Buscar

A ATUACAO PROFISSIONAL DOA ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE REFERENCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTENCIA SOCIAL CREAS REGIONAL FORTALEZA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 138 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 138 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 138 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
MIRNNA VASCONCELOS DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE 
REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS REGIONAL 
– FORTALEZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013
 
 
MIRNNA VASCONCELOS DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE 
REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS REGIONAL 
– FORTALEZA 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à aprovação da 
Coordenação do Curso de Serviço Social 
do Centro de Ensino Superior do Ceará, 
como requisito parcial para obtenção do 
grau de Graduação. 
 
Orientadora: Profª Ma. Moíza Siberia Silva 
de Medeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274 
 
 
 
 
 
 
 
 
S586a Silva, Mirnna Vasconcelos 
 Atuação profissional do(a) Assistente Social no centro de 
referência especializado de assistência social – CREAS regional - 
Fortaleza / Mirnna Vasconcelos Silva. Fortaleza – 2013. 
 135f. 
 Orientador: Profª. Ms. Moíza Siberia Silva de Medeiros. 
 Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade 
Cearense, Curso de Serviço Social, 2013. 
 
1. Serviço Social. 2. Assistente Social – atuação 
profissional. 3. Trabalho – CREAS Regional. I. Medeiros, Moíza 
Siberia Silva de. II. Título 
 CDU 364(813.1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus Pais, pelo amor manifestado de 
diversas formas, inclusive pela educação. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Mesmo que se diga que a produção científica é uma tarefa solitária – em 
alguns momentos é de fato – a construção desta monografia também é fruto de um 
coletivo de pessoas que estiveram ao meu lado nesta etapa acreditando em mim e 
no resultado deste estudo. A Vocês quero agradecer: 
 
À Deus, autor da vida, fonte de todas as bênçãos. A Ti Senhor, quero 
agradecer pela inspiração e sabedoria que tão gratuitamente me concedeu para a 
realização deste trabalho. Por ter cuidado de mim e daqueles que me são caros ao 
longo deste caminho. Por ter chegado até aqui. A Ti ó Deus, toda honra e toda glória 
eternamente! 
 
Ao meu pai, Antônio Tabosa, pelo amor e apoio incondicional que sempre 
dispensou as suas filhas. Pelo esforço ao longo de toda a vida para nos garantir o 
estudo e que nada nos faltasse. Homem trabalhador e de um coração enorme. Meu 
referencial de honestidade e dedicação à família. Um exemplo de PAI. 
 
À minha mãe, Maria Auxiliadora, por todo carinho e amor que só uma 
MÃE sabe dar. Por seu silêncio edificante, sua paciência e cuidado tão zelosos. Por 
sempre acreditar em mim. Uma Doce Mulher. Forte e Meiga. Minha pérola preciosa. 
 
Ao meu esposo, Rafael Carneiro, companheiro de toda a vida. Por todo 
amor e compreensão que dispensou durante a elaboração desta monografia. Pela 
parceria e discussões fecundas sobre como fazer pesquisa. Pela escuta sempre 
atenta. Por enxugar as minhas lágrimas nos momentos em que achava que não iria 
conseguir. Por me amar e acreditar em mim quando eu mesma não acreditava. A 
você, meu amor, minha inspiração. 
 
Às minhas irmãs, cunhado e sobrinha, Marienne Vasconcelos, Maíres 
Vasconcelos, Odílio Oliveira e Maíara Olivieira. Minha família. Por entender minhas 
ausências. Pela torcida, amizade e companheirismo. 
 
 
 
Ao meu primo Jean, que durante a realização deste ensaio monográfico 
partiu desta vida e foi para junto de Deus. Agradeço por ter sido testemunha de seu 
processo de transformação, por isso não direi adeus, mas até logo com a certeza de 
que nos veremos novamente. 
 
À minha amiga Joelma, minha querida irmã de fé, que sempre me apoiou 
e esteve ao meu lado incentivando meus projetos, sonhos e lutas. 
 
À minha orientadora, Profª. Ma. Moíza Siberia, pela parceria na realização 
desta pesquisa. Pela admirável pessoa e profissional que você é. Agradeço por ter 
aceitado me orientar neste estudo e por ter me dado à honra de produzir esta 
pesquisa mediante suas orientações. 
 
Às professoras convidadas, Profª. Drª. Mônica Duarte Cavaignac e Profª. 
Ma. Paula Raquel da Silva Jales por terem aceitado compor a banca examinadora 
desta monografia. 
 
À Coordenação de Serviço Social da Faculdades Cearenses na pessoa 
da Profª Ma. Eliane Nunes, onde também referencio a Profª. Ma. Flaubênia Girão 
pela dedicação e o empenho para que o Curso de Serviço Social da FAC fosse 
valorizado e respeitado entre as instituições de ensino. 
 
À todas as professoras e professores da Faculdades Cearenses que 
participaram de minha formação profissional e contribuíram para meu crescimento 
acadêmico. Por incentivar um olhar crítico, não passivo às circunstâncias da vida. 
 
À minha supervisora de estágio supervisionado em Serviço Social, 
Assistente Social Luciana Mendes, pela generosidade a mim conferida no período 
de estágio e, acima de tudo, pela competência e o exemplo de profissional que você 
é para mim. 
 
 
 
 
À toda a equipe que compõe o CREAS Regional, de modo especial, as 
assistentes sociais do CREAS Regional que participaram deste estudo e as aquelas 
que pude conviver durante minha prática de estágio no CREAS Regional. 
 
Às minhas amigas de faculdade Maria Glaucineide, Marlúcia Rosendo, 
Jailma Rodrigues, Cristina Maria, Érika Lorena, Cristina Maia, Natathalie Liberato e 
Fernanda Braga. Queridas amigas que conquistei nestes quatro anos. Amizades 
preciosas que quero ter para toda vida. Juntas, buscamos com muita luta a 
concretização deste sonho. Pela vitória alcançada, mais do que merecida. 
 
À todos/as os/as companheiros/as da turma de Serviço Social. Por termos 
permanecidos juntos até aqui com a certeza que nos veremos novamente como 
assistentes sociais e colegas de trabalho. 
 
À todos que direta ou indiretamente contribuíram para que a produção 
desta monografia fosse possível. 
 
À Vocês, meu Muito Obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança, Todo 
mundo é composto de mudança, Tomando 
sempre novas qualidades.” 
 
Luís Vaz de Camões 
 
 
 
RESUMO 
 
Este ensaio monográfico teve como objetivo discutir sobre a profissão de Serviço 
Social e como esta categoria profissional se insere nos espaços ocupacionais. Para 
tanto, esta investigação teve como foco central investigar a Atuação Profissional 
do/a Assistente Social no Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
– CREAS Regional – Fortaleza com a intenção de analisar o fazer profissional do/a 
assistente social no cotidiano institucional do CREAS Regional – Fortaleza. Seus 
objetivos foram: Conhecer as competências e atribuições do/a assistente social no 
CREAS, Analisar o significado da categoria Instrumentalidade para as participantes 
da pesquisa, Compreender o papel do/a assistente social dentro da equipe 
interdisciplinar no CREAS e Investigar os limites e possibilidades entre as condições 
de trabalho e a atuação dos/as assistentes sociais na viabilização dos direitos. As 
categorias analíticas centrais que nortearam este estudo foram: Trabalho, Cotidiano, 
Instrumentalidade e Assistência Social. Para a consecução dos objetivos 
pretendidos empreendemos uma pesquisa eminentemente qualitativa do tipo 
bibliográfica, documental e empírica. Elegemos como método para a referida 
análise, o método dialético. Utilizamos nesta pesquisa, as técnicas da entrevista e 
do questionário. Participaram deste estudo, quatro assistentes sociais que exercem 
atividades laborativas distintasna instituição. A partir dos dados coletados e 
analisados, percebemos que as situações de violação de direitos sobre as quais 
os/as assistentes sociais incidem sua atuação profissional no CREAS requerem dos 
profissionais um trabalho social específico no campo da proteção social especial e 
exigem dos profissionais um olhar crítico e ampla leitura da realidade para a 
apreensão destas violações enquanto expressões da questão social que se 
apresentam no cotidiano. A apreensão da categoria instrumentalidade pelas 
profissionais entrevistadas não se deu em sua completude, pois o significado desta 
capacidade se reduziu a uma de suas dimensões, a saber, a dimensão técnico-
operativa. Espaços do cotidiano institucional como o plantão social e o trabalho 
interdisciplinar realizado na instituição foram valorizados pelas participantes e 
reforçam o seu papel na instituição. No exercício de sua atuação profissional, o/a 
assistente social, em sua condição de trabalhador assalariado, condiciona-se a 
determinados limites institucionais que incidem na satisfação ou insatisfação na 
execução de suas atribuições quando estes limites interferem no posicionamento 
ético-político do profissional. 
 
