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Modernismo no Brasil (1 e 2 Geração)

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Resumo
Modernismo no Brasil
Antecedentes: 
· 1912 - Oswald de Andrade chega da Europa, cheio de ideias vanguardista para a renovação da arte brasileira, muito influenciado pelo Manifesto Futurista de Filippo Tommaso;
· 1915 - começa o Modernismo em Portugal, com a publicação da revista Orpheu; 
· 1917 – Anita Malfatti fez várias exposições com características vanguardistas – expressionismo e futurismo – e uma delas provocou a ira de críticos tradicionais, dentre eles estava Monteiro Lobato. Em 1917 Monteiro Lobato publicou Paranoia ou Mistificação, que criticava acidamente essa forma de arte e junto a outros intelectuais, fizeram um grupo contra a propagação das ideias modernas. Em Paranoia ou Mistificação chamou as ideias de Anita de deturpadas e criticou até mesmo Picasso e outros artistas das vanguardas;
· 1917 – Mário de Andrade e Oswald de Andrade se conheceram;
· 1919 – publicação de Carnaval, de Manuel Bandeira com poemas em versos livres;
· 1921 – exposição de desenhos e caricaturas de Di Calvalcanti.
Início: a Semana de Arte Moderna em 1922, em SP, Teatro Municipal, nos dias 13, 15, 17 de fevereiro. O evento foi o ponto culminante de um processo de renovação dos padrões de concepção e composição das obras de arte que teria começado pelo menos dez anos antes. Ideias de grandes artistas e intelectuais reunidas em um “grande festival” com a intenção de divulgar a burguesia da época os novos conceitos artísticos europeus.
A Semana: patrocinado por Paulo Prado, rico cafeicultor interessado em arte e também escritor, o festival proporcionou uma rara oportunidade para sociedade conservadora entrar em contato com diferentes manifestações artísticas. O Teatro Municipal estava lotado; no saguão, exposição de pinturas e esculturas espantou o público. No segundo dia, dedicado à literatura, Mario de Andrade declamou nas escadas, seu poema Ode de burguês, atacando diretamente a burguesia presente. Na terceira noite, o público diminuiu; na apresentação de Villa-Lobos, que estava com o pé machucado, apresentou se chinelos, mesmo não tendo relação, foi interpretado como uma postura futurista.
Participantes:
· Na Literatura 🡪 Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, etc.
· Na Pintura 🡪 Anita Malfati, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, etc.
· Na Música 🡪 Heitor Villa-Lobos.
Por que São Paulo? RJ era muito maior que SP, porém SP tornou-se uma rica metrópole em função da economia cafeeira; a associação da riqueza com o rápido desenvolvimento do parque industrial, bem como a formação de cidade em metrópole, tornou São Paulo ideal para sediar um evento que se pretendia um “terremoto estético” para as artes brasileiras.
Importância: a SAM foi uma tomada de posições coletiva da nova geração contra o culto ao passado, contra preconceitos artísticos e à submissão às normas impostas pela tradição acadêmica. Um movimento que lutou por uma atitude a favor dos direitos do artista brasileiro, uma forma de protesto contra a retórica parnasiana esterilizante, contra a obsessão pelo purismo linguístico (padronizado nas normas de Portugal). Reação agressiva contra convenções nas diversas manifestações artísticas, deixando-se ousar e libertar-se mais dos preconceitos e de um nacionalismo pomposo e estéril. Queria colocar a cultura brasileira a par das correntes de Vanguarda do pensamento europeu e ao mesmo tempo tomar consciência da realidade brasileira. “Nós não sabíamos o que queríamos. Sabíamos o que não queríamos.” – Mário de Andrade.
