Buscar

ENFERMAGEM-NA-ATENÇÃO-BÁSICA-EM-PEDIATRIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA EM PEDIATRIA 
 
2 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5 
2. RACIOCÍNIO CLÍNICO E O PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CUIDADO DE 
ENFERMAGEM ÀS CRIANÇAS E SUAS FAMÍLIAS .................................................. 6 
2.1 Processo de Enfermagem .............................................................................. 6 
3. USO DE CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS NA SELEÇÃO DO DIAGNÓSTICO 
DE ENFERMAGEM APROPRIADO .......................................................................... 11 
3.1 Documentação e Registro do Cuidado de Enfermagem .............................. 12 
3.2 Medidas de Qualidade do Resultado ........................................................... 13 
4. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA E ÀFAMÍLIA COM BASE NA 
COMUNIDADE .......................................................................................................... 15 
4.1 Conceitos de Comunidade ........................................................................... 15 
4.2 Enfermagem em Saúde da Comunidade ..................................................... 17 
5. PROCESSO DE ENFERMAGEM NA COMUNIDADE........................................ 19 
5.1 Histórico e Diagnóstico das Necessidades da Comunidade ........................ 19 
5.2 Planejamento da Comunidade ..................................................................... 21 
5.3 Intervenções de Enfermagem e Família ....................................................... 22 
5.4 Importância do Desenvolvimento da Competência Cultural Para a 
Enfermagem .......................................................................................................... 23 
5.5 Diretrizes Para Integrar Cuidado Espiritual na Prática de Enfermagem 
Pediátrica .............................................................................................................. 24 
6. AS TEORIAS DA ENFERMAGEM ...................................................................... 26 
6.1 A Gerência do Cuidado e a Sistematização da Assistência de Enfermagem
 27 
6.2 A Articulação do Cuidado de Enfermagem com as Políticas Públicas ......... 29 
6.3 Lei Orgânica da Saúde ................................................................................. 29 
6.4 Agenda de Compromissos com a Saúde Integral da Criança e Redução da 
Mortalidade Infantil ................................................................................................ 30 
 
3 
7. A CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA A CONSULTA DE 
ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA .............................................................. 31 
7.1 A Consulta de Enfermagem em Puericultura ............................................... 31 
7.2 O Crescimento da Criança ........................................................................... 33 
7.3 O Desenvolvimento da Criança .................................................................... 38 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
 
O significado social e a existência de um grande número de crianças em 
qualquer população são marcas de enfermagem pediátrica. Esta se caracteriza pela 
atenção a um grupo de pessoas que está em constante crescimento e 
desenvolvimento e pela abordagem de ações preventivas em seu cotidiano de 
assistência. 
O aparecimento da Pediatria como especialidade ocorreu na Europa, quando 
alguns médicos começaram a observar e a estudar as diferenças das doenças 
ocorridas em adultos e em crianças. Antes disso, o fato não tinha o menor significado 
tanto para médicos quanto para enfermeiras. O aparecimento do primeiro 
departamento de Pediatria na Universidade de Harvard se deu em 1888. 
Há algum tempo, a assistência de enfermagem à criança hospitalizada seguia 
condutas e procedimentos extremamente rígidos. A ausência de medicamentos 
antibióticos, os altíssimos índices de infecção, o grande número de crianças doentes 
e o próprio despreparo de profissionais levavam ao estabelecimento de regras de 
isolamento e repouso muitas vezes absurdas, como o uso de camisas - de - força. 
Preocupados com o risco de infecção cruzado e despreparado para atender as 
necessidades individuais da criança e dos pais, os profissionais de saúde as 
mantinham isoladas, tanto uma das outras como da mãe e do restante da família. 
Com os avanços na área de saúde, houve mudanças nos métodos de 
assistência à criança. O advento da Psicologia, os estudos de Freud e de outros sobre 
o comportamento humano deram início a uma abordagem mais integral à criança, 
possibilitando a compreensão das suas necessidades emocionais, em suas diversas 
fases de crescimento e desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
RACIOCÍNIO CLÍNICO E O PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE 
CUIDADO DE ENFERMAGEM ÀS CRIANÇAS E SUAS FAMÍLIAS 
 
Raciocínio Clínico: Um processo de pensamento sistemático é essencial em 
qualquer profissão. Ele ajuda o profissional a atender às necessidades do paciente. O 
raciocínio clínico é um processo cognitivo que usa o pensamento formal e informal 
para reunir e analisar os dados do paciente, avaliar o significado da informação, e 
considerar ações alternativas (Simmons,2010). Baseia-se no método científico de 
investigação, que também é a base do processo de enfermagem. O raciocínio clínico 
e o processo de enfermagem são considerados cruciais à enfermagem profissional na 
medida em que constituem uma abordagem holística à solução de problemas. O 
raciocínio clínico é um processo complexo do desenvolvimento que se baseia no 
pensamento racional e deliberado. 
O raciocínio clínico promove um denominador comum para o conhecimento que 
exemplifica o pensamento disciplinado e auto-organizado. O conhecimento é 
adquirido, avaliado e organizado ao se pensar através da situação clínica e 
desenvolver um resultado relativo aos cuidados ideais do paciente. O raciocínio clínico 
transforma a maneira pela qual os indivíduos se veem, entendem o mundo e tomam 
decisões. Em reconhecimento da importância dessa habilidade, Estudos de Casos 
Exercitando o Pensamento Crítico inclusos neste texto demonstra a importância do 
raciocínio clínico. Esses exercícios apresentam uma situação da prática de 
enfermagem que desafia o estudante a usar as habilidades de raciocínio clínico para 
chegar à melhor conclusão. Uma série de perguntas leva os estudantes a explorarem 
as evidências, as hipóteses subjacentes ao problema, as prioridades de enfermagem, 
e apoia as intervenções de enfermagem que lhes permitem chegar a respostas 
racionaise deliberadas. Estes exercícios são concebidos para melhorar o 
desempenho de enfermagem no raciocínio clínico. 
 
1.1 Processo de Enfermagem 
 
O processo de enfermagem é um método de identificação e solução de 
problemas que descreve o que de fato a enfermeira faz. O modelo de seis etapas do 
processo de enfermagem é composto por histórico (coleta de dados), diagnóstico 
(identificação do problema), planejamento (com desenvolvimento do resultado), 
 
7 
implementação, avaliação, documentação e registro. A segunda etapa do processo 
de enfermagem, o diagnóstico de enfermagem, consiste em nominar o problema da 
criança ou da família na linguagem padronizada da enfermagem. Nos Padrões da 
Prática da American Nurses Association (2003), a fase de diagnóstico de enfermagem 
do processo de enfermagem é separada em duas etapas: diagnóstico de enfermagem 
e identificação de resultado. 
Histórico 
O histórico é um processo contínuo que permeia todas as fases da solução de 
problemas e é a base da tomada de decisões. O histórico envolve múltiplas 
competências ou tarefas de enfermagem e consiste na obtenção concreta, 
classificação e análise de dados de uma variedade de fontes. Para fazer um 
levantamento mais preciso e abrangente, a enfermeira deve considerar informações 
a respeito das origens biofísicas, psicológicas, socio culturais e espirituais do paciente 
Diagnóstico de Enfermagem 
O segundo estágio do processo de enfermagem é a identificação de problemas 
e o diagnóstico de enfermagem. Nesse ponto, a enfermeira deve interpretar e tomar 
decisões com base nos dados obtidos. A enfermeira organiza ou agrupa esses dados 
em categorias para identificar áreas relevantes e toma uma das seguintes decisões: 
 Não há problemas de saúde disfuncionais evidentes; nenhuma intervenção 
indicada. 
 Existe risco de problemas de saúde disfuncionais; é preciso intervir para facilitar 
a promoção da saúde. 
 Problemas de saúde disfuncionais reais são evidentes; intervenções são 
necessárias para a promoção da saúde. O diagnóstico de enfermagem é o nome do 
conjunto de pistas obtido durante a fase de levantamento do histórico. De acordo com 
a NANDA Internacional (antiga North American NursingDiagnosisAssociaton), a 
definição atualmente aceita do termo diagnóstico de enfermagem é de que se trata de 
um julgamento clínico a respeito das respostas do indivíduo, da família ou da 
comunidade aos problemas de saúde reais ou em potencial e dos processos da vida. 
Os Planos de Cuidados de Enfermagem neste texto fornecem uma compreensão da 
linguagem padronizada e como ela se relaciona com o plano individualizado. 
Nem todas as crianças têm problemas de saúde de fato; algumas têm 
problemas desaúde em potencial, um estado de risco que requer a intervenção da 
enfermagem paraprevenir o desenvolvimento de um problema real. Os problemas de 
 
