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2013 Licenciamento, avaLiação e controLe de impactos ambientais Prof. Luis Augusto Ebert Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof. Luis Augusto Ebert Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 333.714 E165l Ebert, Luis Augusto Licenciamento, avaliação e controle de impactos ambientais / Luis Augusto Ebert. Indaial : Uniasselvi, 2013. 187 p. : il ISBN 978-85-7830- 673-1 Impacto ambiental. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III apresentação Caro acadêmico! Se hoje em dia proteger a natureza é chique, há alguns anos não era assim. Fui criado em uma família tradicional, em uma pequena cidade, onde atirar com estilingue em passarinhos, sair para caçar, fazer trilhas em florestas, entre outras coisas, era algo natural. Mas algo me dizia que isso não era correto. E eu tinha razão. Mas quanto tempo foi necessário esperarmos para haver conscientização dessas questões? Na década de 70 ou 80, estas práticas não eram justificadas, no entanto, resultavam de uma mentalidade que as pessoas mais antigas carregavam, e que pareciam herdar do tempo dos exploradores, de que os recursos naturais são infinitos e passavam esta mentalidade adiante para filhos, netos e bisnetos. Porém, estudos mostraram que a natureza tem limites e que eles podem estar mais próximos do que pensamos, devido ao crescimento exponencial da nossa espécie e à manutenção de uma mentalidade humana retrógrada. Precisamos acordar! A natureza pede socorro e vários sintomas tornam-se cada vez mais aparentes: secas, chuvas intensas, desmatamentos, queimadas, poluição dos recursos hídricos, entre tantos outros. Assim, todas as questões voltadas à proteção dos nossos recursos naturais vêm crescendo vertiginosamente. É fato que, atualmente, quantidades significativas de projetos têm sido adotados, por inúmeras empresas e organizações de diferentes setores, contribuindo para a redução dos danos causados ao meio ambiente. E essa tendência não se deve somente à imposição legal dos órgãos competentes de proteção da natureza. No entanto, é preciso estarmos atentos ao verdadeiro significado desse movimento a favor do popular desenvolvimento sustentável. Será mesmo que muitos dos segmentos que adotam essas medidas estão preocupados com a conservação dos recursos naturais, ou apenas querem polir sua imagem? Será que no fundo ainda mantêm aquela consciência que nossos avós nos passaram? Muitas vezes, por falta de ética, muitos se apoiam nesse modismo para transmitir uma imagem que não condiz com a política adotada dentro de suas corporações. E é através desse Caderno de Estudos que você será capaz de identificar os procedimentos corretos relacionados a vários aspectos que caminham alinhados à sustentabilidade. No conteúdo da disciplina de Licenciamento, Avaliação e Controle de Impactos Ambientais, nós, acadêmicos(as), tomaremos conhecimento sobre novas regras e trataremos de ferramentas e instrumentos de gestão ambiental voltados ao desenvolvimento sustentável, legislação ambiental e aos atores envolvidos desde o início do processo. IV UNI Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! Esperamos que este estudo traga informações preciosas para que no futuro você possa desempenhar com excelência seu papel de gestor(a) do meio ambiente. Bons estudos! Autor: Luis Augusto Ebert V Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 – POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO E CONTROLE ...1 TÓPICO 1 – ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL .........................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL ...........................................................................................4 3 ORIGEM DO DIREITO E DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ....................................................5 4 OS TIPOS DE AMBIENTES .............................................................................................................7 5 HIERARQUIA DOS DOCUMENTOS LEGAIS ...........................................................................10 6 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA .....................10 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................18 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................19 TÓPICO 2 – ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................21 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................21 2 ASPECTOS GERAIS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA) ..........23 3 RESPONSABILIDADES ROVENIENTES DE ACIDENTES AMBIENTAIS .........................25 4 RESPONSABILIDADE CIVIL .........................................................................................................27 5 RESPONSABILIDADE PENAL .......................................................................................................28 6 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .............................................................................................28 7 DEFINIÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DANO AMBIENTAL.................................................29 8 SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS ORIUNDAS DE ATIVIDADES LESIVAS AO AMBIENTE NATURAL ............................................................................................30 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................32AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................33 TÓPICO 3 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL .......................................................................................35 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................35 2 NOÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL .............................................35 3 O CICLO DO PROJETO ....................................................................................................................36 4 IMPACTO AMBIENTAL ...................................................................................................................38 5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................................................39 6 DIFERENÇA ENTRE UMA LICENÇA E O PROCESSO DE LICENCIAMENTO ................40 7 TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS E PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO ..........................42 8 TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS ............................................................................................44 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................46 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................49 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................50 sumário VIII UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL .......................................51 TÓPICO 1 – ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL ...............................................................53 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................53 2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ..........................................................................................53 3 VULNERABILIDADE AMBIENTAL ..............................................................................................54 4 ECONOMIA AMBIENTAL ...............................................................................................................56 5 ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS ................................................................................57 6 VALORAÇÃO DOS BENS SERVIÇOS AMBIENTAIS ..............................................................58 7 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.......................................................................................60 8 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS ........................................................................64 9 O CONCEITO DE PEGADA ECOLÓGICA ..................................................................................65 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................68 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................69 TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS ......................................................................................... 