Buscar

LIVRO Serviço Social e Processo de Trabalho I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autora: Profa. Daniela Emilena Santiago
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudella
 Prof. Mauro Kiehn
Serviço Social 
e Processo de Trabalho
Professora conteudista: Daniela Emilena Santiago
É assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Violência Doméstica 
contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Psicologia pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus Assis/SP. Mestre em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio 
de Mesquita Filho (Unesp), campus Assis/SP e doutoranda em História pela mesma instituição. Atualmente, é funcionária 
pública do município de Quatá/SP, atuando como assistente social na Secretaria Municipal de Promoção Social.
É docente dos cursos de Psicologia e Pedagogia da UNIP, campus Assis-SP, e coordenadora dos cursos 
de pós-graduação em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes e Gestão de Políticas Sociais e 
Trabalho com Famílias, também no campus Assis-SP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S235s Santiago, Daniela Emilena.
Serviço Social e Processo de Trabalho / Daniela Emilena 
Santiago. – São Paulo: Editora Sol, 2021.
116 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Assistente social. 2. Planejamento. 3. Política social. I. Título.
CDU 331
U511.42 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Irana Magalhães
 Vitor Andrade
Sumário
Serviço Social e Processo de Trabalho
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 O ASSISTENTE SOCIAL COMO TRABALHADOR COLETIVO E SUA INSERÇÃO 
EM PROCESSOS DE TRABALHO ..................................................................................................................... 11
1.1 Breve histórico da institucionalização do Serviço Social no Brasil.................................. 11
1.2 O assistente social como trabalhador coletivo e sua inscrição em processos 
de trabalho ..................................................................................................................................................... 17
1.2.1 O assistente social como trabalhador coletivo ........................................................................... 17
1.2.2 O assistente social inscrito em processos de trabalho ............................................................ 22
2 OS PROJETOS SOCIETÁRIOS, OS PROJETOS PROFISSIONAIS E O PROJETO 
ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL ......................................................................................................... 30
3 A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL E SUA RELAÇÃO COM O PLANEJAMENTO ........................... 36
3.1 Planejamento estratégico e planejamento participativo ..................................................... 44
3.2 Os dispositivos básicos do planejamento: planos, programas e projetos ...................... 47
4 A ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS COMO GESTORES DE POLÍTICAS SOCIAIS ............. 55
Unidade II
5 A ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CONSELHOS GESTORES DE 
POLÍTICAS SOCIAIS ............................................................................................................................................. 66
6 A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NA GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE 
CIVIL – TERCEIRO SETOR .................................................................................................................................. 73
7 O ASSISTENTE SOCIAL E A ATUAÇÃO COM ASSESSORIA, CONSULTORIA 
E NA DOCÊNCIA ................................................................................................................................................... 80
8 O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL COMO SUPERVISOR E NOS 
CONSELHOS PROFISSIONAIS COMO AGENTE FISCAL ........................................................................... 91
7
APRESENTAÇÃO
Para que possamos dar início a esta disciplina, convidamos você para ler a notícia a seguir:
Em tempos de pandemia, dia do assistente social conta com agenda de valorização
Conselho Regional de Serviço Social promove uma série de debates e publicações 
para a categoria durante pandemia
Nesta sexta-feira, é comemorado o dia do assistente social e, em meio à pandemia do 
coronavírus, os Conselhos Regionais e Federais de Serviço Social (Cress e CFESS) prepararam 
uma programação especial para celebrar a data. Com o tema ‘trabalhamos em vários espaços, 
sempre com a população. Serviço Social: conheça e valorize essa profissão’, os conselhos 
têm levantado o debate de valorização e reconhecimento do profissional do Serviço Social 
por meio de ações nas redes sociais.
Em Alagoas, as ações organizadas pelo Conselho Regional de Serviço Social 
(Cress-Alagoas) trazem uma série de debates e publicações de materiais para a categoria em 
tempos de pandemia, refletindo o papel e a importância do Serviço Social no atual contexto 
que vive o país.
No manifesto publicado pelo Cress-Alagoas em valorização ao trabalho dos assistentes 
sociais, o Conselho destaca que “em tempos de calamidade pública, o Serviço social tem 
papel de destaque na linha de frente das ações que possam diminuir o impacto da pandemia 
na vida da população, em especial das que estão em situação de vulnerabilidade social”, 
afirma trecho do material.
É nesse contexto que se posiciona a comemoração do 15 de maio em 2020. De acordo 
com Marciângela Gonçalves, conselheira presidenta do Cress-Alagoas, as consequências 
do cenário de pandemia são refletidas diretamente nas condições de vida da população 
mais pobre, população com a qual os profissionais assistentes sociais desenvolvem seu 
trabalho cotidiano.
“Nossa categoria atua em espaços estratégicos nesse momento. Os equipamentos 
sociais, a exemplo dos Centros de Referência de Assistência Social, os Cras, devem contribuir 
significativamente para favorecer o acesso aos serviços socioassistenciais e prestar 
informação qualificada à população nesse contexto”, comentou Marciângela.
Ainda de acordo com a presidenta do Conselho, a atuação do profissional do Serviço 
Social possibilita a efetividade de ações essenciais para a manutenção da vida da população 
mais pobre. “As diversas estratégias interventivas que reduzem os impactos da política 
econômica e crise sanitária que estamos vivendo contribuem diretamente para que a 
população tenha acesso aos serviços de saúde, assistência e previdência social, fundamentais 
para a sobrevivência de inúmeros sujeitos em seus territórios”, explicou.
8
“Sempre estivemos na luta e construção de uma sociedade mais justa e igualitária 
e não podemos,nesse momento, recuar das nossas defesas e das nossas funções”, 
concluiu Gonçalves.
Ações em Alagoas
A agenda pela passagem do dia do assistente social em Alagoas é marcada por uma 
série de atividades promovidas pelo Cress junto à categoria. As ações que acontecem desde 
o início do mês contemplam uma diversidade de debates transmitidos on-line, publicação 
de materiais orientativos aos profissionais, além do acompanhamento e fiscalização das 
condições de trabalho dos assistentes sociais nesse período.
As atividades que dialogam sobre o exercício profissional deles com o atual momento de 
crise sanitária que vive o país devem ocorrer durante todo o mês, mobilizando, mesmo que 
por ações on-line, orientando e aprofundando as reflexões com os profissionais no estado. 
Fonte: Lima (2020).
A notícia reproduzida mostra como o trabalho dos assistentes sociais mostrou-se ainda 
mais relevante no contexto da epidemia de Covid-19 que afetou o mundo em 2020. Vemos 
que a entrevistada, Marciângela Gonçalves, conselheira presidenta do Cress-AL, destaca a 
importância da ação profissional frente às intercorrências vivenciadas pela população mais 
vulnerável, tendo em vista as mudanças no cotidiano desse público causadas pela pandemia. 
Na narrativa, Marciângela dá ênfase à ação do assistente social no Cras, destacando a 
potencialidade de sua prática no direcionamento dos serviços socioassistenciais.
Escolhemos esse texto, dentre muitos possíveis, pois nele vemos que a necessidade por nossa 
profissão ganhou notoriedade no contexto do ano de 2020, por conta das demandas decorrentes 
da pandemia. Isso nos faz pensar na transitoriedade que perpassa toda a realidade e que nos 
permite compreender que essa realidade está em constante construto, constante devir. À medida 
que a realidade muda, fortemente influenciada por fatores econômicos, políticos, sociais e, até 
mesmo, epidemiológicos, nossa profissão também muda e é afetada. Isso traz a necessidade de 
romper com abordagens antigas e se apropriar das novas possibilidades que são apresentadas 
à categoria.
Essa realidade de mutação é algo inerente às profissões e esteve presente em toda a história 
de desenvolvimento do serviço social brasileiro. Novas demandas vêm sendo apresentadas à 
nossa categoria cotidianamente e outras vêm se reatualizando, assumindo nossas configurações 
e formatos. É exatamente isso que propomos por meio desta disciplina: uma reflexão sobre a 
prática do assistente social, partindo de demandas já presentes em nosso exercício profissional 
por meio do desempenho de ações relacionadas ao planejamento das atividades, mas também 
discutindo sobre novas possibilidades do fazer profissional, refletindo sobre a ação profissional 
na gestão de políticas sociais, na intervenção dos Conselhos de Direitos, em práticas com 
assessoria e consultoria, com a docência, nos conselhos regionais e outras possibilidades afins. 
9
Portanto, vamos conhecer e refletir sobre outros espaços de exercício profissional, algo que é 
extremamente válido e necessário para a sua formação.
Esse conhecimento nos levará a contemplar o objetivo da disciplina, que é “compreender o 
serviço social como uma especialização do trabalho social e a condição assalariada do trabalho do 
assistente social” e, nesse sentido, apreender as mais variadas dimensões teórico-metodológicas 
que são apresentadas a nós e ao nosso exercício profissional nos espaços diversificados de 
ação que têm sido constituídos.
INTRODUÇÃO
A ação do profissional será o objeto de discussão desta disciplina e, para que possamos 
entender o papel do assistente social, é essencial retomar a constituição do serviço social como 
profissão no Brasil. Dito isso, daremos início aos nossos estudos por meio da discussão sobre a 
consolidação da profissão no Brasil e sua inserção em processos de trabalho. Esses conceitos, 
dispostos na unidade I, servirão de mote inicial para a discussão subsequente, relacionada aos 
projetos de classe, os projetos profissionais e os projetos de trabalho do serviço social.
