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LIVRO Serviço Social e Processo de Trabalho II

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66
Unidade II
Unidade II
5 A ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS CONSELHOS GESTORES DE 
POLÍTICAS SOCIAIS
Os conselhos Gestores de Políticas Sociais são aqueles organismos criados para realizar a gestão 
de serviços e políticas sociais. Também são instituídos com a finalidade de promover a defesa dos 
direitos de determinados segmentos. Antes da discussão sobre os conselhos, leia o texto a seguir:
Direitos da Mulher
Dia internacional contra a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças
Em 23 de setembro de 1999, durante a Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico 
de Mulheres a data foi escolhida para marcar como o dia internacional contra a exploração 
sexual e o tráfico de mulheres e crianças, inspirados pelo exemplo da Argentina, que em 
23/9/1913 promulgou a Lei Palácios, criada para punir quem promovesse ou facilitasse a 
prostituição e a corrupção de menores de idade e inspirou outros países a protegerem sua 
população, sobretudo mulheres e crianças, contra a exploração sexual e o tráfico de pessoas.
O tráfico de pessoas pode ser definido como “o recrutamento, o transporte, a 
transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da 
força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade 
ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios 
para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins 
de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem 
ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou 
práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos”. (Protocolo Adicional à 
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional – Palermo, 2000).
Fonte: Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (2020).
Nele vemos uma manifestação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Paraná 
em relação ao tráfico de mulheres e crianças. O texto menciona a Lei Palácios, criada para 
responsabilizar todos aqueles que facilitarem esse tipo de conduta de maneira mais grave. 
Podemos considerar que a notícia é uma forma de apresentação, de manifestação do conselho, 
que se mostra contra toda e qualquer forma de violação dos direitos humanos, incluindo os 
direitos das mulheres. Isso nos faz pensar: nós podemos colaborar com essas organizações? 
Como nós, assistentes sociais, podemos estimular a participação popular e a democratização 
nesses espaços?
67
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Para alicerçar a sua reflexão e construir um conhecimento que nos permita compreender 
e problematizar as questões feitas anteriormente e outras afins, vamos aprender sobre o 
desenvolvimento dos conselhos, partindo de uma perspectiva histórica e apresentando as 
principais características desses organismos na atualidade. Na sequência, faremos colocações 
sobre a ação do assistente social nesses organismos.
 Observação
O processo de distensão política corresponde às mudanças realizadas 
no cenário nacional em prol da abertura política.
A participação popular passa a ser requisitada como um direito, no Brasil, em meados dos 
anos 1970. É bom lembrar que o país ainda estava condicionado pela ditadura e, por conta 
disso, a participação da população não integrava a dinâmica societária. Com as manifestações 
contrárias à ditadura e a repressão presentes no período, vivenciamos um processo descrito 
por vários autores como distensão política, ou seja, de abertura política, de possibilidades de 
participação e de expressão popular (SILVA et al., 2009).
 Saiba mais
Pensar sobre o contexto dos anos 1970 e 1980 é um exercício 
necessário para todos nós. Recomendamos os filmes a seguir, disponíveis 
on-line, pois abordam temas que estavam presentes na realidade brasileira 
desse período.
AÇÃO entre amigos. Direção: Beto Brant. Brasil, 1998. 78 min.
BATISMO de sangue. Direção: Helvécio Ralton. Brasil/França, 
2007. 110 min.
O ANO em que meus pais saíram de férias. Direção: Cao Hamburger. 
Brasil, 2006. 110 min.
A participação popular – ou possibilidade de participação – foi incorporada ao texto 
constitucional, especificamente, na Constituição de 1988. A Constituição em questão permite e 
consolida espaços de participação da população por meio do voto e destaca a importância da 
gestão descentralizada. Esse tipo de gestão, como vimos, corresponde à transferência de poder, 
responsabilidade e recursos do Governo Federal para os estados e para os municípios. Isso configura 
a necessidade de envolvimento da sociedade civil em questões que eram, antes, tratadas apenas 
pelo Estado.
68
Unidade II
De fato, com a Constituição de 1988 a participação social passa a ser 
valorizada não apenas quanto ao controle do Estado, mas também no 
processo de decisão das políticas sociais e na sua implementação, em caráter 
complementar à ação estatal (SILVA et al., 2009, p. 374).
As possibilidades de participação, a partir de então, situam-se em três sentidos: constituindo 
mecanismos necessários para haver transparência e discussão quando há deliberação nas políticas sociais; 
para estimular a apresentação das demandas sociais e para intervenção, por parte da sociedade civil, nos 
problemas sociais. As ações concretas da sociedade civil nos problemas sociais são executadas, 
sobretudo por meio das organizações da sociedade civil. Abordaremos essa questão no decorrer 
do nosso estudo.
Os dispositivos instituídos para viabilizar uma gestão transparente e que fosse permeável às demandas 
sociais foram os conselhos, que são instâncias que podem ter o caráter consultivo ou deliberativo 
e que, nesses espaços, buscam discutir aspectos relacionados às políticas sociais ou, então, às questões 
sociais específicas. Vimos, no texto destacado, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, que 
há a defesa de uma demanda social. Os conselhos podem ser compostos de forma paritária, com 
50% de representantes da sociedade civil e 50% de representantes do Estado. Importante é que, 
independentemente da disposição de membros e dos órgãos a que representam, tenhamos a 
representação de vários atores sociais, além do poder público.
Inicialmente, os conselhos são constituídos para a gestão de políticas sociais como educação, 
saúde, assistência social, previdência e trabalho. Cada um desses conselhos possui especificidades 
no que diz respeito à sua organização e às suas normas de funcionamento. E há vários tipos de 
conselhos, que podem ser distribuídos a partir de suas diferentes finalidades:
 
Deliberar: revela ações como aprovar, elaborar, atuar na formulação, 
estabelecer ou definir critérios, fixar diretrizes, definir prioridades 
ou deliberar;
Fiscalizar: inclui ações como supervisionar, acompanhar, avaliar, controlar, 
fiscalizar, encaminhar ou examinar denúncias, promover auditorias;
Normatizar ou registrar: reúne ações como autorizar, normatizar, 
regulamentar, credenciar, dar posse, conceder licença, cadastrar, registrar, 
cancelar registro;
Assessorar ou prestar consultoria: contempla ações como apreciar contratos, 
assessorar, constituir comissões, participar da definição, do planejamento 
e da formulação, propor medidas, critérios ou a adoção de critérios;
Informar ou comunicar: indica ações como manter cadastro de informações, 
manter comunicação, solicitar informações, estudos ou pareceres, promover 
eventos ou estudos, possibilitar conhecimento de informações, responder 
consultas, publicar resoluções (KLEBA et al., 2010, p. 795).
69
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Podemos ter conselhos deliberativos, fiscalizadores, normativos, de assessoria ou informativos. 
Os conselhos deliberativos são aqueles que decidem sobre os temas de sua atuação. Os conselhos 
fiscalizadores têm como objeto fiscalizar ações, profissionais e outros elementos. Os conselhos normativos 
oferecem regulamentos e normas a serem seguidos. Os conselhos de assessoria oferecem assessoria 
e consultoriana área de sua atuação e, por fim, os conselhos informativos serão aqueles responsáveis 
pelo registro de dados de um determinado segmento. Os conselhos podem ter uma dessas 
características ou, então, mais de uma delas. Assim, teremos conselhos como o da Assistência Social, 
que é deliberativo, mas também é fiscalizador e normativo. Isso porque esse conselho delibera sobre 
a política social de Assistência Social, mas também fiscaliza as entidades.
Os assistentes sociais são chamados para ocupar esses espaços. Isso se deve à nossa formação, 
que nos permite intervir em prol das demandas sociais de cada contexto. É como temos dito 
em todas as nossas colocações: somos classe trabalhadora. Nossa apropriação desse espaço de 
trabalho advém do fato de estarmos em uma relação de compra e venda da força de trabalho. 
Sendo assim, para estarmos inseridos nos conselhos Gestores de Políticas Sociais, precisamos 
demonstrar domínio técnico, ou seja, a capacidade técnica necessária para melhor desempenhar 
as nossas funções. É o que nos garante a inserção nesses espaços de atuação.
 