Propostas: 
· Nacionalismo crítico (realidade nacional): trabalhavam para o desenvolvimento de uma arte conectada com valores mais originais e definidores da identidade brasileira, sem exageros (Romantismo);
· Humor e alegria: literatura acessível, tendo a paródia como uma das novidades da poesia brasileira. Poema-piada também se desenvolveu como expressão bem-humorada da ideologia da época, normalmente carregados de irônia e marcaram presença pela instantaneidade de suas mensagens;
· Ideias das Vanguardas europeias: usaram recursos estéticos desenvolvidos nas vanguardas na discussão de temas brasileiros;
· Conceito poético: quebra de costumes, não sendo mais necessárias a rima e a métrica, utilizando assim, versos livres, próximos da prosa com tom de coloquialidade; conteúdo ligado ao cotidiano (temas simples).
Movimentos: Movimento Pau-Brasil, Movimento Verde-Amarelo, Movimento Antropófago e Movimento Regionalista de 1930.
Principais propostas estéticas apresentadas por artistas da SAM:
· Nacionalismo crítico;
· Versos livres;
· Alegria e Humor: Poema-piada;
· Aproximação da prosa;
· Ampliação do conceito poético;
· Irreverencia/antiacademicismo (Oswald principalmente);
· Eliminação de sinais de pontuação e nexos sintáticos;
· Sátira ao passado;
· Valorização do cotidiano;
· Paródia;
· Absorção das influencias das vanguardas europeias;
· Poema pílula;
· Linguagem coloquial;
· Progresso da máquina.
Fases Modernistas:
· 1ª fase – Heróica: iconoclastia (não aceita o passado), 1922/30, desejo pela liberdade, ruptura e destruição do passado. Principais autores: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeia.
· 2ª fase – Consolidação: 1930/45, consolida as conquistas anteriores. No grupo dos poetas têm-se: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes; no grupo da prosa têm-se: José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
· 3ª fase – Reflexão: 1945 em diante, reflete e da universalidade temática. Autores: Guimarães Rosa, Clarice Lispector e João Cabral de Mela Neto.
Manifestos: 
Antropófago:
"devoração", duas dentiçoes, Abaporu (homem que come), reação ao Grupo da Anta e continuação do Pau-Brasil.
Pau-Brasil:
primitivismo, poesia ingênua, "olhos livres" (sem preconceitos), redescoberta do Brasil e oralidade popular.
Grupo da Anta:
ufanismo; contra o Pau-Brasil.
Manifesto Pau-Brasil: nome faz referência à arvore nativa pau-brasil (nosso primeiro meio a ser explorado), pretendia resgatar a cultura primitiva e sua simplicidade, em oposição ao artificialismo da civilização. Primitismo (na poesia, como paródia a carta de Pero Vás), ver com “olhos livres” (sem preconceitos), um Brasil popular (carnavalesco, índio – não subletrado e “formal”), redescoberta do Brasil, linguagem dos jesuítas/oralidade popular.
Grupo da Anta: ufanista, nacionalismo exacerbado, Movimento Verde-Amarelo, reage contra o Pau-Brasil.
Manifesto Antropófago: continuação do Pau Brasil e reação ao Grupo da Anta. Propôs a arte de deglutição (figura do Antropófago – aquele que come carne humana). Defesa de uma apropriação crítica da cultura estrangeira (filtro). Um dos aforismo “Tupi or nor tupi, that is the question” (“To be or not to be” – Hamlet)/(to pee – xixi- expelir/filtro). Lado selvagem e instintivo, com duas “dentições”. Seu maior símbolo é o Abaporu.
Manifesto Regionalista do Recife: escritores nordestinos da década de 30 (Segunda Fase).
Abaporu (aba = homem, poru = que come), feito pela Tarsila do Amaral (que na época estava casada com Oswald de Andrade), simbolo do Movimento Antropófago. Cacto: flora do Nordeste, retrata a brasilidade. O Verde, Amarelo e Azul: alusão a bandeira do Brasil – nacionalismo. Sol: no centro, lembra um olho (que observa td). Cabeça disproporcional quase sem feiçoes: ideia de monstro (s/ boca), cabeça apoiada no braço da ideia de cansaço e desilusão; (s/ orelhas). A cabeça pequena dá ideia de desvalorização do trabalho da mente. Mão e Pé grande: conexão com a terra, trabalho brutal e força.