Na sequência, ainda na unidade I, apresentaremos conceitos vinculados à ação concreta, 
por meio de questões relacionadas ao planejamento. Pensar a dimensão do planejamento 
requer reflexão sobre os dispositivos privilegiados que são os planos, programas e os projetos 
de intervenção. Por meio dessas aproximações, também consideraremos a ação cotidiana do 
assistente social como gestor de políticas sociais. Essa introdução é o substrato necessário para 
que possamos pensar sobre as ações cotidianas do assistente social e seguir para a unidade II, na 
qual apresentaremos outros exemplos de intervenção profissional.
Na unidade II, abordaremos outros espaços e práticas possíveis aos assistentes sociais, como 
a intervenção em Conselhos de Direitos, os quais, como sabemos, são responsáveis pela gestão 
de políticas sociais. Também discorreremos sobre a prática profissional por meio da assessoria e 
consultoria e, ainda, sobre a docência. A atuação profissional na docência abre um leque amplo, 
que nos permitirá abordar, também, o exercício do assistente social como supervisor de estágio. 
Para concluir a unidade II, apresentaremos a ação do assistente social nos Conselhos Regionais.
Dessa maneira, convidamos você a repensar a inserção profissional do assistente social e, 
ainda, conhecer e refletir sobre a nossa intervenção nos mais variados espaços laborais.
11
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Unidade I
1 O ASSISTENTE SOCIAL COMO TRABALHADOR COLETIVO E SUA INSERÇÃO 
EM PROCESSOS DE TRABALHO
Para começar, buscamos apresentar uma discussão que estimule a reflexão sobre a consolidação 
da nossa área como profissão no Brasil. Para isso, organizamos o texto por meio de dois subitens. 
No primeiro deles, apresentaremos uma caracterização histórica sobre as mutações pelas quais 
passou a nossa profissão. No item seguinte, abordaremos o conceito de processo de trabalho e 
sua aplicação ao Serviço Social, discutindo também aspectos relacionados ao entendimento do 
assistente social como trabalhador coletivo.
1.1 Breve histórico da institucionalização do Serviço Social no Brasil
No Brasil, a consolidação de nossa profissão está ligada à sua aceitação social como categoria 
de trabalho. É o momento em que nossa área deixa de ser uma ação de caridade e passa a 
ser uma intervenção profissional. Isso só acontece à medida que essa profissão passa a ser 
necessária. Vamos recuperar um pouco desse contexto para entender melhor quais foram as 
bases que tivemos para a institucionalização do Serviço Social.
Bem, essa história é como aquelas histórias de família, compostas por informações que 
sempre conhecemos e escutamos nos encontros familiares. Essa é a nossa história, que define a 
nossa profissão, e ela começa, no Brasil, em meados dos anos 20 do século XX.
Marilda Iamamoto (1982) coloca que nos anos 1920, sobretudo na segunda metade, 
tínhamos condições sociais, econômicas e políticas que favoreciam a organização da caridade, 
sobretudo por meio da intervenção voltada à caridade por parte da Igreja Católica. A Igreja 
buscava recuperar poder e fiéis, algo que vinha perdendo no Brasil. Suas ações aconteceram 
por várias frentes, sendo uma delas a organização da caridade. A caridade consistia em oferecer 
auxílio às demandas emergenciais apresentadas pelos segmentos mais vulneráveis da sociedade. 
Essa “ajuda” era custeada com recursos arrecadados pela Igreja.
Quem fazia essa caridade eram os leigos, ou seja, pessoas que frequentavam a Igreja 
Católica. Via de regra, essas pessoas eram mulheres, pertencentes às famílias de maior poder 
aquisitivo da sociedade, e, preferencialmente, que não fossem casadas. A Igreja, visando preparar 
as mulheres para essa ação, passou a oferecer, no mesmo período, formação para as moças. 
A formação era viabilizada por meio de cursos oferecidos pelo Centro de Estudos e Ação Social 
(Ceas), organização que foi criada com tal finalidade em São Paulo, em 1932.As pessoas que 
desenvolviam essa ação foram nomeadas agentes sociais.
12
Unidade I
 Observação
A institucionalização do Serviço Social no Brasil como profissão está 
associada à criação das primeiras escolas de formação, as quais foram 
necessárias para qualificar a intervenção das profissionais e prepará-las 
para a administração das expressões da questão social.
Iamamoto (1982) afirma ainda que, nos anos 1930, a ação leiga em prol do atendimento das 
necessidades dos segmentos mais vulneráveis foi mantida, sobretudo, por meio do estímulo 
das formações oferecidas através do Ceas. No entanto, mesmo os cursos oferecidos pelo Ceas 
não se mostraram capazes de minimizar as demandas apresentadas pela sociedade. A autora 
ressalta que no período em questão, no Brasil, tivemos uma ampliação da classe trabalhadora, 
associada a uma crescente organização dos trabalhadores e à correspondente exigência dos 
direitos de tais segmentos. Os agentes sociais passaram então a ser requisitados para também 
atuar junto à classe trabalhadora. Junto aos trabalhadores, a ação profissional esteve orientada 
para o controle dos perfis, influindo junto às famílias, buscando a consolidação de um padrão 
idealizado de ser, além do controle sobre os corpos e condutas.
Assim, percebemos que as requisições que delineavam as ações dos agentes sociais mudaram, 
já que eram requisitados tanto para a administração das mazelas geradas pelo capitalismo 
quanto para o controle das famílias. As novas requisições despertaram o interesse da Igreja e da 
burguesia para essas agentes e, sob influência do Estado, foram criados os primeiros cursos de 
Serviço Social no Brasil, em meados dos anos 1930. Em São Paulo, a primeira escola foi criada 
sob influência de Albertina Ferreira Ramos e Maria Kiehl, no ano de 1936. Essa escola substituiu 
o Ceas e buscou oferecer formação às moças, uma espécie de técnica para que pudessem lidar 
com as novas demandas apresentadas frente às mudanças políticas, sociais e econômicas que se 
manifestavam no país.
A autora afirma que a formação, nesse período, foi estruturada em torno da influência dos 
dogmas católicos. Associado a esses conceitos, difundidos pela Igreja Católica e reproduzidos nos 
espaços da sala de aula, também observamos uma grande influência norte-americana, por meio 
de técnicas que buscavam ensinar os assistentes sociais sobre como intervir em seu público-alvo. 
Tivemos no Brasil grande influência da perspectiva do método de casos individuais, proposto por 
Mary Richmond, além do positivismo e do funcionalismo. Em linhas gerais, as abordagens se 
complementam e têm como objetivo preparar o técnico para intervir nos segmentos específicos. 
Tempos depois, tivemos também os métodos de grupo e comunidade. Fato é que novas abordagens 
metodológicas foram surgindo à medida que as demandas profissionais foram sendo alteradas 
(IAMAMOTO, 1982).
José Paulo Netto (2001) e Marilda Iamamoto (2001) nos colocam que o surgimento das 
primeiras escolas está ligado às necessidades geradas pelo sistema capitalista. Para eles, a adesão 
de novas técnicas e a busca por qualificar melhor a ação estão ligadas aos novos dispositivos 
13
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
que são apresentados aos assistentes sociais para que eles possam exercer bem o seu papel e 
assim atender às novas necessidades que são geradas pelo capitalismo. Assim, para esses autores, 
a institucionalização do Serviço Social como profissão no Brasil só aconteceu em virtude da sua 
necessidade social. Netto (2001) ainda destaca que foi a necessidade capitalista que demandou 
a consolidação do Serviço Social como profissão. Para ele, não tivemos uma evolução natural 
da ajuda, que resultou no Serviço Social com bases profissionais, mas sim a necessidade do 
sistema capitalista.
Em relação ao contexto político, sabemos que nos anos 1930 ocorreu a ascensão do governo 
militar por meio do Governo Provisório de Getúlio Vargas, que intensificou a industrialização 
nacional, instituiu direitos trabalhistas e conferiu novas bases para a relação entre trabalhador, 
empresa e Estado. Ofereceu ainda elementos básicos necessários para a ampliação do 
desenvolvimento capitalista, como a oferta de serviços de infraestrutura mínimos para o 
escoamento da produção, por meio da melhoria das estradas e afins. Constituiu, ainda no 
primeiro mandato, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com o objetivo de 
preparar a mão de obra para o trabalho. Ou seja, ofereceu um rol amplo de serviços visando a 
garantia do amplo desenvolvimento capitalista no Brasil.
 Saiba mais
Os filmes a seguir apresentam aspectos relacionados ao contexto dos 
anos 1930. O filme Adágio ao Sol é a narrativa de um triângulo amoroso 
vivenciado em uma fazenda de café que está em declínio e no qual temos 
a questão política e econômica como pano de fundo.
ADÁGIO ao Sol. Brasil. Direção: Xavier de Oliveira. Brasil: California 
Filmes, 1996. 100 min.
Outro clássico que apresenta o período é o filme Memórias do 
Cárcere, que retrata a prisão do escritor Graciliano Ramos sob acusação 
de envolvimento com a chamada Intentona Comunista. O filme recebeu 
premiações no festival de Cannes de 1984.
MEMÓRIAS do Cárcere. Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil: 
Embrafilme, 1984. 115 min.
Contudo, a consolidação do sistema capitalista poderia ser um fator influente para o 
Serviço Social? Poderia ser um dos fatores que influenciou a institucionalização dessa profissão 
no Brasil? Se você respondeu afirmativamente a essas duas perguntas, você está de acordo 
como o pensamento de Netto (2001) e Iamamoto (2001), uma vez que ambos compreendem a 
institucionalização do Serviço Social como profissão no Brasil em decorrência de tais fenômenos. 
