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História e Geografia do Acre pdf

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1. Anexação do Acre ao Brasil. 
Evolução política e administrativa do):\cf~· 
Movimentos de defesa da floresta d'o;~çr~., . 
Agricultura no Acre: das colôn.i~gt.:agricolas aos projetô~ de 
assentamento dirigidos. · · · · · 
Reservas extrativistas no Acre e desenyolvi"?ento sustentável. 
Fluxos migratórios no Acre. . ' ~ t ·t,- í. 
O espaço acreano: formação populacional, economia, espàçq da 
cidade, espaço do campo, meio ambiehtE! ~d:t~{~nv~lvimento no Acre.,\·'; 
o;tf~vo, clima, hidrografia, veg~Jijção, problemas ambierft~!s e 
apropriag:~o do espaço, o meio ambiênté. cqmo recurso ecónf>'mico: 
benefíciós e malefícios. · ,:,:,;, 
.. , ,_ 
l 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
1Anexação do Acre ao Brasil. 
TRATADO DE PETRÓPOLIS q. i \, 1-_._,_\ o; ' 1. - 1 -
o atual estado brasileiro do fl~re era, no~ do_ 
· éculo )QÇ, uma região, p~_i:tenc_e~te_.<3 BoHvia, que vinha 
~cupada por seringueiros brasileiros em plena 
· ~e oca de expansão da economia de extração da borracha. 
_ ep para resolver a tensão que se agravava, o Barão do 
< Rio Bra~cc:,_ di_rig(u_ -ª~, negociações que resultaram no 
Tra acf~~o~<>hs;)firmado em 17. de novem?ro de 
'f§ã3na cidade brasileira homônima, que formalizou a 
'·ncorporação do Acre ao território brasileiro, pelo que o 
, ~rasil pagou à Bolívia a quantia de ~ milhões de lil:l@ê_ 
. , esterlinas e_ indenizou __ o_ Botiv.ia_n SyMicate ,em .1:tQ_mlL 
: libras esterlinas pela _ resc.i~ã!L __ ç!o contrato de 
-?renaam~!?.Ji.'I11~~§m_l9QJcom ~ern()_tlglivian_q~ 
-1:111 contrapartida, cedia algumas terras no .. Mato 
'Grosso e comprometia-SEl a construir él E:?trada ~~ F_Eirr9 
tMadeirà.:Mª!I!9!'t para ·_eséõar à prqdução boli_viana pelo_ ·~ 
, ~9_ri_as.: __ 
·. Antecedentes 
· A região que corresponde ao atual estado brasileiro 
: do Acre era uma possessão da América espanhola, de 
acordo com o Tratados Hispano-Portugueses de 1750 
" (Tratado de Madrid), 1777 (Santo-Ildefonso) e 1801 
(Badajoz). Havia naquela região uma busca intensa. por 
látex, que fez gerar conflitos fronteiriços. Os seringueiros 
1.do Brasil subiram os rios Purus e Acre e ocuparam os 
. seus afluentes, estimulando assim o povoamento da 
- região. 
Com a Comissão Demarcadora de Limites, ocorrida 
em 1898, e após as independências da América Latina, o 
· Brasil reconheceu aquela zona como boliviana, através do 
. tratado de limites. No entanto, a região é de difícil acesso, 
@ e não houve efetiva ocupação boliviana. 
;r: O tratado determinava que a fronteira entre Brasil e 
Bolívia seria definida por uma linha reta entre a foz do rio 
'. ,. Abunã no rio Madeira e a nascente do rio Javari, ainda 
. 
1 
desconhecida. Portanto, a fronteira estava determinada, 
\! mas não era definitiva. 
. Algumas missões encarregadas de determinar a 
· nascente do Javari não tiveram sucesso, enquanto a 
· 'ocupação daquela parte do território boliviano por 
. seringueiros. brasileiros (em sua maioria, nordestinos 
. fugindo da seca) era um fato. 
~·· 
--~ 
1 
Pontos mais importantes 
~ . O tratado estabeleceu definitivamente as fronteiras 
1 · entre Brasil e Bolívia, compensando a anexação do Acre '' . *. 1 por meio da cessão de pequenos territórios próximos à foz 
i: 'do rio Abunã (numa região próxima ao Acre) e na bacia do 
,. no Paraguai, do pagamento da quantia de 2 milhões de 
\ ._ hbras esterlinas, o correspondente a, atualmente, 630 
j '. milhões de reais. 
'; ' Como a Bolívia perdeu, após guerra com o Chile, sua 
t : saída para o mar, dois artigos do Tratado de Petrópolis 
' obrigaram o Brasil e a Bolívia a estabelecerem um Tratado 
·de Comércio e Navegação que permitisse à Bolívia usar 
os rios brasileiros para alcançar o oceano Atlântico. Além 
disso, a Bolívia poderia estabelecer alfândegas em Belém, 
. 
~. Manaus, Corumbá e outros pontos da fronteira entre os 
í' ·dois países, assim como o Brasil poderia estabelecer 
Í' aduanas na fronteira com a Bolívia. 
{ · O Brasil assumiu também a obrigação de construir 
~ma ferrovia "desde o porto de Santo Antônio, no rio 
ade1ra, até Guajará-Mirim, no Mamoré", com um ramal 
que atingisse o território boliviano. Era a Estrada de Ferro 
·,.; CEPCON - Centro Prep'aratório para Concursos ] 
Madeira-Mamoré. Por fim, o Brasil se obrigava a demarcar 
a nova fronteira com o Peru. A licitação para a ferrovia foi 
realizada em 1905; as obras foram iniciadas em 1907 e 
concluídas em 1912. Além da questão territorial, havia um 
componente econômico em disputa: a fonte de uma das 
matérias-primas mais valorizadas no mercado 
internacional, o látex, responsável. pelos milhões de 
dólares movimentados pela indústria mundial da borracha. 
Ademais, o governo brasileiro presenteou o presidente da 
Bolívia com dois cavalos brancos. 
TRATADO DE AYACUCHO 
Conhecido por selar a paz entre o Brasil e a Bolívia, o 
Tratado de Ayacucho foi .assinado em 23 de Novembro 
de i 867 e conhecido por diversos nomes, principalmente 
Tratado da Amizade. Pelos tratados anteriores, de Madri e 
Santo Ildefonso, a fronteira da Bolívia chegava ao médio 
rio Madeira, próximo a cidade de Humaitá, no interior do 
estado do Amazonas, e abrangia o estado do Acre, o 
distrito de Extrema (localizado no estado de Rondônia) e 
grande parte do estado do Amazonas. Este tratado era 
composto por trinta artigos nos quais se declarava a paz 
entre os países e se estabeleciam relações amigáveis de 
navegação e tráfego, algumas que persistiram no Tratado 
de Petrópolis. 
Foram recuadas as fronteiras bolivianas a favor do 
Império Brasileiro, a partir dos rios Guaporé e Mamoré, 
passando por Beni e seguindo uma linha reta que recebeu 
o nome de Cunha Gomes. As embarcações bolivianas 
teriam acesso aos rios brasileiros a partir dali. 
Curiosidades 
• A cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos 
rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela 
2ª Seção brasileira, sediada na cidade de Corumbá-MS. 
p=7f 
Capitanias do Brasil - 1534. 
Divisão territorial do Brasil - 1789. 
O Tratado de Madrid foi firmado na capital 
espanhola entre D. João V de Portugal e D. Fernando VI 
de Espanha, a 13 de Janeiro de 1750, para definir os 
limites entre as respectivas colônias sul-americanas, 
pondo fim assim às disputas. O objetivo do tratado era 
substituir o de Tordesilhas, o qual já não era mais 
respeitado na prática . 
As negociações basearam-se no chamado Mapa das 
Cortes, privilegiando a utilização de rios e montanhas para 
demarcação dos limites. O diploma consagrou o princípio 
do direito privado romano do uti possidetis, ita possideatis 
( quem possui de fato, deve possuir de direito), delineando 
os contornos aproximados do Brasil de hoje. 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
r 
Antecedentes do Tratado 
Tratados Anteriores 
• Bula Inter Ccetera (1493). 
• Tratado de Tordesilhas (1494). 
• Capitulação de Saragoça ( 1529). 
• Tratado Provisional de Lisboa (1681 ). 
• 2° Tratado de Utrecht (1715). 
Colonização do Brasil e a União Ibérica 
Com a União Ibérica (1580-1640), apesar dos 
respectivos domínios ultramarinos continuassem 
separados teoricamente, é certo que tanto espanhóis 
entravam sem 'grandes · problemas em territórios 
portugueses, quanto os lusitanos entravam em terras 
espanholas se estabelecendo e com isso obtendo títulos 
de propriedade que seriam respeitados pela diplomacia 
posterior. Esta ótica da questão de fronteiras durante a 
União é inexata, já que continuou existindo uma rivalidade 
entre os dois povos, porém isso explica em parte esta 
expansão. Iam se estabelecendo, assim, algumas das 
futuras fronteiras terrestres do Brasil. 
Pela orla marítima os portugueses estenderam seus 
domínios da Baia de Paranaguá ao Rio Oiapoque (antes 
os extremos no litoral eram Cananéia e Itamaracá). 
Também nesse período conquistaram-se muitas regiões 
do Nordestee do Norte (da Paraíba ao Grão-Pará e quase 
toda a Amazônia) e do Sul (onde bandeiras dH caça ao 
índio destruíram assentamentos jesuíticos espanhóis nos 
atuais oeste paranaense, no centro do Rio Grande do Sul 
e no Mato Grosso do Sul, o que contribuiu para incorporar 
esses territórios ao atual Brasil). 
Durante a União Ibérica, o Brasil continuou a ser alvo 
de estrangeiros como os franceses, porém os maiores 
inimigos foram os holandeses - que até 1571 tinham seu 
território dominado pela Espanha, o que motivou sua ação 
contra os espanhóis e seus aliados. Apesar da força com 
que invadiram e se estabeleceram no Brasil, 
principalmente na faixa litorânea que hoje _vai do Espírito 
Santo ao Maranhão e de modo peculiar em Pernambuco, 
eles foram definitivamente expulsos em 1654 (14 anos 
após a Restauração de Portugal como reino 
independente). 
Após a restauração em 1640, a paz entre Portugal e 
Espanha foi firmada em 1668. Portugal, ainda não havia 
desistido de estender seus domínios até a foz do Prata e o 
rei ordenou em 1678 a fundação de uma colônia (Colônia 
do Sacramento) naquela região para sustentar e afirmar 
seus direitos sobre a localidade. Após alguns atritos o 
soberano espanhol concedeu o inteiro domínio da margem 
setentrional do rio da Prata e em 1715 no tratado de 
Utrecht, confirmou que o Prata era o limite ao sul do 
Brasil. 
