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Conteúdo da Aula 4 - Licitação

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Instituto Serzedello Corrêa
Aula 4
Licitação 
OBRAS PÚBLICAS DE 
EDIFICAÇÃO E DE 
SANEAMENTO
Módulo 1
Planejamento
RESPONSABILIDADE PELO CONTEÚDO
Tribunal de Contas da União
Secretaria Geral da Presidência
Instituto Serzedello Corrêa
Diretoria de Diagnóstico, Planejamento e Desenvolvimento de Ações Educacionais
Serviço de Planejamento e Projetos Educacionais
Secretaria de Métodos Aplicados e Suporte à Auditoria - SEAUD
CONTEUDISTAS
Bruno Martinello Lima 
Gustavo Ferreira Olkowski 
Marcelo Almeida de Carvalho 
Rafael Carneiro Di Bello 
Victor Hugo Moreira Ribeiro 
Rommel Dias Marques Ribas Brandao
REVISORES TÉCNICOS
Jose Ulisses Rodrigues Vasconcelos
Eduardo Nery Machado Filho
TRATAMENTO PEDAGÓGICO
Flávio Sposto Pompêo
RESPONSABILIDADE EDITORIAL 
Tribunal de Contas da União 
Secretaria Geral da Presidência 
Instituto Serzedello Corrêa 
Centro de Documentação 
Editora do TCU
PROJETO GRÁFICO
Ismael Soares Miguel
Paulo Prudêncio Soares Brandão Filho
Vivian Campelo Fernandes
DIAGRAMAÇÃO
Vanessa Vieira
© Copyright 2014, Tribunal de Contas de União 
<www.tcu.gov.br>
Permite-se a reprodução desta publicação, em parte ou no todo, sem alteração do conteúdo, desde que citada a 
fonte e sem fins comerciais.
Este material tem função didática. A última atualização ocorreu em setembro de 2014. As afirmações e 
opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e podem não expressar a posição oficial do Tribunal 
de Contas da União.
Atenção!
[ 3 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Módulo 1 - Planejamento
Aula 4 - Licitação
O que deve ser observado para se ter um procedimento licitatório 
competitivo e regular? 
Uma licitação mal elaborada traz riscos para a execução da obra?
Estudamos, na primeira aula, como o gestor pode solicitar e obter 
recursos financeiros federais, por meio da celebração de convênios/
contratos de repasse/termos de compromisso, e como deve realizar um 
planejamento antes de passar para a contratação de uma obra pública. 
Na segunda, vimos como contratar um bom projeto básico, que deve 
ser adequado e completo. E, já na terceira, apresentamos como elaborar 
um orçamento, com composições de custos unitários e detalhamento dos 
demais itens que impactam o preço final da obra (BDI, encargos sociais 
etc.).
Após passar por toda essa etapa de preparação, o gestor municipal 
terá condições de ir para a fase de licitação, que nada mais é que a etapa de 
seleção da melhor proposta para a Administração.
Nesta quarta aula, trataremos então desse assunto tão importante 
na contratação de uma obra pública, o procedimento licitatório. Veremos 
quais as escolhas devem ser feitas em cada caso para que a Administração 
aumente a competitividade de suas licitações e venha a contratar empresas 
capacitadas, a um preço justo e que atenda às necessidades da Administração.
Para facilitar o estudo, esta aula está organizada conforme o sumário 
a seguir apresentado: 
Módulo 1 - Planejamento ......................................................................................... 3
Aula 4 - Licitação........................................................................................................ 3
1. Comissão de licitação ........................................................................................... 6
Fase interna da licitação ......................................................................................... 7
2. Recursos orçamentários ...................................................................................... 7
2.1 Novidades trazidas pelo RDC ...................................................................... 8
2.2 Contratação Integrada ................................................................................ 10
2.3 Critérios de julgamento do maior desconto e do maior retorno 
econômico ........................................................................................................... 11
3. Modos de disputa aberto e fechado ...............................................................12
3.1 Qual escolher – Lei 8.666/1993 x RDC..................................................... 13
[ 4 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
4. Modalidades de licitação na Lei 8.666/1993 ................................................14
4.1 Possibilidade de dispensa ou inexigibilidade de licitação .....................15
4.2 Possibilidade de adoção do Pregão para a contratação de serviços 
comuns de engenharia ......................................................................................15
4.3 Avaliação de uso do Sistema de Registro de Preços (SRP) de acordo 
com o RDC .........................................................................................................16
4.4 Incentivos à participação de Microempresas (ME) e Empresas de 
Pequeno Porte (EPP) .........................................................................................17
5. Regimes de execução (EPU, EPG) ......................................................................18
5.1 Empreitada por preço global (EPG) ..........................................................19
5.2 Empreitada por preço unitário (EPU) ......................................................21
5.3 Diferenças .....................................................................................................22
6. Tipo de licitação ...................................................................................................22
6.1 Como escolher o adequado ........................................................................23
7. Parcelamento x Fracionamento do objeto..................................................24
8. BDI Diferenciado ..................................................................................................25
9. Habilitações ..........................................................................................................26
9.1 Exigências de qualificação econômico-financeira ...................................26
9.2 Exigências de qualificação técnica operacional e profissional ...............27
9.3 Capacidade técnico-operacional ...............................................................28
9.4 Capacidade técnico-profissional ................................................................30
9.5 Exigência de visita técnica do licitante .....................................................31
10. Edital - o que deve conter ..............................................................................32
10.1 Critérios objetivos de julgamento ...........................................................33
10.2 Critérios de aceitabilidade de preços ......................................................33
10.3 Cláusulas obrigatórias do edital ...............................................................34
10.4 Orçamento completo ................................................................................36
10.5 Projeto básico aprovado............................................................................36
10.6 Responsabilidades de Contratante e Contratado, de acordo com a 
Matriz de Riscos .................................................................................................37
10.7 Possibilidade de pagamento antecipado de material posto-obra ........38
Fase externa da licitação ......................................................................................40
11 Análise e julgamento ........................................................................................40
Síntese ...........................................................................................................................42
Referências bibliográficas ...................................................................................43
Glossário ....................................................................................................................46Ao final da aula, espera-se que o participante seja capaz de, no exercício 
de suas responsabilidades como gestor de obras públicas municipais de 
edificações e saneamento:
yy (1) avaliar e analisar a pertinência dos procedimentos licitatórios 
de uma obra pública, sob o prisma da legislação federal e da 
jurisprudência do TCU, a saber:
[ 5 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
yy (1.1) tipos e modalidades de licitação;
yy (1.2) possibilidade de dispensa ou inexigibilidade;
yy (1.3) possibilidade de adoção do Pregão para a contratação de 
serviços comuns de engenharia; 
yy (1.4) novidades trazidas pelo RDC;
yy (1.5) participação de microempresas e empresas de pequeno 
porte;
yy (1.6) regimes de execução aplicáveis a obras públicas;
yy (1.7) exigências de habilitação técnica e econômica;
yy (1.8) aspectos relacionados ao edital de licitação, ao contrato 
administrativo e aos procedimentos de julgamento do certame.
Pronto para começar? Então, vamos!
[ 6 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
1. Comissão de licitação
A lei de licitações e contratos (8.666/1993) prevê, em seu art. 51, que 
deve ser criada uma comissão de licitação a fim de conduzir os trabalhos 
do certame. Entre as condições para a formação dessa comissão, a lei 
estabelece: (i) número mínimo de membros; (ii) número de servidores 
qualificados pertencentes ao quadro permanente do órgão; (iii) tempo de 
permanência limite; e (iv) rodízio. Os membros que formarão a comissão 
devem ser formalmente indicados mediante a publicação de portaria no 
Diário Oficial.
O TCU já apontou que, em casos de obras de grande complexidade, 
pelo menos um membro da comissão deve possuir conhecimento técnico 
a respeito do objeto, ou a comissão deve solicitar auxílio a técnicos 
especializados (cf. Acórdãos 3.314/2010-TCU-Plenário).
Caso não haja membros da comissão especialistas no assunto, a lei 
permite à comissão que promova diligências em qualquer fase da licitação. 
Portanto, é possível a comissão solicitar assessoramento de engenheiro 
capacitado para tirar dúvidas de questões técnicas.
Cabe à comissão, ainda, certificar-se da existência de uma 
documentação mínima, qual seja, (i) existência de projeto básico e 
orçamento detalhado; (ii) ART no CREA anotadas pelos autores dos 
projetos e do orçamento; e (iii) justificativas técnicas para a definição dos 
requisitos de habilitação e estruturação da licitação.
A comissão deve, ainda, sob pena de responsabilidade solidária, adotar 
medidas administrativas quando verificar irregularidades na licitação, que 
possam gerar risco de problemas na contratação, sobretudo a má qualidade 
do projeto ou orçamento com preços superestimados.
[ 7 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Fase interna da licitação
2. Recursos orçamentários
Antes de iniciar propriamente o estudo do processo licitatório, é 
importante conhecer um pouco sobre o que irá garantir que a obra tenha 
os recursos financeiros suficientes para ser concluídas: o orçamento.
Após a identificação das necessidades que deverão ser atendidas pela 
execução de um empreendimento, o gestor municipal deve tomar cuidado 
com algumas normas que a legislação orçamentária estabelece para o caso 
de obras públicas.
A primeira delas é a Lei Orçamentária Anual (LOA), na qual devem 
estar incluídas todas as despesas programadas para aquele exercício (ano).