A variada atuação do assistente social nesses espaços é resultado da 
abertura progressiva desses espaços e do seu reconhecimento como 
profissional qualificado para contribuir com o fortalecimento da cidadania 
através de processos democráticos. Salienta-se que não se dá de forma 
simples ou neutra, mas através de embates políticos (SANTOS; MACHADO; 
SILVA, 2017, p. 7).
Mas também há grande correspondência entre os postulados difundidos por esses espaços 
e os que estão presentes nos valores de nossa categoria. De maneira que, mesmo sendo classe 
trabalhadora e precisando vender a nossa força de trabalho para sobreviver e atender as nossas 
necessidades, nossa inserção laboral deve acontecer em postos de trabalho que não contrariem 
valores éticos. Partindo, assim, da compreensão do nosso Código Profissional de Ética e também 
da lei que regulamenta o nosso exercício profissional.
O Código Profissional de Ética do Assistente Social nos indica, no capítulo I, o seguinte:
 
Das relações com os/as usuários/as:
Art. 5º São deveres do/a assistente social nas suas relações com 
os/as usuários/as:
a – contribuir para a viabilização da participação efetiva da população 
usuária nas decisões institucionais;
b – garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e 
consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente 
70
Unidade II
as decisões dos/as usuários/as, mesmo que sejam contrárias aos 
valores e às crenças individuais dos/as profissionais, resguardados os 
princípios deste Código;
c – democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no 
espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação 
dos/as usuários/as (CFESS, 1993, p. 29).
Vemos que no referido documento há indicação sobre os deveres do assistente social em suas 
relações com os usuários, de intervir no sentido de contribuir com a participação da população 
no que diz respeito à tomada das decisões institucionais. Também vemos que compete aos 
profissionais, assistentes sociais, fortalecer e realizar discussões junto ao público usuário, além de 
demonstrar respeito sobre as opiniões divergentes das que, porventura, defenda. O documento 
também destaca a necessidade de o assistente social realizar o processo de democratização das 
informações dos programas disponíveis, bem como de fortalecer, nesse espaço, a participação 
dos usuários. Dito de outra maneira, a democratização e a participação popular figuram como 
algo que o assistente social deve estimular em suas relações com os usuários.
Já a lei que regulamenta a profissão do assistente social, no artigo 4º, assevera que é uma 
competência do assistente social: “Constituem competências do assistente social: [...] II – elaborar, 
coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do 
Serviço Social com participação da sociedade civil”. (BRASIL, 1993, p. 44). No caso, a interpretação 
que podemos fazer é que a atuação nos conselhos Gestores de Políticas Sociais precisa estar 
orientada para os planos, programas e projetos desenvolvidos pelas políticas sociais e, também, 
deve fazê-lo com a participação da sociedade civil. A atuação do assistente social, na fiscalização 
ou no controle das ações de política social, deverá ser perpassada pelo estímulo à participação 
da sociedade civil em realizar tal conduta.
Santos, Machado e Silva (2017) apresentam uma discussão sobre a inserção do assistente 
social nos conselhos gestores de políticas sociais. O que esses autores fazem é problematizar 
essa inserção ressaltando as principais atividades desenvolvidas pelo técnico nesses espaços. 
Uma das indicações realizadas pelos autores refere-se ao fato que o técnico, via de regra, intervém 
como assessor técnico. O assessor técnico é aquele que auxilia o conselho em matéria específica. 
Por exemplo, o assessor técnico do Conselho Municipal de Assistência Social, assistente social, 
auxiliará na elaboração do Plano Municipal de Assistência Social. Isso porque, muitas vezes, os 
membros do conselho não possuem tanta facilidade com esse tipo de documento. Nesse caso, o 
profissional é contratado especificamente para esse serviço.
Na verdade, a atuação burocrática, necessária para os conselhos, é, essencialmente, uma 
atividade de planejamento. É a necessidade de planejamento das ações, junto às políticas 
sociais, que demanda a ação qualificada desse profissional. Isso requer que tenhamos domínio 
de instrumentos específicos. Os autores citam como exemplos de ações de planejamento a 
elaboração de relatórios de atividades, do planejamento anual, com a emissão de pareceres 
71
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
técnicos após as visitas. Porém, sabemos que há outros documentos que podem precisar de 
elaboração, a depender do conselho em que o profissional estiver inserido.
 Observação
Os conselhos Gestores de Políticas Sociais são espaços de planejamento, 
gestão e também de democratização.
Além de se constituir como um serviço de gestão, o conselho é um espaço de democratização, 
de participação popular e de estímulo ao controle social. Esses autores destacam que são nesses 
espaços que precisamos desenvolver um trabalho social de base. Esse trabalho social de base 
seria a construção de meios para incentivar a participação da população.
 
Explica-se pelo fato de o assistente social ter uma intervenção qualificada 
no aprimoramento das ações do conselho, porque possibilita um debate 
político e metodológico junto ao colegiado, que muitas vezes não consegue, 
devido às demandas imediatas, se apropriar das discussões de maneira 
profunda e crítica (SANTOS; MACHADO; SILVA, 2017, p. 7).
Isso porque somos profissionais capazes de estabelecer a mediação entre a sociedade civil e 
o Estado, uma vez que o conselho deve representar os interesses da coletividade para o poder 
público. A vinculação dos profissionais nos conselhos é uma posição política, pelo fato de exigir 
uma ação dos profissionais e de tal ação ter como finalidade alcançar a efetivação dos direitos 
sociais. O caráter político está também vinculado à adoção de uma posição que, no nosso caso, 
sempre será a posição de defesa das minorias.
 
Os assistentes sociais podem ter uma dupla inserção nos espaços dos conselhos: 
uma essencialmente política, quando participam enquanto conselheiros, e 
outra que caracteriza um novo espaço sócio-ocupacional, quando desenvolvem 
ações de assessoria aos conselhos ou alguns de seus segmentos (usuários, 
trabalhadores e poder público) (SANTOS; MACHADO; SILVA, 2017, p. 4).
Trata-se de ação política que vem ao encontro aos compromissos ético-políticos assumidos 
por nossa categoria. Sintetizando: a atuação dos assistentes sociais nos conselhos Gestores de 
Políticas Sociais é uma intervenção de planejamento, de gestão, é uma prática que demanda o 
estímulo à participação e o controle da sociedade civil, alémde ser uma ação política.
Caminhando para o fim do nosso estudo, apresentamos um exemplo de intervenção dessa 
natureza. Atentamos que, dada a quantidade de conselhos que há e nos quais os assistentes 
sociais podem atuar, não há como apresentarmos experiências de todas as práticas. Podemos 
estar inseridos em conselhos da Assistência Social, da Saúde, da Educação, do Trabalho, do Idoso, 
da Criança e do Adolescente, da Mulher, da Comunidade LGBTQ e outros mais. Optamos, aqui, 
72
Unidade II
por apresentar um exemplo da atuação do assistente social no Conselho Municipal de Saúde de 
Maceió, Alagoas.
 Saiba mais
No texto a seguir, temos a apresentação de uma experiência de 
intervenção do assistente social no Conselho Municipal de Assistência 
Social do município de João Pessoa. Essa leitura ajudará a compreender 
a importância do papel do assistente social para o estímulo do controle e 
da participação da sociedade civil.
SANTOS, A. C. de L.; MACHADO, A. M. B.; SILVA, R. T. F. da. Atuação do 
assistente social no Conselho Municipal de Assistência Social: um relato 
de experiência. In: ANAIS DO CONGRESSO INTERNACIONAL DE POLÍTICA 
SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: DESÁFIOS CONTEMPORÂNEOS, 2., 2017, Londrina. 
Anais [...]. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2017. Disponível 
em: https://cutt.ly/8xHkyba. Acesso em: 8 out. 2020.
Trindade e Silva (2007) acentuam que o Conselho Municipal de Saúde de Maceió contava, na 
época da pesquisa, com duas assistentes sociais, que ocupavam os cargos de secretária executiva 
e assessora técnica. No entanto, os dois cargos são estatutários, ou seja, não se trata de um 
assessor externo. Geralmente, o termo assessor nos remete a um consultor externo, mas, nesse 
caso, vemos que o cargo em questão recebe esse nome.
As autoras destacam que ambas atuam em prol da efetivação da participação da sociedade 
civil e que desempenham grande parte das ações e também grande parte das abordagens voltadas 
para o aspecto burocrático. Entendem que conseguem traduzir, em documentos, os interesses 
expressos por parte da comunidade. Assim, o fato de precisarem se ater, em grande medida, à 
documentação, é interpretado como uma forma indireta de estimular a participação popular, 
uma vez que grande parte desses documentos retrata a necessidade da população em questão.
Para dar conta das atividades, as técnicas distribuem as intervenções, partindo da disposição:
 
A função da secretária executiva vincula-se à elaboração da ata, organização 
de documentação, organização da pauta da reunião, ou seja, a parte 
administrativa do conselho. Na função de assessora técnica, a assistente 
social tem que estar atualizada com a legislação local, com o planejamento 
da secretaria de saúde, com os projetos relacionados à saúde em nível 
municipal, estadual e nacional. A assessora técnica deve estar sempre bem 
informada para socializar as informações pertinentes aos conselheiros 
(SILVA, 2007, p. 6).
73
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
Assim, vemos que a secretária executiva tem suas funções mais voltadas à organização e à 
documentação de atividades rotineiras do conselho. Já a assessora técnica precisa se ocupar 
dos aspectos da atualização da legislação, do planejamento e dos projetos desenvolvidos na 
área da saúde. Ambas as profissionais, de forma agregada, buscam desenvolver uma prática que 
potencialize o papel do Conselho de Saúde.
Trindade e Silva (2007) ressaltam que o trabalho das profissionais esteve orientado em torno 
dos seguintes aspectos: acompanhar e fiscalizar propostas de ação elaboradas previamente 
pelo conselho e que não foram executadas, buscando identificar como resolver tais pendências 
no conselho; revisão e reelaboração do regimento interno do Conselho de Saúde; ativação das 
comissões de trabalho compostas por conselheiros titulares que buscavam estudar temas específicos 
e depois apresentá-los para debate nas reuniões; formalização de grupos de estudo e pesquisa; 
análise das deliberações; estudo das resoluções já promulgadas e elaboração ortográfica de 
novas resoluções; organização de todo o aspecto burocrático necessário para a realização 
das conferências.
Como podemos ver, as atividades e funções desempenhadas pelas técnicas eram muitas. 
Por que essas funções desempenhadas por essas profissionais podem ser interpretadas como 
influenciadoras da participação popular nos conselhos? Trindade e Silva (2007) acentuam que 
o assistente social consegue traduzir o desejo da população em burocracia que é exigida pelo 
Estado. É esse profissional que dinamiza o processo participativo. Sua prática torna a participação 
possível para a sociedade civil e não desejamos, com isso, indicar que a sociedade civil não tem 
condições para se colocar frente ao conselho, mas sim que há elementos, sobretudo burocráticos, 
que podem dificultar essa inserção. Os assistentes sociais são os profissionais que podem auxiliar 
para que o processo participativo se consolide.
Assim como essa, teremos outras experiências de participação das quais a totalidade reforça 
esse local como um espaço importante de trabalho do assistente social e do qual precisamos 
nos apropriar ainda mais. Outro local de intervenção para esse profissional é junto ao chamado 
terceiro setor e às organizações da sociedade civil. Veremos esses conceitos a seguir. 
6 A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NA GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DA 
SOCIEDADE CIVIL – TERCEIRO SETOR
O terceiro setor é representado por meio de organizações da sociedade civil que são 
constituídas pela participação e gestão da sociedade civil em situações específicas. Esses 
organismos são instituições privadas que buscam atender às expressões da questão social. Assim, 
temos organizações da sociedade civil que atendem a dependentes químicos, idosos, crianças e 
adolescentes, e assim sucessivamente.
Esses equipamentos surgem na realidade brasileira no contexto dos anos 1980 e se ampliam 
consideravelmente nos anos 1990. O que permite a organização da sociedade civil por meio 
dessas organizações é o processo de democratização pelo qual passou o nosso país e que 
permitiu, entre outros aspectos, o convite da sociedade civil para a intervenção nas questões 
74
Unidade II
sociais. Antes, no contexto da ditadura, não tínhamos a permissão da participação da população. 
A partir do contexto dos anos 1980, a sociedade civil é convidada a participar da gestão da 
área pública. Por isso, são consolidados espaços de participação como os conselhos, abordados 
anteriormente, e também por meio das organizações ligadas ao terceiro setor.
 