71 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................71 2 GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO: PRINCIPAIS DIFERENÇAS ................................................71 3 A GESTÃO EM UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA ...................................................76 4 TÉCNICAS DE GESTÃO ..................................................................................................................77 5 CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL .....................................................................................82 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................84 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................85 TÓPICO 3 – CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEM DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) ..............................................................................87 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................87 2 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL .......87 3 GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS .......................................................................................88 4 O CICLO PDCA ..................................................................................................................................89 5 ESTABELECIMENTO DE UMA POLÍTICA AMBIENTAL DENTRO DA EMPRESA ........91 6 A RESPONSABILIDADE ECOLÓGICA DENTRO DA EMPRESA ........................................94 7 O CONCEITO DE ECOEFICIÊNCIA .............................................................................................96 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................100 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101 TÓPICO 4 – GERENCIAMENTO AMBIENTAL .............................................................................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS .........................................................................106 3 NORMAS DA SÉRIE ISO 14000 ......................................................................................................109 4 AUDITORIA AMBIENTAL ..............................................................................................................112 5 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL OU ROTULAGEM AMBIENTAL ..........................................114 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................117 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................123 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................124 IX UNIDADE 3 – AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES .....................................................................125 TÓPICO 1 – ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA) .....................127 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127 2 METODOLOGIAS PARA EXECUÇÃO DE PROJETOS AMBIENTAIS .................................128 2.1 ALGUNS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO ..........................................................129 2.2 O CICLO DO PROJETO ................................................................................................................131 3 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA) ............................................................................................133 3.1 ESTUDO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (EAS)........................................................................135 3.2 ESTUDO DE CONFORMIDADE AMBIENTAL (ECA) ........................................................... 136 3.3 RELATÓRIO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (RAS) .................................................................136 3.4 PLANO BÁSICO AMBIENTAL (PBA) ........................................................................................137 3.5 RESULTADO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS - PARA QUEM DIVULGAR? ...................... 143 3.6 MODELOS E DIRETRIZES DE RELATÓRIOS AMBIENTAIS DE DESEMPENHO E IMPACTO ................................................................................................145 3.7 AS DIRETRIZES DA NORMA ISO 14.063 .................................................................................147 4 INSTRUÇÕES NORMATIVAS PARA CONDUÇÃO DOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL .......................................................................................147 4.1 AS MATRIZES DE IMPACTO AMBIENTAL (MATRIZ DE LEOPOLD) ...............................150 5 EXIGÊNCIAS LEGAIS DE UM ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)......................154 5.1 EXIGÊNCIAS LEGAIS E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ..........................................................154 6 O EIA COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA .......................................................157 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................159 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160 TÓPICO 2 – A UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL ........................................................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 GESTÃO DE RISCOS ........................................................................................................................162 2.1 O CONCEITO DE RISCO .............................................................................................................163 2.2 AS PRINCIPAIS FASES DE UMA ANÁLISE DE RISCOS .......................................................166 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................169 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170 TÓPICO 3 – AUDITORIA AMBIENTAL PRÉVIA E PÓS-IMPLANTAÇÃO DE OBRAS ......171 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171 2 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO E DOS ESTUDOS DE AUDITORIA ...................172 2.1 MONITORAMENTOS DE IMPACTO E ESTUDOS DE AUDITORIA ..................................175 2.2 MITIGAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE CONFORMIDADE ................................................176 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................177 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................181 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183 X 1 UNIDADE 1 POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO E CONTROLE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade você será capaz de: • ter clareza sobre a origem do direito ambiental e sua aplicabilidade no que tange à proteção dos recursos naturais; • entender a hierarquia dos principais documentos legais que legitimam a conservação ambiental, assim como um breve histórico do surgimento das diversas leis; • ter o entendimento sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e o que ela preconiza; • observar de que maneira os órgãos ambientais, que são responsáveis pela proteção dos recursos naturais, estão estruturados; • compreender o processo de licenciamento ambiental, assim como as respectivas licenças de autorização. Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades que o auxiliarão na apropriação dos conhecimentos. TÓPICO 1 – ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL TÓPICO 2 – ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL TÓPICO 3 – LICENCIAMENTO COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO E CONTROLE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 1 INTRODUÇÃO Já faz algum tempo que as questões ambientais vêm sendo debatidas com frequência e, de certa maneira, viraram “moda” em diversos segmentos da sociedade. Desta forma, as empresas que provocam determinado impacto ao meio ambiente, devido à competitividade ou à busca de melhor posicionamento mercadológico, reconheceram a necessidade de reestruturar o gerenciamento dos seus negócios. Isto ocorreu principalmente pela cobrança cada vez mais forte da sociedade, que passou a enxergar o desrespeito com o meio ambiente, por parte de muitos empreendimentos, e os riscos iminentes que estas imprudências poderiam ocasionar às pessoas que estão nas proximidades das empresas. Assim, algumas regras foram impostas para a utilização dos recursos ambientais e para a execução de determinadas atividades. Consequentemente, empresas, marcas e produtos que não seguem as determinações agora impostas ficam não somente fora de normas regulatórias com apoio da legislação vigente, mas também estão em desacordo com a sociedade, refletindo negativamente sobre a sua imagem para a venda dos produtos comercializados. De acordo com Araújo e Vervuurt (2005), essa percepção pública negativa do papel da indústria na sociedade vem provocando, também, uma crescente pressão sobre os órgãos oficiais de controle ambiental e legisladores, gerando a