968, e 
publicado em 1971. O guia possuía quatro tomos e era 
destinado ao Ensino Médio. A publicação precisava ser 
utilizada pelos professores de Educação Moral e Cívica em 
consultas permanentes, servindo como um norteador da 
disciplina. Leia um trecho desse guia a seguir:
“O estado existe para o homem, para protegê-lo e incentivá-lo. Se 
o homem não atingir os seus ideais, não completar, não for feliz, 
se não se realizar, o Estado não cumpre a sua missão: falha, e 
nenhuma doutrina de força subsistirá. A integração total do homem 
compreende a harmonia integral entre espírito e carne, proclamada 
pelos sagrados preceitos do Cristianismo. Não basta, ao homem, ser 
atleta perfeito, um artista consumado, um fi lósofo profundo: é preciso 
que a sua alma se volte para Deus”.
A partir da sua leitura anterior e do trecho do Guia de Civismo, 
identifi que a função principal dada à religião cristã católica 
durante a Ditadura Civil-Militar brasileira.
Nesse contexto, a Igreja Católica passava por profundas modifi cações, 
advindas do Concílio Vaticano II. Buscava-se uma igreja mais próxima da 
realidade que se abria para o mundo, revendo o seu lugar nele e disposta a lutar 
por justiça e por fraternidade.
O que foi o Concílio Vaticano II?
Conferência realizada entre 1962 e 1965 gerou transformações 
profundas na igreja
Foi uma série de conferências realizadas entre 1962 e 1965, 
consideradas o grande evento da Igreja Católica do século 20. Com 
os objetivos de modernizar a igreja e de atrair os cristãos afastados 
da religião, o papa João XXIII convidou bispos de todo o mundo para 
29
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
diversos encontros, debates e votações no Vaticano.
Da pauta dessas discussões, constavam temas, como os rituais da 
missa, os deveres de cada padre, a liberdade religiosa e a relação 
da igreja com os fi éis e os costumes da época. “O Concílio tocou em 
temas delicados, que mudaram a compreensão da igreja acerca da 
sua presença no mundo moderno. Foram repensadas, por exemplo, 
as relações com as outras igrejas cristãs, o judaísmo e crenças não 
cristãs”, diz o teólogo Pedro Vasconcelos, da Pontifícia Universidade 
Católica (PUC), de São Paulo. 
Após três anos de encontros, as autoridades católicas promulgaram 
16 documentoscomo resultado do Concílio. Muitas novidades 
apareceram nas questões teológicas e na hierarquia da igreja. O 
papa, por exemplo, aceitou dividir parte do seu poder com outros 
cardeais, e as missas passaram a ser rezadas na língua de cada 
país – antes, eram celebradas sempre em latim. Na questão dos 
costumes, porém, o encontro foi pouco liberal. A igreja continuou 
condenando o sexo antes do casamento e defendendo o celibato 
(proibição de se casar e de transar) para os padres.
FONTE: https://super.abril.com.br/tudo-sobre/concilio/. Acesso em: 9 abr. 
2021.
Por fi m, o Ensino Religioso, nas escolas públicas brasileiras, passou por um 
processo de mudança e, em vários Estados, formaram-se grupos ecumênicos 
com a fi nalidade de criar um programa interconfessional cristão. Junqueira (2015, 
p. 13) destaca a criação da Revista de Catequese, em 1977, que publicava 
“artigos, notícias e experiências desse componente curricular que, com a Lei nº 
5.692, de 1971, deu início a um novo percurso e a uma nova orientação para a 
disciplina”.
A partir de 1979, a Ditadura Civil-Militar dava sinais de enfraquecimento. 
Iniciou-se o processo de redemocratização com a sociedade civil, como a greve 
dos metalúrgicos do ABC paulista. Inicialmente, os operários exigiam reajustes de 
salário, porém, passaram a exigir, também, liberdades democráticas. Somou-se, 
ainda, o fato de os exilados políticos voltarem ao Brasil com a aprovação da Lei 
da Anistia, o fi m do bipartidarismo e a criação de novos partidos.
30
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Para melhores compreensões histórica e legal do Ensino Religioso, o 
quadro a seguir servirá como uma síntese da leitura anterior.
LINHA DO TEMPO ENSINO RELIGIOSO NA DITADURA CIVIL-MILITAR
FONTE: A autora
5 O ENSINO RELIGIOSO E O 
PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇAO 
DO BRASIL
Em 1983, o Brasil via nascer a campanha das “Diretas Já”, que pedia por 
eleições diretas para presidente da República, e em 1985, as eleições presidenciais 
ocorreriam de forma indireta, porém, marcando o fi m da Ditadura Civil-Militar no 
Brasil. Iniciava-se um período, na história do nosso país, conhecido como Nova 
República. Faltava a lei fundamental, do Estado, ser mudada, e, após um ano e 
oito meses de trabalho, deputados e senadores aprovaram a nova Constituição, 
promulgada em 5 de outubro de 1988, também conhecida como “Constituição 
Cidadã”, que incorporava exigências de diferentes grupos e movimentos sociais 
(SCHWARCZ; STARLING, 2015).