O resultado final desses tratados e de outros que 
viriam foi fruto da colonização portuguesa desde o século 
XVI até o XIX que ao penetrar o território, seja por motivos 
econômicos (mineração na região mais central - Minas, 
Mato Grosso e Goiás -, pecuária no sertão nordestino e 
no sul do Brasil e coleta de produtos da floresta, 
associado à facilidade de navegação da Bacia Amazônica) 
ou rehg1osos (como é o caso das missões jesuítas, 
franciscanas e · carmelitas que estiveram em diversas 
partes do Brasil), expandiu os domínios portugueses de 
norte a sul e pelo uti possidetis adquiriu terras que antes 
não lhes pertenciam. A definição geral dos limites 
ocorreria em 1750 com o tratado de Madrid. 
O Tratado 
O Tratado de Madrid foi a primeira tentativa de pôr 
fim ao litígio entre Portugal e Espanha a respeito dos 
limites de suas colônias na América do Sul. 
CEPCON - Centro Preparatório para Concursos 2 
Com as epopéias dos bandeirantes, desbravando 
interior do Brasil, criando pequenos povoamentos 
0 
validade do antigo Tratado de Tordesilhas estava 'e a 
xeque. m 
O novo Tratado tinha por objetivo "que se 
assinalassem os limites dos dois Estados, tomando p 
balizas as paragens mais conhecidas, tais como a origeor 
e os cursos dos rios e dos montes mais notáveis, a fim: 
que em nenhum tempo se confundissem, nem desse~; 
ensejo a contendas, que cada parte contratante ficass, · 
com o. território que _no momento possuísse, à exceÇão 
das mutuas concessoes que nesse pacto se iam fazer 
que em seu lugar se diriam". e 
Assinad_o em 1750 o tratado não usava as linhas 
:onven~10na1s, mas outro conceito de fronteiras, 
1ntroduz1do neste contexto por Gusmão, a posse efetiva d 
terra (uti possidetis) e os acidentes geográficos co~ 
limites naturais. 
-ate en 'na po, 
habita, 
E1 
espant 
;mpedic 
protest 
homeir 
u, 
de fev, 
geográ 
tanto lu 
aquele, 
Tratadc 
novo tr.: 
o, 
Madrid. 
Capde, 
diplome Com trabalhos apresentados à Corte espanhol, : 
Alexandre de Gusmão comprovou que as usurpações 1 
luso-esp_anholas em relação à linha de Tord_esilhas (1494)' Consec 
eram mutuas, com as portuguesas na Amarica (parte da,' • Perm 
Amazônia e do _Centro-oeste) sendo compensadas pelas I Sete Pc 
da Espanha na Asia (Filipinas, Marianas e Malucas). 1 • Revo, 
Apesar de Tomás da Silva Teles (Visconde de v~1 • Cons, 
Nova de _Gerveira) ter representado Portugal, Alexandie posse 1 
de Gusmao foi o redator do Tratado e. o idealizador da exclusiv 
aplicação do uti possidetis. • Provo 
Em 17 46, quando começaram as negociações; José (S, 
diplomáticas a respeito do Tratado, Alexandre de Gusmão 1756). ~ 
já possuía os mapas mais precisos da América do Se de Cait 
que encomendara aos melhores geógrafos do Reino. E~ índios. 
um dos trunfos com que contava para a luta diplomática ' Motive 
que duraria quatro anos. Brasil. E 
Alexandre sabia que os espanhóis jamais deixariam • Motive 
• Cause 
Salvado. 
em paz uma colônia (Colônia do Sacramento) que Ih~ 
prejudicava o tesouro. Além disso, descobrira-se ouro no 
Brasil, não sendo preciso entrar em conflitos por causada • Criou 
prata peruana. Para a compensação, já tinha em vista& do Sul. 
terras convenientes à coroa portuguesa: os campos dos • Deu a 
Sete Povos das Missões, Oeste do atual estado do Ro • Motive 
Grande do Sul, onde os luso-brasileiros poderiam Forte do 
conseguir grandes lucros criando gado. • Definil 
Finalmente, em Madrid, a 13 de janeiro de 17~ a Argent 
firmou-se o tratado: Portugal cedia a Colônia do 
Sacramento e as suas pretensões ao estuário da Prata,e As 
Tratado 
por part, 
Antes d. 
Badajoz 
ocorrerar 
em contrapartida receberia os atuais estados de sarna 
Catarina. e Rio Grande do Sul (território das missÕ€' 
jesuíticas espanholas), o atual Mato Grosso do Sul, 1 
imensa zona compreendida entre o Alto-Paraguai, i 
Guapo ré e o Madeira de um lado e o Tapajós e T ocantill!
1
'. 
do outro, regiões estas desabitadas e que ni 
pertenceriam aos portugueses se não fossem J
1 
negociações do fratado. 
Foi meio continente assegurado a Portugal P" 
atividade de Alexandre de Gusmão. Para a região mi 
disputada, o Sul, o santista já enviara, .em 1746, casais~ 
açorianos para garantir a posse do terreno. Era uma no~ 
forma de colonização que Alexandre preconizava, atra~ 
de famílias que produzissem, sem precisar de escravos.! 
Os primeiros sessenta casais fundaram o Porto dti 
Casais, mais tarde Porto Alegre. ' 
O tratado foi admirável em vários aspecto! 
Determinou que sempre haveria paz entre as colôn~ 
americanas, mesmo quando as metrópoles estivessem' 
guerra. Abandonou as decisões tomadas arbitrariarne/n: 
nas cortes européias por uma visão mais racional M 
fronteiras, marcadas pelos acidentes naturais do terreno:· 
1.,,,,,,, 
a posse efetiva da terra. . Lirn·t 
O 
. . . d , , es 0 
prmc1p10 romano de uti possidetis deixou e leste 
referir à posse de direito, determinada por tratados, ,~ ~ 
C[PCQN 
b 
e espan 
s usurp 
esilhas ( 
rica (pa 
msadas 
olucas). 
;onde de 
1al, Alex 
dealizad 
os 
iiro 
Colônia 
ioda Pra 
los de 
das 
so do 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
. ntão tinha sido compreendido, para se fundamentar 
te eosse de fato, na ocupação do território: as terras 
a P rt bitadas por portugueses eram po ~~u~sas. . , 
ª Entretanto o tratado logo fez 1nim1gos: os Jesu1tas 
anhóis, expulsos das Missões, . e os comerciantes 
sp didos de ·contrabandear no no da Prata. Seus 
Pt stos encontraram um inesperado apoio no novo 
':o:m forte de Portugal: o Marquês de Pombal. 
. um novo acordo - o de EI Pardo -, firmado em 12 
fevereiro de 1761, anulou o de Madrid. Mas as bases 
:ográficas e os fundamentos jurídicos por que Alexandre 
to lutara em 1750 acabaram prevalecendo e, em 1777, 
ueles princípios anulados em EI Pardo ressurgiram no 
ratado de Santo Ildefonso. A questão foi ainda objeto de 
ovo tratado do Pardo, a 11 de março de 1778. 
Devido ao sucesso obtido por Gusmão no Tratado de 
rid, mais tarde o historiador paraguaio padre Be~nardo 
apdeville se referiria a este como "a vergonl'\a da 
iplomacia espanhola". 
onseqüências 
Permuta da Colônia do Sacramento pelo território dos 
ele Povos das Missões; 
• Revogou o Tratado de Tordesilhas; 
; consagrou o princípio do uti possidetis ( quem tem a 
posse tem o domínio); deu à Espanha a navegação 
xclusiva no Rio da Prata; . 
Provocou a reação indígena guarani, com o cacique 
osé (Sepé) Tiaraju, surgindo a Guerra Guaranítica (1752-
1756). Sepé foi morto três dias antes da última batalha, a 
de Caibaté, onde morreram combatendo mais de 1700 
ios. 
Motivou a vinda de casais açorianos para o sul do 
sil. Em 1752,foi fundada Porto Alegre. 
Motivou o aumento do poderio militar português no sul. 
Causou a mudança da capital do Vice-Reino de 
alvador (BA) para o Rio de Janeiro. 
Criou a Capitania D'EI Rey de São Pedro do Rio Grande 
do Sul. 
• Deu a Portugal a posse da Amazônia. 
Motivou a construção do Forte Príncipe da Beira, do 
orte do Macapá e do Forte de Tabatinga, entre outros. 
Definiú o rio Uruguai como fronteira oeste do Brasil com 
Argentina. 
As demarcações das fronteiras impostas pelo 
Tratado de Madrid sofreram resistência, particularmente 
por parte dos índios guaranis, insuflados pelos jesuítas. 
ntes da sua confirmação, ocorrida pelo Tratado de 
adajoz (1801 ), os seguintes Tratados intermediários 
correram: 
LIMITES 
"•·. i 
5C 1ÕOmi 
n:t' a so H,'O ,j,(J ~ ... 
. '., '. 
~imites os estados do Amazonas a norte, Rondônia a 
este, a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e oeste. 
3 
d~vo.1,u,ção política e administrativa do 
. Acre. 
Do século XV ao século XIX 
Do estabelecimento do Tratado .de Tordesilhas até o 
século XIX, o atual estado do Acre fazia parte da América 
espanhola de acordo com os Tratados Hispano-
Portugueses: 
• Tratado de Madrid (1750) 
• Tratado de Santo Ildefonso (1777) 
• Tratado de Badajoz ( 1801 ) 
Após a independência das colôniás espanholas, o 
Brasil reconheceu aquela área como boliviana através do 
tratado de limites de 1867. 
Apesar · disso, não havia nenhuma ocupação do 
território por parte da Bolívia, em parte por ser uma região 
de difícil acesso por outro caminho que não a bacia do Rio 
Amazonas. 
Em virtude da abundância da seringueira e do ciclo 
da borracha que estava se iniciando, colonos brasileiros 
iniciara·ní a ocupação do Acre em 1852, tendo essa 
imigração atingido proporções muito grandes a partir de 3 
dé abril de 1877. 
Nessa época o presidente Aniceto Arce, da Bolívia, 
foi· aivo de um golpe de estado comandado pelo então 
Coronel José Manuel Panda. Este, derrotádo, se refugiou 
no Acre, ocasião em que percebeu que a ocupação 
brasileira já tomava proporções alarmantes. 
Pando que, como general, veio governar a Bolívia de 
1899 · a 1904, alertou as autoridades · bolivianas e 
iniciaràm0 se as manobras diplomáticas. 
Em 1898, a Bolívia enviou uma missão de ocupação 
para o Acre causando, em 1° de maio de 1899, uma 
revolta· armada dos colonos brasileiros que receberam o 
apoio do governo do Estado do Amazonas. 
