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ENGENHARIA DE TEMPOS E MÉTODOS Professora Me. Cristiana de Carvalho Almeida Professora Esp. Aline Deldoto Professora Esp. Vanessa Emerick Pires GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALMEIDA, Cristiana de Carvalho; DELDOTO, Aline; PIRES, Vanessa Emerick. Engenharia de Tempos e Métodos. Cristiana de Carvalho Al- meida; Aline Deldoto; Vanessa Emerick Pires. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2018. 178 p. “Graduação - EaD”. 1. Engenharia. 2. Tempos. 3. Métodos. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0999-6 CDD - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Direção de Operações Chrystiano Minco� Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Márcia Pappa Designer Educacional Bárbara Neves Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Fernando Henrique Mendes Qualidade Textual Cintia Prezoto Ferreira Ilustração Marta Sayuri Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A S Professora Me. Cristiana de Carvalho Almeida Mestre em Engenharia Urbana - UEM (2012) Pós-graduada em Engenharia de Produção - Unicesumar (2010). Graduada em Administração com ênfase em Comércio Exterior - Faculdades Maringá (2008). Técnica do PEIEX desde 2011, atuando em todas as áreas funcionais, com enfoque nas áreas de comércio exterior; produto e manufatura das empresas, nos setores do vestuário; metalmecânica; moveleiro/ estofados; alimentício; agronegócio e software. Professora de graduação e pós-graduação (desde 2010). Coordenadora de pós-graduação na Unicesumar (desde 2014), nos cursos de Engenharia de Produção; MBA Qualidade e Produtividade; Comércios e Negócios Internacionais; MBA em Planejamento e Gestão de Custos. http://lattes.cnpq.br/5650212398472350 Professora Esp. Aline Deldoto Especialista em MBA Qualidade e Produtividade - Unicesumar (2015). Graduada em Ciências Biológicas - Unicesumar (2012). Coordenadora da Gestão da Qualidade desde 2011, atuando em empresas no ramo alimentício, trabalhando com as áreas da empresa, principalmente nos setores de produção no foco de melhoria contínua, redução de desperdícios e ganho de produtividade, com responsabilidades em atendimento ao cliente. Professora da Graduação EAD - Unicesumar (desde 2016) no curso de Gestão da Qualidade. http://lattes.cnpq.br/9966931394841934 Professora Esp. Vanessa Emerick Pires Especialista em Gestão Industrial e Logística - Instituto Paranaense de Ensino (2009) e Gestão da Produção - Unicesumar (2008). Graduada em Engenharia de Produção - UEM (2004). Durante 10 anos atuou no setor industrial, em cronoanálise, compras, PPCP, almoxarifado e supervisão de produção. Desde 2011 é técnica do PEIEX atendendo a empresas dos setores moveleiro, alimentício, metal mecânico e vestuário. Professora em curso técnico no Senai do curso de Técnico do Vestuário, no curso de graduação no EAD do Unicesumar (2017), no curso de Engenharia de Produção e Gestão da Qualidade e na pós graduação na Unicesumar (2016) no curso de Engenharia da Produção. http://lattes.cnpq.br/9209503500988530 SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Neste livro, vamos estudar um tema muito importante para as empresas atuais e conhe- cer quais são as ferramentas necessárias para realizar o estudo de tempos e métodos dentro de uma organização e, assim identificar os pontos que podem ser melhorados para se ter uma maior produtividade e eficiência no processo produtivo, e acima de tudo, atender ao cliente final com o melhor tempo possível e qualidade. Vamos construir juntos um conhecimento teórico e prático para ser aplicado na sua em- presa. Vamoscomeçar? Na unidade I, intitulada “Introdução a Tempos e Métodos”, vamos conhecer a defini- ção e finalidades do estudo de tempos e métodos. A aplicabilidade da cronometragem e cronoanálise, ferramentas de trabalho e as terminologias utilizadas no processo. Na unidade II, intitulada de “Preparação e Métodos de Trabalho”, iremos estudar as tolerâncias, os tempos improdutivos, métodos; postura e dispositivos de trabalho que tornam o processo seguro e, principalmente, faz com que possamos conhecer as prin- cipais necessidades dos operadores no decorrer da cronometragem das operações. Ire- mos também conhecer as normas e requisitos de espaços de trabalho, que devem estar regulamentados e seguros no ambiente de trabalho. Na unidade III, que tem o título “Ferramentas de Tempos e Métodos”, mostraremos o gráfico de fluxo do processo, gráfico homem-máquina e o MTM, que é uma outra forma de se conhecer o tempo da operação, antes mesmo dela ser executada. Com esse levan- tamento, podemos planejar e dimensionar maquinários, pessoas, capacidade produtiva e vendas, conhecer o custo produtivo, dentre outras aplicações. Na unidade IV, com o título “Execução da Cronometragem e Cronoanálise”, vamos mostrar as funções e definições de um departamento de estudo de tempos e métodos, a função do cronometrista e quais os itens com que ele deverá se preocupar antes, du- rante e após o processo de coleta de tempos com os operadores, e por fim, o procedi- mento de cronometragem, com o passo a passo de como executar na empresa. Para encerrar, na unidade V, intitulada “Análise e Indicadores de Produtividade”, ire- mos mostrar dimensionamento de pessoal e posto de trabalho,capacidade de produção e balanceamento, cálculo da eficiência e produtividade e indicadores, carga de mão de obra e máquina, finalizando com o prêmio de produtividade e permitindo que você te- nha um conhecimento amplo do início ao fim de todo o processo que envolve o estudo de tempos e métodos. Caro(a) aluno(a), desejamos a você um ótimo estudo! APRESENTAÇÃO ENGENHARIA DE TEMPOS E MÉTODOS SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS 15 Introdução 16 Histórico do Estudo de Tempos e Métodos 19 Definição e Finalidade do Estudo de Tempos e de Métodos 22 Aplicabilidade da Cronometragem e Cronoanálise 25 Ferramentas de Trabalho 27 Terminologias Usadas em Cronometragem 30 Considerações Finais 35 Referências 36 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE II PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO 39 Introdução 40 Estudo das Tolerâncias 42 Tempos Improdutivos 46 Métodos de Trabalho 48 Normas e Requisitos de Espaços de Trabalho 53 Posturas de Trabalho 57 Dispositivos de Trabalho 60 Considerações Finais 65 Referências 66 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE III MTM (METHODS TIME MEASUREMENT) 69 Introdução 70 Entendendo o Que É MTM 76 Benefícios e Aplicação do MTM 83 MTM X Cronoanálise 85 Combinação com Outras Ferramentas 87 Considerações Finais 92 Referências 93 Gabarito UNIDADE IV EXECUÇÃO DA CRONOMETRAGEM E CRONOANÁLISE 97 Introdução 98 Funções e Definições de um Departamento de Estudo de Tempos e Movimentos 100 Funções do Cronometrista 102 Procedimento de Cronometragem 114 Avaliação de Ritmo 116 Cálculo do Tempo-Padrão 120 Considerações Finais 125 Referências 126 Gabarito SUMÁRIO 12 UNIDADE V ANÁLISE E INDICADORES DE PRODUTIVIDADE 129 Introdução 130 Dimensionamento de Pessoal e Posto de Trabalho 137 Capacidade Produtiva e Balanceamento de Linha 151 Carga de Máquina e Carga de Mão de Obra 157 Cálculo da Eficiência e Produtividade 165 Indicadores de Produtividade 167 Prêmio De Produtividade 170 Considerações Finais 176 Referências 177 Gabarito 178 Conclusão U N ID A D E I Professora Me. Cristiana de Carvalho Almeida Professora Esp. Aline Deldoto Professora Esp. Vanessa Emerick Pires INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Objetivos de Aprendizagem ■ Mostrar a evolução do estudo de tempos e métodos. ■ Conceituar estudo de tempos e métodos. ■ Trazer informações relacionadas à aplicabilidade do tempo na empresa. ■ Conhecer as ferramentas necessárias para cronometragem. ■ Apresentar as terminologias utilizadas no estudo de tempos e métodos. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Histórico do estudo de tempos e métodos ■ Definição e finalidade do estudo de tempos e de métodos ■ Aplicabilidade da cronometragem e cronoanálise ■ Ferramentas de trabalho ■ Terminologias usadas em cronometragem Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO Caro(as) aluno(as), nesta primeira unidade serão apresentadas questões relacionadas ao con- ceito de estudo de tempos e métodos, sua evolução no decorrer dos anos e os principais autores que abordaram estudos na área. O estudo de tempos e métodos torna-se uma ferramenta de grande importân- cia para as empresas que estão em busca de melhoria da produtividade, redução de custos e otimização de processos produtivos. No decorrer da Unidade I, vocês irão conhecer o conceito de cronometragem e cronoanálise, a aplicabilidade do tempo na empresa, ferramentas de trabalho, terminologias utilizadas e de que forma o estudo de tempos e métodos poderá extrair resultados na indústria. Os itens que iremos trabalhar são a base do estudo de tempos e métodos que precisam estar bem definidos na empresa, principalmente quando falamos das ferramentas de trabalho, que envolvem também as condições em que o crono- metrista irá desenvolver as suas atividades. Outro aspecto que queremos destacar é que as terminologias utilizadas na cronometragem são importantes para mantermos a linguagem universal do que está sendo falado e implementando na empresa, para evitar apelidos ou termos que não são condizentes com os conceitos de tempos e métodos que iremos apre- sentar para vocês no decorrer da Unidade I. Como engenheiro(a) de produção, a utilização do estudo de tempos e métodos irá contribuir para a tomada de decisão relacionada a: ampliação da capacidade produtiva; mensuração da produtividade por operador; identificação de gargalos e monitoramento do prazo de entrega em todas as etapas do processo produtivo. Por fim, desejamos que vocês aproveitem essa unidade e que ela possa ser a abertura da implantação do estudo de tempos e movimentos nas empresas que vocês atuarem. Queremos deixar exemplos práticos e dicas que serão primor- diais no dia a dia, para facilitar o processo de implantação e, principalmente, de desenvolvimento de cultura na empresa quanto ao controle de tempos e métodos. Preparados(as) para esse estudo? Então, vamos lá! INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 HISTÓRICO DO ESTUDO DE TEMPOS E MÉTODOS A história da civilização demonstra claramente a constante preocupação do homem em executar o trabalho de forma racional. No ano de 1760, na Europa, o francês Perronet, com o estudo de tempos para a produção de alfinetes, abriu as portas para o estudo científico. No decorrer dos anos, aconteceram evoluções no estudo de tempos, movi- mentos e métodos dentro das indústrias. Tais evoluções contribuíram para o desenvolvimento de ferramentas de otimização e operacionalização de proces- sos, conforme cita Barnes (1977). É interessante descrever as características básicas da manufatura ingle- sa e americana do período imediatamente após a Revolução America- na, culminando com a declaração de 1776, onde James Watt vendeu seu primeiro motor a vapor na Inglaterra e disparou a chamada Primeira Revolução Industrial. Essa revolução mudou a face da indústria, como uma crescente mecanização das tarefas anteriormente executadas de forma manual (BARNES, 1977, on-line). Em 1856, Frederick Winslow Taylor, engenheiroamericano, apresentou amplos trabalhos no campo da racionalização conquistando o título de ‘’Pai da Organização Científica’’. Vinte e cinco anos depois, iniciaram seus estudos de tempo, quando trabalhava como engenheiro em uma usina de aço, elaborando um planejamento do trabalho de oficina mecânica que consiste na descrição das tarefas a serem executadas, na divisão em elementos e na determinação do tem- po-padrão para cada tarefa. Histórico do Estudo de Tempos e Métodos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Ainda segundo Barnes (1977), em 1881, Frederick Taylor introduziu, na usina da Midvale Steel Company, o estudo de tempos e métodos. A entrada de Taylor na Midvale Steel Company fez com que ele chegasse à conclusão de que o sistema operacional da fábrica não estava adequado e decidiu tentar mudar o estilo de administração. Logo percebeu que o maior obstáculo para a coopera- ção harmoniosa era a incapacidade que a administração tinha em estabelecer uma carga de trabalho apropriada e justa para a mão de obra. Taylor iniciou os estudos com dois operadores saudáveis e eficientes. Esses homens tiveram seus salários duplicados e participaram ativamente da investi- gação. O objetivo do estudo era avaliar o melhor dia de um funcionário eficiente, ano após ano. Diante dos estudos, Taylor descobriu que, para trabalhos físicos mais inten- sos, havia uma relação entre a quantidade de energia que um homem despendia com os períodos de execução de atividades e descanso, dependendo de duração e frequência de cada um (BARNES, 1977). Taylor levantou questões como: “qual é a melhor maneira de se executar esta tarefa?” e “qual deveria ser a tarefa de trabalho diária de um operário?” Taylor procurou encontrar a maneira correta de se executar cada uma das operações, ensinando aos operários o método adequado, mantendo constantes todas as condições ambientes, de maneira que pudessem executar suas tarefas sem difi- culdades, estabelecendo tempos-padrão para o trabalho e ainda premiou os operários que executassem as instruções estabelecidas (TOLEDO JR, 2007). O estudo de movimentos teve a sua evolução em 1885, quando Frank Gilbreth empregou-se numa empreiteira de construção civil aos 17 anos. Como naquela época os tijolos constituíam parte importante na maioria das estruturas, Gilbreth começou por aprender o método usa- do para assentar tijolos. Por sua eficiência no trabalho foi sucessiva- mente promovido e no início deste século (XX) abriu sua própria em- preiteira. Desde o início de seu trabalho na construção civil, Gilbreth notou que cada pedreiro tinha seu método próprio de fazer o trabalho e que dois homens nunca trabalhavam de forma igual e não usavam sempre o mesmo conjunto de movimentos. Um pedreiro, por exem- plo, usava uma seqüência de movimentos quando trabalhava depressa, outros quando trabalhava devagar e ainda outros quando ensinava al- guém a trabalhar (TOLEDO JR, 2007). INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 O princípio e as técnicas desenvolvidas pelos Gilbreth há muitos anos estão sendo adotados em ritmo crescente pela indústria atual (BARNES, 1977, p. 11). No ano de 1901, Frederick Taylor se tornou pioneiro no desenvolvimento de técnicas efetivas, visando a sistematizar o estudo e a análise do trabalho (o que viria a ser a gênese da área de “estudo de tempos e métodos”. Neste período da história, as fábricas dedicadas a grandes volumes de produção estavam se estabe- lecendo como unidades produtivas que demandavam soluções que as tornassem mais eficientes e gerenciáveis (BARNES, 1977). Em 1908, Henry Ford trouxe para o ambiente industrial os princípios da Administração Científica. Acrescentou a estes a ideia de padronização dos pro- dutos e de fazer produtos se moverem, enquanto estações de trabalho ficavam estáticas. Isso trouxe grande aumento de produtividade. A eficiência em custos desse tipo de organização do trabalho advém de três fatores, conforme Correa e Correa (2008, p. 11): ■ menor tempo de treinamento necessário por trabalhador, porque os méto- dos e os procedimentos são limitados; ■ maior ritmo de trabalho, levando a maiores produções em menor tempo; ■ menor remuneração paga, porque os requisitos de educação e de habili- dade são menores. Toledo Júnior (2007) ressalta que a controvérsia sobre a utilização de uma ou outra técnica (estudo de tempos e estudo de movimentos) já está ultrapassada, pois a moderna indústria, combinando as duas técnicas, consegue uma ferra- menta de inestimável valor. Definição e Finalidade do Estudo de Tempos e de Métodos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 DEFINIÇÃO E FINALIDADE DO ESTUDO DE TEMPOS E DE MÉTODOS Michelino (1964) considera que o principal objetivo do estudo de tempos é economizar tempo. Ralph M. Barnes (1977, on-line) definiu o estudo de tem- pos e movimentos como “o estudo sistemático dos sistemas de trabalho com os seguintes objetivos’’: ■ desenvolver o sistema e o método preferido, sempre aquele de menor tempo; ■ padronizar esse sistema e método descrevendo-o por escrito; ■ determinar o tempo gasto por uma pessoa qualificada e devidamente treinada trabalhando num ritmo normal, para executar uma tarefa ou operação específica; ■ orientar o treinamento do trabalhador no método preferido. INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 O estudo de tempos tem a finalidade de estabelecer a melhor forma de trabalho e procura encontrar um padrão de referência, conforme detalhado no Quadro 1. Finalidades do Estudo de Tempos e Métodos. Determinar a capacidade produtiva. Estabelecer a melhor forma de executar a operação. Elaborar programas de produção. Balancear linhas de produção e montagem. Determinar valor de mão de obra direta para definição do custo do produto. Quadro 1 - Finalidades do Estudo de Tempos e Métodos Fonte: Peinado e Graeml (2007). Para Peinado e Graeml (2007), o estudo de tempos, movimentos e métodos está vinculados com três importantes definições do vocabulário empresarial: a enge- nharia de métodos, projeto de trabalho e ergonomia. Para Toledo Jr (2004), o estudo de tempos e métodos é a análise dos méto- dos, materiais, ferramentas e instalações utilizadas que irão ser usufruídas na realização de um trabalho. Essa análise tem por finalidade: ■ encontrar a forma mais econômica de se executar um