regulamentação de leis de controle ambiental cada vez mais complexas para o atendimento da legislação. Assim, as empresas têm procurado várias alternativas que melhorem o seu desempenho ambiental, com o objetivo de gerenciar os riscos tecnológicos ambientais e criar condições que revertam a percepção atual da população. De maneira geral, nesta primeira unidade abordaremos questões relacionadas à política ambiental brasileira, além de ter noções sobre o direito ambiental, sua origem, legislação pertinente, hierarquia dos documentos legais e as responsabilidades provenientes dos acidentes ambientais. Estudaremos ainda a definição de dano ambiental, sanções penais e administrativas decorrentes das atividades lesivas ao meio ambiente, as sanções previstas na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente e, por fim, o licenciamento ambiental como instrumento de verificação e controle dos impactos ambientais causados. UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 4 2 NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL Alguns autores, como Barbieri (2007) e Araújo e Vervuurt (2005), sustentam que o direito, de maneira geral, assim como o sistema jurídico, têm por finalidade regular a preservação da vida, dar condições de existência do homem em sociedade, de integridade física, psíquica e social em todos os seus aspectos. Ou seja, a meta do direito deve ser assegurar o bem-estar do ser humano. E não seria diferente para o denominado “Direito Ambiental”. Porém, na busca de defesa e proteção de determinado recurso, por exemplo, podem surgir interesses conflitantes, pois nem sempre todos os atores envolvidos seguem a mesma linha de pensamento ou o mesmo objetivo. O que pode ser bom para um grupo pode ser ruim para outro, e dentro deste debate de ideias, encontrar o equilíbrio de interesses é o aspecto mais complicado. Podemos imaginar, aqui, a exploração de um determinado recursoambiental, como os peixes dos quais uma população nativa depende. Quando esse mesmo recurso passa a ser disputado com um grupo com interesses econômicos específicos, e teoricamente, com maior poder de exploração (por exemplo, maior capital financeiro), um conflito pode surgir. Esses peixes, que até então eram explorados de forma sustentável, pois o nível de captura não ultrapassava os limites de estoque natural da espécie, passam agora a ser explorados em níveis industriais, comprometendo a sustentabilidade. Essa condição tem reflexo sobre as pessoas que dependem deste recurso, pois este, não sendo utilizado da maneira correta, logo comprometerá a qualidade de vida dos nativos e, consequentemente, gerará conflitos entre as partes interessadas. A superação do conflito, entre a atividade econômica e o dano ambiental, deve ser orientada em uma compreensão de que o direito deve atender aos interesses da sociedade como um todo, e não somente de um grupo em específico. Neste sentido, o direito ampara a atividade produtiva, fundamentado numa ordem econômica capitalista, mas, antes de tudo, deve assegurar a qualidade de vida em sociedade com dignidade. E aqui, a discussão entre ética e justiça precisa ser constantemente confrontada e retomada. De fato, ética e direito se distinguem, embora juízos éticos possam ser normativos, ou seja, possam funcionar através de regras estabelecidas. Porém, no sistema jurídico tradicional, o ponto inicial é a constatação de que direito consiste em um conjunto de regras a serem respeitadas e sancionadas oficialmente, mas que seguem princípios e fundamentações teóricas e de experiências práticas. Ou seja, de nada adianta normatizarmos como deve ocorrer a exploração de um determinado recurso ambiental, se não soubermos como este meio funciona, quais são suas limitações, como as espécies se reproduzem e qual esforço de exploração pode ser aplicado. TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 5 Então, teoricamente, todos os tipos de instruções normativas (leiam- se aqui, leis, portarias, decretos), que são a base do nosso sistema jurídico, são fundamentados em dados e informações reais, fornecidos por profissionais experientes e que detêm conhecimento sobre aquilo que se pretende legislar. Assim, essas diretrizes não são definidas apenas por sanções repressivas, mas levam em consideração as diversas estruturas que compõem o cenário a ser explorado, onde um dos pilares é, com certeza, a economia. Já que estamos falando que essas normas não são apenas fundamentadas no “achismo” ou no autoritarismo, a Carta Magna, ou Constituição Federal de 1988, (BRASIL, 2012a), estabeleceu, em seu art. 225, que a defesa do meio ambiente é de fundamental importância, “[...] o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, [...] essencial à sadia qualidade de vida [...]”. Com o exposto acima, fica claro que a harmonização entre os pilares econômico, social e ambiental já está prevista e regulamentada. Nas próximas unidades do seu Caderno de Estudos veremos, mais detalhadamente, que estes três pilares são a base do chamado desenvolvimento sustentável. 3 ORIGEM DO DIREITO E DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL O direito ambiental pode ser entendido como uma disciplina jurídica, que tem o objetivo de estabelecer normas e princípios que assegurem a proteção do meio ambiente, e/ou como o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a exploração dos recursos naturais em todas as suas formas e com vistas à qualidade de vida (ARAÚJO; VERVUURT, 2005). Para que possamos entender de forma plena a origem e a evolução do direito ambiental, é necessário que façamos a compreensão correta do termo meio ambiente. Este deriva do latim “ambi” e “entis”, significando tudo o que cerca ou envolve. O verbo latino ambio, ambire significa “andar em volta ou em torno de alguma coisa”. Na verdade, meio e ambiente podem ser entendidos como sinônimos, pois significam lugar, recinto ou espaço onde se desenvolvem as atividades humanas e a vida dos animais e vegetais. Essa expressão é consagrada no Brasil, na Espanha e nos demais países que falam o castelhano (médio ambiente). Já em Portugal utiliza-se apenas a palavra ambiente, da mesma forma que na Itália. No idioma francês e inglês utilizam-se as palavras environnement e environment, respectivamente, ambas originadas do francês antigo environer, que significa circunscrever, cercar ou rodear. Assim, o que envolve os seres vivos e as coisas, ou o que está ao seu redor, é o planeta Terra, com todos os seus elementos, tanto naturais, quanto os construídos e alterados pelo homem. Consequentemente, o meio ambiente significa não somente o ambiente natural (oceanos, florestas, campos e montanhas), mas também o artificial (cidades, ambiente rural e parques industriais) UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 6 IMPORTANT E O meio ambiente é o conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, químicos, biológicos e fatores sociais susceptíveis de terem efeito direto ou indireto e imediato sobre os seres vivos e as atividades econômicas (ODUM, 1988). Ainda, de acordo com normativas nacionais e com a Lei nº 6.938/81, Art. 3, I da Política Nacional do Meio Ambiente, meio ambiente é "o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Encontra-se uma definição interessante no Sistema Internacional ISO 14001, 2004 para Gestão Ambiental, que diz: “circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. E destaca: “Uma organização é responsável pelo meio ambiente que a cerca, devendo, portanto, respeitá-lo, agir como não poluente e cumprir as legislações e normas pertinentes”. A Constituição Federal conferiu proteção ao meio ambiente natural de forma mediada e imediata no seu art. 225. Neste artigo, fala em “meio ambiente ecologicamente equilibrado”, ao mesmo tempo em que relata todos os aspectos do ambiente natural. Inúmeros diplomas infraconstitucionais tutelam o meio ambiente natural, onde podem ser destacados os seguintes: • Decreto nº 24.634/34, que dispõe sobre as águas. • Decreto-Lei nº 1.985/40, que trata das atividades de mineração. • Lei nº 4.771/65, que trata das florestas e demais formas de vegetação. • Lei nº 6.902/81, que define as áreas de proteção ecológica e áreas de proteção ambiental. • Lei nº 6938/81, que define a Política Nacional do Meio Ambiente. • Lei nº 7.661/88, que trata do gerenciamento costeiro. • Lei nº 7.754/89, que trata das medidas de proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios ou áreas de preservação permanente, como são conhecidas. • Lei nº 9.985/00, que define o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). • Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 7 Como pode ser observado, o Brasil possui uma política de meio ambiente, amparada legalmente, que veremos em seguida, e temos ainda inúmeras leis para a proteção de todos os tipos e formas de ecossistemas naturais. Algumas dessas leis são da década de 80, no entanto, a preocupação com a proteção dos recursos naturais existe muito além deste período. O grande problema é que, no Brasil, muitas leis não são cumpridas e pouco se faz para que essas determinações sejam seguidas à risca. A partir de agora, estudaremos como podemos classificar os diversos tipos de ambientes. Como já dito, podemos compreendê-los em ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho, lembrando que o nosso foco de estudos será sempre o natural. No entanto, é bom termos ciência de todos, visto que, de uma forma ou de outra, acabam interagindo. 