Revolução Acreana 
Mapa da América do Sul em aleíJlãO de 1899 
mostrando a região que viria a formàr.·o Acre ainda 
como território boliviano 
Pressionados pelo advogado José ·carvalho, os 
bolivianos foram forçados a abandonai- a região. Para 
evitar a sua volta, o governador do Amazonas Ramalho 
Júnior organizou o ingresso no Acre de ütna unidade de 
aventureiros comandadas pelo espanhol Luis Gálvez 
Rodríguez de Arias. 
Gálvez partiu de Manaus em 4 de junho de 1899 e 
chegou à localidade boliviana de Puertó Aionso, a qual 
teve seu nome mudado para Porto Acre, onde proclamou 
a República do Acre em 14 de julho de 1899. Apesar disso 
o governo brasileiro, com base no tratadó ·internacional de 
---·-·~--·----. -~,--,-.,--,-~ . . ,···' 
f 
1 
b-.. 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
Ayacucho assinado em 1867, considerava o Acre como 
território boliviano e enviou tropas que dissolveram a 
República do Acre em 15 de março de 1900. 
Um motivo complementar para o interesse de 
Ramalho Júnior na ocupação do Acre foi o fato de Galvez 
ter descoberto a existência de um acordo diplomático 
entre a Bolívia e os Estados Unidos estabelecendo que 
haveria apoio militar norte-americano à Bolívia em caso de 
guerra com o Brasil. 
Nessa época a Bolívia organizou uma pequena 
missão militar para ocupar a região. Ao chegar em Porto 
Acre ela foi impedida pelos seringueiros brasileiros de 
continuar o seu deslocamento. Os brasileiros receberam 
apoio do governador do Amazonas, Silvério Néri, que 
enviou uma nova expedição, a Expedição dos Poetas, sob 
o comando do jornalista Orlando Correa Lópes, que 
proclamou a Segunda República do Acre em novembro de 
1900, tendo Rodrigo de Carvalho assumido o cargo de 
presidente. 
Um mês depois, em 24 de dezembro de .1900, os 
brasileiros foram derrotados pelos militares bolivianos e 
esta segunda república também foi dissolvida. 
Apesar dos dois países negarem o acordo com os 
Estados Unidos citado anteriormente, em 1901 a Bolívia 
assinou um contrato de arrendamento do Acre com um 
sindicato de capitalistas norte-americanos e ingleses. Pelo 
contrato, o grupo, chamado de Bolivian Syndicate, 
assumiria total controle sobre a região, inclusive militar. 
Nessa ocasião governava a Bolívia o general José Manuel 
Panda. 
Em 6 de agosto de 1902 um militar gaúcho chamado 
José Plácido de Castro foi enviado ao Acre pelo 
governador Silvério Néri e iniciou a então denominada 
Revolução Acreana. Os rebeldes imediatamente tomaram 
toda a região, exceto Porto Acre que somente se rendeu 
em 24 de janeiro de 1903. 
Três dias depois, 27 de janeiro, foi proclamada a 
Terceira República do Acre, agora com o apoio do 
presidente Rodrigues Alves e do seu Ministro do Exterior, 
o Barão do Rio Branco, que ordenou a ocupação do Acre 
e estabeleceu um governo militar sob o comando do 
general Olímpio da Silveira. 
Na Bolívia, o general Panda enviou tropas para 
combater os ir:wasores brasileiros. Entretanto, antes que 
acontecesse algum combate significativo, em 
conseqüência do excelente trabalho da diplomacia 
brasileira comandada pelo Barão do Rio Branco, os 
governos do Brasil e da Bolívia assinaram em 21 de 
março de 1903 um tratado preliminar, ratificado pelo 
Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903. 
Pelo Tratado de Petrópolis, a Bolívia abria mão de 
todo o Acre em troca de territórios brasileiros do Estado de 
Mato Grosso mais a importância de 2 milhões de libras 
esterlinas e a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, 
ligando os rios Mamoré (em Guajará-Mirim-RO, na 
fronteira Brasil-Bolívia) e o Madeira (afluente do rio 
Amazonas, que corta a cidade de Porto Velho, em 
Rondônia), com o objetivo de permitir o escoamento da 
produção regional, sobretudo de borracha. Joaquim 
Francisco de Assis Brasil participou ativamente das 
negociações com a Bolívia, tendo representado o governo 
brasileiro em sua assinatura.· 
O Tratado de Petrópolis, assinado em 1903 pelo 
Barão do Rio Branco e Assis Brasil, foi aprovado por lei 
federal de 25 de fevereiro de 1904, regulamentada por 
decreto presidencial de 7 de abril de 1904, incorporando o 
Acre como território brasileiro. 
Plácido de Castro, que faleceu em 11 de agosto de 
1908, foi primeiro presidente do território do· Rio Branco, 
elevado à condição de Estado do Acre em 15 de junho de 
1962. Tanto Rio Branco como Assis Brasil e Plácido de 
CEPCON - Centro Preparatório para Concursos 4 
Castro estão homenageados no Acre com os nomes de ~ 
sua capital (Rio Branco)e de dois municípios (Assis Brasil· Est 
e Plácido de Castro). pov 
Revisão de litígio 
Em 4 de abril de 2008, o governo do Acre vence uma . 
disputa judicial com o estado do Amazonas, à respeito de 
uma disputa territorial que se arrastava há 26 anos no , 
complexo florestal Liberdade, Gregório e Mogno. 
sen" 
pert 
Enq 
Rev 
/nde 
pela 
Esta 
subc 
gera 
Mas 
O motivo foi que a Linha Cunha Gomes, demarcada 1 
ao início do século XX para servir de fronteira entre ~ / 
dois estados, foi traçada imprecisamente, pois em meados 
da década de 1940, descobriu-se que parte dos 
municípios Tarauacá, Feijó e Sena Madureira, que dev~ 
pertencer ao Acre ( e que inclusive estiveram presentes ria 
história deste estado), estava dentro do território 
amazonense. Foi então adotada provisoriamente pelo levar 
IBGE uma linha quebrada com quatro segmentos em . 
1942. , Bran 
Ourante o século passado ouve várias situações em 
1
' Segu 
entre que os municípios tiveram administração conjunta entre os 
1
, 
Distri dois estados. Ao final da década de 1990, o IBGE Acre 
começou a apoiar o pedido do Acrede receber os j 
1930 territórios definitivamente, cuminando na decisão do 
Supremo Tribunal Federal de anexar a zona de litígio ao I apelic 
Acre. (unior 
A transferência do território também se deve ao fa!o ! 1 
de esses municípios terem grande distância em relação a· ~:~~ 
capital Manaus, o que dificulta e encarece a 
administração. Duele 
A desproporção em relação ao tamanho do território 1 
dos estados brasileiros já havia causado polêmica em: desta~ 
relação ao sentido que tem a divisão territorial do país,ol Estadc 
que contribuiu para a formação de estados mais recente5 1 PS 
como o Mato Grosso do Sul, Roraima, Amapá ,, D, 
1 depute 
Tocantins. , c 
Na época em que o Acre foi anexado ao Brasil, três. riva/idc 
estados (Mato Grosso, Amazonas e Pará) ocupavam; aprese 
aproximadamente metade do território nacional. Assim o, 19S?. , 
aumento do território acreano reflete a vontade dll: usada 
equalizar as proporções territoriais entre os estados. . eleitore 
A sede (a área urbana) dos municípios que perderam. 0 
tais territórios, no entanto, continua do lado territoria" contra 
amazonense, uma condição que foi necessán·a para: ficasse 
apressar o fim do impasse. renúnci 
Ao total, seis municípios no Sul do Amazonas fora~: Goulart 
atingidos com a decisão (alguns surgiram ao longo oc EI< 
século XX), são eles: Envira, Guajará, .· Boca do Acre de Osc 
Pauni, Eirunepé e lpixuna. A redefinição da Linha Cuni propost 
Gomes consolidou a inclusão de 1,2 milhão de hectare!; oposiçã 
do complexo fiorestal Liberdade, Gregório e Mogno ,
1 
não to, 
território do Acre. Santos, 
1 
Fo; 
Acre: Estado conquistado a ferro e fogo , especia 
Tancredo Neves foi o padrinho da elevação ~ hoje viv, 
Território do Acre a Estado nos 100 dias em que \ horas v, 
primeiro-ministro do Brasil i Vivos a J 
· rnuitas t 
na épo 
Guioma, 
1 ª Promu 
í Memoria 
··-· , •• - 1 Ele 
Foto retrata solenidãde realizada na -esplanada do, tivesses 
Palácio Rio Branco no governo de Guiomard sant~ que chec 
forças .~ 
"Abri as portas de um novo Estado, está dadi redaç;Í0 · 
primeiro passo, eu creio nos acreanos. Eles caminha~ casa locé 
para o progresso", afirmou enfaticamente o senador Jir Ela 
Guiomard Santos logo depois de ver promulgada P~ ªPreclaçf 
presidente João Goulart a lei 4.070, que no dia 15·::::--_c 
EPCON 
b 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
. hO de 1962 elevou o Território do Acre à categoria de 
~;tado, dando autonomia política e financeira ao seu 
positiva exercida por dona Lydia sempre ao lado do 
marido realizando obras sociais e apoiando suas lutas." 
pov°i:stava vencida naquele momento a luta iniciada 
durante a Revolu~ão Acreana quando o exército 
Embora fossem adversários ferrenhos nos palanques 
e professassem ideologias e propostas inconciliáveis, não 
eram inimigos no campo pessoal, recorda Lauro. "Eles 
disputavam palmo a palmo seus espaços, atacavam-se 
políticamente e em suas propostas, mas no campo 
pessoal eram amigos e se respeitavam. Eram outros 
tempos. 
ringueiro tomou a força de bala estas terras que 
vence U!)la r s:rtenciam à Bolívia para incorporá-las ao Brasil. 