1ª Geração/Fase:
Os 3 grandes nomes da fase heróica.
Oswald de Andrade: conhecido pelo humor e comentarios irônicos, escreveu manifestos que sintetizavam suas convicções estéticas, cheios de aforismos (pequenas frases que explicavam uma concepção).
Escreveu o Manifesto (declarações de princípio) Pau-Brasil e Antropófago.	Escreveu 
também Memórias sentimentais de João Miramar.
Memória Sentimentais de João Miramar (sua primeira obra em prosa) (1928): prosa de ficção. Narrativa em 1ª pessoa, João Miramar, onde conta sua história. Defamília abastada, viajou pelo mundo e ao retornar ao Brasil teve de assumir os negócios e ficou sabendo da morte da mãe. Este tomou posse da herança e se casou com a prima Célia, esta tentou fazer dele um homem refinado que frequentava a alta sociedade, mas João não tinha essa vibe. Com o início da Grande Guerra, João foi rumo ao interior e entrou em contato com as terras de origem dos seus antepassados. Se tornou amante da atriz Mademoiselle Rolah e por sua influência, tornou-se cinematográfico (sem sucesso). Retomou contato com um colega de escola, José Chelinini, que durante uma viagem, tentou seduzir a sogra e chunhadas dos amigo. A crise matrimonial se agravou e Célia e João se separaram. Negócios foram a falência e foi abandonado pela amante. Passou a trabalhar num jornal, com dificuldades financeiras. No final, reaproxima-se de sua filha Celiazinha, que aplaca sua solidão e desgosto de viver. 
Sua vida é banal, explica sua vida em capitulos muito curtos, como fotografias instantâneas (flashes). As personagens são uma galeria da burguesia paulistana de 1920, revelada com olhar crítico. Os capítulos curtos estruturam um enredo fragmentário, com acontecimentos nem sempre explícitos. A linguagem é muito inovadora, cheia de neologismos, “estoparam” (stop + gerundio) e exploração da sonoridade em várias mensagens.
Como continuação dessa obra tem-se: “SERAFIM PONTE GRANDE”.
Valorização da linguagem popular, poema-pílula (poder da síntese); sobreposição de imagens; paródias de textos românticos e de cronistas do século XVI.
Teatro: Rei da Vela.
Mário de Andrade: considerado o “papa” do modernismo brasileiro, divulgou os príncipios da arte moderna: versos livres e brancos, linguagem coloquial, temática do cotidiano, liberdade de expressão e humor. Pesquisou muito sobre a cultura popular (folclore) – Clã do Jabuti – e tinha grande engajamento social – Lira paulistana. Seu primeiro livro publicado foi Há uma gota de sangue em cada poema (1917).
Sua primeira obra modernista foi Paulicéia Desvairada, sendo este a divulgação dos príncipios modernistas. No texto “Prefácio Interessantíssimo”, Mario de Andrade se posiciona de forma crítica em relação a alguns questionamentos colocados pela Semana e introduz e reflete sobre poemas que preenchem as páginas seguintes de Paulicéia.
 Sua principal inspiração era a cidade de São Paulo. Ele agregou à escrita a fala cotidiana “guspir”, neologismos, usava versos brancos e livres. Ele realizou uma poesia de militância estética, indo contra os rigores formais convencionais como a métrica regular e a rima.
A partir da segunda metade da década de 20, o escritor intensificou sua pesquisa sobre a cultura popular, tendo como principal produto Macunaíma. Até sua morte continuou desenvolvendo reflexões sobre expressão estética e principalmente política (temática social). Sem abandonar a poesia intimista, voltou-se para sensibilidade e denunciou a miséria, marginalização social, influenciado talvez pela polarização ideológica da época (fascismo x comunismo).
