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Monografia Corrigida versão final 12-02-19

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES)
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS (CCSA)
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Crescimento econômico e meio ambiente: Uma análise empírica para a região do Norte de Minas Gerais no ano de 2010
Acadêmico: Nilson Juneo De Sá Gonçalves
Orientadora: Professora Doutora Maria Alice Ferreira
Montes Claros (MG)
Dezembro de 2018
NILSON JUNEO DE SÁ GONÇALVES
Crescimento econômico e meio ambiente: Uma análise empírica para a região do Norte de Minas Gerais no ano de 2010
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Econômicas como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), no ano de 2018.
Orientadora: Professora Doutora Maria Alice Ferreira
Montes Claros (MG)
Fevereiro de 2019
NILSON JUNEO DE SÁ GONÇALVES
Crescimento econômico e meio ambiente: Uma análise empírica para a região do Norte de Minas Gerais no ano de 2010
BANCA EXAMINADORA:
Professora Doutora Maria Alice Ferreira (Orientadora):____________________________
Professor Doutor Emerson Costa dos Santos (Avaliador 1): _________________________
Professora Mestre Paula Margarita Cares Bustamante (Avaliadora 2): _________________
	
Montes Claros (MG)
Fevereiro de 2019
Dedico este trabalho primeiramente a Deus pelo dom da vida, por ser essencial na minha vida, por sempre me guiar, por ser o meu refúgio, ao meu pai José Nilson, a minha mãe Ana Maria, minha irmã Mariana.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço ao Deus por me dar forças e saúde para superar as dificuldades.
Agradeço aos meus pais que sempre me incentivaram todos os anos em que estive na faculdade.
A Universidade Estadual de Montes Claros, por ter me dado à oportunidade de concluir este curso.
A Professora Doutora Maria Alice Ferreira, pela orientação, pela confiança e pelo todo apoio me dado ao longo deste trabalho.
Aos meus amigos e colegas que fizeram parte desses anos de convívio de faculdade, que foram muito importantes nessa caminhada.
E a todos que diretamente e indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias”.
(Roberto Shinyashiki, 2012)
RESUMO
A cultura do acúmulo de riqueza e de um consumo cada vez maior de bens e serviços faz parte então dos costumes de qualquer sociedade e economia no mundo. O crescimento econômico é, desta forma, objetivo para qualquer economia ao redor do mundo. Este crescimento econômico gera uma série de impactos negativos (degradação) sobre os recursos naturais e ambientais. O estudo do nível de degradação dos recursos naturais e ambientais e sua relação com o nível de crescimento econômico de uma nação é, desta forma, de grande importância. O objetivo desse trabalho foi analisar a relação existente entre crescimento econômico e a degradação do meio ambiente na região do Norte de Minas Gerais. Para a efetivação dessa pesquisa, utilizou-se a análise fatorial para a construção de variável proxy que representasse o nível de degradação ambiental para a região, denominada de Índice de Degradação Ambiental para o Norte de Minas (IDANM) e ainda foi utilizado a técnica dos Mínimos Quadrados Ordinários para estimar a relação entre crescimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) e o IDANM. Como principais resultados, destaca-se que o logaritmo do PIB per capita apresentou um sinal positivo e o logaritmo do PIB per capita ao quadrado apresentou sinal negativo, comprovando a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental no formato de “U” invertido para a região norte mineira.
Palavras Chaves: Crescimento econômico, Meio ambiente, Norte de Minas Gerais, Curva de Kuznets Ambiental.
ABSTRACT
The culture of the stock market and things of greater market value and more things are part of the fantasies of any society and economy in the world. Growth is economical in this way for any economy around the world. This economic group has a number of negative impacts (degradation) on natural and environmental resources. The level of economic growth and natural resources and their relationship to the level of economic growth of a nation is therefore of great importance. The objective of this work was to present a relation between the economic growth and a degradation of the environment in the northern region of the State of Minas Gerais. To perform this research, a factorial analysis was used to construct a variable that represents the level of environmental degradation of a region, called the Environmental Degradation Index for the North of Minas Gerais (IDANM). Ordinary Least Squares for a relationship between economic growth as measured by Gross Domestic Product (GDP) and IDANM. As the main results, it should be noted that the log of GDP per capita presented a positive sign and the log of GDP per capita squared presented a negative sign, confirming the hypothesis of the Environmental Kuznets Curve in inverted "U" format for the northern region mining.
Keywords: Economic Growth, Environment, Northern Minas Gerais, Environmental Kuznets Curve.
LISTAS DE SIGLAS
PIB – Produto Interno Bruto
CKA - Curva de Kuznets Ambiental
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
SO2– Dióxido de Enxofre
CO2 – Dióxido de Carbono
IDANM – Índice de Degradação Ambiental do Norte De Minas Gerais
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia E Estatística
FJP – Fundação João Pinheiro
MQO – Mínimos Quadrados Ordinários 
IPDA – Índice Parcial de Degradação Ambiental
MCRL – Modelo Clássico de Regressão Linear
FIV – Fator de Inflação de Variância
TOL – Tolerância
KMO – Teste de Kaiser-Meyer-Olkin
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONU – Organização das Nações Unidas
AMM – Associação Mineira de Municípios
POP – População
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1 - Autovalores da matriz de correlação e variância explicada por cada um dos fatores na construção do IDANM para o Norte de Minas Gerais	43
Tabela 2 - Cargas fatoriais da matriz padrão e variâncias únicas para o Norte de Minas Gerais	44
Tabela 3 - Matriz de Correlação simples	47
Tabela 4 - Análise do Fator de Inflação da Variância (FIV) e Tolerância (TOL)	47
Tabela 5 - Resultados da Estimação	48
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Relação entre renda e degradação ambiental	27
SUMÁRIO
Introdução	13
Capítulo I - Crescimento Econômico e Meio Ambiente	16
1.1. Crescimento econômico, desenvolvimento econômico e sustentável	16
1.2. Economia ambiental e Economia ecológica	22
Capítulo II - A Curva de Kuznets Ambiental (CKA)	27
2.1. A Relação entre Crescimento Econômico e Meio Ambiente	27
2.2. Revisão de literatura empírica sobre a relação entre crescimento e meio ambiente	31
Capítulo III - Metodologia	38
3.1 Fonte de dados	38
3.2.Construindo o Índice de Degradação Ambiental dos Municípios do Norte de Minas...39
3.3.O método dos Mínimos QuadradosOrdinários (MQO)	40
3.3.1.Modelo Analítico	42
Capitulo IV - Apresentação e discussão dos resultados	44
4.1.Análise do Índice de Degradação Ambiental para o Norte de Minas Gerais (IDANM)	44
4.2.Estimação da Curva de Kuznets Ambiental para o Norte de Minas Gerais	48
Conclusões	52
Referências	54
Apêndice 1 – Projeto da monografia	60
Introdução
As mudanças ocorridas no meio ambiente acompanham a evolução do homem na sociedade. Essas mudanças ocorrem no uso de novos meios, novas tecnologias e novas técnicas tanto referentes à produção econômica quanto a mecanismos para a melhoria do bem-estar social. Entretanto, é consenso que a atividade humana provoca sérios danos ao meioambiente, de modo que algumas dessas mudanças vêm provocando problemas para a sociedade. A geração de energia, práticas inadequadas na agropecuária e processos industriais são responsáveis por grande parte desses problemas (SACHS, 2007). 
A existência de problemas ambientais, como a poluição e a deterioração de elementos da natureza, possui uma relação direta com o nível de qualidade de desenvolvimento da exploração dos recursos naturais (MOTTA, 1997). Conforme Rossato (2006), se essa exploração ocorrer a um nível maior do que a capacidade de regeneração dos ecossistemas haverá escassez de recursos naturais. Assim, os responsáveis pela dinâmica econômica conciliam a preservação ambiental com a capacidade produtiva das regiões sobre seus encargos.
Dentro desse contexto de desenvolvimento ambiental e socioeconômico, surge a questão da degradação ambiental, a qual, no decorrer dos anos, apresenta-se como um grande desafio para uma diversidade de regiões. De acordo com Lemos (2001), esse fenômeno pode ser entendido como destruição, deterioração ou desgaste gerado ao meio ambiente a partir de atividades econômicas e aspectos populacionais e biológicos. Dessa maneira, muitas das mudanças oriundas da degradação ambiental resultam da atividade agropecuária.
Nessa perspectiva, a degradação ambiental pode ser considerada como uma das grandes responsáveis pela modificação do cenário do campo originado pelas práticas agropecuárias que, por meio de processos de modernização e de maior informação dos produtores, modificou esse ambiente. Entre as práticas e técnicas oriundas da agropecuária que geram impactos no meio ambiente estão: o cultivo intensivo do solo, o uso de fertilizantes, a irrigação e o uso de agrotóxico (GLIESSMAN, 2005). Ademais, a atividade agropecuária requer fortes transformações no uso do solo, proporcionando, com frequência eventos como as queimadas, a poluição por dejetos e agrotóxicos, a erosão e a degradação dos solos, a contaminação da água, o desmatamento, a desertificação e a expansão da fronteira agrícola (LEITE; SILVA; HENRIQUES,2011).
Neste contexto, diversos autores passaram a investigar a relação entre degradação ambiental e crescimento econômico, que passaria a ser chamada de Curva de Kuznets Ambiental (CKA), de modo que a degradação ambiental aumentaria nos momentos iniciais do crescimento econômico, porém eventualmente, diminuiriam quando certo nível de renda fosse alcançado (CARVALHO e ALMEIDA, 2010).