Contudo, é comum que as grandes obras sejam executadas em mais de 
um exercício orçamentário exercício orçamentário. Por conta disso, o art. 
167, § 1º, da Constituição Federal de 1988 dispõe que esses empreendimentos 
devem estar previstos também no Plano Plurianual (PPA).
Deve ser lembrar que as obras públicas, grandes ou pequenas, 
também devem ser executadas de acordo com as regras estabelecidas nas 
Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e no Decreto 7.983/2013, das quais 
destacamos:
yy registrar os contratos e convênios no Sistema Integrado de 
Administração de Serviços Gerais (Siasg) (art. 17 da Lei 
12.708/2012 – LDO 2013);
yy elaborar orçamentos com base nos custos de dois sistemas 
referenciais, o Sinapi e o Sicro (art. 102 da Lei 12.708/2012 – 
LDO 2013, art. 3º do Decreto 7.983/2013);
yy regras específicas para a adoção do regime de empreitada por 
preço global em obras financiadas com recursos federais (art. 
102, §6º, da Lei 12.708/2012, 13 do Decreto 7.983/2013) ; 
Além das três principais leis de orçamento (LOA, LDO e PPA), 
citadas acima, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei complementar 
101/2000 – também traz importantes normas para a execução de obras, 
entre as quais, o art. 16, que exige dos gestores a análise do impacto dos 
investimentos nos próximos três anos. 
[ 8 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Outro preceito que a LRF ressalta é que novos projetos só podem 
receber recursos “após adequadamente atendidos os em andamento e 
contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos 
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.” (cf. art. 45 da 
LRF). Isso quer dizer que as Prefeituras devem se assegurar acerca da 
conclusão das obras que estão em andamento antes de iniciar novas.
Devem ser observadas também as etapas que envolvem as despesas 
numa obra pública. De acordo com a Lei 4.320/1964, uma despesa 
compreende os estágios de previsão, empenho, liquidação e pagamento.
A previsão consiste no crédito orçamentário inscrito na LOA do 
exercício em que será realizada a despesa. Dessa forma, antes de iniciar 
uma obra, é necessário que haja dotações previstas na LOA para atender as 
despesas do empreendimento.
O empenho, de acordo com o art. 58 da Lei 4.320/1964, é o ato que 
cria para a Administração a obrigação de pagamento da despesa, e não 
pode ser superior ao montante previsto na LOA.
Devemos lembrar que o empenho constitui uma etapa essencial na 
realização da despesa, uma vez que o art. 60 da Lei 4.320/1964 proíbe 
qualquer pagamento sem empenho prévio.
A liquidação consiste na verificação do cumprimento das obrigações 
do contratado (art. 63 da Lei 4.320/1964). Em obras públicas, a etapa de 
liquidação ocorre quando a fiscalização da obra verifica e atesta que os 
serviços foram executados efetivamente conforme previstos1. 
Após o atesto do fiscal da obra, confirmando que a empresa contratada 
executou devidamente uma parcela do serviço, ocorrerá a última etapa, que 
é o pagamento da despesa.
2.1 Novidades trazidas pelo RDC
Adentrando, então, nos aspectos relacionados ao procedimento 
licitatório, temos que, por meio da Lei 12.462/2011, foi criado um novo 
regime de licitações públicas, o Regime Diferenciado de Contratação 
(RDC).
1 - Cabe ressaltar que a regra geral da legislação – art. 62 da Lei 4.320/1964 c/c o art. 58 do Decreto 93.872/86 – e 
da jurisprudência do TCU – Decisão 1.552/2002 e 1.662/2002 e Acórdãos 3.332/2012, 48/2007, 1.090/2007, 374/2010, 
374/2011 e 1.879/2011, todos do Plenário – é a proibição de pagamentos antecipados (antes da execução dos serviços). A 
exceção a essa regra será tratada à frente..
[ 9 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Inicialmente, o RDC só poderia ser utilizado para empreendimentos 
ligados à Copa do Mundo de 2014, aos Jogos Olímpicos de 2016 e às obras 
dos aeroportos das capitais dos Estados distantes até 350 km das sedes 
desses megaeventos esportivos.
Com o passar do tempo, outros tipos de obras foram sendo incluídos 
na possibilidade de uso do RDC, entre os quais, as ações do Programa de 
Aceleração do Crescimento (PAC); as obras e serviços de engenharia do 
Sistema Único de Saúde (SUS); as obras e serviços de engenharia do sistema 
público de ensino; e as obras afetas à construção, reforma e ampliação de 
unidades prisionais.
Entre as principais novidades trazidas pelo RDC, com relação à Lei 
8.666/1993, destacamos:1. Orçamento sigiloso: No RDC, em regra, o orçamento base da 
licitação só será tornado público após o término do certame;
2. Novos tipos de licitação: O RDC possui novos critérios de 
julgamento de propostas, além dos tradicionais “menor preço”, 
“melhor técnica” e “técnica e preço”, para obras de engenharia, 
tais como: “maior desconto” e “maior retorno econômico”;
3. Em regra, a fase de habilitação numa licitação regida pelo RDC 
só ocorre após a fase de julgamento das propostas. Os critérios 
de habilitação são os mesmos da Lei 8.666/1993;
4. As propostas e lances podem ocorrer por meio de dois modos 
de disputa: aberto ou fechado. Além disso, esses dois modos 
de disputa podem ser combinados entre si, bem como são 
admitidos lances intermediários no modo de disputa aberto;
5. Para obras de engenharia, o RDC prevê novos regimes de 
execução, além das tradicionais “empreitadas por preço global”, 
por “preço unitário” e “empreitada integral”, quais sejam, a 
“contratação integrada” e a “contratação por tarefa”;
6. As licitações realizadas com base no RDC devem ser, 
preferencialmente, processadas em sua modalidade eletrônica;
7. O RDC contempla ainda os institutos da Pré-qualificação 
permanente, do Sistema de registro de preços, dos Registros 
cadastrais e dos Catálogos eletrônicos de padronização;
[ 10 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
8. A remuneração da empresa contratada para executar as obras 
poderá variar de acordo com o atingimento de metas, padrões 
de qualidade e prazo de conclusão da obra. Ou seja, se a empresa 
conseguir terminar a obra com qualidade e antes do prazo 
previsto, o valor que ela receberá poderá ser maior, desde que 
previsto no edital da licitação.
A fim de detalhar melhor as inovações introduzidas pelo RDC, 
abordaremos no tópico seguinte individualmente algumas das principais 
novidades do regime.
2.2 Contratação Integrada
A Contratação integrada talvez seja uma das maiores novidades do 
RDC. Prevista no art. 8º, inciso V, da Lei 12.462/2011, a contratação integrada 
é um regime de execução em que a empresa contratada será responsável 
pela elaboração dos projetos básicos e executivos, pela execução das obras 
e pela realização de testes. Em suma, quase todas as etapas necessárias e 
suficientes para a entrega final do objeto ficam sob a responsabilidade do 
contratado.
Nesse regime de execução, de acordo com o art. 9º, § 2º, inciso I, da Lei 
do RDC, o edital deverá conter “anteprojeto de engenharia”. Esse anteprojeto 
de engenharia deve ser capaz de caracterizar a obra ou o serviço, sobretudo 
no que diz respeito: (i) à demanda a ser atendida pela obra, demonstrada 
pelo programa de necessidades; (ii) às condições de solidez, segurança e o 
prazo de entrega da obra; (iii) à estética do projeto arquitetônico; e (iv) aos 
parâmetros de adequação ao interesse público.
Em outras palavras, o regime de contratação integrada permite que 
uma licitação de obras de engenharia seja lançada sem que seu projeto 
básico esteja elaborado, deixando-o a cargo da contratada.
Por ser um regime relativamente recente, a jurisprudência do TCU 
sobre o tema ainda está começando a se formar. Contudo, já existem 
algumas orientações a respeito.
Entre as orientações importantes, destacamos a necessidade de o 
anteprojeto de engenharia definir as principais diretrizes que orientarão a 
elaboração do projeto básico, principalmente o padrão de acabamento da 
obra, a demanda que será atendida, o prazo de entrega.
Por exemplo, o anteprojeto de um hospital a ser licitado pelo regime 
de contratação integrada deve prever, expressamente, o número de leitos 
que o hospital deverá possuir, especificando quantos leitos de emergência, 
O anteprojeto de 
engenharia deve definir as 
principais diretrizes que 
orientarão a elaboração 
do projeto básico, 
principalmente o padrão 
de acabamento da obra, 
a demanda que será 
atendida e o prazo de 
entrega.
[ 11 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
internação, cirurgia, seja adulta ou pediátrica. Também deve deixar claro 
qual o padrão de acabamento a ser aplicado nos pisos, revestimentos, 
pinturas, banheiros, louças e metais. Quais os ambientes que comporão o 
hospital, qual o gabarito que o hospital deverá seguir, em que terreno será 
construída a obra e em qual prazo, etc.
Além disso, em virtude do anteprojeto não conter todos os elementos 
para elaborar um orçamento analítico preciso, a legislação prevê que as obras 
licitadas pelo regime de contratação integrada deverão ser orçadas com base 
nos valores praticados pelo mercado, nos valores pagos pela Administração 
Pública em serviços e obras similares ou na avaliação do custo global da 
obra, verificada por meio de orçamento sintético ou metodologia expedita 
ou paramétrica.