8 
saúde em potencialpodem ser indicados pelos fatores de risco, ou sinais, que 
predispõem a criança e afamília a um padrão de saúde disfuncional e estão limitados 
a indivíduos em maior riscodo que a população como um todo. A intervenção de 
enfermagem é direcionada parareduzir os fatores de risco. Para diferenciar problemas 
de saúde reais de potenciais, apalavra risco está incluída na declaração do 
diagnóstico de enfermagem (p. ex., Risco deInfecção). 
Sinais e sintomas referem-se a um conjunto de pistas e características 
definidorasobtidas do histórico do paciente, e indicam problemas de saúde reais. 
Quando umacaracterística definidora é essencial para que o diagnóstico seja feito, ela 
é consideradacrítica. Essas características definidoras críticas ajudam a diferenciar 
entre as categoriasde diagnósticos. Por exemplo, ao se decidir entre as categorias de 
diagnósticosrelacionadas ao funcionamento e enfrentamento familiares, as 
características definidorassão críticas na escolha do diagnóstico de enfermagem mais 
apropriado. 
No Brasil, a Resolução Cofen n° 358/2009 dispõe sobre a Sistematização da 
Assistência de Enfermagem (SAE) e implementação do processo de enfermagem em 
instituições prestadoras de serviços de internação hospitalar, instituições prestadoras 
de serviços ambulatoriais de saúde, domicílios, escolas, associações comunitárias, 
fábricas, entre outros, sejam eles públicos e/ou privados, em que ocorre o cuidado de 
enfermagem. O processo de enfermagem deve ser realizado, de modo deliberado e 
sistemático, nas unidades de internação, enquanto nos cenários da comunidade, o 
processo de saúde de enfermagem corresponde ao usualmente denominado 
naqueles ambientes como consulta de enfermagem. 
A Resolução destaca que o processo de enfermagem organiza-se em cinco 
etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes. 
Na primeira etapa da coleta de dados de enfermagem (ou histórico de 
enfermagem) tem-se por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família 
ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo 
saúde e doença. Para tanto, esse processo deliberado, sistemático e contínuo é 
realizado como auxílio de métodos e técnicas variadas. 
A segunda etapa, a do diagnóstico de enfermagem, trata-se de um processo 
de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina 
coma tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que 
representam,com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade 
 
9 
humana em umdado momento do processo saúde e doença, e que constituem a base 
para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os 
resultados esperados. 
Na terceira etapa, relativa ao planejamento de enfermagem, ocorre a 
determinação dos resultados que se espera alcançar e das ações ou intervenções de 
enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou 
coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, 
identificadas na etapa de diagnóstico de enfermagem. 
A quarta etapa, a da implementação, é quando realizam-se as ações ou 
intervenções determinadas na etapa de planejamento de enfermagem, podendo 
envolver todos os membros da equipe de enfermagem, por delegação de 
competências e sob supervisão da enfermeira. 
A quinta e última etapa consiste da avaliação de enfermagem, em que, 
novamente, um processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de 
mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado 
momento do processo saúde doença, é essencial para determinar se as ações ou 
intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado. Nessa etapa, verifica-
se a necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de 
enfermagem. 
Planejamento 
Depois de identificar os diagnósticos de enfermagem, a enfermeira desenvolve 
um plano de cuidados e estabelece resultados ou metas. O resultado é a mudança 
projetada ouesperada no estado de saúde do paciente, na sua condição clínica ou em 
seucomportamento decorrente das intervenções de enfermagem implementadas. A 
metafinal dos cuidados de enfermagem é a reversão dos diagnósticos de enfermagem 
a umestado de saúde desejado. É preciso estabelecer um plano de cuidados antes 
dedesenvolver e implementar intervenções de enfermagem específicas. 
Implementação 
A fase de implementação começa quando a enfermeira realiza a intervenção 
selecionada em ação e reúne dados de feedback de seus efeitos (ou da resposta do 
paciente à intervenção). O feedback retorna sob a forma de observação e 
comunicação e provê um banco de dados que servirá de base para avaliar o resultado 
da intervenção de enfermagem. É imperativo haver uma avaliação contínua do estado 
do paciente durante todas as fases do processo de enfermagem, tornando, dessa 
 
10 
maneira, o processo dinâmico, em vez de um método de solução de problema 
estático. Durante a fase de implementação, a segurança física e o conforto psicológico 
do paciente inerenteaos cuidados traumáticos são as principais preocupações. 
Avaliação 
A avaliação é a última etapa no processo de tomada de decisões. A enfermeira 
reúne, separa e analisa dados para determinar se: 
 o resultado estabelecido foi atingido, 
 as intervenções de enfermagem foram apropriadas, 
 o plano requer modificação, ou 
 é preciso considerar outras alternativas. A fase de avaliação completa o 
processo de enfermagem (atingiu-se o resultado) ou serve de base para selecionar 
intervenções alternativas para resolver o problema específico. 
Com o foco atual nos resultados dos pacientes em relação aos cuidados de 
saúde, os cuidados do paciente são avaliados não só na alta, mas posteriormente 
também para garantir que os resultados sejam atendidos e haja o cuidado adequado 
para resolver problemas de saúde existentes ou em potencial. Um órgão federal que 
desenvolve diretrizes clínicas contendo medidas de resultados é a Agency for 
Healthcare ResearchandQuality. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
USO DE CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS NA SELEÇÃO DO 
DIAGNÓSTICO DEENFERMAGEM APROPRIADO 
 
Uma criança de 18 meses de idade é hospitalizada em sofrimento respiratório 
e comum suposto diagnóstico de epiglotite. As ações de enfermagem iniciais 
concentram-seno estado fisiológico da criança. À medida que a condição se estabiliza, 
a enfermeiraobtém dados do histórico com a família. As imunizações da criança estão 
atualizadas,ela está limpa e bem nutrida e seu desenvolvimento é apropriado à idade. 
Ambos ospais estão presentes na hospitalização. A mãe está perturbada com o 
sofrimento respiratório do filho. Ela afirma que antes a criança estava só com “nariz 
escorrendo”, e ela pensou que se tratasse apenas de um resfriado. Quando o filho de 
repente começou a ter dificuldade para respirar, ela ficou insegura e não conseguiu 
aliviar o desconforto dele. Ela afirma: “Nada o fazia melhorar. Se eu soubesse que 
isso podia acontecer, teria trazido meu filho ao hospital antes. Sinto-me péssima como 
mãe.” No hospital, depois de explicações por parte da enfermagem, a mãe entende 
que a epiglotite é um problema que surge de modo súbito e tipicamente depois de 
sintomas de resfriado. Ela coopera e pergunta o que pode fazer para o filho ficar mais 
confortável. Ela implementa todas as sugestões da equipe de saúde. O pai apoia tanto 
o filho quanto a mulher, embora assuma um papel mais passivo de “ouvinte”. 
Três diagnósticos de enfermagem relacionados às situações do pai e da mãe 
podem ser relevantes. A primeira etapa é rever os diagnósticos e as características 
definidoras e decidir qual é mais apropriado. 
1. Comprometimento do Papel dos Pais – Incapacidade do cuidador primário de 
criar, manter ou estabelecer um ambiente favorável ao crescimento e 
desenvolvimento do filho. 
Características definidoras selecionadas: 
 Vínculo inseguro (ou ausente) com o bebê 
 Habilidades de prover cuidados impróprias ou insuficientes 
2. Conflito no Papel de Pai/Mãe – Experiência de confusão no papel de pai/mãe 
em resposta à crise 
Características definidoras selecionadas: 
 Os pais expressam dúvidas a respeito de mudanças no papel de pai/ mãe 
 Um transtorno manifestado nas rotinas de cuidados ou responsabilidade pelos 
cuidados 
 
12 
 Os pais expressam dúvidas ou sentimentos de inaptidão em atender às 
necessidades físicas e emocionais do filho durante a hospitalização ou em casa 
 Os pais verbalizam ou demonstram sentimento de culpa, raiva, medo, 
ansiedade ou frustração quanto ao efeito da doença do filho na dinâmica familiar. 
3. Transtorno da Dinâmica Familiar – Mudança nas relações ou na dinâmica 
familiar. 
Características definidoras selecionadas: 
 Manifestações de conflitos na família 
 Mudanças nos padrões de comunicação entre os membros da família. 
Entre esses três diagnósticos, o mais relevante é o Conflito no Papel de 
Pai/Mãe. Os pais demonstram um comportamento de vínculo com o filho e estão 
atentos àsnecessidades dele. Eles parecem ter as habilidades de criação apropriadas 
e sãocapazes de comunicar-se efetivamente entre si. Nenhum deles expressa 
qualquerconflito dentro da família. O aparecimento súbito da doença do filho 
transtornou opapel usual da mãe e fez com que ela se sentisse inadequada, ansiosa 
e culpada.Entretanto, a mãe é capaz de adaptar-se a tal crise. Ela demonstra 
capacidade de lidar com o problema, aprendendo e implementando novas habilidades 
de prover confortopara o filho. As características definidoras dos outros dois 
diagnósticos demandamcaracterísticas mal adaptativas que esses pais claramente 
não demonstram. 
 
1.2 Documentação e Registro do Cuidado de Enfermagem 
 
 Avaliação inicial e reavaliações 
 Diagnósticos de enfermagem, necessidades de cuidados do paciente ou ambos 
 Intervenções identificadas para atender às necessidades de cuidados de 
enfermagem do paciente 
 Cuidados de enfermagem que foram prestados 
 Resposta do paciente aos, e os resultados dos cuidados administrados 
 Competências do paciente ou, se apropriado, pessoa(s) próxima(s) em manejar 
as necessidades de cuidados contínuos depois da alta 
Documentação e Registro 
Muito embora a documentação e o registro não façam parte das cinco fases do 
processo de enfermagem, eles são essenciais à avaliação. A enfermeira pode 
 
13 
elaborar o histórico, o diagnóstico e identificar problemas, planejar e implementar sem 
registrá-los; entretanto, a evolução produz melhores evidências se o progresso em 
direção ao resultado for escrito. O prontuário do paciente deverá incluir evidências 
daqueles elementos listados no quadro Diretrizes para o Cuidado de Enfermagem. 
 