Porém, o que fez com que essa profissão fosse mantida, ou seja, porque não tivemos a extinção 
do Serviço Social anos depois? Possivelmente, porque o Serviço Social mostrou-se como uma 
profissão socialmente necessária.
14
Unidade I
Porém, a partir da institucionalização da profissão, outros eventos são importantes e 
necessários, já que demonstram o caminhar do Serviço Social na constituição de sua maturidade 
profissional. Dentre eles, temos a criação da Associação Brasileira de Ensino de Pesquisa em 
Serviço Social, a ABEPSS. Inicialmente, a instituição foi denominada Abess, Associação de Ensino 
em Serviço Social, no ano de 1946. No ano de 1996, a Abess teve sua nomenclatura alterada para 
ABEPSS, visando representar a Pesquisa, daí o acréscimo da letra P à sigla. O objetivo da ABEPSS 
foi o de orientar o processo de formação dos assistentes sociais. No início, a instituição surge 
também influenciada pelo positivismo e pelas doutrinas sociais da Igreja Católica, mas, com o 
tempo, a organização foi mudando junto com a maturidade da profissão (NETTO, 2001).
 Saiba mais
Visando conhecer mais sobre a ABEPSS, recomendamos que você 
assista ao documentário elaborado por essa organização em 2016, no 
qual temos uma narrativa interessante dessa história.
ABEPSS 70 anos. 2016. 1 vídeo (13:33). Publicado por ABEPSS. Disponível 
em: https://cutt.ly/KxQ8y4b. Acesso em: 3 out. 2020.
Segundo Maria Lúcia Barroco (2006), também foi nesse período que criaram no Brasil, 
mais especificamente no ano de 1947, o primeiro Código Profissional de Ética dos Assistentes 
Sociais, que ofereceu parâmetros morais para a ação profissional ainda com o aporte à religião, 
fortemente influenciado pelas normas da Igreja Católica.
 Observação
A Lei Federal n. 3.252, de 27 de agosto de 1957, foi a primeira legislação 
de regulamentação da profissão no Brasil.
No aspecto da regulamentação legal desse exercício, vemos que, na década de 1950, foi 
realizada a promulgação da Lei Federal n. 3.252, de 27 de agosto de 1957. Essa legislação indica 
que somente pessoas graduadas podem exercer o ofício e ainda destaca as atribuições do cargo, 
enfatizando que somente assistentes sociais poderiam assumir cargos na área. A legislação 
especificaainda que os agentes sociais poderiam exercer a função desde que estivessem, até 
dezembro de 1960, matriculados nos cursos de Serviço Social. Dessa forma, veta que o agente 
social atue como assistente social (BRASIL, 1950). Anos depois, em 1962, a lei em questão 
recebeu regulamentação por meio do Decreto n. 994/62. O decreto, por sua vez, apresenta mais 
detalhes se comparado à lei e define o assistente social como um profissional liberal, indica quem 
poderá exercer essa profissão, quais seriam as prerrogativas desse profissional e disciplina como 
órgãos de fiscalização do exercício o Conselho Federal de Assistentes Sociais e os Conselhos 
Regionais de Assistentes Sociais, apresentados respectivamente pelas siglas CFAS e Cras. Também 
15
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
destaca a questão da manutenção por meio das contribuições e enfatiza sobre a importância do 
Cress na emissão das carteiras profissionais (BRASIL, 1962).
A Lei Federal n. 3.252/57 e o Decreto n. 994/62 são importantes dispositivos legais que 
buscam regulamentar o exercício profissional dos assistentes sociais no Brasil. Entretanto, por 
que esses documentos são tão importantes? Ou melhor, qual a relevância de se regulamentar 
uma profissão? A regulamentação, expressa por meio de um arcabouço legal define legalmente 
os limites, as competências e as habilidades de uma determinada profissão. Regulamentar 
corresponde a conferir um estatuto legal a uma profissão. Mas regulamentar também faz menção 
à representação social de uma profissão em um determinado contexto. Isso trouxe ao Serviço 
Social um status frente à sociedade. Porém, esse não foi o único acontecimento que estabeleceu 
a maturidade da categoria. No ano de 1965 tivemos uma revisão do Código Profissional de Ética, 
elaborado em 1947, que resultou no Código Profissional de Ética de 1965. Nesse novo Código de 
Ética, tivemos a indicação da necessidade de intervenção do Serviço Social junto aos indivíduos 
com os quais atuava. É um documento simples, que enfatiza valores éticos e morais que são 
idealizados aos assistentes sociais (BARROCO, 2006).
Um dos fenômenos extremamente importantes no direcionamento do amadurecimento 
da categoria profissional foi o Movimento de Reconceituação. Esse movimento, presente na 
América Latina e no Brasil em meados dos anos 1970, se consolidou como uma fase em que o 
Serviço Social passou a rever suas bases tradicionais. As reflexões da categoria em torno dessa 
questão resultaram em três perspectivas diferentes, a saber: a modernizadora, com forte caráter 
positivista e que buscava apenas tornar a ação do assistente social um pouco mais técnica; a 
reatualização do conservadorismo, que defendia a manutenção do viés religioso junto ao 
Serviço Social e, por fim, a intenção de ruptura, que buscava romper com o tradicionalismo 
e também compreendia como necessária uma vinculação maior da profissão ao marxismo 
(IAMAMOTO, 1982).
Esse movimento foi importante pelo fato de mudar a perspectiva do Serviço Social sobre si e 
sobre a realidade, além de ter exercido forte influência na ABEPSS, que adotou um posicionamento 
mais crítico em relação à própria formação dos assistentes sociais. Também foi nesse período 
que tivemos a ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação provenientes de instituições 
públicas e privadas, ou seja, cada vez menos os espaços de formação eram controlados e mantidos 
pela Igreja.
Barroco (2006) chama a nossa atenção para o fato de que, no ano de 1975, foi criado um 
novo Código Profissional de Ética, revisto e que substituiu o antigo documento, de 1965. Apesar 
de esse momento ter trazido muitas reflexões críticas aos assistentes sociais, observamos que 
o Código Profissional de Ética aprovado não representava essa criticidade. Antes, o documento 
fortalecia a dimensão técnica do fazer profissional, valorizando a importância de sua ação 
mostrar-se qualificada e capaz de atender as demandas que lhes são apresentadas. No entanto, 
no ano de1986, surge um novo documento. O Código Profissional de Ética dos Assistentes Sociais 
de 1986 já incorpora a criticidade presente na categoria e destacou a importância de valores 
relacionados ao respeito das diferenças, da diversidade, assim como a necessidade de uma 
16
Unidade I
sociedade mais justa e menos desigual. O documento também apresenta referências normativas 
para o desenvolvimento da atuação dos assistentes sociais.
 Lembrete
A intervenção dos assistentes sociais no Brasil tem início em meados dos 
anos 1930 a partir da constituição das primeiras escolas de Serviço Social.
Em 1993, a profissão teve uma nova lei de regulamentação aprovada. Foi nesse ano que 
tivemos a promulgação da Lei n. 8.663, de 7 de junho. Além de fortalecer a importância de 
que somente quem fez um curso de graduação pode ser considerado assistente social, a lei ainda 
disciplina atribuições privativas e competências dos profissionais, apresenta as responsabilidades 
do CFESS e do Cress e disciplina até mesmo os aspectos relacionados à punição dos profissionais 
(BRASIL, 1993). Também é de 1993 a última versão do Código Profissional de Ética dos Assistentes 
Sociais, que ainda está em vigor e fortalece a noção dos princípios fundamentais assentados no 
respeito à diversidade, assim como na ênfase à consolidação de uma sociedade mais justa e 
menos desigual. O documento oferece ainda parâmetros para orientar a relação do assistente 
social com instituições, empregadores, com usuários, outros profissionais, além de dispor aspectos 
relacionados ao sigilo e às relações do assistente social com a Justiça.
 Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre os Códigos de Ética que embalaram 
o desenvolvimento do Serviço Social no Brasil, recomendamos que faça 
sua leitura. Eles estão disponibilizados para consulta nas plataformas 
digitais citadas.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ASSISTENTES SOCIAIS (ABAS). Código 
de ética profissional dos assistentes sociais. Seção de São Paulo, 1947. 
Disponível em: https://bit.ly/3eOh5eq. Acesso em: 4 out. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE ASSISTENTES SOCIAIS (CFAS). Código de 
Ética Profissional do Assistente Social. Brasília, 1965. Disponível em: 
https://bit.ly/311YXp8. Acesso em: 4 out. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE ASSISTENTES SOCIAIS (CFAS). Código de 
Ética Profissional do Assistente Social. Brasília, 1975. Disponível em: 
https://bit.ly/3sgmuP2. Acesso em: 4 out. 2020.
CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Código de 
Ética Profissional do Assistente Social. Brasília, 1993. Disponível em: 
https://bit.ly/3vHpTZA. Acesso em: 4 out. 2020.
17
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
A imagem a seguir representa as mudanças em eventos específicos, na legislação e nos 
Códigos, observadas ao longo do desenvolvimento do Serviço Social no Brasil.
Surgimento das 
primeiras escolas de 
formação ABEPSS
Formação leiga 
Lei de Regulamentação 
de 1957
Decreto 994/62 
Lei de Regulamentação 
de 1993
Código de 
Ética de 1947
Código de 
Ética de 1965
Códigos de 
Ética de 1975, 
1986 e 1993
Figura 1 – Representação do desenvolvimento da 
institucionalização do Serviço Social no Brasil
Para além de um rol amplo de datas aleatórias, vemos nessa representação e na discussão 
empreendida que tivemos inúmeras mudanças no Serviço Social. Essas mudanças e amadurecimento 
foram basais para a consolidação da nossa imagem profissional do que corresponde a ser um 
assistente social.