2.3 Critérios de julgamento do maior desconto e do maior 
retorno econômico
O RDC inovou ao incluir entre os critérios de julgamento das propostas 
o maior desconto e o maior retorno econômico. Pela jurisprudência do 
TCU, esses critérios não poderiam ser utilizados nas licitações regidas pela 
Lei 8.666/1993 por falta de amparo legal.
Contudo, agora no RDC essa possibilidade é admitida. O julgamento 
do maior desconto considera que todas as licitantes deverão ofertar 
descontos sobre o preço global a ser fixado no edital. Esse desconto deverá 
ser respeitado também em eventuais aditivos contratuais.
Para o caso específico de obras públicas, esse desconto deverá incidir 
linearmente sobre os preços de todos os itens da planilha orçamentária da 
obra. Ou seja, não é permitido que sejam ofertados descontos diferenciados 
entre os serviços.
Ainda quanto ao critério de maior desconto, vale dizer que, como 
exceção à regra geral, o orçamento estimado pela administração deverá 
constar no edital de licitação, conforme art. 6º, § 1º, do RDC (Lei 
12.462/2011).
Já o critério de julgamento do maior retorno econômico pode ser 
utilizado em certames que tenham por objeto os chamados “contratos de 
eficiência”. Tais contratos, normalmente, incluem a prestação de serviços, 
ou ainda a execução de obras e o fornecimento de bens, que visem reduzir 
despesas correntes do contratante. Nesses casos, as propostas serão avaliadas 
para selecionar a que proporcionará maior economia para a Administração 
Pública e o contratado será remunerado com base em percentual da 
economia gerada.
[ 12 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Caso a economia efetivamente gerada seja inferior à inicialmente 
prevista, a diferença será descontada da remuneração da contratada. Pode 
ocorrer que a diferença entre a economia efetiva e a prevista seja maior 
do que a remuneração da empresa, nessa situação, a contratada deverá ser 
multada por inexecução contratual no valor da diferença, nos termos do 
art. 23, §3º, do RDC.
3. Modos de disputa aberto e fechado
O RDC também inova no quesito de disputa de preços entre os 
licitantes. Estão previstos em lei os modos de disputa aberto, fechado e a 
combinação entre os dois.
O modo de disputa fechado ocorre quando os licitantes apresentam 
propostas sigilosas e lacradas em envelopes até o momento de sua abertura 
previsto no edital. Esse modo de disputa é bem parecido com o que já 
ocorria nas Concorrências regidas pela Lei 8.666/1993.
Por sua vez, o modo de disputa aberto ocorre quando os licitantes 
ofertam lances públicos e sucessivos, como acontece nos pregões previstos 
na Lei 10.520/2002.
A combinação entre esses dois modos de disputa pode acontecer 
com o modo fechado antes do aberto, como com o modo aberto antes do 
fechado.
A combinação entre os modos de disputa é uma possibilidade 
interessante que o RDC oferece o gestor. Diferentemente da Lei 8.666/1993, 
na qual a competição entre as empresas se encerrava na abertura das 
propostas, no RDC as empresas podemcontinuar competindo ofertando 
lances e reduzindo preços, possibilitando que a Administração selecione 
propostas mais vantajosas.
CASO PRÁTICO
Uma licitação de RDC de um posto de saúde realizada nos modos de disputa fechado 
e aberto foi muito bem sucedida, pois a competitividade entre as empresas se 
manteve até o final. Primeiramente, as empresas ofertaram seus preços em propostas 
lacradas, que resultou em um desconto de 10% com relação ao orçamento estimativo 
da administração. Após essa fase e partindo do valor da menor proposta apresentada, 
ocorreu a fase de lances, em modo aberto, o que fez com que três empresas disputassem 
o objeto por várias rodadas de lances. Ao final, o desconto foi de 16% (6% de desconto 
a mais sobre a proposta de menor valor apresentada na fase de disputa fechada).
[ 13 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
3.1 Qual escolher – Lei 8.666/1993 x RDC
O gestor municipal, muitas das vezes, se vê diante da escolha entre 
qual regime legal adotar nas licitações de suas obras para educação ou 
saúde, sejam as licitações tradicionais da Lei 8.666/1993, sejam as regidas 
pelo RDC.
Ambas as leis possuem vantagens e desvantagens. A principal 
vantagem da Lei 8.666/1993 é que nela há sempre a obrigação de elaborar o 
projeto básico de forma completa e precisa, enquanto que no RDC há, além 
dessa opção, a possibilidade de repassar a elaboração do projeto básico ao 
contratado por meio da contratação integrada, já tratada acima.
Um projeto básico bem elaborado reduz o risco de futuras falhas na 
obra e de obter altos preços, uma vez que, com riscos menores, as licitantes 
tenderão a ofertar preços mais competitivos. Por outro lado, também há 
desvantagens nas licitações regidas pela Lei 8.666/1993, como a fase de 
habilitação ocorrer antes do julgamento das propostas, o que pode alongar 
a licitação diante de possíveis recursos requeridos por licitantes inabilitadas 
que, ao final, poderão nem mesmo serem as vencedoras da licitação. 
Por outro lado, o RDC traz instrumentos muito inovadores e 
interessantes, como a fase de propostas preceder a fase de habilitação ou 
a possibilidade de combinar modos de disputa fechado e aberto. Outra 
novidade do regime é a possibilidade de contratação integrada, na qual fica 
a cargo da contratada a elaboração do projeto básico, aspecto sob o qual 
ainda não há um consenso de suas vantagens e desvantagens.
Importante registrar que, ao optar pela contratação integrada, a 
administração deve estabelecer com clareza como se dará a divisão de 
riscos entre contratante e contratada, por meio de uma matriz de riscos.
Portanto, há vantagens e desvantagens nos dois tipos de licitação. 
Assim, cabe ao gestor municipal, diante das características dos dois regimes 
apresentados acima e do objeto que deseja contratar, decidir pelo melhor 
caminho a seguir.
[ 14 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
4. Modalidades de licitação na Lei 8.666/1993
A Lei 8.666/1993 prevê cinco modalidades principais de licitação: 
concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão. Além delas, a 
Lei 10.520/2002 incluiu outra, o pregão.
O leilão é a modalidade devida para a venda de bens móveis 
inservíveis ou para alienação de imóveis pela administração (art. 22, §5º, da 
Lei 8.666/93), razão pela qual não iremos abordar essa modalidade nesse 
curso.
Quanto às demais modalidades, nos termos da Lei 8.666/1993, 
a concorrência é a mais adequada para licitar obras de grande vulto, na 
medida em que é a modalidade a ser empregada para obras cujo valor seja 
acima de R$ 1.500.000,00.
Em virtude de a concorrência ser destinada a contratações de obras 
de maior vulto, geralmente os orçamentos são mais complexos e exigem 
das licitantes maior esforço na elaboração das propostas e conhecimento 
do objeto licitado, de modo que a própria legislação (Lei 8.666/1993) prevê 
um prazo maior entre a publicação do edital e a apresentação das propostas 
para essa modalidade de licitação, o qual deve ser, no mínimo, de 45 dias 
para concorrências de contratações sob regime de empreitada integral, 
bem como para critérios de julgamento dos tipos melhor técnica ou técnica 
e preço, e de 30 dias para os demais casos.
Por sua vez, a tomada de preços é uma modalidade mais simplificada 
que a concorrência e se aplica a obras de complexidade intermediária, 
cujos valores se situem na faixa entre R$ 150.000,00 e R$ 1.500.000,00. 
Por essa razão, a tomada de preços possui prazo menor para apresentação 
de propostas e a publicidade mínima exigida por lei é menor que a da 
concorrência.
O convite é a modalidade mais simples de todas e só se aplica a 
pequenas obras de valor abaixo de R$ 150.000,00. Ultimamente, o convite 
quase não tem sido mais utilizado.
O concurso é a modalidade que deve ser utilizada no caso de licitações 
para escolha de trabalhos técnicos, científicos ou artísticos, mediante 
a instituição de prêmios ou remunerações pré-fixadas aos vencedores. 
E o concurso é uma modalidade que pode ser utilizada para escolha de 
projetos arquitetônicos de edificações, em virtude de esses serem projetos 
com grande teor estético.
[ 15 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Por fim, o pregão foi uma inovação da Lei 10.520/2002 e se aplica 
a licitações de bens e serviços comuns de qualquer valor. O texto legal 
define que bens e serviços comuns são aqueles que podem ser definidos 
objetivamente no edital, por meio de suas especificações de mercado.
Em regra, o pregão não pode ser utilizado em licitações de obras, 
contudo, como será explicado adiante, os serviços comuns de engenharia 
podem ser objeto de um pregão.
4.1 Possibilidade de dispensa ou inexigibilidade de licitação 
Para obras de pequeno valor, abaixo de R$ 15.000,00, a lei 8.666/1993 
permite que sejam contratadas por meio de dispensa de licitação. 
Também é possível contratar por meio de dispensa de licitação o 
remanescente de obra licitada e cuja contratada teve seu contrato rescindido. 
A lei permite que o gestor contrate os serviços restantes para conclusão da 
obra diretamente com os demais proponentes da licitação original da obra, 
sem necessidade de realizar nova licitação, sob a condição de ser obedecida 
a ordem de classificação das empresas e que sejam aceitos os mesmos preços 
e condições do vencedor da licitação.