Palavras-chave: Serviço Social. Assistente social. Atuação profissional. Trabalho. 
CREAS Regional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This monographic essay aims to discuss the profession of social work and how this 
professional category fits in the occupational spaces. Therefore, this research 
focuses on investigating the social worker’s professional performance at the Center 
for Social Assistance Specialized Reference - Regional CREAS - Fortaleza with the 
intent of analyzing the social worker’s professional making in everyday at CREAS 
Regional – Fortaleza. Its objectives were: to know the powers and duties of the social 
worker at CREAS, to analyze the meaning of the category Instrumentality for 
research participants, to understand the role of the social worker within the 
interdisciplinary team at CREAS, and to investigate the limits and possibilities 
between working conditions and the social workers’ performance in the viability of 
rights. The core analytical categories that guided this study were: Labor, Everyday 
Life, Instrumentality and Assistance. To achieve the intended goals, we undertook a 
survey eminently qualitative, literature, documentary and empirical. We have chosen 
as a method for this analysis, the dialectical method. We used in this research, the 
techniques of interview and questionnaire. The study included four social workers 
engaged in different labor activities in the institution. From the data collected and 
analyzed, it was found that cases of violation of rights about which social workers 
focus on CREAS require a specific social work in the field of special social protection. 
This requires a critical view of professionals and wide reading of the reality to the 
apprehension of these violations as expressions of the social question that arise in 
everyday life. The seizure of the category instrumentality by professionals 
interviewed was not in its fullness, since the significance of this ability has been 
reduced to one of its dimensions, namely the technical operational dimension. 
Institutional spaces of everyday life, such as social duty and interdisciplinary work 
done in the institution were valued by participants and enhance their role in the 
institution. In the exercise of their professional, social worker in his capacity as 
employee determines himself to certain institutional limits that affect the satisfaction 
or dissatisfaction in the performance of their duties when these limits interfere in his 
ethical-political position. 
 
Keywords: Social Services. Social Worker. Professional Activities. Work. CREAS 
Regional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
1. Tabela 1 – Parâmetros de referência para a definição do número de CREAS, 
considerando o porte do município........................................................................... 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABEPSS Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
CEAS Centro de Estudos e Ação Social 
CF Constituição Federal 
CFESS Conselho Federal de Serviço Social 
CFP Conselho Federal de Psicologia 
CIAPREVI Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra a 
Pessoa Idosa 
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social 
CRAS Centro de Referência de Assistência Social 
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
CRESS Conselho Regional de Serviço Social 
DCA Delegacia da Criança e do Adolescente 
DCECA Delegacia de Combate a Exploração Sexual de Crianças e 
Adolescentes 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
ENESSO Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social 
FAC Faculdades Cearenses 
FUNCI Fundação da Criança e da Família Cidadã 
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
LA Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de 
Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida 
LBA Legião Brasileira de Assistência 
LOAS Lei Orgânica de Assistência Social 
NEVCA Núcleo de Enfrentamento da Violência contra Crianças e 
Adolescentes 
NOB/SUAS Norma Operacional Básica do SUAS 
NOB-RH/SUAS Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS 
PAEFI Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e 
Indivíduos 
PFMC Piso Fixo de Média Complexidade 
PNAS Política Nacional de Assistência Social 
 
 
PSB Proteção Social Básica 
PSC Prestação de Serviços à Comunidade 
PSE Proteção Social Especial 
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SER Secretaria Executiva Regional 
SESI Serviço Nacional da Indústria 
STDS Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social 
SUAS Sistema Único de Assistência Social 
TCC Trabalho de Conclusão de Curso 
UECE Universidade Estadual do Ceará 
URLBM Unidade de Recepção Luiz Barros Montenegro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14 
 
CAPÍTULO I: PERCURSO METODÓLOGICO E PARTICULARIDADES DA 
PESQUISA: OS PRIMEIROS PASSOS NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA ........... 17 
1.1 Aproximação ao objeto de estudo ................................................................... 18 
1.2 Contextualizando o Serviço Social Brasileiro nas políticas sociais ............. 22 
1.3 Percurso Metodológico .................................................................................... 27 
1.4 Conhecendo o Lócus da Pesquisa: Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social – CREAS ................................................................................. 33 
1.5 Perfil das profissionais entrevistadas ............................................................ 45 
 
CAPÍTULO II: O SERVIÇO SOCIAL COMO OBJETO DE ESTUDO: TRABALHO E 
COTIDIANO DA ATUAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................ 51 
2.1 Concepções Clássicas e Contemporâneas acerca da categoria trabalho .. 52 
2.2 A Atuação Profissional do Serviço Social como trabalho ............................ 63 
2.3 O Cotidiano do trabalho do/a Assistente Social no CREAS ......................... 70 
 
CAPÍTULO III: A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA NO BRASIL 
 .................................................................................................................................. 82 
3.1 A Assistência Social como política pública da Seguridade Social .............. 83 
3.1.1 A Proteção Social Especial .............................................................................. 94 
3.1.2 A Instrumentalidade no trabalho do/a Assistente Social .................................101 
3.2 O Projeto Ético-Político do Serviço Social e as particularidades do trabalho 
do/a Assistente Social na Política de Assistência Social ................................. 108 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 117 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 123 
ANEXOS ................................................................................................................ 129 
 
 
 
14 
 
INTRODUÇÃO 
 
(Re) aprender a olhar. Não olhar de qualquer modo ou mesmo não olhar. 
Mas, olhar de uma forma diferente. Olhar para de fato enxergar e então construir. 
Este foi o desafio ao qual que me propus na elaboração deste ensaio monográfico. 
Muito mais que descrever buscamos neste trabalho, enxergar, compreender e 
compartilhar as experiências proporcionadas nesta investigação científica, possíveis 
a partir de uma olhar mais apurado, um olhar científico capaz de produzir resultados 
que se plasmem da realidade onde foi gestada ao mundo acadêmico. 
 
Portanto, apresentamos a você leitor/a o fruto desse novo olhar. Neste 
ensaio monográfico nos propomos a investigar a atuação Profissional do/a 
Assistente Social com a intenção de contribuir acerca do debate sobre o trabalho 
do/a assistente social na sociedade, especificamente nos serviços públicos. O/A 
Assistente Social tem sido um/a profissional requisitado/a a desenvolver sua atuação 
nos mais diversos postos de trabalho, mas sabemos que historicamente o Estado é 
o maior empregador deste profissional requerendo sua atuação nas políticas sociais. 
 
Desse modo, nossa proposta de investigação científica escolheu como 
lócus de estudo para esta análise o Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social – CREAS Regional – Fortaleza, equipamento público que viabiliza 
os serviços sociais da Política de Assistência Social na Proteção Social Especial. 
Realizamos a pesquisa com quatro assistentes sociais, do sexo feminino, que 
laboram nos acompanhamentos sociais, setor de denúncia e equipe volante da 
referida Unidade. Tomamos por base neste estudo o método dialético, 
caracterizando-se como eminentemente qualitativo com a utilização das técnicas de 
pesquisa: a entrevista e o questionário. 
 
Almejamos com esta discussão destacar a relevância do Serviço Social 
em um equipamento da proteção social especial. Desse modo, apresentamos ao/a 
leitor/a como principal objetivo deste ensaio monográfico analisar o fazer profissional 
do/a assistente social no cotidiano institucional do CREAS Regional – Fortaleza. 
Mediante esta indagação, procuramos discutir e contribuir, a partir de situações 
15 
concretas do cotidiano de trabalho dos/as assistentes sociais como a profissão vem 
exercendo sua atuação profissional e as formas que esta atuação vem assumindo 
no campo das políticas sociais. 
 
Destacamos como título desta produção o termo “Atuação Profissional” 
para designar o trabalho do/a assistente social, por entendermos que esta 
nomenclatura contempla todas as outras formas de dizer sobre o que faz o Serviço 
Social. Consideramos que a referida nomenclatura em nada agride o saber fazer da 
profissão, haja vista que as entidades representativas da profissão utilizam 
comumente o termo “atuação” para intitular a elaboração de seus documentos 
normativos. Este termo diz respeito, no nosso entendimento, ao campo onde o 
Serviço Social pode empreender o seu trabalho, que neste caso, refere-se ao 
CREAS Regional. 
 
Para tanto, esta monografia está estruturada em três capítulos, conforme 
o/a leitor/a poderá apreciar posteriormente. No Capítulo I: Percurso metodológico 
e Particularidades da Pesquisa: os primeiros passos na investigação científica, 
apresentamos as motivações que impulsionaram a elaboração desta pesquisa, o 
percurso metodológico que tracei nesta investigação, a contextualização do Serviço 
Social na realidade brasileira, as particularidades do lócus da pesquisa e o perfil das 
profissionais que fizeram parte deste estudo. 
 
No Capítulo II: Serviço Social como objeto de estudo: trabalho e 
cotidiano da atuação profissional, o/a leitor/a terá acesso as considerações de 
autores clássicos e contemporâneos acerca da categoria trabalho para compreender 
o lugar que esta categoria ocupa na sociedade e nesta discussão, a fim de elucidar, 
portanto, o Serviço Social como profissão circunscrita na divisão social e técnica do 
trabalho e sua atuação como trabalho na sociedade. Posteriormente, tomando como 
base de discussão a categoria cotidiano, apresentamos reflexões acerca do espaço 
cotidiano do CREAS Regional e as implicações que este equipamento incide positiva 
e/ou negativamente na atuação profissional. 
 