Dito de outra forma, o que todos esses documentos e legislações indicam? Que o Serviço 
Social deixou seu estatuto de uma ação desenvolvida com base na caridade e no princípio 
doutrinário para ser considerado uma produção inscrita nas relações trabalhistas. E é exatamente 
esse conceito que estudaremos no item subsequente.
1.2 O assistente social como trabalhador coletivo e sua inscrição em 
processos de trabalho
Nesse item, aprofundaremos a discussão em torno do conceito de trabalhador coletivo e 
da inserção do assistente social em processos de trabalho. Optamos porsubdividir a discussão 
apenas com finalidade pedagógica, dando início à abordagem por meio da argumentação sobre 
o assistente social como trabalhador coletivo.
1.2.1 O assistente social como trabalhador coletivo
O entendimento do assistente social como um trabalhador coletivo pressupõe compreender 
que esse profissional está inscrito em uma relação de trabalho, inscrito na divisão sociotécnica 
do trabalho. Mas, antes de ingressarmos nessa reflexão, vamos conhecer um pouco mais sobre 
a divisão do trabalho.
18
Unidade I
Harry Braverman (1977) nos coloca que, em tese, a divisão do trabalho se refere aos meios 
pelos quais os seres humanos organizam a produção e a reprodução da vida. A divisão do trabalho 
corresponde às formas com que cada sociedade estrutura a sua sobrevivência. Por conseguinte, 
cada sociedade, ao longo de seu desenvolvimento histórico e social, consolida e institui meios 
pelos quais consegue atender às necessidades de seus membros e, segundo o autor, essas formas 
são estruturadas em torno do trabalho.
Para Braverman (1977), o conceito de divisão do trabalho envolve pensarmos sobre o trabalho, 
sobre o trabalho na sociedade capitalista, sobre a divisão sexual do trabalho e sobre a divisão 
internacional do trabalho. Bem, o trabalho é apresentado pelo autor como algo que acontece em 
virtude da nossa necessidade.
O trabalho, ato desempenhado pelo ser humano, é acionado sempre que há uma necessidade 
a ser desenvolvida. O trabalho na sociedade capitalista assume feições particulares e fortemente 
influenciadas pelo estágio de desenvolvimento do capital. Dessa forma, no contexto do taylorismo 
e do fordismo, por exemplo, teremos o trabalho estável, consolidado no interior das fábricas 
(pensando sobretudo nas empresas privadas). Já no contexto da acumulação flexível, por outro 
lado, o trabalho muda, perdendo o seu caráter estável e podendo ser realizado pelo trabalhador de 
outros espaços para além do chão da fábrica. Dito de outra forma, as alternativas de organização 
do trabalho sofrem a influência da organização da sociedade capitalista. A questão da divisão 
sexual é abordada a fim de apontar que, no processo de trabalho, há diferença entre homens e 
mulheres. O autor indica que nas sociedades primitivas as mulheres eram responsáveis pela caça, 
pela atenção das necessidades de um determinado grupo. Os homens se ocupavam de outras 
funções. Já na sociedade capitalista, temos uma alteração e, inicialmente, é atribuída ao homem 
a função de provedor, algo que muda na sociedade contemporânea. Assim como o trabalho é 
alternado na sociedade, a divisão sexual do trabalho também muda a depender do contexto 
histórico vivenciado. E, por fim, a divisão internacional do trabalho compreende à especialização 
da produção dos países. É uma divisão, uma organização da produção no cenário internacional. 
Cada país, a depender de seu desenvolvimento, produz e comercializa determinados itens.
 Observação
A divisão social do trabalho está vinculada às formas de trabalho que são 
consolidadas em uma sociedade visando a atenção de suas necessidades.
E é partindo de tais abordagens que o autor insere o conceito de divisão social do trabalho. 
A divisão social do trabalho corresponde ao formato de organização de tarefas em um espaço 
relacionado ao trabalho. A divisão social permite a definição de atividades, funções de cada 
profissão, de cada profissional, para que assim seja possível a produção de elementos necessários 
para uma dada sociedade. No aspecto micro, as empresas adotam a atribuição de tarefas para 
que cada trabalhador possa colaborar com o processo de produção. Já no aspecto macro, a 
divisão social corresponde às funções laborais desempenhadas pelo conjunto de trabalhadores 
para garantir a satisfação das necessidades de uma sociedade.
19
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Em Braverman (1977), observamos que a divisão social do trabalho é uma especialização das 
atividades humanas que está presente em todas as sociedades que possuem uma organização 
complexa. E essa divisão se expressa em atividades produtivas ou por meio de ramos de atividades 
necessárias para a reprodução da vida, por meio do trabalho humano. Temos uma divisão do 
trabalho em especialidades produtivas.
 Observação
O trabalhador coletivo faz menção ao agrupamento de pessoas em um 
esforço conjunto para produzir mercadorias necessárias à sociedade.
Dentro das colocações citadas, o autor destaca a noção do trabalhador coletivo. Mas o que 
seria isso? O trabalhador coletivo é aquele que está inscrito em uma relação de trabalho e que, 
como tal, faz atividades de acordo com um padrão estabelecido. O trabalhador coletivo produz 
para atender uma necessidade da espécie, da sociedade em que ele está inserido. Podemos 
produzir vários itens, vários objetos, vários produtos usando padrões diferentes e para finalidades 
distintas. O que caracteriza o trabalhador coletivo é o fato de sua ação resultar em algo que é 
necessário socialmente. Todos os trabalhadores que hoje produzem algo necessário à sociedade 
são trabalhadores coletivos. Por conseguinte: “[...] o trabalho não é a ação isolada de um indivíduo, 
é sempre atividade coletiva de caráter eminentemente social” (RAICHELIS, 2011, p. 423).
 Lembrete
O Serviço Social se institucionaliza no Brasil a partir de 1936 com a 
criação das primeiras escolas.
E nós, assistentes sociais? Somos trabalhadores coletivos? Maria Carmelita Yazbek (2009) 
coloca que somos trabalhadores coletivos a partir de nossa inserção na divisão social do 
trabalho. Para a autora, nossa inserção está vinculada a dois processos: a consolidação das 
primeiras escolas de formação no Brasil e a sua regulamentação enquanto profissão. Mas o 
que isso significa? Significa que o assistente social também produz algo necessário para essa 
sociedade. Isso o torna um trabalhador coletivo. A intervenção, no nosso caso, é nas expressões 
da questão social. De certa forma, quando mudam as expressões da questão social também 
muda a atribuição, a forma de intervenção do Serviço Social, mas não muda o fato de que temos 
a colaboração do assistente social na produção de elementos que são necessários à sociedade. 
Importante pensar que as demandas apresentam caráter histórico e mutável. O profissional 
busca se adequar às novas necessidades geradas para a “[...] reprodução social da vida das classes 
subalternas na sociedade” (YAZBEK, 2009, p. 16).
A autora afirma que, nessa relação laboral, atuamos com usuários e com as instituições 
empregadoras. Assim sendo, somos classe trabalhadora, estamos expostos a todos os aspectos 
presentes nessa relação e, nesse cotidiano profissional, somos subjugados a todas as questões 
20
Unidade I
laborais presentes em qualquer processo de trabalho. Também estamos expostos a outros 
condicionantes como a precarização das relações trabalhistas, a subalternização às necessidades 
do mercado. Também sofremos com a restrição dos postos de trabalho, com a ampliação das 
atribuições laborais frente ao arrocho salarial e com outros condicionantes presentes no exercício 
profissional. Somos classe trabalhadora assim como outros trabalhadores.
 Saiba mais
Os vídeos a seguir foram promovidos pelo CFESS com o objetivo de 
viabilizar a reflexão sobre o Serviço Social como integrante da classe 
trabalhadora e como uma profissão socialmente necessária.
1º DE MAIO: Dia Mundial do/a Trabalhador/a. 2019. 1 vídeo (2:18). Publicado 
por CFESS. Disponível em: https://bit.ly/31bc1IM. Acesso em: 3 out. 2020.
80 ANOS de Serviço Social: uma profissão inscrita no Brasil. 2016. 1 
vídeo (0:15). Publicado por CFESS. Disponível em: https://bit.ly/2QvbkrX. 
Acesso em: 3 out. 2020.
Pensando no sentido em voga, Yazbek (2009) ainda nos diz que nossa inserção no mercado de 
trabalho é influenciada por dois aspectos: a restrição do Estado nas políticas sociais e a ampliação 
das organizações da sociedade civil. Esse processo em curso no Brasil em meados dos anos 1990 e 
consolidadosobretudo nos anos 2000 opera sob um duplo viés: se por um lado vemos a restrição 
do Estado na manutenção das políticas sociais, por outro lado vemos também o fortalecimento das 
organizações da sociedade civil para intervirem nas expressões da questão social. Ocorre que o Estado 
diminui os recursos destinados para a área social, aderindo ao padrão neoliberal, sob o argumento da 
necessidade de ajuste ou reforma gerencial. A diminuição estatal demanda que outros organismos 
assumam o seu papel, como as organizações que também atendem às expressões da questão social. 
Por exemplo, não temos intervenções estatais que buscam acolher mulheres vítimas de violência 
doméstica. Temos como exemplo a organização da sociedade civil Artemis, apresentada a seguir. 
Essas ações são desenvolvidas assim, uma vez que o Estado não as empreende.