Quanto à possibilidade de inexigibilidade de licitação, a lei de licitações 
e contratos define que a inexigibilidade ocorre quando há impossibilidade 
de competição. Na área de obras públicas, ocorre raramente de projetos 
arquitetônicos serem contratados por inexigibilidade junto a arquitetos de 
notória especialização. 
4.2 Possibilidade de adoção do Pregão para a contratação 
de serviços comuns de engenharia
A jurisprudência do TCU aponta no sentido de que é admissível a 
realização de pregão para contratação de serviços comuns de engenharia (cf. 
Súmula TCU 257/20102). Os serviços que podem ser licitados por pregão 
são os considerados comuns, isto é, somente aqueles que possuírem padrões 
de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos no 
edital, por meio de especificações usuais no mercado.
Primeiramente, é preciso diferenciar obra de engenharia de serviço 
de engenharia. De acordo com a Lei 8.666/1993, obra envolve construção, 
reforma, fabricação, recuperação ou ampliação. Caso a atividade a ser 
licitada não se refira a nenhum desses tipos, ela pode ser definida como 
serviço.
2 - A Súmula TCU 257/2010 traz a seguinte redação: “O uso do pregão nas contratações de serviços comuns de engenharia 
encontra amparo na Lei nº 10.520/2002.”
[ 16 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Acerca desse assunto, o Acórdão 2.470/2013-TCU-Plenário trouxe 
entendimentos inovadores. O primeiro deles é o de que obra de engenharia 
é a alteração do ambiente pelo homem,independentemente de suas técnicas 
construtivas ou dos materiais utilizados.
A segunda coisa a ser feita é conceituar serviços comuns. No 
entendimento da jurisprudência do TCU, alguns exemplos de serviços 
comuns de engenharia são os de manutenção predial e os de conservação 
rodoviária.
No caso da conservação rodoviária, todas as atividades que englobam 
esse serviço, como a correção de defeitos no pavimento, a limpeza e 
reparação de dispositivos de drenagem, a roçada da faixa de domínio, e a 
recomposição de aterros, possuem especificações usuais de mercado as quais 
possibilitam uma definição objetiva no edital e podem ser considerados 
como serviços comuns. 
Cabe ressaltar, ainda, que a conservação rodoviária não possui 
serviços com alta complexidade tecnológica, que impossibilitem a definição 
de suas ações, ou que requeiram atividades que sejam difíceis de serem 
padronizadas. 
Em outras palavras, os serviços comuns são serviços que possuem 
técnicas de execução de pequena complexidade para as empresas de 
engenharia.
4.3 Avaliação de uso do Sistema de Registro de Preços 
(SRP) de acordo com o RDC
O Sistema de Registro de Preços (SRP) foi previsto na redação da Lei 
8.666/1993, a qual não deixou disposições claras para seu uso.
Por sua vez, a lei do RDC (Lei 12.462/2011) também fez a previsão de 
seu uso, bem como a regulamentação desse regime, por meio do Decreto 
7.581/2011. No texto original desse regulamento, foi oferecida a opção 
do gestor utilizar o SRP/RDC para contratar prestação de serviços de 
engenharia e aquisição de bens.
 Em 23 de janeiro de 2013, foi editado o Decreto 7.892, que regulamenta 
o SRP previsto no art. 15 da Lei 8.666/1993. Esse decreto conceitou o SRP 
como um procedimento administrativo para futura contratação de bens 
e serviços, em que as empresas vencedoras assumem o compromisso de 
fornecer bens e serviços a preços e prazos registrados em uma ata específica, 
denominada Ata de Registro de Preços. Durante a validade da ata, os órgãos 
participantes poderão contratar os produtos ofertados pelas empresas pelos 
preços registrados na ata. 
[ 17 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Embora o SRP seja um sistema que facilite as contratações públicas, 
ele não era utilizado para obras de engenharia em decorrência do disposto 
na legislação, a qual só permitia que esse sistema fosse utilizado para 
o fornecimento de bens e para a prestação de serviços à Administração 
Pública.
Entretanto, alguns órgãos passaram a contratar obras de construção 
com projetos padrões e metodologias construtivas diferenciadas e 
padronizadas, a fim de caracterizar o objeto como aquisição de bens. 
Em um caso concreto (glossário), o TCU admitiu a utilização do 
SRP pelo FNDE, para a construção de creches, utilizando metodologias de 
construção padronizadas. 
Recentemente, o art. 89 do Decreto 7.581/2011 (Decreto RDC) foi 
alterado, de forma que incluíram a previsão de utilização de SRP para obras 
com características padronizadas.
Contudo, entendemos que a utilização de SRP para obras ainda não 
está pacificamente autorizada, uma vez que o Decreto inovou onde a Lei 
silenciou. Assim, recomendamos o acompanhamento das futuras decisões 
do TCU a respeito desse tema.
4.4 Incentivos à participação de Microempresas (ME) e 
Empresas de Pequeno Porte (EPP)
De acordo com a Lei Complementar 123/2006, são consideradas 
microempresas aquelas que possuam faturamento bruto anual inferior 
a R$ 360.000,00. Por sua vez, as empresas de pequeno porte devem ter 
seu faturamento bruto anual situado na faixa entre R$ 360.000,00 e R$ 
3.600.000,00.
Essa Lei Complementar 123/2006 também conferiu diversas vantagens 
competitivas às microempresas e empresas de pequeno porte quando de 
sua participação em licitações públicas.
As principais vantagens são:
yy Prazo de 2 dias úteis para regularização fiscal da microempresa 
ou empresas de pequeno porte, contados da data em que forem 
declaradas vencedoras da licitação, no caso de terem sido 
detectadas restrições na regularidade fiscal da empresa;
yy Preferência de contratação para microempresas ou empresas de 
pequeno porte no caso em que suas propostas sejam iguais ou 
[ 18 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
até 10% superiores à proposta melhor classificada da licitação, 
no caso das modalidades licitatórias da Lei 8.666/1993, e até 5% 
no caso de pregões.
Na prática, essa preferência de contratação se dá com a possibilidade 
ofertada à microempresa ou empresas de pequeno porte para que apresente 
proposta de preços inferior à vencedora do certame. No caso específico de 
pregões, a microempresa ou empresa de pequeno porte melhor classificada 
poderá apresentar novo lance em até 5 minutos após o encerramento dos 
lances das demais licitantes.
Outras disposições da Lei Complementar 123/2006 compreendem: 
(i) a possibilidade de realização de certames destinados exclusivamente 
a microempresa ou empresa de pequeno porte, desde que seu objeto 
seja inferior a R$ 80.000,00; (ii) a possibilidade de exigir dos licitantes a 
subcontratação de microempresa ou empresa de pequeno porte, desde 
que o percentual de subcontratação não exceda 30% do valor do objeto; 
(iii) o estabelecimento de cota de 25% do objeto para a contratação de 
microempresa ou empresa de pequeno porte, em licitações cujo objeto seja 
a aquisição de bens ou serviços divisíveis.
5. Regimes de execução (EPU, EPG)
A Lei 8.666/93 define os regimes de como se dá a contratação e execução 
de obras e serviços de engenharia, os chamados regimes de execução.
Os regimes dispostos pela referida Lei são: (i) a empreitada por preço 
global; (ii) a empreitada por preço unitário; (iii) a tarefa; e (iv) a empreitada 
integral.
Em síntese, a empreitada por preço global ocorre quando a execução 
da obra é contratada pelo seu total. Já a empreitada por preço unitário é 
destinada para obras em que não é possível determinar com precisão as 
quantidades, sendo fixados somente os preços unitários dos serviços, 
independentemente da quantidade executada.
O regime por tarefa não é adequado para obras de maior porte, como a 
própria lei define (art. 6º, inciso VIII, ‘d’). Por sua vez, a empreitada integral, 
usualmente, é utilizada em obras industriais de grande envergadura, como 
refinarias, fábricas de semicondutores etc. Isso ocorre porque a empreitada 
integral inclui a etapa de entrada em operação no escopo do contrato, haja 
vista os complexos serviços de pré-operação de uma planta industrial dessa 
magnitude.
[ 19 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Dessa forma, o gestor se depara com quatro possíveis regimes para 
contratar e executar uma obra de edificação administrativa. Desses, os 
mais comuns são a empreitada por preço global e a empreitada por preço 
unitário, razão pela qual esse curso detalhará com mais minúcias esses dois 
regimes.
Conforme será visto adiante, a escolha do regime de contratação traz 
reflexos significativos na fiscalização e na medição dos serviços da obra, a 
ser realizada na fase de execução contratual do empreendimento.
Antes de adentrar nas particularidades da EPG e da EPU, cabe 
salientar que a recente Lei 12.462/2011, que instituiu o Regime Diferenciado 
de Contratações Públicas (RDC), inovou com mais uma possibilidade de 
regime de execução, a saber, a contratação integrada, cuja definição já foi 
abordada anteriormente nessa mesma aula.
5.1 Empreitada por preço global (EPG)
Na empreitada por preço global, a obra será contratada “por preço 
certo e total”. Tendo em vista essa definição, esse regime é indicado quando 
os quantitativos dos serviços a serem executados puderem ser definidos 
com precisão. Por essa razão, o regime de empreitada por preço global exige 
um detalhamento completo de todos os componentes da obra, a fim de que 
haja incertezamínima na orçamentação da obra.
Em outras palavras, o projeto básico, que já precisava ser preciso e 
completo em qualquer regime de execução, deve ter detalhamento ainda 
maior no regime de empreitada por preço global, o que exige também 
maior rigor nas definições das soluções detalhadas de engenharia adotadas 
no projeto.