1.3 Medidas de Qualidade do Resultado 
 
Qualidade do cuidado refere-se ao grau em que os serviços de saúde individual 
ou populacional aumentam a probabilidade dos resultados desejados para a saúde e 
são coerentes com os conhecimentos profissionais do momento (Instituteof Medicine, 
2000). Em virtude de as enfermeiras serem os cuidadores principais nas instituições 
de saúde, os resultados de alta qualidade de enfermagem são usados como um 
indicador da capacidade de oferecer excelência no atendimento ao paciente. 
Indicadores sensíveis da enfermeira são escolhidos usando-se critérios específicos 
de avaliação. 
Critérios de avaliação da qualidade do resultado estabelecem um quadro para 
medir o desempenho da assistência de enfermagem. Além de usar os critérios de 
avaliação de medidas do NationalQualityForum, as enfermeiras devem avaliar cada 
indicador de qualidade da enfermagem para garantir que é um componente essencial 
da qualidade dos cuidados de saúde estabelecido pelo Instituteof Medicine (2000). 
Esses componentes incluem o seguinte: 
 Segurança 
 Eficácia 
 Centrar-se no paciente 
 Oportuno 
 Eficiente 
 Equitativo 
Ao longo dos capítulos que se concentram em problemas graves de saúde, 
temos desenvolvido exemplos de medidas de qualidade dos resultados para doenças 
específicas que refletem resultados centrados no paciente. Medidas de qualidade dos 
resultados promovem o trabalho em equipe interdisciplinar, e os quadros ao longo 
deste livro exemplificam medidas de colaboração efetiva para melhorar o atendimento. 
Quadros de Resultados de Qualidade Esperados do Paciente ao longo deste livro são 
 
14 
desenvolvidos para auxiliar os profissionais de saúde na identificação de medidas 
adequadas que avaliem a qualidade do atendimento ao paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA E ÀFAMÍLIA COM BASE 
NA COMUNIDADE 
 
Enfermagem na comunidade 
A saúde da criança e de sua família é fortemente influenciada pela comunidade 
em que vivem, e a enfermagem pode contribuir significativamente ao trabalhar com a 
comunidade na promoção de saúde da criança. As enfermeiras quetrabalham 
compopulações pediátricas na comunidade precisam entender os conceitos e os 
processoscríticos para abordar as questões pediátricas na perspectiva da 
comunidade.Comunidades saudáveis não só proporcionam excelentes cuidados 
médicos, comotambém um lugar seguro e estável para as crianças viverem e 
crescerem. Comunidades ecidades saudáveis intervêm sobre esses aspectos em 
regime de colaboração entre oscidadãos, profissionais de saúde, empresários e 
serviços públicos e privados (Riner, 2008). 
Este capítulo discute a enfermagem em saúde da comunidade e sua relação 
com acriança. Primeiramente, identificam-se e definem-se conceitos e princípios que 
servem debase à enfermagem em saúde da comunidade. Em seguida, descreve-se 
cada etapa doprocesso de enfermagem em saúde da comunidade, incluindo um 
quadro que demonstrao uso do processo para abordar um problema de saúde infantil 
muito real: a obesidade. 
 
1.4 Conceitos de Comunidade 
 
Existem diversas maneiras de definir uma comunidade. Uma comunidade é um 
grupo de indivíduos com características e interesses em comum que interagem entre 
si (Rector,2010). Uma comunidade é um sistema que inclui crianças e famílias, o 
ambiente físico, serviços educacionais, recursos de transporte e segurança, 
organizações governamentais e políticas, serviços de saúde e sociais, recursos de 
comunicação, recursos econômicos e espaços para brincadeira. A comunidade 
também é o cliente da equipe de enfermagem que atua na comunidade (Anderson e 
McFarland, 2010). Iniciativas de saúde na comunidade são direcionadas para a saúde 
geral de toda a comunidade ou para populações específicas dentro da comunidade 
que tenham necessidades singulares. Neste contexto, populações podem ser 
descritas como grupos de pessoas que vivem em uma comunidade e têm 
 
16 
características em comum (p. ex., crianças em idade escolar).Populações-alvo ou 
subpopulações são grupos definidos mais restritamente (p. ex., pré-escolares não 
imunizados, escolares obesos) na direção dos quais a enfermagem concentra 
atividades para melhorar as condições de saúde dos indivíduos no grupo. Os valores 
comuns com frequência orientam comportamentos de populações e subpopulações 
em relação à promoção de saúde e prevenção de doenças (McEwen e Nies, 2011; 
Williams, 2010). 
Cuidados orientados à comunidade envolvem uma colaboração de indivíduos 
e grupos, incluindo profissionais de saúde, defensores da criança, governo, 
seguradoras de saúde, empresários, crianças e famílias, dentro de uma comunidade 
específica. O objetivo do esforço colaborativo é prover serviços que promovam as 
iniciativas de saúde infantil do Healthy People 2010 (População Saudável 2010). Os 
cuidados na comunidade “não têm muros”, no sentido de que os serviços de saúde 
são com frequência redesenhados para atender às necessidades da comunidade, que 
são as mais variadas. As pessoas envolvidas nos cuidados em saúde na comunidade 
estabelecem parceria com a comunidade para identificar, planejar, intervir e avaliar 
atividades que melhorem a saúde da comunidade (Anderson e McFarlane, 2010). 
No Brasil, as políticas públicas de saúde infantil articulam-se com outras 
políticas sociais de proteção à infância para implementar estratégias e ações 
envolvendo diferentes setores da sociedade. A colaboração intersetorial está prevista 
na Agenda de Compromisso para a Saúde Integral da Criança e Redução da 
Mortalidade Infantil, sendo o acesso da criança à saúde um direito fundamental que 
se articula com outros direitos, como a educação, o lazer, a convivência familiar e a 
profissionalização, previstos pela Lei n° 8.060/90 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
Por sua vez, recomenda-se acompanhar o resultado da Consulta Pública da 
Política Nacional dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes e Plano Decenal 
dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2011–2020, cujo resultado final 
não havia sido divulgado até a data de publicação deste livro. 
 
 
 
 
 
17 
1.5 Enfermagem em Saúde da Comunidade 
 
A enfermagem em saúde da comunidade concentra-se na promoção e na 
manutenção da saúde de indivíduos, famílias e grupos no contexto de uma 
comunidade. A enfermagem em saúde da comunidade é uma síntese de enfermagem 
e saúde pública. É focada na população e envolve a colaboração com outras 
disciplinas para acessar, planejar e implementar cuidados que enfatizem a 
responsabilidade pessoal pela saúde e pelo autocuidado dos membros da 
comunidade (Warner, 2010; Williams, 2010). 
Embora os conceitos de saúde da comunidade possam ser usados para tratar 
questões em qualquer ambiente, os tradicionais de saúde da comunidade incluem os 
seguintes: serviços de saúde domiciliar, escolas, consultórios médicos, clínicas 
ambulatoriais, serviço de emergência, centros de triagem telefônica, empresas de 
seguro, secretaria de saúde, agências de auxílio internacional, serviços de educação 
em saúde, escolas socio educativas juvenis, acampamentos, creches, orfanatos, 
serviços de cuidados paliativos e centros de reabilitação. A American Nurses 
Association (1986) estabeleceu nove padrões para a enfermagem em saúde da 
comunidade a fim de orientar a prática em todos os ambientes. Esses padrões incluem 
as seguintes categorias: teoria, coleta dedados, diagnóstico, planejamento, 
intervenção, avaliação, certificação de qualidade e desenvolvimento profissional, 
colaboração interdisciplinar e pesquisa. O escopo e a revisão dos padrões de 
enfermagem em saúde pública (American Nurses Association,2007) descrevem os 
principais componentes e os critérios de medida para cada padrão. 
Os papéis e as funções da enfermagem em saúde da comunidade continuam 
a evoluir. No futuro, mais enfermeiras pediátricas estarão trabalhando em ambientes 
comunitários. O relatório do Health Resourcesand Services Administration (2004) 
identificou que 14,9% do total da força de trabalho de enfermeiras estava empregado 
em serviços da comunidade ou saúde pública, e 11,5% em ambulatórios. Apenas 
56,2% das enfermeiras estavam empregadas em hospitais. Um exemplo da evolução 
do papel é a necessidade de enfermeiras capacitadas para trabalhar em saúde 
pública/saúde da comunidade durante episódios de desastres naturais, ameaças à 
saúde pública e ataques terroristas 
As comunidades são afetadas por desastres, sejam eles naturais, como 
furacões e incêndios florestais, ou desastres causados pelo homem, como ataques 
 
18 
terroristas. Durante os desastres, as comunidades podem carecer de recursos para 
reagir e recuperar-se por si sós. A enfermagem pediátrica em todos os contextos 
precisa conhecer os estágios de manejo dos desastres, que incluem: 
Prevenção – Identificação dos riscos de desastre; educação sobre que ações 
tomar. 
Preparação e planejamento 
 Para indivíduos e famílias – Treinamento em primeiros socorros, manutenção 
de um kit de emergência, um ponto de encontro predeterminado e um plano de 
comunicação. 
 Para comunidades e instituições – Determinação das linhas de autoridade e 
comunicação; coordenação de pessoal, suprimentos e equipamentos; evacuação; 
resgate; cuidados com os mortos. 
Resposta – Inicia depois do desastre; os planos são implementados, o que 
pode incluir abrigo para as pessoas, evacuação ou busca e resgate. Calma e 
paciência são características essenciais para todos os envolvidos. 
Tradicionalmente, os papéis das enfermeiras na comunidade incluíam os de 
cuidadoras, defensoras dos direitos das pessoas, gerente de casos, buscadora ativa 
de casos, conselheira, educadora, epidemiologista, líder de processos grupais, 
planejadora e gestora. Por exemplo, a enfermeira empregada em uma clínica de 
pediatria ambulatorial desempenha uma série de funções para prestar cuidados a uma 
criança com diabetes tipo 2. A enfermeira realiza o gerenciamento de caso ao 
coordenar as disciplinas envolvidas nos cuidados, équem aconselha e apoia a criança 
e a família durante o desenvolvimento da crise, e é a pessoa que busca os casos, 
identificando os fatores de risco nos irmãos da criança. 
o Brasil, a Constituição Brasileira e a Lei do Sistema Único de Saúde 
(Lei8.080/90) regulamentam o acesso ao serviço de saúde como um direito do 
cidadão e um dever do Estado. Particularmente, no que diz respeito ao atendimento 
em saúde da criança e do adolescente, cabe ao Sistema Único de Saúde (SUS) 
garantir a extensão de cobertura a todos, sem distinção de raça, etnia, credo, situação 
socioeconômica. A proteção à infância e adolescência é assegurada pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente. A Lei Federal n° 8.060/90 destaca um conjunto de 
atribuições do SUS, assegurando as condições necessárias para o atendimento à 
criança em todos os níveis de cuidados de saúde. 
 