No Capítulo III: A Assistência Social como política pública no Brasil, 
destacamos o histórico e as particularidades da política de assistência social no país 
16 
como um dos eixos estruturantes da seguridade social, a partir dos marcos legais 
que a constituíram. Trazemos ainda alguns apontamentos sobre como esta política 
pública vem se estruturando atualmente na sociedade, bem como a estruturação da 
proteção social especial na política de assistência social. Continuando a discussão, 
apresentamos breves considerações sobre a categoria instrumentalidade 
destacando sua importância na atuação profissional dos/as assistentes sociais como 
também buscamos descobrir o entendimento das interlocutoras da pesquisa sobre 
esta categoria. Encerrando este capítulo, escrevemos sobre a relação entre o 
Projeto Ético-Político do Serviço Social e as particularidades do trabalho do/a 
Assistente Social neste campo específico da Política de Assistência Social, de modo 
a elucidarmos as exigências que este projeto imprime na atuação dos/as assistentes 
sociais. 
 
Ao longo da investigação apresentamos as falas das interlocutoras desta 
pesquisa, testemunhas oculares que permitiram através deste estudo uma 
compreensão sobre a atuação profissional do/a assistente social, que embora 
imersa em contradições, encontra-se comprometida com a direção social abraçada 
pela categoria. Os relatos das participantes da pesquisa foram elementos cruciais 
para o entendimento do lugar que a profissão vem ocupando no campo das políticas 
sociais. 
 
Por fim, nas considerações finais, retomamos os objetivos da pesquisa 
para responder a pergunta de partida deste estudo, onde realizamos algumas 
sínteses das questões expostas e as principais conclusões elucidadas que 
possibilitarão que este estudo contribua no debate da atuação profissional na política 
de assistência social e na proteção social especial. Não temos a intenção de esgotar 
a discussão do tema com este estudo, por isso, com esta produção traçamos alguns 
elementos que podem subsidiar outras produções sobre o tema proposto. 
 
Sinta-se convidado, caro/a leitor/a a conhecer este constructo produzido 
com afinco e dedicação, a fim de fazê-lo/a entender um pouco mais sobre a 
profissão de Serviço Social, a partir dos achados que podemos desvelar nesta 
investigação. Desejamos a você uma prazerosa leitura! 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
PERCURSO METODÓLOGICO E PARTICULARIDADES DA PESQUISA: OS 
PRIMEIROS PASSOS NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 
 
 
 
 
“[...] a postura científica não é algo de apenas alguns eleitos, 
podendo ser exercida em qualquer campo de estudo. 
Metodologia Científica é muito mais do que algumas regras de 
como fazer uma pesquisa. Ela auxilia a refletir e propicia um 
‘novo’ olhar sobre o mundo: um olhar científico, curioso, 
indagador e criativo”. 
 
Mirian Goldenberg 
 
 
 
 
 
 
18 
 
1.1 Aproximação ao objeto de estudo 
 
A motivação para a escolha desta temática para este Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC) deu-se a partir de duas experiênciasque para mim foram 
bastante significativas: a primeira, a participação na Conferência Municipal de 
Assistência Social do município de Fortaleza em agosto de 2011. A segunda, a 
experiência de estágio supervisionado em Serviço Social realizada no Centro de 
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Regional – Fortaleza. 
 
O ano de 2011 destacou-se como um ano de realização de conferências. 
Na perspectiva do direito e da participação social, as conferências constituem-se em 
um importante dispositivo para que as Políticas Sociais e, no caso, a Assistência 
Social seja efetivada, conforme prescrito na Constituição Federal (CF) de 1998 como 
um direito social e uma política pública de responsabilidade do Estado. 
 
Estava cursando o 5º período do curso de Serviço Social quando 
aconteceu, no mês de agosto, a IX Conferência Municipal de Assistência Social do 
município de Fortaleza com o tema: “Consolidar o SUAS e Valorizar seus 
Trabalhadores no Âmbito Municipal”. Nesta conferência participamos como 
convidada1 das discussões e debates acerca da Política de Assistência Social de 
Fortaleza e podemos perceber os diversos pontos de vista dos trabalhadores da 
assistência, sejam aqueles que trabalham diretamente com os usuários dos 
serviços, sejam aqueles designados à organização da política no município. 
 
Dentre as divisões dos eixos para elaboração das propostas de ação da 
conferência, participamos do eixo que propunha as discussões sobre a qualificação 
dos serviços socioassistenciais. Neste eixo tomamos parte in loco das propostas, 
discussões, sugestões, desafios e críticas que o envolviam e constatamos nas falas 
dos profissionais e usuários da política de assistência social, a persistência para que 
esta política realmente desempenhasse o seu papel na cidade. 
 
1
 De acordo com o Capítulo II, artigo 7º, parágrafo II do Regimento Interno da Conferência Municipal, 
a participação como convidada/o nas conferências concede apenas o direito à voz, sendo vetado o 
direito a voto. Cf. CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Regimento Interno da IX 
Conferência Municipal de Assistência Social. Fortaleza, 2011. 
19 
 
As discussões e debates ao longo de toda a conferência, fossem na 
plenária, fossem no espaço dos eixos, remetiam de uma forma ou de outra à 
valorização dos trabalhadores da assistência social, tema da atual conferência. 
Como pensar na efetividade de uma política sem pensar em seus articuladores? 
Como oferecer um serviço de qualidade sem qualificar os trabalhadores da 
assistência social? Esses foram apenas alguns de tantos outros questionamentos 
que surgiram na plenária da conferência. 
 
O espaço da conferência proporcionou não somente elaborar propostas 
para a melhoria dos serviços oferecidos pela Política de Assistência Social, mas 
sobremaneira, discutir os desafios e problemas que necessitavam ser vencidos, bem 
como construir estratégias de qualificação e valorização de seus trabalhadores – um 
dos braços articuladores da política. 
 
É inegável que os/as assistentes sociais compõem grande parte do 
número de trabalhadores da assistência social e, nesta conferência, observamos 
como estes/as profissionais buscam promover discussões acerca de sua atuação 
profissional, bem como de qualificação para todos os trabalhadores da Política de 
Assistência Social. 
 
Como estudante em processo de formação profissional, participar da 
conferência possibilitou ampliar a visão da atuação profissional do/a assistente 
social, como profissional comprometido/a com o seu “fazer” nas instituições de 
acesso aos serviços públicos. Mas, sobretudo, comprometido/a com a qualidade dos 
mecanismos que viabilizam sua atuação, de forma a contribuir para que a Política de 
Assistência Social de fato se constitua dia-a-dia na perspectiva do direito social. Não 
há dúvidas de que esta experiência suscitou a curiosidade em pesquisar o cotidiano 
de trabalho da profissão que abraçamos para exercer, fato que foi posteriormente 
aprofundado na prática de estágio. 
 
Concomitante ao mês em que ocorreu a conferência municipal, iniciamos 
a prática de estágio supervisionado em Serviço Social, mediante convênio firmado 
entre a instituição de ensino – Faculdade Cearense (FAC) – e a Secretaria de 
20 
Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), onde fora encaminhada por esta 
secretaria ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS 
Regional – Fortaleza. Permanecemos na referida instituição todo o período que 
compreende o estágio supervisionado, de acordo com a matriz curricular 
estabelecida no curso, a saber: 2011.2, 2012.1 e 2012.2. Estando na referida 
instituição, foi possível acompanhar as atividades desenvolvidas pelo Serviço Social 
no atendimento aos usuários dos serviços, bem como no fortalecimento da 
autonomia destes cidadãos como sujeitos de direitos. 
 
Ao participar das atividades empreendidas na instituição juntamente com 
a supervisora de campo, acompanhamos diversas situações que norteavam a sua 
atuação profissional e das demais assistentes sociais naquele espaço 
socioinstitucional. Situações essas que vão desde limitações institucionais – como a 
impossibilidade de realizar um encaminhamento por não haver vagas nos abrigos, 
por exemplo –, situações de risco – referentes a relativas “revoltas” de alguns 
usuários dos serviços – e até conquistas profissionais – como melhorias nas 
condições de trabalho e/ou o encerramento de um acompanhamento social que 
repercutiu em bons resultados para as famílias atendidas. 
 
Na condição de estagiária, foi possível conhecer e perceber as nuances 
da realidade – muitas vezes difíceis de serem transpostas – contidas naquele 
espaço, bem como o comprometimento das assistentes sociais com sua atuação 
profissional na viabilização dos direitos. Foi então, a partir do acompanhamento 
diário da atuação profissional às demandas institucionais que se apresentavam no 
CREAS – que acabou consolidando o interesse manifestado na participação da 
conferência – que nos instigou a pesquisar a atuação profissional do/a assistente 
social naquele espaço. No intuito de percebermos como se dá a relação do/a 
profissional de Serviço Social com os mais diversos determinantes que se 
apresentam no processo cotidiano de desvelamento das expressões da questão 
social2. Da mesma forma, compreendermos o reconhecimento do/a assistente social 
em sua identidade profissional como trabalhador circunscrito na divisão social e 
 
2
 No nosso entendimento a questão social constitui-se como o conjunto das desigualdades sociais 
produzidas pelo sistema capitalista de produção. Sobre a questão social, Cf. Martinelli (2001); Netto, 
(2011); Iamamoto & Carvalho (2011). 
21 
técnica do trabalho e a efetivação do projeto ético-político em sua atuação 
profissional. 
 
No dia a dia com as profissionais, visualizávamos as leituras e 
apontamentos teóricos dos autores de referência se plasmarem na realidade através 
dos limites, entraves, possibilidades e conquistas do cotidiano de trabalho das 
assistentes sociais, fazendo-nos refletir os elementos enigmáticos3 que envolvem 
essa profissão. Empreendemos, portanto, uma busca teórica a partir das categorias 
que acabaram se tornando base desta pesquisa, a saber: trabalho, cotidiano, 
instrumentalidade e assistência social na tentativa de analisarmos o fazer 
profissional do/a assistente social no cotidiano institucional do CREAS Regional – 
Fortaleza. Sendo esta a principal indagação e pergunta de partida para este trabalho 
investigativo. 
 