trabalho; ■ padronizar os métodos, materiais, ferramentas e instalações; ■ determinar exatamente o tempo necessário para que uma pessoa capaci- tada realize o trabalho em um ritmo normal; ■ ajudar a aprendizagem do operário em um novo método de trabalho. Algumas outras aplicações podem ser utilizadas a fim de obter informações e dados para programação da produção, tais como: ■ cálculo do número de operadores e maquinários necessários para cum- prir um plano de produção; Definição e Finalidade do Estudo de Tempos e de Métodos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 ■ conhecer a capacidade produtiva da indústria para programar o setor comercial da empresa; ■ determinar o tempo necessário de cada Ordem de Produção, e assim poder identificar a data de finalização de cada pedido; ■ levantar a eficiência da empresa, setor ou operador; ■ obter parâmetros para oferecer incentivos salariais baseado em resultados; ■ estipular metas de produção por período - hora, dia, semana ou mês. O meio mais econômico de executar um trabalho implica na análise sistemática dos fatores que participam do trabalho, fatores como: método,materiais, ferra- mentas e os movimentos praticados pelo operador. Os dados são obtidos para análise por meio de mapas que podem ser relativos ao processo, à utilização do equipamento e da execução da operação. Depois de ser encontrado o melhor meio de realizar o trabalho, os fatores ou as condições devem ser registrados e padronizados para que não haja alterações sem a realização de novos estudos. Porém, os métodos devem ser constantemente analisados e estudados, inclusive com a participação dos operadores. Sempre que for encontrado um meio melhor que o anterior, o método precisa ser alterado. O desenvolvimento de um método não terá força se o operador não for conve- nientemente treinado e acompanhado. Em quais processos produtivos a definição de tempos é mais complexa: nos processos fortemente automatizados ou naqueles com grande intervenção humana? INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 APLICABILIDADE DA CRONOMETRAGEM E CRONOANÁLISE A cronometragem consiste em registrar de modo preciso, com cronômetro, a duração de operações de um trabalho, com o objetivo de determinar o tempo de execução do trabalho. Para Oliveira (2009), a cronometragem é uma ferramenta que evidencia os pontos importantes para uma amostragem de tempos: real capacidade do ope- rador para a cronometragem; número de medições exigidas para uma análise confiável; avaliação de tolerância em porcentagem para cada operação. Dentre as finalidades da cronometragem estão os seguintes pontos: a) Estabelecer programas de produção: os programas de venda são impor- tantes para o planejamento e também uma coordenação apropriada entre departamentos, concluindo que existam medidas de confiança que esta- beleçam uma relação conhecida com a produção esperada. b) Determinar padrões de custo: o tempo-padrão que uma produção final fornece - nos dados para custear mão de obra direta e indireta, o produto fabricado e o serviço executado. c) Determinar os objetos da produção: trabalhando na coordenação de recursos como: materiais, máquinas, homens, ferramentas e métodos, um supervisor pode alcançar o resultado esperado com o auxílio de tempos que indiquem a proporção de suas facilidades, com o objetivo de com- pletar os programas dentro dos padrões estabelecidos. ADIMINISTRAÇÃO DO TEMPO Aplicabilidade da Cronometragem e Cronoanálise Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 d) Determinar o rendimento da mão de obra: o rendimento da mão de obra, em relação aos níveis da produção individual ou em grupo, pode ser facilmente obtido com o tempo-padrão. e) Determinar o número de máquinas por operador: valorizar o tempo dos ciclos de trabalho de diversas máquinas para estabelecer métodos de tra- balho e determinar o número de máquinas que uma pessoa pode operar. f) Dividir o trabalho de grupos ou em sequência: o trabalho eficiente de um grupo demanda uma distribuição equitativa das unidades de traba- lho entre os membros do grupo. É o membro do grupo com parcela de trabalho mais extensa que determina a produção do grupo, por isso a distribuição ou divisão do trabalho são muito importantes. Bonificações salariais são um meio de supervisão financeira automática, tendendo a recompensar o trabalho mais produtivo. g) Determinar necessidades de equipamentos: o tempo-padrão é neces- sário para determinar, durante o planejamento das operações, o tempo total de cada uma e, consequentemente, as necessidades de equipamen- tos. Na aquisição de novos equipamentos, para substituição ou ampliação, é preciso usar os padrões de tempo para determinar o custo da operação, quantidade e equipamento exigido. h) Comparar métodos: proporcionar uma medida invariável que sirva para comparar dois ou mais métodos, a fim de realizar o mesmo trabalho. i) Determinar a necessidade da mão de obra: os padrões de tempo são usados para determinar a carga de trabalho de cada máquina e de cada operador. Os tempos de produção de linhas automatizadas variam pouco e quanto maior a intervenção humana na produção, maior é a dificuldade de se medir corretamente os tempos, uma vez que cada operador tem habilidades, força e vontades diferentes Fonte: Martins e Laugeni (2006, sp). INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 A partir dos pontos destacados na cronometragem, se torna fundamental reali- zar a análise do tempo. Com a busca incessante da qualidade total, as empresas estão se organizando para desenvolver melhorias na otimização da utilização dos maquinários, das matérias-primas, instalações e mão de obra. Como impor- tante ferramenta na busca da melhoria, a cronoanálise oferece a visualização de dados e processos, encaminhando aos estudos de adequação do processo pro- dutivo de maneira inteligente e objetiva. Oliveira (2009) considera a cronoanálise como o método utilizado para cro- nometrar e realizar análises do tempo que um operador leva para realizar uma tarefa no fluxo produtivo, permitindo um tempo de tolerância para as necessi- dades fisiológicas, possíveis quebras de maquinários, entre outras. Segundo Sugai (2003), o uso da cronoanálise é indicado quando há necessi- dade de melhorar a produtividade e entender detalhadamente o que ocorre no processo produtivo. Por meio dela é possível identificar os pontos ineficientes do processo, bem como os desperdícios de tempo. Isso facilita a realização de estudo de melhoria de processos e o aumento da produtividade. Toledo Jr e Kuratomi (1977) consideram a cronoanálise como a base para a racionalização da produção, do espaço físico, do maquinário e do capital humano. Considerando a importância da cronoanálise, é possível constatar que são sete os passos definidos para a realização desse método, conforme Barnes (1977): 1. obter e registrar as informações sobre a operação e o operador em estudo; 2. dividir a operação em elementos; 3. observar e registrar o tempo gasto pelo operador; 4. determinar o número de ciclos a serem cronometrados; 5. avaliar o ritmo do operador; 6. determinar as tolerâncias; 7. determinar o tempo-padrão para a operação. Ferramentas de Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Para satisfazer um dos objetivos da empresa, que é produzir sempre mais em menos tempo e, logicamente, com menor custo, a prática de cronometragem e cronoanálise é importantíssima, pois o conhecimento de tempos de execução do trabalho se constitui num dos maiores problemas de qualquer empresa orga- nizada racionalmente. FERRAMENTAS DE TRABALHO Para realizar uma cronometragem, precisamos de algumas ferramentas. Dentre elas, as principais são: ■ Cronômetro Centesimal: qualquer tipo de cronômetro pode ser utili- zado, porém, a hora é sexagesimal e terão que ser feitas conversões para serem utilizadas nos cálculos. Já utilizando o centesimal, os dados estão prontos para serem empregados. Se você usar o cronômetro sexagesimal ou comum, aprenda como fazer a transformação: INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 TEMPO MEDIDO COM CRONÔMETRO COMUM TEMPO TRANSFORMADO PARA O SISTEMA CENTESIMAL CÁLCULO 2 min 54 segundos 2,9 min 2 + 54/60 = 2,9 min 37 segundos 0,62 min 37/60 = 0,617 1 hora 24 min 12 seg 1,43 horas ou 84,2 min 1 + 24/60 + 12/360 = 1 + 0,4 + 0,033 = 1,43 horas ou 1x60 + 24 + 12/60 = 84,2 min Quadro 2 - Transformação usando o cronômetro sexagesimal ou comum Fonte: o autor. ■ Filmadora: como vimos, o casal Gilbreth utilizou de filmadoras para encontrar movimentos mais econômicos para cada tarefa. Na análise dos métodostambém podemos aplicar a filmadora, tanto para mensurar os tempos quanto para analisar a operação como um todo. Além disso, pode eliminar a tensão psicológica do operador quando cronometrado. ■ Prancheta: é utilizada para