31
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
FIGURA 6 – ULYSSES GUIMARÃES ERGUE A CONSTITUIÇÃO DE 1988
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/10/05/senadores-
comemoram-os-32-anos-da-constituicao>. Acesso em: 9 abr. 2021.
No vídeo a seguir, poderemos acompanhar um momento histórico 
do nosso país, a evolução dos debates mais importantes durante a 
elaboração da Constituição de 1988, além da promulgação: https://
www.youtube.com/watch?v=XywPfKnZL4E.
A Constituição de 1988 traz, no Art. 5:
Art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se, aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país, a inviolabilidade dos direitos à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes:
VI - são invioláveis as liberdades de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e às 
liturgias (BRASIL, 1988).
A Constituição de 1988, válida até hoje, contempla a autonomia religiosa, 
assegurando a liberdade de crenças e, inclusive, o direito de não crer, além de 
reforçar o caráter laico do Estado. O Art. 19 assegura:
32
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Art. 19. É vedado, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios:
 I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter, com eles ou 
seus representantes, relações de dependência ou aliança, 
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
 II - recusar fé aos documentos públicos;
 III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Art. 5 Todos são 
iguais perante a lei, 
sem distinção de 
qualquer natureza, 
garantindo-se, 
aos brasileiros e 
aos estrangeiros 
residentes no país, 
a inviolabilidade 
dos direitos à 
vida, à liberdade, 
à igualdade, à 
segurança e à 
propriedade, nos 
termos seguintes:
VI - são invioláveis 
as liberdades de 
consciência e de 
crença, sendo 
assegurado o 
livre exercício dos 
cultos religiosos e 
garantida, na forma 
da lei, a proteção 
aos locais de culto e 
às liturgias (BRASIL, 
1988).
1 - Leia o texto a seguir, pesquise a defi nição de intolerância 
e escreva a sua refl exão a respeito do que signifi ca ser 
intolerante.
“Invadir terreiros de umbanda e candomblé, que, além de locais 
sagrados de culto, são, também, guardiães da memória de povos 
arrancados da África e escravizados no Brasil; desrespeitar a 
espiritualidade dos povos indígenas, ou tentar impor, a eles, a visão 
de que a sua religião é falsa; agredir os ciganos, devido à etnia ou 
crença, mesmo motivo que os levou ao quase extermínio na Europa, 
durante a Segunda Guerra Mundial: tudo isso é intolerância, é 
discriminação contra religiões [...]. O Código Penal Brasileiro, por sua 
vez, considera crime (punível com multa e até detenção) zombar,
33
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
publicamente, de alguém por motivo de crença religiosa, impedir 
ou perturbar cerimônia ou culto, além de ofender, publicamente,
imagens e outros objetos de culto religioso”.
FONTE: JUNIOR, J. R. Diversidade religiosa e direitos humanos. 2021. 
Disponível em: http://www.mestreirineu.org/diversidade.htm. Acesso em: 9 
abr. 2021.
Para Tomazini (2016, p. 49), o Art. 19, da Constituição de 1988, trata “de 
desdobramento do princípio da igualdade”, e de um “imperativo de imediata 
aplicação, inclusive, em relação ao ensino público”, porém, a Constituição dispõe 
sobre o Ensino Religioso no Art. 210, parágrafo 1º:
Art. 210. Serão fi xados conteúdos mínimos para 
o ensino fundamental, de maneira a assegurar 
formação básica comum e respeito aos valores 
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1° - O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, 
constituirá disciplina dos horários normais das 
escolas públicas de ensino fundamental” (BRASIL, 
1988).
Tomazini (2016, p. 49) ressalta que, naquele momento, “a disciplina 
não possuía uma nomenclatura defi nida, era chamada de ‘aulas de 
religião’, ‘formação religiosa’, ‘educação religiosa’, mesmo com a 
legislação a referindo como Ensino Religioso”. Ainda, grupos religiosos 
começaram a construir uma identidade para a disciplina, em um 
momento em que o país assumia o direito à diversidade e a sociedade 
se percebia heterogênea. Como lidar com essas questões em sala de 
aula?
Em 1995, em Florianópolis, foi criado o Fórum Nacional Permanente 
do Ensino Religioso, o FONAPER, com o objetivo de promover um grupo 
que representasse os interesses do Ensino Religioso. Dentre os objetivos iniciais, 
estavam garantir a presença do Ensino Religioso na LDB de 1996, produzir e 
publicar um Parâmetro Curricular Nacional para a disciplina (JUNQUEIRA, 2002).