Macunaíma: 
Uma rapsódia (reunião de lendas, folclore, cultura indigena sul-americana). Apresenta subtítulo “herói sem nenhum caráter”, assim, uma figura anti-herói, que simboliza de certo modo o povo brasileiro, sem uma caráter nacional efetivo e mostra a brasilidade em processo de construção. Livro dedicado a Paulo Prado, sintetiza traços da brasilidade, alternância entre entusiasmo e melancolia, mistura de coragem e covardia, esperteza e ingenuidade; constantes metamorfoses, passa de preto retinto pra branco de olhos azuis (europeuzinho – talvez um racismo estrutural – privilégios brancos).
Personagens: 
· Macunaíma: o herói da história, personagem pícaro, sem caráter, sua origem remonta a Leonardinho das Memórias de um Sargento de Milícia. Índio, preto, malandro torna-se branco no meio da narrativa.
· Piaimã: gigante e era também um vendedor ambulante que ficara com o amuleto mágico de Macunaíma.
· Uiara: divindade da lenda de Iara que vive nos lagos e rios.
· Maanape: irmão mais velho de Macunaíma (tinha 90 anos).
· Jiguê: irmão mais jovem, forte e boa pinta do Macunaíma.
· Ci: a mãe do mato, por quem Macunaíma se apaixona; transforma-se na estrela Beta do Centauro após deixar esse mundo desiludida pela morte de seu filho. 
· Venceslau Pietro Pietra: é o vendedor ambulante que na verdade é o gigante Piaimã.
· Ceuici: caapora velha, mulher do Piaimã, feiticeira. 
Símbolos: O muiraquitã é um amuleto mágico de madeira (protegioso) dado por Ci ao seu marido Macunaíma, roubado por Piaimã.
Ci e Macunaíma se transformaram em estrelas, Beta do Centauro e Macunaíma na constelação da Ursa Maior. Virar estrela seria como abandonar o plano material e assumir uma dimensão cultural, permanecendo sempre integrados às tradições populares brasileiras.
Outras obras: 
Amar, verbo intransitivo (1927): vinculado às ideias de Freud e retrata a alta burguesia de São Paulo. A história se baseia numa governanta alemã, Elsa, que foi contratada por uma família burguesa para lecionar alemão e piano ao filho da família, além disso também tinha de iniciar sua vida sexual e acabou por seduzir o menino. O menino se apaixona por ela e deseja até mesmo se casar com ela. A mãe desconfia da situação e o pai acaba contando a sua mulher que tinha pagado a governanta para realizar tais ações; a moça acaba sendo despedida. Elsa não aceitava ser chamada de prostituta. Muitos anos depois, a moça e o menino se reencontraram, ele a viu passar de carro, mas nada além disto.
Contos Novos (1946): relação de estranheza do individuo com o mundo.
Manuel Bandeira: nasceu numa família tradicional do Recife, passou a infância indo e vindo ao RJ. Aos 18 anos foi fazer arquitetura na USP, em SP e no final no ano descobriu que tinha tuberculose. Passou anos na Suiça se tratando, com a explosão da guerra voltou ao Brasil sem estar curado e em seguida perdeu todos seus familiares, passou a viver sozinho, a espera da morte (	que só chegou aos 82 anos), dedicando-se à literatura. Os primeiros textos são de cinco anos antes da SAM e tem características parnasianas e simbolistas de forma tímida. Com alguma ousadia formal, prenunciou em seu primeiro livro A cinza das horas, uma tendência de linguagem coloquial e cotidiana, poesia marcada por dor e sofrimento.
Poemas pós-simbolistas com certa liberdade formal: A cinza das horas (1917) e Carnaval (onde foi publicado o poema “Os Sapos” – hino do Modernismo ) (1919).
Poemas de transição: Ritmo dissoluto (1924). 
Poemas da iconoclastia modernista: Libertinagem (1930) e Estrela da manhã (1936).
Poemas da maturidade: Liras dos cinquent’anos (1940), Belo Belo (1948), Mafuá do malungo (1948), Opuss 10 (1952), Estrela da tarde (1960) e Estrela da vida inteira (1966).
Temas Principais: iminência da morte, a própria produção poética, cotidiano urbano, lembranças da infância, família do Recife, paixão pela vida, morte e solidão, amor, erotismo, tuberculose, angústia, cotidiano e infância.