Estas foram as bases de aproximação deste objeto de estudo e para 
tanto, estabelecemos como objetivos específicos que no nosso entendimento 
possibilitaram uma melhor compreensão sobre da pergunta de partida: conhecer as 
competências e atribuições do/aassistente social no CREAS; analisar o significado 
da categoria instrumentalidade para as participantes da pesquisa; compreender o 
papel do/a assistente social dentro da equipe interdisciplinar no CREAS; investigar 
os limites e possibilidades entre as condições de trabalho e a atuação dos/as 
assistentes sociais na viabilização dos direitos. 
 
Neste sentido, a pesquisa desenvolvida torna-se relevante para o Serviço 
Social, tendo em vista ser importante para o fortalecimento da profissão: perceber 
como a atuação profissional tem sido exercida nos mais diferentes espaços, neste 
caso especificamente, em um equipamento da política de proteção social especial, 
articulando esta atuação aos limites e possibilidades da realidade institucional. No 
entendimento de que discutir sobre a atuação profissional possibilita plasmar a visão 
de totalidade da realidade social, compreendida entre profissional-usuário-política, 
tão necessária para um exercício profissional comprometido com a direção social 
assumida pelo Serviço Social, a partir de seu projeto ético-político. 
 
3
 Sobre esses elementos, ou seja, o caráter contraditório em que a profissão é exercida na sociedade 
trataremos modestamente de clarificá-los no decorrer deste ensaio monográfico. 
22 
 
Da mesma forma, os resultados obtidos nesta pesquisa visam 
proporcionar à sociedade uma mudança de olhar sobre a atuação do Serviço Social 
nos serviços públicos, como profissão circunscrita na divisão social e técnica do 
trabalho. 
 
De modo algum temos a intenção de encerrar a discussão sobre a 
atuação das/os assistentes sociais com esta pesquisa. Tão pouco que as 
conclusões e posicionamentos desta investigação tornem-se algo acabado dentro do 
universo empírico. Assim, a intenção que vislumbra este ensaio monográfico é de 
que a pesquisa produzida seja apresentada em seminários, encontros científicos, 
conferências, encontros do Serviço Social, de forma a contribuir com as discussões 
acerca da temática estudada. Do mesmo modo, que seja disponibilizada no CREAS 
Regional, a fim de que o conhecimento produzido possa servir essencialmente 
àqueles que possibilitaram sua produção. Estimamos que a temática pesquisada 
torne-se linha de pesquisa para futuras pesquisas acadêmicas e a partir destas 
iniciativas, colaborar para uma melhor compreensão da realidade no que tange ao 
debate sobre a profissão de Serviço Social na sociedade. 
 
1.2 Contextualizando o Serviço Social Brasileiro nas políticas sociais 
 
Discorridas as motivações que impulsionaram esta investigação, 
procuramos nos parágrafos seguintes situar o/a leitor/a acerca do objeto estudado, 
haja vista que para compreender as particularidades do Serviço Social, é 
interessante que possamos no desenvolvimento das políticas sociais neste país, 
especificamente no Sistema de Proteção Social Brasileiro com foco na Política 
Nacional de Assistência Social. 
 
Assim como na Europa e na América Latina, as protoformas do Serviço 
Social no Brasil estão intimamente ligadas à Igreja e a visão que esta possuía 
acerca dos “problemas sociais”4. Sob as diretrizes das encíclicas Rerum Novarum e 
 
4
 Ressaltamos que era dessa forma que a questão social era concebida na visão da Igreja, ou seja, 
os “problemas sociais” eram provenientes de um desajuste individual e moral do indivíduo. Cf. 
23 
Quadragesimo Anno5, começaram a surgir instituições assistenciais como, por 
exemplo, o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) que tinha a função de difundir 
a doutrina e a ação social da Igreja. Sob o viés da filantropia e da caridade, este 
centro atuava na minimização das refrações da questão social6, devido à 
intensificação do processo de industrialização capitalista e aumento da urbanização 
na década de 1930 com o governo de Getúlio Vargas. 
 
De acordo com Jaccound (2009), o sistema de proteção social público 
surgiu a partir da agudização dos “riscos sociais”7 devido à expansão das relações 
de trabalho oriundas do processo de industrialização e urbanização. Neste período, 
a proteção social emergia por parte da sociedade através das ações da filantropia e 
da caridade. Na medida em que se expandia a industrialização, aumentava o “risco 
social” das famílias caírem na miséria devido à dificuldade de se conseguir um 
emprego. Salienta-se que o sistema de proteção social, como mecanismo de acesso 
aos “direitos sociais”, organizou-se por meio do seguro social. Os benefícios e 
serviços eram obrigatoriamente concedidos pelo Estado àqueles que estivessem 
impedidos de garantir a sua subsistência pela via do trabalho. 
 
Na década de 1930, as transformações decorrentes da industrialização no 
Brasil – que se deu de modo tardio – ocasionaram o avanço das forças produtivas 
do capital e da divisão do trabalho, aumentando na mesma medida as diversas 
formas de exploração do trabalho. Para conter as manifestações do movimento 
operário – que reivindicava melhores condições de trabalho – e os demais 
problemas sociais advindos do processo industrial, o Estado propõe políticas de 
proteção social para o enfrentamento da questão social na tentativa de controlar os 
ânimos da classe operária e, ao mesmo tempo, isentar o ônus da burguesia com 
custos na produção. Assim, define-se Proteção Social como “um conjunto de 
 
CASTRO, Manuel Manrique. História do Serviço Social na América Latina. 9. ed. São Paulo: Cortez, 
2008. 
5
 A Encíclica Rerum Novarum trazia em discussão o enfrentamento à questão operária cabendo à 
própria Igreja a tarefa de combatê-la. A Encíclica Quadragesimo Anno abordava a urgência de se 
criar uma ação voltada para combater o paganismo e a secularização. Cf. (Ibid., 2008). 
6
 Neste período a questão social era vista sob uma perspectiva individual e como questão de polícia. 
7
 Jaccound (2009) destaca que as situações de risco social seriam múltiplas, a saber, doença, 
velhice, desemprego, morte. Cf. JACCOUND, Luciana. Proteção Social no Brasil: Debates e Desafios. 
In: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Concepção e Gestão da proteção 
Social Não Contributiva no Brasil. Brasília: Unesco, 2009. p. 57-86. 
24 
iniciativas públicas ou estatalmente reguladas para a provisão de serviços e 
benefícios sociais visando enfrentar situações de risco social ou privações sociais” 
(JACCOUND, 2009, p.58). 
 
É neste contexto que o Serviço Social se insere nas instituições sociais e 
assistenciais8 do Estado, ampliando seu campo de trabalho e atuando nas formas de 
enfrentamento à questão social, a saber, as políticas sociais. Assume então “um 
lugar na execução das políticas sociais emanadas do Estado e, a partir desse 
momento, tem seu desenvolvimento relacionado com a complexidade dos aparelhos 
estatais na operacionalização das políticas sociais” (YAZBEK, 2009, p.132). 
Conforme afirma Iamamoto e Carvalho (2011, p. 83-84), 
 
[...] é nesse contexto, em que se afirma a hegemonia do capital industrial e 
financeiro, que emerge sob novas formas a chamada “questão social”, a 
qual se torna a base de justificação desse tipo de profissional especializado. 
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da 
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. 
 
Posterior à década de 1940, o sistema de proteção social manteve-se 
inalterado, ou seja, continuou organizado pelo seguro social deixando diversos 
grupos sociais à margem do acesso aos serviços e benefícios por não pertencerem 
ao seguro previdenciário, sendo atendidos pela filantropia9 ou pela lógica da 
benemerência10. Era incumbência destas o atendimentoaos pobres e necessitados 
constituindo-se como um mecanismo assistencialista e de favor do Estado. 
 
Concernente à década de 1960, Bulla (2003) destaca que as implicações 
do modelo econômico desenvolvimentista redefiniram a conjuntura do país, haja 
vista que os investimentos do capital estrangeiro dinamizaram significativamente a 
 
8
 Dentre estas instituições podemos destacar a Legião Brasileira de Assistência (LBA) e o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ambos criados em 1942, e o Serviço Social Nacional 
da Indústria (SESI), em 1946. 
9
 Segundo Mestriner (2008), a filantropia em seu sentido restrito ocupa-se com a preocupação do 
favorecido com o outro que nada tem e, em seu sentido amplo, pressupõe o sentimento mais 
humanitário, vinculado à garantida condição digna de vida. Cf. MESTRINER, Maria Luiza. O Estado 
entre a filantropia e a assistência social. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008. 
10
 Esta lógica pauta-se no pressuposto de que para os pobres qualquer coisa basta. Cf. YAZBEK, 
Maria Carmelita. Estado, Políticas Sociais e Implementação do SUAS. In: Ministério do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. SUAS: Configurando os Eixos de Mudanças. Vol. 1. 
Brasília: MDS, 2008. p. 79-135. 
25 
economia brasileira com repercussões na área administrativa, tecnológica e 
financeira. A implantação desse modelo permitiu a acumulação e expansão 
capitalista e suas formas de controle social e político. Por essa razão repercute na 
ditadura militar um período de repressão, censura e autoritarismo, fazendo com que 
os direitos políticos fossem visivelmente suprimidos e, em contrapartida, fossem 
ampliados os direitos sociais como mecanismo compensatório através das políticas 
sociais. 
 