Na conjuntura da luta pela democratização do país, consolidou-se no campo 
da atuação privada, até então dominada pelas entidades de cunho filantrópico, 
um novo elenco de atores sociais voltados à promoção da sociedade como 
protagonista de sua própria transformação. Movimentos sociais e organizações 
não governamentais (ONGs) passam a atuar na implementação de projetos 
sociais de diversos conteúdos, visando dotar comunidades e grupos sociais 
de protagonismo social em um Estado autoritário e numa realidade social 
marcada pela exclusão, discriminação e pobreza. Estas experiências estavam 
fortemente associadas às “práticas de deliberação participativas” que, como 
afirma Paoli, “no Brasil estiveram desde seu início ligadas à visibilidade política 
dos ‘novos movimentos sociais’ e à redefinição das práticas do movimento 
operário, nas décadas de 1970 e 1980”, e que buscavam ampliar a participação 
popular “nos processos políticos de distribuição de bens públicos e formulação 
das políticas sociais” (SILVA et al., 2009, p. 376).
A abertura política do país permitiu que a sociedade civil passasse a gerir o que, até então, era 
gerido apenas pelo Estado. Concomitantemente a esse processo, vemos que o Estado brasileiro, 
sobretudo a partir dos anos 1990, assume uma postura de desresponsabilização por determinados 
serviços sociais. A ótica estatal que passa a vigorar assumiu, segundo a perspectiva neoliberal,uma postura perdulária, gastando um valor superior ao arrecadado. Esse descompasso entre 
receita e despesa tornava o Estado incapaz de gestão da coisa pública e se passa a defender a 
necessidade de uma reforma gerencial (GOHN, 2008).
Os padrões de reforma gerencial pressupõem, basicamente, a restrição de gastos na área social 
para a recuperação da sanidade financeira do poder público. Isso resulta, grosso modo, na diminuição 
de recursos para a área social, para as políticas sociais que tanto foram defendidas por meio da 
Constituição de 1988. De forma conjunta, nesse processo, temos um convite do Estado para que a 
sociedade civil se organize para atender às demandas sociais não contempladas pelo poder público.
Nesse ponto, aponta-se a transferência dos serviços sociais para a sociedade 
civil, sob o discurso ideológico da “autonomia”, “solidariedade”, “parceria” e 
“democracia”, enquanto elementos que aglutinam sujeitos diferenciados. No 
entanto, vem se operando a despolitização das demandas sociais, ao mesmo 
tempo em que desresponsabiliza o Estado e responsabiliza os sujeitos sociais 
pelas respostas às suas necessidades sociais (ALENCAR, 2009, p. 7).
Várias organizações passam a surgir com esse intuito de atender às demandas sociais da 
população e algumas delas o fazem através de recursos recebidos do governo, associados a 
recursos próprios conseguidos por meio das mais variadas formas de arrecadação. Qual seria 
75
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
a vantagem para o Estado brasileiro? O Estado, quando opera uma política social, deve garantir 
atenção universal para toda a população, conforme diz o texto constitucional. Contudo, ao firmar 
parceria com as organizações da sociedade civil é pactuado uma meta para atendimento, o que 
garante uma “economia” de recursos destinados para a área social.
 Saiba mais
Os sites a seguir são de organizações do terceiro setor que atuam 
nos mais variados aspectos presentes na realidade. Acesse os sites 
e, para aprender mais, observe a natureza de cada intervenção e suas 
informações correlatas.
DOUTORES DA ALEGRIA. Disponível em: https://bit.ly/3d63pc8. 
Acesso em: 25 mar. 2021.
GREENPEACE. Disponível em: https://bit.ly/31hijqu. Acesso em: 
25 mar. 2021.
MÉDICOS SEM FRONTEIRAS. Disponível em: https://bit.ly/39fC4TP. 
Acesso em: 25 mar. 2021.
Gohn (2008) nos diz que há um rol amplo de organizações, mas as vincula a três tipos básicos: 
caritativas, ambientalistas e de cidadania. As caritativas são aquelas voltadas à atenção de 
necessidades emergentes dos segmentos mais vulnerabilizados da sociedade. São organizações 
que concedem alimentos, vestuário, acesso a medicamentos e benefícios dessa natureza. 
Um exemplo desse tipo de organização é a Médicos Sem Fronteiras, que oferece atendimento 
médico gratuito em territórios de maior vulnerabilidade e possui intervenções no Brasil.
Já as organizações ambientalistas, conforme sugerido pela própria nomenclatura, são 
as que estão voltadas à defesa de parâmetros ligados à preservação ambiental. Nesse caso, 
também temos um exemplo muito conhecido, o Greenpeace. Essa é uma das organizações mais 
respeitadas do mundo e faz um trabalho forte e importante com a finalidade de conscientizar os 
povos acerca da importância da consciência ambiental. Essa organização ainda desenvolve ações 
diretas para a recuperação de determinados territórios.
Por fim, as organizações de intervenção voltada à cidadania são aquelas que buscam 
efetivar direitos sociais de grupos mais vulnerabilizados da sociedade. São as organizações que 
trabalham na prestação de serviços à comunidade ou que atuam no aspecto da conscientização 
e da problematização de valores humanitários e em favor das minorias. O exemplo desse tipo 
de organização da sociedade civil, citado aqui, é o Doutores da Alegria, que desenvolve ações 
76
Unidade II
lúdicas em hospitais, utilizando palhaços para cumprir essa missão. A organização não oferece 
um benefício concreto para aqueles que atende. Sua ação vincula-se ao plano subjetivo e pode, 
dessa maneira, ser compreendida como uma organização voltada para cidadania, à medida que 
atende os aspectos da humanização postos para os pacientes contemplados pelo SUS e que se 
encontram em regime de internação.
Esses são, no entanto, apenas exemplos de organizações, mas sua variedade é ampla. Haverá 
assim organizações que serão ambientalistas e caritativas, ou caritativas e cidadãs, a depender 
do objeto sobre o qual desenvolvem sua intervenção. Grande parte desses organismos possuem 
parcerias para a concessão de recursos com o poder público, mas muitas delas são mantidas com 
doação de empresas privadas ou mesmo de grupos particulares. Para tanto, são instituições que 
podem desenvolver intervenção nos mais variados problemas sociais apresentados pela sociedade.
Ou seja, é ampla a atuação das organizações da sociedade civil, que podem prestar atendimento 
direto para pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade. Outra característica desses serviços 
é que não visam lucro. As instituições podem ter recursos próprios, porém sua arrecadação é 
destinada para a atenção de suas necessidades emergentes, e não para a acumulação. Quando 
uma organização da sociedade civil busca lucro acaba perdendo sua natureza. Como instituição 
privada, tem certa autonomia em relação a suas decisões, porém é um tipo de organização que, 
ao ser mantida com recursos públicos, está também sujeita à ótica do controle presente em 
instituições públicas.
Fato é que os assistentes sociais, a partir de meados dos anos 1990, passam a intervir nesses 
organismos. A atuação nesses espaços, segundo Porfirio (2016), requer o reconhecimento desse 
espaço como decorrente de um contexto econômico, político e social. Por conseguinte, atuar 
em organizações da sociedade civil evoca a compreensão das mutações processadas no papel 
do Estado em relação às políticas sociais. Requer de nossa categoria o entendimento de que 
as organizações da sociedade civil provêm da ausência estatal na oferta de políticas sociais 
públicas. Compreender a duplicidade desse espaço é igualmente importante. Se por um lado a 
organização da sociedade civil, ou do terceiro setor, retrata a ausência estatal na manutenção 
das políticas sociais, por outro viés também representa uma forma de atendimento da população 
mais vulnerável.
 Lembrete
Os assistentes sociais também são classe trabalhadora e participam de 
um processo de trabalho, vendendo sua mão de obra.
77
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
O assistente social, inscrito nesses processos de trabalho como classe trabalhadora, precisa ter 
claro esse movimento contraditório que irá vivenciar, caso seja inserido em postos de trabalho 
vinculados a organizações não governamentais. E é preciso considerar ainda que a restrição do 
poder público em favor do capital resulta em diminuição das políticas sociais e, consequentemente, 
no arrefecimento de postos de trabalho estáveis para o assistente social. Com isso, os assistentes 
sociais também passam a perceber nas organizações da sociedade civil uma alternativa de inserção 
laboral. Nessa atuação profissional, vemos que o técnico goza de relativa autonomia, dado que sua 
intervenção, muitas vezes, é cerceada pelos responsáveis pelas instituições.
Porfirio (2016), além de enfatizar a questão da influência dos responsáveis pelas instituições 
junto do trabalho do assistente social nas organizações governamentais, destaca que, nesse 
espaço profissional, temos a total ausência da estabilidade. Isso porque, como sabemos, 
nesses espaços o que regulamenta o exercício profissional dos assistentes sociais é o regime 
de Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A estabilidade, comum nos postos de trabalho dos 
assistentes sociais que atuam diretamente com políticas sociais, é “perdida” quando atuamos em 
organizações da sociedade civil. Isso coloca os profissionais em grande fragilidade e insegurança, 
uma vez que não possuem qualquer garantiaquanto à manutenção dos postos de trabalho por 
parte do empregador.
 Observação
Também estamos expostos ao pluriemprego e à precarização do trabalho 
quando atuamos em organizações não governamentais.
Alencar (2009) faz uma análise mais crítica sobre esse espaço de trabalho do assistente 
social e evidencia como também são expostos, nesses espaços, ao pluriemprego e à precarização 
de sua atuação. O pluriemprego corresponde à necessidade do profissional em conseguir mais de 
um espaço de trabalho para conseguir manter suas necessidades básicas. O trabalho precarizado, 
por outro lado, está ligado à ampliação das atividades dos profissionais sem que exista, para isso, 
a correspondente elevação do salário. Os assistentes sociais passam também a desempenhar 
atividades ligadas à administração das organizações, ou seja, atividades que outro profissional 
deveria desempenhar, mas que são impostas ao assistente social.
Alencar (2009) e Porfirio (2016) nos dizem que essas problematizações são extremamente 
necessárias para que possamos pensar a inserção dos assistentes sociais nas organizações da 
sociedade civil, sem perder de vista que também são espaços em que podemos efetivar os 
direitos sociais e buscar, por meio dos serviços oferecidos, consolidar uma rede de proteção para 
os segmentos com os quais atuamos.
Alencar (2009, p. 12), ao realizar um mapeamento das intervenções realizadas por assistentes 
sociais nas organizações da sociedade civil, nos indica que:
 