 
19 
PROCESSO DE ENFERMAGEM NA COMUNIDADE 
 
Na enfermagem na comunidade, o foco do processo de enfermagem desloca-
se da criança e da família para a comunidade ou a população-alvo. Os estágios do 
processo (histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação) são 
semelhantes, seja o paciente uma criança ou uma população de crianças; apenas os 
tipos de intervenções e indicadores de bem-estar e afecções é que diferem (Anderson, 
2010). O histórico concentra-se em coletar informações objetivas e subjetivas a 
respeito da população-alvo para diagnosticar problemas baseados nas necessidades 
da comunidade. 
O planejamento envolve o desenvolvimento de metas centradas na 
comunidade. Durante o estágio de implementação, a enfermeira trabalha com a 
comunidade para implementar um programa que permita que seus membros atinjam 
suas metas. Por fim, a enfermeira realiza a avaliação final verificando se as metas 
foram atendidas. A enfermagem na comunidade é colaborativa, e a enfermeira é um 
dos membros de uma equipe na comunidade que inclui outros profissionais de saúde, 
educadores, políticos, líderes religiosos, membros de organizações públicas e 
voluntárias e consumidores. O papel da enfermagem depende da abrangência do 
projeto, da população-alvo e da experiência e especialidade dos membros da equipe. 
Histórico e diagnóstico – A enfermeira coleta informações subjetivas e objetivas 
sobre uma comunidade e desenvolve um diagnóstico com base nas necessidades e 
problemas da comunidade. 
Planejamento – A enfermeira desenvolve metas centradas na comunidade para 
trataras necessidades e os problemas identificados. 
Implementação – A enfermeira implementa um programa que permita aos 
membros da comunidade atingirem suas metas. 
Avaliação – A enfermeira conduz uma avaliação sistemática para determinar 
se as metas e os objetivos do programa foram atingidos. 
 
1.6 Histórico e Diagnóstico das Necessidades da Comunidade 
 
A fase de avaliação do processo de enfermagem na comunidade é denominada 
histórico das necessidades da comunidade. O histórico envolve a coleta de 
informações subjetivas e objetivas a respeito de uma comunidade. Informações 
 
20 
subjetivas indicam o que os membros da comunidade dizem ser as necessidades mais 
importantes e podem ser determinadas de diversas maneiras. Uma delas é distribuir 
questionários a uma amostra de pessoas que vivem na comunidade. Um outro modo 
é entrevistar membros da comunidade diretamente, por telefone ou em reuniões com 
as pessoas (p. ex., líderes comunitários) que representem o grupo ou que tenham um 
papel especial no grupo. 
Informações objetivas são dados que a enfermeira coleta, seja pela observação 
direta ou por fontes escritas. Um passeio pelas vizinhanças é um método de 
observação direta. A enfermeira dirige pela vizinhança e faz anotações sobre o 
ambiente, o aspecto das casas, a presença de calçadas e sarjetas, o número de áreas 
públicas etc. As informações objetivas sobre o estado de saúde da comunidade 
também podem ser obtidas de fontes como Secretarias de Saúde do Município e do 
Estado, agências censitárias, organizações não governamentais ligadas à saúde, 
bibliotecas, sites na Internet de organizações de saúde voluntárias ou órgãos 
governamentais. Informações sobre órgãos de serviços podem ser encontradas em 
diretórios de serviços, incluindo o catálogo telefônico local, diretórios de serviços 
compilados por organizações como a United Way e livros específicos sobre a 
população em órgãos públicos e voluntários. 
Uma maneira de organizar o histórico da comunidade é usar um roteiro que 
enumere os sistemas comunitários que é preciso examinar. Este processo é 
semelhante a usar um roteiro do exame físico para avaliar os diferentes sistemas 
corporais em um determinado paciente. Anderson e McFarlane (2010) descreveram 
oito sistemas comunitários que a enfermeira deverá examinar: sistema de saúde e 
social, de comunicação, de recreação, do ambiente físico, educacional, de segurança 
e transporte, de organização política e governo e sistema econômico. Durante a etapa 
do histórico, a enfermeira estuda como cada componente da comunidade funciona e 
interage para atender às necessidades das crianças, identifica as vantagens da 
comunidade e determina se quaisquer barreiras rompem os componentes e impedem 
o acesso das crianças e suas famílias aos cuidados. 
Após a conclusão do histórico, a enfermeira da comunidade colabora com os 
membros da equipe na análise dos resultados dos levantamentos e questionários, 
determina se as necessidades descritas pelos membros da comunidade podem ser 
atendidas pelos órgãos comunitários existentes e identifica indivíduos em maior risco. 
Durante a análise, as características demográficas, taxas de morbidade e taxas de 
 
21 
mortalidade na comunidade são comparadas a um padrão. Comparações podem ser 
feitas com base temporal ou local. Em comparações temporais, a enfermeira contrasta 
as taxas do ano em curso comas taxas de período anterior. Nas comparações de local, 
a enfermeira contrasta as taxas da comunidade com as de uma população padrão. As 
taxas padrão podem vir de outra comunidade ou cidade, outro estado ou de taxas 
nacionais. Por exemplo, a taxa de tuberculose em um grupo de crianças pré-
escolares, na comunidade em 2010, poderia ser comparada com a taxa de 
tuberculose em crianças pré-escolares no estado, no mesmo ano. 
Um diagnóstico de saúde da comunidade é o reflexo do estado de saúde, riscos 
ou necessidades determinadas por um agente causador. O formato de um diagnóstico 
da comunidade é semelhante ao do diagnóstico de enfermagem de um indivíduo, com 
um problema (necessidade) e a etiologia relacionada àquele problema (agente 
causador). Um exemplo de diagnóstico de enfermagem da comunidade é “O 
sobrepeso entre crianças em idade escolar relacionado à atividade física reduzida, 
conforme demonstrado pelo relatório da enfermeira de saúde escolar, indica que 60% 
das crianças da escola possuem um percentil de IMC entre 85 e 95” (Cassells, 2010). 
 
1.7 Planejamento da Comunidade 
 
A enfermeira colabora com os membros da comunidade no desenvolvimento 
de um plano direcionado para as necessidades e os problemas da população-alvo. 
Para maximizar o uso dos recursos da comunidade, os problemas deverão ser 
priorizados primeiramente com base na sua gravidade, nas necessidades percebidas 
pela comunidade e na capacidade de a enfermeira da comunidade provocar 
mudanças. Após priorizar os problemas, a enfermeira trabalha com os membros da 
comunidade para desenvolver pelo menos uma meta para cada problema que os 
membros elegerão. Metas são os resultados que orientam as intervenções e dão uma 
medida da mudança que as intervenções produziram. As intervenções na comunidade 
frequentemente tomam a forma de programas de saúde para melhorar o estado de 
saúde da população-alvo. Os programas de saúde comunitários baseiam-se em três 
níveis de prevenção: primário, secundário e terciário. Por exemplo, uma meta para 
prevenir acidentespor quedas de bicicleta é “Daqui a 1 ano, todos os estudantes do 
primeiro ano estarão usando capacetes”. A enfermeira e os membros da comunidade 
 
22 
então planejam um programa que inclua a educação em saúde sobre segurança na 
bicicleta e prevenção de acidentes para estudantes e pais (prevenção primária). 
 
1.8 Intervenções de Enfermagem e Família 
 
Ao trabalhar com crianças, a enfermeira deve incluir membros familiares em 
seu plano de cuidados. A pesquisa confirma o desejo e expectativa dos pais de 
participar dos cuidados de seu filho (Power e Franck, 2008). 
Por exemplo, na teoria do sistema familiar, o foco é sobre a interação de 
membros da família dentro do ambiente maior. Neste caso, usar dinâmica de grupo 
para envolver todos os membros no processo de intervenção e ser um comunicador 
qualificado é essencial. A teoria sistêmica também apresenta excelentes 
oportunidades para orientação antecipada. Como cada membro da família reage a 
cada estresse experimentado por esse sistema, a enfermeira pode intervir para ajudar 
a família e se preparar para lidar com as mudanças. Na teoria de estresse familiar, a 
enfermeira utiliza estratégias de intervenção de crise para ajudar os membros da 
família a lidar com o evento desafiador. Na teoria do desenvolvimento, a enfermeira 
fornece orientação antecipada para preparar os membros para a transição para a fase 
familiar seguinte. Enfermeiras que pensam que o envolvimento da família 
desempenha um papel fundamental no cuidado de uma criança têm mais propensão 
a incluir as famílias nos cuidados diários da criança (Fisher, Lindhorst, Matthews et 
al., 2008). 
 Modificação do comportamento 
 Coordenação e gerenciamento de caso 
 Estratégias de colaboração 
 Contratação 
 Aconselhamento, incluindo suporte, reavaliação cognitiva e reestruturação 
 Capacitação das famílias por meio da participação ativa 
 Modificação ambiental 
 Defesa da família 
 Intervenção em crises familiares 
 Rede social, incluindo a utilização de grupos de autoajuda e apoio social 
 Fornecer informações e experiência técnica 
 Ser modelo de papéis 
 
23 
 Suplementação de papéis 
Estratégias de ensino, incluindo gerenciamento/controle do estresse, 
modificações no estilo de vida e orientação antecipada. 
 