Durante os anos da ditadura militar as políticas sociais possuíram em seu 
interior o objetivo de legitimação do sistema autoritário vigente, com caráter 
fragmentário, setorial e emergencial, se sustentava na necessidade de dar 
legitimidade aos governos que buscavam bases sociais para manter-se no 
poder. Neste período, passava-se a ideologia de que o desenvolvimento 
social seria decorrente do desenvolvimento econômico (DALLAGO, 2007, 
p.3). 
 
Sposati (1991 apud JACCOUND, 2009) aponta que até a década de 1970 
o sistema de proteção social passou pelo chamado Estado de Bem Estar 
Ocupacional, onde os direitos universais eram substituídos pelo direito contratual. 
Vale ressaltar que na década de 1980, o sistema de proteção social – nele inserido a 
previdência social, a assistência social e a saúde – era fragmentado. Não se tinha o 
caráter de seguridade social e de universalidade proposto pela Constituição Federal 
de 1988. “Esta é precisamente a experiência do Brasil que, por quase cinco décadas 
no século passado, foi um dos países que mais rápido conseguiram expandir sua 
economia no mundo, sem obter, todavia, resultados consideráveis no âmbito social.” 
(POCHMANN, 2004, p. 7). 
 
A Constituição Federal de 1988 introduziu o conceito de seguridade social 
ao sistema de proteção social, sendo entendido como um conjunto de medidas 
públicas contra privações econômicas e sociais (JACCOUND, 2009). Estas medidas 
articulavam a garantia do direito à saúde, à previdência e à assistência social, 
pilares fundamentais à estabilidade da sociedade democrática. 
 
A constituição Federal de 1988 ao afiançar direitos humanos e sociais como 
responsabilidade pública e estatal, operou, ainda que conceitualmente, 
fundamentais mudanças, pois acrescentou na agenda dos entes públicos 
um conjunto de necessidades até então consideradas de âmbito pessoal ou 
individual (SPOSATI, 2009, p. 13). 
 
26 
A inclusão da assistência social na seguridade social proporcionou a 
ampliação dos direitos sociais, ressaltando o seu papel no cenário brasileiro 
enquanto política pública de direito do cidadão e responsabilidade do Estado e não 
mais como benemerência ou uma atividade focalizada. Além disso, tornou-se um 
novo campo na formulação de estratégias para promoção do acesso aos serviços e 
benefícios pelos cidadãos brasileiros. 
 
Nos marcos legais da Política de Assistência Social destacam-se: a Lei 
Orgânica de Assistência Social (LOAS)11, que estabelece as diretrizes da 
Assistência Social, especificando a regulamentação de uma estratégia política 
descentralizada; a Política Nacional de Assistência Social (PNAS)12, que legitima o 
Sistema Único de Assistência Social (SUAS); a Norma Operacional Básica do SUAS 
(NOB/SUAS)13, aprovada em 2005 pelo Conselho Nacional de Assistência Social 
(CNAS) que disciplina a PNAS e normatiza o SUAS; e a Tipificação Nacional de 
Serviços Socioassistenciais14, fruto da deliberação da VI Conferência Nacional de 
Assistência Social em 2007. 
 
O SUAS tem por funções essenciais: a proteção social, a vigilância e a 
defesa dos direitos socioassistenciais. No que tange à proteção social, aborda dois 
eixos: a proteção social básica e a proteção social especial. A primeira atua junto às 
famílias e seus membros, cujos direitos não foram violados, mas que estão em 
situação de vulnerabilidade social. A segunda atua na modalidade de média 
complexidade quando os direitos já foram violados, mas os vínculos familiares ainda 
não foram rompidos e na modalidade de alta complexidade, quando ocorre a 
violação de direitos e o enfraquecimento e/ou quebra de vínculos (SIMÕES, 2010). 
 
Inúmeros avanços foram conquistados na Assistência Social, mas ainda 
há muitos desafios a serem enfrentados, pois a eficácia da política depende de um 
esforço mútuo e contínuo de todos os agentes envolvidos, tendo em vista que ainda 
 
11
 Lei nº 8.742/1993 que fora complementada pela Lei nº 12.435/2011. 
12
 Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004 (DOU 28/10/2004). 
13
 Resolução nº 130, de 15 de Julho de 2005. Em 2013, esta resolução fora revogada pela Resolução 
CNAS nº33/2012 que aprova a nova NOB/SUAS. 
14
 Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência 
Social que caracteriza os serviços a serem ofertados na proteção social básica e na proteção social 
especial. 
27 
existem resistências na consolidação da Assistência Social como política pública 
que viabiliza direitos. Outro entrave a ser enfrentado é a concepção conservadora e 
neoliberal que atribui a transversalidade desta política ao acesso material àqueles 
supérfluos para o capital, e não como política pública que prioriza a garantia do 
direito ao trabalho. 
 
É nesse campo de efetivação dos mecanismos de viabilização da 
assistência social e demais políticas sociais – nos dizeres de Iamamoto (2009), 
tensionado entre desigualdade, rebeldia e conformismo – que os/as assistentes 
incidem sua atuação, o que requer uma leitura crítica e um repensar constante de 
sua atuação na efetivação dessa política, como estratégia de enfrentamento das 
desigualdades sociais. Da mesma forma, é “impossível uma leitura da assistência de 
per si, sem atentar para as determinações sociais e históricas do significado da 
assistência como política governamental, de sua imbricação com as relações de 
classe e destas com o Estado”. (SPOSATI et al., 2010, p. 25). 
 
1.3 Percurso Metodológico 
 
Delimitado, portanto, o objeto de estudo, suas motivações e os 
pressupostos que norteiam esta investigação, empreendemos esforços para 
traçarmos a metodologia de pesquisa que melhor se adequaria a elucidação das 
indagações do referido objeto. “O que determina como trabalhar é o problema que 
se quer trabalhar: só se escolhe o caminho quando se sabe aonde se quer chegar” 
(GOLDENBERG, 2004, p.14). 
 
Compreende-se a metodologia como um caminho a se percorrer no 
processo de fazer ciência. Trata-se do cuidado com os procedimentos e ferramentas 
para a abordagem da realidade. Assim, “a metodologia inclui as concepções teóricas 
deabordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e 
o sopro divino do potencial criativo do investigador” (MINAYO, 1994, p.16). 
 
A inserção na realidade é que nos impulsiona à produção do 
conhecimento. Neste sentido, o Serviço Social tem alçado voos na pesquisa social, 
28 
consolidando seu caráter não apenas interventivo, mas também investigativo na 
análise dos processos que envolvem a realidade social. 
 
Partindo do entendimento que a realidade não se apresenta de forma 
estática, mas ao contrário, é dinâmica e repleta de contradições com nuances que a 
todo instante se modificam e trazem um novo significado à realidade elegemos como 
método de análise desta pesquisa o método dialético, uma vez que: 
 
Esse método de apreensão da realidade social não se atém a 
procedimentos de raciocínio apologéticos ou contemplativos, mas tem como 
premissa a construção de um saber que põe em primeiro momento as 
condições sociais reais do homem e suas formas de existência (LARA, 
2007, p.79). 
 
Citando Lukács, Lara (2007) reafirma a importância do método dialético 
no que concerne a sua capacidade reflexiva, que possibilita apreender as dimensões 
do ser e da consciência dos sujeitos sociais como um processo histórico movido por 
contradições, haja vista que: 
 
A ciência autêntica extrai da própria realidade as condições estruturais e as 
suas transformações históricas e, se formula leis, estas abraçam a 
universalidade do processo, mas de um modo tal que deste conjunto de leis 
pode-se sempre retornar – ainda que frequentemente através de muitas 
mediações aos fatos singulares da vida. É precisamente esta a dialética 
concretamente realizada de universal, particular e singular (LUKÁCS, 1970, 
p. 81 apud LARA, 2007, p.79). 
 
Desse modo, o método dialético possibilitou refletir sobre o universo de 
atuação das assistentes sociais no CREAS Regional com os determinantes 
estruturais que se relacionam à processualidade histórica que envolve a profissão no 
cotidiano da realidade social. 
 
Neste sentido, partimos dos seguintes objetivos: conhecer as 
competências e atribuições do/a assistente social no CREAS; analisar o significado 
da categoria instrumentalidade para as participantes da pesquisa; compreender o 
papel do/a assistente social dentro da equipe interdisciplinar no CREAS e investigar 
os limites e possibilidades entre as condições de trabalho e a atuação dos/as 
assistentes sociais na viabilização dos direitos. Optamos, portanto, por uma análise 
de pesquisa do tipo qualitativa, a fim de compreendermos como se apresenta no 
29 
cotidiano a atuação profissional dos/as assistentes sociais e os fenômenos sociais 
que circundam esta realidade. “Os dados da pesquisa qualitativa objetivam uma 
compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da 
maior relevância do aspecto subjetivo da ação social” (GOLDENBERG, 2004, p.49). 
 