Art. 210. Serão 
fi xados conteúdos 
mínimos para o 
ensino fundamental, 
de maneira a 
assegurar formação 
básica comum 
e respeito aos 
valores culturais e 
artísticos, nacionais 
e regionais.
§ 1° - O Ensino 
Religioso, de 
matrícula facultativa, 
constituirá disciplina 
dos horários 
normais das escolas 
públicas de ensino 
fundamental” 
(BRASIL, 1988).
34
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso
O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso – FONAPER é 
uma associação civil de direito privado, de âmbito nacional, 
sem vínculo político-partidário,confessional, sindical, sem fi ns 
econômicos, que congrega, conforme o estatuto, pessoas jurídicas 
e pessoas naturais identifi cadas com o Ensino Religioso, sem 
discriminação de qualquer natureza. Fundado em 26 de setembro 
de 1995, em Florianópolis/SC, vem atuando nas perspectivas 
de acompanhar, organizar e subsidiar o esforço de professores, 
pesquisadores, sistemas de ensino e associações na efetivação do 
Ensino Religioso como componente curricular. O FONAPER é um 
espaço de discussão e ponto aglutinador de ideias, propostas e ideais 
na construção de propostas concretas para a operacionalização do 
Ensino Religioso na escola.
FONTE: https://fonaper.com.br/institucional/. Acesso em: 9 abr. 2021.
Conforme Wagner e Junqueira (2011, p. 86-87), já na primeira sessão do 
FONAPER, que aconteceu em março de 1996, houve o início da elaboração de 
um texto para compor os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso 
– PCNER. Em junho do mesmo ano, foram fi xados os eixos temáticos; em 
julho, contatados professores para serem colaboradores dos textos que dariam 
sustentação às diretrizes; e, por fi m, após outra sessão e reuniões, em outubro, foi 
feita a redação fi nal do texto dos PCNER, além da entrega ao MEC, em Brasília.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso serviram como 
referencial curricular para a constituição da identidade da disciplina escolar, 
tornando-se modelo para a disciplina de Ensino Religioso nas escolas públicas. 
Foram compostos por: apresentação; elementos históricos do Ensino Religioso; 
concepção de área de ensino e objetivos da disciplina; critérios para a organização 
e a seleção de conteúdos e de pressupostos didáticos; além de fornecerem 
orientação didática, sugerindo formas de avaliação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso – PCNER 
apresentam cinco eixos organizadores, que indicam os conteúdos de cada ciclo 
ou série do Ensino Fundamental, para a efetivação da área do conhecimento: 
Culturas e Tradições Religiosas, Escrituras Sagradas e/ou Tradições Orais, 
35
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
Teologias, Ritos e Ethos. Os eixos do Ensino Religioso foram elaborados, com 
a fi nalidade de contemplar as diferentes facetas do fenômeno religioso, além 
de apresentá-lo nas diferentes concepções, trazendo, para a sala de aula, a 
pluralidade religiosa.
• Culturas e Tradições Religiosas: o eixo Culturas e Tradições Religiosas 
estabelece o estudo do fenômeno religioso à luz da razão humana, 
analisando questões, como função e valores das tradições religiosa e 
ética, teodiceia, tradição religiosa natural e revelada, existência e destino 
do ser humano nas diferentes culturas. 
Esse eixo temático organiza os conteúdos de forma interdisciplinar. Os 
conteúdos estabelecidos dialogam com a fi losofi a, a história, a sociologia, a 
psicologia e as tradições religiosas.
A fi losofi a permite que o educando conheça a ideia de transcendente de 
todas as tradições religiosas sem inferir verdade absoluta, transmitindo valores 
e verdades. A história, diferente da fi losofi a, estuda a organização das tradições 
religiosas dos contextos históricos, tendo, como ponto de partida, a seguinte 
pergunta norteadora: como as religiões se organizaram em tempos e em espaços 
diferentes? Deve ser explicada, ao educando, a origem da história das religiões e 
das transformações no tempo. A sociologia nos permite trazer o posicionamento 
político e as ideologias das tradições religiosas, refl etindo cada função política. 
A psicologia tem a função de explicar os caráteres subjetivo e psíquico dos 
acontecimentos a partir da experiência religiosa de cada sujeito.
• Escrituras Sagradas e/ou Tradições Orais: o eixo Escrituras Sagradas 
e/ou Tradições Orais explica cada forma de organização religiosa que 
tem tradição escrita e/ou oral. Os textos sagrados transmitem, conforme 
a fé dos seguidores, uma mensagem do transcendente. 
Os conteúdos para esse eixo temático foram programados da seguinte 
maneira:
• Primeiro: revelação, a autoridade do discurso religioso fundamentada 
na experiência mística do emissor que a transmite como verdade do 
transcendente para o povo. 