78
Unidade II
No que se referem às atribuições profissionais, os assistentes sociais estão 
sendo demandados nestes novos espaços profissionais para atuar na gestão 
de programas sociais, o que implica o desenvolvimento de competências 
no campo do planejamento, formulação e avaliação de políticas sociais. 
Sendo assim, há uma grande tendência de crescimento das funções 
socioinstitucionais do serviço social para o plano da gerência de programas 
sociais, o que requer do profissional o domínio de conhecimentos e saberes, 
tais como de: legislações sociais correntes, numa atualização permanente; 
análises das relações de poder e da conjuntura; pesquisa, diagnóstico social 
e de indicadores sociais, com o devido tratamento técnico dos dados e das 
informações obtidas, no sentido de estabelecer as demandas e definir as 
prioridades de ação; leitura dos orçamentos públicos e domínio de captação 
de recursos; domínio do processo de planejamento e a competência no 
gerenciamento e avaliação de programas e projetos sociais.
Como vemos, a atividade de gestão é a mais representativa. Apesar de não ser essa uma 
atribuição privativa do assistente social, vemos que a gestão desses serviços se configura como 
uma competência de nossa categoria profissional. As atividades que destaca e as funções que 
apresenta são típicas de gestão dos serviços e podem ser desenvolvidas pelos assistentes sociais. 
No entanto, a compreensão da autora é que o desempenho de atividades de gestão não está 
incorreto, desde que o profissional não seja inserido em uma sobrecarga de trabalho, comum 
nesses espaços. Importante também relembrar que novas habilidades profissionais se mostram 
necessárias para o desempenho de tais atividades.
 Saiba mais
Recomendamos o texto a seguir como um estímulo para pensar e 
refletir sobre as organizações da sociedade civil, exemplificadas, nesse 
caso, por organizações da área da saúde.
MACHADO, G. S. O Serviço Social nas ONGs no campo da saúde: 
projetos societários em disputa. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, 
n. 102, p. 269-288, abr./jun. 2010. Disponível em: https://cutt.ly/6xFyLm0. 
Acesso em: 25 out. 2020.
A definição de quais atividades serão desenvolvidas pelos assistentes sociais dependem, 
substancialmente, da área de atuação das organizações da sociedade civil. Como exemplo, 
relataremos uma intervenção desenvolvida pelo Serviço Social em uma instituição de longa 
permanência para idosos, uma organização da sociedade civil, localizada no Núcleo Bandeirante, 
em Brasília. A instituição de longa permanência para idosos oferece o atendimento integral 
institucional para idosos que estão em situação de acolhimento. Falamos aqui de uma organização 
79
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
da sociedade civil que oferece a atenção de todas as necessidades dos idosos que estão sob sua 
responsabilidade (OLIVEIRA; HEDLER; SANTOS, 2016).
De acordo com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Suas, as instituições de 
longa permanência para idosos precisam ter assistentes sociais no seu quadro de trabalhadores.
No caso da instituição descrita, há dois assistentes sociais a ela vinculados. A atuação dos 
profissionais nesse local de intervenção possui algumas características, dentre as quais podemos 
citar a interdisciplinaridade como algo fundamental. A crítica presente no que diz respeito à 
prática desenvolvida é que a interdisciplinaridade ainda não está plenamente consolidada. 
Os autores Oliveira, Hedler e Santos (2016) fazem ainda uma análise crítica destacando que a 
ausência de uma rede forte e consolidada é um fator importante para desqualificar a intervenção 
do assistente social.
A ação nesse espaço é orientada, em grande medida, pelo desenvolvimento de atividades 
burocráticas e ligadas ao planejamento das ações, corroborando assim com as colocações de 
Alencar (2009) sobre a predominância das atividades de gestão nas práticas desenvolvidas pelo 
assistente social em organizações da sociedade civil. As autoras ainda acentuam que muitas 
das atividades acabam extrapolando as atribuições profissionais dos assistentes sociais. E citam 
como exemplo a elaboração de convênios e parcerias, atividades que deveriam estar orientadas 
por alguém da administração da entidade, e não pelo assistente social.
Segundo Oliveira, Hedler e Santos (2016), o exercício profissional nesses espaços é também 
fortemente influenciado pelas relações de poder. A autonomia do assistente social acaba sendo 
ameaçada nesse contexto, mas os profissionais destacam que buscaram e sempre buscam 
fortalecê-la em seu exercício. Vimos que essa realidade já fora avistada por Porfirio (2016), 
uma vez que a autora já chamava a nossa atenção para o excesso de intervenção no trabalho 
do assistente social presente em algumas organizações da sociedade civil. Porém, nesse caso 
específico, vemos que os profissionais conseguiram se colocar e ter sua intervenção respeitada, 
o que nem sempre é possível.
Em relação ao trabalho social, os assistentes sociais relataram o desenvolvimento de um 
rol amplo de ações ligadas ao acolhimento institucional dos idosos. O acolhimento incorpora a 
atenção de todas as necessidades apresentadas pelos idosos e seu atendimento considerando-os 
como pessoas em um estágio peculiar de desenvolvimento, portadoras de direitos que lhes são 
específicos. Além disso, os técnicos também atuam com atividades visando o estabelecimento 
dos laços e vínculos familiares, além de buscar alternativas para viabilizar a inserção comunitária 
e social dos idosos atendidos. A ação em questão, idealizada para idosos que estão em situação 
de acolhimento institucional, atende às prerrogativas postas ao serviço pela Política Nacional de 
Assistência Social.
Assim, vemos que os assistentes sociais desempenham funções burocráticas ligadas ao 
planejamento das ações e também fazem ações voltadas ao público atendido. As ações desenvolvidas 
para os idosos estão voltadas ao atendimento das necessidades desses usuários e visam ainda a 
80
Unidade II
sua reinserção social, comunitária e familiar. Os instrumentais usados são vários e vão desde a elaboração 
de documentos necessários ao processo de planejamento até os que se mostrem basais para o 
atendimento das demandas dos idosos como relatórios, reuniões, entrevistas e outros mais. Mesmo 
que tal prática seja perpassada por várias questões específicas como a influência das relações 
de poder na prática profissional e outras mais, as autoras consideram que o relatodemonstra o 
esforço e o comprometimento dos profissionais para efetivar os direitos dos idosos que estão em 
situação de acolhimento. Ao fazê-lo, atendem os parâmetros postos para a nossa categoria em 
relação ao compromisso ético-político por nós difundido.
7 O ASSISTENTE SOCIAL E A ATUAÇÃO COM ASSESSORIA, CONSULTORIA 
E NA DOCÊNCIA
Vamos conhecer mais algumas possibilidades de atuação profissional do assistente social. Essa 
atuação pode acontecer em equipes de assessoria e consultoria e, ainda, como docente. Iniciaremos 
a discussão a partir da intervenção do assistente social na área de assessoria e consultoria.
Compreender a refletir sobre a ação profissional na assessoria e consultoria é muito 
importante e necessário para a nossa categoria. Para fazê-lo, Matos (2009) destaca a necessidade 
de compreendermos um pouco mais sobre o desenvolvimento histórico do conceito no interior 
do Serviço Social.
Os conceitos de assessoria e consultoria emergem no Brasil em meados dos anos 1970. 
É no contexto específico do Movimento de Reconceituação que a categoria passou a rever sua 
fundamentação teórica e seu embasamento metodológico. O Movimento de Reconceituação 
estimulou os profissionais a pensar, inclusive, sobre outros espaços de trabalho para além dos 
postos vinculados ao Estado e à iniciativa privada. Nesse período surgiram algumas discussões 
sobre a prática do profissional na assessoria e na consultoria. O entendimento que se tinha 
nessa época é que o assistente social, assessor ou consultor, era aquele que prestava serviço 
em instituições privadas. Matos (2009) destaca que há, nesse período, uma confusão com o 
entendimento do que era consultoria em Serviço Social e praticamente toda prestação de serviços 
sem vínculo empregatício era associada à consultoria. No entanto, nesse momento, eram poucos 
os profissionais que estavam vinculados a atividades de assessoria ou de consultoria.
A ausência de bibliografia específica na área também pode ser um influenciador para essa 
confusão conceitual em torno do tema. Inicialmente, as primeiras produções sobre o tema 
provinham da área administrativa e eram orientadas para empresas capitalistas que visavam 
o lucro. É somente a partir de meados dos anos 2000 que teremos a consolidação de uma 
fundamentação teórica a respeito da atuação do assistente social como assessor e consultor, 
partindo das especificidades da nossa profissão.
Nos anos 1980, a importância dada a tais práticas vai sendo ressignificada. A obra de Balbina 
Ottoni Vieira é apresentada pelo autor como representativa dessa ressignificação, por ter 
ressignificado a assessoria em Serviço Social como uma prestação de serviços na área, e não mais 
como qualquer ação sem vínculo empregatício, como era compreendido nos anos 1970. Desse 
81
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
modo, Matos (2009) acentua que, nesse período em pauta, o estágio desenvolvido em movimentos 
sociais por alunos da graduação de Serviço Social levantou a questão da assessoria profissional 
para tais organizações. As discussões realizadas na época mostraram certo amadurecimento da 
categoria em relação ao conceito, demarcando, assim, a fase precursora da ação dos assistentes 
sociais na assessoria e na consultoria.
Nos anos 1990 vivenciamos um processo de reestruturação produtiva, no qual tivemos 
significativas mudanças nos formatos de organização do trabalho, dentre outros aspectos. 
O trabalho perde o seu caráter estável, tornando os postos de trabalho instáveis também. Além 
disso, o trabalho deixa de ser realizado apenas no chão da fábrica, acontecendo também em 
outros espaços laborais. Isso resulta, em grande medida, na diminuição de postos de trabalho, 
algo que é evidenciado também na retração estatal em políticas sociais. À medida que o Estado 
diminui os locais de execução das políticas sociais, vemos que há também a restrição dos postos 
de trabalho ocupados pelos assistentes sociais. Isso é importante porque fez os profissionais 
buscarem inserção laboral por meio das assessorias e das consultorias.
Matos (2009) ressalta ainda que, nos anos 2000, tivemos uma ampliação da discussão sobre práticas 
de assessoria e consultoria no Serviço Social, mas o trabalho em tal área acontece pontualmente. 
O autor destaca que, inicialmente, grande parte dos assessores e prestadores de consultoria 
são professores, docentes de cursos de graduação e pós-graduação em Serviço Social que são 
convidados para auxiliar gestores de políticas e serviços sociais.
Hoje temos um contingente reduzido de profissionais que atuam com consultoria. Contudo, a 
discussão da categoria sobre essa esfera de atuação do Serviço Social ampliou-se, por conta do 
amadurecimento de toda nossa categoria em relação ao que é ser assessor ou ser um consultor. 
A assessoria “[...] é aquela ação que visa auxiliar, ajudar, apontar caminhos” (MATOS, 2009, p. 5) 
frente a uma necessidade percebida. O assessor, por sua vez, busca propor uma ação para viabilizar 
mudanças que são necessárias em uma dada organização. A assessoria almeja produzir alterações 
na realidade.
O assessor precisa ser aquele profissional que detém o conhecimento sobre a área que deseja 
assessorar, além de ser um estudioso bastante comprometido com a atualização permanente. 
O pleno conhecimento na área de assessoria é uma condição fundamental para qualificar o 
trabalho. Matos (2009) ainda acentua que quando nos propomos a desenvolver essas ações de 
assessoria e de consultoria também precisamos colaborar com uma prática qualificada, assim 
como em outros espaços laborais. A assessoria sempre é solicitada ou indicada por alguém que 
deseja um produto final de qualidade.
 Observação
Há uma diferença tênue entre assessoria e consultoria, sendo que a 
consultoria configura uma intervenção pontual, ao passo que a assessoria 
tem um caráter de acompanhamento contínuo, apesar de delimitado.
82
Unidade II
A consultoria “[...] vem da palavra consultar, que significa pedir uma opinião” (MATOS, 2009, p. 5) 
e é algo mais pontual, que busca respostas para questões específicas de projetos que já estão em 
execução. A assessoria corresponde a um processo mais demorado e pode ser requerida mesmo 
antes do início de um projeto, até mesmo para avaliar a viabilidade de sua realização. Também é 
fundamental ao consultor o pleno domínio da área de intervenção, pois sabemos que uma 
intervenção pontual também requer domínio da ação desenvolvida.
No âmbito do Serviço Social, o autor cita os artigos 4º e 5º da lei que regulamenta a profissão 
do assistente social e nos quais podemos ler:
 