Segundo Lucena (2005), a CKA é uma hipótese acerca da relação entre indicadores de degradação ambiental e a renda per capita. Assim, nos estágios iniciais do desenvolvimento econômico, a degradação ambiental e a poluição aumentariam juntamente com a renda per capita. Contudo, após certo nível de renda (chamado de “ponto de inflexão”), essa tendência se reverteria de tal forma que a qualidade ambiental melhoraria com o crescimento econômico. Tal efeito foi denominado por alguns autores como “descolamento” entre a atividade econômica e a pressão ambiental (IBRD, 1992).
Diante desse cenário, o Estado de Minas Gerais por séculos apresenta atividades produtivas, historicamente voltadas para atividades agrícolas que possuíram e continuam a apresentar grande relevância para economia. O Estado, por apresentar características peculiares em termos fisiográficos, locacionais e infraestruturais e à disponibilidade de recursos naturais e de matérias primas, torna-se naturalmente voltado à concentração produtiva (FERNANDES; CUNHA; SILVA, 2005).
Entretanto, a expansão da atividade agropecuária produz fortes impactos sobre a qualidade ambiental, uma vez que essa expansão é feita mediante o uso intensivo de mecanização, de agrotóxicos, fertilizantes, excesso de desmatamento, pisoteio excessivo de animais; monocultura e cultura em grande escala, o que muitas vezes compromete a cobertura do solo, as bacias hidrográficas e demais ecossistemas, afetando a sustentabilidade ecológica (CUNHA et al., 2008).
Em particular, o norte do Estado de Minas Gerais possui clima caracterizado por temperaturas elevadas e irregularidade das chuvas. A região é enquadrada em faixas que variam de semiúmido a semiárido, apresenta diversidade de formações vegetais típicas, onde uma pequena parcela corresponde ao bioma Caatinga que entra em contato ecossistêmico com o Cerrado. Aliado aos efeitos da seca, déficit hídrico e baixa fertilidade dos solos, soma-se o mau uso da terra, que deixam essas áreas inóspitas para o seu uso, e em último caso contribuindo para o fenômeno da desertificação (PAE, 2010).
Segundo Favero (2001), a região norte de Minas Gerais apresenta condições edafoclimáticas e culturais que favorecem a aceleração dos processos erosivos. Em função disso, acredita-se que os solos da região são os mais degradados do estado de Minas Gerais, tornando imprescindível a sua recuperação.
Nesse contexto, a região do Norte de Minas Gerais ainda contribui na geração do valor adicionado da agropecuária em 7,0% do estado de Minas Gerais, seguida dos serviços (4,4%) e, por último, da indústria (3,0%). Dentre as atividades econômicas desenvolvidas na região, destaque para agricultura, pecuária, ferro-liga, metalurgia, reflorestamento, têxteis, frutas e minerais não metálicos (AMM, 2016).
Deste modo, o presente trabalho teve como objetivo analisar a relação existente entre crescimento econômico e a degradação do meio ambiente na região do Norte de Minas Gerais. A motivação em estudar a relação entre o meio ambiente e o crescimento econômico está na possibilidade de realizar um trabalho com uma abordagem mais regional, temática ainda pouco explorada e, ainda, por não haver um consenso sobre o tema na literatura empírica quanto a essa relação.
 Para tanto, utilizou-se a análise fatorial que aborda o problema de analisar a estrutura das inter-relações (correlações) entre um grande número de variáveis (por exemplo, escores de testes, itens de testes, respostas de questionários), definindo um conjunto de dimensões latentes comuns, chamados fatores, para a construção de uma variável proxy para representar a degradação ambiental, denominada de Índice de Degradação Ambiental para o Norte de Minas Gerais (IDANM). Foi utilizada a técnica dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para estimar a relação entre crescimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) e o IDANM e, assim, testar a hipótese da curva ambiental de Kuznets para a região norte mineira. 
Esse trabalho está dividido em quatro capítulos, além desta introdução, sendo o primeiro um referencial teórico sobre o crescimento econômico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável e apresenta as abordagens da economia ambiental e economia ecológica. O segundo capítulo apresenta uma literatura da curva de Kuznets ambiental tanto mundial como nacional. O terceiro capítulo descreve a metodologia aplicada e variáveis utilizadas para a estimação do modelo proposto. O capítulo quatro apresenta uma análise e discussão dos resultados e, por fim, a conclusão do estudo realizado.
Capítulo I - Crescimento econômico e meio ambiente
Este capítulo tem como objetivo apresentar o referencial teórico sobre o crescimento econômico, desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável e apresentar as abordagens da economia ambiental e economia ecológica. A primeira seção aborda as principais teorias acerca dos conceitos de crescimento econômico, desenvolvimento econômico e sustentável. A segunda seção apresenta as abordagens da economia ambiental e ecológica e suas divergências. 
1.1 Crescimento econômico, desenvolvimento econômico e sustentável
Historicamente, o conceito de riqueza associado ao crescimento econômico de uma nação variou muito. Nas primeiras sociedades humanas a riqueza era a quantidade de alimentos que cada um conseguia ingerir. Com a evolução do conhecimento dos homens e a criação da agricultura, a riqueza era a produção agrícola das tribos. Na idade média, a riqueza era medida pela quantidade de terras que uma nação possuísse, uma vez que era delaque se retirava a subsistência. Avançando ao mercantilismo, a riqueza era a quantidade de metais que uma determinada nação possuía (HUBERMAN, 1971). Para Smith (1983), a riqueza estava no comércio e na especialização da produção. 
A obra clássica de Adam Smith, “Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”, do ano de 1776, tem sido para muitos autores, o ponto de partida para o estudo do crescimento econômico. O crescimento econômico passou a ser o tema central da ciência econômica (HOFFMANN, 2001).
A preocupação de Smith encontrava-se na compreensão do processo do crescimento procurando determinar os possíveis fatores responsáveis pelo crescimento econômico, bem como ações no âmbito político a serem criadas no sentido de assegurar tal processo. Para isso, Smith relaciona a abundância de poupança das classes mais ricas e a acumulação de capital, junto da liberdade de trocas, como “condições necessárias e suficientes do crescimento econômico” (DENIS, 1993, p. 214).
Na concepção de Smith, o crescimento econômico era considerado como um sistema dinâmico determinado pelo consumo em capital e que, além disso, operava de forma que aceitasse também sua sustentação e reconstituição. A importância atribuída ao capital pode ser expressa pelo fato de o mesmo ser o responsável pelos aumentos na produtividade do trabalho, pois ajuda na divisão do trabalho e funciona como um meio de produção (DENIS, 1993). Então, pode-se entender que o papel do capital, por meio da elevação da produtividade do trabalho, eleva também a quantidade de trabalhadores produtivos, aumentando assim a produção nacional.
Nesse sentido, Smith relaciona o trabalho humano também como elemento causador de riqueza por meio do processo de divisão do trabalho, justificado, segundo o autor, pela propensão dos indivíduos à realização de trocas. Na visão de Adam Smith, a divisão do trabalho atua na elevação do produto nacional a partir de três fatores: por possibilitar uma maior habilidade aos trabalhadores (pelo fato de estarem exercendo uma única tarefa), por trazerem economia ao tempo de produção de uma determinada mercadoria e por meio do uso de instrumentos de trabalho – como máquinas – que agilizam o processo de produção tornando o trabalhador mais produtivo (DENIS, 1993).
No modelo de crescimento econômico desenvolvido por Smith encontram-se os seguintes elementos: acumulação de capital, crescimento populacional e produtividade da mão- de-obra. Fica evidente, assim, que os recursos de produção como trabalho, capital e terra estão presentes na análise de Smith (ACORDI, 2015).
Dentre os principais autores da contribuição neoclássica de crescimento econômico podem ser citados Robert Solow, Trevor Swan e Robert Emerson Lucas. A respeito do modelo neoclássico de crescimento pode-se dizer que o mesmo:
Fundamenta-se em algumas equações simples e adota um conjunto de pressupostos: (a) concorrência perfeita e pleno emprego em todos os mercados; (b) economia fechada em governo; (c) função de produção com rendimentos constantes à escala (quando variam simultaneamente todos os fatores) e rendimentos decrescentes quando se altera apenas um dos fatores; (d) economia produzindo um único bem com apenas três fatores: capital fixo (K), trabalho (L) e terra (N); e (e) os fatores de produção são homogêneos, divisíveis e imperfeitamente substituíveis entre si (Paz e Rodrigues, 1972, p. 107 apud Souza, 2005, p.1).
O modelo de Meade (1961, apud SOUZA, 2005) apresenta o produto como função do emprego dos fatores capital, trabalho, terra e inovações tecnológicas, em termos de variáveis temporais. No que diz respeito à taxa de crescimento, pode-se dizer que o crescimento do produto dependerá das taxas de crescimento do estoque de capital, do crescimento demográfico e do progresso tecnológico, junto ainda das participações da renda do capital e do trabalho no total do produto (SOUZA, 2005). As principais hipóteses do modelo de Solow são: um país produz e consome um único bem, ou seja, não há comércio; a tecnologia é exógena, o que significa que a tecnologia disponível não é afetada por ações das firmas, como investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). A partir de Meade, Robert Solow desenvolveu seu modelo, obtendo conclusões semelhantes às do modelo original de Meade, mas com base em relações per capita. Os estudos realizados por Robert Solow, na década de 1950, contribuíram no sentido de esclarecer a forma de acumulação do capital físico, com ênfase na importância do progresso tecnológico como peça fundamental na geração do crescimento econômico (JONES, 1998).