Características estilísticas: versos livres, poemas estilo prosa, coloquialidade da linguagem, presença de falas em discurso direto, lirismo marcado pela simplicidade.
O livro Libertinagem reúne poemas que tem temas propagandeados pela SAM e ficou conhecido como sua mais importante obra. 38 poemas, 33 versos livres, 2 em prosa e 3 tradicionais; caráter autobiográfico, alegria e bom-humor da fase heróica, mas tem também grande dose de melancolia.
O cotidiano do RJ e muitos ambientes peculiares são tema de suas poesias. Seu universo pessoal faz parte dessa observação e às vezes, se misturam ao cotidiano da cidade ou às reminiscências de Recife.
Mito de Manuel Bandeira é Pasárgada. Pasárgada é o lugar que Bandeira criou onde ele conseguiria realizar tudo aquilo que ele jamais poderia na vida real. Atingido pela tuberculose que o limitava de praticamente tudo, em Pasárgada, lugar onírico, ele poderia realizar o que quer que seja. 
2ª Geração/Fase
Contexto Histórico: Novas forças sociais de um país que se modernizava (camadas médias urbanas e burguesiaindustrial) exigiam superação dos privilégios da oligarquia cafeeira. Início da Era Vargas, passando pela crise de 1929. Fase também de grande polarização ideológica: nazifascismo (Segunda Guerra Mundial) e socialismo/comunismo. Com isso, o Modernismo acabou deixando de lado a renovação estética para falar sobre as questões sociais e evidenciando seus problemas mais profundos.
Foi um período rico em questões de produção poética e em prosa. O primitivismo da primeira geração, fazendo com que os artistas mergulhassem na cultura popular também foi uma marca do movimento de 1926, que firmou suas bases com o Congresso Regionalista do Nordeste. A transição da 1ª para a 2ª fase se deu pelo amadurecimento dos artistas, não tendo mais necessidade de iconoclastia, etc. Eles ampliaram o universo temático para “o estar-no-mundo”.
Continuaram cultivando o verso livre e a poesia sintética. Com a nova postura do artista, eles passam a questionar mais a realidade, passa a se questionar, tanto indivíduo em sua tentativa de exploração e de interpretação do estar-no-mundo, como em seu papel como artista. 
As consequências foram uma literatura mais politizada que não quer e não pode afastar das transformações do momento. A poesia de 30 segue linha social, religiosa e amorosa.
Poesia: 
O tom iconoclasta foi lentamente deixado de lado em favor de uma abordagem mais séria sobre as questões impostas, sobretudo na Era Vargas e Segunda Guerra Mundial. A dúvida e discussão do papel do indivíduo diante da crise foi constante. E diante desses problemas tão profundos muitos poetas buscaram abrigo na vertente espiritualista. Muitos também renovaram interesses nas formas de expressão tradicionais, versos metrificados ou sonetos ao mesmo tempo que usavam versos livres. 
Corrente espiritualista: voltada para a religiosidade e intimismo. Cecília Meireles, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vínicius de Moraes fazem parte disto. 
Cecília Meireles: por ter perdido os pais muito nova, sua noção de efemeridade e eterno era grande. Sofreu perseguição política (comunista). Se tornou uma das mais relevantes poetas da poesia lírica. Seu estilo é marcado por: 
· Espiritualismo;
· visão particular do mundo:
· Musicalidade;
· Cromatismo ( uso da cor);
· Associações sensoriais/sinestesia ( 5 sentidos);
· Culto a beleza imaterial (a vida, o vento, etc);
· Preferência pela abstração.
· Recorrência de símbolos: oceano, vento, água, solidão.
Costumava usar versos curtos e às vezes redondilhas, lembrando a tradição poética lusitana.
Seus principais temas são: o efêmero, o eterno e a metamorfose (mudança das coisas, por meio de imagens delicadas, distantes da realidade imediata, repleta de sonhos e expressões da natureza).