• Segundo: história das narrativas sagradas: o conhecimento dos 
acontecimentos religiosos dos mitos, segredos sagrados e formação dos 
textos. 
• Terceiro: contexto cultural: a descrição dos contextos social, político e 
ideológico determinantes na redação fi nal dos textos sagrados.
36
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
• Quarto: exegese: a análise e a hermenêutica atualizadas dos textos 
sagrados.
Desse modo, observa-se que a revelação é transmitida com a ajuda do 
discurso religioso, proferido com valores. As histórias das narrativas compõem 
valores, os quais transmitem novos signifi cados ao longo dos tempos. Com 
relação ao contexto cultural, o texto sagrado é escrito com infl uência dos 
contextos históricos, ou seja, valores, concepções de vida e muitos outros. Por 
fi m, na tradição escrita, a exegese contém um método a partir do qual se realiza 
a interpretação de textos sagrados. Dentre as análises, os PCNER destaca a 
hermenêutica.
• Teologias: o eixo Teologias signifi ca o conjunto de afi rmações e de 
conhecimentos elaborados pela religião e repassados para os fi éis sobre 
o transcendente, de um modo organizado ou sistematizado.
Os conteúdos do eixo temático estão organizados da seguinte maneira: 
• Primeiro: divindades: a descrição das representações do transcendente 
nas tradições religiosas.
• Segundo: verdades de fé: o conjunto de mitos, crenças e doutrinas de 
orientação à vida do fi el em cada tradição religiosa.
• Terceiro: vida além da morte: as possíveis respostas norteadoras do 
sentido de vida: a ressurreição, a reencarnação, a ancestralidade e o 
nada. 
Podemos identifi car, nesse mesmo eixo temático, divindades dentro das 
histórias das tradições religiosas, mas cada religião possui a sua divindade e um 
sistema de crença com valores religiosos e muitos outros. No que diz respeito à 
morte, as religiões explicam esse fenômeno de modo diferente, como a doutrina 
espírita, que estabelece essas questões através do fenômeno da reencarnação.
• Ritos: o eixo Ritos reúne conteúdos com práticas celebrativas das 
tradições religiosas, formando um conjunto de rituais agrupados de 
várias maneiras. 
O estudo dos ritos se inicia com uma proposta de movimento que busca 
articular, positivamente, as nossas experiências rituais com aquelas que outras 
pessoas ou grupos vivenciaram ou vivenciam. A maioria das nossas experiências, 
religiosas ou não, tem relação com algum tipo de ritual. No cotidiano, vivenciamos 
alguns ritos não religiosos que se repetem, muitas vezes, ao longo do dia, e 
não nos damos conta da sua presença, até porque o rito está relacionado ao 
movimento e é ressignifi cado em tempos e em espaços opostos.
37
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
Importante destacar que conteúdos relacionados a ritos não devam 
apresentar somente práticas celebrativas do catolicismo. A defi nição dos 
conteúdos deve contemplar práticas religiosas signifi cantes elaboradas pelos 
diferentes grupos religiosos, símbolos religiosos, comparando o signifi cado e o 
relacionamento das tradições religiosas com o transcendente e com os outros.
• Ethos: o eixo temático Ethos está intimamente ligado aos valores, 
sendo que a moral humana e o próprio sentido de vida” e concepção 
de mundo defi nem o signifi cado. A adoção de conteúdos para esse eixo 
é alteridade, valores e limites. A alteridade impulsiona o educando a 
se relacionar com o outro. Os valores ampliam a visão de mundo do 
educando, “apresentando, a ele, um conjunto de normas das tradições 
religiosas”. Já o conteúdo de limites está na “fundamentação religiosa 
ética de várias tradições religiosas”.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso 
apresentam alguns termos quesão muito importantes. Assim, segue 
uma pequena defi nição de alguns apresentados neste capítulo, mas 
se sinta à vontade para pesquisar mais, se quiser. Bons estudos!
Teodiceia: o termo teodiceia vem do grego, theós, que signifi ca 
Deus, e diceia, que signifi ca justiça, ou seja, literalmente, quer dizer 
“justiça de Deus”. Parte da metafísica, que trata do problema do mal, 
procura justifi car a bondade de Deus contra as objeções levantadas 
a propósito daquele problema. É um termo derivado da obra Ensaio 
de Teodiceia, do fi lósofo alemão Leibniz, que justifi ca a existência de 
Deus a partir da discussão do problema do mal e da sua relação com 
a bondade de Deus.
Metafísica: metafísica é uma palavra de origem grega. Meta signifi ca 
depois de, além de tudo, ou seja, literalmente, quer dizer “o que está 
para além da física/natureza”.
Transcendente: que excede ou vai além da natureza física.
Hermenêutica: arte ou técnica de interpretar ou de explicar um texto 
ou um discurso. Ver indicações de sites.