:ispeitoW/ ; ~nquanto as coisas se resolviam, o comandante da 
· anos li) ; Revolução, coronel José Plácido de Castro, criou o Estado 
). ' independente do Acre, demonstrando o firme propósito 
demarca11a pela autonomia da nova unidade que se formava. Acre Autônomo: 41 anos de Históría 
ra entrellll Autonomia logo abafada com a transformação do A luta da Revolução Acreana pela independência e 
3m m_ead9i Estado em Território totalmente dependente e autonomia e o apelo dos nordestinos que aqui se 
Parte d'1:t_ fi ., subordinado à União, que se bene ciava da fortuna instalaram para colher seringa no final do século XIV só 
, que d~! ~ gerada pela economia da borracha. vieram produzir os resultados desejados sessenta anos 
·esentesna Mas não tardou para que de 1904 a 1920 a população se após o início da revolução qüe conquistou a anexação ao 
J territ~ levantasse em armas contra aquela s\tuação. Brasil. 
nente p""e" á , Em 1918 houve batalhas nas' ruas da atual Rio H exatos 41 anos, o presidente da República João 
Tientos .1 Branco e muitos morreram quando os moradores do Goulart assinava em Brasília a Lei 4.070, que elevou o _ 1 , segundo Distrito, que defendiam a elevação a Estado, território do Acre à categoria de Estado e o Acre 
tuaçoes ~ enfrentaram os moradores de Penápolis (Primeiro conquistou a autonomia para escolher seus dirigentes, 
nta entreJS . Distrito), os unionistas, que defendiam a permanência do arrecadar impostos e estabelecer suas leis. 
O, 0 1Bj I Acre como Território. Essa arenga ganhou mais calor de Até então, o Acre, mesmo tendo conquistado sem 
rec~~er1AI •• 1930 a 1946, quando os militantes da Legião Autonomista, apoio do governo federal o direito de ser Brasil, ainda não 
jeci~?~ ;ilJ: ,: apelidados "urucubacas", e os do Partido Construtor tinha recebido o prêmio merecido: a garantia de elaborar 
je iltigio.,ao 1. (unionistas) eram o "Corocas". sua própria Constituição e muito menos eleger seus 
1 A luta teve continuidade e ganhou novas proporções governantes. 
eve ao _f! a partir de 1946 com a criação do PTB, que era contra e O dia 15 de junho de 1962 é, sem sombra de dúvida, 
m relaçap'a do PSD, a favor da autonomia. a segunda data mais importante da história deste Estado 
ncarece ';_ª· · (a primeira é Seis de Agosto, o início da Revolução). Hoje, 
'I Duelo de Titãs 41 anos após a assinatura da lei, a data ganha uma 
do territóiiõ Logo a figura do general Oscar Passos, líder do PTB, dimensão maior ainda com os novos rumos que o Estado 
Jlêmica ; destacou-se na luta contra a elevação do Território a do Acre (autônomo) tomou rumo à autonomia econômica. 
11 do paísfa Estado, o que era defendida pelo então presidente do Não é à toa que este ano o povo está celebrando 
3is recen'!ts PSD, ma1·or Jose· Gu1·omard dos Santos, e1e·1'to e reele1·to· · d d d' · · d · h essa passagem es e o 1a primeiro e Jun o, com uma 
Amapá're ' deputado federal com a promessa da elevação. série de atos e celebrações organizadas pelo Governo da 
• '. •. 
1 Os dois lados, na verdade, queriam a autonomia. A Floresta. 
' Brasil, tr: , rivalidade ganhava corpo porque foi José Guiomard quem Governo que desde seu início vem não só 
ocup~va: · apresentara o projeto de lei ao Congesso Nacional em promovendo uma série de ações de cunho social e 
ial. Assim;9 1957. A defesa de um ou outro ponto de vista foi a forma econômico, mas também de resgate da memória de um 
~ontade :_. , usada pelos dois líderes políticos locais pa·ra atrair seus povo 'tinhoso' que não desiste de buscar seus objetivos e 
:adas. ·i , eleitores. não se rende fácil à pressão de quem não tem nenhum 
ie perd_erci.~ 
1 
Oscar Passos exerceu uma oposição competente interesse em fazer nesta terra tudo que ela merece ter. 
lo ternt01 • contra José Guiomard, conseguindo que seu projeto de lei Porque é dela toda a riqueza que a própria natureza lhe 
ssána pa~ ; ficasse amarrado até 1962, quando a crise política levou à concedeu. 
t renúncia do presidente· Jânio Quadros, levando João O movimento dos autonomistas (no sentido mais 
rnnas fora~· Goulart à Presidência. · · amplo da palavra) começou antes mesmo da Revolução. 
10 longo·~ Ele convenceu o presidente Jango, que era do PTB Não acabou com o seu final, continuou -após ela, e ainda 
:a do Acre,; de Oscar Passos, a assinar a promulgação da lei 4.070 seguiu mesmo depois da elevação a Estado.' Na verdade, 
.mha Cun'I: proposta por Guiomard, que era do PSD, ou seja, da continua até hoje. 
de hectare: oposição. Isso não teria acontecido naquele momento se A busca agora do povo acreano, sob o comando do 
Mogno jº não fosse o apoio de Tancredo Neves", explica Lauro governador Jorge Viana, é pela autonomia econômica e 
f Santos, neto do senador José Guiomard Santos. também cultural, política é social. Após 41 anos de 
• Formado em administração de empresas . com história, o Acre já entrou no caminho certoem busca de 
1 especialização na Fundação Getúlio Vargas, Lauro Santos um novo processo de trabalho para completar os objetivos 
ilevação ~ hoje vive no Acre, onde trabalha no Sebrae e aproveita as da Revolução de 1902. 
em que W , horas vagas para conversar com os autonomistas ainda A Revolução Acreana e o movimento dos 
i vivos a fim de resgatar a história do avô. "Conversei e ouvi autonomistas continuam até hoje no/sangue do povo 
1 muitas histórias de meu pai, José Aires dos Santos, que acreano e não vão sair enquanto não éonseguirem tudo o 
Í na época era cadete da Aeronáutica e presenteou que querem e merecem. 
Í Guiomard com a caneta Parker que ele usou para assinar Esse encarte sobre os 41 anos de Estado autônomo 
i. ª promulgação da lei 4.070 e que hoje está exposta no do Acre tem como objetivo registrar a passagem dessa 
f Memorial dos Autonomistas." data como marco de um novo tempo. Pretende também 
. Ele lembra que, embora Guiomard fosse mineiro e fortalecer na memória de todos nós, quais eram os 
anada do! tivesse sido nomeado em 1946 para governar o Acre, logo objetivos, qual era a busca dos nossos antepassados. 
ard Santo~ que chegou abraçou a causa autonomista com todas suas Queremos reacender um pouco do que herdamos, a 
·1 forças. "Segundo o Agnaldo Moreno, ele teria iniciado a nossa identidade de povo da Amazônia que ama sua terra 
3stá dado:º redação da proposta de lei de elevação do Acre numa e quer exercer plenamente os direitos de todos os 
caminha~ casa localizada junto à gameleira, no Segundo Distrito. cidadãos brasileiros. Somos acreanos e temos vocação 
,enador Jost .: Ela foi aperfeiçoada depois e apresentada para para o progresso com sabedoria. Temos orgulho de nós 
1ulgada peiOi apreciação no Congresso. Todos destacam a influência mesmos, do nosso jeito, do que fomos e do que somos. 
o dia 15 dei;;;::::--------------------....,,...---------------------
----1 CEPCON - Centro Preparatório para· Concursos 5 
; 
{ 
• .,, 
~' :' 
João Goulart 
1962 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE T ..-e-
assina a Lei 4.070 em 15 de junho de nação brasileira. Não há dúvida que o Brasil fleou · G~~ 
Em 1904, dois anos após o início da Revolução 
Acreana o Governo Federal Brasileiro transforma o Acre 
em Território Federal. A denominação de território foi um 
modelo inédito criado pela federação brasileira a partir de 
modelos argentinos e norte-americanos. 
Segundo esse regime político-administrativo, os 
habitantes não dispõem dos mais elementares direitos de 
cidadãos. Não se elegem os governantes, não se pode 
constituir leis e não se recolhem impostos regionais 
(somente impostos federais). 
Ou seja, a solução encontrada pelo Governo Federal 
atingiu em cheio a honra de todos os acreanos que 
acabavam de ter saido de uma guerra pela anexação ao 
Brasil e pela autonomia como estado federativo. Ao invés 
disso, fomos obrigados a aceitar governantes nomeados 
pelo governo central. 
Em sua maioria políticos derrotados que precisavam 
de alguma função pública. Vinham para o Acre trazendo 
seus protegidos e ocupavam a maioria dos cargos 
públicas, enquanto o povo amargava a obediência ao 
poder central sem direito a voz nem voto. 
Segundo alguns historiadores, a decisão do governo 
federal teve como justificativa as disputas entre os estados 
do Pará e Amazonas. Além disso, o governo central 
alegou que teve altas despesas com a anexação, já que 
teria pago indenização à Bolívia. 
Nada disso importava ao povo acreano. A única coisa 
que importava e pelas qual lutávamos era pelo direito de 
ser cidadão brasileiro. A partir daí iniciam-se novos 
movimentos de resistência. Houve mortes. Os 
autonomistas expulsaram membros federais em Cruzeiro 
do Sul. Mas ainda foram precisos 58 longos anos, desde a 
criação do território, até que os acreanos pudessem 
exercer sua cidadania. 
Em 1934, na era Vargas, o Acre alcança o direito de 
eleger Deputados Federais regularrrente, até que em 
1957, o deputado federal pelo Acre, José Guiomard 
Santos, prepara o projeto de Lei de elevação do Acre a 
Estado. O projeto é apresentado no mesmo ano na 
Câmara Federal para apreciação. 
Acre Estado: início da revolução 
que mudou o mapa do Brasil 
O ideal dos- revolucionários acreanos do inicio do 
século XX eram claros. Mesmo com a falta de apoio do 
governo federal, que pronunciou-se contra a disputa com 
a Bolívia, eles (os brasileiros, sobretudo cearenses, que 
aqui se firmaram) decidiram conquistar de fato a terra que 
escolheram para trabalhar, construir suas moradias e 
sustentar suas famílias. 
Diante da negativa do governo federal e da 
impossibilidade de exercerem seu patriotismo (pois se 
rendessem aos bolivianos corriam o risco de perder a 
propriedade de suas terras, sem falar dos impostos que 
teriam que pagar ao governo boliviano) eles decidiram 
lutar bravamente para continuarem sendo brasileiros. 
Queriam ser anexados ao Brasil como estado autônomo 
da federação. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis, 
em 17 de novembro de 1903, o Acre é anexado ao Brasil, 
mas na condição de território. Os· revolucionários 
ampliaram o mapa do Brasil, foram os únicos brasileiros 
que lutaram para fazer parte dessa nação, mas como 
prêmio ganharam a submissão ao governo central. 
Na época, o Acre era o maior produtor de borracha, 
exportava para os principais países industrializados, mas 
toda a arrecadação dos impostos ia para os cofres 
federais. 
Era uma situação humilhante para um povo que tinha 
lutado pela independência, lutado pela soberania e pela 
fortalecido com a anexação. O prêmio para a luta dos (P 
revolucionários foi a submissão aos mandas e desmandas·· sobr 
do governo federal, longínquo e desconhecedor da , 
realidade locai. ! cont 
! 