1.9 Importância do Desenvolvimento da Competência Cultural Para a 
Enfermagem 
 
Os profissionais de enfermagem têm a responsabilidade profissional, ética, 
moral e legal de prestar cuidados, buscando entender as mais variadas e inúmeras 
influências culturais sobre a vida de uma criança e da família e que sejam consistentes 
com seus valores e desejos. O desafio para as enfermeiras é ganhar conhecimento 
sobre valores culturais de cuidados, crenças e práticas para usar este conhecimento 
sobre o cuidado que elas fornecem (Leininger, 2001). Para entender e lidar 
eficazmente com as famílias em uma comunidade multicultural, as enfermeiras devem 
estar cientes de suas próprias atitudes e valores. Enfermeiras, também, são um 
produto de sua própria formação cultural e educação. Elas são parte da “cultura de 
enfermagem”. As enfermeiras funcionam dentro de um quadro de uma cultura 
profissional com seus próprios valores e tradições e, como tais, se tornam socializadas 
naquela cultura através de programas educacionais e mais tarde pelo ambiente de 
trabalho e associações profissionais. 
Frequentemente, as enfermeiras e outros profissionais de saúde não estão 
cientes de seus próprios valores culturais e como esses valores influenciam seus 
pensamentos e ações. Enfermeiras podem desenvolver a autorreflexão e a reflexão 
crítica desde a graduação em enfermagem. A autorreflexão integra-se e ajusta-se ao 
“quadro de referência, que sofre influência de assimilações culturais e serve para 
estabelecer a visão de mundo de uma pessoa”. A enfermeira pode fazer este ajuste 
refletindo sobre suas suposições prévias, considerando perspectivas alternativas, e, 
em seguida, mudando a própria perspectiva de como se sente necessária. Reflexão 
crítica é outra abordagem de autorreflexão que incentiva a enfermeira a entender 
como suas percepções de saúde, doença e de enfermagem têm sido formadas ao 
longo do tempo. Padrões culturais, valores e história; a estrutura da família e função; 
e experiências passadas com cuidados de saúde influenciam os sentimentos e 
atitudes de uma família sobre a saúde, seus filhos, e o sistema de prestação de 
cuidados de saúde. Basear-se apenas em valores e experiências próprias para 
 
24 
orientar-se pode causar frustração e decepção. Precisa-se saber o que é necessário 
para lidar com um problema de saúde; muitas vezes é mais difícil implementar um 
curso de ação bem-sucedido, a não ser que as enfermeiras trabalhem dentro do 
quadro cultural e socioeconômico da família 
Competência cultural inclui os seguintes cinco componentes: 
1. Consciência cultural – um processo cognitivo através do qual a enfermeira valoriza 
e é sensível aos valores culturais do paciente e da família 
2. Conhecimento cultural – uma fundamentação que a enfermeira cria com a 
educação formal e informal, que inclui visões de mundo de diferentes culturas, valores, 
crenças e percepções sobre saúde e doença 
3. Habilidade cultural – a habilidade de incluir dados culturais na avaliação de 
enfermagem por meio de coleta de dados culturais na entrevista de saúde e em 
observações 
4. Encontro cultural – o processo pelo qual a enfermeira busca oportunidades para 
participar de interações interculturais, direta ou indiretamente 
5. Motivação cultural – a genuína e sincera motivação para trabalhar de forma eficaz 
com clientes minoritários; isso só pode ser conseguido se o indivíduo tiver vontade de 
se engajar em um processo de adquirir competência cultural. 
É essencial esforçar-se para adaptar as práticas de saúde às necessidades de 
saúde da família, em vez de tentar mudar crenças antigas. Humildade cultural é um 
processo ativo, dinâmico e permanente. Os componentes da competência cultural 
descritos demonstram não apenas a natureza evolutiva de buscar a compreensão da 
cultura de uma criança e família, mas também como a enfermeira muda como parte 
do resultado 
 
1.10 Diretrizes Para Integrar Cuidado Espiritual na Prática de Enfermagem 
Pediátrica 
 
 Respeitar a criança e sua família com relação às crenças e práticas religiosas. 
 Considerar o desenvolvimento da criança ao falar sobre as preocupações 
espirituais. 
 Contatar o serviço religioso da instituição para pacientes e familiares que têm 
sintomas de angústia espiritual ou pedem rituais religiosos específicos. 
 
25 
 Informar-se sobre as visões religiosas dos grupos culturais encontrados nos 
pacientes dos quais cuida. 
 Incentivar a visitação dos membros familiares, membros da comunidade 
espiritual do paciente e líderes espirituais. 
 Permitir que as crianças e familiares lhe ensinem sobre a especificidade de 
suas crenças religiosas. 
 Desenvolver a consciência de sua própria perspectiva espiritual. 
 Ouvir para compreender em vez de concordar ou discordar. 
Respeitar esses rituais é especialmente importante durante um exame físico ou 
preparação para cirurgia. Um importante papel da enfermeira é estar consciente das 
necessidades espirituais das famílias e transmitir uma atitude de preocupação com 
este importante elemento do cuidado da criança. Religião, que oferece às famílias 
compreensão e apoio espiritual, é um recurso valioso para os cuidados de saúde. 
Em alguns casos, os direitos da família e a responsabilidade do estado podem 
estar em conflito. Por exemplo, as Testemunhas de Jeová recusam transfusões de 
sangue para si e para os seus filhos. Os pais, por lei, têm a obrigação primordial de 
cuidar e tomar decisões sobre seus filhos menores de idade. No entanto, o princípio 
legal de proteção dos interesses da criança, previsto por legislação específica, dizque 
é responsabilidade do Estado assegurar todo o direito à saúde e o bem-estar dos seus 
cidadãos. Recusa dos pais ao tratamento médico para seu filho que é considerado 
essencial pode ser interpretada como negligência. Além de defender a criança e a 
família, o papel da enfermeira pode incluir assumir o papel de consultor da equipe e 
família sobre métodos novos, alternativos de transfusão, e, se necessário, ajuizar 
petição na vara da infância e da juventude para guarda e responsabilidade temporária 
da criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
AS TEORIAS DA ENFERMAGEM 
 
Para que se tenha uma assistência de enfermagem adequada e individualizada 
é necessária à aplicação da SAE, baseada em uma teoria específica que seja de 
conhecimento de todos os profissionais da instituição que realizam o cuidado. Além 
disso, deve estar ajustada conforme as possibilidades de cada instituição: número de 
funcionários, horas semanais de serviço, dentre outros. A enfermagem sempre se 
baseou em princípios, crenças, valores e normas tradicionalmente aceitos, porém a 
evolução da ciência mostrou a necessidade de se pesquisar para construir o saber. 
Assim, na década de 50 os enfermeiros perceberam a necessidade de desenvolver 
31conhecimentos específicos e concluíram que isso só seria possível através da 
elaboração de teorias próprias. As teorias de enfermagem podem ser classificadas 
por dois modos distintos: 
1. quanto ao foco primário permitindo então definir 04 grupos distintos de teorias: 
 Centradas no cliente, 
 Centradas no relacionamento entre o cliente e o ambiente; 
 Centradas na interação enfermeiro-cliente; 
 Centradas na terapêutica da enfermagem. 
2. no segundo modo, a classificação é feita pelo papel que o enfermeiro 
desempenha na prática profissional e a escola de pensamento que os teóricos estão 
ligados. Neste modo distinguem-se 03 grupos de teorias de enfermagem: 
 Orientadas para as necessidades dos clientes; 
 Orientadas pelo processo de interação enfermeiro-paciente; 
 Orientadas no resultado das ações de enfermagem 
São diversas as teorias de enfermagem encontradas atualmente e que 
contribuem de sobremaneira à construção do saber da enfermagem, haja vista que a 
enfermagem é uma ciência e uma arte dedicada ao cuidado da pessoa humana quer 
seja individual ou coletivamente. Neste trabalho utiliza-se a Teoria das Necessidades 
Humanas de Wanda Horta por ser a teoria empregada pela equipe de enfermeiros na 
instituição cenário deste estudo, bem como, foi a teoria de Wanda Horta que mais 
fortemente modificou a prática da área no Brasil. 
 