 Saiba mais
Veja o site da organização da sociedade civil Artemis, que atua nas 
questões de violência doméstica contra a mulher. Trata-se de apenas um 
exemplo, dentre muitos, que deflagra a ação da sociedade civil em prol 
das expressões da questão social.
ARTEMIS. Disponível em: https://bit.ly/3cfqmut. Acesso em: 22 mar. 2021.
21
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Dessa forma, Iamamoto (2010) destaca que temos uma restrição nos postos de trabalho 
estáveis do assistente social, pois tais espaços são vinculados às políticas sociais, que passam a 
ser “diminuídas”. Nas organizações da sociedade civil, inclusive, os assistentes sociais enfrentam 
a situação de não possuírem trabalho estável e vivenciam ainda, em grande medida, a diferença 
nos salários, ou seja, o salário é sempre bem mais baixo se comparado com outras áreas. Essa 
realidade afeta o nosso trabalho, mas também condiciona a ação de outros trabalhadores da 
área social.
A autora também nos coloca que nossa relação de trabalho deve ser entendida considerando 
as relações sociais estabelecidas pelo assistente social por meio do trabalho. O conceito de relação 
social está vinculado às relações que as pessoas estabelecem socialmente e que, por sua vez, são 
influenciadas pelo trabalho. Isso corresponde, nos termos da autora, a entender que temos na 
nossa sociedade o primado da produção social como agente regulador da vida. Por outro lado, ao 
eleger o trabalho como categoria influente para as relações sociais, a autora ainda chama a nossa 
atenção para a necessidade de compreendermos e considerarmos o desenvolvimento histórico e 
social das sociedades. Trabalho, relações sociais e história são conceitos fundamentais para que 
possamos problematizar nossa inserção no mundo do trabalho enquanto trabalhador coletivo.
Em sua relação como trabalhadores coletivos, é necessário que os assistentes sociais olhem 
mais para a sociedade civil e para as demandas apresentadas por essa sociedade. Para ela, em 
nosso exercício temos privilegiado o aprofundamento de discussões em torno de políticas sociais 
e do Estado, no entanto, precisamos nos atentar para as determinações econômicas e sociais 
presentes na sociedade.
Sobre a observação das demandas apresentadas, Iamamoto (2010) aponta que também 
temos tido em nossa categoria certo desprezo pelas necessidades apresentadas pela população 
da zona rural, algo que, segundo ela, precisa ser reposicionado para que possamos contemplar as 
necessidades também desse público. Por que isso é importante? Porque estamos em uma relação 
de compra e venda de trabalho e precisamos oferecer algo à sociedade. Nosso trabalho tem que 
provocar mudanças no público que atendemos e tem que, sobretudo, atender às necessidades 
sociais apresentadas pelos públicos que são nosso objeto de ação.
Raquel Raichelis (2011) também partilha das perspectivas de Iamamoto (2010) e Yazbek 
(2009) ao afirmar que o assistente social participa de um processo de trabalho e está inscrito 
na divisão social de trabalho por meio de uma relação de compra e venda da força de trabalho. 
Porém, a autora agrega um elemento diferenciado a essa análise à medida que chama a nossa 
atenção para o fato de que nós, assistentes sociais, somos trabalhadores assalariados. Isso implica 
entender que estamos em uma relação de compra e venda da força de trabalho. Apesar de nossa 
profissão ser orientada por valores nobres e humanos, também trabalhamos porque precisamos 
ter as nossas necessidades atendidas, ou seja, vendemos nossa força de trabalho em troca de 
um salário. A autora ressalta, aliás, que nós precisamos nos compreender como trabalhadores, 
visto que lutamos pela defesa dos direitos de outras categorias de trabalho, mas nem sempre 
buscamos defender o nosso direito enquanto trabalhadores assalariados e participantes de um 
processo de trabalho.
22
Unidade I
Raichelis (2011) destaca que somos trabalhadores vinculados às instituições empregadoras. 
Temos um estatuto legal de profissional liberal, porém dependemos da instituição empregadora para 
o desenvolvimento de muitas ações profissionais. O que Raichelis (2011) deseja, a nosso ver, é 
ressaltar que nossa relação de compra e venda também é permeada por relações de poder que são 
exercidas sobre todos os trabalhadores coletivos.
Ter consciência de si, de sua categoria, é apresentado como um requisito basal para o assistente 
social se compreender como um trabalhador coletivo. Para o profissional, essa consciência de 
sua atuação como inscrita em um processo de trabalho, participando de uma relação laboral, é 
fundamental para que possamos orientar nossa ação. Esse entendimento crítico e reflexivo nos 
permite dar concreticidade aos nossos projetos de intervenção e às nossas propostas de ação. 
Na sequência, ainda buscando conhecer um pouco mais a respeito da inserção do assistente 
social no mercado de trabalho, avançamos no estudo sobre o processo de trabalho.
 Saiba mais
Para entender melhor as consequências da pandemia sobre a atuação 
do assistente social, recomendamos a leitura da entrevista feita pelo 
CFESS, e publicada pelo Cress-SC, com a conselheira Kelly Melatti, 
trabalhadora do Suas.
CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL (CRESS). Coronavírus: e 
quem trabalha na política de assistência social? Florianópolis: Cress-SC, 
2020. Disponível em: https://bit.ly/2R74qJM. Acesso em: 26 mar. 2021.
Nessa entrevista, podemos verificar uma nova necessidade apresentada à nossa profissão a 
partir da alteração do contexto social contemporâneo. A entrevistada aponta que a atuação do 
assistente social no SUAS sofreu novas configurações por causa da pandemia e foi necessário 
apreender formas de atuação diferenciadas para que pudéssemos alcançar o nosso público 
frente às mudanças significativas no contexto. A pandemia requisitou ainda novas habilidades 
aos assistentes sociais atuantes na Assistência Social e em outras políticas sociais. Podemos 
então pressupor que como trabalhadores também somos afetados pelas condições de trabalho 
que se apresentam no cotidiano das práticas profissionais dos assistentes sociais.
1.2.2 O assistente social inscrito em processos de trabalho
A noção de processo de trabalho aplicada ao Serviço Social teve no livro Serviço Social na 
Contemporaneidade: trabalho e formação profissional, de Marilda Villela Iamamoto e Raul de 
Carvalho, o seu principal expoente. A autora, recorrendo ao pensamento marxista, analisa a 
inserção do assistente social em processos de trabalho. Ou seja, Iamamoto (2005) se baseia na 
noção de Marx de processo de trabalho e a aplica ao Serviço Social. A autora nos diz que para 
Marx o trabalho é, na verdade, algo processual, composto por vários elementos, a saber: uma 
23
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
matéria-prima, instrumentos de trabalho, a ação do trabalhador e o resultado, ou produto. Marx 
compreendia que todo trabalho era composto por meio desses elementos, circunscrito em um 
processo de trabalho.
Iamamoto (2005) passa então a compor a noção de processo de trabalho do assistente 
social, dizendo-nos que também temos, em nossa prática, uma matéria-prima, instrumentosou 
meios de trabalho, a ação do trabalhador e, também, um produto. Em seguida, a autora destaca 
em detalhes o que seria cada um desses elementos, considerando o exercício profissional do 
assistente social.
A matéria-prima, também descrita pelo termo objeto de trabalho, se caracteriza como o 
elemento sob o qual a ação incide. Para Marx, todo trabalho demanda uma matéria-prima, um 
objeto. É a ação humana que interfere junto à matéria-prima, junto ao objeto buscando sua 
modificação. A análise marxista destaca que é a ação do trabalhador sobre a matéria-prima que 
resulta em um produto. Marx desenvolveu sua análise buscando apresentar uma explicação da 
relação entre o trabalho, a matéria-prima e a produção de valor.
 Lembrete
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social aconteceu no Brasil 
em meados dos anos 1960 e 1970 e consistiu em uma revisão, por parte 
dos profissionais, das bases e referências que norteavam a categoria.
Partindo dessa definição, a autora destaca que o Serviço Social passou por um longo processo 
para identificar qual seria o seu objeto de intervenção, que em outros momentos, sobretudo no 
contexto da criação das primeiras escolas no Brasil, era o homem. A autora nos afirma que, nesse 
período, o assistente social tinha como meta intervir junto ao ser humano buscando mudá-lo, 
de forma a atender as necessidades sociais de um dado contexto. No entanto, a autora ressalta 
que é a partir da vinculação do Serviço Social ao marxismo que temos uma mudança no objeto 
de nossa profissão. Em meados dos anos 1970, o Serviço Social começa a compreender que 
seu objeto de intervenção são os problemas sociais gerados pelo capitalismo. Tendo isso em 
consideração, sob forte influência do pensamento de Gramsci e de Paulo Freire, os profissionais 
começaram a ver a transformação social como o objeto de sua ação.
O amadurecimento teórico da categoria, no entanto, conduziu os assistentes sociais a um 
novo entendimento do seu objeto de trabalho e também da finalidade de sua ação. Netto 
(2001) nos coloca que a perspectiva de que caberia aos assistentes sociais a superação da ordem 
capitalista e a transformação social acabou sendo designada a uma segunda categoria e surge 
o entendimento de que os assistentes sociais deveriam empreender esforços para a construção 
de uma sociedade mais justa e menos desigual. À medida que a perspectiva de entender sua 
ação muda, a forma de compreender nosso objeto de intervenção também muda. Desse modo, 
essa tendência, que se consolida nos anos 1990, nos apresenta um Serviço Social mais maduro 
e consciente em relação à sua própria ação.
24
Unidade I
 Observação
Iamamoto (2005) apresenta a questão social como a matéria-prima e 
também como o objeto da ação do assistente social.