Dois mov~mentos autonomistas marcaram a luta após l sain, 
a revoluçao I próp 
Diante da decisão do governo federal, em 1904, de I reali 
tran~formar o Acre em território federal, surgiram os l venc 
movimento autonomistas. Por diversas vezes os acreanos con~ 
se revoltaram e deram início a movimentos de 
contestação, uns mais radicais outros mais brandos, que 
pediam Principalmente autonomia política para 08 
acreanos. Queríamos ter os mesmos direitos que qualquer 
AU9 1 
entã 
prim 
outro brasileiro de votar e de escolher os próprios e 
governantes. n 
Os movimentos autonomistas foram marcantes na · 
história do Acre. A primeira fase desse movimento dura 
até 1920. Essa fase foi caracterizada por revalias 
expulsões e vitimas fatais. Começaram pela região d; ' 
Juruá. A população em 191 O se revoltou contra o novo pro, 
prefeito departamental escolhido para a região. abe, 
EI . ~ e era acusado de irregularidades administrativas. 
Os juruaenses pegaram em armas e depuseram a prirr 
·d d a e, auton a e federal ocupando o poder por 100 dias. O 
Am< governo federal chegou a mandar tropas regulares para 
combater os revoltosos autonomistas. Mas o movimento govi 
do Juruá ficou isolado. 
Só em 1913 movimento semelhante ocorreria no violí 
Purús. Em 1918 seria a vez da luta autonomista chegarao fora 
vale do Acre, em Rio Branco, que protestou intensamenle a de 
contra a manutenção daquela absurda situação de 
b. ~ su Jugação ao governo federal. 
Depois disso, a reforma política de 1920 que unificou con 
as quatro prefeituras departamentais em um único ~errr: 
governo territorial serviu para sufocar essas rebeliões e 
acalmar o vale do Acre que foi beneficiado pela reforma, já ' 
déc que para capital do território foi escolhida a cidade de Rio · 
Branco. ine~ 
A segunda fase tem sua origem em 1934 quando º1 am; 
Acre alcança O direito de eleger dois deputados federai, . 
A rt. . I uso pa 1r daí, com acesso ao Congresso Naciona, os 
1 
acreanos p·areciam ter a possibilidade de reverter a mo 
situação legalmente. Mas ainda não foi dessa vez. Apesa :: · 
de a revolução de trinta ter alterado completamente 00 N 
rumos da república brasileira continuamos com o regime ª~ 
de indicação dos governadores do terri~ório. 
Em 1957, o então deputadofederal Guiomard Sanl/lS :~i 
apresenta O projeto de Lei de elevação à estado m cor 
Câmara. Dessa data em diante tem início efetivamentea 
segunda fase do movimento autonomista. forma-se entáJ lute 
o Comitê Pró-autonomia acreana para dar base de out 
sustentação ao projeto de Lei. De 1957 a 1962, 0 na 
Movimento Autonomista ganha muita força e os membro! red 
do comitê entram em intensa atividade. cor 
de~ 
Apôs a Primeira Eleição Direta, a Ditadura Milita: pia 
obriga José Augusto a renunciar . civi 
Logo em seguida à assinatura da Lei 4.070, 511 ind 
convocadas eleições gerais para governador e deputad~ Co 
Os constituintes teriam 120 dias para elaborar a ca Brc 
constitucional do Estado do Acre. Caso não o fizes~ ind 
passaria a vigorar no Acre a constituição do Estado ~ 
Amazonas. Em 1 º de março de 1963 foi promulgada J me 
primeira constituição do Estado e toma posse o prime-1 me 
governador constitucional. 1: ex1 
. Por ironia do destino, o presidente João Goulart, ~ es1 
assinou a lei de autonomia do Acre, era do P\J se1 
Trabalhista Brasileiro (PTB), partido que em nível reg., if su, 
se opunha ao projeto da lei da autonomia, de autoria !-
--------------------:;------------------ CE 6 CEPCON - Centro Preparatório para Concursos 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
:'.--....,,.---:------:----=--:---:-.,...-.,...------....;;.. 
asil fi~ 
1 luta dó\' 
esmand~ 
ceder áa, 
Guiomard Santos, que era do Partido Social Democrata em 1980) e Chico Mendes (assassinando em 1988), 
(PSD). As contra-argumentações sobre o projeto vinham conquistou espaço no movimento sindical. Através dos 
obretudo de Oscar Passos do mesmo PTB de Jango. "empates" - manifestações pacíficas dentro da floresta 
5 Qscar Passos e seus correligionários no Acre eram para parar o desmatamento e preservar a posse dos 
t 
ontra a lei de elevação do território do Acre a Estado. seringueiros, o movimento passou a impedir a expansão 
e Mesmo assim a lei foi assinada e quem acabou descontrolada da fronteira e forçar a intervenção do 
Juta apó\: 
· saindo vitorioso do processo eleitoral que se seguiu foi o governo nos conflitos. Logo no início, contaram com a 
próprio PTB. Nas primeiras eleições livres e diretas participação de índios mais próximos ao movimento nos 
1904, 1 
rgiram ~ :, 
, acreant 1 
entes ·tle 
ndos, q~ 
para )5í 
realizadas na história do Acre foi o PTB o grande empates. 
vencedor. O partido elegeu o primeiro governador Em outubro 1985, com apoio da UNB e organizações 
constitucional e todos os prefeitos municipais. da sociedade civil, os sindicatos dos seringueiros do Acre 
Pouco mais de um anos após a eleição de José convocaram o primeiro encontro nacional dos seringueiros 
Augusto, ocorre o golpe militar no pais. Militares obrigam em Brasilia, reunindo representantes de comunidades 
então José Augusto a renunciar terminando assim a extrativistas de cinco estados da Amazônia. Nesse 
a qualqtJ'& 
primeira experiência democrática do Acre. encontro, foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros 
(CNS). 
; própri~ , -..-~-:---~-~-----~~~~--~--, l ~- Mó"vimentos de defesa· da tio resta ·n·ó 
cantes na ' J' · · ' Acre. 
1ento dt]i' 1 L----------------------..l 
revolta°'s' 
região êJ I Na década de 70 o governo militar lançou um 
Ta 
O 
no". , programa ambicioso de obras e colonização visando a f I abertura de novas frentes de desenvolvimento na 
nistrativa/ 1 Amazônia. Mas com a abertura das novas estradas, pela 
lf• primeira vez ligando os centros nacionais de população e 
use~am Ji ' a capital com o coração da floresta, descobriu-se que a O dias. ,O'. 
,lares pá~ : Amazônia não era o vazio demográfico que os 
movimerltõ governantes da época pensavam. 
·ti , O século vinte chegou para os povos da floresta com 
:orreria ri; , violência, sangue e cinzas. Dezenas de povos indígenas 
chegar~ foram assolados e devastados pela doença, as invasões e 
3
nsamen~ i a destruição dos seus recursos naturais. 
:uação dê Comunidades extrativistas, como os seringueiros do 
r; Acre e os castanheiros do Pará enfrentaram inúmeros 
"fi 11\ conflitos com grileiros, madeireiros e pistoleiros e muitos ue uni IC9ú 
um úni~ perderam as suas terras e até as suas vidas na luta pela 
·ebeliõesfe
4 
, terra. 
reforrna,:lá Os movimentos sociais da Amazônia surgem na 
ade de Rl8 ' década de 70 como a resposta - inovadora, original e 
·t · inesperada pelos planejadores oficiais -: dos povos 
1 quando~ amazô~icos à violência e destruição da fronteira .. 
,s federais'. Foi na luta pela terra, pelos recursos naturais, e seus 
3
cional à"'s usos diferenciados pelas comunidades tradicionais, que os 
revert~r 'lã. ' movimentos dos povos da floresta foram se organizando e 
·ez. ApesÍii se aproximando. Em 1980 duas reuniões de pouco mais 
amente & de quarenta lideres indígenas fundaram a União das 
n 
O 
regiri Nações Indígenas. 
; Essa primeira organização, independente de 
,ard Sant!s representação nacional dos povos indígenas, preocupou 
estado ná. muito o governo miljtar, que chegou a entrar na justiça 
ivamente.t · contra o uso das palavras "nações indígenas" na sigla. 
ia-se então ' Somando a experiência de dezenas de conflitos e 
. base dé lutas localizados em todo o país, a UNI se articulou com 
a 1962 )1 outros setores da sociedade civil nacional, empenhados 
s membrÕ! na resistência contra o governo militar e a pela 
t .. redemocratização do país, · para dar visibilidade aos 
r- · conflitos locais, outrora inv1s1veis e extremamente 
ura Mililii desiguais, e para a reivindicação dos direitos indígenas no 
f Plano nacional. Teve, com grupos aliados da sociedade 
4 070 Jo civi!, uma atuação importante no avanço dos direitos 
d~put~doS 
1 
1nd1genas na Constituição de 1988 e foi o precursor da 
rar a ca~ Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia 
0 
fizessem: ~~slleira (COIAB), que hoje representa 165 povos 
Estado dO- 1ndigenas e 75 organizações regionais. 
imulgada a· _Foram os seringueiros do Acre que lideraram a 
, 0 primei~, mob!flzação dos extrativistas. Era inicialmente um t : movimento espontâneo de resistência contra a pistolagem, 
,oulart, qúe . expulsões e ameaças que sucederam a abertura da 
do PartidO' estrada 317 no vale do Rio Acre e a venda dos antigos 
vel regionl senngais para pecuaristas do sul, porém, com o 
i autoria de! surgimento de lideres como Wilson Pinheiro (assassinado 
----, CEPCON - Centro Prep"aratório para Concursos 
l 
7 
Chico Mendes, e um grupo de seringueiros e 
assessores, formularam a proposta ila Reserva 
Extrativista. Perante a experiência da violência e 
destruição do modelo oficial do desenvolvimento reinante 
na fronteira, os seringueiros desenvolveram uma proposta 
original para que as suas formas de · uso da terra e 
conhecimento dos recursos naturais, tidos como atrasados 
e fadados a desaparecer, com o devido reconhecimento 
dos seus direitos fundiários, acesso áos serviços sociais, e 
investimento na economia florestal, pudessem se 
transformar numa alternativa de conservação e 
desenvolvimento sustentável. 
Com base na proposta da Reserva Extrativista, 
conceituada desde o início como análoga a Terra 
Indígena, os seringueiros começaram a se articular com o 
movimento nacional e internacional ambientalista, 
chamando atenção para as repercussões globais das suas 
lutas localizadas pela defesa da floresta. 