 
 
27 
1.11 A Gerência do Cuidado e a Sistematização da Assistência de Enfermagem 
 
O enfermeiro é o profissional que coordena e gerencia todo o processo de 
assistência a ser desenvolvido em relação ao paciente e tudo o que o envolve no 
contexto da instituição hospitalar. 
O enfermeiro tem basicamente quatro atividades essenciais que norteiam a sua 
profissão: assistencial, gerencial, educativa e de pesquisa. No cotidiano de trabalho, 
estas atividades não podem ser desenvolvidas separadamente, pois a interseção 
entre elas é um fator importante para prestar assistência de enfermagem de forma 
segura e livre de riscos à população. 
Todos os enfermeiros devem desenvolver algum nível das 04 atividades, ou 
seja, todos são agentes de mudança enquanto lideram uma equipe, pois, a liderança 
de equipe é parte importante do papel de gerência do cuidado de enfermagem, que 
pode resultar em minimização de custos e problemas no serviço e consequentemente 
maior qualidade do serviço prestado.Na internação pediátrica contribui à alta 
responsável, minimizando os impactos negativos da hospitalização infantil. 
No século XIX, Florence Nightingale postulou um sistema de organização do 
serviço de enfermagem, institucionalizando a hierarquização do fazer em 
enfermagem, o que naquela época tornou-se o modelo de organização da 
enfermagem. 
Passou então, a existir ladiesNurses e as Nurses, sendo ladiesNursesas 
responsáveispela organização e definição do trabalho de enfermagem e as Nurses as 
responsáveis diretas pela prestação do cuidado de enfermagem. A própria formação 
era diferenciada, enquanto ladiesNursesestudavam um ano de aulas sobre 
administração e chefia, além de dois anos de prática, as Nurses apenas cursavam um 
ano de instrução, além de mais três de prática supervisionada. Observa-se com isso 
que Nightingale, introduziu na Enfermagem os primeiros conceitos de administração. 
Pode-se entender então, que naquela época já havia a organização do trabalho 
de enfermagem e um posicionamento a respeito do profissional responsável por 
definir o cuidado a ser prestado. Desta forma surge na enfermagem a figura do gerente 
de enfermagem que tem a função de organizar a prática de enfermagem e 
consequentemente proporcionar a qualificação e segurança no cuidado. 
A SAE é uma ferramenta importante da gerência do cuidado uma vez que ao 
realizá-la, o gerente de enfermagem e sua equipe podem organizar o trabalho “quanto 
 
28 
ao método, pessoal e instrumentos”, definir as atividades pertinentes ao perfil de sua 
clientela, priorizando as atividades de maior relevância e impacto social, 
principalmente quando se gerencia unidades públicas de saúde. 
A utilização da SAE é a principal estratégia para melhorar a qualidade da 
assistência oferecida e propicia conhecimento individualizado e integral aos pacientes. 
A SAE pode contribuir para que a enfermagem adquira autonomia profissional, visto 
que utiliza bases científicas e teóricas que só serão alcançadas com a aplicação 
sistemática do PE. 
A sistematização da assistência possibilita criar uma linguagem universalizada 
para os cuidados de enfermagem, identificar sua eficácia e estabelecer um padrão de 
qualidade, entretanto, a implementação da SAE ainda é um desafio, pois é um 
processo incipiente nos serviços de saúde, dadas as dificuldades, como a sobrecarga 
de trabalho associada aos desvios e a indefinição da função do enfermeiro, a 
exiguidade de tempo para a assistência dado o número insuficiente de profissionais e 
a falta de conhecimento da equipe de enfermagem sobre a SAE. 
A legislação brasileira e o orçamento público, no caso das instituições públicas, 
são exemplos de fatores que dificultam a rápida solução de problemas como o déficit 
de profissionais, materiais e estrutura. A Constituição Federal do Brasil de 
1988determinaque o provimento de cargos públicos deva ser realizado mediante 
concurso público. A realização do concurso público para provimento de profissionais 
no âmbito do SUS é um processo de reposição de capital humano que requer dos 
gestores planejamento para evitar déficit de profissionais. De forma semelhante, o 
abastecimento de materiais hospitalares e melhorias de estrutura das instituições 
deverão ser realizados mediante processo de licitação preconizado pela lei 
8.666/1993. 
No Brasil, a Sistematização da Assistência de Enfermagem é uma atividade do 
gerente de enfermagem bem definido na legislação, tanto na Lei 7498/86 que 
regulamenta o exercício da enfermagem, quanto na Resolução 358/09 que dispõe 
sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do 
Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o 
cuidado profissional de Enfermagem. 
É preciso entender que há diferença entre SAE e PE. Muitos autores utilizam-
se destas metodologias como sinônimos, entretanto, são metodologias diferentes de 
gerenciar o cuidado de enfermagem. Enquanto a SAE é um conjunto de ferramentas 
 
29 
que instrumentalizam o enfermeiro, o PE é uma metodologia que orienta o cuidado 
profissional de enfermagem e documentação. 
Cabe, portanto ressaltar que a SAE e o PE são inter-relacionados, apesar de 
suas especificidades conceituais e operacionais, e quando incorporados no processo 
de trabalho permitem organizar e avaliara pratica de enfermagem de forma a melhorá-
la e Cabe, portanto ressaltar que a SAE e o PE são inter-relacionados, apesar de suas 
especificidades conceituais e operacionais, e quando incorporados no processo de 
trabalho permitem organizar e avaliar a pratica de enfermagem de forma a melhorá-la 
e garantir a continuidade das informações sobre o cuidado. O PE é uma ferramenta 
importante da SAE, garantindo ao usuário a individualidade da atenção à saúde. 
A operacionalização da SAE exige a utilização de um referencial teórico 
adequado, interação da equipe multiprofissional, adequação à realidade e, acima de 
tudo, ter como premissa a atenção com qualidade e segurança ao indivíduo 
hospitalizado 
 
1.12 A Articulação do Cuidado de Enfermagem com as Políticas Públicas 
 
A SAE e o PE estão intimamente ligados a diversas Políticas Públicas vigentes 
no Brasil fato que torna importante apresentarmos esta correlação. Alguns fatores são 
vitais quando a instituição planeja a implantação da SAE e do PE, principalmente, 
quando se trata de instituição pública. 
 
1.13 Lei Orgânica da Saúde 
 
A Lei Orgânica da Saúde regula as ações e serviços de saúde, executados 
isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais 
ou jurídicas de direito público ou privado, objetivando prover condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde dos cidadãos. Dentre seus princípios, 
inclui-se o da integralidade, que pode ser concebida como um modo de organizar as 
práticas de cuidado em saúde de forma a atender as necessidades individuais ou 
coletivas, com o objetivo de alcançar a saúde integral do usuário do SUS. A 
integralidade é um dos princípios fundamentais do SUS, pois proporciona à população 
o acesso livre e irrestrito dos serviços necessários à manutenção da Saúde. 
 
30 
Quando o enfermeiro realiza o PE em uma unidade pediátrica, deve considerar 
quais as ações individuais e coletivas devem realizar, a fim de que ao paciente sejam 
oferecidos todos os cuidados requeridos ao atendimento de suas individualidades 
inclusive com o acionamento de outros membros da equipe multidisciplinar. Deve 
primar para que a saúde, a educação e a assistência social estejam integradas de 
forma a proporcionar à criança hospitalizada, a continuidade do atendimento às suas 
necessidades de humanas básicas na integra ou o mais próximo a isto. 
 
1.14 Agenda de Compromissos com a Saúde Integral da Criança e Redução da 
Mortalidade Infantil 
 
Apresentada pelo Ministério da Saúde em 2004, a Agenda de Compromissos 
com a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil tem como objetivo 
orientar os profissionais que lidam com a criança para um cuidado integral e 
multiprofissional, que compreenda todas as suas necessidades e direitos enquanto 
indivíduo. 
Dentre os princípios norteadores do cuidado na saúde da criança, incluem-se: 
a assistência resolutiva, que diz que o cuidado não deve ser dispensado de forma 
pontual e fragmentado, devendo-se garantir continuidade da assistência prestada, a 
atuação em equipe, que reforça a necessidade de articulação dos saberes e 
intervenções dos profissionais, e a avaliação permanente e sistematizada da 
assistência prestada, que enfatiza a necessidade de revisão constante dos problemas 
enfrentados, para a busca de soluções que promovam resultados satisfatórios na 
assistência à população. 
A referida agenda apresenta de forma clara que os profissionais de saúde que 
atendem à população infantil no Brasil, devem desenvolver um trabalho articulado e 
multidisciplinar no atendimento das necessidades de saúde da criança e a 
identificação da necessidade do gerente de enfermagem em institucionalizar a SAE e 
o processo de enfermagem. 
 
 
 
 
 
 
31 
A CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA A 
CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA CRIANÇA 
 
Nesta unidade, além de você identificar os pontos principais de uma consulta 
de enfermagem à criança na atenção primária, você verá aspectos do crescimento e 
do desenvolvimento da criança. 
Na atenção primária, é de extrema importância a consulta de enfermagem para 
o acompanhamento da saúde da criança, com vigilância do crescimento e 
desenvolvimento, prevenção de agravos, promoção e manutenção da saúde, de modo 
sistematizado, de caráter generalista, centrada no ciclo vital e no contexto da família, 
buscando contribuir para que a criança alcance todo o seu potencial (CAMPOS et al., 
2011; RIBEIRO; OHARA; SAPAROLLI, 2009) 
A prática assistencial da consulta de enfermagem foi legalizada pela Lei n. 
7498/86, que regulamentou o exercício da Enfermagem. Estabeleceu essa atividade 
como privativa do enfermeiro(a), assim como a Resolução n. 159 do Conselho Federal 
de Enfermagem descreve a obrigatoriedade da realização da consulta de enfermagem 
em todos os níveis de atenção à saúde (COFEN, 1993). 
A consulta de enfermagem em puericultura para a avaliação da saúde da 
criança tem como objetivos (RIBEIRO; OHARA; SAPAROLLI, 2009): 
Prestar assistência sistematizada de enfermagem à criança e a sua família. 
Promover a interação com a criança e a família na perspectiva do estabelecimento de 
vínculo e respeito à autonomia do usuário. 
Conhecer a situação biopsicossocial, espiritual, econômica e sanitária da família da 
criança, relacionando com sua qualidade de vida e; intervir, quando necessário. 
Ampliar a cobertura de atendimento à criança e a sua família, contribuindo para a 
melhoria da qualidade da assistência. 
Monitorar o processo de crescimento e desenvolvimento da criança. 
Orientar e apoiar a gestante e a puérpera quanto ao aleitamento materno e aos 
cuidados com a criança. 
 