Iamamoto (2005, p. 53) é representativa para esse entendimento e, como tal, afirma-nos que 
nossa ação profissional tem como objeto de intervenção a questão social, descrevendo-a como 
matéria-prima ou objeto de nossa intervenção profissional, ou, como a autora define, a questão 
social “[...] conforma a matéria-prima do trabalho profissional”. A autora ainda atenta para a 
importância de compreender a questão social como a “[...] gênese das desigualdades sociais, em 
um contexto em que a acumulação de capital não rima com a equidade” (IAMAMOTO, 2005, 
p. 53). Dito de outra maneira, a autora reforça que a questão social é produzida pelo capitalismo 
e é ampliada no contexto de acumulação capitalista. Netto (2000), por sua vez, nos coloca 
que a questão social são os problemas sociais gerados e aprofundados pelo capitalismo na 
idade monopolista. O autor diz que usamos o termo questão social apenas com a finalidade 
de designar esses problemas sociais, o qual tem o desenvolvimento capitalista como raiz de 
sua fundação.
Cabe aqui a pergunta: afinal, o que é questão social? A pobreza é a questão social? Bem, 
tanto Netto (2000) quanto Iamamoto (2005) salientam que a pobreza é uma das expressões 
da questão social, uma vez que o empobrecimento de parcelas cada vez mais significativas da 
população guarda relação íntima e direta com o aprofundamento das condições capitalistas. 
O desenvolvimento capitalista faz crescer, ainda mais, o abismo que separa as classes sociais. 
Porém, para Netto (2000) é incorreto restringir a questão social a um termo ou a uma variável 
apenas. A questão social é formada por todos os problemas sociais gerados e aprofundados 
pelo capitalismo. Iamamoto (2005, p. 61), em concordância com Netto (2000), afirma que a 
questão social, nosso objeto de trabalho, nossa matéria-prima, deve ser entendida como todo 
problema social e “[...] como são experimentadas pelos sujeitos sociais que as vivenciam em suas 
relações sociais cotidianas” (IAMAMOTO, 2005, p. 61).
 Saiba mais
Convidamos você a pensar sobre formas diferenciadas de expressão 
da questão social. Os textos a seguir provocam essas reflexões visto que 
abordam expressões da questão social que vão além da pobreza.
CARVALHO, A. da C. et al. A questão social: violência contra a mulher. 
Cadernos de graduação – Ciências Humanas e Sociais, Sergipe, v. 1, 
n. 2, p. 201-210, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3f9fwI0. Acesso em: 
22 mar. 2021.
25
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
CARVALHO, A. da C. et al. A questão social: violência contra a mulher. 
Cadernos de Graduação – Ciências Humanas e Sociais, v. 1, n. 16, p. 201-210, 
mar. 2012. Disponível em: https://cutt.ly/ExQ98Q7. Acesso em: 22 mar. 2020.
VELOSO, L. H. P.; ABREU, R. P. A questão social das drogas e a prática 
do serviço social (uma proposta de afirmação de direitos e de cidadania). 
Interagir: pensando a extensão, n. 8, ago./dez. 2005. Disponível em: 
https://cutt.ly/gxQ84zr. Acesso em: 2 out. 2020.
Por conseguinte, a questão social não é uma categoria abstrata, mas concreta, expressa por meio 
da ausência de direitos, do acesso a serviços e a uma vida digna. No entanto, Iamamoto (2005) coloca 
que a questão social incorpora também possibilidades de luta e rebeldia daqueles que são por ela 
acometidos. Em tese, o que a autora quer nos dizer é que as condições concretas podem estimular a 
população que as vivencia na busca de melhores condições de vida. Isso pode resultar na construção 
de formas de luta, de superação de condições precárias, motivo pelo qual, para essa autora, a questão 
social “[...] também demonstra as particulares formas de luta e resistência, materiais e simbólicas, 
acionadas pelos indivíduos sociais à questão social” (IAMAMOTO, 2005, p. 53).
Ao passo que a resistência material nos remete às ações concretas realizadas pelas pessoas 
para enfrentar as situações as quais estão expostos, a resistência simbólica, por sua vez, se 
refere às expressões culturais, artísticas e outras representações afins que buscam enfrentar 
e discutir violações de direitos consolidados na sociedade. Podemos dizer que os movimentos 
que lutam para minimizar os preconceitos com negros são formas de resistência simbólica? 
Sim, esses e outros que busquem a construção e a consolidação de uma sociedade igualitária. 
Por conseguinte, a questão social, que incorpora a sujeição e a dominação, também representa 
e retrata a luta, a insubordinação.
Iamamoto (2005) afirma que nós precisamos, continuamente, compreender como a questão 
social, nossa matéria-prima, se produz, reproduz, muda e se torna complexa em nossa ação. 
O conhecimento da realidade é, portanto, fundamental para uma prática qualificada. Esse 
conhecimento não é restrito aos aspectos que conformam a questão social, mas abarca outros 
fatores como a organização política, social, dentre outros que se mostram importantes. Para a 
autora, o conhecimento da realidade não é uma opção, mas sim uma condição necessária ao 
exercício do assistente social. Dessa forma, com pleno conhecimento da realidade sobre a qual 
incidirá a ação, o assistente social conseguirá definir quais ações deseja desenvolver e com 
qual objetivo. Sem esse saber, é impossível que o assistentesocial possa desenvolver uma 
intervenção significativa em sua matéria-prima.
Mas, como dissemos, a noção de processo de trabalho evoca os elementos: matéria-prima 
ou objeto, instrumentos ou meios de trabalho, a ação e o produto. Falamos da matéria-prima e 
do objeto até agora. Precisamos discutir outros componentes, como os instrumentos e os 
meios de trabalho.
26
Unidade I
 Observação
Os instrumentos ou os meios de trabalho são dispositivos basais para a 
realização do trabalho.
Iamamoto (2005) retoma o pensamento de Marx ao destacar que toda ação demanda, para 
ser realizada, instrumentos ou meios de trabalho. Para Marx, o trabalho foi o grande responsável 
por humanizar o homem. Tal entendimento pressupõe que o homem primitivo realizou todo o seu 
desenvolvimento influenciado pelo trabalho. O homem primitivo, quando passou a conviver em 
grandes agrupamentos e o trabalho se tornou coletivo, passou a usar de meios e instrumentos para 
a realização de uma ação. Foi assim que esse homem começou a usar pedras, por exemplo, ou ossos 
para extração de frutas. Marx entende que o homem incorpora esse instrumento à ação, mas essa 
incorporação provoca mudanças no desenvolvimento do ser humano, especializando os órgãos do 
sentido como visão, audição, fala, tato. Por isso, Marx entende que o trabalho e a incorporação 
de meios ou de instrumentos na ação é que faz com que o homem se constitua enquanto tal.
Obviamente, não podemos pensar que essas mudanças, influenciadas pelo trabalho, 
aconteceram rapidamente. Elas passaram por um longo e lento período de desenvolvimento. 
Vygotsky (1991) nos diz que o trabalho influenciou a vida do homem primitivo e também exerce 
grande influência sobre o homem contemporâneo. Em sua análise, o autor destaca que os 
instrumentos e os meios de trabalho são elementos fundamentais que medeiam uma ação e 
que também são fortalecedores e influenciadores do desenvolvimento do ser humano. Vamos 
pensar essa ideia a partir de um exemplo? Nós somos uma sociedade em que as relações sociais, 
as relações de compra e venda têm sido sustentadas pelo desenvolvimento tecnológico expresso, 
dentre outros fatores, pela internet.
Pois bem, vamos idealizar uma pessoa que tem algum acesso à internet e que, por uma 
dada circunstância de sua vida, vai trabalhar em um serviço de atendimento de aplicativo que 
pertence a um grande banco. Nesse caso, essa pessoa precisaria desenvolver outras habilidades, 
além das que já possui em relação à internet, dentre as quais podemos citar o controle de alguns 
comandos ligados ao aplicativo. Todo esse saber, construído a partir da necessidade do trabalho, 
tende a especializar os órgãos do sentido desse trabalhador. Condiciona a sua atenção, influencia 
também a sua subjetividade. São instrumentos e meios de trabalho, os quais são acessados pelo 
trabalhador para que a ação aconteça, mas que também o modificam e interferem junto ao 
objeto, à matéria-prima.
Iamamoto (2005) nos coloca então que o assistente social também possui instrumentos, os 
quais também são nomeados pelo termo meios. Os instrumentos ou os meios de trabalho são 
elementos fundamentais para que o trabalho aconteça, pois sem eles a ação é impraticável. 
Assim como os instrumentos ou meios de trabalho modificam a matéria-prima, mudam também 
o trabalhador, influenciando no exercício cotidiano e em sua constituição enquanto tal.
27
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Historicamente, segundo a autora, temos tido o entendimento de que os instrumentos e 
os meios de trabalho são apenas as técnicas que o assistente social usa para desenvolver sua 
intervenção. Entrevistas, visitas, relatórios e outros elementos dessa natureza são frequentemente 
definidos como instrumentos da ação do assistente social. Porém, o que a autora destaca é que 
isso seria um reducionismo, uma vez que as técnicas e os instrumentais usados pelo assistente 
social não podem ser compreendidos como os únicos instrumentos do fazer profissional. 
As técnicas são instrumentos, meios de trabalho do assistente social, e o domínio desses 
elementos confere qualidade ao serviço técnico oferecido.