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:
[...] VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às 
matérias relacionadas no inciso II deste artigo 2;
IX – prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria 
relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, 
políticos e sociais da coletividade;
Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social:
III – assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e 
indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social 
[...] (BRASIL, 1993).
A normativa nos diz, como podemos ver, que a assessoria e a consultoria em administração 
pública direta ou indireta ou em empresas públicas privadas é uma competência profissional do 
assistente social. Diz também que o profissional possui como competência prestar assessoria e 
consultoria aos movimentos sociais em matéria de políticas sociais. O artigo 5º, por outro lado, 
apresenta que há atribuições privativas do profissional em relação à assessoria e à consultoria, 
as quais são compreendidas como aquelas que abrangem assuntos do Serviço Social. Como já 
dissemos, a competência se aplica a atividades que o profissional está habilitado a desempenhar. 
As atribuições privativas, em outra via, se relacionam àsatividades que somente o assistente 
social pode realizar. Quando essa intervenção exige um saber específico em Serviço Social, só 
pode ser desenvolvida por profissionais habilitados.
Todavia, para que possamos atuar na área, precisamos esclarecer muito bem esse conceito, afinal, 
é necessário ter pleno domínio do que é assessoria e do que é consultoria. Tentando esclarecer melhor 
o conceito em questão, Matos (2009, p. 7-8) nos apresenta algumas referências para que possamos 
compreender o que caracteriza essa prestação de serviços, indicando algumas referências para que 
pudéssemos pensar, dentre os quais podemos citar:
83
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
• Assessoria não é supervisão: uma vez que muitos profissionais reduzem a supervisão de alunos 
à assessoria em Serviço Social.
• Assessoria não é extensão: alguns assistentes sociais compreendem que os processos de 
extensão universitária são assessorias.
• Assessoria nem sempre é trabalho precarizado: apesar de possuir relação com a perda de postos 
de trabalho, a assessoria pode apresentar reais vantagens financeiras para quem a desenvolve.
• Assessoria não é abandono do trabalho assistencial: pois, antes de sermos assessores, somos 
assistentes sociais e devemos sempre manter o nosso compromisso com os valores ético-políticos de 
nossa categoria.
• Assessoria não é mera militância política: a contribuição que os assistentes sociais conferem 
às instâncias políticas é enorme e necessária, mas isso não é compreendido pelo autor 
como assessoria.
O autor ainda destaca que quando prestamos assessoria ou consultoria em gestão social, ou 
melhor, quando nossa intervenção é desenvolvida em políticas sociais ou até mesmo em organização 
de usuários e de movimentos sociais, estamos potencializando esses atores e colaborando em longa 
medida com a qualidade dos serviços oferecidos. E, nesse espaço, podemos ainda dar concreticidade 
aos valores postos para o nosso projeto ético-político.
 Observação
O primeiro passo para assessoria ou consultoria é a realização de um 
diagnóstico da realidade, que contemple o amplo conhecimento da instituição 
em que a atuação irá acontecer.
Matos (2009) nos apresenta ainda estratégias a serem observadas pelos profissionais em prol 
da qualidade dos serviços de assessoria e de consultoria. Dentre essas estratégias, o autor nos 
indica a necessidade do assessor ou do consultor identificar o porquê do serviço requisitado. 
Por que, afinal, esse profissional foi contratado? E, nesse sentido, é necessário compreender 
também quais são as mudanças almejadas. O autor indica que é basal que seja realizado o 
levantamento da realidade que contemple aspectos que permitam o amplo conhecimento da 
instituição que será objeto de ação. Esse seria o processo inicial da assessoria ou da consultoria.
Com base na análise realizada, o consultor ou assessor deve apresentar propostas de ação, 
as quais podem ser acatadas ou não pela instituição. Essa construção de propostas deve ser 
ancorada no conhecimento que o técnico possui, mas deve também estruturar-se em torno da 
participação de todos os envolvidos com a ação. Partindo da deliberação coletiva, alicerçada no 
saber técnico, são traçados os objetivos a serem contemplados com a ação. As etapas em questão 
devem ser todas registradas pelo profissional, incluindo a execução e avaliação das atividades 
84
Unidade II
desenvolvidas. No fim desse processo, que não deixa de ser uma expressão do planejamento 
de atividades tão comum para os assistentes sociais, precisamos sistematizar aspectos ou 
indicadores que nos permitam avaliar os impasses e desafios da proposta empreendida.
Matos (2009) reforça a ideia de que grande parte das ações de assistentes sociais em prol de 
assessorias e consultorias está situada no serviço prestado em políticas sociais. Porém, sabemos 
que muitos profissionais prestam assessoria e consultoria à iniciativa privada. No exemplo a seguir, 
observamos uma descrição da ação desenvolvida por assistentes sociais em um Programa de 
Assistência ao Empregado, de empresas privadas do Rio de Janeiro.
 Lembrete
Pluriemprego é quando há necessidade de o trabalhador participar de 
várias atividades laborais para atender às suas necessidades básicas.
A pesquisa foi orientada para esse programa que tem como meta conferir assistência ao trabalhador e 
buscou apresentar a perspectiva dos assistentes sociais sobre sua prática, e o programa oferece 
atendimento nas áreas psicológica, social, financeira e jurídica. A pesquisa em questão evidenciou 
que os assistentes sociais contratados para compor a equipe reportaram grande prejuízo financeiro 
dado o rol de atividades e valor pago por sua atuação como consultores do Programa de Assistência 
ao Empregado. Destacaram ainda que, por conta disso, precisaram encontrar alternativas de 
sobrevivência, complementando a renda com outras atividades, o chamado pluriemprego. O fato 
de trabalhar na linha da assessoria e da consultoria garante maior flexibilidade ao trabalhador, 
porém a incerteza da manutenção no trabalho resulta em prejuízos para a saúde psicológica dos 
agentes (GOMES, 2018).
 Saiba mais
Propomos a leitura do texto a seguir, pois traz uma discussão muito 
interessante em relação à assessoria e consultoria em Serviço Social na 
área pública.
PERES, G. A. L. A assessoria do Serviço Social na gestão das políticas 
públicas. 2011. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências 
Humanas e Sociais de Franca, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3lR1rAt. 
Acesso em: 2 out. 2020.
Porém, as especificidades de cada intervenção irão depender substancialmente do espaço de 
trabalho onde as ações acontecerem. Também teremos outros exemplos de ação em empresas e 
em políticas sociais que são positivas. A forma como o trabalho irá transcorrer vai depender em 
85
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
grande parte da realidade institucional e dos aspectos presentes nessa realidade. Esperamos que 
você tenha se interessado por essa discussão e te convidamos a pensar sobre outra expressão do 
fazer do assistente social, a docência. Antes de abordarmos nessa questão, leia o texto a seguir:
Entrevista: Assistente Social e professora de Serviço Social da Ufes, Aline Fardin 
Pandolfi, fala sobre a pesquisa referente ao Auxílio Emergencial
Recentemente, o Grupo de Estudos Desenvolvimento Social e Primeira Infância, 
coordenado pela professora Maria Lúcia Teixeira Garcia e vinculado ao Programa de 
Pós-Graduação em Política Social/Ufes, divulgou uma nota informando os primeiros 
resultados sobre o estudo que a equipe de pesquisadores/as desenvolveu em cima de dados 
referentes ao Auxílio Emergencial adotado pelo Governo Federal durante a pandemia da 
Covid-19, no Brasil.
As informações obtidas pelo grupo, por meio do Sistema Eletrônico do Serviço de 
Informações ao Cidadão (e-SIC), mostram que cerca de 25% da população brasileira obteve 
acesso direto ao benefício, além de levantar outros dados.
O grupo, de caráter internacional, estuda aspectos diversos e sua relação com a primeira 
infância em três países: Brasil, Cuba e Inglaterra. Entre os/as pesquisadores/as que compõem 
este grande grupo de pesquisa no Brasil estão oito assistentes sociais e quatro economistas, 
incluindo docentes, estudantes de pós-doutorado e estudantes de doutorado vinculados. 
São pesquisadores/as do campo da política social vinculados ao Programa de Pós-Graduação 
em Política Social, dos Departamentos de Serviço Social e Economia da Ufes (Universidade 
Federal do Espírito Santo) e de Ciências Humanas da UFVJM (Universidade Federal dos Vales 
do Jequitinhonha e Mucuri).
Entre eles/as está a pesquisadora Aline Fardin Pandolfi, Assistente Social, ex-presidenta 
do Cress-ES e professora do Departamento de Serviço Social da Ufes. Ela nos concedeu uma 
entrevista falando sobre a importância dessa pesquisa, a relação dos dados com o Espírito 
Santo, as relevânciasda pesquisa para o âmbito acadêmico e profissional, além de aspectos 
sociais, econômicos e políticos da atual conjuntura nacional.
Fonte: Cress (2020).
Nesse recorte vemos o trecho inicial da entrevista concedida pela pesquisadora Aline Fardin 
Pandolfi, docente da Ufes, em relação à pesquisa realizada pela universidade, sob sua orientação, 
sobre o auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal no contexto da epidemia. Lendo a 
matéria, podemos compreender que a docência, em Serviço Social, é importante para a produção de 
conhecimento? Essa produção pode trazer resultados positivos para a sociedade contemporânea?
Bem, a docência é de extrema importância para a formação dos assistentes sociais. Exercê-la 
requer a observação de uma série de aspectos e considerações, dentre eles o entendimento histórico 
dessa ação. Como sabemos, os assistentes sociais começaram a ser graduados no Brasil no ano de 
86
Unidade II
1936. Nesse contexto, nem todos os professores eram assistentes sociais, e, mesmo os já graduados 
fora do país carregavam uma bagagem católica e positivista que procuravam introjetar nos alunos, 
mais especificamente nas alunas, uma vez que esse público era predominantemente feminino. 
Lopes (2018) destaca que no contexto de criação do Centro de Estudos e Ação Social (Ceas) foram 
encaminhadas duas mulheres para a Europa a fim de se graduarem nas escolas franco-belgas. Essas 
mulheres voltaram ao Brasil e ofereceram grande influência na formação dos primeiros assistentes 
sociais. As primeiras escolas foram então marcadas pela existência de docentes que possuíam 
formação europeia, também influenciada pela doutrina social da Igreja e que a reproduziram 
aqui no Brasil.
 Lembrete
As primeiras escolas de Serviço Social do Brasil surgiram em 1936 em 
São Paulo e em 1937 no Rio de Janeiro.
Após o esforço da classe burguesa e do Estado para constituir os primeiros espaços de formação 
dos assistentes sociais, temos no Brasil as escolas de Serviço Social sendo instituídas. A primeira delas, 
como já estudamos, foi a Escola de São Paulo, criada em 1936. No ano de 1937 foi criada a 
escola do Rio de Janeiro. Com o tempo, várias escolas foram sendo criadas no Brasil. Apesar do 
forte viés catolicista e positivista presente na formação, quando temos a ampliação das primeiras 
escolas no Brasil temos a consolidação de um currículo. O que significa um currículo para o Serviço 
Social? Significa que as escolas, todas elas, no Brasil, deveriam oferecer uma formação mínima 
em torno dos conteúdos desencadeados por meio do currículo, que era assim proposto em torno 
dos conteúdos:
 