4 OS TIPOS DE AMBIENTES De acordo com Odum e Sarmiento (1997), podemos distinguir basicamente três tipos de ambientes: (1) o ambientenatural, que são, por exemplo, as matas virgens ou outras regiões autossustentadas, acionadas apenas pela luz solar e outras forças da natureza (como precipitações, ventos, neve, entre outros), e que não dependem de qualquer fluxo de energia controlado diretamente pelos humanos, como ocorre, nos outros tipos de ambientes citados; (2) o ambiente artificial, constituído pelas cidades, parques industriais e corredores de transportes, como ferrovias, rodovias e portos; e (3) o ambiente cultural, relativo aos bens e costumes de uma comunidade. O ambiente natural é o ambiente de suporte à vida. É aquela parte da Terra que satisfaz as necessidades fisiológicas vitais, provendo alimentos e outras fontes de energia, nutrientes, água e ar (ODUM e SARMIENTO, 1997). A vida ocorre apenas na Biosfera, estreita faixa do planeta constituída pela interação de três ambientes físicos: o ambiente terrestre ou litosfera, o aquático ou hidrosfera, e o atmosférico, que envolve os outros dois tipos de ambiente. A parte terrestre da biosfera é apenas a camada sólida superficial da litosfera; a da atmosfera é a camada rente à crosta terrestre, denominada troposfera e que alcança até 11 km de altitude nos polos e 16 km no Equador. Assim, o meio ambiente, como condição de existência da vida, envolve a biosfera e estende-se muito além dos limites em que a vida é possível. UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 8 Dentro da definição de ambiente natural, podem-se destacar os conceitos de populações, comunidades e nichos ecológicos. Populações são o conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que sobrevive amparado por condições físicas, químicas e biológicas específicas para sua sobrevivência. Já as comunidades podem ser entendidas como o conjunto de diversas populações de diferentes espécies, que compartilham determinado ambiente em uma condição específica. Por fim, os nichos são as condições (temperatura, umidade, salinidade) que uma espécie necessita para sobreviver. Poderíamos falar ainda em ecossistemas, que grosseiramente são o conjunto de fatores abióticos (físicos, por exemplo) e bióticos (vivos) que atuam simultaneamente em uma determinada região, garantindo a sobrevivência de todas as espécies. ATENCAO Os organismos e o ambiente físico são interdependentes e, portanto, influenciam-se mutuamente, funcionando como um todo, ou seja, tudo o que afeta uma espécie (por exemplo, a quantidade de comida), acaba afetando as demais. Aqui, podemos imaginar uma situação hipotética, em que uma espécie vegetal é recurso alimentar para uma espécie animal (espécie X). Se esta planta for afetada por um derrame de determinado produto químico, indiretamente, a espécie X também será afetada devido ao desaparecimento do seu recurso alimentar. Ainda, se considerarmos que a espécie X seja o predador de outra espécie, por exemplo, algum inseto (espécie Y), pode-se imaginar que a redução da população da espécie X, ocasionada pela falta do recurso vegetal, acarretará no aumento do número de indivíduos da espécie Y, agora menos susceptível à pressão da predação. Este exemplo ilustra o quanto a teia da vida dos ecossistemas naturais é interligada e frágil, e demonstra que qualquer distúrbio, por menor que seja, pode gerar um tipo de “efeito borboleta” ou “efeito dominó”, onde direta ou indiretamente todos acabam afetados. Vale lembrar aqui de alguns tópicos mencionados acima, onde descrevíamos que as leis ambientais, ao serem implantadas, devem levar em conta as particularidades desses ambientes, e que, de preferência, devem ser formuladas a partir da experiência de profissionais gabaritados. O ambiente artificial é o espaço físico transformado pela ação continuada do homem, com o objetivo de estabelecer relações sociais e viver em sociedade, sendo formado pelo meio ambiente urbano, periférico e rural. FONTE: Disponível em: <http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Mineracao.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. Já o ambiente urbano é o meio ambiente constituído pelo espaço urbano, como edificações e equipamentos públicos. O meio ambiente rural, por sua vez, é o espaço onde se desenvolvem as relações pertencentes ao campo; os ambientes rústicos. Por TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 9 Assim, o meio ambiente laboral não se restringe ao espaço interno da fábrica ou da empresa, mas se estende ao próprio local de moradia ou ao ambiente urbano. FONTE: Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/cic/2007/cd/pdf/SA/SA_00813.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. De acordo com Araújo e Vervuurt (2005, p. 15), o meio ambiente de trabalho é o “[...] complexo de bens de uma empresa e de uma sociedade, objeto de direitos subjetivos privados e de direitos invioláveis da saúde e da integridade física dos trabalhadores que o frequentam.” De acordo com o mesmo autor, pode ser entendido ainda como sendo o: Conjunto das condições de produção em que a força de trabalho e o capital se transformam em mercadorias e em lucro. Esse conjunto, diferente segundo os modos de produção que se sucederam na história, de acordo com os setores produtivos, nos interessa pela sua capacidade de provocar danos à saúde de quem trabalha. (ARAÚJO; VERVUURT, 2005, p.15). Os principais tipos de ambientes foram conceituados, apenas para mostrar como o homem dividiu a sua ocupação na Terra, se é que podemos chamar assim, e que para cada uma destas divisões há características completamente diferentes e, portanto, a maneira como deve se gerenciar e entender cada uma delas também deve ser diferenciada. No entanto, como o foco do nosso Caderno de Estudos são os danos ambientais gerados a partir da exploração de um determinado recurso, o termo meio ambiente natural será o mais amplamente utilizado. fim, o meio ambiente periférico deriva da expansão desordenada das metrópoles que empurram as populações para regiões marginais da cidade, os subúrbios. Dentre os dispositivos constitucionais integrantes do regime do meio ambiente artificial, destacamos o Decreto-Lei nº 3.365/41 (que trata da desapropriação por utilidade pública e interesse social), a Lei nº 4.504/64 (que trata de condomínio em edificações), a Lei nº 5.108/67 (que trata da política nacional de saneamento), a Lei nº 5.868/72 (que trata do sistema nacional de cadastro rural), a Lei nº 6.513/77 (que trata de áreas especiais e locais de interesse turístico), a Lei nº 6.766/79 (que trata do parcelamento do solo), o Decreto-Lei nº 1.413/75 (que trata da poluição por atividades industriais), a Lei nº 6.803/80 (que estabelece diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição), a Lei nº 7.802/89 (que trata das atividades relacionadas com agrotóxicos e afins), a Lei nº 8.171/91 (que dispõe sobre política agrícola), além de inúmeros outros dispositivos legais correlatos. Existe ainda o meio ambiente cultural, que é constituído por bens, valores e tradições relevantes à comunidade, atuando diretamente na sua identidade e formação. Poderíamos citar ainda um quarto tipo de ambiente, o do trabalho, que pode ser definido como o lugar no qual se desenvolvem nossas atividades. UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 10 5 HIERARQUIA DOS DOCUMENTOS LEGAIS Agora que temos uma noção sobre a origem do direito ambiental, e também sobre quais meios ele norteia, precisamos entender que leis, ou que tipos de instruções normativas focando o meio ambiente vigoram mais, e em que situações. Isso se torna necessário, principalmente, porque muitas vezes, no exercício da sua profissão, você se deparará com leis, decretos, portarias e instruções normativas que regulamentam algo (por exemplo, a derrubada de espécies de árvores nativas) e precisará interpretar adequadamente os documentos. Ainda pode ser destacado aqui que muitas dessas normativas apresentam falhas ou “brechas” que, dependendo da situação, podem ser interpretadas equivocadamente, causando problemas ainda maiores aos bens ou recursosnaturais. A Constituição Federal, em seu art. 59, trata apenas das normas existentes no sistema jurídico brasileiro, não mencionando a hierarquia entre elas. A Constituição é hierarquicamente superior às demais normas, pois o processo de validade destas é regulado por aquela. Abaixo da Constituição encontram- se os demais preceitos legais, cada qual com campos diversos de atuação: leis complementares, leis ordinárias, decretos-leis (nos períodos em que existiram), medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções. Os decretos são hierarquicamente inferiores às leis, até porque não são emitidos pelo Poder Legislativo, e sim pelo Poder Executivo, complementando as disposições legais. As Normas Internas da Administração Pública, como portarias, circulares, ordem de serviço, entre outras, são hierarquicamente inferiores aos decretos e às leis. Por exemplo, o IBAMA (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis) publica as resoluções com as diretrizes técnicas para atendimento da legislação. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) elabora normas técnicas, que são hierarquicamente superiores às normas internacionais, pois levam em consideração as especificações nacionais. Apesar do envolvimento da sociedade, inclusive do governo, na elaboração das normas técnicas da ABNT, as mesmas somente serão consideradas obrigatórias se forem citadas em uma lei específica. Caso contrário, são de adoção voluntária. A seguir estão listadas as definições de cada um destes documentos. 6 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA A partir de agora iremos relatar, brevemente, alguns dos principais instrumentos, mecanismos e leis que normatizam o uso e a exploração dos recursos naturais no Brasil e para quais situações foram criados. Iremos listar em tópicos, pois no nosso entendimento facilita a sua compreensão: TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 11 • Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA): Para que possamos entender como funciona o estabelecimento e o cumprimento, no que tange à tomada de decisão para um determinado problema ambiental, precisamos observar, de forma breve, como estão constituídos nossos órgãos ambientais. Iremos nos aprofundar mais quando entrarmos na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). Porém, é preciso entender que, acima de tudo, temos o Ministério do Meio Ambiente (MMA), vinculado diretamente à Presidência da República, e que, vinculados a este ministério, temos diversos órgãos. De acordo com o art. 6º da Lei nº 6.938, esses órgãos constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O SISNAMA foi instituído em 31 de agosto de 1981, com a Lei nº 6.938, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Estão vinculados aqui, um órgão superior formado por pessoas que assessoram o Presidente da República na tomada de decisão, um órgão consultivo (para assessorar o órgão superior) e deliberativo (que podem sugerir leis e políticas ambientais), que no Brasil é conhecido como Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), assim como órgãos executores, que fazem com que todas as determinações ambientais sejam cumpridas, que no Brasil, em esfera federal, é constituído pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Recentemente foi criado o ICMBio (Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade), que realiza a gestão e fiscalização das Unidades de Conservação. Esse breve relato serve apenas para nos orientar em relação às atribuições de cada um desses órgãos, quando os mesmos são mencionados. Sabe-se ainda que a atuação do SISNAMA se dá mediante articulação coordenada dos órgãos e entidades que o constituem, observado o acesso da opinião pública às informações relativas às agressões ao meio ambiente e às ações de proteção ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e complementares. FONTE: Disponível em: <http://www.direitoambiental.adv.br/ambiental.qps/Ref/PAIA-6S9TNQ>. Acesso em: 5 dez. 2012. Os órgãos seccionais prestam informações sobre os seus planos de ação e programas em execução, consubstanciadas em relatórios anuais, que são consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente em um relatório anual sobre a situação do meio ambiente no país, a ser publicado e submetido à consideração do CONAMA em sua segunda reunião do ano subsequente (MMA, 2011). UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 12 • Ação Civil Pública: Promulgada pela Lei nº 7.347/85, disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Como profissionais, devemos ficar mais atentos ao primeiro e quinto artigo, que versam sobre o meio ambiente, e quem pode propor uma ação civil pública. Como está escrito, um cidadão comum pode acionar o Ministério Público (MP), mas fica claro aqui que uma organização civil (pode-se pegar como exemplo uma ONG que trata de questões ambientais) terá peso decisivo no que tange ao andamento da denúncia, caso venha a ser feita, junto ao Ministério Público. Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: l- ao meio ambiente. ll- ao consumidor. III- a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. IV- a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. V- por infração da ordem econômica e da economia popular. VI- à ordem urbanística. Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Art. 5o Tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I- o Ministério Público. II- a Defensoria Pública. III- a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. IV- a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista. V- a associação que, concomitantemente: a) Esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil. b) Inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. § 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. § 2º Fica facultado ao poder público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 13 § 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. § 4° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. § 5° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. § 6°Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012. • Lei de Crimes Ambientais: A Lei nº 9.605, de 12/02/1998, reordena a legislação ambiental brasileira, no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Em caso de compensação por parte do infrator, a pena pode ser retirada. Em algumas particularidades, essa lei pode ser observada, como o caso de muros e edificações pichados, maltrato a plantas de ornamentação, desmatamentos ilegais, entre outros. • Exploração da Fauna Silvestre: Amparada pela Lei nº 5.197/67, classifica como crime o uso, a perseguição, a captura, a caça e o comércio de espécies animais da fauna silvestre, além de proibir a introdução de espécies exóticas. Acessando o site do IBAMA, outras considerações podem ser vistas. • Exploração de Florestas: A exploração de recursos florestais está prevista na Lei nº 4.771/65 e determina a proteção de florestas nativas e define, como áreas de preservação permanente, áreas do entorno de recursos hídricos, como rios, lagos, nascentes, costa, entre outros. Nestes casos, o tamanho da área a ser protegida depende da largura do curso da água. Locais onde recursos florestais possam ser encontrados acima dos 1800 metros também devem estar intocados. • Sistema Nacional de Unidades de Conservação: O SNUC, como é conhecido, pode ser considerado uma das leis mais recentes no que tange à proteção dos recursos naturais no Brasil, sendo instituído pela Lei nº 9.985/00, com o objetivo de regulamentar o que o artigo 225 da Constituição Federal já promulgava, sobre todos os cidadãos terem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. De acordo com o primeiro artigo desta lei, foram criados “critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação”. UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 14 Mas o que são Unidades de Conservação ou UCs? Como você já viu na disciplina específica sobre o tema, essas podem ser entendidas como espaços territoriais e seus recursos com características relevantes, com objetivos de conservação e limites definidos. Por exemplo, se sou proprietário de uma área de terra, onde verifico tais condições extraordinárias, posso determinar parte desta área como sendo de uso sustentável. Neste caso, uma RPPN, ou Reserva Particular do Patrimônio Natural. Indo mais além, o zoneamento fica definido como setores ou zonas, em uma unidade de conservação, com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. FONTE: Adaptado de: <http://www.fflorestal.sp.gov.br/media/uploads/planosmanejo/ PEIntervales/1.%20Volume%20Principal/cad%203_BASES%20LEGAIS_ZONEAMENTO_ PROGRAMAS_BIBLIOGR/pag%20693_758%20ZONEAMENTO.