“Romanceiro da Inconfidência”: gênero épico, desmistifica que Cecília não era alienada. Junta sensibilidade poética a um fato histórico (Inconfidência Mineira), romance em forma poetica medieval (medida velha, 5 ou 7 sílabas métricas). Marcado pela fuga do intimismo, poesia social e tematiza a liberdade, justiça, traição e idealismo.
Vinicius de Moraes: neo-simbolista da corrente espiritualista. Tem duas fases distintas. A primeira é espiritualista, católico, em busca de uma dimensão transcendental da vida; usava versos livres, poemas longos, de dicção séria e solene. A segunda é mais próxima do mundo material, cotidiano, sensual; marcado pelo soneto (camoniano), antiga forma poética. Seu lirismo amoroso aprofundou em temas como a morte, denuncia da opressão social. Também fez parte da música Bossa Nova. 
Jorge de Lima: regionalista, nativista, “cantor da poesia negra e do folclore” (resgata e valoriza a participação negra na cultura e sociedade brasileira), Neo-simbolista (musicalidade), cristianismo, místico-realista. Começa a poesia religiosa em “Tempo e Eternidade”. É alagoano, nasceu no engenho do avô, onde ainda tinha escravos e isso influenciou muito sua poesia. 
Murilo Mendes: veia religiosa e surrealista; com linguagem fragmentada, visão missiânica do mundo, simbologia própria. Marcado por cristianismo, neobarroquismo (linguagem complexa), poesia social, experimentalismo linguístico e concretismo. Ele mistura com muita naturalidade o real com o irreal, seu jogo de contrários também serve na linguagem (expressão coloquial cheia de humor x séria e profunda).
Carlos Drummond de Andrade (“Best of the Best''): é o maior poeta de 30. Nasceu em Itabira (MG). ele revela um lento processo de investigação da realidade humana. Sua poesia tem uma visão critica da sociedade, expressa por humor e ironia, se recusando a uma participação lirica ou sentimental, revelando seu pessimismo e que se encontrava frente a frente com o vazio e o nada. 
Suas poesias refletem sobre os problemas do mundo, do brasileiro e universal diante de regimes totalitários.
Para conhecer sua antologia poetica, ele mesmo deu uma sequencia:
· O indivíduo: o “gauche”, o marginalizado, desajeitado, o ‘torto’ e a miopia (dificuldade) em ver o mundo; se mostrando isolado.
· A terra natal: Itabira, região do ferro, lugar onde nasceu.
· A família: repressão sofrida pelo pai; mãe sempre ao canto (tratada como inferior).
· Amigos: o garoto faz amigos.
· O choque social: se muda para o RJ e se sente perdido, "flâneur" (boiando).
· O conhecimento amoroso: iniciando a vida sexual.
· A própria poesia: poesia tipo “ars poética”, poesia que fala de poesia, metalinguagem.
· Exercícios lúdicos: poeta se adestra tanto na arte da palavra que “brinca” com elas.
· Uma visão de/da existência: tentativa de exploração e de interpretação de estar-no-mundo. Poema no meio do caminho.
· Estilística da repetição.
A “Rosa do povo”, seu quinto livro, é uma obra emblemática na poesia brasileira. Em 1951 publicou “Claro enigma”, saindo da tendência da poesia social e “Contos de aprendiz”, o qual é considerado um ponto alto de seu trabalho em prosa.
Seus primeiros textos tiveram alguns traços modernistas como humor e linguagem coloquial, mas são apenas marcas inequívocas. A maior parte de seus textos são em versos livres, mantendo uma relação de ironia com a realidade provinciana dele.
Ele apresenta Itabira e a vida interiorana como um dos principais temas no início de sua carreira.
Uma das contradições de sua poesia foi sua longa vida e dicotomia entre alienação e participação. Por um lado, sua poesia retrata o homem em busca de si mesmo, confrontando-se com seus questionamentos existenciais, por outro lado tem um ser conectado com a realidade confrontando-se com as ideologias. Em busca da conciliação do social e do individual fez obras de grande profundidade, como “Sentimento do mundo” (inaugura a fase social do autor). A fase social é marcada por muito pessimismo e desesperança.