Em 1987, o então coordenador da UNI, Ailton 
Krenak, o primeiro presidente do CNS, Jaime da Silva 
Araújo, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores 
Rurais de Xapuri, Chico Mendes, fizeram um evento 
público em São Paulo para discutir a proposta da criação 
da Aliança dos Povos da Floresta, enfocando os paralelos 
entre suas experiências e lutas e a importância de 
construir uma aliança efetiva. 
Deram depoimentos para a Comissão Bruntland das 
Nações Unidas, que subsidiariam a organização da Eco-
92, a conferência internacional sobre meio ambiente e 
desenvolvimento sustentável realizada pela ONU, no Rio 
de Janeiro, em 1992. 
Em fevereirode 1989, meses apos o asl5assinato do 
Chico Mendes, a Aliança dos Povos da Floresta foi 
lançada no Primeiro Encontro Nacional dos Povos da 
Floresta e Segundo Encontro Nacional dos Seringueiros, 
no Rio Branco do Acre. 
A Aliança deu respaldo a dezenas de colaborações 
entre índios e seringueiros em conflitos com grileiros e 
madeireiros no Acre e à gestões conjuntas das duas 
organizações no plano nacional na reivindicação pelos 
seus direitos e defesa das suas proposti}S alternativas. A 
Afiançá deu inicio e liderou a mobilização que resultou na 
criação do Grupo de Trabalho da Amazônia, que hoje 
conta com 623 organizações em todos os estados da 
Amazônia. 
Hoje, perante quase 20 anos de conquistas, mas 
enfrentando ameaças de proporções inéditas, como os 
efeitos da mudança climática na floresta e as forças 
econômicas da globalização, a COIAB, CNS, e o GTA 
vêem a necessidade de se rearticularem, fazer a reflexão 
e avaliação dos seus históricos coletivos e sobre a 
conjuntura atual, e propor caminhos que possam levar a 
elaboração e implementação de políticas que possam 
avançar ·na busca de melhoria de qualidade de vida 
desses povos, e preservação das florestas. Por essa 
' 
..,,, 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
razão, foi que um grupo de lideranças do CNS, GTA e 
COIAB, reunido em Santarém, em março de 2007, tomou 
a decisão de re-articular a Aliança dos Povos das 
Florestas e num segundo encontro, realizado no final de 
abril de 2007, em Manaus, a mesma liderança, juntamente 
com pesquisadores e instituições deliberaram pela 
realização do Segundo Encontro dos Povos das Florestas, 
tendo como enfoque principal o problema das mudanças 
climáticas e a implantação de políticas que compensem os 
povos das fiorestas pelos serviços prestados ao 
ecossistema pela ocupação secular de tais povos. 
A Luta de Chico Mendes 
As mudanças e transformações que aconteceram no 
Acre são fruto de um movimento que inicialmente foi de 
resistência e denúncia. 
Teve como base um movimento social muito forte, 
organizado a partir da Igreja Católica (Comunidades 
Eclesiais de ·aase) e que criou condições para a 
organização dos sindicatos rurais convencionais .. 
Esse movimento ganhou força com o envolvimento 
de lideranças visionárias como Chico Mendes, que 
estimulou muito esse novo caminho. Uma singularidade 
que ainda não está devidamente registrado pelos 
pesquisadores e cientistas, mas que a história já faz por 
onde registrar. 
O que era no início um movimento de denúncia e de 
resistência, sob certo aspecto, convencional, se 
transformou em um movimento prepositivo, que defendia 
um novo modelo de ocupação e desenvolvimento para a 
Amazônia, com propostas de políticas públicas 
inovadoras. 
Já vivíamos o período da redemocratização do país, 
mas isso não significou uma mudança na visão da política 
oficial brasileira em relação à Amazônia. 
As denúncias contra as políticas públicas brasileiras 
continuavam crescendo no mundo. 
O desmatamento crescia em igual proporção e a 
novidade é que começaram a surgir movimentos políticos 
partidários. 
O movimento ganhou força e no caso do Acre, suas 
propostas foram transformadas em políticas públicas a 
partir de 1993. 
Chico Mendes iniciou a vida de líder sindical em 
1975, como secretário geral do Sindicato dos 
Trabalhadores Rurais de Brasiléia. 
A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos 
seringueiros para impedir o desmatamento através dos 
"empates" manifestações pacíficas em que os 
seringueiros protegem as árvores com seus próprios 
corpos. Organizou também várias ações em defesa da 
posse da terra pelos habitantes nativos. 
Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos 
Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo 
MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, 
por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com 
seu próprio partido, que não se identificava com suas 
lutas. 
Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, 
populares . e religiosas na Câmara Municipal, 
transformando-a em um grande foro de debates. Acusado 
de subversão, é submetido a interrogatórios. Sem apoio, 
não consegue registrar a denúncia de tortura que sofrera 
em dezembro daquele ano. 
Chico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos 
Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo 
participado de comícios com Lula na r~gião. 
Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança 
Nacional a pedido de fazendeiros da região, que 
procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de 
fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do 
CEPCON - Centro Preparatório para Concursos 8 
presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, 
Wilson Sousa Pinheiro. 
Em 1981 Chico Mendes assume a direção da 
Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua mo~, 
Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições d; 
1982, não consegue se eleger. 
Morte 
A 
Em 22 de dezembro de 1988, exatamente urna 
semana após completar 44 anos, Chico Mendes f~ · 
assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos ,' 
fundos de sua casa, quando saía de casa para tornar; 
~n~. . 
Arnazê 
décadc 
encont 
mais vi 
c, 
invasã( 
industr 
atingid 
irnpres 
indústc 
Chico anunciou que seria morto em função de sua' 
intensa luta pela preservação da Amazônia e buscou . 
proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram 
atenção. 
Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta 
entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos, 
humanos e ambientalistas se juntaram para formar O . 
"Comitê Chico Mendes". Eles exigiam providências e' 
através de articulação nacional e internacional 
pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse . 
punido. 
À altura dos novos desafios do mundo 
Uma das mais eficientes maneiras de fazermos a· 
defesa da preservação da Amazônia é estabelecennos 
políticas de uso sustentável dos seus recursos naturais. 
Por outro lado, a Amazônia, que sofreu as mais 
graves conseqüências, os maiores danos, fruto de um 
período de grande crescimento do pais na década de 70, 
o chamado "milagre econômico", que atravessou décadas 
de estagnação do crescimento do país, encontra-se hoje, 
inserida num processo de crescimento econômico 
sustentável, graças à ação e ao trabalho do governo do 
presidente Lula que criou as condições para que o Brasil 
possa ser uma referência no mundo pós-crise financeira 
de 2009. 
No momento em que o mundo discute mudança 
climática e o Brasil vive um circulo virtuoso de crescimento 
econômico, é oportuno e adequado que se corrijam os 
erros cometidos e sejam criadas as condições para que se 
implante um modelo de desenvolvimento sustentável na 
Amazônia que esteja à altura dos desafios que o mundo 
vive hoje. Precisamos, por exemplo, mudar, de maneira 
definitiva, o foco do modelo de transporte na Amazônia. 
Não pode mais estar centrado nas rodovias, é um 
equívoco. As rodovias ao longo dos últimos 30, 40 anoo 
materializaram esse equívoco por promover o 
desmatamento de grandes extensões de áreas e provoca 
graves problemas sociais. 
O Acre tem um sistema de transporte intermodal 
fluvial, aéreo e rodoviário, onde particularmente nas 
rodovias, busca-se antecipar-se aos problemas que estas 
trazem, utilizando-se da implantação de fiorestaS 
estaduais e unidades de conseivação como redutores de 
impactos ambientais. 
É importante também, que o Código Florestal, assil 
como, toda a legislação ambiental, seja atualizado 1 
modernizado para que o Brasil continue se firmando com: 
um pais que prioriza na sua agenda e no seu modelo d! 
desenvolvimento a defesa da biodiversidade e o equilíbrit 
ambiental. A destruição do aparato legal que combate 1 
ilícito ambiental no Brasil e o desmonte do Cód~ 
Florestal, como defendem alguns, é o pior que pol 
acontecer. 
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CEPc, 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
, A9r,icultura no Acre: das colônias 
j}í~olàs aos projetos de assentamento 
"j t dirigidos. 
A crise da economia da borracha mergulhou a região 
; Amazônica na estag~a_ção e decadência até fins da 
; década de 30 e 1~1c10 da seguinte, quando então 
[,encontraria novas articulações_ de sua economia, agora 
1ritais vinculada ao mercado nacional. 
· com o advento da Segunda Guerra Mundial e a 
-invasão do sudeste asiático pelos japoneses, os centros 
industriais mais ava~çados do Ocidente foram duramente 
;atingidos pela falta de borracha natural, matéria prima 
}irnprescind!~el naquele momento, inclusive para a 
\ indúst(ia behca. 
Em resposta a essa demanda, que se 
consubstanciou num acordo do governo brasileiro com o 
governo norte-americano para reativação da produção de 
'borracha na Amazônia - o "Tratado de Washington"-. em 
1942, foi criado o Serviço de Mobilização de 
ternaci .: Trabalhadores para a Amazônia (SEMT A), visando 
:rime foij,st 
1
: organizar e incentivar a migração de um novo contingente 
r . ·· de nordestinos, que ficaram conhecidos como "soldados 
li da-borracha". Além disso, o mais. importante, o governo 
· criou também o Banco de Crédito da Borracha, 
azermos:) estabeleceu o monopólio estatal sobre esse produto e 
Jelecemiôfc fixou regras para regulação das relações de trabalho nos 
,aturais.!}' seringais como condição para efetivação das operações 
u as mâis. · de crédito com os seringa listas. 
~:' uto de u/i( Essas regras instituíram o contrato-padrão, o qual 
:ada de 10;· assegurava ao seringueiro determinados direitos e 
JU déca{fs· ·, impunha obrigações. No que se refere aos direitos, ele era 
tra-se hoit considerado um arrendatário e receberia 60% de sua 
econômii9. · produção de borracha a um preço correspondente àqueles 
;iovernoJ{ praticados nas praças de Belém e Manaus. Garantia-se 
1ue o BraJII . ainda um hectare de terra para plantio, além da pesca e 
i financei~ da caça e venda de peles de animais. Quanto às 
·J ... ' obrigações, ficava estabelecida a exclusividade da venda 
-r : da borracha para o seringalista contratante. O não-
mudan~ cu~pnmento dessa cláusula configurava fraude, sujeita à 
:rescimentô a~a~ penal. Esse fato representou uma mudança 
corrijam i s1gmficativa em relação ao período anterior, no qual as 
Jara que se r_eg_ras _ eram detemnimidas pelos seringalistas sem 
tentável n'a · hm1taçoes legais. 