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. Há ainda que se prestar atenção ao plano de manejo exigido para essa área, agora inserido dentro das normativas do SNUC. O plano de manejo pode ser entendido como um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. FONTE: Adaptado de: <http://www.leandroeustaquio.com.br/materialapoio/sistema_nacional_ de_unidades_de_conservacao.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. Mas, de fato, o que compõe um plano de manejo? De maneira geral, pesquisadores e especialistas em diferentes áreas ambientais, como de solo, de fauna, de flora, recursos minerais, entre outros, fazem pesquisas e elaboram relatórios com dados referentes a esses recursos, e emitem pareceres para o órgão ambiental federal (ICMBio) sobre ações que norteiam a conservação da área. Como exemplo, o biólogo, especialista em ornitologia (aves), e que faz o levantamento da avifauna, emitirá um parecer técnico em que constará o número de espécies de aves registradas na região, a vulnerabilidade destas aves, quantas delas possuem perigo iminente de extinção ou aquelas que ainda estão com um status adequado de conservação, e assim por diante. Posteriormente, os responsáveis pela manutenção e conservação da área terão a obrigatoriedade de implementar as ações propostas no plano de manejo. E para o EIA/RIMA (Estudos de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental), que precede a construção de empreendimentos com potencial poluidor, seguem alguns passos parecidos. Como veremos em detalhes mais adiante, faz-se um levantamento TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 15 das características naturais de determinada área, como levantamento de biota, recursos vegetais, minerais, de água, informações socioeconômicas (EIA) e, por fim, um relatório com base nessas informações (RIMA) dá o parecer favorável ou não à instalação do empreendimento. Aqui, deve-se levar em consideração a ética dos profissionais envolvidos, pois recentemente, muitos escândalos, envolvendo a manipulação de informações relevantes, vêm se tornando cada vez mais comuns. Assim, como principais objetivos do SNUC, podem ser destacados os de contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; de proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; promover o desenvolvimento sustentável e a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza. FONTE: Disponível em: <http://www.senado.gov.br/atividade/pronunciamento/detTexto. asp?t=384544>. Acesso em: 5 dez. 2012. • Política Agrícola: Definida pela Lei nº 8.171/91, coloca a proteção do meio ambiente como objetivo principal e define o poder público (Federação, Estados e Municípios) como o disciplinador e fiscalizador do uso racional dos solos, água e ar, fauna e flora, além de realizar zoneamentos agroecológicos para ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas (inclusive a instalação de hidrelétricas), desenvolver programas de educação ambiental, fomentar a produção de mudas de espécies nativas, entre outras atividades. FONTE: Disponível em: <http://www.guiafloripa.com.br/energia/ambiente/leis_ambientais.php>. Acesso em: 5 dez. 2012. • Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH): A Lei nº 9.433/97 cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), com o intuito de assegurar à atual e às futuras gerações, água em qualidade e disponibilidade suficientes, através da utilização racional e integrada, da prevenção e da defesa dos recursos hídricos, contra eventos hidrológicos críticos. Dentre os seus principais fundamentos e objetivos pode-se destacar: CAPÍTULO II DOS FUNDAMENTOS Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos fundamentos: I- a água é um bem de domínio público; II- a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III- em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV- a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 16 V- a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI- a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contarcom a participação do poder público, dos usuários e das comunidades. CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I- assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II- a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III- a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012. Prezado acadêmico! Foram listados acima alguns dos instrumentos e leis instituídos no Brasil, com a finalidade de relembrá-lo(a) sobre o que temos disponível e o que temos que cumprir com relação à exploração dos nossos recursos naturais. Sabemos que muitas dessas leis já foram vistas no Caderno de Direito Ambiental. No entanto, é de fundamental importância ter clareza no entendimento daquilo que foi dito até agora, pois essas informações são importantes para o processo de licenciamento ambiental, que é premissa para a o adequado gerenciamento ambiental dos recursos. Começamos relembrando algumas coisas relacionadas ao SISNAMA, posteriormente, à ação civil pública, às leis de crimes ambientais, de uso da fauna, flora, recursos hídricos e agrícolas. Muitas outras ainda existem, como políticas para o gerenciamento costeiro, patrimônio cultural, patrimônio genético, atividades nucleares, exploração mineral e assim por diante. Mas como o foco deste caderno não é somente a exposição dessas políticas e leis, optou-se por apresentar de forma simples aquelas consideradas mais úteis para o seu dia a dia como gestor ambiental, principalmente, por serem utilizadas nas atividades de licenciamento ambiental, como veremos mais adiante. Sempre é válida uma visita aos principais sites governamentais, como do MMA, CONAMA, IBAMA e ICMBio, além das fundações estaduais para consulta de novas atualizações nos instrumentos e leis. Lembre-se de que para cada estado, distinções com base naquilo definido na esfera federal podem ser feitas. Sabemos que cada estado possui características naturais muito diversas, com diferentes biomas e diversas formas de gerenciamento. Assim sendo, o que pode ser útil para a Floresta Amazônica pode não funcionar no Cerrado ou no Pantanal, ou ainda na Floresta Atlântica, um dos ecossistemas mais frágeis e ameaçados do mundo. TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL 17 O Brasil possui dimensões territoriais gigantescas e diversas características em termos de fauna, flora, minérios, recursos hídricos e genéticos podem ser observadas. É um dos países mais ricos do mundo em termos de biodiversidade e a conservação se dá ao levarmos a sério todas as proposições normativas que já foram estabelecidas. Melhorar essas medidas conservacionistas nunca é demais. A atualização é fundamental. No entanto, para aquilo que se tem, respeitar as peculiaridades é de suma importância, para que a tomada de decisão em cima de um determinado recurso seja feita da maneira correta. A seguir, iremos aprofundar assuntos relacionados à Política Nacional do Meio Ambiente, a mais importante lei ambiental e que foi um marco decisivo para a proteção dos recursos naturais no nosso país. Dentre os vários aspectos definidos nessa lei, um dos mais importantes é o que define que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente da culpa. Assim, o Ministério Público, na figura do Promotor Público, pode propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, impondo ao infrator a obrigação de recuperar e/ou indenizar prejuízos causados. Vale destacar ainda que a Lei nº 6.938/81 criou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), regulamentados em 1986, pela Resolução nº 001/86 do CONAMA. Essa lei foi redefinida pelo mesmo órgão em 1997, sendo que agora temos a Resolução nº 237/97, onde considerações positivas em relação ao EIA foram feitas, em relação à antiga resolução e que veremos mais adiante. 