Uma importante conclusão a que Solow se deteve foi a identificação de que, na ausência de inovações tecnológicas, o crescimento demográfico determina o crescimento econômico, causando elevações nas taxas de crescimento do produto, do capital e do trabalho, mesmo tendo como consequência a redução da produção per capita; ou seja: “o ritmo do progresso técnico determina o crescimento da renda per capita no equilíbrio estável de longo prazo” (SOUZA, 2005, p.5).
O progresso tecnológico pode ser compreendido como o fator que leva a aumentos no produto, dados os níveis de capital e trabalho. As pesquisas desenvolvidas pelas empresas, comumente chamadas de P&D, são um bom exemplo de fatores que influenciam no progresso tecnológico. Dessa forma, o progresso tecnológico reduz a necessidade de trabalhadores para a obtenção de determinado valor de produto, bem como aumenta o produto passível de ser obtido com um determinado número de trabalhadores (BLANCHARD, 2011).
Assim, além do capital físico e do trabalho, outros elementos são acrescidos à função de produção original, visando compreender os mecanismos que auxiliam a manutenção do crescimento econômico dos países. Além do progresso técnico, outro determinante que pode ser acrescido é o capital humano, definido como o “conjunto de habilidades dos trabalhadores na economia” (BLANCHARD, 2011, p. 216). Em outras palavras, uma economia com trabalhadores qualificados gera maior nível de produto por trabalhador, o que por sua vez, acarreta em aumento do produto. Fatores como um maior número de anos de escolarização, que resulta em maior chance de acesso ao ensino superior, cursos de capacitação e treinamento, podem ser entendidos como elementos relevantes ao acréscimo do capital humano.
 De acordo com O’Sullivan et al. (2004), não há outra maneira de elevar o padrão de vida de uma nação que não seja pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Para os autores, são duas as principais medidas utilizadas para identificar o crescimento econômico: a taxa de crescimento do PIB e o PIB per capita. O primeiro se refere à evolução do PIB de um ano para o outro e o segundo se refere à divisão do PIB pela população total. Entre os fatores-chave para o crescimento econômico está o aumento no capital por trabalhador, o progresso da tecnologia e o capital humano. 
Com relação às medidas do crescimento econômico de um país, Mankiw (2005) aponta que o PIB traz informações sobre o bem-estar econômico, uma vez que informa o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em dado período de tempo. Desse modo, como o PIB não informa assuntos como saúde, educação e distribuição de renda, ele se torna um indicador fraco para analisar o desenvolvimento de países. Esse indicador também não leva em conta as reais condições da vida da população nem as consequências do crescimento econômico na vida das pessoas, como exemplo, o ar, a poluição, a água, o processo de urbanização e a incidência de doenças raras (CRACOLICI et al., 2009). 
Uma limitação atribuída ao PIB per capita é encontrada em Bergh (2009), que aponta que esse indicador enfatiza a renda média, mas deixa de lado a distribuição de renda, muito embora ele tenha considerado que uma distribuição desigual implique na desigualdade de oportunidades de desenvolvimento pessoal e bem-estar. O autor observou ainda que as externalidades[footnoteRef:1] ambientais e o esgotamento dos recursosnaturais também são fatores que não estão considerados no cálculo do PIB per capita. A partir dessas fragilidades e limitações é que são discutidas as diferenças conceituais entre crescimento e desenvolvimento econômico. [1: Externalidades podem ser identificadas quando as ações de um agente afetam o bem-estar ou o ganho do outro, mas sem nenhum mecanismo de mercado que compense o afetado. Este processo, que incorre em um sistema de ação e consequências benignas ou malignas (COASE, 1960).] 
Sachs (2004) buscou esclarecer a diferença conceitual existente entre os termos crescimento econômico e desenvolvimento econômico da seguinte forma:
O crescimento econômico, embora necessário, tem um valor apenas instrumental; o desenvolvimento não pode ocorrer sem crescimento, no entanto, o crescimento não garante por si só o desenvolvimento; o crescimento pode, da mesma forma, estimular o mau desenvolvimento, processo no qual o crescimento do PIB é acompanhado de desigualdades sociais, desemprego e pobreza crescentes (SACHS, 2004, p.71).
Com o intuito de melhor compreender a relação entre crescimento e desenvolvimento, Furtado (1961) menciona que a disponibilidade de recursos para investimentos está longe de ser condição suficiente para garantir um futuro melhor para a população. Entretanto, o autor considera que, quando o projeto social prioriza a melhoria das condições de vida desta população, o crescimento é transformado em desenvolvimento.
O termo desenvolvimento econômico foi discutido por Schumpeter (1982), em sua obra a “Teoria do Desenvolvimento Econômico”, onde o autor apresenta uma forte crítica ao fluxo circular da economia[footnoteRef:2]. Para ele, o fluxo circular deve ser alterado, para um estado de equilíbrio novo, onde as inovações e a novas combinações são os estímulos para tal. Nesse sentido, Schumpeter que aponta que: [2: O fluxo circular é um sistema de equilíbrio geral onde existem os lucros normais, os processos de produção de rotina, pleno emprego de bens, trabalho e do capital, de maneira que o empresário não tem o papel de inovador, o que torna impossível o desenvolvimento (SOUZA, 2005).] 
O desenvolvimento traduz-se por mudanças quantitativas e qualitativas das variáveis econômicas de fluxo circular, alterando sua estrutura e as condições do equilíbrio original. Aumenta a disponibilidade de bens per capita, em razão da maior taxa de crescimento da produção em relação à população. Melhora a qualidade dos produtos e dos serviços, assim como a renda média dos indivíduos. Isso ocorre pela expansão do volume de negócios, pelas inovações e pela disputa por fatores de produção por parte dos empresários. O dinamismo da economia deriva da ação do empresário inovador, que põe em prática novos processos de produção, gera novos produtos e abre novos mercados (SOUZA, 2005, p. 148).
Sen (2000, p.17) apresentou o desenvolvimento “como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam”. Entretanto, essas liberdades às quais o autor se refere não ficam limitadas apenas às riquezas materiais. Elas também se referem às capacidades de possuir “condição de evitar provações como a fome, a subnutrição, a morbidez evitável e a morte prematura, bem como as liberdades associadas a saber ler e fazer cálculos aritméticos, ter participação política e liberdade de expressão” (SEN, 2000, p.52).
As teorias sobre o desenvolvimento econômico, segundo Celso Furtado, são “esquemas explicativos dos processos sociais em que a assimilação de novas técnicas e o consequente aumento de produtividade conduz à melhoria do bem-estar de uma população com crescente homogeneização social” (FURTADO, 1992, p. 39). O desenvolvimento, na teorização de Furtado, possui pelo menos três dimensões:
[...] a do incremento da eficácia do sistema social de produção, a da satisfação de necessidades elementares da população e a da consecução de objetivos a que almejam grupos dominantes de uma sociedade e que competem na utilização de recursos escassos. A terceira dimensão é, certamente, a mais ambígua, pois aquilo a que aspira um grupo social pode parecer para outros simples desperdício de recursos. Daí que essa terceira dimensão somente chegue a ser percebida como tal se incluída num discurso ideológico (FURTADO, 2000, p.22). 
Conforme Sen (2008), as estratégias de desenvolvimento dos países devem contemplar ações no sentido de criar um clima econômico, social, político e cultural favorável para os seus indivíduos. Isso porque o desempenho de cada pessoa depende das oportunidades econômicas, questões sociais e educacionais, e dos estímulos as suas iniciativas. Sendo assim, a qualidade de vida do indivíduo está intimamente relacionada com as oportunidades efetivas dadas pelas realizações coletivas, tanto passadas quanto presentes. 
Sachs (2007) complementa Sen e diz que o desenvolvimento deve enfatizar, além da problemática econômica e social, questões ambientais. A partir da década de 1980, surge e intensifica-se a discussão sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, como uma resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. 
Na Comissão Mundial para o Meio Ambiente, conhecida como Comissão de Brundtland, foi desenvolvido um relatório com informações sobre questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano. Neste relatório está exposta uma das definições mais difundidas do conceito: o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (BRUNDTLAND, 1987).
Na apresentação do papel que desempenha o desenvolvimento sustentável, Sachs (2004) identificou que ele agrega a dimensão ambiental (sustentabilidade ambiental) à sustentabilidade social. De acordo com o autor, são cinco os pilares do desenvolvimento sustentável:
1. Social: fundamental pela perspectiva de ruptura social, ameaçadora sobre lugares críticos do planeta; 2. Ambiental: pelo fornecimento de recursos naturais e por ser “recipiente” de resíduos; 3. Territorial: no que se relaciona com a distribuição dos recursos, populações e atividades no espaço; 4. Econômico: a viabilidade econômica é a condição indispensável para o funcionamento do sistema; 5. Político: a governança como instrumento necessário para o funcionamento do sistema (SACHS, 2004, p. 15-16).
Sachs (2004) creditou o alcance do papel do desenvolvimento sustentável ao processo de gerenciamento de crises, onde o crescimento, que anteriormente era financiado pelos recursos externos, deveria ser substituído pelo crescimento financiado pelos recursos internos, buscando a baixa importação e o seu funcionamento com o que se dispunha no território nacional.