Isso ocorre porque a contratada, no regime de empreitada por preço 
global, poderá responder por eventuais erros ou omissões na quantificação 
dos serviços, a exemplo daqueles casos em que é possível à contratada 
quantificar adequadamente os itens de serviços por meio do projeto básico.
Além disso, as Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO), desde 2011, 
vêm trazendo disposições relativas à execução de obras sob o regime 
de empreitada por preço global. O art. 127, § 6º, da Lei 12.309/2010 
(LDO/2011), por exemplo, estabeleceu ser possível que as propostas dos 
licitantes tenham valores diferentes dos referenciais de preços, atendida a 
condição de que o preço global orçado “e o de cada uma das etapas previstas 
no cronograma físico-financeiro do contrato” sejam iguais ou inferiores ao 
valor calculado por meio dos sistemas referenciais.
[ 20 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
A LDO/2011 também estabeleceu que o contrato deveria conter o 
cronograma físico-financeiro da obra com a especificação física completa 
de cada uma das etapas que servirá de medição e monitoramento do 
empreendimento. Essas regras foram repetidas nas LDO/2012 e LDO/2013.
Por fim, uma importante inovação trazida pelo art. 102, § 6º, da 
LDO/2013 foi a limitação de que eventuais alterações contratuais em 
contratos de EPG, sob alegação de falhas ou omissões de projeto, não 
poderão totalizar mais do que 10% do valor total do contrato, mantido o 
desconto dado na proposta.
Além disso, o Decreto 7.983/2013, que estabelece regras e critérios 
para elaboração do orçamento de referência de obras de engenharia, 
contratados e executados com recursos da União, também disciplina 
questões relativas à adoção do regime de Empreitada por Preço Global. 
Entre as disposições do normativo, o art. 13, inciso I, traz as mesmas regras 
da LDO/2013 referentes aos critérios de aceitabilidade de preços unitários 
dos licitantes e à limitação de aditivos sob alegação de falhas ou omissões 
de projeto.
Em decorrência da edição do Decreto 7.983/2013, o qual trouxe 
regras específicas acerca da adoção do regime de EPG, a LDO 2014 não 
tratou mais sobre esse assunto.
Embora haja expressa disposição normativa acerca de aditivos em 
contratos sob regime de EPG, esse tema foi objeto de atenção do TCU no 
Acórdão 1.977/2013-Plenário.
Esse Acórdão traz entendimentos do TCU acerca: (i) das diferenças 
entre os regimes de execução; (ii) das situações em que o uso de cada um 
deles é mais recomendado; (iii) da necessidade de termos aditivos em cada 
um dos regimes, entre outras disposições. Esse Acórdão é muito importante 
para entender melhor o assunto.
Por causa dessas características, é fundamental que o projeto básico 
de uma obra a ser licitada por empreitada por preço global seja ainda 
mais minucioso e detalhado. Além disso, eventuais falhas no projeto 
básico trazem consequências de maior impacto em obras contratadas por 
empreitada por preço global, uma vez que ao negar a possibilidade de termos 
aditivos, a contratada poderá não suportar os preços ofertados na licitação, 
ao passo que, se realizar todos os acréscimos que não estavam previstos, a 
administração pode não ter escolhido a proposta mais vantajosa.
Por isso, recomenda-se adotar esse regime em obras nas quais seja 
possível prever com razoável grau de precisão as quantidades envolvidas. 
Para saber mais...
Recomenda-se a leitura 
integral do Acórdão 
1.977/2013-TCU-Plenário
[ 21 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
O exemplo mais claro disso é a construção de uma edificação. Numa obra 
de edificação, é possível calcular as quantidades dos diversos elementos que 
formam a obra como um todo, estrutura, alvenaria, instalações elétricas e 
hidrossanitárias etc.
Já em uma obra de reforma, cujo emprego da EPG não é recomendado, 
como veremos mais adiante, há um maior grau de incerteza em suas 
quantidades, já que muitas vezes não é possível prever exatamente o que 
será encontrado numa obra de reforma.
5.2 Empreitada por preço unitário (EPU)
Consoante a Lei de Licitações e Contratos, a empreitada por preço 
unitário consiste na execução da obra ou do serviço por preço certo de 
unidades determinadas. Disso decorre que é o regime mais indicado 
para obras cujos quantitativos não puderem ser definidos com adequada 
precisão.
Cabe ressaltar que, conquanto o projeto básico de uma licitação 
realizada sob empreitada por preço unitário não precise ter o mesmo grau 
de detalhamento exigido para uma empreitada por preço global (art. 47 da 
Lei 8.666/1993), a completude do projeto básico, definido no art. 6º, inciso 
IX, da Lei 8.666/93, deve ser respeitada.
Contudo, a existência de uma imprecisão nos quantitativos dos serviços 
não implica, por si só, deficiência do projeto básico. Com efeito, mesmo 
em projetos cuidadosamente elaborados e detalhados, há alguns tipos de 
serviços cujos quantitativos possuem um maior nível de imprecisão. Esse 
é o caso dos serviços de movimentação de terra em rodovias e barragens.
Por essa razão, é recomendável que essas tipologias de obras sejam 
contratadas sob o regime de empreitada por preço unitário.
Esse regime retira parcela significativa do risco atribuído ao contratado 
para a execução dos serviços, uma vez que os quantitativos medidos em 
campo corresponderão, efetivamente, aos pagamentos, conforme mostrou 
o Acórdão 1.977/2013-TCU-Plenário.
Dessa forma, verifica-se que o projeto básico sempre constitui 
elemento essencial ao sucesso da licitação, contratação e execução do 
empreendimento, independentemente do regime de execução adotado 
(exceto na contratação integrada prevista no RDC).
[ 22 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
5.3 Diferenças
De modo geral, as diferenças básicas entre os regimes de empreitada 
por preço global e empreitada por preço unitário residem: (i) na maneira 
como são realizadas as medições da obra; e (ii) no risco assumido pela 
contratada na execução da obra, em função da diferença no modo de medir 
e pagar.
Na empreitada por preço unitário, há a necessidade de uma fiscalização 
que acompanhe a execução de cada unidade de serviço. As medições em 
empreitada por preço unitário devem ser bastante detalhadas e trazer 
boletins que fundamentem com precisão essas quantidades.
Já na empreitada por preço global, as medições são efetuadas com 
base em etapas de serviço, de acordo com o cronograma físico-financeiro 
da obra ou com as etapas definidas objetivamente e previamente no edital 
de licitação.
Por exemplo, um edital de licitação de uma obra a ser contratada 
pelo regime de empreitada por preço global pode definir que seja pago 
o valor global das fundações, após a conclusão dessa etapa. Concluída a 
estrutura da obra, o valor previsto para essa etapa deverá ser pago, e assim 
sucessivamente, até a conclusão da obra.
Por isso, na empreitada por preço global, eventuais e pequenas 
imprecisões nos quantitativos da planilha orçamentária deverão ser 
suportadas pelo contratado. E também em razão desse modo de medir e 
pagar uma obra sob o regime de empreitada por preço global, o esforço da 
fiscalização é menor.
6. Tipo de licitação
A Lei 8.666/1993 define os seguintes tipos de licitação: (i) menor 
preço; (ii) melhor técnica; (iii) técnica e preço; e (iv) de maior lance ou 
oferta. O último tipo, “maior lance ou oferta”, só é utilizado no caso de 
alienação de bens ou concessão de direito real de uso. Portanto, os tipos de 
licitação que se aplicam a obras públicas são os três primeirosmostrados.
Por sua vez, o RDC também trouxe, adicionalmente, algumas 
novidades nos tipos de licitação. O tipo “menor preço” também pode ser 
realizado pelo “maior desconto”. A “melhor técnica” também pode ser pelo 
“melhor conteúdo artístico”. Além destes, foi também criada um novo tipo 
de licitação/critério de julgamento: “maior retorno econômico”.
[ 23 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
O tipo “menor preço” ou “maior desconto”, o mais comum deles e que 
deve ser utilizado como regra, é aquela cujo vencedor apresenta proposta 
contemplando as exigências do edital e oferta o menor preço ou o maior 
desconto. É importante dizer que o fato de uma empresa apresentar menor 
preço global ou maior desconto não assegura automaticamente que seja 
declarada vencedora do certame, já que deverá também atender a todas as 
demais condições exigidas no edital.
A Lei 8.666/1993 afirma que as licitações dos tipos “melhor técnica” 
ou “técnica e preço” só podem ocorrer para contratar serviços de natureza 
intelectual, a exemplo da elaboração de projetos, da realização de supervisão 
e apoio à fiscalização de obras ou de engenharia consultiva em geral, 
sobretudo para a elaboração de projetos básicos.
Já o RDC estabelece que o julgamento pela “melhor técnica” ou 
“melhor conteúdo artístico” poderá ser utilizado para a contratação de 
projetos arquitetônicos, mas não para projetos de engenharia.
A maior diferença entre o tipo “menor preço” e os tipos “melhor 
técnica” ou “técnica e preço” encontra-se na forma de classificação das 
empresas participantes da licitação.
A classificação nas licitações do tipo “melhor técnica” ocorre entre as 
empresas habilitadas e que tenham atingido a pontuação técnica mínima 
exigida no edital. O preço limite para a contratação é o menor dentre os 
preços ofertados pelos licitantes classificados. E o vencedor será aquele que 
obtiver a melhor nota técnica.