apoiar a folha de cronometragem e facilitar a anotação dos dados do cronômetro pelo cronometrista. Normalmente, ele fica em pé, próximo ao operador, com o cronômetro na mão esquerda juntamente com a prancheta, e a mão direita fica livre para anotação do tempo. ■ Folha de observação: é na folha de cronometragem em que todas as informações referentes à tomada de tempo são registradas. Cada empresa desenvolve a sua própria, mas algumas informações são padronizadas, tais como data, operação realizada, produto, máquina, operador, número de cronometragens, tolerância aplicada. Na Unidade IV, apresentamos um modelo que pode ser utilizado. Terminologias Usadas em Cronometragem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 TERMINOLOGIAS USADAS EM CRONOMETRAGEM No ambiente da cronometragem, é fundamental conhecer as terminologias uti- lizadas no ato de cronometrar, dentre elas: avaliação de ritmo: é o processo durante o qual o analista do estudo de tempos compara o ritmo do operador em análise com seu próprio conceito de ritmo normal. Deve ser feita a avaliação por pessoas bem treinadas e com grande conhecimento do trabalho que está sendo executado. Ciclo: é a realização completa de todos os elementos de uma operação, com início e fim definidos. Elemento acíclico: é o elemento que não ocorre todas as vezes que a opera- ção é realizada ou a peça é produzida e sem intervalos regulares. Elemento cíclico: é o elemento que se repete cada vez que a operação é rea- lizada ou a peça é reduzida. INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Elemento constante: é um elemento para o qual o tempo cronometrado é sempre o mesmo, independente das características da peça, na qual são realiza- dos tanto quanto o método e as condições. Elemento da operação: parte da operação que pode ser nitidamente sepa- rada das outras. Deve ter seu início e término bem definidos para permitir a medição de tempos. São três os elementos principais de uma operação: 1-pegar e posicionar; 2-costurar; 3-descartar. Enfatiza-se que, para cada setor e produto, o elemento da operação é adaptado. Elemento variável: é um elemento para o qual o tempo cronometrado é variável, embora o método e as condições de trabalho permaneçam os mesmos. Ex: quando há variáveis no tamanho do produto. Frequência: número de vezes que o elemento se repete na operação que está sendo cronometrada. Gargalo: são pontos de acúmulo na produção, que limitam a capacidade final de produção. Isto significa que a quantidade de produtos disponibilizados ao consumidor final em um determinado intervalo de tempo dependem desses pontos identificados como gargalo. Exemplificando, consideramos uma indús- tria cujo setor de manufatura tenha capacidade para produzir mil unidades por hora de um determinado produto. Se o setor de embalagem dessa mesma indús- tria for capaz de embalar apenas 800 unidades por hora, teremos aí um gargalo e a produção final dessa empresa será restringida a 800 unidades. Se o setor de embalagens fosse dimensionado para embalar duas mil unidades, mas a manufa- tura só tivesse capacidade para mil, agora o novo gargalo seria no setor anterior. É muito importante identificar os gargalos e analisar todo o processo, verificando o impacto no resultado final. Interferência: é a leitura representada por uma interrupção que não seja uma ocorrência regular do ciclo de trabalho e para a qual não se faz previsão na sequência normal dos elementos de uma operação. Terminologias Usadas em Cronometragem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Lead-Time: mede o tempo total de transformação das matérias-primas e componentes em produtos acabados. Em geral, esse tempo se refere ao tempo de manufatura de produtos, porém, é comum associá-lo com componentes, princi- palmente para produtos formados por uma grande quantidade de componentes e subprodutos. O tempo de manufatura é função dos tempos de transporte e do sistema de movimentação dos materiais; das esperas; do tempo de estoques no pro- cesso; da capacidade de processamento dos equipamentos e respectivos controles de qualidade dos materiais processados e das atividades destinadas aos opera- dores. Em resumo, o tempo de manufatura mede a eficiência do PCP da fábrica. Operação: parte do trabalho total. Produtividade: é a relação entre o que se produz e o que deveria ser produ- zido. O resultado é dado em % (porcentagem). Ritmo normal: é o ritmo de trabalho de um operador normal, que pode ser mantido dia após dia, sem fadiga mental ou física excessiva e é caracterizado pelo exercício quase ininterrupto de esforço razoável. Tolerâncias: são os acréscimos de tempo incluídos no tempo total corri- gido a fim de compensar o operador pela produção perdida por causa de fadiga, necessidades pessoais e interrupções normalmente previstas, tais como as para- das mecânicas. Tempo-padrão: é o tempo concedido para um operador qualificado, traba- lhando num ritmo normal e sujeito a demoras e a fadiga normais, para executar uma quantidade definida de trabalho de uma qualidade específica, segundo um método preestabilicido. Tempo de preparação de lote (set-up) (Ts): tempo de preparar os materiais, equipamentos, ferramentas e dispositivos de trabalho necessários para o funcio- namento do centro de produção ou posto de trabalho. As terminologias irão te auxiliar no conhecimento do estudo de tempos e métodos. No decorrer das unidades, iremos abordar cada item destacado, com aplicações práticas de como será utilizado no dia a dia. INTRODUÇÃO A TEMPOS E MÉTODOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na Unidade I, foi apresentado o conceito do estudo de tempos e métodos, seu his- tórico e evolução e a sua aplicabilidade na empresa. Percebe-se que, no decorrer dos anos, a técnica foi se aprimorando e se tornou fundamental para a empresa utilizar como forma de controle e monitoramento da produtividade. Com isso, vocês podem ter uma visão geral da evolução do estudo de tem- pos e métodos, as ferramentas de trabalho que são utilizadas, como elas podem ser aplicadas na empresa e como elas são importantes para a execução do tempo. Destacamos também outro ponto importante, que é o conhecimento das ter- minologias que se utilizam no processo de implantação do estudo de tempos e métodos. Vocês também tiveram a oportunidade de conhecer os conceitos de crono- metragem e cronoanálise e a sua aplicação na empresa. Destacamos as funções e finalidades de cada uma delas e como a empresa poderá ser beneficiada com a implantação da cronometragem e cronoanálise. Sendo assim, vocês podem ter um conhecimento abrangente do estudo de tempos e métodos e, principalmente, qual a vantagem da empresa implantar essa ferramenta na produção e quais resultados serão alcançados. Tentem absor- ver o máximo de conhecimento das unidades e procurem se capacitar, para que vocês possam implantar e utilizar como uma técnica de otimização e maximi- zação de resultados. Queremos enfatizar que o seu conhecimento e acompanhamento, referen- tes à Unidade I, são de extrema importância para que vocês possam desenvolver uma cultura de implantação da cronometragem e cronoanálise e até mesmo esta- rem preparados para capacitar a sua equipe de trabalho. Por fim, aproveitem esta unidade para avançar ainda mais no assunto e bus- car outros materiais auxiliares para complementar o seu estudo. Desejamosque vocês tenham aproveitado e desenvolvido a curiosidade e, acima de tudo, o obje- tivo de implantar o estudo de tempos e métodos. 31 1. Segundo o que foi estudado, assinale a alternativa que indique qual a melhor definição da cronometragem. a) A cronometragem é o controle dos operadores dentro dos setores produtivos. b) A cronometragem é a medição do tempo das operações de um produto, com o objetivo de identificar e determinar o tempo de cada operação produtiva. c) A cronometragem monitora os produtos que não têm o tempo especificado na sua criação. d) A cronometragem é utilizada somente para mensurar a unidade de tempo no desenvolvimento do produto. e) A cronometragem poderá ser utilizada somente para determinados produtos e setores, excluindo a sua atuação em todos os setores produtivos. 2. Referente às terminologias utilizadas na cronometragem, analise as seguintes assertivas. I. É a realização completa de todos os elementos de uma operação, com início e fim definidos. II. O gargalo é um ponto de acúmulo na produção, que poderá ser identificado no processo de estudo de tempos e movimentos. III. A produtividade pode ser a estimativa do que será produzido, sem verificar o que realmente se produziu por um operador. IV. O tempo de set-up é o tempo de preparar os materiais, equipamentos, ferra- mentas e dispositivos de trabalho necessários para o funcionamento do cen- tro de produção ou posto de trabalho. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) apenas II e III estão corretas. c) apenas I está correta. d) apenas I, II e IV estão corretas. e) nenhuma das alternativas está correta. 3. Deu acordo com o que estudamos na Unidade I, analise as assertivas em verda- deiro (V) ou falso (F). ( ) Dentre as aplicações da cronometragem, está a determinação dos padrões de custo e rendimento da mão de obra que podem otimizar os processos e ser uma ferramenta de tomada de decisão na indústria. 32 ( ) O estudo de tempos e métodos tem como objetivo padronizar os métodos, materiais, ferramentas e instalações, não priorizando a sua reposição e manu- tenção no decorrer do processo produtivo. ( ) Frederick Winslow Taylor apresentou amplos trabalhos no campo da raciona- lização, identificando que o maior obstáculo para a cooperação harmoniosa era a incapacidade que a administração tinha em estabelecer uma carga de trabalho apropriada e justa para a mão de obra. Assinale a alternativa correta: a) V, F, V. b) F, F, V. c) F, V, F. d) V, V, F. e) V, F, F. 4. Quais os fatores que contribuíram para Ford Motor Company se tornar uma grande corporação nos anos de 1910? 5. O estudo de tempos e métodos visa a melhorar os métodos de trabalho e de- terminar o tempo-padrão de cada processo. Descreva as principais aplicações e resultados na sua utilização. 33 Estudo de tempos e métodos no setor de pesagem na CIN – Corporação Industrial do Norte Nesta dissertação de mestrado, a autora descreve passo a passo como deve ser realizada cronometragem, de uma forma simples e prática. Acompanhe a descrição e aprenda ainda mais. Passo a passo: o estudo de tempos e métodos promove a criação, a seleção e o desen- volvimento dos melhores métodos, processos, ferramentas, equipamentos e técnicas para se obter um processo produtivo eficiente. O objetivo principal do estudo de tem- pos e métodos é determinar o tempo necessário para a execução de um processo defi- nido, estabelecido por um método eficiente e executado em cadência normal por uma pessoa qualificada e habituada a determinada prática. O estudo de tempos e métodos é composto por quatro partes. A primeira parte consiste no desenvolvimento do método mais eficiente e com menor custo para a empresa. Para se desenvolver o melhor méto- do é necessário seguir quatro passos. O primeiro passo é definir o problema a estudar e estabelecer metas e objetivos para a sua execução. O segundo passo é a análise do problema, descrição do estado atual e a obtenção de dados. O terceiro passo é pesqui- sar soluções possíveis para o problema em análise utilizando os princípios da economia dos movimentos. O quarto passo é determinar a solução mais adequada ao problema de um método que fornecer o menor custo e requer menor capital. A segunda parte do estudo de tempos e métodos é a normalização do processo. Para se estabelecer as normas, deve ser feito um registro do método normalizado com a descrição detalhada do processo analisado, com as atividades e as tarefas realizadas, do conjunto de movi- mentos do operador, das condições de trabalho, das ferramentas e dos equipamentos utilizados. A determinação do tempo-padrão é a terceira parte do estudo de tempos e métodos. Este estudo pode ser usado para determinar o tempo que uma pessoa qualificada, de- vidamente treinada e com experiência gasta para executar uma tarefa, trabalhando normalmente. O tempo-padrão pode ser utilizado no planejamento e na programação para estimativa de custos ou para controlo de custos de mão de obra. A última parte é orientar o operador para realizar o método estabelecido. O método mais eficiente de trabalho só tem valor se for aplicado na prática, por isso é necessário treinar o operador para executar as tarefas de maneira preestabelecida. Fonte: Amaro (2012, p. 74). MATERIAL COMPLEMENTAR Controles de produção: qual o melhor método? Esse artigo da revista Costura Perfeita relata a importância de controles produtivos e a contribuição da cronometragem para esses controles. Web: <https://issuu.com/costuraperfeita/docs/ revista_costura_perfeita_edi____o_a_0877eb93795f88>. A máquina que mudou o mundo James P. Womack / Daniel T. Jones / Daniel Roos Editora: Campus Sinopse: este livro se baseia no maior e mais detalhado estudo já empreendido em qualquer indústria, a saber, o International Motor Vehicle Program (Programa Internacional de Veículos Automotores), estudo da indústria automobilística mundial do Massachusetts Institute of Technology, orçado em cinco milhões de dólares, com a duração de cinco anos e abrangendo quatorze países. Duas vezes no século XX a indústria automobilística modi� cou as ideias fundamentais sobre como produzir; eis que agora ela o faz novamente. Assim como a produção em massa eliminou a produção artesanal, a nova e revolucionária produção enxuta rapidamente está tornando a produção em massa obsoleta. Tempos Modernos Um operário de uma linha de montagem que testou uma “máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório, ele fi ca curado de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e, equivocadamente, é preso como um agitador comunista que liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente, uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um confl ito. A lei vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas, a jovem consegue escapar. Um operário de uma linha de montagem que testou uma “máquina revolucionária” REFERÊNCIAS 35 AMARO, C. I. P. Estudo de tempos e métodos no setor de pesagem na CIN – Cor- poração Industrial do Norte. 2012. 74 f. (Dissertação) - Mestrado Integrado em Enge- nharia Mecânica, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2012. Dispo- nível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/65548/1/000153906. pdf>. Acesso em 4 jul. 2017. BARNES, R. M. Estudo de Movimentos e de Tempos: projeto e medidas de traba- lho. 6. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. CORREA, H. L.; CORREA, C. A. Administração de Produção e de Operações-Manu- fatura e serviços: uma abordagem estratégica. 1. ed. São Paulo: Atlas S. A., 2008. OLIVEIRA, C. Análise e controle da produção em empresa têxtil, através da cro- noanálise.2009. 46 f. (Trabalho de Conclusão de Curso) - Graduação em Engenharia de Produção, Centro Universitário de Formiga, 2009. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da Produção: Operações Industriais e de Serviços. 1. ed. Curitiba: Unicenp, 2007. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. SUGAI, M. Avaliação do uso do MTM (Methods-time Measurement) em uma empresa de metal-mecânica. 2003. 115 f. (Dissertação) - Mestrado em Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2003. TOLEDO JR, I. F. B. Balanceamento de linhas. 7. ed. Rio de Janeiro: Raphael A. Go- doy, 2004. _____. Tempos e Métodos. 11. ed. Mogi das Cruzes: O&M, 2007. TOLEDO JR, I. F. B.; KURATOMI, S. Cronoanálise base da racionalização, da produ- tividade da redução de custos. 3. ed. São Paulo: Itysho, 1977. GABARITOGABARITO 1. B. 2. D. 3. A/ V / F/ V 4. A padronização dos produtos e a ideia de fazer produtos moverem-se en- quanto estações de trabalho ficavam estáticas, trouxeram grande aumento de produtividade. Com isso, aumentou eficiência em custos, já que o tempo de treinamento necessário por trabalhador era menor, porque os métodos e os procedimentos são limitados; aumentou o ritmo de trabalho, levando a maio- res produções em menor tempo; a remuneração paga era mais baixa, porque os requisitos de educação e de habilidade são menores. 5. Tempos e métodos é uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer seg- mento que tenha uma operação, tanto no setor industrial quanto de serviços. As principais aplicações são para calcular a eficiência do operador ou do pro- cesso, conhecer a capacidade produtiva, avaliar gargalos, levantar custos da operação, fazer balanceamento de pessoal e máquinas, otimizar os métodos de trabalho resultando em aumento de produtividade, programar a produção e levantar o tempo de entrega de cada ordem de produção ou serviço, dentre outros. U N ID A D E II Professora Me. Cristiana de Carvalho Almeida Professora Esp. Aline Deldoto Professora Esp. Vanessa Emerick Pires PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender as tolerâncias do processo e sua influência no resultado final. ■ Identificar os desperdícios da produção por meio da ferramenta Kaizen. ■ Definir os métodos de trabalho e as ferramentas utilizadas para apoio. ■ Organizar o espaço de trabalho de acordo com a Norma Regulamentadora ABNT NR-17. ■ Conhecer as posturas de trabalho e quais os benefícios para a saúde dos colaboradores. ■ Remanejar o posto de trabalho aplicando conhecimentos da Ergonomia. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Estudo das Tolerâncias ■ Tempos Improdutivos ■ Métodos de Trabalho ■ Normas e Requisitos de Espaços de Trabalho ■ Posturas de Trabalho ■ Dispositivos de Trabalho Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), na Unidade II, serão apresentados os tempos e as tolerâncias que são desig- nados para uma determinada atividade e sua influência no resultado final. Uma delas acontece sem domínio do operador, ou seja, são as paradas programadas pelos setores de apoio para uma manutenção em máquina, por exemplo. Sabemos que esse tipo de parada influencia no resultado final da atividade na qual, para mensurar essas paradas, muitas empresas trabalham com apon- tamentos diários, sendo que os lançamentos ocorrem em tempo real. Além das informações de produção, velocidade de máquinas e eficiência, os apontamen- tos têm a função de revelar os tempos improdutivos, ou seja, aqueles tempos em que a organização perde com alguns desperdícios da produção. Ao longo da unidade, serão abordados os sete desperdícios nas organiza- ções e o uso de uma ferramenta importante para combater esses desperdícios: Kaizen, uma metodologia japonesa que significa melhoria contínua. Por meio da aplicação dessa ferramenta, a empresa consegue padronizar as atividades e melhorar os resultados da empresa, com ganho de produtividade, faturamento e diminuição dos desperdícios. Relataremos a importância da participação dos gestores, direção e operado- res para criar uma metodologia de trabalho. A função dessa metodologia é que os operadores executem o trabalho de forma padronizada, ou seja, executem da mesma forma, tendo os mesmos resultados com menor número de movimen- tos possíveis. Para finalizar, discutiremos a ergonomia no espaço de trabalho. Mencionaremos a importância de uma postura correta para designar qualquer atividade, seja ela realizada na posição deitada, em pé ou sentada. Algumas doenças ocupacionais aparecem devido à má postura no ambiente de trabalho e à alocação dos dispositivos de trabalho. Essas doenças aparecem com o tempo, são chamadas por alguns atores de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). Preparados para o estudo? Então, vamos lá! PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E40 ESTUDO DAS TOLERÂNCIAS O tempo normal designado para realizar uma determinada atividade na orga- nização não possui tolerâncias, ele é o tempo que o operador necessita para realizar seu trabalho. Quando o trabalho é interrompido por necessidades pes- soais, descansos e outros motivos, são classificados, segundo Peinado e Graeml (2007), como: tolerância para atendimento às necessidades pessoais, tolerância para alívio da fadiga e tolerância para espera. A descrição das tolerâncias é apresentada por Peinado e Graeml (2007). Tolerância para atendimento às necessidades pessoais: como se tratam de necessidades fisiológicas do organismo, essas tolerâncias costumam ser con- sideradas em primeiro lugar. Uma forma eficiente de se determinar os tempos de duração destas tolerâncias consiste na utilização da teoria da amostragem do trabalho. Outra forma de se determinar o tempo de tolerância é por meio do monitoramento contínuo. Em trabalhos leves, para uma jornada de trabalho de oito horas diárias, sem intervalos de descansos preestabelecidos (exceto almoço, naturalmente), o tempo médio de parada, geralmente utilizado, varia de dez a 24 minutos, ou seja, de 2% a 5% da jornada de trabalho. É importante observar que esta tolerância pode Estudo das Tolerâncias Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 variar de indivíduo para indivíduo, de país para país, de acordo com a natureza e ambiente de trabalho. Em geral, trabalhos mais pesados e ambientes quentes e úmidos requerem maior tempo para essas necessidades. Tolerância para alívio da fadiga: até hoje não existe uma forma satisfató- ria de se medir a fadiga, que é proveniente não só da natureza do trabalho, mas também das condições ambientais do trabalho. Na prática das empresas brasi- leiras, o que se tem observado é a utilização de uma tolerância de 15% e 20% do tempo para trabalhos normais em condições de ambiente normais. Tolerância para espera: além das tolerâncias necessárias para as atividades pessoais e para o alívio da fadiga, existe outro tipo de tolerância para situações sobre as quais o trabalhador não tem domínio, dentre as quais as mais usadas são as esperas de trabalho. As esperas podem ter vários motivos, dentre eles é possível citar: necessidades de pequenos ajustes de máquinas, interrupções do trabalho pelo próprio supervisor, falta de material, falta de energia e necessidades de manutenção preventiva. Esses tipos de esperas podem ser determinados por meios de estudos contínuos ou de amostragem de trabalho, feitos ao longo de um período de tempo suficientemente grande para validar os valores encontrados. Esses tipos de tolerância não necessariamente devemfazer parte do tempo padrão. Caso esse tipo de tolerância não seja incluído no tempo-padrão, o tempo de espera deve ser subtraído da capacidade disponível do homem hora/máquina na jornada de trabalho (PEINADO; GRAEML, 2007). As tolerâncias para espera, conforme mencionadas por Peinado e Graeml (2007), são aquelas que o operador não tem domínio, em que as mais usadas são as esperas de trabalho. Essas tolerâncias deverão ser analisadas e programadas junto aos setores envolvidos, por exemplo: programação e Gerência de Produção. Vale ressaltar a importância de um apontamento estruturado na organização, em que os tempos gastos para realizar uma determinada manutenção deverão ser cronometrados e registrados. Para que essas paradas de manutenções não comprometam as produções diárias, ficando com a meta de produção abaixo do esperado, é importante o Gerente de Produção avaliar o tempo gasto para realizar a manutenção e/ou reparos no equipamento. PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E42 TEMPOS IMPRODUTIVOS A mensuração do trabalho, em meados do século XX, era aplicada apenas às orga- nizações industriais. De acordo com Peinado e Graeml (2007), o objetivo da medida dos tempos de trabalho era determinar a melhor e mais eficiente forma de desenvolver uma tarefa específica. Essa meto- dologia permaneceu inalterada desde aquela época. A cronometragem das atividades continua sendo utilizada na maioria das empresas com o obje- tivo de medir o desempenho das atividades. Tempo-padrão é o tempo necessário para executar uma operação de acordo com o método estabelecido, em condições determinadas por um operador apto e treinado, possuindo habilidade média, trabalhando com esforço médio durante todas as horas de serviço (TOLEDO JR, 2005). A organização deve aplicar algumas ferramentas disponíveis para melhorar a aplicação deste valioso produto que é o tempo. Os desperdícios devem ser analisados e ponderados, pois assim a organização terá reduções efetivas dos custos de produção. Segundo Shingo (1991), as sete categorias de desperdícios são: desperdícios de super- produção, desperdícios de espera, desperdícios de transporte, desperdícios de processamentos, desperdícios de movimentos, desperdícios de produzir produ- tos defeituosos e desperdícios de estoque, apresentados a seguir. ■ Desperdícios de Superprodução: é o desperdício de se produzir ante- cipadamente à demanda para os casos dos produtos serem requisitados no futuro. ■ Desperdícios de Espera: trata-se do material que já está esperando para ser processado, formando filas que visam a garantir altas taxas de utili- zação do equipamento. Tempos Improdutivos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 ■ Desperdícios de Transporte: o transporte e a movimentação de mate- riais são atividades que não agregam valores ao produto produzido e são necessários devido às restrições do processo e das instalações, que impõem grandes distâncias a serem percorridas pelo material ao longo do processamento. ■ Desperdícios de Processamentos: trata-se de desperdícios inerentes a um processo não otimizado, ou seja, a realização de funções ou etapas do processo que não agregam valor ao produto. ■ Desperdício de Movimento: são os desperdícios presentes nas mais variadas operações do processo produtivo, decorrentes da interação entre operador, máquina, ferramenta e o material em processo. ■ Desperdício de Produzir Produtos Defeituosos: são os desperdícios gerados pelos problemas da qualidade. Produtos defeituosos significam desperdiçar materiais, mão de obra, uso de equipamentos, além da movi- mentação e armazenagem de materiais defeituosos, inspeção de produtos etc. ■ Desperdício de Estoques: o desperdício de estoque interage fortemente com todos os outros desperdícios (SHINGO, 1991). Reduzir os custos e os tempos gastos em uma atividade é um grande desafio para as organizações nos dias de hoje, pois as organizações estão cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. A metodologia Kaizen significa