Mas o que mais incorpora o entendimento dos meios e dos instrumentos de trabalho além 
do instrumental técnico? Iamamoto (2005) nos coloca que as bases teórico-metodológicas 
construídas pelo assistente social em seu processo formativo são também elementos fundamentais 
para o exercício profissional. O que são bases teórico-metodológicas? Correspondem ao saber 
construído pelos profissionais e que orientam a sua forma de ler e se relacionar com o mundo. 
São essas bases, fundamentais para o processo formativo, que irão orientar como o assistente 
social deverá interpretar os fenômenos sob os quais intervém. Não há, porém, como o profissional 
desenvolver uma ação qualificada e de acordo com os parâmetros éticos de sua categoria se a 
sua formação não oferecer a ele esse substrato. São as “[...] bases teórico-metodológicas que 
contribuem para iluminar a leitura da realidade e imprimir rumo à ação” (IAMAMOTO, 2005, 
p. 62). O conhecimento do assistente social não pode, sob hipótese alguma, ser dispensado. 
Ele comporta os instrumentos de trabalho desse profissional.
 Observação
Para Iamamoto (2005), os instrumentos e os meios de trabalho do 
assistente social comportam instrumentos e técnicas, conhecimento e as 
organizações onde esse profissional irá atuar.
Porém, a análise de Iamamoto (2005) vai além desses elementos. Ela também pondera que 
a lei de regulamentação da nossa profissão contém a indicação de que somos profissionais 
liberais. O profissional liberal, em tese, é aquele que detém os meios para a sua reprodução, para 
a reprodução da sua ação. No texto legal, o assistente social é apresentado como profissional 
liberal, porém, a autora entende que isso implicaria ter autonomia nas ações. Mas não somos, 
de fato, profissionais liberais, pois não detemos todos os meios necessários para a nossa ação. 
Por exemplo, um psicólogo, após a conclusão de sua graduação, pode, se tiver condições para 
fazê-lo, abrir um atendimento clínico que dependerá, inicialmente, do seu saber. Ele pode então 
ser considerado um profissional liberal. O assistente social, por sua vez, não tem condições de 
desenvolver uma prática dessa maneira. Ele precisa das instituições empregadoras para que 
possa desenvolver a sua ação, motivo pelo qual a autora elucida que o assistente social “[...] não 
detém todos os meios necessários para a efetivação de seu trabalho” (IAMAMOTO, 2005,p. 62).
28
Unidade I
 Saiba mais
O texto a seguir discute as categorias de processo de trabalho, 
aplicando-as ao Serviço Social, além de trazer questões a respeito dos 
instrumentos e dos meios de trabalho do assistente social.
SILVA, M. G. da. Processo de trabalho e Serviço Social. Interações, v. 2, 
n. 2, 2007. Disponível em: https://bit.ly/39sXop9. Acesso em: 4 out. 2020.
Ao afirmar esse conceito, a autora enfatiza que a instituição empregadora não deve ser 
percebida como algo ruim ou, então, como um órgão que irá comprometer, de forma negativa, 
a ação do assistente social. Porém, deve ser compreendida como um instrumento, um meio de 
trabalho fundamental ao assistente social. Ou que, nos termos da autora, “[...] a entidade não é 
um condicionante a mais do trabalho do assistente social. Ela organiza o processo de trabalho 
do qual ele participa” (IAMAMOTO, 2005, p. 62). As instituições nos conferem recursos e todos 
os elementos que são necessários para que a ação profissional aconteça. Motivo pelo qual, para 
a autora, a instituição também é considerada um instrumento de trabalho do assistente social, 
que, junto com os instrumentos, técnicas e a bagagem teórico-metodológica, integra o processo 
de trabalho desse profissional.
Na sequência, a autora passa a discutir outros elementos que integram também a noção 
de processo de trabalho: o trabalho em si e o produto. Ao abordar a questão do trabalho em si, 
Iamamoto (2005) afirma queo trabalho é um dos elementos mais importantes para compreender 
a evolução do ser humano enquanto tal, já que é o grande responsável pelo desenvolvimento do 
gênero humano. Recorrendo ao pensamento marxista, a autora destaca que o desenvolvimento 
das habilidades do ser humano estão ligadas às modalidades de trabalho que vão sendo 
organizadas ao longo dos séculos. De acordo com a autora, o trabalho muda, assume novas 
feições e essas flutuações provocam também alterações na subjetividade do ser humano. É por 
meio da ação, do trabalho em si, que é possível modificar a matéria-prima, o objeto. No caso do 
Serviço Social, é preciso pensar que a nossa ação também produz alterações no objeto, em nossa 
matéria-prima.
No entanto, pensar sobre o trabalho do Serviço Social demanda algumas problematizações. 
A autora suscita uma questão que demarca a ação do assistente social e que está vinculada à 
questão de gênero. A autora nos coloca que sempre teremos em nossos quadros a predominância 
feminina, ou seja, a maioria dos assistentes sociais vinculam-se ao gênero feminino e compreende 
que isso advém do passado da profissão, historicamente formado pela massiva predominância 
de mulheres. Para Iamamoto (2005), em uma sociedade patriarcal como a nossa, essa profissão 
acaba sendo associada a um trabalho que só pode ser desempenhado por mulheres, conferindo 
a esse trabalho um caráter subalterno, definido pelos preconceitos já enraizados em nossa 
sociedade. Pesquisa realizada pelo CFESS, em 2005, identificou que 97% dos profissionais eram 
do gênero feminino, ou seja, a imensa maioria (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2006).
29
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Quanto a esse aspecto, vemos que, por parte dos órgãos de defesa como o CFESS e o Cress, 
há uma busca por melhorar a qualificação dos profissionais e garantir o respeito à categoria. 
No entanto, é necessário destacar que ainda temos um julgamento equivocado sobre nossa 
profissão, uma vez que muitas pessoas ainda julgam o Serviço Social como uma profissão de 
segunda linha, algo inferior às demais profissões existentes na sociedade. Essa luta deve ser 
encampada por toda a nossa categoria se quisermos que o nosso trabalho seja valorizado 
endogenamente e também socialmente.
No fim da discussão sobre a questão do trabalho, a autora nos coloca que, no caso do Serviço 
Social, temos valores nobres, éticos e morais que nos dão o caminho a seguir. Esses valores estão 
sempre orientados para atender às demandas e necessidades dos segmentos mais vulneráveis, 
visando a diminuição das desigualdades sociais. A ação do assistente social é, portanto, o trabalho 
que interfere junto à matéria-prima, junto às expressões da questão social e isso nos ajuda a 
compreender o que Iamamoto entende como produto.
Afinal, um trabalho, uma ação incide sobre um objeto, sobre uma matéria-prima, mas tem 
como resultado a elaboração de um produto. Essa discussão nos leva a pensar: o que o Serviço 
Social produz? Bom, como sabemos, uma profissão só é socialmente necessária se produz algo, 
se traz um resultado de sua intervenção à sociedade. Quantas profissões que conhecemos foram 
extintas com o tempo? Pensamos na ação dos alfaiates, que antes eram requisitados sobretudo 
pelas classes sociais de maior poder aquisitivo. Hoje, com a produção em massa de vestuário, 
vemos que essa profissão não é mais tão atrativa. Mesmo que exista um ou outro alfaiate, vemos 
que agora poucos são os que conseguem sobreviver com tal ação.
 Lembrete
O Serviço Social foi constituído no Brasil no ano de 1936 a partir do 
surgimento das primeiras escolas. Na década de 1950, a profissão foi 
regulamentada pela Lei n. 3.252/50.
Pois bem, o Serviço Social é institucionalizado e se consolida porque oferece um produto 
à sociedade. Iamamoto (2005, p. 66) nos coloca que o produto faz menção às “[...] condições 
materiais e sociais daqueles cuja sobrevivência depende do trabalho”. Toda vez que o assistente 
social operacionaliza o acesso a um benefício, a um serviço, ele está garantindo a sobrevivência 
daqueles que atendeu. Essa atenção para uma necessidade material garante, muitas vezes, a 
sobrevivência dos atendidos, além de efetivar os direitos sociais garantidos constitucionalmente. 
Essa atenção seria um dos produtos da ação do assistente social.
Além da reprodução material, o assistente social produz algo que é subjetivo, imaterial 
e que seria, segundo a autora, a construção de conceitos. Da mesma forma que a profissão 
interfere na reprodução material daqueles que atende, ela também atua na construção de 
conceitos, de uma subjetividade daqueles que atende, trabalhando em prol da “[...] criação 
de consensos” (IAMAMOTO, 2005, p. 67). Temos, assim, a intervenção do profissional junto à 
30
Unidade I
subjetividade, que é coletiva e construída culturalmente. Cabe ao profissional delimitar quais 
consensos deseja efetivar, quais consensos deseja construir por meio de sua ação, qual produto 
deseja ter como resultado.
Recapitulando: somos inscritos em um processo de trabalho e possuímos uma matéria-prima 
ou um objeto (a questão social e suas múltiplas formas de expressão), temos instrumentos ou 
meios de trabalho (instrumentos, técnicas, conhecimento teórico-metodológico, instituição 
empregadora), praticamos uma ação e tudo isso, ao ser colocado em prática, resulta em um 
produto (condições materiais e consensos). A imagem que elaboramos a seguir sistematiza 
nossas colocações até o presente momento.
Matéria-prima ou um objeto 
(questão social e suas múltiplas formas de expressão)
Processo de 
trabalho do 
Serviço Social
Produto 
(condições materiais e consensos)
Instrumentos ou meios de trabalho
(instrumentos, técnicas, conhecimento teórico-metodológico, 
instituição empregadora)
Trabalho 
(ação do profissional)
Figura 2 – Representação do conceito de processo de trabalho do Serviço Social
Concluímos nossa discussão com relação ao conceito de processo de trabalho. A seguir, 
abordaremos os aspectos relacionados à constituição de projetos profissionais e ao projeto 
ético-político do Serviço Social, os quais estão ligados aos projetos de classes sociais.