Já a classificação no tipo “técnica e preço” obedece a uma média 
ponderada entre as notas técnicas e notas de preços de cada uma das 
propostas das licitantes, seguindo pesos definidos no edital.
No caso dessa última, o RDC permite atribuir fatores diferentes para 
preço e para técnica, sendo que o limite máximo de ponderação mais 
relevante a 70% (art. 20, §2º, da Lei 12.462/2011). 
6.1 Como escolher o adequado
A execução de obras, regra geral, deve ser licitada pelo tipo menor 
preço. Há uma exceção para o caso de obras de grande vulto que dependam 
de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, atestado por autoridades 
técnicas da área e de reconhecida qualificação, ou ainda no caso em 
que a obra admita soluções técnicas alternativas, que tragam melhorias 
consideráveis sobre a qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade 
da obra, de acordo com critérios objetivos fixados no edital. Nesses casos, o 
[ 24 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
art. 46, §3º, da Lei 8.666/1993 admite que essas obras sejam licitadas pelos 
tipos melhor técnica ou técnica e preço.
Por sua vez, como já falamos acima, a contratação de empresas 
para elaboração de projetos básicos, ou ainda para a supervisão e apoio 
à fiscalização de obra, pode ser realizada em licitações do tipo “melhor 
técnica” ou “técnica e preço”.
7. Parcelamento x Fracionamento do objeto
O parcelamento deve ser feito em tantas parcelas quantas se 
comprovarem técnica e economicamente viáveis, a fim de que seja 
privilegiada a eficiência na contratação e a ampliação da competitividade. 
O parcelamento do objeto é a regra, nos exatos termos do art. 23, § 1º, da 
Lei 8.666/93.
Já o fracionamento do objeto é bem diferente e constitui uma 
irregularidade grave. O fracionamento é o desmembramento do objeto 
com vistas a utilizar modalidade de licitação mais simples do que caso esse 
mesmo objeto fosse licitado em sua totalidade.
Isso posto, convém enfatizar que o parcelamento deve ser concebido 
de tal maneira que não haja dificuldades futuras na atribuição de 
responsabilidades por eventuais defeitos de construção. Por exemplo, em 
uma edificação, haveria dificuldade em apontar o responsável por uma 
trinca nas paredes do último pavimento, pois o executor da alvenaria poderia 
querer responsabilizar quem ergueu a estrutura que, por sua vez, poderia 
apontar como responsável o contratado pela execução das fundações.
Em suma, como deve ser parcelada a contratação de uma edificação 
complexa com diversos sistemas e instalações interdependentes? Essa é 
uma pergunta que demanda análise e estudo de cada caso concreto.
A jurisprudência do TCU vem apontando que alguns equipamentos 
e instalações especiais de uma edificação, a exemplo dos sistemas de ar 
condicionado e elevadores, podem ser adequadamente parcelados, sem 
que haja prejuízo na atribuição de responsabilidades relativas ao conjunto 
da obra (cf. Acórdãos 1.914/2003-TCU-Plenário, 1.544/2006-TCU-1ª 
Câmara, 2.067/2006-TCU-Plenário).
Esses sistemas exigem empresas especializadas em seu fornecimento 
e instalação, acarretando, via de regra, que a empresa contratada para 
executar o empreendimento integralmente subcontrate esses serviços. 
[ 25 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Dessa forma, em tese, seria mais econômico contratar esses 
equipamentos e sua instalação separadamente das obras civis da edificação. 
Contudo, isso não é uma regra geral a ser aplicada sem meditação, por 
conta das peculiaridades de cada obra. Por isso a opção pelo parcelamento 
deve levar em conta os aspectos operacionais e impactos na gestão da obra 
decorrentes da decisão da Administração.
Para outro exemplo, tal como a aquisição de mobiliário e equipamentos 
hospitalares em conjunto com as obras civis de um hospital, fica claro 
que o parcelamento é a melhor opção, uma vez que poucas empreiteiras 
possuem experiência no ramo empresarial de equipamentos hospitalares, o 
que tornará o universo de possíveis competidoras injustificadamente mais 
restrito (cf. Súmula TCU 247/2004, Acórdão 1.425/2007-TCU-Plenário).
8. BDI Diferenciado
Nos casos em que alguns materiais e/ou equipamentos, por si só, 
corresponderem a um percentual significativo no preço global da obra, 
e houver justificativa técnica comprovando a inviabilidade de licitação 
específica para sua compra, o percentual de BDI deve ser menor do que 
aquele aplicado sobre o valor da prestação de serviços, conforme estabelece 
a Súmula-TCU 253/2010. Isso vale para os itens de fornecimento de 
materiais e equipamentos de natureza específica (que possam ser fornecidos 
por empresas com especialidades próprias e diversas) e que representem 
percentual significativo do preço global da obra.
Esse entendimento encontra-se disposto no art. 9º, § 1º, do Decreto 
7.983/2013, em que, havendo justificativa prévia, o fornecimento de 
materiais e equipamentos relevantes pode ser realizado juntamente com a 
execução dessa obra, porém com uma taxa de BDI reduzida, ressalvando-
se o caso de fornecimento de equipamentos, sistemas e materiais por 
encomenda, não padronizados e não enquadrados como itens de produção 
regular e contínua, cuja taxa de BDI pode ser calculada com base na sua 
complexidade, conforme prevê o § 2º desse dispositivo legal.
Os serviços de engenharia são a atividade principal da empresa 
contratada, sendo o fornecimento de equipamentos e materiais apenas 
uma atividade acessória. Por configurar uma atividade econômica de mera 
intermediação da construtora, o que requer uma menor mobilização e 
complexidade no gerenciamento e na execução por parte da empresa, não 
seria razoável aplicar a taxa de BDI dos serviços de engenharia da obra.
SÚMULA TCU Nº 253/2010
Comprovada a 
inviabilidade técnico-
econômica de 
parcelamento do objeto 
da licitação, nos termos 
da legislação em vigor, os 
itens de fornecimento de 
materiais e equipamentos 
de naturezaespecífica 
que possam ser 
fornecidos por empresas 
com especialidades 
próprias e diversas e que 
representem percentual 
significativo do preço 
global da obra devem 
apresentar incidência 
de taxa de Bonificação e 
Despesas Indiretas - BDI 
reduzida em relação à 
taxa aplicável aos demais 
itens.
[ 26 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
A redução da taxa de BDI para fornecimento de materiais e 
equipamentos relevantes se justifica pelo fato de as parcelas relativas 
à administração central e à remuneração do particular apresentarem 
percentuais inferiores em relação aos estabelecidos para a execução da 
obra, dado que o simples fornecimento desses bens apresenta menor 
complexidade e exige menor esforço e tecnologia em relação aos demais 
serviços prestados. 
9. Habilitações 
9.1 Exigências de qualificação econômico-financeira
O art. 31 da Lei 8.666/93 traz as exigências de qualificação econômico-
financeira, as quais devem sempre assegurar os requisitos mínimos que 
uma empresa deve possuir para gerenciar e executar o objeto, quais sejam:
I. balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último 
exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que 
comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua 
substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo 
ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 
3 (três) meses da data de apresentação da proposta;
II. certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo 
distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução 
patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
III. garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no 
“caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) 
do valor estimado do objeto da contratação.
As irregularidades mais comuns que ocorrem sobre esse tema são:
yy Exigência de índices contábeis mais restritivos que os usualmente 
adotados para correta avaliação da situação financeira da 
empresa. Os índices mais comuns de serem adotados são os de 
Liquidez Geral (LG), Liquidez Corrente (LC) e o de Solvência 
Geral (SG). De acordo com a Instrução Normativa n. 5/1995, 
do antigo Ministério da Administração e Reforma do Estado 
(MARE), a exigência é que esses índices reflitam a saúde 
financeira necessária a adequada execução da obra, sem, por 
outro lado, criar condições restritivas. A jurisprudência do 
TCU aponta que esses índices devem ser exigidos considerando 
as peculiaridades do caso concreto, sem perder de vista a 
[ 27 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
razoabilidade e a competitividade do certame (cf. Acórdãos 
184/2012-Plenário, 2.028/2006-1ª Câmara).
yy Exigência simultânea de requisitos de capital social mínimo 
e garantias para fins de qualificação econômico-financeira. 
Essas exigências podem ser feitas isoladamente. Porém, é uma 
irregularidade se forem feitas em conjunto no mesmo edital.
9.2 Exigências de qualificação técnica operacional e 
profissional
A qualificação técnica operacional e/ou profissional também deve 
constar dos editais de licitação de obras e serviços de engenharia.
Cabe notar que o art. 30 da Lei 8.666/93 traz as exigências que 
poderão ser feitas quanto à qualificação técnica operacional e profissional, 
nos seguintes incisos:
I. registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II. comprovação de aptidão para desempenho de atividade 
pertinente e compatível em características, quantidades e prazos 
com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do 
aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para 
a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de 
cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará 
pelos trabalhos;
III. comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os 
documentos e, quando exigido, de que tomou conhecimento de 
todas as informações e das condições locais para o cumprimento 
das obrigações objeto da licitação;
IV. prova do atendimento de requisitos previstos em lei especial, 
quando for o caso.