Economia, Sociologia, Psicologia, Higiene, Anatomia, Estatística, Direito, 
Serviço Social, Técnica, Enfermagem, Português, Lógica, Moral, [estudadas 
no 1º ano]; Economia, Psicologia dos Anormais, Higiene do Trabalho, 
Puericultura, Estatística, Direito do Menor, Serviço Social, Lógica, Psicotécnica, 
Higiene, [estudadas no 2º ano]; Psicologia, Serviço Social, Lógica, Psicologia 
dos Anormais, [estudadas no 3º ano] (LOPES, 2018, p. 22).
Podemos observar, por exemplo, que conteúdos como higiene, anatomia, enfermagem, psicologia 
dos anormais, puericultura, direito do menor, psicotécnica integravam a formação dos assistentes 
sociais daquele período. Os profissionais da época eram graduados e preparados para uma 
intervenção totalmente psicologizante, voltada às ações que buscavam estimular o assistente 
social a moldar o caráter dos atendidos. No período em questão, tínhamos como metodologia 
de ação predominante os métodos de caso e grupo, os quais visavam, como sabemos, orientar 
a ação do assistente social. Ação que visava ajustar os indivíduos a um modelo idealizado pela 
sociedade burguesa. Os docentes dos cursos de graduação então fortaleciam essas perspectivas 
profissionais idealizadas para o assistente social no período.
87
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
 Lembrete
A Lei n. 1889/53 regulamentou o exercício profissional do assistente 
social no Brasil. Ela foi a primeira legislação de regulamentação de nossa 
profissão no nosso país.
Em 1953, a Lei n. 1889 regulamentou o exercício profissional dos assistentes sociais no Brasil. 
Nesse momento emerge a metodologia de desenvolvimento de comunidade, sendo essa uma 
abordagem que sofreu grande influência dos acordos firmados entre Brasil e a Organização das 
Nações Unidas (ONU) visando a superação do subdesenvolvimento econômico do país. Isso posto, 
tivemos a incorporação dessa metodologia de ensino ao currículo mínimo do Serviço Social no 
país, que passou a seguir a seguinte formatação:
 