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento em longo prazo e do reconhecimento de que os recursos naturais do planeta são finitos e de todos. Não se trata de interromper o crescimento, mas de eleger um caminho que garanta o desenvolvimento integrado e participativo e que considere a valorização e o uso racional dos recursos naturais (MENDES, 2008). 
A preocupação central da política ambiental, sob a égide do conceito de desenvolvimento sustentável, tem sido a de assegurar a gestão internacional dos principais ecossistemas, com o objetivo de garantir a durabilidade e disponibilidade de importantes estoques de recursos naturais funcionais ao desenvolvimento econômico, para assegurar àqueles povos que são privilegiados em seu desenvolvimento social, a manutenção de seus níveis de desenvolvimento e consumo. Assim, a busca pelo desenvolvimento sustentável trata-se de uma forma de monitorar, gerir e controlar os estoques de recursos naturais (FERNANDES,2003). Portanto, o desenvolvimento sustentável deve ser uma consequência do desenvolvimento social, econômico e da preservação ambiental.
Assim, surgia uma nova maneira que tornava possível a busca por resultados economicamente satisfatórios, incluindo a eles as questões sociais inerentes e ainda toda a preocupação com o meio ambiente, formando uma base para que surgissem novos projetos para os países “em desenvolvimento” unindo as três características anteriores (BRUSEKE, 1996).
1.2 Economia ambiental e economia ecológica
Um dos conceitos mais tradicionais da ciência é o do homo economicus, atribuído a John Stuart Mill, em sua versão primária (MATTOS, 2004). Trata-se de uma abstração que permite segmentar as diferentes motivações humanas, sendo o homo economicus aquele que faz uso dos melhores meios possíveis para alcançar seu objetivo único, a riqueza. Após modificações e refinamentos, essa abstração se tornou o conceito que permite a análise dos fatos e problemas econômicos de forma exclusiva, separando-os de qualquer outro aspecto que faça parte dos seus contextos. É também essa abstração, juntamente com o conceito de bens públicos[footnoteRef:3], a base da argumentação que justifica a abordagem da Economia da Poluição. [3: Segundo Támez (2007), os bens públicos podem ser caracterizados como bem, cujo consumo por parte de um indivíduo, não prejudica o consumo dos demais (consumo indivisível ou não rival), além do fato de que, uma vez que esses bens são disponibilizados, torna-se praticamente impossível impedir um indivíduo de usufruí-los (Princípio da não exclusão). Entre eles estão a segurança nacional e as vias públicas, exemplos inúmeras vezes citados.] 
A problemática da Economia da Poluição pode ser entendida da seguinte maneira: sendo o agente privado visto como um homem econômico e que pode usufruir o meio ambiente sem que lhe incorram os custos sociais derivados do seu uso, já que estes são repartidos entre todos os agentes, sua maximização de bem-estar está condicionada a uma quantidade “ótima” de poluição causada. Sem prejudicar nenhum conceito, podemos dizer que os danos ambientais (como poluição, desmatamento e o uso) são uma externalidade negativa da atividade econômica (MALARA, 2012). Entretanto, essa abordagem é criticada pela estática do modelo, apesar do acertado destaque dado aos custos sociais nítidos gerados pelos resíduos do processo produtivo (AMAZONAS, 1994). Esse problema é parcialmente corrigido na interpretação dada pela “Economia dos Recursos Naturais”.
A Economia dos Recursos Naturais considera os custos de uso (crescentes) dos recursos naturais - inputs das atividades econômicas – ao longo do tempo (ALMEIDA, 1994). O equilíbrio intertemporal ocorre com a otimização na extração e alocação desses recursos, sendo estes exauríveis e/ou renováveis, dado o aumento progressivo dos preços e o acirramento de sua escassez. Para tal, o arcabouço teórico utilizado trata dos custos de oportunidade e de utilização. No primeiro, são observados os usos alternativos do recurso natural e, no segundo, a possibilidade de postergar a extração do recurso para utilizá-lo em um melhor momento (MALARA, 2012).
Muitos são os desdobramentos dessa vertente, porém constantemente o outro aspecto da problemática ambiental, o dos resíduos produtivos, parece ser abandonado. Tendo em vista que não há aparente complementaridade entre as duas principais ramificações da Economia Ambiental, nenhuma se mostrou capaz de analisar de maneira generalizada a questão do meio ambiente. Ainda assim, esta se apresenta como a corrente teórica predominante na maioria dos discursos sobre esse tema (MALARA, 2012).
A economia ambiental, difundida na década de 1980, é um ramo da economia que considera as externalidades das ações do homem sobre a natureza como passíveis de serem internalizadas em forma de preços, tratando os recursos naturais escassos como bens econômicos (LIMA, 2004). Na economia ambiental neoclássica, a sustentabilidade é conhecida como sustentabilidade fraca, pois essa corrente caracteriza o termo como uma continuidade dos atuais níveis de produção e consumo, uma vez que o progresso tecnológico é fundamental para que isso ocorra, porque com ele é possível garantir que ocorra substituição e otimização na utilização dos recursos e essa confiança torna a sustentabilidade fraca (AMAZONAS, 2002).
Ainda de acordo com Amazonas (2002), alguns pesquisadores desta corrente, não acreditam que a substituição dos fatores ambientais pelo avanço tecnológico seja viável, pois o capital natural deve ser mantido ao longo dos anos e não altamente explorado para depois ser substituída, essa crítica ao argumento tradicional neoclássico é baseada na questão do custo-benefício ambiental, pois para que exista uma conservação do capital natural, as taxas de extração de recursos renováveis devem ficar menores que as taxas de recuperação dos mesmos recursos. Já na conjuntura que envolve os recursos não renováveis, é necessário que seja fixado uma taxa de substituição gradativa, ou mesmo, que sejam impostos limites a extração dos recursos exauríveis.
Nesse contexto, surgiram diversas óticas divergentes daquela tida como hegemônica. Uma abordagem oposta à consideração neoclássica das questões concernentes ao meio ambiente é a Economia Ecológica. A Economia Ecológica sustenta-se na mudança de paradigma proposta por Georgescu-Roegen, que criticou a visão tradicional que analisa a economia como um sistema fechado no qual circulam bens e moeda. Sua proposta é a de abertura dessa caixa, fazendo com que a teoria microeconômica incorporasse os problemas analisados pela física termodinâmica, a transformação qualitativa das diferentes formas de energia e matéria, tornando a economia um sistema aberto (CECHIN e VEIGA,2010).
Outro autor que trouxe grandes contribuições para o tema foi Herman Daly, como sua tese na década de 90 intitulada “Economia de Mundo Cheio”, considerando o problema de uma biosfera finita. Apesar do fluxo ilimitado de energia oriunda do sol, temos um estoque limitado, e cada vez mais escasso, de recursos naturais que são devolvidos ao meio ambiente na forma de resíduos não úteis, gerando um montante de poluentes que cresce de forma exponencial. Para este autor, esse fluxo só pode ser contido através do controle do consumo e do crescimento (DALY, 2005).
A sustentabilidade é a prioridade central da economia ecológica, sendo essa corrente chamada por alguns autores até de “economia da sustentabilidade”, por ter preocupações com as gerações futuras e não somente com o bem-estar presente. Essa corrente evolui conforme a sua própria proposta de desenvolvimento sustentável, diferente da escola neoclássica que tenta anexar o conceito de desenvolvimento sustentável dentro de seus métodos e estrutura, de modo que não há harmonia entre os conceitos, devido as suas diferenças metodológicas e princípios característicos de ambos (MUELLER, 2007). 
Baseado na função de produção proposta por Solow, a maior parte dos autores da Economia Ambiental considera os elementos constituintes dessa função perfeitamente substituíveis entre si, ou seja, capital natural pode ser infinitamente substituído por capital reprodutível produzido pelo homem ou por trabalho. Portanto, não há necessidade de preservar os recursos naturais e serviços ambientais caso seja mantida a capacidade produtiva da sociedade através da inovação tecnológica (ROMEIRO, 2003). 
Os autores da Economia Ecológica divergem dessa visão e defendem que os recursos da função de produção são complementares entre si e não substituíveis. Sendo assim, o constante desenvolvimento (entendido como crescimento econômico) das forças produtivas não levará à conformação de uma sociedade onde as necessidades desta e das futuras gerações serão contempladas. Segundo essa corrente, algumas funções desenvolvidas pelo meio-ambiente são essenciais para a sobrevivência da humanidade, como os ciclos de carbono e hidrológicos, sendo por sua vez insubstituíveis (BARBOSA, 2008).
Os autores da EconomiaAmbiental defendem que o crescimento econômico medido pelo aumento da riqueza material produzida é um objetivo a ser perseguido devido à necessidade de aumento do capital reprodutível, dada a degradação do capital ambiental e também à elevação da renda, tendo em vista que o “subdesenvolvimento” é uma das grandes causas da deterioração das condições ambientais. Essa proposta é corroborada pela curva de Kuznets ambiental que indica um crescimento da degradação ambiental até certo nível de renda per capita a partir do qual passaria a ocorrer uma melhora das condições ambientais em função da conscientização da população e desenvolvimento de novas tecnologias poupadoras da natureza (BARBOSA, 2008).