1.15 A Consulta de Enfermagem em Puericultura 
 
Na atenção primária em saúde da criança, a assistência em puericultura volta-
se para o acompanhamento periódico e sistematizado da criança para a vigilância da 
 
32 
saúde em seu processo de crescimento e desenvolvimento infantil, vacinação, 
aleitamento materno e alimentação complementar saudável, prevenção de acidentes, 
atenção aos agravos prevalentes na infância e cuidados gerais com a criança no 
contexto da família. 
Aqui, apresentamos de modo sucinto pontos importantes a serem garantidos 
nas consultas de enfermagem em puericultura: 
 
1. Levantamento de dados da criança, sua família e comunidade: 
 Anotar os dados de identificação: nome, data de nascimento, sexo, idade, registro de 
nascimento, nome da mãe, nome do pai, escolaridade, ocupação, profissão, 
procedência, endereço. 
 Acompanhar o histórico perinatal: gestação, paridade, aborto, gravidez 
planejada/desejada ou não, realização de pré-natal, intercorrências, tipo de parto, 
local do parto, idade gestacional, uso de método contraceptivo e planejamento 
familiar, acompanhamento de saúde da mulher, primeiros cuidados com o bebê. 
 Verificar histórico familiar e ambiente: presença/ausência de apoio familiar ou entorno, 
doenças na família, irmãos, presença/ausência do pai, condições de moradia, 
condições ambientais, situação socioeconômica, dificuldades e facilidades. 
Os dados podem ser coletados em mais de um encontro com a família, por 
meio de visitas domiciliares e nos atendimentos em consultas de enfermagem. A 
busca por informações deve ser flexível e o mais importante é estabelecer vínculo e 
boa interação com a família de modo compartilhado. Também podem ser utilizados 
os instrumentos genograma e ecomapa. 
 
2. Avaliação e Intervenção na saúde da criança: 
 Acompanhar o histórico atual: estado geral da criança, percepções da 
mãe/família/cuidador sobre o crescimento e desenvolvimento da criança, situação 
alimentar, higiene, eliminações, sono e repouso, cuidados cotidianos e medidas 
caseiras com a criança, relacionamento familiar, vacinação, uso de medicações, entre 
outros. 
 Realizar exame físico, antropometria, observação do desenvolvimento, avaliação eintervenção, se necessário. 
 
33 
 Orientações específicas para a continuidade dos cuidados com a saúde da criança e 
autonomia materna no domicílio, reforço sobre as necessidades e segurança da 
criança e sobre quando retornar ao serviço de saúde. 
A avaliação e as intervenções em saúde da criança precisam ser 
continuamente atualizadas para que a consulta de enfermagem seja realizada de 
modo eficaz. Garantindo assim, um bom acolhimento da criança e da sua família; a 
realização de exame físico detalhado e a avaliação clínica pertinente, atentando para 
as enfermidades prevalentes na infância e os sinais precoces para detectar 
complicações; realizar educação em saúde, com promoção do desenvolvimento 
infantil, boas interações com a família e proteção aos direitos da criança. Também são 
muito importantes as anotações na caderneta de saúde da criança e o estímulo aos 
pais e cuidadores para utilizar as informações da caderneta e levá-la sempre em todos 
os serviços de saúde que a criança utilizar. 
 
1.16 O Crescimento da Criança 
 
Para relembrar o que é crescimento e desenvolvimento, vamos apresentar a 
seguir uma pequena revisão. 
 Crescimento é o aumento no número e no tamanho das células à medida que 
elas se dividem e sintetizam novas proteínas. Resulta em tamanho e peso 
aumentados da totalidade ou de qualquer uma das partes do corpo (MARCONDES, 
2003). 
Desenvolvimento é a alteração e a expansão gradual, o avanço a partir de 
estágios mais inferiores para os mais avançados de complexidade; capacidades 
emergentes e em expansão do indivíduo por meio do crescimento, da maturação e do 
aprendizado (MARCONDES, 2003). Trata-se de um processo dinâmico e contínuo, 
que ocorre desde a concepção até o final da vida. É um dos melhores indicadores da 
saúde da criança. 
O crescimento e o desenvolvimento estão diretamente relacionados a medidas 
de proteção, como o planejamento familiar, a assistência adequada no pré-natal, parto 
e puerpério e; a medidas de promoção, proteção e recuperação da saúde nos 
primeiros anos de vida (BRASIL, 2002a). 
Alguns fatores interferem diretamente no processo de crescimento e 
desenvolvimento, como os fatores intrínsecos (genética, metabólicos e malformações) 
 
34 
e os fatores extrínsecos (alimentação, infecções, higiene, habitação e os cuidados 
gerais com a criança). 
A curva de crescimento é uma ferramenta utilizada para acompanhar o 
crescimento e o desenvolvimento da criança. A interpretação dela mostra os sinais de 
alerta relacionados às alterações no crescimento da criança. 
A avaliação básica do crescimento envolve a mensuração do peso e da 
estatura ou altura e a comparação dos resultados obtidos com as curvas de 
crescimento. Seu objetivo é determinar se a criança está crescendo “normalmente”. A 
mensuração, a plotagem e a interpretação correta dos dados obtidos são 
fundamentais para identificar problemas. Caso qualquer desvio seja diagnosticado, é 
necessária uma abordagem mais aprofundada para que se estabeleça sua causa. 
Os novos gráficos mostram que o crescimento pode ser atingido com a 
alimentação e os cuidados de saúde recomendados. Tais gráficos podem ser 
utilizados em qualquer parte do mundo (BRASIL, 2010). 
As curvas de peso e altura são uma importante ferramenta de educação para 
a saúde para mostrar à família que se o peso acompanha o desenho, a criança está 
indo bem; se está paralelo ao eixo X, ela está em risco e; se está descendente, a 
criança está em processo de desnutrição. Assim, tanto a família quanto os 
profissionais têm uma visão longitudinal do crescimento e do desenvolvimento da 
criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Gráfico 1: Crescimento da Menina - Do nascimento aos 5 anos (percentis) 
v 
Fonte: WHO (2006) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
Gráfico 2: Crescimento do Menino - Do nascimento aos 5 anos (percentis) 
 
Fonte: WHO (2006) 
 
Para a interpretação das curvas de crescimento no gráfico, temos que salientar: 
 Estatura/altura para a idade: 
 a aferição da estatura/altura para a idade reflete o crescimento em comprimento 
ou a altura da criança de acordo com a idade em uma dada visita. Esse indicador pode 
ajudar a identificar as crianças que estão baixas devido à desnutrição prolongada ou 
a repetidos episódios de doença. Crianças que são altas para a sua idade também 
podem ser identificadas, mas uma altura elevada raramente é um problema, a menos 
que seja excessiva, podendo refletir desordens endócrinas incomuns. 
 Peso para a idade: reflete o peso corporal em relação à idade da criança em 
um determinado dia. O referido indicador é usado para avaliar se uma criança está 
com baixo ou muito baixo peso, mas não pode ser utilizado de forma isolada para 
classificar uma criança como estando com sobrepeso ou obesidade. É relativamente 
fácil medir o peso, logo, esse indicador é geralmente usado, mas não deve ser 
invocado em situações em que a idade da criança não pode ser determinada com 
 
37 
exatidão. É importante notar também que uma criança pode ter baixo peso, quer por 
um baixo comprimento/estatura (nanismo), quer por magreza, ou por ambos. O peso 
comoíndice de crescimento é um indicador nutricional que deve ser relacionado com 
outras variáveis: idade, sexo e altura. 
 Peso para estatura/comprimento: reflete a proporção do peso corporal para 
um dado crescimento em comprimento ou altura. Esse indicador é especialmente útil 
em situações nas quais a idade da criança é desconhecida. Os gráficos de peso para 
estatura/comprimento ajudam a identificar crianças com baixo peso para a altura, que 
podem estar desnutridas ou severamente desnutridas. A desnutrição é normalmente 
causada por uma doença aguda recente ou restrição alimentar que provoque uma 
severa perda de peso, embora desnutrição ou doenças crônicas também possam 
causar essa condição. Tais gráficos também ajudam a identificar crianças com 
elevado peso para estatura/comprimento que possam estar em risco de adquirirem 
sobrepeso ou de se tornarem obesas. 
 Índice de massa corporal para a idade: o Índice de Massa Corporal (IMC) 
para a idade é um indicador especialmente útil para a triagem de sobrepeso e 
obesidade. Os gráficos de IMC para a idade e de peso para estatura/comprimento 
mostram resultados muito similares. 
Lembre-se de que o Peso é o indicador que melhor retrata o que ocorre durante 
a fase fetal. Pesos, ao nascer, menores que 2.500g podem ser decorrentes de 
prematuridade ou déficit de crescimento intrauterino. Recém-nascidos com menos de 
2.500g são classificados genericamente como de baixo peso ao nascer. 
Os bebês de baixo peso ao nascer podem ser bebês prematuros, assim 
classificados porque não completaram seu tempo normal de gestação e, portanto, de 
seu crescimento intrauterino, sendo chamados de bebês com peso adequado para a 
idade gestacional (AIG). No entanto, podem ser também bebês a termo (=>37 
semanas), que não tiveram bom crescimento no útero, ou seja, apresentam retardo 
de crescimento, sendo chamados de pequenos para a idade gestacional (PIG). Pode 
ocorrer que bebês prematuros sejam também pequenos para a idade gestacional. 
 Outros bebês podem ser grandes para a sua idade gestacional (GIG), como 
ocorre com bebês filhos de mães diabéticas. O crescimento pós-natal é 
particularmente elevado até os 2 (dois) primeiros anos de vida, com declínio gradativo 
e pronunciado até os 5 (cinco) anos de idade. A partir do quinto ano, a velocidade de 
 
38 
crescimento é praticamente constante, de 5 a 6 cm/ano, até o início do estirão da 
adolescência. 
Também é importante ressaltar informações sobre o metabolismo, a 
temperatura, o sono, o repouso e o temperamento, fatores que contribuem para o 
entendimento e a avaliação da criança. 
 