I – Sociologia e economia social, Direito e legislação social, Higiene e 
medicina social, Psicologia e higiene mental, Ética geral e profissional;
II – Introdução e fundamentos do Serviço Social, Métodos do Serviço Social, 
Serviço Social de casos e de grupo, Organização Social de comunidade, 
Serviço Social em suas especializações: Família, Menores, Trabalho, Médico.
III – Pesquisa social (LOPES, 2018, p. 24).
O ajustamento do ser humano ainda continua presente nas práticas dos assistentes sociais, 
porém, em meados dos anos 1950, a profissão voltou o seu olhar para o desenvolvimento da 
comunidade. Os docentes das instituições de ensino também passaram a se apropriar desse 
entendimento para que pudessem oferecer essa formação aos alunos. Assim, conforme o perfil 
profissional foi mudando, os docentes também mudaram. A inserção de professores no curso de 
graduação demandou um tipo de perfil profissional que pudesse preparar os alunos para o que 
era requisitado no mercado de trabalho.
Lopes (2018) afirma que esse perfil de profissional e de docente começou a ser alterado 
somente a partir do Movimento de Reconceituação. Nesse momento de grande revisão crítica 
da categoria, o Serviço Social passou a rever as suas bases de sustentação e sua intervenção. 
Nesse movimento, as revisões da categoria partiram inicialmente dos profissionais que estavam 
vinculados à docência. A partir de então, o Serviço Social passa a se vincular à perspectiva crítica, 
rompendo com abordagens e metodologias que visavam moldar o caráter dos atendidos. Isso impôs 
aos docentes uma vinculação diferenciada a um novo perfil de professor, agora vinculado ao ideal 
marxista. As reflexões da categoria resultaram na construção das Diretrizes Curriculares Nacionais 
de 1996, que alinharam o aspecto da formação ao viés crítico, como idealizado no Serviço Social.
A Diretriz Curricular Nacional é o documento em que são apresentados os currículos mínimos 
necessários ao assistente social graduado no Brasil. A Diretriz Curricular é resultado de um 
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Unidade II
processo de discussão da categoria que foi apresentado e aceito pelo Ministério da Educação e 
da Cultura (MEC). A categoria apresenta ao MEC o entendimento construído sobre os conteúdos 
mínimos necessários para a formação do assistente social. O MEC sanciona, ou seja, acata 
as indicações da categoria. Para os cursos de graduação em Serviço Social isso implica adequar os 
currículos mínimos de cada curso às Diretrizes Curriculares Nacionais pactuadas.
Atualmente, as Diretrizes Curriculares Nacionais indicam os núcleos sob os quais devem ser 
estruturados os currículos mínimos para os cursos de graduação em Serviço Social, sendo esses 
assim descritos:
 
– Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social, que 
compreende um conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e 
ético-políticos para conhecer o ser social enquanto totalidade histórica, 
fornecendo os componentes fundamentais para a compreensão da 
sociedade burguesa, em seu movimento contraditório;
– Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade 
brasileira, que remete à compreensão dessa sociedade, resguardando 
as características históricas particulares que presidem a sua formação 
e desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais e 
locais. Compreende a análise do significado do Serviço Social em seu 
carátercontraditório, no bojo das relações entre as classes e destas 
com o Estado, abrangendo as dinâmicas institucionais nas esferas 
estatais e privada;
– Núcleo de fundamentos do trabalho profissional, que compreende 
todos os elementos constitutivos do Serviço Social como uma 
especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, 
metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o 
exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a administração 
em Serviço Social e o estágio supervisionado (LOPES, 2018, p. 32-33).
Os núcleos expressam diretrizes gerais, sob as quais o currículo deve ser estruturado. As diretrizes 
ainda nos dizem que é fundamental, para qualquer graduando em Serviço Social, compreender o ser 
social como resultado de uma totalidade, e não mais de forma individualizada. Esse entendimento 
requer ainda a apreensão da relevância do desenvolvimento histórico, a compreensão da influência 
do desenvolvimento capitalista, o conhecimento da realidade brasileira e a dimensão ampla sobre as 
reflexões necessárias em torno da discussão do trabalho. Vemos que os docentes também precisam 
ter a compreensão desses quesitos, para que possam colaborar com a construção de conhecimento 
dos alunos que estarão em processo de formação.
Importante frisar que a lei que regulamenta a profissão do assistente social no Brasil destaca, 
no artigo 5º, a docência como atribuição privativa dos profissionais habilitados:
89
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, 
planos, programas e projetos na área de Serviço Social; [...]
V – assumir, no magistério de Serviço Social tanto em nível de graduação 
como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos 
próprios e adquiridos em curso de formação regular;
VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de 
Serviço Social;
VII – dirigir e coordenar unidades de ensino e cursos de serviço social, de 
graduação e pós-graduação;
VIII – dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de 
pesquisa em Serviço Social;
IX – elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões 
julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para assistentes 
sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao serviço Social;
X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados 
sobre assuntos de Serviço Social; (BRASIL, 1993).
Vemos que a legislação nos indica que somente os profissionais habilitados, assistentes sociais, 
podem avaliar estudos em matéria de Serviço Social, algo que também deve ser observado 
quando consideramos a realização de treinamento e avaliação de alunos em processo de 
supervisão. É também atribuição privativa do assistente social assumir em cursos de graduação 
e de pós-graduação disciplinas específicas sobre conhecimentos em Serviço Social. A coordenação 
de cursos de graduação e de pós-graduação e de centros de estudo que versem sobre matéria 
específica de Serviço Social também é privativa aos habilitados.
A elaboração de provas, análise de bancas de exames de concursos é outra atribuição 
privativa dos profissionais e também é algo que está presente no exercício docente. Note que 
isso é inerente apenas para conteúdos vinculados a saberes específicos do Serviço Social. Todas 
as indicações em que temos a menção que é necessário conteúdo em matéria de Serviço Social 
significa que é algo que somente os habilitados poderão fazê-lo. Também é atribuição privativa 
do assistente social a realização de eventos em matéria de Serviço Social. Provas e análise de 
bancas estão presentes no exercício docente, e vemos que também teremos, na docência, a 
organização de eventos. Porém, isso não acontece apenas nesse espaço laboral.
Lopes (2018) salienta que, como docentes, precisamos sempre nos ater às legislações que disciplinam 
nosso exercício profissional, incluindo nosso Código Profissional de Ética. Nossa ação docente precisa 
colaborar com a formação de um perfil profissional que atenda os parâmetros destacados nas diretrizes 
curriculares do curso. Um importante espaço para as discussões ligadas à docência em Serviço Social 
90
Unidade II
é a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa do Serviço Social (ABEPSS). Essa organização oferece 
parâmetros interessantes para a graduação e pós-graduação em Serviço Social, além de incentivar a 
pesquisa na área. É interessante e necessária uma aproximação dos docentes, que atuem na graduação 
e na pós-graduação em Serviço Social, à ABEPSS.
A docência, entretanto, conforme nos diz a autora, não incorpora apenas a realização de 
aulas, mas integra ainda as atividades de pesquisa e de extensão. As atividades de pesquisa são 
relacionadas à produção de projetos de pesquisa, de iniciação científica, mas também comporta 
as atividades de monitoria e elaboração do trabalho de conclusão de curso. As ações de extensão, 
por sua vez, vinculam-se à possibilidade de as universidades devolverem para a comunidade um 
saber construído no espaço acadêmico. Um exemplo de extensão é a organização de clínicas de 
atendimento nas mais variadas áreas, por exemplo, clínicas de atendimento psicológico e outras 
intervenções afins. A universidade devolve para a sociedade um saber, sendo esse atendimento 
concedido gratuitamente. A docência, nos termos de Lopes (2018), não pode estar restrita ao 
ensino. Cada universidade ou faculdade delimita os seus projetos de monitoria, de extensão e de 
pesquisa e também os indicativos com relação ao trabalho de conclusão de curso, além de outros 
aspectos que considere necessários para a plena formação dos profissionais.
 Saiba mais
A vinculação ao campo da docência requer a observação sobre o que 
a categoria tem discutido em torno do ensino, da pesquisa e da extensão. 
O site da ABEPSS é fundamental para conhecer tais discussões.
ABEPSS. Disponível em: https://bit.ly/3lV4ozZ. Acesso em: 25 mar. 2021.
Também recomendamos a visita ao site institucional da UNIP, a fim de 
conhecer um pouco mais sobre os projetos de iniciação científica e sobre 
as atividades de extensão. Acesse esse conteúdo a partir dos links a seguir:
UNIP. Clínicas. [s.d.]a. Disponível em: https://bit.ly/3fhXGD0. Acesso em: 
25 mar. 2021. 
UNIP. Pesquisas. [s.d.]b. Disponível em: https://bit.ly/2QKvkHj. Acesso em: 
25 mar. 2021. 
Dessa forma, concluímos nossas discussões sobre a atuação docente do assistente social. 
No item subsequente, entretanto, vamos discutir um dos aspectos que pode estar presente no 
exercício docente, que é a supervisão acadêmica de estágio curricular obrigatório em Serviço Social.
91
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
 Saiba mais
Recomendamos que você faça a leitura do texto a seguir, pois contém 
dados interessantes sobre o perfil de docentes que atuam nos cursos de 
Serviço Social no Paraná.
PORTES, L. F.; PORTES, M. F. O perfil dos/as assistentes sociais que 
atuam na formação graduada presencial em Serviço Social no Paraná. 
In: CONGRESSO PARANAENSE DE ASSISTENTES SOCIAIS, 7., 2019, Ponta 
Grossa (PR). Anais [...]. Ponta Grossa, Cress-PR, 2019. Disponível em: 
https://cutt.ly/BxHhCmX. Acesso em: 5 out. 2020.
8 O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL COMO SUPERVISOR E 
NOS CONSELHOS PROFISSIONAIS COMO AGENTE FISCAL
Estamos chegando ao fim do nosso percurso nesta disciplina. Para encerrar nossas colocações, 
convidamos você para o estudo sobre a atuação na supervisão e nos conselhos profissionais, dando 
início por meio da reflexão sobre a intervenção do assistente social como supervisor de estágio. 
Para isso, recorreremos à lei que regulamenta a profissão do assistente social, ao Código Profissional 
de Ética do Assistente Social e a documentos relacionados à questão do estágio e que foram 
produzidos pela ABEPSS, retratando assim o acúmulo teórico e legal da nossa profissão no que 
diz respeito ao estágio. Isso porque entender o estágio em Serviço Social nos permite identificar 
aspectosimportantes sobre o papel do supervisor de estágio nessa área.
A supervisão de estágio em Serviço Social é uma das atribuições privativas do assistente social 
como indicado no artigo 5º da referida legislação, na qual lemos que “VI – treinamento, avaliação 
e supervisão direta de estagiários de Serviço Social” (BRASIL, 1993) é algo inerente somente aos 
profissionais habilitados. Outros profissionais, independentemente da área de formação, não podem 
exercer supervisão, treinamento ou avaliação de estagiários de Serviço Social. Aliás, sempre 
quando elaboramos documentação para inserção do aluno em estágio curricular obrigatório e não 
obrigatório, vemos que é fundamental a apresentação dos dados dos supervisores responsáveis 
pelo estágio.
É interessante acentuar a indicação que temos na referida legislação, ainda no artigo 5º, e 
que nos apresenta como atribuição privativa do assistente social: “V – assumir, no magistério 
de Serviço Social tanto em nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que 
exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular” (BRASIL, 1993). 
Nesse trecho vemos que a discussão é orientada para a questão da docência em cursos de 
graduação e pós-graduação. As disciplinas de estágio, responsáveis por orientar o processo 
de estágio obrigatório e não obrigatório, também são atribuições privativas dos assistentes 
sociais. O docente, supervisor pedagógico ou supervisor acadêmico que assumir a disciplina 
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Unidade II
deve ser assistente social, uma vez que a formação nessa área específica só pode ser alcançada 
por meio do contributo de um profissional graduado na área.
 Observação
A supervisão de alunos em estágio de Serviço Social é privativa aos 
assistentes sociais habilitados.
Aqui cabe uma breve ressalva: como sabemos e discutiremos no decurso do texto em 
questão, para a realização do estágio em Serviço Social é necessária a participação do supervisor 
pedagógico e do supervisor de campo. Na lei supracitada, há uma analogia clara às disciplinas 
e funções com as quais o docente se relaciona no espaço acadêmico, portanto é possível uma 
correspondência à imagem do supervisor pedagógico ou acadêmico, figura vinculada aos centros 
de formação. Porém, e aqui fazemos a ressalva: é fundamental destacar que o supervisor de 
campo também precisa ser assistente social e estar habilitado, o que corresponde a não possuir 
nenhum impedimento ao pleno exercício de suas funções no processo de supervisão.
A lei que regulamenta a profissão do assistente social ainda destaca que é de responsabilidade 
dos centros de formação a realização de um cadastro dos campos de estágio curricular. 
Observe o que o artigo 14 dessa lei dispõe:
 