2 OS PROJETOS SOCIETÁRIOS, OS PROJETOS PROFISSIONAIS E O PROJETO 
ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL
Na análise de Netto (2017), pensar sobre os projetos de profissão e de trabalho é algo que 
se mostra basal para a nossa intervenção e, principalmente, para uma ação crítica e qualificada. 
Para tanto, o autor indica-nos que é igualmente fundamental e importante a reflexão acerca 
dos projetos de classe, também nomeados como projetos societários. Para o autor, não é 
possível que tenhamos uma compreensão dos projetos de profissão de forma dissociada dos 
projetos societários. Aliás, tanto Netto (2017) quanto Iamamoto (2010) ressaltam que os projetos 
profissionais são fortemente influenciados pelos projetos societários.
 Observação
Projetos societários correspondem aos ideais coletivos de determinadas 
classes sociais.
31
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Os projetos societários são projetos coletivos e que representam determinadas classes sociais. 
Promovem o ordenamento de valores e ações em níveis macroscópicos, ou seja, conferem 
propostas de ação para um conjunto mais amplo da sociedade. São conhecidos por sua amplitude 
e buscam universalizar, atingir um segmento maior da sociedade, conferindo a essa sociedade 
valores de classe. “Trata-se daqueles projetos que apresentam uma imagem de sociedade a ser 
construída, que reclamam determinados valores para justificá-la e que privilegiam certos meios 
(materiais e culturais) para concretizá-la” (NETTO, 2017, p. 2). Portanto, o projeto societário não 
é despossuído de valor e finalidade, mas tem algo que busca alcançar.
Os projetos societários são extremamente carregados de uma conotação ou dimensão 
política, já que “[...]envolvem relações de poder” (NETTO, 2017, p. 3). Nem sempre esses projetos 
estão vinculados ou relacionados a partidos políticos.A dimensão política vincula-se à noção de 
valores políticos, valores a serem seguidos dentro de um dado projeto. Quando nos vinculamos 
a um determinado grupo, há atividades que desempenhamos para demonstrar essa adesão. 
Quando pertencemos a um grupo que tem um dado projeto societário, também adotaremos 
comportamentos, falas e condutas que demonstram essa associação. A tomada de posição 
também é um ato político. Portanto, não há, segundo Netto (2017), projetos societários que 
sejam neutros.
A associação de projetos societários a projetos de classes sociais sinaliza que a classe 
burguesa possui um dado projeto societário. A classe trabalhadora, por outro lado, possui 
outro projeto societário. Assim, os projetos societários possuem configurações diferenciadas, 
distintas. Essa diferenciação provém da compreensão que cada classe possui sobre as finalidades 
que deseja alcançar por meio de cada projeto societário. Por analogia, é lícito supor que os 
projetos societários e os projetos de classe social são antagônicos entre si, pois teremos valores 
diferenciados difundidos pelas classes sociais. A classe trabalhadora e a classe burguesa possuem 
projetos societários diferentes para serem estruturados, construídos.
O autor nos diz ainda que os projetos societários são mutáveis. Dessa maneira, em todo 
o desenvolvimento histórico, veremos situações em que os valores que norteiam a sociedade 
mudam. Isso evidencia que as mudanças históricas, culturais e sociais provocam alterações nos 
valores que são difundidos pelas classes sociais. À medida que os valores mudam, temos também 
alterações nos projetos societários que têm sido apresentados como referências. Segundo o 
autor, “[...] os projetos societários constituem estruturas flexíveis e cambiantes: incorporam 
novas demandas e aspirações, transformam-se e se renovam conforme as conjunturas históricas 
e políticas” (NETTO, 2017, p. 5).
Joaquina B. Teixeira (2006), por sua vez, nos indica que os projetos societários podem 
ser conservadores ou transformadores. Os projetos conservadores são aqueles que buscam a 
manutenção de uma dada ordem social vigente e consolidada. Já os projetos transformadores 
seriam aqueles que visam a transformação da sociedade. Mas transformação para quê? Ou, ainda, 
transformação para quem? A transformação em questão evoca a necessidade da construção de 
uma sociedade justa, menos desigual e equitativa.
32
Unidade I
 Observação
Os projetos profissionais estão ligados às categorias de trabalhadores.
Mas, como dissemos, os projetos societários condicionam projetos pessoais e, também, 
profissionais. Os projetos profissionais são aqueles difundidos por categorias de trabalhadores. 
São projetos coletivos, porém que estão ligados a determinadas profissões que, via de regra, 
requerem nível superior. Netto (2017) afirma que os projetos profissionais, assim como os projetos 
societários, são coletivos. Teixeira (2006) salienta que o nosso projeto profissional está voltado 
para o projeto societário da classe trabalhadora, e, consequentemente, visa a transformação 
social, tendo como meta, a longo prazo, a minimização das desigualdades sociais. Ou seja, “[...] 
o projeto profissional vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma nova 
ordem social sem a dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero” (TEIXEIRA, 2006, p. 6).
Como esses projetos são representativos de uma categoria, de um grupo de trabalhadores, 
eles representam e retratam a autoimagem desse grupo, dessa categoria laboral. São carregados 
de valores, atributos e requisitos, de normas e propostas de comportamentos profissionais. 
Vincular-se a um projeto profissional demanda a adesão de seus postulados e uma prática 
profissional por ele embalada. Os projetos de cada categoria oferecem essas referências, esses 
valores de ação e, portanto, é correto afirmar que para cada ramo de trabalho temos um projeto 
profissional, que deve ser elaborado coletivamente.
Netto (2017) atenta que, para serem representativos de uma profissão, os projetos precisam, 
essencialmente, de uma construção coletiva e democrática. No caso do Serviço Social, em 
especial, os locais de debate dos profissionais são o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), 
o Conselho Regional de Serviço Social (Cress), a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de 
Serviço Social (ABEPSS) e a Executiva Nacional de Estudantes do Serviço Social (Enesso). Tais 
dispositivos são representativos dos valores difundidos no projeto profissional do Serviço Social e 
demonstram as discussões realizadas na nossa categoria. Para entender isso melhor, convidamos 
você para realizar a leitura do trecho a seguir:
Racismo: um tema que não pode sair do nosso radar!
Casos de racismo que ganharam repercussão na mídia reforçam a continuidade 
de ações antirracistas de assistentes sociais, para além da campanha do Conjunto 
CFESS – Cress
Quando o Conjunto CFESS – Cress, durante o triênio 2017-2020, promoveu a campanha 
“Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”, incentivando debates e ações da categoria 
no enfrentamento ao racismo no cotidiano profissional, estava nítido que a partir daquele 
momento a pauta assumiria maior centralidade no Serviço Social.
33
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
O Brasil reproduz relações sociais e econômicas profundamente desiguais, que resultam 
de uma formação histórica racialmente fundada e que se materializa na vida cotidiana da 
população negra.
Isso pode ser evidenciado por meio de dados e fatos que demonstram como negras e 
negros, nas estatísticas de usuários/as de políticas sociais, estão associados aos maiores 
índices de subemprego e desemprego, pobreza, violações e violências, dentre outras 
condições que se originam da condição racial.
Diante desse contexto, o trabalho de assistentes sociais tem relação direta com as 
demandas da população negra que reside nos morros, nas favelas, no sertão, no campo 
e na cidade, e o combate ao preconceito é um compromisso previsto no Código de Ética 
profissional. E recentes casos de racismo, que ganharam repercussão na mídia nas últimas 
semanas, servem de alerta para que assistentes sociais se atentem para a questão racial 
durante os atendimentos.
No “Setembro Amarelo”, mês em que normalmente se debate (e se enfrenta) o suicídio, 
uma única reportagem (do Estadão) trouxe um dado impactante: pesquisa divulgada em 
2019 pelo Ministério da Saúde apontou que jovens negros, entre 10 e 29 anos de idade, 
foram as pessoas que mais cometeram suicídio nos últimos quatro anos. E o racismo é, sem 
dúvida, um dos fatores de risco para suicídio.
“A primeira coisa que percebemos é que o próprio movimento do real tem nos convocado, 
cada vez mais, a não apenas reconhecer a existência e as nefastas consequências do racismo 
– e, com isso, desmistificar o mito da democracia racial – mas, sobretudo, a criar estratégias 
coletivas para seu enfrentamento”, aponta o assistente social, pesquisador e professor da 
Universidade Federal de Goiás, Tales Fornazier.
Segundo ele, o racismo estrutural é um elemento conformador das relações sociais, e 
não um fenômeno patológico ou anormal. “Portanto, ele se materializa nos diversos âmbitos 
da vida social em desigualdades, violências e iniquidades às pessoas negras”.
Para Tales, que já trabalhou no Centro de Referência de Assistência Social de Guará 
(SP), o racismo, por ser estrutural, se coloca como a “forma normal” de funcionamento 
das instituições, as quais, não raras vezes, serão responsáveis por reforçar os processos de 
sofrimento derivados do racismo, exatamente por não reconhecerem as particularidades 
que envolvem a raça. Inclusive o suicídio. [...]
Fonte: CFESS (2020).
34
Unidade I
 Saiba mais
Veja também:
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Assistentes sociais 
no combate ao racismo. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2Pt607K. Acesso 
em: 25 mar. 2021.
No texto veiculado pelo CFESS temos indicações claras a respeito do posicionamento

Outros materiais