melho- ria contínua. A melhoria acontece com o envolvimento e participação de todos da organi- zação, sejam eles gerentes, diretores, operários. É importante investir no capital humano, levando conhecimento e treinamentos, resultando em comprometi- mento com a empresa e os clientes. De acordo com Martins e Laugeni (2006), o termo Kaizen é formado a par- tir de KAI, que significa modificar, e ZEN, que significa para melhorar. O Kaizen foi introduzido na administração a partir de 1986 por Masaaki Imai e tem sido associado à ideia de melhoria contínua, não só no trabalho, como também no lar e na vida social. O foco do Kaizen é redução de perdas, ou seja, a organização deve plane- jar as ações de melhorias no objetivo de diminuir as perdas do processo. Um exemplo prático na aplicação dessa ferramenta é avaliar, primeiramente, os PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 indicadores da qualidade, observando qual deles ficou fora da meta estabele- cida. Com isso, a organização tem dados em mãos para começar o processo de investigação e estabelecer ações de melhoria. Importante ressaltar a participa- ção efetiva dos Gerentes, Direção e Operadores, pois a melhoria acontece com o envolvimento de todos. São várias as ações que agem no sentido contrário do Kaizen, por exemplo, o comodismo e a falta de responsabilidade. Martins e Laugeni (2006) relacio- naram alguns motivos que “esfriam” as ações do Kaizen, desmotivando aqueles que querem mudar para melhor: ■ estou muito ocupado para estudar o assunto! ■ É uma boa ideia, porém prematura! ■ Não está previsto no orçamento! ■ A teoria é diferente na prática! ■ Você não tem outra coisa a fazer! ■ Acho que isso não vem ao encontro das políticas corporativas! ■ Não é da nossa alçada; deixem os outros pensarem no assunto! ■ Você está insatisfeito com o seu trabalho? ■ Não é melhoria, é bom senso! ■ Já sei os resultados mesmo que a gente não faça! ■ Eu não serei responsável por isso! ■ Você não pode pensar em algo melhor? A fim de combater o comodismo, algumas sugestões são oferecidas por Martins e Laugeni (2006): Tempos Improdutivos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 ■ descarte as idéias fixas e convencionais; ■ pense em como fazer e não por que pode ser feito; ■ não apresente desculpas. Comece por questionar as práticas correntes; ■ não procure a perfeição. Faça-o imediatamente, mesmo que seja para atingir somente 50% dos objetivos; ■ corrija o erro imediatamente, caso o cometa; ■ não gaste dinheiro com o Kaizen, use a criatividade; ■ a criatividade surge com as necessidades; ■ faça a pergunta “por quê?” pelo menos cinco vezes e procure as causas raízes; ■ procure se aconselhar com dez pessoas em vez de somente com uma. As sugestões Kaizen são infinitas (MARTINS; LAUGENI, 2006). Como uma filosofia gerencial, o Kaizen pode ser aplicado segmentada- mente em partes específicas da organização, podemos citar segundo Martins e Laugeni (2006). ■ Kaizen de projeto: desenvolver novos conceitos para novos produtos. ■ Kaizen de planejamento: desenvolver um sistema de planejamento quer a produção, para finanças ou marketing. ■ Kaizen de produção: desenvolver ações que visam a eliminar desperdícios no chão de fábrica e que melhorem o conforto e a segurança do trabalho. O Kaizen busca a melhoria contínua, sendo de responsabilidade da Alta Direção cobrar e disseminar a prática Kaizen, pois o agir é essencial para o sucesso do projeto e proporcionar retorno. PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reproduçãoproibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 MÉTODOS DE TRABALHO Métodos de trabalho direcionam como um trabalho é realizado, por exemplo, uma montagem de linha de produção, atendimento ao cliente, negociação comer- cial, enfim, descreve os métodos escolhidos pela organização para a realização de várias atividades. Nesses métodos são consideradas a qualidade do serviço realizado, velocidade na execução dele, segurança, ergonomia, entre outros. Algumas ferramentas de qualidade aplicadas na organização auxiliam os profissionais da área a definirem os melhores métodos de trabalho. É necessá- rio que esses métodos de trabalho estejam disponíveis e sejam reavaliados em intervalos planejados pela organização. Segundo Corrêa (2012), numa abordagem Taylorista, o melhor método seria aquele que a tarefa fosse realizada com a maior eficiência de custos. Preferimos a abordagem estratégica, em que o melhor método seria aquele que melhor com- patibiliza os trade-offs entre os vários critérios de desempenho, privilegiando aqueles priorizados pela análise estratégica. Algumas funções exercidas pelos operadores dentro das organizações requer um deslocamento para vários setores, ou seja, se faz necessária a movimentação Métodos de Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 do corpo ou parte deste. O ideal é o trabalhador efetuar sua atividade com menor número de movimentos possíveis, garantindo sua segurança e evitando a fadiga. Além dos movimentos realizados pelos operadores, o ambiente de trabalho deve ser analisado, pois ele interfere na qualidade do serviço oferecido ao cliente. O mobiliário presente no ambiente de trabalho deve ser ajustável à posição do operador, de modo com que consiga se adequar e realizar a atividade sem esfor- ços e sem prejudicar sua saúde. Segundo Davis (2001), há duas maneiras básicas de determinar o melhor método quando o analista de métodos estuda um único trabalhador desenvolvendo uma tarefa essencialmente manual. A primeira consiste em pesquisar os vários traba- lhadores que estão realizando uma determinada tarefa e encontrar aquele que desenvolve melhor. O método dessa pessoa é tomado como padrão e outros operadores são treinados a desenvolver as atividades da mesma maneira; esta é, basicamente, a abordagem de F. W. Taylor. Segundo o mesmo autore, o segundo método consiste em observar o desem- penho de um número de trabalhadores, analisar, em detalhes, cada passo de seus trabalhos e identificar as características superiores do desempenho de cada um deles. O resultado é um método composto que combina com os melhores ele- mentos do grupo estudado. Este foi o procedimento utilizado por Frank Gilberth, o pai do estudo de movimentos, para determinar a maneira mais adequada para desenvolver o trabalho (DAVIS, 2001). Algumas organizações desempenham a atividade de padronizar os métodos Na linha de produção, no escritório, na oficina de costura ou mesmo ao uti- lizar um smartphone ou tablet, é preciso otimizar a relação do indivíduo com o meio no qual ele está inserido e com as ferramentas que ele utiliza para desempenhar suas atividades. “Este é um dos princípios essenciais da ergonomia”. Fonte: Boletim ABNT (2013). PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 de trabalho ao Departamento de Engenharia ou Qualidade. Outras optam por contratar serviços de consultoria especializados nessa área, utilizando as ferra- mentas como suporte na descrição desses métodos. NORMAS E REQUISITOS DE ESPAÇOS DE TRABALHO A norma regulamentadora NR-17 visa a estabelecer parâmetros que permi- tem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (ABNT, 2007). Para avaliar a adaptação das condições do trabalho às características psi- cofisiológicas dos trabalhadores, segundo a ABNT NR-17, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo ela abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecidos na norma regulamentadora. No decorrer desta norma regulamentadora, são discutidos os seguintes assuntos, tendo em vista a condição ideal do trabalho, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais: ■ levantamento, transporte e descarga individual de materiais; ■ Mobiliário dos postos de trabalho; Normas e Requisitos de Espaços de Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 ■ Condições ambientais de trabalho; ■ Organização do Trabalho. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais: de acordo com a ABNT NR-17, o transporte manual de cargas designa todo o transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só traba- lhador, compreendendo o levantamento e a deposição das cargas. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou segurança. Todo trabalhador designado a essa atividade deverá receber treinamento específico para tal função. A organização, em intervalos planejados, deve con- ceber um treinamento quanto aos métodos de trabalho que deverá ser utilizado com o objetivo de prevenir acidentes e cuidar da saúde do trabalhador. O peso máximo das cargas a ser transportadas por mulheres é inferior ao peso transpor- tado por homens, para não comprometer a sua saúde e sua segurança. Segundo a ABNT NR-17, o trabalho de levantamento de material, feito com equipamento mecânico de ação manual, deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua segurança e saúde. Mobiliário dos postos de trabalho: dependendo da posição em que o colaborador executa sua atividade, o posto de trabalho deve ser remanejado ou adaptado para essa posição. Segundo a ABNT NR-17, para trabalho manual sentado ou que tenha que ser feito em pé, as ban- cadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguin- tes requisitos mínimos: ■ ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de tra- balho e com altura do assento; ■ ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; ■ ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movi- mentação adequados dos segmentos corporais. PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 Para os trabalhos que são executados em pé, de acordo com a ABNT NR-17, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicio- namento e dimensões que possibilitem fácil alcance. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto, descritos pela ABNT NR-17: ■ altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; ■ características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; ■ borda frontal arredondada; ■ encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. É importante ressaltar que as atividades que são realizadas em pé devem conter, no ambiente de trabalho, assentos que possam ser utilizados para os trabalha- dores durante as pausas de descanso. Equipamentos dos postos de trabalho: todos os equipamentos que compõe o espaço do trabalho devem ser apropriados de acordo com as características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a não comprometer sua saúde e segurança.Para os trabalhos que envolvam leitu- ras e digitação, a ABNT NR-17 estabelece os seguintes parâmetros: ■ ser fornecido suporte adequado para documentos que possam ser ajus- tados proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual; ■ ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização de papel brilhante ou de qualquer outro tipo que pro- voque ofuscamento. Os equipamentos eletrônicos como, por exemplo, computadores e vídeos, devem permitir ajuste manual da tela, protegendo contra reflexos e permitindo melhor visibilidade do trabalhador. O apoio do teclado do computador deve ser usado para descanso dos braços, sendo permitida a mobilidade manual para que o tra- balhador possa ajustar a posição conforme suas atividades. Normas e Requisitos de Espaços de Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Caso os equipamentos eletrônicos sejam executados de forma esporádica, as exigências já citadas são dispensadas, levando em conta a análise ergonô- mica do trabalho. Condições ambientais do trabalho: as condições ambientais do trabalho devem ser adequadas à natureza do traba- lho a ser executado. Um exemplo é em determinadas atividades que exijam uma atenção especial, tais como laboratório de análise, aprovação de um pedido, salas de desenvolvimentos de projetos, a ABNT NR-17 recomenda as seguintes con- dições de conforto: ■ níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma bra- sileira registrada no INMETRO; ■ índice de temperatura efetiva entre 20ºC e 23ºC; ■ velocidade do ar não superior a 0,75m/s; ■ umidade relativa do ar não inferior a 40%. Em todo local de trabalho deve haver uma iluminação adequada, seja ela natu- ral ou artificial. A iluminação deve ser projetada de forma a evitar ofuscamentos e sombras, dificultando o serviço a ser realizado pelo trabalhador. Os níveis de iluminação do ambiente de trabalho, segundo a ABNT NR-17, devem ser feitos no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando um luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. Organização no trabalho: a organização no trabalho, para efeito da ABNT NR-17, deve levar em conside- ração, no mínimo: ■ as normas de produção; ■ o modo operatório; ■ a exigência do tempo; ■ a determinação do conteúdo de tempo; PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 ■ o ritmo do trabalho; ■ o conteúdo das tarefas. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores e, a partir de uma análise ergo- nômica do trabalho, deve ser observado, segundo a ABNT NR-17: ■ todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho, para efeito da remu- neração e vantagens de qualquer espécie, deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; ■ devem ser incluídas pausas para descanso; ■ quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a quinze dias, a exigência de produção deve permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento. As empresas devem organizar o espaço de trabalho de acordo com cada atividade a ser executada. A ferramenta da qualidade 10s, por exemplo, visa a reeducar as pessoas, buscando melhorias e organizações nos ambientes de trabalho, propor- cionando um ambiente sem riscos à saúde do colaborador. Posturas de Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 POSTURAS DE TRABALHO Durante a jornada de trabalho, é essencial que os colaboradores executem suas atividades de forma a não comprometer a saúde e integridade física, ou seja, que as atividades sejam executadas com uma correta postura. O local de trabalho deve se adequar ao trabalhador, não sendo da forma contrária. De acordo com Martins e Laugeni (2006), os princípios da economia de movimentos representam 22 regras básicas, são elas. Princípios para o uso do corpo humano 1. As mãos devem iniciar os movimentos ao mesmo tempo. 2. As mãos não devem permanecer paradas ao mesmo tempo (a não ser em períodos de descanso). 3. Os braços devem ser movimentados simetricamente e em sentidos opostos. 4. Os movimentos das mãos devem ser os mais simples possíveis. 5. Deve-se utilizar o impulso. 6. As mãos devem executar movimentos suaves e contínuos. 7. Devem ser utilizados movimentos balísticos, por serem mais precisos. 8. Deve-se manter o ritmo do trabalho (MARTINS; LAUGENI, 2006). PREPARAÇÃO E MÉTODOS DE TRABALHO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 Princípios para o local de trabalho 9. Deve haver um local predeterminado para todos os materiais, ferramen- tas e demais objetos. 10. Os materiais, as ferramentas e os demais objetos devem ser dispostos obedecendo os aspectos antropométricos do operador. 11. Deve ser utilizada a alimentação das peças por gravidade. 12. Devem ser utilizados alimentadores de peças que possibilitem retirada fácil da peça pelo operador. 13. Os objetos devem ser posicionados de maneira a permitir uma sequên- cia adequada de utilização. 14. Deve haver boas condições ambientais (luz, ruído, temperatura e umi- dade). 15. O assento deve seguir os conceitos ergonômicos. 16. O conjunto de mesas-assento deve permitir que o operador possa traba- lhar alternadamente sentado ou em pé. Princípio para as ferramentas e para os equipamentos 17. Devem ser utilizados gabaritos e suportes para livrar as mãos de segu- rar objetos. 18. Duas ou mais ferramentas devem ser combinadas. 19. Os objetos devem estar disponíveis para o uso. 20. Em trabalhos que utilizam força dos dedos, a carga de trabalho de cada dedo deve ser distribuída de acordo com a força de cada um deles. 21. Os cabos das ferramentas devem seguir um projeto ergonômico. 22. As alavancas e demais acionadores de máquina devem seguir um pro- jeto ergonômico (MARTINS; LAUGENI, 2006). Segundo Iida (2005), diversos critérios podem ser adotados para avaliar a ade- quação de um posto de trabalho. Entre eles, se inclui o tempo gasto na operação e o índice de erros e acidentes. Contudo, um dos melhores critérios, do ponto Posturas de Trabalho Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 de vista ergonômico, é a postura e o esforço exigido dos trabalhadores, determi- nando os principais pontos de concentração de tensões, que tendem a provocar dores nos músculos e tendões. Muitas vezes, os colaboradores realizam os trabalhos com postura inade- quada devido ao ambiente de trabalho estar deficiente, máquinas e equipamentos estarem posicionados de forma incorreta, isso resulta em tempos de parada na produção por dores musculares, fadiga e até afastamentos de trabalho e doen- ças ocupacionais. Segundo Iida (2005), existem três situações principais em que a má postura pode produzir consequências danosas: ■ trabalhos estáticos que envolvem uma postura parada por longos períodos; ■ trabalhos que exigem muita força; ■ trabalhos que exigem posturas desfavoráveis, como o tronco inclinado e torcido. No primeiro caso, a sobrecarga sobre os músculos e articulações podem levar à rápida fadiga muscular, dores e lesões. Os trabalhos que exigem uma sobre- carga biomecânica também podem provocar lesões musculares (IIDA, 2005). Posturas Básicas Trabalhando ou repousando, o corpo assume três posturas básicas: as posições deitadas, sentada e em pé, que são apresentadas a seguir, segundo
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