No caso de obras públicas, a primeira exigência está relacionada à 
necessidade de registro da empresa no competente Conselho Regional de 
Engenharia e Agronomia – CREA ou Conselho de Arquitetura e Urbanismo 
– CAU da localidade de origem da empresa. De acordo com a jurisprudência 
do TCU, a exigência de visto no conselho do local da realização do serviço 
somente deverá ser exigido na contratação (cf. Decisões 279/98, 348/99 e 
Acórdãos 979/2005, todos do Plenário).
[ 28 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Já em relação ao inciso II mostrado acima, existem duas linhas básicas 
que delineiam a capacidade técnica a ser exigida do licitante:
yy capacidade técnica operacional: refere-se aos equipamentos, 
mão de obra e experiência que a empresa possui para executar 
a obra. A comprovação dessa capacidade se dá por meio de 
atestados de capacidade técnica que demonstram a experiência 
da empresa na realização de contratos de obras similares, em 
termos de tamanho, qualidade e prazo;
yy capacidade técnica profissional: diz respeito à experiência dos 
profissionais que tenham vínculo com a empresa na execução 
anterior de empreendimentos similares em complexidade à 
obra licitada.
9.3 Capacidade técnico-operacional
Com relação à capacidade técnico-operacional, o TCU consolidou 
seu entendimento acerca do tema por meio da Súmula TCU 263/20113.
Cabe ressaltar que a Súmula deixa claro que as exigências de capacidade 
técnico-operacional não devem extrapolar as parcelas de maior relevância 
e valor significativo do objeto. Muitas vezes, existem numa obra serviços 
relevantes que não perfazem percentual significativo frente ao valor total 
do objeto. Para esses serviços, é irregular sua exigência como critério de 
habilitação técnica. (ex: enquanto que, numa obra em que os serviços de 
estrutura metálica representassem 40% do custo total da obra, seria razoável 
pedir a comprovação de execução anterior de quantidades mínimas desse 
tipo de serviço, o mesmo não ocorreria com relação à uma obra em que 
essa rubrica alcançasse somente 10% do valor total do contrato). 
Acerca de quantitativos, pergunta-se: quais os quantitativos adequados 
a serem exigidos de modo que não configurem nem insegurança na 
contratação, tampouco restrição à competitividade? O TCU vem afirmando 
que cada caso deverá ser analisado em suas peculiaridades, sobretudo 
embasado na razoabilidade e na proporcionalidade.
Dessa forma, existem alguns julgados, como os Acórdãos 1.284/2003, 
2.088/2004, 2.656/2007 e 1.390/2010, todos do Plenário, que indicam 
que a comprovação de experiência em percentual superior a 50% dos 
quantitativos a executar é excessiva.
3 - A redação da Súmula TCU 263/2011 é: Para a comprovação de capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde 
que limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal a 
exigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com características semelhantes, 
devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a complexidade do objeto a ser executado.
[ 29 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Cabe ressaltar que esses Acórdãos não vinculam, necessariamente, 
que a exigência quantitativa para fins de qualificação técnica operacional 
deva ser de 50% dos quantitativos dos serviços a executar. Em outras 
palavras, acima de 50% a exigência de quantitativos tende a ser considerada 
excessiva, consoante a jurisprudência do TCU, porém, abaixo disso deve 
ser estudado e analisado no caso concreto qual o percentual razoável.
Outra prática condenada pela jurisprudência do TCU é a exigência 
de apresentação de número mínimo de certidões/atestados (cf.Acórdãos 
298/2002, 351/2002, 330/2005, 539/2007, 739/2007, 43/2008 e 1.593/2010, 
todos do Plenário). Nota-se que essa exigência é ilegal, uma vez que o texto 
da lei não diz nada a respeito da quantidade de documentos necessários 
para provar a capacidade técnica operacional. Portanto, a fim de ampliar a 
competitividade do certame, esse tipo de exigência é descabido. (ex: exigir 
a apresentação de pelo menos 3 atestados comprovando a experiência em 
obra ou serviços anteriores seria ilegal)
Também é criticada a fixação de número máximo de atestados, de 
modo que todas as exigências quantitativas do edital devessem ser atendidas 
em um único atestado, por exemplo. De fato, essa exigência restringe 
a competitividade da licitação nos termos dos Acórdãos 1.678/2006, 
597/2008, ambos do Plenário e Acórdão 2.616/2008-TCU-2ª Câmara.
Mais um problema identificado em editais de obras públicas consiste na 
exigência de experiência na execução de serviço atrelado a alguma tipologia 
de obra em particular, como solicitar experiência em realizar fundações 
de edificações hospitalares; ou que o concreto de alto desempenho tenha 
sido realizado em obras aeroportuárias. A regra geral, especialmente em 
obras de edificações, é a da impossibilidade dessas exigências (cf. Acórdãos 
1.733/2010, 1.502/2009 e 311/2009, todos do Plenário).
É imprescindível também que todas as exigências feitas no edital 
sejam devidamente justificadas nos autos do processo de licitação.
Por fim, assunto que gera grande controvérsia é a possibilidade de 
somatório de atestados de capacidade técnica operacional, com vistas a 
atingir determinado quantitativo exigido em edital.
O TCU vem decidindo que essa possibilidade deve ser analisada 
e averiguada caso a caso, não havendo uma regra geral que se aplique 
indiscriminadamente.
Quem apresenta dez atestados referentes a edificações de 340 m² cada, 
não estaria habilitado a construir uma de 3.400 m², pois esta seria muito 
mais complexa. Da mesma forma, dez atestados de pontes de cinquenta 
[ 30 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
metros de vão não garantem experiência na construção de uma ponte de 
quinhentos metros.
Existem casos em que o somatório é perfeitamente válido e possível, 
como, por exemplo, uma licitante que consiga escavar 400 m³ de terra por 
hora poderá escavar quantitativo muito maior num tempo proporcional, 
ou quem constrói um edifício de 10 pavimentos em 12 meses, consegue 
realizar 3 edifícios de mesmo porte em 36 meses. Nos dizeres de Campelo & 
Jardim (2012), “a quantidade de mão-de-obra, equipamentos e capacidade 
gerencial, em razão da proporcionalidade entre as quantidades e prazos, 
não traz qualquer complicação operacional aos licitantes”.
Respeitada a proporção entre o prazo de execução e a quantidade, é 
adequado o somatório de atestados, uma vez que o acréscimo de quantidade 
não acarreta necessidade de aumento na capacidade operacional da 
empresa.
Caso o prazo de execução demandado pelo objeto da licitação seja 
inferior ao demonstrado nos atestados, há alteração na exigência de 
capacidade operacional da empresa. Por exemplo, a execução de três pontes 
em três meses é muito menos complexa do que três pontes em um mês e 
meio.
A análise sobre a viabilidade de somatório de atestados deve recair 
sobre a demonstração de que a execução de quantidades superiores 
dos serviços não acarretem maior capacidade operativa das licitantes, 
seja porque não há aumento da complexidade técnica da obra, seja pela 
proporcionalidade entre quantidade e prazo para concluir o objeto.
9.4 Capacidade técnico-profissional
A capacidade técnico-profissional está relacionada ao conhecimento 
e experiência que os profissionais indicados pela licitante possuem, 
adquiridas pela execução de empreendimentos anteriores.
Acerca desse tipo de comprovação intelectual dos profissionais 
da licitante, o art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93 veda a exigência de 
quantidades mínimas de serviços ou prazos máximos. Não obstante, o 
TCU vem se deparando com diversos editais de licitação contendo esse 
tipo de irregularidade, como mostram os Acórdãos 3.063/2011, 3.105/2010 
e 276/2011, todos do Plenário.
A questão do vínculo exigível entre a empresa licitante e o profissional 
indicado que seja detentor do atestado, no momento da habilitação do 
certame, tem encerrado uma controvérsia.
[ 31 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
Não há dúvida que o profissional indicado para fins de habilitação 
deverá participar da execução futura da obra, nos exatos termos do art. 30, 
§ 10, da Lei 8.666/93, e, em caso de sua substituição, o novo profissional 
deve deter experiência equivalente ou superior.
Conquanto o texto legal (cf. Art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93) 
tenha consagrado a expressão de que o profissional deva ser integrante do 
quadro permanente da empresa, o TCU tem entendido que é descabida a 
exigência de que o profissional indicado seja, exclusivamente, empregado, 
sócio ou diretor da empresa.
Impor à licitante o custo de contratar profissional qualificado pelo 
período do certame sem haver certeza quanto à futura execução da obra é 
impor ônus excessivo e que poderá afastar potenciais licitantes.
Nos termos da Súmula TCU 272/2012, no edital de licitação, é vedada 
a inclusão de exigências de habilitação para cujo atendimento os licitantes 
tenham de incorrer em custos que não sejam necessários anteriormente à 
celebração do contrato.
A jurisprudência do TCU vem apontando que é suficiente a 
apresentação de declaração de contratação futura do profissional indicado, 
acompanhada de sua anuência (cf. Acórdãos 800/2008, 1.043/2010, 
1.762/2010, 3.095/2010, todos do Plenário).
9.5 Exigência de visita técnica do licitante
Uma prática comum nos editais de licitação de obras é a exigência 
de visita técnica por parte do licitante ao local das obras. Os órgãos vêm 
embasando essa cláusula em vista do art. 30, inciso III, da Lei 8.666/93.
No entender de muitos órgãos, a visita também diminui o risco de 
solicitações de futuros aditivos contratuais por parte do contratado, com 
base no desconhecimento das condições locais de implantação da obra.