O ponto preponderante, que causa a distinção entre as duas correntes econômicas é o fato de a economia ambiental neoclássica admitir os preços de mercado como critério para alocar seus recursos de maneira eficiente e quanto à economia ecológica, questiona tal eficiência econômica, pois julga que o mesmo não é capaz de estimar o que a produção irá causar de danos ambientais e só através de pressões ambientalistas seriam capazes de fazer o mercado incorporar os custos ambientais e incorporá-los aos preços praticados (MONTIBELLER, 1999). Nesse sentido, a economia ambiental é criticada atualmente, pois a natureza e as gerações futuras não devem mais ser excluídas do mercado. Para Sachs (2007), o processo econômico, baseado no crescimento ilimitado e no livre mercado, tem encontrado seus limites. Assim sendo, a economia não pode mais levar em consideração apenas a geração de benefícios pelas atividades produtivas, esquecendo-se de tudo que se exclui do cálculo econômico. 
Como afirma Mueller (2007), na ciência econômica existem essencialmente duas visões: uma que enxerga um futuro cheio de crescente e ilimitada prosperidade, suportada pela convicção de que os avanços tecnológicos e a capacidade de reorganização social serão capazes de solucionar os problemas de ordem ambiental e econômica, e outra que questiona esse otimismo dos pensadores que defende a capacidade infinita dos recursos naturais e da sabedoria humana em administrar tais recursos de forma a utilizá-los. A economia ambiental neoclássica decididamente se enquadra na primeira visão (visão de sustentabilidade fraca), enquanto que a economia ecológica adota uma posição de precaução e de ceticismo no que se refere à capacidade de o ecossistema terrestre suportar as pressões advindas do crescimento econômico. 
De modo geral, percebe-se que a relação entre economia e meio ambiente é complexa e isso resulta no agravamento dos problemas ambientais. A ciência econômica pode fazer uma grande revisão de seus conceitos e teorias, buscando rejeitar modelos que não correspondam mais a determinados requisitos essenciais para a sobrevivência do ambiente e do homem. O que se verifica é que a ação do homem está prejudicando o meio ambiente, de modo que se torna necessário reverter este processo, buscando um novo meio de desenvolvimento (MENUZZI e SILVA, 2015). 
Em particular, o Norte de Minas Gerais possui um cenário ideal em relação à discussão sobre sustentabilidade no Brasil, em função, particularmente, das atividades históricas regionais que foram atropeladas pelo sistema de “modernização” após a inserção do modelo agrícola implantado no Brasil a partir da década de 1960. Nesta região, até a década de 1960, a intervenção humana no ecossistema era predominante da agricultura e baseados em sistemas produtivos diversificados, dedicados à produção de fibras, criação de animais e alimentos básicos destinados ao auto sustento familiar, bem como para o comércio regional, quase sempre associado ao extrativismo nos ambientes de cerrado, sobretudo nas chapadas altas e planas. Nas décadas de 1970 e 1980, os programas governamentais dirigidos à agricultura, impuseram a modernização, com a introdução de novas variedades geneticamente uniformes de algodão, milho e feijão, mecanização intensiva e uso de insumos químicos (CARRARA, 2007).
Conforme Rodrigues (2000),
os principais pontos da política para dinamizar a economia do Norte de Minas, pela SUDENE E CODEVASF, consistiram no programa de incentivos fiscais e financeiros. O Estado centrou seus incentivos em quatro eixos principais para induzir o crescimento econômico do Norte de Minas: (a) grandes projetos agropecuários; (b) industrialização; (c) reflorestamentos; e, (d) projetos de irrigação. Os projetos agropecuários foram concentrados em Janaúba, Buritizeiro e Varzelândia; os industriais, em Montes Claros, Pirapora, Várzea da Palma, Bocaiúva, Capitão Enéas; os de reflorestamento, com maior dispersão espacial (...) esses projetos não conseguiram gerar número significativo de empregos, capaz de reter a força de trabalho antes dedicada à agricultura de subsistência e continua a grande desigualdade de condições de vida entre os segmentos da população, tanto em áreas rurais quanto nas urbanas e ao baixo desenvolvimento da região em relação às demais do estado de Minas Gerais (RODRIGUES, 2000, p. 124).
Além do mais, a introdução desses projetos levou a perda de território pelos agricultores. As chapadas foram ocupadas pela produção do eucalipto e pelas pastagens. A maior parte desses projetos exigia grandes áreas de terras, desestruturando o modo de produção tradicional e causando agricultores sem-terra e, em consequência, o êxodo rural (CARRARA, 2007).
Os processos de agricultura diversos “cederam” lugar aos “modernos” sistemas semelhantes que deixaram sem espaço milhares de agricultores, empurrando-os para as partes mais baixas da paisagem – as encostas, as baixadas e até mesmo para as vilas que surgiram nas últimas décadas, na periferia dos municípios no Norte de Minas Gerais. A redução de espaço dos agricultores teve resultados diretos sobre a manutenção e reprodução dos sistemas agrícolas locais, com o desmatamento da vegetação nativa que foi alterada por amplas áreas de monocultivo do eucalipto e pastagens. Isto causou a diminuição da fauna silvestre, a destruição dos solos por agrotóxicos e o assoreamento dos leitos dos córregos, por via das enxurradas e erosões abertas com a implantação de estradas e acessos mal programados. Outros efeitos importantes referem-se à desregulação do sistema hídrico e o esgotamento das fontes e cursos d’água na região. Este fato é principalmente fundamental por se tratar de uma região que se encontra localizada no semiárido brasileiro (CARRARA, 2007).
Capítulo II - A Curva de Kuznets Ambiental (CKA) 
Este capítulo tem como objetivo apresentar a relação entre o crescimento econômico e o meio ambiente por meio da abordagem da curva de Kuznets. O capítulo está dividido em duas seções. A primeira seção aborda a compreensão teórica da relação entre crescimento e meio ambiente com o surgimento da curva de Kuznets ambiental. A segunda seção apresenta as abordagens empíricas da curva de Kuznets Ambiental. 
2.1 A relação entre crescimento econômico e meio ambiente
Por volta dos anos 1970, havia uma crença popular de que o crescimento econômico de uma país seria grande causador dos problemas ambientais, ou seja, era consentimento que existia uma relação positiva entre o crescimento econômico e a degradação do meio ambiente (FONSECA e RIBEIRO, 2005). Contudo, a partir da década de 1990, alguns economistas passaram a alegar que tal visão era bastante pessimista, na medida em que desconsiderava as inovações tecnológicas, a melhoria da educação, o crescimento econômico e a evolução das instituições no desenvolvimento de uma nação, o que poderia reduzir os problemas ambientais (STERN, 1998).
A aplicação do conceito da curva de Kuznets ambiental surgiu no início dos anos 1990 com os trabalhos de Grossman e Krueger (1991) buscando encontrar a relação entre emissões de poluentes (dióxido sulfúrico e material particulado) e o PIB per capita para os Estados Unidos, onde encontraram uma curva com formato de “U” invertido que a partir de então foi denominado a curva de Kuzntes ambiental(CKA). Segundo a concepção da CKA, quando o crescimento econômico ocorre em um país subdesenvolvido, os níveis de poluição crescem, de acordo com o crescimento da produção que causam emissões de poluentes (BIAGE, 2010).
Portanto, a hipótese da CKA implica que a degradação ambiental, geralmente medida por emissões ou concentrações de poluentes, cresce em fases iniciais do desenvolvimento econômico, porém, após certo nível de renda, a degradação ambiental começa a declinar com novos acréscimos na renda, conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Relação entre renda e degradação ambiental
Fonte: Elaboração Própria.
De acordo com essa concepção, Deacon e Norman (2004a e 2004b) consideram que as forças de mercado e mudanças nas leis de regulações governamentais é o que determina o desenvolvimento, em consequência, o que aceleram o crescimento da emissão de poluição é a não priorização do controle da degradação ambiental e o controle do processo de produção.
Diante disso, a CKA passou a ser referência para explicar a relação de como a poluição ambiental evolui em função do crescimento econômico. A curva é caracterizada por dois aspectos: a parte ascendente e descendente. A ascendente reflete o progresso natural do desenvolvimento econômico, comandado pelas forças do mercado e por mudanças governamentais. Neste estágio, o progresso econômico se dar pela passagem da economia agraria limpa para uma economia industrial poluída (AROOW, 1995). A parte descendente da CKA indica um mecanismo onde as economias desenvolvidas transferem processos de produção intensivos em poluição para as economias menos desenvolvidas. Assim, neste estágio, a economia se desenvolve em função do crescimento de áreas menos intensivas em recursos e poluição, que juntamente com melhoria nas inovações tecnológicas e o aperfeiçoamento no campo ambiental (SURI e CHAPAMAN, 1998; COLE, 2004; STERN, 2004).
Alguns autores como De Bruyn (1998), acreditam que a CKA no longo prazo não se sustenta. Então, o formato de “U” invertido seria somente no momento inicial da reação de crescimento econômico e degradação ambiental. Depois de um certo nível de renda, ocorreria um ponto de inclinação que tornaria a trajetória ascendente novamente, com isso seria similar de um “N”, sugerindo que a degradação ambiental voltaria a aumentar em um aumento no nível de crescimento.
O comportamento da CKA é complexo, alguns são os efeitos que fazem que a renda interfira nos níveis de produção é composto pelo efeito da escala da produção, efeito de composição da produção e efeitos de níveis tecnológicos nos processos produtivos. A relação entre o crescimento econômico e qualidade ambiental possui uma interação com esses efeitos (BIAGE, 2010).