Exegese: análise, explicação ou interpretação de uma obra feita de 
maneira cuidadosa.
38
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Ethos: característica comum a um grupo de indivíduos pertencentes 
a uma mesma sociedade.
1 - Para Borin (2018, p. 27), uma aula de Ensino Religioso, voltada 
ao conhecimento de diversas religiões, pode, facilmente, 
ser substituída por uma aula de “história das religiões”. 
Ao falar da história das religiões, corre-se o risco de que 
as aulas possam ser apenas uma parte do conteúdo da 
disciplina “História”, e não da disciplina “Ensino Religioso”. 
Em outras palavras, a aula pode se caracterizar somente por 
conhecimentos his tóricos, e não pela característica própria 
do Ensino Religioso.
FONTE: BORIN, L. C. História do Ensino Religioso no Brasil. 1. ed. Santa 
Maria: UFMS, 2018.
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino 
Religioso, quais conhecimentos devem ser abordados, a fi m de 
caracterizar, efetivamente, a disciplina de Ensino Religioso, e 
não de História das Religiões?
Ensino Religioso e abordagens a partir das Leis de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional
39
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
FONTE: Adaptado de Souza (2006)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, 
sancionada em 20 de dezembro de 1996, defi niu, no Art. 33: 
Art.33 O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, constitui 
disciplina dos horários normais das escolas públicas de 
ensino fundamental, sendo oferecido sem ônus para os cofres 
públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos 
alunos ou por seus responsáveis, em caráter:
I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do 
seu responsável, ministrado por professores ou orientadores 
religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas 
ou entidades religiosas; ou
II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas 
entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração 
do respectivo programa (BRASIL, 1996).
A LDB, de 1996, trazia à tona, novamente, o Ensino Religioso, não sendo 
custeado pelos cofres públicos, oferecido nas modalidades confessional e 
interconfessional. Assim, o Ensino Religioso poderia ser oferecido ora na 
modalidade confessional, de acordo com a opção religiosa manifestada pelos 
40
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
alunos ou pelos responsáveis, ora na modalidade interconfessional, com um 
acordo entre as diversas entidades religiosas responsáveis pelo programa.
Importante demarcar um breve histórico que se iniciou durante a Assembleia 
Nacional Constituinte, que acompanhou a fundação da FONAPER, com a 
formação de um forte lobby das igrejas cristãs, em especial, da liderança aberta, 
ou não, da Igreja Católica Apostólica Romana. Como apresentam Dickie e Lui 
(2007, p. 239), “entidades, como a Associação Interconfessional de Educação de 
Curitiba (Assintec), do Paraná, o Conselho de Igrejas para Educação Religiosa 
(Cier), de Santa Catarina, o Instituto de Pastoral de Campo Grande, Mato Grosso 
(Irpamat), e o Setor de Educação da CNBB”. Esse lobby assumiu negociações 
e garantiu a presença do Ensino Religioso na Constituição de 1988, além 
de intensos debates a respeito da responsabilidade fi nanceira do Estado no 
pagamento dos professores de Ensino Religioso após a LDB nº 9.394, de 1996.
Lobby é uma atividade em que empresas, entidades, pessoas físicas 
e segmentos da sociedade lutam para viabilizar interesses perante o 
governo, no Congresso ou no Executivo.
FONTE: https://www.politize.com.br. Acesso em: 9 abr. 2021.
Para Junqueira (2002), após fortes pressões, lideradas pela Igreja Católica 
e pelo FONAPER, foram apresentados, ao Congresso Nacional, três projetos de 
lei que alteraram o Art. 33, da LDB de 1996. O primeiro projeto foi apresentado 
pelo deputado federal Nelson Marquezan, retirando a expressão sem ônus para 
os cofres públicos. O segundo projeto foi apresentado pelo deputado federal 
Maurício Requião, mudando, de forma substancial, o artigo da LDB. Estabelecia 
que o Ensino Religioso deveria colaborar com a formação básica do cidadão e 
vetava qualquer forma de proselitismo e doutrinação, respeitando a diversidade 
religiosa brasileira. Por fi m, o projeto de lei de autoria do Poder Executivo, n° 
3.043/97, que defendia a manutenção do texto da LDB, mas acrescentava que a 
defi nição de conteúdos, de formação e de remuneração dos professores seria de 
responsabilidade do sistema de ensino, sendo admitida parceria total ou parcial 
com entidade civil que congregasse diversas denominações religiosas. 
Alterou-se o conteúdo no qual resultou a Lei 9.475/97:
41
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
Art. 33. O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é 
parte integrante da formação básica do cidadão e constitui 
disciplina de horários normais das escolas públicas de ensino 
fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural 
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo 
(Redação dada pela Lei n° 9.475, de 22.7.1997).