No entanto, o que se percebe, na prática, é que essa exigência muitas 
vezes configura restrição indevida à competitividade do certame, uma 
vez que importa em deslocamento de profissional da empresa licitante, o 
que pode afastar empresas de municípios distantes do local da obra e que 
poderiam ofertar preços menores no certame.
Além disso, alguns órgãos preveem em edital que a visita seja 
marcada com vários licitantes simultaneamente e seja realizada apenas pelo 
profissional responsável técnico da empresa, acompanhado por servidor do 
órgão contratante com formação em engenharia.
[ 32 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
Essa também é uma exigência não prevista na lei. Aliás, esse 
procedimento permite que os licitantes conheçam seus futuros concorrentes 
antes da formulação das propostas, possibilitando eventuais conluios entre 
os participantes.
Diante disso, a jurisprudência do TCU vem considerando que, para 
cumprimento do disposto no art. 30, inciso III, da Lei 8.666/93, é suficiente 
exigir a simples declaração do licitante de que conhece as condições locais 
para a execução do objeto, conforme consignam os Acórdãos 1.174/2008, 
800/2008, 2.150/2008 e 1.599/2010, todos do Plenário.
10. Edital - o que deve conter
A Lei 8.666/1993 traz uma série de requisitos que devem ser 
respeitados na redação de um edital. Esses requisitos podem ser 
sintetizados em seis diretrizes: (i) caracterização da obra; (ii) previsão de 
dotações orçamentárias; (iii) exigências de habilitação das licitantes; (iv) 
exigências para a contratação; (v) critérios de julgamento das propostas; e 
(vi) informações obrigatórias que devem constardo edital.
A caracterização da obra se fundamenta no projeto básico, já abordado 
neste curso. As dotações orçamentárias e as regras para habilitação também 
já foram mencionadas.
As regras da contratação, englobando o regime de execução da obra, 
a forma de pagamento, os prazos de execução e vigência e as garantias 
contratuais serão abordadas com mais detalhes na próxima aula. Apesar 
disso, já foram abordados aspectos relativos aos regimes de execução, 
empreitada por preço global e empreitada por preço unitário, nesta aula.
Outra questão importante tem a ver com a minuta do contrato. De 
acordo com a Lei 8.666/1993, ela deve integrar o edital. Deve passar também 
pela análise e aprovação das instâncias jurídicas do órgão contratante.
Essa minuta deverá trazer todos os elementos previstos na lei: (i) o 
objeto do contrato; (ii) o regime de execução; (iii) o preço e as condições 
de pagamento; (iv) os prazos de execução e vigência; (v) os créditos 
orçamentários pelos quais serão pagas as despesas do contrato; (vi) 
garantias; (vii) direitos e responsabilidades das partes; (viii) penalidades 
cabíveis e os valores das multas; (ix) os casos que importarão em rescisão 
contratual; e (x) a vinculação ao edital da licitação.
[ 33 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
10.1 Critérios objetivos de julgamento
Os critérios de julgamento de propostas são muito importantes para o 
sucesso da licitação. Dependendo da forma como forem definidos, poderão 
facilitar o andamento do certame e também o trabalho da fiscalização da 
obra.
A Lei 8.666/1993 traz também um critério para desclassificação de 
propostas que tenha valor global superior ao orçamento base da licitação 
ou cujos preços sejam inexequíveis. Nos termos da Lei, são inexequíveis as 
propostas que apresentam valores:
yy inferiores a 70% da média aritmética dos valores das propostas 
dos demais licitantes, excluídas aquelas que tenham preços 
menores que a metade do orçamento base, 
yy inferiores a 70% do valor do próprio orçamento base, adotando-
se o que for menor.
Importa mencionar que a Súmula TCU 262/2010 consolidou 
entendimento de que a presunção de inexequibilidade das propostas 
é relativa, por isso, nos casos em que forem encontradas propostas 
inexequíveis, a Administração deve dar ao licitante a oportunidade de 
demonstrar que seus preços são exequíveis.
No entanto, apenas esses critérios não são suficientes para garantir 
que uma proposta seja vantajosa para a Administração. Como se verá no 
item seguinte desta aula, é necessário fixar outro critério além do menor 
preço global e de desclassificar as propostas inexequíveis.
10.2 Critérios de aceitabilidade de preços
Registra-se que o critério de aceitabilidade de preço global vem sendo 
aplicado com frequência nos editais de licitação de obras públicas. Em regra, 
propostas cujo valor global seja superior ao orçamento da Administração 
são desclassificadas.
Embora a leitura do art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93 deixe clara a 
obrigatoriedade de adoção de critério de aceitabilidade de preços unitários 
– CAPU, com fixação de preços unitários máximos, essa exigência não vinha 
sendo aplicada nos editais de licitação de obras, sobretudo nas licitações 
por preço global. 
Contudo, o TCU passou a firmar o entendimento de que os editais 
de licitação de obras e serviços de engenharia devem conter essa exigência 
[ 34 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
em qualquer circunstância, o que foi reforçado quando as próprias leis de 
diretrizes orçamentárias passaram a estabelecer (a partir de 2004, com a Lei 
10.707/2003) que os custos unitários de materiais e serviços não poderiam 
ser superiores à mediana daqueles constantes do Sinapi.
Essa jurisprudência foi pacificada com a edição da Súmula TCU 
259/20104.
O Critério de Aceitabilidade de Preço Unitário tem como um de seus 
principais benefícios a mitigação do risco de futuros jogos de planilha na 
execução da obra.
Uma situação que deve ser esclarecida é a desclassificação de proposta 
com fundamento em critérios de aceitabilidade de preços unitários. Em 
outras palavras, a desclassificação com base nesse tipo de critério deve 
se pautar nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, conforme 
mostra o Acórdão 2.767/2011-TCU-Plenário.
Nesse julgado, o TCU analisou um caso de uma proposta de licitante 
que foi desclassificada com base em apenas um único item da planilha, que 
possuía preço unitário superior ao referencial da Administração, embora 
seu preço global fosse vantajoso.
Concluiu o TCU que nos casos em que o critério de aceitabilidade de 
preço unitário for desrespeitado com pouco impacto e a proposta do licitante 
possua desconto vantajoso no preço global, é indevida a desclassificação da 
proposta com base apenas nesse critério.
Dessa forma, o gestor deve avaliar, no caso concreto, a extensão da 
inobservância aos limites estabelecidos de preços unitários por parte da 
proposta de menor preço global e adotar a decisão mais adequada, nos 
termos do Acórdão mostrado.
10.3 Cláusulas obrigatórias do edital
A Lei 8.666/1993 exige que o edital de licitação informe em suas 
cláusulas alguns elementos obrigatórios. São eles:
a. Número de ordem em série anual;
b. Nome da repartição interessada;
4 - A exata redação da Súmula TCU 259/2010 é: “Nas contratações de obras e serviços de engenharia, a definição do 
critério de aceitabilidade dos preços unitários e global, com fixação de preços máximos para ambos, é obrigação e não 
faculdade do gestor.”
[ 35 ]Módulo 1 - Planejamento / Aula 4 - Licitação
c. Modalidade licitatória utilizada;
d. Regime de execução;
e. Tipo de licitação;
f. Local, dia e hora para recebimento da documentação e das 
propostas;
g. Objeto da licitação, em descrição clara e sucinta, fundamentada 
em projeto básico completo e adequado;
h. Prazo e condições para assinatura do contrato, para execução da 
obra e para conclusão da obra;
i. Penalidades e responsabilidades dos licitantes;
j. Condições de participação na licitação, em cláusulas de 
habilitação que não restrinjam a competitividade;
k. Critérios de julgamento das propostas;
l. Critério de aceitabilidade de preços unitários;
m. Critérios de reajuste de preços;
n. Limites para pagamentos das parcelas de mobilização e 
manutenção de canteiro de obras, que deverão ser orçadas 
obrigatoriamente na planilha de custos diretos;
o. Condições de pagamento;
p. Instruções para interposição de recursos;
q. Condições de recebimento provisório e definitivo da obra;
r. Projeto básico aprovado;
s. Orçamento analítico completo da obra;
t. Detalhamento do BDI adotado.
É importante dizer que essa lista acima não contempla todos os 
elementos. Como vimos nas aulas deste curso, há muitos outros documentos 
que devem compor o edital de licitação. Passa-se a detalhar a seguir alguns 
dos itens elencados acima.
[ 36 ] Obras Públicas de Edificação e de Saneamento
10.4 Orçamento completo
Já vimos em aulas anteriores que um dos itens que integra o projeto 
básico é o orçamento analítico da obra. Foi mostrado que esse orçamento 
deve ser completo, acompanhado das composições de custos unitários de 
todos os seus serviços, bem como devem ser evitados serviços orçados em 
“verba” ou em unidades genéricas. O detalhamento do BDI e o da taxa de 
encargos sociais também é essencial que integre esse orçamento, conforme 
dispõe a Súmula nº 258/2009 do TCU5.
O que cabe acrescentar nessa aula é que esse orçamento deve ser 
fornecido aos interessados junto com o edital, contendo todos esses 
elementos. Na prática, o que muitos órgãos fazem é entregar um CD com 
todas as planilhas eletrônicas do orçamento aos licitantes, ou publicarem 
esses arquivos em sítios da Internet junto com a íntegra do edital.
Lembrando que a exceção à regra

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