Tendo em vista a busca pela profundidade na compreensão dos 
fenômenos sociais que circundam os atores escolhidos para esta análise, Martinelli 
(1999)15 destaca três considerações sobre a pesquisa qualitativa, a saber: o caráter 
inovador da pesquisa qualitativa para traduzir os significados atribuídos pelos atores; 
a dimensão política e de construção coletiva que este tipo de análise de pesquisa 
traz consigo, haja vista que parte da realidade dos atores e a eles retorna 
criticamente; e o fato de que este caráter político e coletivo não se apresenta como 
algo restrito, mas complementar. 
 
Explicitada a natureza qualitativa deste ensaio monográfico utilizamos 
como técnicas de pesquisa a entrevista e o questionário. No que concerne à 
entrevista, esta é uma técnica de pesquisa “em que o investigador se apresenta 
frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados 
que interessam à investigação” (GIL, 2011, p. 109). Já o questionário, é uma técnica 
que prioriza demonstrar os objetivos da pesquisa em questões específicas, 
emergindo de suas respostas a descrição das características do grupo pesquisado 
(GIL, 2011). 
 
Os instrumentos de coleta de dados utilizados na pesquisa foram a 
aplicação do questionário e do roteiro semiestruturado de entrevista. Nesta 
investigação, o questionário foi utilizado com o intuito de apresentar o perfil do 
processo de formação das profissionais e as particularidades de sua atuação 
profissional. Utilizamos o roteiro semiestruturado por entendermos que nos ajudaria 
a obter informações sobre o que os sujeitos da pesquisa sabem, sentem e suas 
explicações sobre a realidade na qual estão inseridos. Da mesma forma, a utilização 
 
15
 Cf. MARTINELLI, Maria Lúcia. O uso de abordagens qualitativas na pesquisa em serviço social. In: 
MARTINELLI, Maria Lúcia (Org). Pesquisa qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras 
Editora, 1999. p. 19-27. 
30 
do roteiro possibilitou que possíveis lacunas percebidas nas respostas das 
entrevistadas fossem mais bem exploradas durante as entrevistas. 
 
Considerando que na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador 
deve estar voltada para “o aprofundamento da compreensão do grupo social” 
(GOLDENBERG, 2004, p.14), tivemos máxima atenção aos relatos das 
interlocutoras desta pesquisa, como também perceber os elementos velados nestes 
relatos, seus comportamentos, gestos, silêncio e as nuances do universo empírico. 
Assim, fizemos uso do diário de campo como uma das ferramentas elucidativas das 
nuances por observadas. 
 
Concernente o ingresso na pesquisa de campo, apresentamos-nos a 
supervisora do CREAS em 05/04/2013 levando o ofício da Instituição de Ensino e o 
Termo de Autorização da pesquisa expedido pelo Laboratório de Inclusão da 
Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, órgão público ao qual o CREAS é 
subordinado. Expusemos à referida supervisora as intenções que suscitaram esta 
pesquisa, os objetivos do estudo, bem como a intenção em entrevistar as 
profissionais de cada âmbito de atuação na unidade. Conversamos sobre a 
intencionalidade da pesquisa e fomos autorizadas a aplicá-la na instituição. A 
pesquisa de campo compreendeu os meses de abril e maio do corrente ano. 
 
Não tivemos dificuldades para adentrar ao campo de pesquisa, haja vista 
que o espaço institucional escolhido era conhecido por haver sido nosso campo de 
estágio. É fato que as situações que observamos durante este período motivaram a 
iniciar esta pesquisa; contudo, retornar à instituição como pesquisadora incutiu a 
responsabilidade de um olhar científico às mesmas questões que outrora observara. 
Quanto ao contato propriamente dito com as interlocutoras da pesquisa, estas se 
fizeram em três visitas a unidade – e não encontrei resistências por parte das 
profissionais em participar da investigação. 
 
Antes da concessão das entrevistas, foi firmado entre mim e as 
profissionais entrevistadas um Termo de Consentimento de participação da pesquisa 
científica, que garantia o anonimato de suas identidades, bem como a aceitação das 
31 
interlocutoras para a gravação das entrevistas – o que nos auxiliaria a observar 
outros elementos na coleta de dados. 
 
Inicialmente encontramos dificuldade para agendar as entrevistas devido 
à peculiaridade pela qual a instituição estava passando, o que ocasionou mudança 
na escala de trabalho dos profissionais da unidade16. Constatamos que houve 
dificuldade de algumas interlocutoras em responder certas perguntas do roteiro17, 
mesmo sendo melhor explicitadas, mas esse fato em nada foi estranho, ao contrário, 
constituiu-se como mais um importante elemento para análise, pois acreditamos que 
as circunstâncias do processo formativo e do próprio cotidiano de trabalho acabam 
ocasionando estranhamentos e/ou entendimentos restritos a determinados 
conceitos. A utilização de instrumentos, como por exemplo, o gravador devoz, 
também foi uma relativa dificuldade apresentada na coleta de dados pelo 
constrangimento inicial que a sua presença causava. Contudo, depois de 
esclarecida a utilidade científica do equipamento para o desenvolvimento da 
entrevista, tornava-se algo secundário às entrevistadas. 
 
Ressaltamos que apenas uma das profissionais comunicou que 
concederia a entrevista, mas não desejava que esta fosse gravada. O que fazer 
então? Como a pesquisa científica também exige criatividade do pesquisador e, 
mediante o inesperado, acabamos por redigir suas respostas, fato que nos limitou no 
que concerne a perceber com maior profundidade particularidades do momento da 
entrevista, levando-nos a refletir e a constatar que no universo empírico devemos 
estar sempre preparados ao que a realidade nos apresenta. Salientamos que a 
transcrição da entrevista não prejudicou a elucidação do objetivo central do estudo. 
 
Considerando que esta pesquisa constitui-se como eminentemente 
qualitativa, ou seja, procura uma maior aproximação com o objeto estudado para 
 
16
 Chegando ao CREAS Regional percebemos que a unidade estava muito vazia, tanto de 
profissionais quanto de usuários dos serviços. A supervisora da Unidade nos informou que a 
instituição estava passando por uma particularidade que era a falta de pagamento dos salários dos 
trabalhadores do CREAS há dois meses, fato que fez com que a supervisão reorganizasse a escala 
de trabalho dos profissionais para dirimir o ônus da falta de pagamento. Coincidentemente a 
demanda de usuários também havia diminuído. (Diário de Campo 05/04/213). 
17
 Neste caso, as perguntas sobre a categoria Instrumentalidade. 
32 
torná-lo mais explícito (Gil, 2002), os tipos de pesquisa que nortearam este estudo 
foram pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo. 
 
Conforme Gil (2002) a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador 
cobertura acerca dos fenômenos, pois se baseia nas contribuições de diversos 
autores sobre determinado assunto. Dito isto, estabelecemos como categorias 
analíticas: trabalho, cotidiano, instrumentalidade e assistência social, sendo estas 
categorias que subsidiaram as apreciações desta pesquisa, a partir do diálogo com 
os autores. 
 
A pesquisa documental “vale-se de materiais que não recebem ainda um 
tratamento analítico” (GIL, 2002, p.45), mas que possibilitam dados que evitam a 
perda de tempo. Nesta técnica de pesquisa realizamos leituras acerca das leis e 
instrumentos normativos que envolvem os espaços de trabalho e a própria atividade 
laborativa dos/as assistentes sociais. 
 
A pesquisa de campo consiste no recorte do pesquisador em termos de 
espaço com a realidade empírica a ser pesquisada, pois “Ela realiza um momento 
relacional e prático de fundamental importância exploratória, de confirmação ou 
refutação de hipóteses e construção de teorias” (MINAYO, 1994, p.26). O Campo 
em que se aplicou a referida pesquisa foi o Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social – CREAS Regional, localizado no bairro Presidente Kennedy, no 
município de Fortaleza. Os sujeitos da pesquisa foram os/as profissionais que 
trabalham no CREAS. 
 
No que tange as participantes da pesquisa, estabelecemos os critérios de 
escolha com base nas atividades laborativas desenvolvidas pelas assistentes sociais 
na instituição. Assim, a pesquisa contou com a contribuição de quatro participantes: 
uma assistente social plantonista, que trabalha em um dos municípios que o CREAS 
dá suporte; duas assistentes sociais diaristas responsáveis pelos atendimentos 
sociais às demandas que chegam à instituição; e uma assistente social diarista que 
atua no setor de denúncia da unidade e exerce uma atividade de cunho mais 
administrativo. 
 
33 
Inicialmente minha intenção era entrevistar seis profissionais, sendo duas 
de cada campo de atuação, a fim de perceber congruências e divergências 
no relato das profissionais de cada campo de trabalho na instituição. Porém, 
devido à incompatibilidade no agendamento das entrevistas, contei com a 
participação de quatro profissionais (Diário de Campo 15/05/2013). 
 
Ressaltamos que os dados obtidos na pesquisa de campo encontram-se 
diluídos ao longo de todo o ensaio monográfico, onde foram analisados à luz das 
categorias analíticas propostas neste estudo, servindo, assim, de base para clarificar 
e/ou refutar os objetivos específicos delineados nesta pesquisa e, 
consequentemente, elucidar a pergunta de partida que norteia esta investigação. 
 
1.4 Conhecendo o Lócus da Pesquisa: Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social – CREAS 
 
O locus escolhido para análise da atuação do/a assistente social nesta 
pesquisa foi o CREAS Regional – Fortaleza, equipamento vinculado à Proteção 
Social Especial (PSE)18 que atua na média complexidade. 
 