18 Neste tópico você viu: • Aspectos sobre a origem e também a aplicabilidade do direito ambiental que permitem assegurar a sadia qualidade de vida para toda a sociedade. • Os diferentes tipos de meio ambiente e de que maneira devemos compreender cada um deles, visto que possuem características específicas e, portanto, maneiras diferenciadas de regulação. • A hierarquia dos principais documentos legais e sua importância para a normatização da exploração dos recursos naturais. • Um breve histórico das leis ambientais e para quais finalidades foram criadas. RESUMO DO TÓPICO 1 19 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir. 1 Dentre os diversos órgãos criados pelo SISNAMA, qual deles tem a finalidade de fiscalizar o cumprimento de determinações legais, para que seja assegurada a proteção dos recursos naturais? ( ) IBAMA. ( ) CONAMA. ( ) ICMBio. ( ) MMA. 2 Sabe-se que ao identificarmos um determinado problema ambiental, o mesmo pode ter uma abrangência municipal, estadual e/ou nacional. Também sabemos que o Brasil, por ter dimensões continentais, apresenta uma série de biomas e características ambientais diversas, o que torna a nossa tomada de decisão, relativa a determinado problema ambiental, bastante particular. Assim sendo, o que deveríamos levar em consideração, ou quais particularidades, para resolver um dano ambiental causado na Floresta Amazônica e outro na floresta de cerrado? AUTOATIVIDADE 20 21 TÓPICO 2 ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Os problemas ambientais provocados pelos seres humanos, normalmente, decorrem do uso dos recursos naturais para obter bens e/ou serviços, podendo provocar, além do seu uso insustentável, o despejo de resíduos gerados durante a produção. Mas isso nem sempre gerou degradação, simplesmente pelo fato de que a escala de produção e exploração era completamente diferente das de hoje. Como destaca Barbieri (2007), populações nativas, por se sentirem parte integrante do meio ambiente, geralmente o utilizam com maior parcimônia. Desta forma, seres humanos separados dos elementos naturais podem ser entendidos como o fator que, atualmente, ocasiona os maiores problemas ambientais. Ainda que a crença de que a natureza existe para servir ao ser humano contribua para o aumento das degradações ambientais, certamente o aumento da escala, gerando níveis insustentáveis de produção, pode ser atualmente entendido como o principal fator dos problemas gerados ao meio ambiente. Responsabilizar a Revolução Industrial é comum entre a maioria dos pesquisadores da área, e realmente é um marco importante na intensificação da degradação ambiental. Hoje, a maior parte das emissões ácidas, de gases do efeito estufa e de substâncias tóxicas, resulta das atividades industriais. Porém, não só o lixo gerado por indústrias vem aumentando, mas também o gerado pela sociedade em geral, dentro de uma consciência de consumo crescente. O uso de inseticidas, herbicidas, implementos agrícolas e transgênicos fez com que a agricultura se tornasse uma atividade extremamente danosa ao meio ambiente. O mesmo pode-se dizer sobre os sistemas de transportes utilizados, normalmente baseados no uso de derivados de petróleo, como combustíveis. Políticas públicas que visem ao aumento da utilização de meios de transporte mais ecológicos, como metrôs, bicicletas, ou mesmo o uso de biocombustíveis, ainda estão restritas a poucas cidades. Ainda dentro do contexto, podemos relacionar inúmeros problemas associados à destruição dos oceanos, principalmente em relação à poluição e à pesca. Hoje, os estoques das principais espécies de pescado comercializados estão à beirada extinção, visto que o esforço de captura sobre esses peixes tornou-se cada vez mais insustentável. Para se ter ideia, os peixes são capturados antes de atingirem a maturação, ou seja, quando ainda não são adultos e não contribuíram UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 22 efetivamente com novos indivíduos para o ambiente. Dessa forma, os estoques de peixes, como são conhecidas as grandes populações de uma determinada espécie, não conseguem manter-se e são extintos. Outros exemplos ainda podem ser citados. É só olharmos para as diversas repartições públicas, escritórios, comércios de maneira geral, entre outros, que ainda utilizam os seus recursos de maneira pouco eficiente, gerando grande consumo e desperdício. Em pouco tempo, todo esse panorama evoluiu para uma Sociedade de Risco, entendida como aquela que, em função de seu contínuo crescimento econômico, pode sofrer a qualquer tempo as consequências de uma catástrofe ambiental (CANOTILHO e LEITE, 2007). De acordo com o Relatório Estado do Mundo, do Instituto Akatu (2011), vivemos em um mundo em que produzimos mais alimentos do que jamais o fizemos, e onde os famintos nunca foram tantos. E há um motivo para isso. Durante muitos anos, nosso foco foi no aumento da oferta de alimentos, ao mesmo tempo em que negligenciamos tanto os impactos distributivos da produção de alimentos, quanto seus impactos ambientais de longo prazo. Tivemos êxito notável no aumento do rendimento, no entanto, precisamos agora perceber que, mesmo tendo condições de produzir mais, não somos capazes de afrontar a fome, ou que necessariamente não existe uma correlação entre esses dois aspectos. FONTE: Adaptado de: <http://www.worldwatch.org.br/estado_2011.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. E que o aumento da produtividade, aliado ao crescimento populacional exagerado, quase em ritmo exponencial, é extremamente danoso ao equilíbrio dos nossos ecossistemas naturais. Ou seja, não resolvemos o problema da fome e destruímos nossas fontes de recursos naturais. Se você acha que o problema não tem nada a ver com o licenciamento ambiental, saiba que é da viabilização deste instrumento que dependem as indústrias de agronegócios, de pecuária, entre muitas outras, e que os resíduos gerados por estes empreendimentos são muito poluidores. Então o problema não é a fome? Não! Existem evidências de que precisamos atacar o problema da fome global, não apenas como uma questão de produção, mas também como uma questão de marginalização, que aprofunda desigualdades e injustiça social. E tudo isto está correlacionado à proteção de recursos ambientais. Uma nação que tem educação e não está à beira da exclusão social sabe da importância dos bens ambientais, e não joga lata de cerveja ou refrigerante pela janela do carro, lixo nas estradas, cigarro nas matas, produtos químicos nos mananciais e rios. TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES 23 À medida que incrementamos de modo espetacular os níveis gerais de produção, durante a segunda metade do século XX, criamos as condições para um desastre ecológico de grandes proporções no século XXI. FONTE: Disponível em: <http://www.worldwatch.org.br/estado_2011.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. Vimos que inúmeros problemas ambientais nos cercam. No Brasil, na década de 80, muitos dos problemas citados já eram visíveis, o que tornou necessário o estabelecimento de uma política ambiental que conseguisse resolver muitos dos problemas encontrados, sobretudo em relação à exploração dos recursos ambientais. Assim, com o objetivo de preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, foi promulgada a Lei nº 6.938/81, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente. 2 ASPECTOS GERAIS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA) A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) é uma ação governamental voltada para a proteção e recuperação ambiental. Dentre seus principais objetivos está o estabelecimento de padrões que tornem possível o desenvolvimento sustentável, através de instrumentos capazes de conferir ao meio ambiente maior proteção. As diretrizes desta política são elaboradas através de normas e planos destinados a orientar Federação, Estados e Municípios, com os princípios elencados no art. 2º desta mesma lei, e que veremos mais adiante. Adaptado de: <http://www.jurisambiente.com.br/ambiente/politicameioambiente.shtm>. Acesso em: 5 dez. 2012. Já em relação aos instrumentos para prevenir e coibir as infrações, como, por exemplo, o EIA/RIMA, estes são apresentados no art. 9º desta lei. Nossa intenção não é colocar a lei na íntegra, mas, sim, apresentar alguns dos artigos que tratam especificamente do alvo maior deste Caderno de Estudos, que é o licenciamento, a avaliação e o controle dos impactos ambientais. Você pode acessar a lei na íntegra no site <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938. htm>. Assim, seguem trechos a seguir, com destaque para os artigos 1º, 2º, 3º, 4º e 9º. UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 24 Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 225 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental. Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. FONTE: Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 01 dez. 2012. Assim, com vistas ao exposto nos artigos acima, dentre os principais objetivos estão ações governamentais que permitam a manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, e tendo em vista o uso coletivo. Além disso, objetiva a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar, o planejamento e a fiscalização do uso dos recursos ambientais, a proteção dos ecossistemas, o controle das atividades com potencial poluidor, incentivos à pesquisa ambiental, recuperação de áreas degradadas e, por fim, a educação ambiental em todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. FONTE: Adaptado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em 5 dez. 2012. O art. 3º da Lei nº 6.938/81 destaca o conceito de meio ambiente, como vimos anteriormente neste Caderno de Estudos. O mesmo artigo trata da degradação da qualidade ambiental, da alteração adversa das características do meio ambiente, além da poluição e da degradação da qualidade ambiental, resultante de atividades industriais e/ou de outra natureza, que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população. Ou ainda, atividades que prejudiquem as atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota, ou as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, ultrapassando os padrões ambientais estabelecidos. Denomina ainda o poluidor, que representa a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. Alguns dos objetivos da PNMA, previstos no art. 4º da Lei nº 6.938/81, podem ser destacados, como, por exemplo, a compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, a definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, o estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambientale de normas relativas ao uso e manejo de recursos TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES 25 ambientais. Outro aspecto de grande importância é a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados. Mais adiante, verificaremos de quem são as responsabilidades provenientes dos acidentes ambientais, assim como tratar da responsabilidade civil, penal e solidária. O art. 9º trata de alguns aspectos não menos relevantes. Neste artigo ficam definidos o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental e, sobretudo, a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento ambiental de atividades com potencial poluidor. Estão definidos, ainda, critérios de Mecanismos de Produção Limpa (MDLs), ou com menor desperdício e resíduos gerados, para que empresas e indústrias se ajustem à nova realidade ambiental, assim como a criação de áreas de proteção integral. Estão listadas ainda as penalidades disciplinares ou compensatórias, do não cumprimento às regras e normativas estabelecidas para a adequada preservação ambiental. 3 RESPONSABILIDADES ROVENIENTES DE ACIDENTES AMBIENTAIS Os acidentes ambientais podem acarretar, além de sanções nas esferas administrativas e criminais, obrigações de reparar, indenizar e compensar os danos causados, direta ou indiretamente, pelas empresas envolvidas. Fica, portanto, evidente a necessidade de se manter um programa de controle frente a todos os aspectos de uma determinada atividade econômica. Lembrando, mais uma vez, que o art. 225 da Constituição Federal de 1988 diz que todos os cidadãos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Vale destacar aqui que o parágrafo deste mesmo artigo faz referência às condutas e atividades consideradas lesivas ao patrimônio natural e sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas (ARAÚJO; VERVUURT, 2005). Essa norma constitucional iniciou as responsabilizações nas esferas administrativa, civil e criminal, das pessoas físicas e jurídicas, pois determinadas condutas podem configurar um crime ambiental ou mesmo uma contravenção penal, que é uma infração penal, denominada de crime menor, punidas com pena de prisão simples ou multa, ou ambas. Isto porque a partir da Lei nº 6.938/81, da Política Nacional do Meio Ambiente, como estudamos anteriormente, o meio ambiente passa a ser um bem difuso, ou seja, está inserido na sociedade, pertencendo a uma coletividade e não apenas a um indivíduo. Basta lembrarmos que pertencemos a um ambiente, seja lá qual for, e que interesses individuais não podem ser mais considerados. Assim, quando se lida com atividades com maior risco de causar danos a terceiros, deve-se considerar a possibilidade de identificar possíveis causas de um acidente. Como veremos na Unidade 3 deste Caderno de Estudos, fazer previsões e mapas de risco em uma empresa deve ser rotina comum. No entanto, se pensarmos mais a fundo, nem mesmo a fiscalização sobre determinada conduta estabelecida por normas, deveria existir. Isso deveria ser parte intrínseca de cada UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E 26 ser humano. Mais uma vez, se partirmos do princípio de que estamos inseridos no meio ambiente, e que cada ação individual afeta o todo e não somente aos outros, nos conscientizaríamos e, com certeza, faríamos a nossa parte. No Brasil, para qualquer dano ambiental causado, existe a chamada responsabilidade objetiva, que não abre exceções para os acidentes que são considerados potencialmente poluidores ou de risco iminente. Esta responsabilidade objetiva também estabelece que todo aquele que deu causa, ou cometeu um crime ambiental, responde por ele, bastando apenas provar o nexo causal entre a atividade produtiva, o dano ambiental e o envolvido. Não é mais preciso provar a culpa, e sim o nexo causal, que nada mais é do que a existência de relação das partes envolvidas. A ausência de culpa não é mais excludente de responsabilidade. A empresa até pode alegar que não desejava causar determinado dano, mas o tipo de responsabilidade a que irá responder é a “Responsabilidade Ilimitada”. Desta forma, quando atividades desse caráter estão em funcionamento, existe a obrigatoriedade de previsão e mitigação de possíveis acidentes. Situações clássicas, tradicionalmente aceitas pela doutrina brasileira como excludentes de punição, não são mais admitidas nos casos de danos ambientais. No Brasil, para qualquer dano ambiental causado, existe a chamada responsabilidade objetiva, que não abre exceções para os acidentes que são considerados potencialmente poluidores ou de risco iminente. ATENCAO Atualmente, para efeitos de ressarcimento na área cível, não há mais dano ambiental tolerável. Não existe mais a possibilidade de uma atividade produtiva se excluir da responsabilidade, alegando um dano residual ou permissível. Temos como exemplo um motorista de caminhão, que transporta produtos químicos para uma empresa, cuja licença ambiental está ativa. Vamos imaginar que um acidente ocorra e que boa parte do material químico seja despejada em um córrego situado em uma área de proteção ambiental; teoricamente, o único responsável, em caso de acidente, seria a empresa, mas agora, até mesmo o motorista poderá ser responsabilizado. A força maior ou o caso fortuito, de acordo com o Código Civil Brasileiro, é um acontecimento interno, irresistível e que não emana de culpa do devedor, mas decorre de circunstâncias ligadas à sua pessoa ou à sua empresa, e apresenta como principal característica a imprevisibilidade. Neste caso, não teríamos como culpar o motorista, de acordo com o exemplo acima citado. No entanto, a partir do momento em que a nova lei abandonou o conceito de culpa para os problemas ambientais, o caso fortuito ou de força maior também foi excluído, portanto, até mesmo um fenômeno natural, se for a causa, não exclui a responsabilidade por um acidente ambiental. TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES 27 Essa é a teoria do risco assumido, cujo fundamento se baseia na seguinte premissa: só atua em situações com risco iminente quem tem a capacidade e a formação para lidar com tais adversidades e assumir todos os riscos inerentes àquela atividade. Portanto, ou assume o risco, ou não exerce a função ou atividade. 4 RESPONSABILIDADE CIVIL Antes de definirmos a responsabilidade civil, precisamos entender quem é a pessoa definida como poluidor ou infrator. De acordo com a Lei nº 6.938, o poluidor é a pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. Como vimos anteriormente, para a nossa legislação, o caso fortuito ou de força maior foi abandonado e, dessa forma, as pessoas ou empresas passam a assumir o risco pelas atividades com potencial poluidor. Ou seja, só faz se tem capacidade para tal. Devem assumir os riscos, no caso de algum problema ocorrer. Assim, podemos definir a responsabilidade civil como a obrigação de reparar um dano que uma pessoa causa a outra. Desta forma, para reparar o prejuízo sofrido por alguma das partes, podendo ser pessoa física ou jurídica e reduzindo ao máximo os efeitos causados por determinada agressão, a responsabilização na esfera civil permite a recuperação ou mitigação. Deve ficar bem claro que existe a obrigação e a possibilidade de contornar o dano provocado, no entanto, sabe- se que alguns dos danos causados podem ser irrecuperáveis. Utilizemos como exemplo uma empresa que atua no ramo de derivados de petróleo. Em caso de derramamento, e dependendo das proporções, os danos causados não só à biota e flora, como também à sociedade na área de influência do derramamento, podem não ser mensuráveis, e podem levar muitos anos, às vezes séculos, para a total recuperação do patrimônio natural. Para se caracterizar a responsabilidade civil é necessário ocorrer um dano, e o objetivo é a sua reparação ou indenização.
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