Segundo Mueller (2007), o efeito escala seria um aumento da emissão de poluentes de acordo com um aumento da escala de produção. O efeito composição se refere a estrutura do processo produtivo, ou seja, uma economia cujo setor de serviços tem maior participação do Produto Interno Bruto (PIB) é considerada uma economia mais “limpa”. Ainda de acordo com Mueller (2007), ele afirma que o efeito composição seria de sentido contrário ao efeito escala. E o efeito mudança tecnológica é a tendência para evoluir para as tecnologias mais eficientes, ou seja, de certa forma mais “limpa”. O efeito escala de acordo com Mueller (2007) seria predominante nos momentos iniciais do desenvolvimento e que após, com níveis maiores de desenvolvimento, incorporava pesos maiores aos efeitos composição e mudança tecnológica.
De acordo com Grossman e Krueger (1991), alegaram que a pressão ambiental aumenta de acordo com o aumento da produção (efeito escala), essa pressão pode ser anulada pelos outros dois efeitos (composição e mudança tecnológica) no processo produtivo. Fatores que afetam o grau de degradação ambiental podem operar através de mais de um desses efeitos. Muitos autores alegam que um dos motivos para a qualidade ambiental melhorar após determinado nível de renda alcançado, seria o fato de dar um crescente valor a qualidade ambiental e com a disposição de pagar por um melhor meio ambiente cresceria em um nível maior que a renda. Dessa maneira, com um aumento na qualidade ambiental utilizaria tanto o efeito composição quanto o efeito tecnológico.
Existem algumas implicações da CKA, considerando que toda produção possui um grau de poluição, mesmo que o mínimo possível, Brock e Taylor (2005) apontam que o efeito composição é somente um método transitório para a diminuição da poluição. Com um efeito escala ilimitado, ou seja, crescimento econômico permanente, para manter um limite fixo da poluição, seria essencial que pelo menos uma empresa tenha a intensidade de emissão de poluentes convergisse a zero independente da composição produtiva da economia.
As implicações a respeito da validade da CKA são extremamente importantes e podem ser avaliadas por duas visões: uma que acredita no sacrifício do crescimento econômico por causa das preocupações ambientais, e, do outro, que a expansão econômica e do consumo é de último caso responsável pela degradação ambiental (CARVALHO, 2013).
No geral, a maioria dos trabalhos recentes aponta resultados desfavoráveis à validade da CKA. No entanto, a curva ambiental de Kuznets continua com inúmeros defensores, tanto empíricos quanto teóricos, não havendo um consenso sobre o tema na literatura empírica e, por isso, a necessidade de avançar no debate sobre a CKA, buscando contribuir para a literatura nacional existente.
2.2 Revisão de literatura empírica sobre a relação entre crescimento e meio ambiente
Existe uma ampla literatura sobre a Curva de Kuznets Ambiental que tem sua origem nos trabalhos de Grossman e Krueger (1991), do World Bank (1992), e Shafik e Bandyopadhyay (1992) e mostram evidências empíricas de que alguns indicadores de poluição apresentam um comportamento análogo ao caminho relatado pelo U invertido, ao passo em que a renda per capita sobe a poluição eleva até um determinado ponto de inflexão. Tais estudos, afirmam que economias em desenvolvimento ou economias periféricas tendem a degradar seu meio ambiente na medida em que crescem economicamente, e esta degradação alcança um ápice, quando começa um movimento de declínio simultâneo ao acúmulo de riquezas.
Os trabalhos que estão dentro da influência empírica deste tema, apontam que a relação entre meio ambiente e desenvolvimento econômico possui várias possibilidades de pesquisa. Os indicadores de degradação ambiental demonstram grandes variações, os dados dos modelos e suas possíveis formas funcionais, as técnicas econométricas utilizadas, os países envolvidos e o período de tempo analisado. Alguns trabalhos confirmam a CKA, enquanto outros criticam a alta sensibilidade dos resultados às formas funcionais e especificações dos modelos (SERRANO; LOUREIRO E NOGUEIRA, 2014). 
Grossman e Krueger (1991) apresentaram um trabalho pioneiro na área e propuseram estudar, de forma empírica, a relação entre meio ambiente e crescimento econômico. Os resultados encontrados pelos autores apontaram um U invertido para os níveis de dióxido de enxofre e fumaça, enquanto para o montante de partículas suspensas em um certo volume de ar a relação mostra tendência decrescente em relação à renda. Nesse sentido, foi uma das primeiras análises econométricas que constatou a reversão da degradação, a partir de determinado nível de renda per capita.
Shafik e Bandyopadhyay (1992) mediram um modelo econométrico levando-se em consideração 149 países no período envolvido entre 1960 e 1990. Foram utilizados dados em painel considerando como variáveis dependentes a ausência de água limpa, saneamento urbano, oxido de enxofre, oxigênio dissolvido em rios, coliformes fecais em rios, resíduos per capita lançados em alguns municípios e emissões de carbono per capita. Os resultados mostraram que os dois poluentes de ar possuem a forma de “U” invertido conforme a hipótese do CKA. Ambos os resíduos municipais e emissões de carbono per capita foram crescentes com a renda. 
Stern(2002) realizou um estudo, usando em consideração 64 países em um espaço compreendido entre 1973 e 1990, utilizando a abordagem de dados em painel. O autor procurou avaliar a relação entre CO2 e renda per capita. De acordo com os resultados encontrados, verificou-se modificações nas emissões devidas a mudanças nos fatores (mix de insumos, mix de produtos, escala de produção progresso tecnológico, uso de energia e estrutura industrial) em vez de atribuí-las ao formato da Curva de Kuznets Ambiental gerado pelo Produto Interno Bruto per capita. Portanto, o impacto das emissões tem fornecido pouco incentivo para as nações desenvolverem ações unilaterais para sua redução.
Selden e Song (1994) avaliaram uma Curva de Kuznets Ambiental, levando em consideração 30 países (22 da OCDE) utilizando dados em painel. No modelo, as variáveis dependentes foram: emissões de SO2, NO3, SPM, CO e as variáveis independentes são a renda per capita e densidade populacional. As estimações mostraram que em níveis suficientemente altos de renda, a poluição poderia cair a zero.
Panayotou (1993, 1997) utilizou dados de 41 países desenvolvidos e em desenvolvimento, usando como indicadores de degradação ambiental o desmatamento e poluentes do ar, dióxido de enxofre (SO2) e óxido de azoto (NOx). Utilizando uma metodologia de estimações de cross-section, obteve para todos os indicadores uma relação de “U” invertido, em altos níveis de crescimento econômico, mudanças estruturais em direção a indústrias e serviços, que são intensivas em informação, juntamente com uma maior conscientização e crescente regulamentação ambiental, maiores gastos ambientais e melhores tecnologias, resultam em um gradual declínio da degradação do meio ambiente.
Em relação à literatura empírica verificada no Brasil, Fonseca e Ribeiro (2005) realizaram uma pesquisa sobre o surgimento de regiões estaduais de preservação ambiental nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Os resultados sugerem que existe uma relação positiva entre a criação de unidades de conservação estaduais e o crescimento econômico dos estados da federação. A conclusão do estudo é que dependendo do tipo de poluente, da forma funcional utilizada no teste empírico e até mesmo da amostra utilizada, a relação entre crescimento econômico e poluição ambiental pode assumir um resultado diferente.
 Lucena (2005), por sua vez, analisou a existência de uma CKA para o Brasil, fazendo uso de dados do consumo de energia elétrica final e das emissões de CO2 oriundas deste. Este trabalho não encontra evidências conclusivas para o estágio da curva em que país se encontra, porém indica que a degradação ambiental não tem sido reduzida com o crescimento da renda.
Já Gomes e Braga (2008) avaliaram a CKA para a nível de desmatamento da Amazônia Legal no período de 1990-2004. Ao inverso da previsão teórica, a curva descoberta pelos autores tem o formato de um “U”, dessa forma o que precisamos acreditar que a procura por recursos naturais cresça o desmatamento da Amazônia nos anos posteriores.
Outro trabalho sobre a Amazônia legal, Santos (2008) analisou seu espaço desmatado. O modelo aplicado apresenta dados de 792 municípios no período de 2000 a 2004, e os autores inclusive acrescentaram uma variável de referência tecnológica em seu modelo. Contudo, de acordo com a análise proposta, podemos considerar a hipótese da CKA para a região, adivinhando um cenário um pouco mais propício que o estabelecido por Gomes e Braga (2008). 
O trabalho de Malara (2012) estimou a hipótese da CKA para os municípios paulistas segundo a qual há uma relação direta entre o crescimento econômico e a redução na degradação ambiental, no formato de um “U-invertido”. Para tanto, foram utilizados dados de áreas contaminadas e de PIB per capita municipal referentes ao ano de 2009. As estimativas apontaram para existência de uma curva diferente da defendida pela teoria convencional, tomando a forma de um “N”. Contudo, a discussão teórica ao redor deste tema aponta para a possibilidade desse comportamento, tendo em vista que o não balanceamento entre os efeitos do crescimento econômico: de escala, de composição e de renda.
Outro trabalho regional foi o de Sales (2015) que investigou a hipótese da CKA para os municípios para o estado de Pernambuco através do modelo econométrico de dados em painel e comprovou a relação entre o indicador de degradação ambiental (desmatamento do bioma nativo da Caatinga) e o crescimento econômico (PIB no período de 2002 a 2009) no formato de “U” invertido. 