Cabe às unidades de ensino credenciar e comunicar aos conselhos 
regionais de sua jurisdição os campos de estágio de seus alunos e designar 
os assistentes sociais responsáveis por sua supervisão. Parágrafo único – 
somente os estudantes de Serviço Social, sob supervisão direta do assistente 
social em pleno gozo de seus direitos profissionais, poderão realizar estágio 
em Serviço Social (BRASIL, 1993).
Os centros de formação ou unidades de formação precisam realizar um levantamento prévio 
dos espaços de estágio contendo todas as informações sobre o local e sobre os profissionais 
responsáveis pelo acompanhamento dos alunos. As unidades de ensino devem informar ao Cress 
de sua região os dados dos profissionais que foram designados para acompanhar o estágio, por 
conseguinte, as informações dos supervisores de campo também. O estágio só pode ser realizado 
pelo aluno se no espaço de estágio houver um profissional habilitado para acompanhá-lo. E também 
só pode realizar estágio em Serviço Social os estudantes de Serviço Social. Parece redundante, mas 
pela vida acadêmica já nos deparamos com estudantes de outros cursos desejando cursar estágio 
com assistentes sociais.
93
SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO
 Saiba mais
O vídeo a seguir foi produzido pela ABEPSS e problematiza várias 
questões que estão envoltas na supervisão de estágio em Serviço Social. 
É um vídeo curto e muito interessante.
SOU ASSISTENTE social e supervisiono estágio: a supervisão qualifica 
a formação e o trabalho. 2018. 1 vídeo (1:30). Publicado por TV ABEPSS. 
Disponível em: https://bit.ly/3vtpOIa. Acesso em: 8 out 2020. 
A lei que regulamenta a profissão do assistente social fortalece, então, a relevância das 
atribuições privativas do assistente social e sua relação com a realização de estágio em Serviço 
Social. Outro documento extremamente válido para a reflexão sobre a supervisão de estágio na 
área é o Código Profissional de Ética do Assistente Social. O Código em questão, no artigo 4º, 
nos apresenta o que segue:
 
d) compactuar com o exercício ilegal da profissão, inclusive nos casos 
de estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição 
aos profissionais;
e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em instituições 
públicas e/ou privadas que não tenham em seu quadro assistente social que 
realize acompanhamento direto ao aluno estagiário (CFESS, 1993).
Nesse trecho do código vemos a apresentação de erros éticos do assistente social, quando 
há ciência de existir alunos, no estágio, que desempenham funções de profissionais. Dito de 
outra maneira, quando tivermos ciência que o estagiário atua como se já fosse o profissional 
responsável pelo serviço e concordarmos com tal situação, estamos concordando também com o 
exercício ilegal profissão. Nós não podemos usar nossos alunos como mão de obra barata, afinal, 
o estágio é, essencialmente, um processo de aprendizagem, educativo, e não uma imposição 
de tarefas ao aluno. O artigo citado a seguir fortalece uma vez mais a necessidade de possuir 
supervisor de campo para que o estágio seja consolidado.
No artigo 21 do mesmo documento, lemos que é um dever de nossa profissão: “c) informar, 
esclarecer e orientar os estudantes, na docência ou supervisão, quanto aos princípios e normas 
contidas neste Código” (CFESS, 1993), pois o processo formativo dos alunos não pode ser restrito 
à aprendizagem do aspecto instrumental que denota a nossa prática. Por conseguinte, cabe 
ao supervisor pedagógico ou de campo construir pontes que viabilizem aos alunos o processo 
de supervisão e a apropriação do conteúdo vinculado ao Código Profissional de Ética do 
assistente social.
94
Unidade II
 Observação
O estágio em Serviço Social precisa estimular a mediação entre teoria e 
prática, vital ao processo de formação dos alunos.
As Diretrizes Curriculares da ABEPSS também visam fortalecer a relevância da apropriação, 
pelo aluno, dos saberes que estão em discussão na categoria, incluindo aí a questão da ética, 
como reforçado nos itens que integram o Código Profissional de Ética do assistente social. 
As diretrizes apresentam o estágio como o momento privilegiado em que o aluno conseguirá 
firmar uma mediação entre a teoria construída no espaço acadêmico e a realidade, realizando 
uma junção entre teoria e prática. “[...] capacitar o/a aluno/a para o exercício profissional, por 
meio da realização das mediações entre o conhecimento apreendido na formação acadêmica e 
a realidade social” (ABEPSS, 1996, p. 7).
O estágio não é mera atividade rotineira, mas um elemento importante para a formação dos 
alunos. É também um item obrigatório, que, assim como o trabalho de conclusão de curso, é 
uma exigência para a graduação em Serviço Social. Para que esse processo formativo aconteça 
de maneira a colaborar com a formação de qualidade, é fundamental a existência de dois atores 
fundamentais, que são o supervisor acadêmico e a supervisão de campo. A inserção no espaço 
de estágio não pode acontecer sem esses dois profissionais.
 
Estágio Supervisionado: é uma atividade curricular obrigatória que se 
configura a partir da inserção do aluno no espaço socioinstitucional 
objetivando capacitá-lo para o exercício do trabalho profissional, o que 
pressupõe

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