Zoonoses, Medicina da Conservação e One Health

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@danielleferreira._
Zoonoses, Medicina da Conservação e One Health
Introdução
O que são zoonoses?
Segundo a OMS, são doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos.
Os animais silvestres, em vida livre ou cativeiro, ou ainda os animais sinantrópicos (aqueles que convivem bem nos
ambientes urbanos) podem ser reservatórios e portadores de zoonoses com potencial para impactar na saúde pública,
na economia e na conservação da fauna.
Como a ocorrência de zoonoses depende da proximidade entre humanos e a fauna silvestre, os profissionais da área
(veterinários, biólogos, polícia ambiental, bombeiros, tratadores, mateiros, etc) são mais susceptíveis a desenvolvê-las
ou transmiti-las.
Além disso, a ação humana no meio ambiente, na forma como ocorre hoje em dia, aumenta os riscos, tornando as
zoonoses um grande problema, pois aproxima ainda mais os seres humanos e os animais.
Outros fatores que aumentam a proximidade dos animais com o ser humano:
● avanços na tecnologia de transporte de humanos e animais - praticamente foram removidas as barreiras
geográficas
● zoológicos, centros de conservação e reabilitação, unidades de conservação, produção animal, caça e pets
● deficiência na lida com zoonoses em geral, devido a uma pobre compreensão sobre os reservatórios e
patógenos (os médicos humanos pouco sabem a respeito das zoonoses e de suas manifestações clínicas nos
seres humanos)
Os desequilibrios ecológicos e a consequente relação não-natural entre as espécies também ocorre devido à
introdução, muitas vezes ilegal, de animais selvagens nativos e exóticos, em áreas geográficas onde eles não ocorrem
naturalmente, com finalidades distintas.
Como exemplo, temos: na primeira foto o Callithrix penicillata e na segunda foto o Callithrix jacchus. Ambos não
ocorrem naturalmente na Zona da Mata Mineira, mas foram trazidos para cá no passado, principalmente através do
tráfico. Como são animais fofos, as pessoas tendem a tentar manter um contato mais próximo, chegando até a
alimentar na mão, o que é um potencial para a disseminação de zoonoses.
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O herpes vírus, que nos
seres humanos muitas
vezes se manifesta apenas
como lesões ulcerativas no
rosto, nos saguis causa
distúrbios neurológicos, o
que faz com que seja uma
doença letal.
Isso nos mostra o quão
perigoso é alimentar e
manter contato direto com
animais silvestres.
Principais zoonoses
Raiva
O vírus da raiva é um grande problema pois conta
com ciclo silvestre (vários mamíferos, como
canídeos, gambás e primatas, atuam como
reservatório), ciclo rural (animais de produção
também são reservatório), ciclo urano (cães e
gatos como reservatório) e ciclo aéreo (morcegos)
que é responsável por fazer a ponte entre os outros
três ciclos. É isso que torna o controle dessa
doença tão difícil, além de ser complicado realizar
a imunização dos animais de vida livre, devido à
movimentação e aos hábitos deles.
Leishmaniose visceral
Também é uma zoonose de grande
importância para a saúde pública. Possui
como vetores os insetos chamados de
flebotomíneos, que faz a ponte entre o
ciclo doméstico (cães e gatos são os
reservatórios) e o ciclo silvestre (vários
mamíferos, especialmente os canídeos,
são reservatórios).
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Toxoplasmose
É adquirida através da ingestão de ovos do protozoários. A
contaminação se dá de forma indireta, através do contato com
as fezes de felinos contaminados (os felinos são os
hospedeiros definitivos). Esse contato pode ser, inclusive,
através de hortaliças mal higienizadas.
Pode causar distúrbios neurológicos nos seres humanos,
podendo inclusive levar à cegueira.
Leptospirose
A contaminação se dá através da urina contaminada
de diversos roedores.
Febre amarela
A transmissão é intermediada por vetores (mosquitos Aedes
aegypti) e, como reservatórios, tem-se os primatas não
humanos no ciclo silvestre e o ser humano no ciclo urbano.
Os primatas são sentinelas, pois, a presença da doença entres
eles nos alerta a respeito do risco.
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Poluição patogênica
Poluição patogênica: é caracterizada pela contaminação por microrganismos de origem patogênica, tais como vírus,
bactérias, fungos, protozoários e vermes.
Os animais provenientes do tráfico e do comércio ilegal também são muito importantes para a trasmissibilidade das
zoonoses pois são mantidos em condições deploráveis, com restrição de comida e água, espaço inadequado e, além
disso, são retirados de uma determinada região e levados para muitas outras. Isso tudo faz com que a imunidade deles
seja suprimida, o que os torna mais propícios a desenvolver inúmeras doenças, inclusive doenças de caráter infeccioso.
Animais silvestres mantidos como animais de companhia preocupam os órgãos ambientais e setores de saúde pública,
devido à interação entre as espécies e seus patógenos na natureza, o que vem ocasionando surtos de doenças, como a
salmonelose.
Outras doenças relacionadas com animais silvestres:
● aves e répteis: enterobactérias
● furão: campilobacteriose, listeriose, sarna sarcóptica
● psitacídeos: Chlamydophila psittaci (psitacose)
● primatas: raiva, sarampo, herpesviroses, tuberculose
A poluição patogênica também está presente nos casos de animais silvestres mantidos em cativeiro de forma
legalizada. Porém, nesse caso, a transmissibilidade das zoonoses é desfavorecida pois os lugares que mantém esses
animais de forma legalizada (zoológicos, criadouros conservacionistas e científicos, centros de triagem e reabilitação,
etc) contam com assistência técnica especializada (veterinários e biólogos) que conhece a biologia dos animais e as
regras de biossegurança.
Ações de controle
As ações de controle, principalmente para quem lida com o manejo de fauna, são:
● EPI’s (jaleco, máscara, luvas, botas, repletas, etc)
● estudo constante da dinâmica das populações silvestres
● planejamento e avaliação periódica de técnicas de diagnóstico e ações de controle
● vigilancia entomológica
● divulgação de resultados e notificações de focos
● combate ao comercio ilegal de fauna silvestre
● educação ambiental
As medidas de controle de zoonoses dependem de cuidados individuais no contato com espécies selvagens e ações que
primam pela conservação da natureza. Também dependem do respeito das exigências legais para criação em cativeiro
e da fiscalização do tráfico dos animais silvestres, que precisam ser constantemente analisadas, reavaliadas e
divulgadas, trazendo melhorias à medicina da conservação e saúde pública.
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Medicina da conservação
É relativamente uma ciência nova, voltada para a medicina veterinária, a fim de
preencher uma lacuna de informações que existia no passado.
As ações realizadas pelos médicos veterinários que trabalham com medicina da
conservação são:
● investigação de doenças e diagnóstico, em casos ante e post mortem
● prevenção de doenças
● tratamento de doenças (em parceria com médicos humanos)
● pesquisa de doenças
● bem estar animal na captura, cuidado e realocação
One Health
One Health é uma abordagem colaborativa, multisetorial, transdisciplinar e coordenada, que tem o objetivo de
otimizar a saúde, reconhecendo a interconexão entre pessoas, animais, plantas e o ambiente compartilhado.
Atua através da implementação de programas, políticas, legislação e pesquisa.
Essa iniciativa surgiu devido aos danos causados por pressões antrópicas no ecossistema e na biodiversidade
Aborda, de maneira relevante:
● segurança alimentar
● controle de zoonoses
● combate de resistência a antibióticos
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