Os diversos resultados encontrados na literatura nacional e internacional em torno da validade da hipótese do “U” invertido de Kuznets demonstram a relevância do estudo do tema. Diferentes especificações, seja em torno da forma funcional ou do método econométrico utilizado, permitem validar ou não as conclusões de Kuznets. Independentemente dos resultados, esses estudos cumprem o papel de atender a necessidade de um conhecimento mais sólido e uma perspectiva mais convincente para a economia.
Capítulo III - Metodologia
Neste capítulo serão apresentadas as fontes de dados utilizadas e as técnicas utilizadas para a estimação do modelo de regressão para analisar a relação entre a degradação ambiental e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), bem como a apresentação e discussão dos resultados encontrados. O capítulo está dividido em três seções: a primeira apresenta as fontes de dados utilizadas no estudo; a segunda seção mostra a construção do Índice de Degradação Ambiental (IDANM) para os municípios do Norte de Minas com a utilização da técnica de análise multivariada; a terceira seção descreve a técnica dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) utilizada para estimar o modelo de regressão múltipla, bem como seus pressupostos.
3.1 Fonte de dados
A base de dados utilizada para a elaboração das regressões lineares foi composta pelas seguintes variáveis: Índice de Degradação Ambiental (IDANM) e População (POP) foram extraídas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Produto Interno Bruto per capita (PIBpc), que representa a variável renda per capita, foi extraído da Fundação João Pinheiro (FJP) para os 89 municípios que compõem a mesorregião do Norte de Minas Gerais para o ano de 2010. 
A variável dependente do modelo é o IDANM, variável proxy utilizada para representar a degradação ambiental dos municípios do Norte de Minas Gerais. Para a construção do índice foram utilizados dados do Censo Agropecuário, com data-base 2006, com as seguintes variáveis: áreas queimadas dos estabelecimentos em hectare (x1); áreas com pastagens degradadas dos estabelecimentos em hectare (x2); áreas degradadas dos estabelecimentos em hectare (x3); área total utilizada com culturas permanentes em hectare (x4); área total utilizada com culturas temporárias em hectare (x5); área total utilizada com pastagens naturais em hectare (x6); área total utilizada com pastagens plantadas em hectare (x7); área total de terras inaproveitáveis para agropecuária em hectare (x8); valor das despesas com adubação total em mil reais (x9); valor das despesas com corretivos em mil reais (x10); valor total das despesas com agrotóxico em mil reais (x11); valor das despesas com medicamentos veterinários em mil reais (x12); valor das despesas com combustível em mil reais (x13); valor das despesas com energia elétrica consumida em mil reais (x14); nº de estabelecimentos com controle de pragas e doenças (x15); nº de estabelecimentos com uso de adubos (x16); nº de estabelecimentos que aplicam corretivos (x17); nº de estabelecimentos que utilizam agrotóxicos (x18); nº de estabelecimentos que deixam as embalagens de agrotóxicos no campo (x19); nº de estabelecimentos que depositam embalagens de agrotóxico no lixo comum (x20); nº de estabelecimentos que queimam ou enterram as embalagens de agrotóxicos (x21); nº de estabelecimentos com nascentes não protegidas por matas (x22); nº de estabelecimentos com rios ou riachos não protegidos por matas (x23); nº de estabelecimentoscom lagos naturais ou açudes não protegidos por matas (x24); nº de estabelecimentos que recebem orientação técnica (x25); número de colheitadeiras (x26); nº de tratores (x27); nº de arados (x28); e efetivo bovino em relação às pastagens naturais e plantadas (x29).
3.2 Construindo o Índice de Degradação Ambiental dos municípios do Norte de Minas
A expressão degradação ambiental, propõe danos causados ao meio ambiente por práticas econômicas, aspectos populacionais e condições biológicas. Nesse sentido, a degradação pode ser vista um processo caracterizado por desmatamentos para atender a demanda da população para novas áreas onde possam fixar-se, a derrubada da floresta e a queima da vegetação tendo por objetivo aumentar as áreas limpas para atender atividades econômicas como agricultura e pecuária (FERNANDES; CUNHA; SILVA, 2005)
O Índice de Degradação surge como uma evolução, considerando o aspecto metodológico do índice de desertificação proposto por Lemos (1995). Dessa deste modo, o índice de desertificação não tinha a capacidade de captar o percentual de devastação de determinada região de estudo ao qual estava sendo submetido. Assim, isso só se tornou possível a partir da construção de um Índice de Degradação (LEMOS, 2001). 
O Índice de Degradação apresenta algumas mudanças a partir de trabalhos posteriores ao de Lemos (2001), visto que estes buscam adaptar o índice e sua metodologia à região estudada. No entanto, o sentido da construção do índice desenvolvida pelo autor consiste em, inicialmente, a partir da análise multivariada sobre as variáveis a serem estudadas, criar um Índice Parcial de Degradação. Após isso, faz-se uma estimação com base no Índice Parcial de Degradação, por meio de análise de regressão, atribuindo pesos a cada uma das variáveis que fazem parte da composição do Índice de Degradação (SILVA; RIBEIRO, 2004).
O Índice de Degradação Ambiental (IDANM) é utilizado como medida da proporção da degradação ambiental da área de determinado município. Sua construção foi feita em duas etapas. Na primeira, foi desenvolvido o Índice Parcial de Degradação Ambiental (IPDANM) e na segunda, com base no IPDANM, foram estimados os pesos atribuídos a cada uma das variáveis que entraram na composição do IDANM.
O IPDANM pode ser estimado por meio da expressão (1):
 (1)
em que é o Índice Parcial de Degradação Ambiental associado ao i-ésimo município do Norte de Minas e são os fatores utilizados na análise são as 29 variáveis apresentadas na subseção 3.1. A escolha da quantidade de fatores é baseada no valor das raízes características e na variação explicada por elas. Se a raiz característica for maior que a unidade e/ou explicar mais de 70% da variação dos dados, escolhe-se esse fator na formação do indicador, conforme Mingoti (2007).
O índice parcial fornece apenas um ranking dos municípios no que se refere a degradação ambiental, não servindo, portanto, para estimar o percentual de degradação ambiental de cada um dos municípios. Para isso, é construído o IDANM. Esse índice é construído a partir da incorporação de pesos a cada uma das variáveis utilizadas na composição do Índice Parcial obtido anteriormente (equação 1). Esses pesos foram obtidos através da análise de regressão pelo método dos mínimos quadrados (MQO) em que a variável IPDA é variável dependente e os indicadores (x1), (x2), (x3), (x4), (x5), (x6), (x7), (x8), (x9), (x10), (x11), (x12), (x13), (x14), x15), (x16), (x17), (x18), (x19), (x20), (x21), (x22), (x23), (x24), (x25), (x26), (x27), (x28) e (x29) são as variáveis explicativas. As expressões (2) e (3) mostram como são calculados os pesos e como é feito o IDANM.
 (2)
 (3)
em que os pesos são os parâmetros estimados pela expressão (3) com somatório igual a 1; e são as variáveis utilizadas para a construção do IPDANM. Dessa maneira, o Índice de Degradação Ambiental é composto pelo somatório da multiplicação dos fatores encontrados pelos seus respectivos parâmetros calculados na análise de regressão, sendo estes uma medida de peso para o fator, que formam o Índice de Degradação Ambiental para os municípios do Norte de Minas Gerais.
	Para testar a qualidade da análise fatorial, utilizou-se os testes de Kaiser-Meyer-Orkin (KMO) e de Esfericidade de Bartlett. Segundo Mingoti (2007), o limite mínimo aceitável de utilização da análise fatorial consiste em valores próximos a 0,5. Já o teste de Esfericidade de Bartlett verifica com base na distribuição “qui-quadrado”, se a matriz de correlações entre as variáveis é uma matriz identidade (hipótese nula), ou seja, se existe correlação entre as variáveis. 
3.3 O método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)
Para que alcançar o objetivo do trabalho, buscou-se testar empiricamente a relação entre degradação ambiental e renda por meio da utilização de um modelo de regressão múltipla. Como exposto por Mannarelli Filho (2005), o modelo de regressão provê um modo para que seja possível a averiguação da relação entre a variável dependente e as variáveis explicativas. A estrutura básica da análise de regressão é o modelo clássico de regressão linear (MCRL) que se baseia em um conjunto de hipóteses. Para a estimação dos modelos de regressão deste trabalho foi utilizada a técnica dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). O MQO possui essa denominação, pois minimiza os erros quadrados de estimação entre os valores observados inicialmente e os valores preditos, ou seja, o método minimiza os resíduos do modelo (FILHO et al., 2001).
Gujarati (2011) aponta que sob certas hipóteses, o MQO apresenta propriedades estatísticas relevantes para sua ampla utilização, pois tem uma menor variância mesmo com diferentes amostras para estimação linear. Com base nessas hipóteses, os estimadores de mínimos quadrados assumem determinadas propriedades, de modo que, na classe dos estimadores lineares não viesados, os estimadores de mínimos quadrados têm variância mínima, ou seja, eles são o melhor estimador linear não viesado (MELNT ou BLUE).