O Censo SUAS 201119 informou que existem no Brasil 52 CREAS 
Regionais e 2.057 CREAS municipais, registrando um aumento de 519 unidades em 
relação ao censo realizado no ano anterior. A região Nordeste é a região que possui 
o maior número de CREAS, a saber, 792 unidades municipais e 42 unidades 
regionais20 (BRASIL, 2011a). Na cidade de Fortaleza existem atualmente 04 
unidades municipais, sob a responsabilidade da prefeitura municipal e 01 unidade 
regional, sob a responsabilidade do Estado. 
 
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social é uma 
unidade pública de abrangência municipal ou regional que presta atendimento a 
indivíduos e/ou famílias em situação de risco pessoal ou social por violação de 
direitos. Suas ações se desenvolvem pela oferta de serviços que necessitam de 
 
18
 Sobre a Proteção Social Especial, abordaremos mais adiante no capítulo III. 
19
 Os dados apresentados foram retirados do Censo SUAS CREAS do ano de 2011 no site do MDS. 
(Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/nucleo/Desen/>. Acesso em: 28. 
Mar. 2013). 
20
 Convém ressaltar que no período da pesquisa do Censo SUAS CREAS de 2011 estavam 
cadastrados 2.109 unidades CREAS. 
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/nucleo/Desen/
34 
intervenções especializadas e que requerem uma maior estruturação técnica na 
área da proteção social especial (BRASIL, 2011b). 
 
A regulamentação dos serviços ofertados pelo CREAS está prescrita na 
Lei do SUAS21 que, consolidada a LOAS, referencia o CREAS como a unidade 
responsável pelas ações da proteção social especial de média complexidade. Além 
da legislação mencionada, existem outras normatizações22 que clarificam o papel e 
as competências do CREAS na Política Nacional de Assistência Social e no Sistema 
Único de Assistência Social. 
 
Segundo o documento de Orientações Técnicas do CREAS (BRASIL, 
2011b, p.23), o papel do CREAS no âmbito do SUAS destina-se a 
 
Ofertar e referenciar serviços especializados de caráter continuado para 
famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de 
direitos, conforme dispõe a Tipificação Nacional de Serviços 
Socioassistenciais; A gestão dos processos de trabalho na Unidade, 
incluindo a coordenação técnica e administrativa da equipe, o planejamento, 
monitoramento e avaliação das ações, a organização e execução direta do 
trabalho social no âmbito dos serviços ofertados, o relacionamento cotidiano 
com a rede e o registro de informações, sem prejuízo das competências do 
órgão gestor de assistência social em relação à Unidade. 
 
É o equipamento que, no âmbito do SUAS, destina-se à implementação 
de serviços de caráter continuado que trabalhem o fortalecimento dos vínculos de 
indivíduos e/ou grupos, amenizando os impactos das situações de risco social que 
culminam em atos de violação de direitos23. Neste sentido, os serviços 
especializados ofertados pelo CREAS são norteados sob a garantia das seguranças 
socioassistenciaisprevistas na PNAS e na Tipificação Nacional de Serviços 
Socioassistenciais, a saber: segurança de acolhida, segurança de convívio ou 
vivência familiar e segurança de sobrevivência ou de rendimento e de autonomia. 
 
 
21
 Lei nº 12.435/2011 conhecida como “Lei do SUAS” que institucionaliza as ações do Sistema Único 
de Assistência Social - SUAS na LOAS. 
22
 Dentre as quais podemos citar: A Constituição Federal, NOB/SUAS, NOBRH/SUAS, Tipificação 
Nacional de Serviços Socioassistenciais, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Estatuto do 
Idoso, Lei Maria da Penha, dentre outras. 
23
 Por violação de direitos destacamos os seguintes eventos: violência física, psicológica, negligência, 
abandono, violência sexual (abuso e exploração), situação de rua, trabalho infantil, práticas de ato 
infracional, fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do convívio familiar, dentre outros 
(BRASIL, 2011b). 
35 
No que concerne ao CREAS, a segurança de acolhida deve ser garantida 
dando aos usuários dos serviços todas as condições de escuta e de qualificação 
técnica da equipe para recepcioná-lo e ouvi-lo em suas demandas e necessidades, 
de modo a conhecer as suas particularidades e, a partir delas, proceder as 
informações e o trabalho social necessário para acessar seus direitos (BRASIL, 
2011b). 
 
O CREAS deve proporcionar ao usuário na segurança de convívio ou 
vivência familiar, a oferta de serviços de forma contínua sempre direcionando o 
trabalho social ao fortalecimento dos vínculos familiares, comunitários e sociais 
(BRASIL, 2011b). 
 
Na segurança de sobrevivência ou de rendimento e de autonomia, as 
ações do CREAS devem pautar-se pela primazia da autonomia dos indivíduos e/ou 
famílias, de forma que o atendimento especializado deste órgão contribua na 
elevação do grau de independência e qualidade dos laços sociais, bem como na 
ampliação das potencialidades dos usuários no enfrentamento das problemáticas, 
articulando-as à oferta dos serviços, benefícios e programas de transferência de 
renda (BRASIL, 2011b). 
 
A Política de Assistência Social tem como um de seus objetivos afiançar a 
proteção social na perspectiva destas seguranças e, em se tratando de um 
equipamento como o CREAS que diariamente lida com situações de fragilização e 
violação de direitos, estas seguranças não podem ser perdidas de vista pela equipe 
técnica e nem pelos gestores públicos. Sabemos, no entanto, que existem outros 
processos24 para além da dimensão legal e normativa que estão imbricados para o 
bom funcionamento do equipamento, mas estes não devem sobrepor os elementos 
que garantem o acesso integral aos serviços, programas e projetos disponíveis. 
 
O documento de Orientações Técnicas do CREAS (2011b, p.25) aponta, 
ainda, que os objetivos do CREAS prescritos sob a garantia das seguranças 
 
24
 Processos que envolvem dimensões econômicas – no que tange ao orçamento público –, 
dimensões políticas – no que diz respeito ao interesse dos representantes políticos de implementação 
das políticas públicas – e dimensões sociais – no enfrentamento prático das condições objetivas e 
subjetivas da política de assistência social. 
36 
supracitadas são imprescindíveis no desenvolvimento de seu papel no SUAS, 
possibilitando ainda 
 
clarificar o papel do CREAS e fortalecer sua identidade na rede; evitar 
sobreposição de ações entre serviços de naturezas e até mesmo áreas 
distintas da rede que, evidentemente, devem se complementar no intuito de 
proporcionar atenção integral às famílias e aos indivíduos; evitar a 
incorporação de demandas que competem a outros serviços ou unidades da 
rede socioassistencial, de outras políticas ou até mesmo de órgãos de 
defesa de direito; qualificar o trabalho social desenvolvido. 
 
Dessa forma, é importante não apenas conhecer as atribuições e papéis 
delegados ao CREAS do ponto de vista normativo, mas, sobretudo, perceber a 
aplicabilidade destas atribuições na realidade social para que seja fortalecida a 
identidade do equipamento nas políticas públicas. 
 
Aos profissionais que, devido ao cotidiano profissional, conhecem as 
fragilidades e potencialidades do trabalho social, recai a incumbência de através da 
execução de suas atividades contribuírem para que a visão normativa e a visão 
social25 do equipamento não sejam incongruentes, mas, ao contrário, estabeleçam 
real significado entre serviços, projetos e programas ofertados com a viabilização de 
direitos dos usuários dos serviços. 
 
Na tentativa de compreender o entendimento que as interlocutoras da 
pesquisa26 possuem sobre o CREAS, ao serem indagadas sobre o seu significado 
verbalizaram a seguinte definição: 
 
O CREAS é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social. Ele 
é um órgão do Governo de Estado do Ceará e o seu objetivo é atender 
pessoas que estejam com os direitos violados e com os vínculos 
fragilizados. O objetivo também é que esse vínculo possa ser resgatado, 
reestruturado para que a violação de direitos não venha mais a ocorrer. 
(Ágata). (grifo nosso). 
 
É um órgão que trabalha com direitos violados. Dentro desse público, 
costumamos trabalhar no interior com adolescentes em LA e PSC. (Lápis 
Lazuli). (grifo nosso). 
 
 
25
 No que diz respeito ao caráter útil do equipamento. 
26
 Os nomes fictícios das participantes da pesquisa estão vinculados aos nomes de pedras preciosas 
que serão esclarecidos na seção seguinte intitulada como: Perfil das profissionais entrevistadas. 
37 
O CREAS é Centro de Referência Especializado de Assistência Social que 
tem como objetivo tratar as questões sociais de uma maneira mais 
especializada quando não é mais possível resolvê-las na atenção básica. 
(Pedra do Sol). (grifo nosso). 
 
O CREAS é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social, 
onde a gente atende aquele público com os direitos violados. Quando a 
proteção é rompida esse público chega ao CREAS para aquele atendimento 
mais especializado, ou seja, as vítimas de abuso, ou idoso quando é 
negligenciado, ou uma mulher violentada, entre outros. (Ônix). (grifo nosso). 
 