1e o mundQ O segundo ciclo da borracha teve, no entanto, curta 
de maneirá duração. Com o témnino da Segunda Guerra Mundial os 
nazônia. f seringais de cultivo do sudeste asiático foram retoma.dos 
"} pelas potências industriais do Ocidente. Somado a esse 
,vias, é up fato, a indústria passou a utilizar em escala crescente a 
10, 40 anôs borracha sintética, obtida a partir dos resíduos do 
amover ó processamento industrial do petróleo. Com isso o 
; e provoci extrativismo da borracha natural na Amazônia sofreu 
{ grande impacto e entrou novamente em crise, só 
mimm1zàda na década de 60 com o advento da expansão 
do parque industrial nacional, que ampliou o mercado 
mente interno e possibilitou, por medidas protecionistas do 
s que Estado, a absorção da borracha natural produzida nos 
3 floresta!" senngais nativos da Amazônia. 
edutores de, A partir da década de 60 também intensificaram-se 
. • os c?nflitos de classes no interior das empresas 
esta_l, ass1~~ :xtrativ1st~s, . ?correndo tanto ações coletivas como 
tuahzado e~ titudes_ 1nd1v1dua1s de seringueiros contra patrões 
,ando com!i senngahstas. Era comum, em cidades como Xapuri os 
1 mode_l? d\C!ri~gueiros ~irigirem-~e ao banco para denunci~r o 
, o equ11ib~ít P trao que nao cumpria a tabela oficial de preços da 
, comb~te 0~ bor'.acha fixada pelo governo federal. Também foi nesse 
do CodlQ~ Pe~iodo que surgiram as primeiras formas de organização 
r que pod•; Poht1ca no campo acreano, como núcleos do PCB, Ligas 
, Camponesas e cooperativas apoiadas pela Igreja Católica. 
---- CEPCON - Centro Pre~aratório para Concursos 9 
L 
Nos anos 60, os governos militares caracterizavam a 
Amazônia como um grande vazio demográfico, "um 
deserto verde", que precisava urgentemente ser "inundado 
da civilização fecundadora". Por causa dessa visão no 
final da década foram intensificadas as ações 
governamentais que tornaram a região alvo de grandes 
corren_tes migratórias, das várias regiões do país, 
incentivadas pelo governo federal por meio da abertura de 
estradas e da implantação de projetos de colonização. 
Em 1966, o governo Castelo Branco propôs um 
conjunto de medidas denominadas "Operação 
Amazônica", criando a Superintendência de 
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e o Banco da 
Amazônia S/A (Basa) e instituindo incentivos fiscais para 
atrair o investimento de capitais para a região, oferecendo 
desde isenção do imposto de renda para pessoas jurídicas 
até a desobrigação total do pagamento de taxas sobre 
importação de máquinas e eqt.l!pamentos. 
A política desenvolvimentista, delineada no Plano de 
Integração Nacional, que vigorou por toda década de 70, 
pretendia inibir as tensões sociais que estavam sendo 
geradas pela concentração fundiária e pela modernização 
capitalista da agricultura no Centro-Sul e no Nordeste do 
país. 
Durante os anos 70 e 80, observou-se um enorme 
cre~cimento populacional na Região Norte, acompanhado 
de intensa urbanização. 
Os Estados do Acre e do Amazonas, que não 
constituíram a "fronteira agromineral" tiveram, forte 
redução relativa de sua população rural. 
Esse conjunto de medidas transformou a Amazônia 
em alv~ de múltiplos interesses de grandes grupos 
1ndustna1s e financeiros, abrindo campo para a 
especulação fundiária. 
O processo de reorientação promovido pelo governo 
federal da economia amazônica, e particularmente da 
economia acreana, contou, de um lado, com a retirada do 
apoio financeiro aos seringalistas e, de outro, com 
incentivos fiscais, financiamentos e propaganda junto aos 
potenciais investidores. 
Com o extrativismo gumífero em crise no mercado e 
sem apoio creditício, os seringalistas foram induzidos a 
vender suas terras, que apresentavam, naquele contexto, 
preços extremamente atrativos. 
Durante a década de 40, em especifico durante a 2ª 
Guerra Mundial, novamente o Acre se torna um ponto 
estratégico em relação a economia gumífera, ou seja, é o 
conhecido segundo surto da borracha acrianb. Contudo, 
este período foi curto e novamente após o esfacelamento 
do conflito mundial, a situação dos seringais acrianos volta 
ao esquecimento e decadência advinda do insucesso 
perante a competição no mercado com a borracha 
produzida nos seringais asiáticos da Malásia. 
Assim, gradativamente os seringueiros passam de 
fato a ser liberados para a produção agrícola e de criação 
de animais. Ainda neste contexto o governo passa a 
implementar políticas de reassentamento familiar, criando 
as colônias agrícolas localizadas nas· proximidades das 
cidades e eram originadas de seringais desapropriados. 
Durante a década de 60 e 70, o Acre passa a ser 
alvo da Frente Pioneira da Pecuária, que neste período 
encontrou no território acriano um contexto prospero para 
implementar suas ambições. 
É evidente que este processo demonstrou-se mais 
como um período de grande especulação fundiária, uma 
vez que muitos dos "paulistas" somente se apossaram das 
inúmeras facilitações e subsídios oferecidos pelo governo 
e dos preços ofertados pelas terras acrianas que se 
demonstravam irrisórios e desconexo com o preço real 
praticado no mercado. Outro fluxo de povoamento e de 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
colonização do território acriano foi estabelecido pelos 
"paranaenses", que se destinavam ao Acre em busca de 
uma vida melhor, enganados por falsas propagandas de 
especuladoresfundiários. 
Em conjunto com essa realidade do fluxo de pessoas 
advindas do centro-sul do país com destino ao Acre, 
existia uma realidade local onde varias famílias 
necessitavam regularizar ou possuir um local para 
trabalhar e efetivar sua vivência. Neste quadro contextual 
o governo passa a criar os PADs (Projeto de 
Assentamentos Dirigidos) e os PAEs (Projeto de 
Assentamento Extrativistas), em ambos buscava-se 
teoricamente sanar os conflitos pela terra, além de 
fomentar uma e~trutura organizacional de economia 
baseada na produção agrícola (PADs) e no extrativismo 
(PAEs). 
Entretanto, mesmo que a pretensão governamental 
ao implementar a criação de Projetos de Assentamento 
Dirigidos e Extrativistas (PADs e PAEs), fosse a de 
diminuir as tensões pelo conflito referente ao acesso a 
terra, ou mesmo para desenvolver uma estrutura 
organizacional de economia. 
Na verdade o que ocorreu foi uma nova forma de 
expropriação destas pessoas, sobretudo, devido a falta de 
assistência e de meios necessários para o 
desenvolvimento social e econômico destas famílias então 
assentadas, muitas se viam em um labirinto sem fim, onde 
independente do local que fossem, continuariam perdidas 
e esquecidas. 
Ainda enfatizando as políticas de assentamento 
desenvolvidas pelo governo, têm-se as Reservas 
Extrativistas (RESEXs) e os Pólos Agroftorestais. As 
RESEXs se conceituam como uma área florestal utilizada 
por populações tradicionais, como os seririgueiros, por 
exemplo, e que mantém a sua sobrevivência através do 
extrativismo, podendo complementar suas atividades com 
a prática da agricultura de subsistência ou com a criação 
de pequenos animais. 
O ponto chave referente as RESEXs é que estas tem 
como objetivo proteger os meios de vida e a cultura 
dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos 
recursos naturais da unidade. 
As RESEXs, materializam um sonho coletivo 
buscado em muitas das reivindicações de grupos sociais 
tradicionais como' os seringueiros que por muitos anos 
galgavam pelo direito de garantir sua subsistência e 
qualidade de vida, no lugar de sua origem e vivência, ou 
seja, na fioresta. Outro aspecto importante na lógica das 
RESEXs, é o que concerne a exploração sustentável dos 
recursos naturais da floresta, que neste sentido é 
realizada sob o critério da sustentabilidade e manutenção 
dos mesmos, a fim de atender as necessidades das 
gerações futuras, ou seja, busca-se um consenso entre a 
exploração e a capacidade de regenaração dos recursos 
naturais. 
Por fim, após a contextualização dos principais 
momentos e elementos tangentes ao processo de 
formação agrária do espaço acriano, cabe ressaltar a 
origem deste fenômeno ainda no Brasil colônia com a 
exploração das drogas do sertão e com a formação das 
populações "cablocas". Posteriomente, tem-se os surtos 
da borracha que foram de suma importância para o 
desmebramento e materialização dos principais emblemas 
referentes tanto a formação da população acriana, bem 
como de seu espaço geográfico e agrário, cabe ressaltar 
ainda a frente da pecuária na década de 70, com os 
empresários paulistas e os pequenos agricultores 
"paranaenses", aliado a tudo isso, existe a figura do 
camponês que vive da exploração dos recursos da 
floresta, assim como, os colonos que tem suas atividades 
centradas na agricultura. 
CEPCON - Centro Preparatório para Concursos 10 
As diversas politicas desenvolvidas pelos governos 
sendo eles, municipais, estaduais ou nacional, sempr~ 
direcionavam a resolução das questões que acabaral'll 
ficando materializadas no decorrer desta formação agrária 
especifica. No tocante a esta parte fundamental, onde s, 
enfatiza as politicas governamentais dentre elas a criaÇão 
dos projetos de assentamentos, é importante ressaltar a 
figura dos movimentos sociais das populaçã~ 
tradicionais, que organizados tiveram papel significativo , 
para reivindicação de condições de moradia e trabalho 1 
dignas e de acordo com as suas bases e preceitos 
ru~~- 1 
Entretanto, torna-se claro que esses anseios não 1 
foram atendidos em sua totalidade, muito falta a ser feito · 
pra que se possa atender efetivamente uma exploração ; 
sustentável do ponto de vista natural, e, em conjunto com 
isso, satisfazer as necessidades essenciais do homem 
campônes. É nesta lógica que alguns estudiosos propõe a 
idéia do neoextrativismo, que se caracteriza da seguinte 
maneira: 1 
"O neoextrativismo é um conjunto ligado à totalidade i 
social, a todas as instâncias da vida social, a econômica a · 
política e a cultural. Na dimensão econômica, é um no~a ! 
tipo de extrativismo, que promove um salto de qualidade [ 
pela incorporação de progresso técnico e envolve novas '. 
alternativas de extração de recursos assossiadas como O 
1 
cultivo, criação e beneficiamento da produção [ ... ]. 
Portanto, cultivo, criação, artesanato são extrativistas 
desde que harmonizem com valores, crenças e costumes 
da população extrativista e com as caracteristicas do seu 
ambiente local [ ... ]. Nesta ótica, o neoextrativismo envolve 
os componentes "agro" e "florestal", além do extrativismo · 
"puro". Mas não inclui a agricultura e silvicutura moderna· 
baseada na revolução verde que acelerou a modernização 
agrícola [ ... ]no Sudeste e no Sul. 