As hipóteses básicas do MCRL precisam ser respeitadas para que um modelo de regressão linear a partir do método do MQO seja considerado consistente. Gujarati (2011, p. 84) menciona as dez hipóteses como “a pedra angular de boa parte da teoria econométrica”, definidas como: i) O modelo de regressão deve ser linear nos parâmetros; ii) Os valores de X são fixos em amostras repetidas, de modo que uma análise de regressão é condicional aos valores dados dos regressores X; iii) O valor médio do erro é igual azero; iv) Homocedasticidade ou variância constante dos erros; v) Não há autocorrelação entre os termos de erro; vi) O número de observações n deve ser maior que o número de parâmetros a serem estimados; vii) Deve haver variação nos valores das variáveis X; viii) Não há colinearidade exata entre as variáveis X; e, ix) Ausência de viés de especificação; x) O termo estocástico (de erro) é distribuído normalmente.
Para testar a significância das regressões obtidas pelo MQO, utilizou-se o teste F, enquanto o grau de ajustamento das regressões foi avaliado por meio do coeficiente de determinação, R². A significância dos coeficientes, individualmente, foi verificada por meio do teste t de Student. Para verificar se o modelo estimado atende às hipóteses do MCRL foi feito o diagnóstico, por meio da realização de testes: a análise de correlação, onde se procura determinar o grau de relacionamento entre duas variáveis e a aplicação do Fator de Inflação de Variância (FIV) para verificar se há multicolinearidade; Teste White para detectar se o modelo possui heterocedasticidade, ou seja, se a variância dos erros é desigual; e, por fim, o teste de Breush-Godfrey para analisar o problema da autocorrelação. (GUJARATI, 2011).
3.2.1 Modelo Analítico
	A equação utilizada para testar a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental (CKA)foi estimada a partir do modelo expresso pela equação (4):
 (4)
Em que IDANM é o Índice de Degradação Ambiental; PIBpc é o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, em logaritmo e POP é o tamanho da população, em logaritmo no ano de 2010; os β são os coeficientes parciais de regressão estimados; i indica o município investigado; e, é o termo de erro estocástico.
Basicamente, a alteração usual utilizada para testar a CKA consiste em substituir o índice de Gini por um indicador ambiental e acrescenta variáveis explicativas conforme o problema abordado, com o propósito de incluir aspectos defendidos no âmbito teórico. A partir do modelo proposto, podem ser encontradas diferentes relações entre renda e a degradação ambiental, com base nos diferentes valores que os coeficientes (β) estimados assumam. Conforme Malara (2012), os coeficientes estimados podem ser interpretados da seguinte forma:
· > 0 e = 0, há uma relação linearmente crescente entre o PIB per capita e o índice de degradação ambiental nos municípios, em que o aumento da primeira acarreta também o aumento da segunda;
· < 0 e = 0, há uma relação linearmente decrescente entre o PIB per capita e o índice de degradação ambiental nos municípios;
· > 0 e< 0, a hipótese da CKA é válida para a relação entre o PIB per capita e o índice de degradação ambiental nos municípios, a curva assume a forma de uma função quadrática com concavidade para baixo (U-invertido); hipótese a ser testada nesse estudo.
· < 0 e> 0, a relação entre o PIB per capita e o índice de degradação ambiental nos municípios assume o oposto da forma hipotética da CKA, de uma função quadrática com concavidade para cima.
Como observado, a interpretação do modelo é bastante facilitada pela forma funcional simplificada. Tendo em vista a especificação do modelo, a análise a se fazer das variáveis é que uma variação percentual na variável explicativa causa uma variação percentual na variável dependente, a partir do coeficiente estimado.
Capitulo IV - Apresentação e discussão dos resultados 
Para a elaboração do modelo de regressão foi utilizada uma amostra de dados do ano de 2010 para os 89 municípios norte mineiros, por se tratar dos dados mais atuais para a realização do trabalho. Como o objetivo do trabalho se baseia em analisar a relação entre crescimento econômico e meio ambiente, verificou-se à necessidade de criar uma variável que representasse a questão ambiental para os municípios do norte de Minas Gerais, uma vez que não há registros de emissão de gases de estufa para a região norte mineira. Uma alternativa utilizada nesse estudo foi a construção do Índice de Degradação Ambiental (IDANM) para os municípios do norte de Minas Gerais, como variável “proxy” para a análise da degradação ambiental, conforme apresentado na seção 3.2 desse trabalho.
4.1 Análise do Índice de Degradação Ambiental para o Norte de Minas Gerais (IDANM)
Inicialmente, aplicou-se o método de análise fatorial por componente principal com base nas variáveis padronizadas referentes ao IDANM. A análise fatorial, como uma das técnicas de análise multivariada, transforma grandes conjuntos de dados em um número reduzido de fatores, explicando de forma clara as variáveis originais (MANLY, 1986). Fundamenta-se na descoberta de padrões de características, denominados de fatores.
Kim e Mueller (1978) afirmam que a técnica de análise fatorial se pauta na suposição de que existem diversos fatores causais gerais, que dão origem às relações entre as variáveis observadas. Como as relações entre as variáveis se devem ao mesmo fator causal geral, então, o número de fatores é consideravelmente menor que o número de variáveis. Os fatores ou “variáveis latentes” são combinações lineares de variáveis correlacionadas entre si, que têm como base um grupo original de N variáveis e M observações, de modo a explicarem as correlações entre as variáveis originais (CUNHA, LIMA e MOURA, 2005).
Verifica-se que as 29 (vinte e nove) variáveis foram sintetizadas em 8 (oito) fatores de degradação ambiental, os quais são capazes de explicar 74,5% da variância total dos dados utilizados. A Tabela 1 apresenta os resultados encontrados. 
Tabela 1 - Autovalores da matriz de correlação e variância explicada por cada um dos fatores na construção do IDANM para o Norte de Minas Gerais
	Fator
	Autovalores
	Diferença
	Variância Explicada pelo Fator (%)
	Variância Acumulada
(%)
	1
	8,706
	5,37
	30,020
	30,020
	2
	3,336
	0,407
	11,505
	41,525
	3
	2,929
	0,976
	10,099
	51,624
	4
	1,953
	0,638
	6,733
	58,357
	5
	1,315
	0,082
	4,533
	62,891
	6
	1,233
	0,108
	4,251
	67,141
	7
	1,125
	0,122
	3,880
	71,021
	8
	1,003
	-
	3,460
	74,482
Fonte: Resultados da pesquisa.
Pelo teste de Bartlett (= 2258,797 e p_valor = 0,000), rejeitou-se a hipótese de que a matriz de correlação entre as variáveis seja uma matriz identidade. Logo, as variáveis foram conjuntamente significativas na formação do IDANM. O índice KMO geral, que é um indicador que varia de zero a um, foi de 0,740, o que indica que os dados se adéquam à análise fatorial.
Após a definição do número de fatores, analisaram-se as cargas fatoriais e as comunalidades, conforme Tabela 2, associadas a cada variável com o objetivo de verificar as características de cada fator de degradação ambiental. A partir da análise da Tabela 2, verifica-se que o Fator 1 é composto pelas variáveis x2, x18, x19, x20, x21, x26, x28, representando, respectivamente, áreas com pastagens degradadas dos estabelecimentos em hectare, nº de estabelecimentos que usam agrotóxicos, nº de estabelecimentos que deixam as embalagens de agrotóxicos no campo, nº de estabelecimentos que depositam embalagens de agrotóxicos no lixo comum, nº de estabelecimentos que queimam e enterram as embalagens de agrotóxicos, nº de colheitadeiras e nº de arados. Pela característica das variáveis, esse fator está mais ligado à degradação do solo.
Analisando o Fator 2, constata-se que as variáveis x8, x15, x22, x23, x24, x25 fazem parte da sua composição abrangendo área total de terras inaproveitáveis para a agropecuária em hectare, nº de estabelecimentos com controle de pragas e doenças, nº de estabelecimentos com nascentes não protegidas por matas, nº de estabelecimentos com rios ou riachos não protegidos por matas, nº de estabelecimentos com lagos naturais ou açudes não protegidos por matas e nº de estabelecimentos que recebem orientação técnicas. Esse fator apresenta características ligadas a não preservação das águas. O terceiro fator englobou as variáveis x3, x5, x6, x7, x11 e x13, representando, respectivamente, área degradada dos estabelecimentos em hectare, área total utilizada com culturas temporárias em hectare, área total utilizada com pastagens naturais em hectare, área total utilizada com pastagens plantadas em hectare, valor total das despesas com agrotóxico em mil reais e valor das despesas com combustíveis em mil reais. Esse fator apresenta características ligadas a agropecuária.
O Fator 4 é composto pelas variáveis x14, x16 e x17 que são ligadas ao valor das despesas com energia elétrica em mil reais, nº de estabelecimentos com uso de adubos e nº de estabelecimentos que aplicam corretivos. Já o quinto fator, o qual é composto pela variável x12 que englobam o valor das despesas com medicamentos veterinários em mil reais. O Fator 6 tem, em sua composição, as variáveis x1, x27 e x29, que caracterizam as áreas queimadas dos estabelecimentos em hectare, nº de tratores e efetivo bovino em relação às pastagens naturais e plantadas.
O Fator 7 é composto pela variável x10, valor das despesas com corretivos em mil reais. E o Fator 8 engloba as variáveis x4 e x9 sobre área total utilizada com culturas permanentes em hectare e valor das despesas com adubação total em mil reais.
Os fatores 1, 2 e 3 são os mais representativos, uma vez que a maioria das variáveis se enquadram nos mesmos. Assim, confirma que a degradação ambiental está fortemente associada ao uso do solo, a não preservação das águas

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