Três interlocutoras ressaltam que o CREAS trabalha sobre os direitos 
violados e uma interlocutora, Pedra do Sol, fez uma leitura macroestrutural dessas 
violações destacando-as como questão social, o que remete a pensar que as 
situações de violação de direitos sobre as quais o CREAS atua constituem-se, de 
modo particular, como expressões da questão social e esta constatação não pode 
ser perdida de vista pelas/os profissionais do CREAS. 
 
É esta visão que possibilita uma leitura crítica das violações que chegam 
à instituição ao passo que são fruto de um processo de desigualdade social e 
econômica vivenciado na sociedade, as quais repercutem nas dimensões 
microestruturais dos sujeitos, ou seja, em seu ambiente de convívio familiar e/ou 
comunitário, desencadeando, no nosso entendimento, situações degradantes de 
violação de direitos geradoras de violência. 
 
No que concerne à caracterização do trabalho do CREAS feito pelas 
interlocutoras, Ágata, Lápis Lazuli e Ônix ficou evidenciado em suas falas, a 
reprodução do discurso institucional que retrata o CREAS como um equipamento 
destinado a atuar sobre os direitos violados sem, contudo, abrir espaço para se 
discutir o que vem a ser esse direito violado e suas repercussões em nossa 
sociedade. Haja vista que paralelo às situações geradoras de violência – que 
retratam o direito violado em sua forma mais gritante – emergem outras situações de 
violação de direitos que precisam ser tratadas com a mesma relevância, a fim de 
construir estratégias para o seu enfrentamento nos espaços institucionais. 
 
Faz-se necessário, portanto, compreendermos que o que está oculto às 
violações de direitos são processos antagônicosde luta de classes que incidem na 
vida dos sujeitos das mais variadas formas, requerendo do/a assistente social 
38 
capacidade crítica, investigativa e interventiva em sua atuação. E mediante esse 
processo o/a assistente social é convocado a incidir seu trabalho sobre as 
expressões da questão social como matéria-prima do Serviço Social. 
 
O fortalecimento da identidade do CREAS requer ainda um trabalho 
intersetorial com os demais órgãos da rede de proteção social, clarificando as 
competências de cada um deles, estabelecendo protocolos, fluxos e linhas de ação 
para as situações mais adversas que se apresentem. Ou seja, a compreensão do 
território de atuação e das particularidades sociais de cada área é fundamental para 
que os devidos encaminhamentos sejam dados garantindo não apenas a efetividade 
das ações do CREAS e sua legitimidade, como também a efetividade de toda a rede 
socioassistencial (BRASIL, 2011b). 
 
Conforme o documento de Orientações Técnicas do CREAS (2011b), 
considerando a diversidade do território brasileiro, a PNAS aliada à portaria nº 843 
de 28 de dezembro de 201027, prevê a distribuição das unidades do CREAS a partir 
do porte populacional das localidades, como aponta a tabela abaixo: 
 
Tabela 1 – Parâmetros de referência para a definição número de CREAS, 
considerando o porte do município. 
 
Porte do Município Número de Habitantes Parâmetros de Referência 
Pequeno Porte I. 20.000 
Cobertura de atendimento em CREAS 
Regional; Ou implantação de CREAS 
Municipal quando a demanda justificar. 
Pequeno Porte II. 20.001 a 50.000 Implantação de Pelo Menos 01 CREAS. 
Médio Porte. 50.001 a 100.000 Implantação de Pelo Menos 01 CREAS. 
Grande Porte, Metrópoles e 
DF. 
A partir de 100.001 
Implantação de 01 CREAS a cada 
200.000 habitantes. 
Fonte: Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, 
2011. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 
 
As situações que propiciam a criação de um CREAS com abrangência 
regional ocorrem quando a demanda dos municípios não justifica serviços 
especializados de forma contínua, ou quando o município não apresenta condições 
 
27
 Dispõe sobre o cofinanciamento federal, por meio do Piso Fixo de Média Complexidade (PFMC), 
dos serviços socioassistenciais ofertados pelos Centros de Referência Especializados de Assistência 
Social, a partir dos níveis de gestão e porte dos municípios. 
39 
de ofertar um serviço especializado individualmente, devido ao porte ou nível de 
gestão28 (BRASIL, [2010]). 
 
A implantação do CREAS Regional se dá por iniciativa do Estado ou por 
um conjunto de municípios, ficando sob a responsabilidade do Estado a regulação 
do equipamento no âmbito regional com a participação dos municípios envolvidos. 
Sua implantação pode também ocorrer através de uma cooperação intermunicipal 
para fixar os serviços, desde que a ocorrência de situações de violação de direitos 
justifique a articulação com outros municípios. Neste caso, os municípios se 
comprometem a executar conjuntamente os serviços, bem como as condições 
operacionais para fazê-lo. Atenta-se ao fato de que, para ambos os casos, deve ser 
observado o critério geográfico, tanto para viabilizar o deslocamento da equipe 
técnica quanto para auxiliar o acesso dos usuários aos serviços disponíveis 
(BRASIL, [2010]). 
 
Nesta pesquisa trata-se do Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social – CREAS Regional – Fortaleza29, localiza-se na Rua Tabelião 
Fabião, nº 114, bairro Presidente Kennedy. O referido bairro faz parte da Secretaria 
Executiva Regional (SER) III30, regional composta por dezesseis bairros, a saber: 
Amadeu Furtado, Antônio Bezerra, Autran Nunes, Bonsucesso, Bela Vista, Dom 
Lustosa, Henrique Jorge, João XXIII, Jóquei Clube, Padre Andrade, Parque Araxá, 
Pici, Parquelândia, Quintino Cunha, Rodolfo Teófilo e Presidente Kennedy. 
Concentra uma população de 398.382 habitantes que corresponde a 16,5% da 
população do município31. 
 
28
 Os municípios possuem três níveis de gestão que propiciam o repasse de recursos da União, a 
saber: gestão inicial, gestão básica e gestão plena. Cf. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social 
e Combate à Fome. Norma Operacional Básica – NOB/SUAS. Brasília: [s.n], 2005. p. 69-175. 
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assistencia-social-
snas/cadernos/politica-nacional-de-assistencia-social-2013-pnas-2004-e-norma-operacional-basica-
de-servico-social-2013-nobsuas>. Acesso em: 20. jan. 2013. 
29
 Ressaltamos que as informações sobre as atividades específicas do CREAS Regional Fortaleza e 
a organização de trabalho da unidade foram coletadas a partir da experiência de estágio 
supervisionado em Serviço Social na instituição, no período de 2011.1 a 2012.2. 
30
 Divisão territorial estabelecida na cidade de Fortaleza para sua organização geográfica e 
administrativa. Atualmente em Fortaleza existem 07 SER’S (I, II, III, IV, V, VI e Centro). 
31
 Dados obtidos no Mapa da Criminalidade e da Violência em Fortaleza – Perfil da SER III, elaborado 
em 2011 pelo Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética da Universidade Estadual do 
Ceará-LabVida-UECE; Laboratório de Estudos da Conflitualidade da Universidade Estadual do 
Ceará-COVIO-UECE e Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará-LEV-
40 
 
O CREAS Regional - Fortaleza foi instituído inicialmente em 1992 com a 
nomenclatura de SOS Criança. Vinculado à Secretaria do Trabalho e Ação Social, 
atual Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, o SOS Criança tinha como 
objetivo viabilizar alternativas de atuação no enfrentamento as violações de direitos 
contra crianças e adolescentes e seus familiares. Era composto pelo setor de 
denúncias, setor de recepção e setor de desaparecidos32 (BRASIL & SOUSA, 2010). 
Acerca do trabalho desenvolvido pelo SOS Criança que fora herdado pelo CREAS 
Regional, uma das participantes da pesquisa ressaltou: 
 
Pelo CREAS já ter um histórico de atuação neste complexo quando 
funcionava o SOS Criança, as pessoas já chegam aqui sabendo que vão ter 
alguma resposta ou alguma orientação e com isso muitas demandas 
acabam chegando e nós procuramos dar os devidos encaminhamentos 
(Lápis Lazuli). 
 
Em 2001 foi criado em âmbito nacional o Programa Sentinela, que tinha 
por objetivo cumprir metas do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual 
contra Crianças e Adolescentes, ou seja, sua tarefa consistia na prestação de um 
atendimento integral às crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, a partir 
da articulação de uma rede de serviços que viabilizassem este atendimento (BRASIL 
& SOUSA, 2010). 
 
Em Fortaleza existiam dois Programas Sentinela33, um vinculado à antiga 
Secretaria do Trabalho e Ação Social e outro vinculado a Prefeitura Municipal de 
Fortaleza. Este sob a responsabilidade da prefeitura municipal era desenvolvido pela 
Fundação da Criança e da Família Cidadã (FUNCI). Aquele sob a responsabilidade 
da secretaria estadual era desenvolvido pelo SOS Criança. Atualmente este serviço 
é desenvolvido apenas no âmbito municipal. 
 
No ano de 2005, o SOS Criança transformou-se em Núcleo de 
Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescentes (NEVCA), que, 
 
UFC. (Disponível em: <http://www.uece.br/covio/dmdocuments/regional_III.pdf>. Acesso em: 30. Mar. 
2013). 
32
Atualmente esses setores ainda permanecem no CREAS Regional. 
33
 Desde 2008, na primeira gestão da Ex-Prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, o Programa Sentinela 
passou a denominar-se Rede Aquarela. 
http://www.uece.br/covio/dmdocuments/regional_III.pdf
41 
subordinado à

Continue navegando

Outros materiais