§ 1°. Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos 
para a defi nição dos conteúdos do Ensino Religioso e 
estabelecerão as normas para a habilitação e a admissão dos 
professores (Redação incluída pela Lei n° 9.475, de 22.7.1997).
§ 2°. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída 
pelas diferentes denominações religiosas, para a defi nição dos 
conteúdos dos ensinos religiosos (Redação incluída pela Lei 
n° 9.475, de 22.7.1997). 
 A nova redação assegurou a matrícula facultativa, o respeito às diversidades 
cultural e religiosa, e vetou o proselitismo, ou seja, o esforço contínuo para a 
conversão de alguém a uma determinada religião, seita ou doutrina. A nova 
redação especifi cava que as unidades da federação fi cariam responsáveis pela 
oferta da disciplina, pela defi nição dos conteúdos e pela formação docente. Para 
tanto, fi cou mantido que os sistemas de ensino precisavam consultar agências 
consultivas, a fi m de elaborar propostas.
Para Tomazini (2016, p. 52), a Lei nº 9.475/97 era ampla e ambígua, pois 
deixava várias lacunas a serem preenchidas pelos Conselhos Estaduais de 
Ensino, conforme realidade e vivências regionais, fi cando, a cargo das Secretarias 
Estaduais de Educação e dos Conselhos de Educação, a regulamentação. “Além 
disso, existe a possibilidade de o Projeto Político Pedagógico de cada unidade 
escolar adaptar tal legislação à realidade. Essa expressão facultativa permanece 
até os dias atuais” (TOMAZINI, 2016, p. 52).
Borin (2018, p. 26) aponta para a contradição da Lei nº 9.475/97: “podemos 
dizer que é um tanto paradoxal uma disciplina se constituir como uma forma 
integrante para a formação básica do cidadão e, ao mesmo tempo, ser de 
matrícula facultativa”.
A relação estabelecida pela Lei nº 9.475/97, entre a responsabilidade do 
Estado, o nãoproselitismo, e a existência de uma entidade civil, que atue como 
consultora dos conteúdos, estimulou a FONAPER a criar, nos diferentes Estados, 
Conselhos para o Ensino Religioso (CONER), que assumiram ser, a entidade 
civil considerada pela lei, como assessora das Secretarias de Educação para os 
conteúdos de Ensino Religioso.
42
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Por fi m, em 1998, o Conselho Nacional de Educação (CNE) instituiu as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (Resolução CEB/
CNE nº 2), conferindo, ao Ensino Religioso, o status de área do conhecimento. O 
Ensino Religioso, de maneira facultativa, legitimou-se como disciplina comum das 
escolas públicas do Ensino Fundamental, assumindo a identidade pedagógica.
Para melhores compreensões histórica e legal do Ensino Religioso, o 
quadro a seguir servirá como uma síntese da leitura anterior.
FONTE: A autora
LINHA DO TEMPO ENSINO RELIGIOSO - REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
43
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
1 - Com a intenção de melhorar a organização das ideais 
estudadas, preencha o quadro comparativo a seguir, com 
a abordagem que cada LDB faz da disciplina de Ensino 
Religioso:
 LDB
TEMA 
Lei nº 4.024, de 
1961
Lei nº 5.692, de 
1971
Lei nº 9.394, de 
1996
ENSINO 
RELIGIOSO 
2 - A Lei nº 9.475/97 deu nova redação ao Art. 33, da LDB nº 
9394/96, e constituiu o Ensino Religioso como disciplina 
escolar, desse modo, considera-se como uma área de 
conhecimento. Acerca da Lei nº 9.475/97, analise as 
afi rmativas a seguir:
O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da 
formação básica do cidadão, e constitui disciplina dos horários 
normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o 
respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer 
formas de proselitismo. 
Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a 
defi nição dos conteúdos de Ensino Religioso e estabelecerão as 
normas para a habilitação e a admissão dos professores. 
Os sistemas de ensino ouvirão entidades clericais, para a defi nição 
dos conteúdos do Ensino Religioso. 
44
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Está (estão) CORRETA (s): 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) III, apenas. 
d) I e II, apenas. 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Podemos perceber que, nesses longos séculos de história do nosso país, a 
prática do Ensino Religioso sempre esteve presente. Em um primeiro momento, 
efetivava-se como ensino da religião cristã católica, sendo responsável por 
catequizar diferentes nações indígenas e por converter diversos povos oriundos 
da África. Ainda hoje, muitos professores de Ensino Religioso, por não terem 
embasamento nas práticas pedagógicas, ainda elaboram aulas a partir de valores 
cristãos, desvinculadas dos novos paradigmas educa cionais.