“Claro enigma”, publicado em 1951, não tem seus ideiais politicos relacionados aos acontecimentos da realidade social. Ele se volta para seu universo inteiror em “Alguma poesia e Brejo das almas”.
Em “Sentimento do mundo” usa-se muita metalinguagem e questionamentos existenciais.
Conclusão da Poesia de 30: até os anos 30, a poesia era irreverente e futurista, preocupada com o nacional. Poetas de 30 pensam mais universalmente e há neles uma tensão por conta de tudo que ocorre no século XX. Têm temas como fragmentação da vida contemporânea, a solidão. Retoma a velha vocação reflexiva e gramatical. Ainda usam muito verso livre e todos, menos Drummond, recuperam certo “romantismo”.
Prosa:
A década de 30 trouxe alguns dos maiores romancistas da literatura brasileira. As obras denunciavam os horrores do subdesenvolvimento que condenava grande parte da população. Buscou no Naturalismo o modelo para apresentar, de maneira direta, aquela realidade negativa; entretanto, em vez que querer provar questões científicas, obras modernistas viraram romances-denúncia. Se suas personagens são animalizadas, é por consequência das desigualdades sociais, da indiferença das elites e da miopia dos governantes em relação ao povo sofrido.
Marco inicial: “A Bagaceira” (1928) de José Américo de Almeida.
Principais autores: José Lins do Rego, Raquelde Queirós, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado.
Assuntos: seca, dificuldades e miséria.
José Lins do Rego: descendente de grandes senhores de engenho da Paraíba, passou a infância nas propriedades da família, tendo muito contato com o meio rural. Ele retrata a zona da mata paraibana, cheio de costumes do povo, histórias e tradição. Marcado pela melancolia da decadência do universo rural. Com a chegada das usinas e produção de açucar industrial, costumes provincianos foram atingidos. Memorialista. 
Raquel de Queiroz: 1ª mulher imortal na literatura brasileira. Suas obras refletem sobre a mulher na sociedade patriarcal. Paisagem nordestina, seca, miséria, etc. Consagrou-se com seu primeiro romance, “o Quinze”, com uma narrativa simples e precisa, diálogos diretos, une profundidade psicológica e denúncia social. 
Erico Verissimo: o único escritor do Regionalismo de 30 que não é do Nordeste, e sim do RS. Sua obra mais famosa: “o Tempo e o Vento”. Ele tem uma vertente urbana, marcada pela sondagem psicológica de personagens da classe média de Porto Alegre. E também tem livros ligados à história, evolução histórica do RS desde XVIII, acompanhando momentos decisivos do estado.
Jorge Amado: muitos de seus livros são adaptados ao cinema e TV. Explora a diversidade cultural, miscigenação e costumes brasileiros, principalmente na Bahia. Explora a opressão social ao mesmo tempo que mostra a beleza da Bahia. Ele mostrou a violência do coronelismo e a vida sofrida dos pobres de Salvador. Divisão de obras: 
· Romances da Bahia: “Capitães de Areia”;
· Romances do ciclo do cacau: “Terras do Sem Fim”;
· Cronica de costumes: “Gabriela, Cravo e canela”.
Graciliano Ramos: alagoano. Sua estreia como romancista se deu com o livro “Caetés” (1933). Foi preso no governo Vargas, por ser considerado subversivo e ser do Partido Comunista. Néorrealista nordestino. Lixo (interior-rural) x Luxo (litoral). Forte poder de sintese, linguagem direta e precisa, secura emocional. Suas personagem mais generosas costumam morrer. Autor irônico e pessimista, sem misericórdia. Dentre seus maiores livros têm-se: “São Bernardo” (cara que trapaceia, fica rico e perde tudo – fazendas e td mais), “Angústia” (triângulo amoroso, Luís da Silva mata Julião Tavares por ter abandonado grávida Marina) e “Vidas Secas”.

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