Ao contrário, o agroflorestal do neoextrativismo 
envolve diversificação, consórcio de espécies, imitação da 
estrutura da floresta e uso de técnicas desenvolvidas pela 
pesquisa a partir dos saberes e práticas tradicionais, do 
conhecimento dos ecossistemas e das condições 
ecológicas regionais." (REGO apud SILVIO, 2005. p. 81) 
Desta forma, segundo os ideais do neoextrativismo, é 
necessano para se alcançar efetivamente um· 
desenvolvimento sustentável a todos, a integração entre 
as modalidades de exploração, tendo como marol' 
principal a manutenção consciente e sustentável dos, 
recursos naturais, onde a produção, tanto na fase de" 
exploração, como no cultivo e no beneficiamento seriam 
incorporadas a processos técnicos-cientificas que; 
levassem sempre em consideração os saberes das: 
populações tradicionais, bem como do conhecimenro
1 
criterioso do ecossistema ecológico explorado. , 
Por fim, é evidente que a situação agrária acriana" 
ainda apresenta uma série de especificidades que serão 
modificadas no decorrer do tempo, afinal, o espaçJ 
geográfico não é estático, pelo contrário, ele está Ili' 
constante modificação. Neste sentido. enfatizam-se ~: 
conquistas já alcançadas pelas populações tradicionao•I 
frente à mercantilização capitalista da terra e da floresta, 
Portanto, a esperança futura é que realmente esi; 
processo histórico siga um percurso onde a floresta seJil, 
explorada de forma racional e planejada, onde ai; 
populações tradicionais tenham o seu direito a telfl 
garantido, mas, que acima de tudo tenha condições de 
viver dignamente, que o estado se desenvolva 1 
estabeleça um crescimento econômico racional e d! 
acordo com as especificidades regionais de seu espa~ 
geográfico, fomentado um modelo de desenvolvime~ 
próprio e não simplesmente copiando modelos pre-
definidos que muitas vezes estão desconexos di 
realidade local. 
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HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
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seios não· 
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ixploraªâ· i 
: 1junto co"'ni 
1 ,... 
, lo homem, 
s propõ~, 
a segui~, 1 
, totalida! ·. 
'Jnômica' 
á um nai. 
qualidá'é!e 'i 
Jlve novâs', 
as comci'õ 1 
,,J. , .1 
·etos de Assentamento 
proJ Ainda na década de 1970, com a pavimentação da 
R 364, foram criados muitos projetos de assentamento 
~ refomia agrária, ocupados por colonos, camponeses e 
e balhadores rurais sem terra, que buscavam 
tra ortunidades de acesso a terra na nova fronteira 
· º~ropecuária. A região do leste acreano abriga muitos 
ª ssentamentos criados neste período. 
8 o reconhecimento das dificuldades e a degradação 
rnbiental provocada por modelos de assentamento mal 
ª daptados às características naturais da região 
!rnazõnica, fizeram o INCRA criar alternativas inovadoras, 
corno os Projetos de Desenvolvimento Sustentável - PDS 
de 2001 e Projetos· de Assentamento Florestal - PAF, de 
2003, além dos Prbjetos de Assentamento Extrativistas -
pAE, criados anteriormente. 
Estes assentamentos são orientados por princípios 
que visam conciliar o seu desenvolvimento produtivo com 
a conservação da natureza e a regularização fundiária. 
Em âmbito Estadual há os Pólos Agro-florestais, criados 
em 2005, com o objetivo de assentar famílias carentes ou 
originárias da zona rural, concentradas nas periferias das 
cidades, que vivam abaixo da linha de pobreza e 
recuperar áreas alteradas através da implantação de 
Sistemas Agroflorestais, mantendo a capacidade produtiva 
do solo, além de contribuir para a diminuição de 
desmatamentos. 
1 ,xtrat1v1stâs: , 
1 i costumêsi Os Projetos de Assentamentos Dirigidos (PAD's), 
::as do sêt'. instalados no Acre, a partir de 1976, por meio do Instituto 
no envol/Jê'. , de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), feiram 
,xtrativisn'i\' : apresentados como uma proposta de desenvolvimento 
·a moderil'!, promissora para a atividade agrícola, alicerçada nos 
demiza~Õ: moldes da agricultura familiar. 
s Dentre esses projetos, foram criados os PAD's Boa 
,xtrativisi! Esperança e Humaitá, localizados nos municípios de Sena 
mitação iJ; Madureira-AC e Porto Acre-AC, respectivamente. 
ilvidas pê~ · No entanto, a pequena produção familiar agrícola 
cionais, do · desses assentamentos enfrenta diversos e difíceis 
condições , obstáculos para se estabelecer no modelo 9a agricultura 
)5_ p. 81)} medema. Diante destas limitações, busca-se transformar 
1 
rativismo,'.e_· essa realidade mediante a implementação de políticas 
,ente úíii públicas. Contudo, não pode haver transformação sem o 
- tre" conhecimento empírico dessa realidade. , ·açao en __ ; 
mo marta , Considerando a carência de estudos sobre a situação 
i ,ntável dos , sócio-econômica da produção familiar rural na Amazônia 
,a fase dé ' Ocidental, especificamente no Estado do Acre, a partir de 
,nto seriaiÍÍ. 1996, o Departamento de Economia da Universidade 
ificos qu1 , Fede~al. do Acr~ (UFAC),_ !niciou o Proje!o Análise 
iberes dás Econom1ca de Sistemas Bas1cos da Produçao Familiar 
nhecimenÍó . R~ral no Estado do Acre (ASPF), com o objetivo de 
, ! i pesquisar três sistemas de produção predominantes na 
iria acriana ' região do Vale do Acre, o extrativista, o agrícola e o 
; que serãô ,, agroflorestal. 
0 espa~ 
1 
Este estudo propõe-se a analisar e comparar o 
le está ení , desempenho sócio-econômico dos PAD's Boa Esperança 
1.izam-se as I e H~maitá, situados no contexto do sistema agrícola, na 
tradicionais regiao do Vale do Acre, utilizando como Rio Branco -
a floresta. i Acre, 20 a 23 de julho de 2008 Sociedade Brasileira de 
ilmente este Economia, Administração e Sociologia Rural referência os 
9oresta se~ ~icl_os produtivos de 1996/1997 e 2005/2006, mediante 
, onde àj ~~d1
1
.:adores de resultados econômicos adequados à 
iito a tem g ao. 
Jndições de , 
senvolva e Os resultados apontam que, apesar da aparente 
:ional e de : melhora nos rendimentos das famílias pesquisadas, a 
seu espa~ · Parcela de renda apropriada pelos produtores ainda 
,nvolvimenW continua insuficiente para a reprodução das famílias, 
odeios pré- lendo em vista seus gastos no mercado, além da redução 
:anexos d, , da eficiência econômica entre as unidades produtivas 
analisadas. 
~ CEPCON - Centro Pre~aratório para Concursos 
! 
11 
Reservas extrativas no Acre e 
ét~senvolvimento sustentável. 
Reserva Extrativista (REx) de domínio mínimo é 
uma área utilizada por populações tradicionais, cuja 
sobrevivência baseia-se no extrativismo e, 
complementarmente, na agricultura de subsistência e na 
criação de animais de pequeno porte. 
· Tem como objetivos básicos proteger os meios da 
vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso· 
sustentável dos recursos naturais da unidade. As áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser 
desapropriadas. 
No Brasil, a Reserva Extrativista é gerida por um 
conselho deliberativo, presidido pelo órgão responsável 
por sua admihistração e constituído por representantes de 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das 
populações tradicionais residentes na área, confom,e se 
dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. 
As reservas extrativistas federais são administradas 
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade (ICMBio). 
A ausência de projetos econômicos de uso múltiplo 
florestal sustentável pode ser considerada a principal 
causa do desmatamento da Amazônia até nas unidades 
de conservação criadas por lei na região para manter a 
grande floresta tropical em pé. 
Exemplo claro dessa situação vem ocorrendo numa 
unidade de conservação criada há 18 anos no Acre para 
se transformar em modelo de sustentabilidade amazônica. 
Trata-se da Reserva Extrativista (Resex) Chico 
Mendes, com quase um milhão de hectares de floresta 
abrangendo seis dos 22 municípios do Acre e que recebeu 
o nome do sindicalista acreano para mostrar a sua 
importância no contexto de uma Amazônia saudável e 
sustentável. 
Por falta de projetos econômicos que explorassem de 
forma sustentável as matérias-primas existentes na 
floresta - sementes, essências, ervas, entre outras - parte 
das famílias de seringueiros e pequenos agricultores ali 
assentados começaram nos últimos anos a criar gado 
como forma de obter renda para sustentarem seus filhos. 
Para isso, desmaiaram mais do que a legislação 
ambiental permite. E hoje, está instalado o conflito, com o 
lbama ameaçando retirar quase 300 familias (ou 1.500 
pessoas) das duas mil assentadas na Resex;desde a sua 
criação. 
A Resex tem cerca de um milhão de hectares e 
compreende os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, 
Capixaba, Xapuri, Sena Madureira e Rio Branco. O 
administrador da Resex explicou que, para viver na 
reserva, que se trata de uma área de proteção ambiental, 
as famílias não podem desmatar mais do que 30 hectares 
e têm de viver, sustentavelmente, dos recursos da 
floresta, de forma a complementar a reí)da. Ele não falou, 
no entanto, do·apoio que o lbama deveria ter dado para o 
desenvolvimento de projetos econômicos sustentáveis dos 
recursos florestais. 
A defesa do extrativismo na Amazônia: as Reservas 
Extrativistas 
Os governos dos estados da Região Norte, apartir de 
1960, desenvolveram ações a fim de atrair empresáriosdo 
Centro-Sul do pais que viessem implantar 
empreendimentos na área rural. No Acre, nos municípios 
de Rio Branco, Sena Madureira, Plácido de Castro, 
Senador Guiomard, Xapuri e Brasiléia, muitos seringais 
foram transformados em pastos para gado, ou 
abandonados. Por outro lado, consideráveis glebas de 
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....... 
HISTÓRIA/GEOGRAFIA DO ACRE 
terra onde moravam seringueiros foram adquiridas pelo 
Governo Federal para loteamentos de Reforma Agrária. 
Para poder concretizar estas transformações, muitos 
seringueiros foram expulsos com violência das suas 
moradias e saíram à procura de novas áreas. Assim eles 
ocuparam seringais abandonados ou glebas do governo. 
Estes seringueiros ficaram sem patrão e deram

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