1.17 O Desenvolvimento da Criança 
 
Os estágios de desenvolvimento se definem pelos limites etários epelas 
habilidades e competência do desenvolvimento. O desenvolvimento é codependente 
de diversos fatores. 
 No âmbito da promoção da saúde, é importante uma compreensão e análise 
do desenvolvimento da criança com foco em suas necessidades essenciais. 
As necessidades essenciais das crianças (BRAZELTON; GREENSPAN, 2002; 
VERÍSSIMO et al., 2009) são: 
 Necessidade de relacionamentos sustentadores contínuos: 
estárelacionada à presença do cuidador(a) da criança e ao modo de interação 
constante com ela, por meio de cuidados físicos, diálogo, olhares, toque, que 
constituem-se em bases fundamentais para suprir tais necessidades. Para que seja 
sustentador, deverá estar permeado de amor e atenção, contribuindo para o 
desenvolvimento da segurança emocional da criança. 
 Necessidade de proteção física, segurança e regulamentação: visa garantir 
condições favoráveis para a manutenção da integridade física e fisiológica da criança, 
envolvendo cuidados que possibilitem a promoção e a manutenção de aspectos 
físicos e fisiológicos, alimentação, higiene, sono, abrigo, movimentação, 
acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento. Bem como apoio à criação 
de hábitos saudáveis e proteção contra infecções e acidentes, contribuindo para a 
detecção precoce de agravos e seu adequado tratamento, juntamente com a 
regulamentação com base em legislação e outras medidas que protejam a criança 
frente a danos físicos, sociais e ambientais. 
 Necessidade de experiências que respeitem as diferenças individuais: diz 
respeito ao oferecimento de um cuidado peculiar a cada criança, excluindo toda forma 
de expectativa padronizada, aceitando as diferenças de comportamento, habilidades 
 
39 
físicas e sensoriais e as particularidades de cada criança como uma etapa importante 
de seu processo de desenvolvimento. 
 Necessidade de experiências adequadas ao desenvolvimento: envolve 
ações voltadas ao estímulo e acréscimo de novas interações a um processo evolutivo 
das demandas individuais de cada criança, permitindo que esta adquira confiança em 
si e se sinta aceita, ouvida, cuidada e amada. 
 Necessidade do estabelecimento de limites, organização e expectativas: 
refere-se à colocação de limites adequados; ao incentivo e ao reconhecimento de 
suas realizações, colaborando para que a criança possa desenvolver empatia e a 
capacidade de olhar o outro como um ser singular, possibilitando, assim, estabelecer 
objetivos por meio de cuidados afetivos, com segurança e vínculo. 
 Necessidade de comunidades estáveis e amparadoras e de continuidade 
cultural: está ligada ao conceito de que comunidade e cultura são alicerces para o 
desenvolvimento da criança e da sua família, considerando os aspectos assistenciais, 
educacionais e de saúde em sua rede social, buscando condições saudáveis e 
confiantes, com troca entre a família. Os profissionais e a comunidade contribuem 
para a criança ir adquirindo o sentimento de pertença a sua família e a sua 
comunidade. 
É importante ressaltar que além do gráfico de crescimento, a OMS selecionou 
seis marcos de desenvolvimento motor que crianças saudáveis devem atingir em uma 
faixa etária de 4 a 18 meses, são eles: sentar sem apoio, ficar em pé com apoio, 
engatinhar, andar com apoio, ficar em pé sem apoio e andar sem apoio. O enfermeiro 
deve saber reconhecer estes marcos para realizar uma correta avaliação do 
desenvolvimento da criança. 
Outro ponto significativo que o profissional de enfermagem necessita saber é a 
avaliação dos reflexos, que demonstram a vitalidade do sistema nervoso da criança. 
A seguir, são apresentados alguns reflexos em figuras (WONG, 2011): 
 Reflexo de sucção e procura: a estimulação se faz com um toque no rosto 
(região perioral) com o dedo. O comportamento compreende virar a cabeça em 
direção à fonte do estímulo com movimentos de sucção. A cessação ocorre por volta 
dos 6 (seis) aos 8 (oito) meses. 
 
 
 
 
40 
Figura 1: Reflexo de sucção e procura 
 
Fonte: Lean Fontain Franco Home Page (2009) 
 
 Reflexo de Moro: a estimulação se faz com outro estímulo, uma súbita 
mudança de equilíbrio e barulho estridente. O comportamento compreende estender 
os braços, pernas e dedos, curvar-se, jogar a cabeça para trás (é parecido como um 
abraço; também pode ser interpretado como a criança ter “levado um susto”). A 
cessação se dá por volta dos 6 (seis) meses. 
 
Figura 2: Reflexo de Moro 
 
Fonte: Cultura Mix (2001a) 
 
 Reflexo de preensão palmar: a estimulação se faz com cócegas na palma da 
mão. Agarra fortemente o dedo. A cessação se dá por volta dos 4 (quatro) meses. O 
dedo do examinador ou objeto (um lápis, por exemplo) colocado na palma da mão do 
 
41 
RN, faz flexão dos dedos e segura o objeto, podendo até ser levantado pelo 
examinador, sendo que a cabeça deve ficar na linha média. 
Figura 3: Reflexo de preensão palmar 
 
Fonte: Net Bebes (2012) 
 
 Reflexo de Babinski: a estimulação se faz por meio de cócegas na planta do 
pé. Os artelhos se abrem em leque, o pé vira para dentro. A cessação se dá 
aproximadamente dos 6 aos 9 meses 
Figura 4: Reflexo de Babinski 
 
Fonte: Zero Hora (2009) 
 
 Reflexo de marcha: a estimulação se faz segurando a criança sob o braço, 
com os pés descalços, tocando uma superfície plana. Apresenta um caminhar 
coordenado. A cessação se dá por volta dos 3 (três) meses.Reflexo de marcha: a 
 
42 
estimulação se faz segurando a criança sob o braço, com os pés descalços, tocando 
uma superfície plana. Apresenta um caminhar coordenado. A cessação se dá por volta 
dos 3 (três) meses. 
Figura 5: Reflexo de marcha 
 
Fonte: Cultura Mix (2011b) 
 
 Reflexo de preensão plantar: a estimulação se faz tocando a planta do pé, 
abaixo dos artelhos. Agarra fortemente com os artelhos. A cessação se dá por volta 
dos 4 (quatro) meses. 
 
Figura 6: Reflexo de preensão plantar 
 
Fonte: Revista Crescer (2006) 
É relevante considerar que à medida que a criança cresce, os parâmetros vão 
se aproximando dos referenciais dos adultos, tais como os valores dos sinais vitais e 
as habilidades adquiridas. 
Toda a equipe de saúde deve estar preparada para o acompanhamento e a 
vigilância do crescimento e do desenvolvimento em busca da atenção integral à saúde 
da criança, identificando crianças de risco, fazendo busca ativa de crianças com 
 
43 
dificuldades para o seguimento, detectando e abordando adequadamente as 
alterações no processo de crescimento e desenvolvimento. 
A caderneta de saúde da criança é um documento importante para acompanhar 
a saúde da criança, disponibilizando para a família e os profissionais de saúde 
informações sobre o crescimento e o desenvolvimento da criança. 
O seguimentoda criança deve ser feito visando estreitar e manter o vínculo da 
criança e da família com os serviços de saúde, propiciando oportunidades de 
abordagem para a promoçãoda saúde, de hábitos de vida saudáveis, vacinação 
completa, prevenção de agravos e cuidado em tempo oportuno, lembrando que a 
abordagem deve ter como eixo a visão global da criança (BRASIL, 2011a). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
REFERÊNCIAS 
 
American Nurses Association. Standards of community health nursing practice. 
Kansas City, Mo: Author; 1986. 
 
American Nurses Association. Public health nursing scope and standards. 
Washington, DC: Author; 2007. 
 
Anderson, E. T. A model to guide practice. In: Anderson E.T., McFarlane J., eds. 
Community as partner: theory and practicein nursing. Philadelphia: Lippincott Williams 
& Wilkins, 2010. 
 
Brasil. Gabinete da Casa Civil. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. 
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm Acesso em 22 de 
maio de 2029 
 
Brasil. Ministério da Justiça. Construindo a Política Nacional dos Direitos Humanos de 
Crianças e Adolescentes eo Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças

Continue navegando