Em 1889, com a Proclamação da República, o país se declarou laico. Buscou-
se uma separação entre o Estado e a religião cristã católica. Nesse contexto, o 
Ensino Religioso se tornou motivo de intensos confl itos e disputas. Durante todo 
o século XX, acompanhamos a disciplina, buscando reconhecimento no currículo 
básico da educação pública do Brasil. Para tanto, a disciplina se desvinculou do 
confessionalismo e do proselitismo, reconhecendo e respeitando as diferenças 
culturais presentes no nosso país.
Apesar de o Brasil ser um país de múltiplas religiões e de crenças, que tem 
o Ensi no Religioso atuante nas instituições de ensinos público e privado em todo 
o territó rio nacional, percebemos, ainda, muitos preconceitos na aceitação do 
diferente, da alteridade e da diversidade. Assim, esperamos que o fato de você 
conhecer os caminhos traçados pelo Ensino Religioso na história do Brasil possa 
contribuir para novos caminhos, sabendo quais foram os erros e os acertos, e 
ressignifi cando o papel desse componente curricular.
45
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
REFERÊNCIAS
BORIN, L. C. História do Ensino Religioso no Brasil. 1. ed. Santa Maria: 
UFMS, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de 
Educação. Câmara da Educação Básica. Resolução nº 2, de 7 abril de 1998. 
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília, 
1998.
BRASIL. Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997. Dá nova redação ao Art. 33, da 
Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9475.htm. Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 
bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/
leis/L9394.htm. Acesso em: 9 abr. 2021.
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em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para 
o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm. Acesso em: 6 abr. 2021. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1967. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituicao67.htm. Acesso 
em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as diretrizes e bases 
da educação nacional. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-normaatualizada-pl.html. 
Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 1946. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Constituicao/Constituicao46.
htm. Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Decreto-Lei nº 4.244, de 9 de abril de 1942. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del4244.htm. Acesso em: 6 
abr. 2021.
46
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 
1937. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ cciv i l 03 / Constituicao/ 
Constituicao37.htm. Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 1934. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/ constituicao34.
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www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19941-30-abril-1931-
518529-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 
1891. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03 / Constituicao/ 
Constituicao91.htm. Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Decreto n° 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Prohibe a intervenção da 
autoridade federal e dos Estados federados em matéria religiosa, consagra a 
plena liberdade de cultos, extingue o padroado e estabelece outras providências. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/1851-1899/d119-a.
htm. Acesso em: 6 abr. 2021.
BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. Manda crear escolas de primeiras letras 
em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-15-10-1827.htm. Acesso em: 6 
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CURY, C. R. J. Ensino Religioso na escola pública: o retorno de uma polêmica 
recorrente. Revista Brasileira de Educação, Distrito Federal, v. 1, n. 27, p. 183-
212, 2004. 
DICKIE, M. A. S.; LUI, J. de A. O Ensino Religioso e a interpretação da lei. 
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 13, n. 27, p. 237-252, 2007.
FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO. Parâmetros 
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47
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL Capítulo 1 
JUNQUEIRA, S. R. A. Educação e história do Ensino Religioso. Pensar a 
Educação em Revista, Curitiba/Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 5-24, 2015.
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e Bases 1996/97. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2016. 
TORRES-LONDONO, F. As Constituições do Arcebispado da Bahia de 1707 
e a presença da escravidão. Curitiba: Aos quatro ventos, 2006. 
WAGNER, R.; JUNQUEIRA, S. Uma breve história do Fórum Nacional 
Permanente do Ensino Religioso – FONAPER (1995 a 2010). In: WAGNER, R.; 
JUNQUEIRA, S. O Ensino Religioso no Brasil – 2. Ed. Rev. e Ampl. Curitiba: 
Champagnat, 2011.
48
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
CAPÍTULO 2
ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO 
NORMATIVA
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Promover o conhecimento da legislação que embasa o Ensino Religioso.
 Apresentar o conhecimento religioso a partir de pressupostos éticos e 
científi cos.
 Interpretar a legislação normativa para o Ensino Religioso.
 Problematizar representações sociais preconceituosas acerca do outro, com o 
intuito de combater a intolerância, a discriminação e a exclusão.
50
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
51
ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro pós-graduando, neste capítulo, compreenderemos a legislação que 
embasa o Ensino Religioso, mais propriamente, as Diretrizes Curriculares 
Nacionais (DCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para isso, 
inicialmente, abordaremos algumas diferenças essenciais.
As DCNs foram instituídas, em 1998, pelo Conselho Nacional de Educação 
(CNE), porém, têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB), de 1996. As DCNs são normas para a Educação Básica e orientam o 
planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino.
As DCNs se diferem dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), pois 
enquanto as DCNs são leis, dando as metas e os objetivos a serem buscados em 
cada curso, os PCNs são apenas referências curriculares, não leis.
Pós-graduando, no capítulo anterior, abordamos as três versões da LDB e os 
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, você se lembra?
A BNCC é um documento que determina os conhecimentos essenciais 
que todos os alunos da Educação Básica devem aprender, ano a ano, 
independentemente do lugar onde moram ou estudam. Todos os currículos de 
todas as redes públicas e particulares do país devem conter esses conteúdos.
Em suma, a BNCC foi elaborada à luz do que mencionam os PCNs 
e as DCNs. No entanto, a BNCC é mais específi ca, determinando, com 
mais clareza, os objetivos de aprendizagem de cada ano escolar. Ela é 
obrigatória em todos os currículos, de todas as redes do país, públicas 
e particulares, ao contrário dos documentos anteriores, que devem 
continuar existindo, mas apenas como documentos orientadores não 
obrigatórios.
2 AS DIRETRIZES 
CURRICULARES E O ENSINO 
RELIGIOSO
Como abordamos ao fi m do Capítulo 1, as Diretrizes Curriculares 
Nacionais (DCNs) foram instituídas, em 1998, pelo Conselho Nacional 
de Educação (CNE). Os DCNs são normas para a Educação Básica 
Os DCNs são 
normas para a 
Educação Básica 
e orientam o 
planejamento 
curricular das 
escolas e dos 
sistemas de ensino. 
As DNCs conferem, 
ao Ensino Religioso, 
o status de área 
do conhecimento, 
mesmo que, de 
maneira facultativa, 
como disciplina 
comum das escolas 
públicas de Ensino 
Fundamental, 
passando a 
ser designada 
como “Educação 
Religiosa”.
52
 História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
e orientam o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. As 
DNCs conferem, ao Ensino Religioso, o status de área do conhecimento, mesmo 
que, de maneira facultativa, como disciplina comum das escolas públicas de 
Ensino Fundamental, passando a ser designada como “Educação Religiosa”.
Aprofunde o seu conhecimento acerca das DCNs. Acesse: 
https://www.youtube.com/watch?v=CBIMqXbeg8U
Se preferir, leia os seguintes documentos na íntegra:
h t t p : / / p o r t a l . m e c . g o v . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _
docman&view=download&alias=6704-rceb004-10-1&category_
slug=setembro-2010-pdf&Itemid=30192 (Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais para a Educação Básica - Resolução CNE 
n° 04/2010) e http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=7246-rceb007-10&category_
slug=dezembro-2010-pdf&Itemid=30192 (Diretrizes Curriculares 
Nacionais para o Ensino Fundamental dos Nove Anos - Resolução 
CNE n° 07/2010).
O Ensino Religioso é tratado, conforme previsto nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução 
CNE n° 04/2010) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino 
Fundamental dos Nove Anos (Resolução CNE n° 07/2010). Segundo a 
Resolução CNE nº 04/2010:
Art. 14. A Base Nacional Comum, na Educação Básica, 
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores produzidos 
culturalmente, expressos nas políticas públicas e gerados 
nas instituições produtoras dos conhecimentos científi co 
e tecnológico, no mundo do trabalho, no desenvolvimento 
das linguagens, nas atividades desportivas e corporais, 
na produção artística, nas formas diversas de exercício da 
cidadania e nos movimentos sociais. 
§ 1º Integram, a Base Nacional Comum Nacional: 
a) a Língua Portuguesa; 
b) a Matemática; 
c) o conhecimento dos mundos físico, natural, das realidades 
social e política, especialmente, do Brasil, incluindo-se o 
estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena, 
d) a Arte, nas diferentes formas de expressão, incluindo-se a 
Música; 
e) a Educação Física; 
f) o Ensino Religioso. 
§ 1º Integram, a 
Base Nacional 
Comum Nacional: 
a) a Língua 
Portuguesa; 
b) a Matemática; 
c) o conhecimento 
dos mundos 
físico, natural, 
das realidades 
social e política, 
especialmente, do 
Brasil, incluindo-se 
o estudo da História 
e das Culturas 
Afro-Brasileira e 
Indígena, 
d) a Arte, nas 
diferentes formas 
de expressão, 
incluindo-se a 
Música; 
e) a Educação 
Física; 
f) o Ensino 
Religioso.
53
ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA Capítulo 2 
§ 2º Tais componentes curriculares são organizados 
pelos sistemas educativos, em forma de áreas 
de conhecimento, disciplinas, eixos temáticos, 
preservando-se a especifi cidade dos diferentes 
campos do conhecimento, por meio dos quais se 
desenvolvem as habilidades indispensáveis ao 
exercício da cidadania, em ritmo compatível com as 
etapas do desenvolvimento integral do cidadão. 
§ 3º A Base Nacional Comum e a parte diversifi cada 
não podem se constituir em dois blocos distintos, 
com disciplinas específi cas para cada uma dessas 
partes, mas devem ser organicamente planejadas e 
geridas de tal modo que as tecnologias de informação 
e de comunicação perpassem, transversalmente, a 
proposta curricular, desde a Educação

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